IP/98/273 Bruxelas, 25 de Março de 1998
A Comissão recomenda 11 Estados-membros para a UEM
A Comissão Europeia recomendou hoje que se considere que os seguintes onze países preenchem as condições necessárias para adoptarem a moeda única, o euro, em 1 de Janeiro de 1999: Bélgica, Alemanha, Espanha, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Portugal e Finlândia. Para poderem participar na fase final da UEM, os Estados-membros deverão alcançar um elevado grau de convergência económica sustentável. Os progressos são avaliados face a critérios que abrangem a inflação, o défice orçamental e a dívida pública, a estabilidade das taxas de câmbio e as taxas de juro a longo prazo. Os países deverão igualmente preencher outras condições, em especial a independência do banco central. A análise da Comissão relativa ao desempenho dos Estados- membros é apresentada no seu relatório da convergência hoje publicado juntamente com as previsões económicas da Primavera. Além disso, a Comissão recomendou que nove países deixem de ser considerados como tendo défices excessivos. Consequentemente estes países vêm juntar-se aos cinco que já preenchiam a condição para a participação na UEM relativa às finanças públicas. Os Chefes de Estado e de Governo da União Europeia confirmarão a lista dos países participantes na UEM em 2 de Maio, com base na recomendação da Comissão e no relatório de convergência juntamente com o relatório de convergência do Instituto Monetário Europeu (também publicado hoje). A decisão final será adoptada sob recomendação do Conselho Ecofin (Ministros das Finanças) após consulta do Parlamento Europeu.
Um contexto económico favorável para o arranque do euro
A Comissão adoptou estas recomendações e o relatório de convergência por iniciativa do presidente Jacques SANTER e de Yves-Thibault de SILGUY, Comissário responsável pelos assuntos económicos, monetários e financeiros.
Estas decisões históricas são apresentadas no contexto de uma retoma
económica sólida na Europa. As previsões económicas da Primavera adoptadas pela Comissão e publicadas hoje, referem que o crescimento atingirá 2,8% em 1998 e 3,0% em 1999, após os 2,7% registados em 1997. Estes valores são um pouco inferiores aos das previsões do Outono adoptadas pela Comissão, em grande parte devido ao facto de, na economia alemã, o crescimento se estar a verificar a um ritmo mais lento que o esperado. Os recentes acontecimentos nos mercados financeiros asiáticos produziram igualmente efeitos negativos
reduzidos na economia europeia (em especial em termos de uma redução da procura a nível da exportação), mas estes efeitos foram amplamente
compensados por factores positivos, nomeadamente taxas de juro mais baixas.
Contudo, de uma forma global, as condições económicas de base na Europa são extremamente positivas. Uma inflação reduzida, condições monetárias
favoráveis, grande rendibilidade do investimento e uma procura externa sustentada deverão garantir que a recuperação actual continue a reforçar-se, conduzindo à criação de 3,4 milhões de postos de trabalho durante o período 1997-1999. Estes resultados positivos testemunham as vantagens de uma inflação baixa e da melhoria da situação das finanças públicas em termos de investimento, crescimento e criação de emprego. Os esforços impressionantes que os Estados-membros envidaram na preparação das suas economias para o euro estão agora a dar frutos.
Baixo nível de inflação nunca antes registado
Os últimos dados disponíveis em matéria de inflação (até Janeiro de 1998) revelam que 14 países registam uma inflação média durante o último ano inferior ao valor de referência de 2,7%
1. Estes países são: Bélgica, Dinamarca,
Alemanha, Espanha, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Portugal, Finlândia, Suécia e Reino Unido. Os Estados-membros alcançaram progressos substanciais na redução da inflação durante os últimos anos, tendo esta tendência prosseguido em 1997. Em especial a Espanha, a Itália e Portugal conseguiram reduções rápidas durante os últimos 18 meses, o que fez com que, desde meados de 1997, estes países atingissem o valor de referência previsto no Tratado. Tendo em vista a evolução registada nos custos unitários do trabalho e outros índices de preços, bem como os progressos em matéria de independência dos bancos centrais, a Comissão conclui existirem fortes razões para crer que os actuais resultados em termos de inflação nestes 14 países são sustentáveis.
Finanças públicas sustentáveis
Catorze Estados-membros apresentaram défices orçamentais iguais ou inferiores a 3% do PIB em 1997: Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Espanha, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Portugal, Finlândia, Suécia e Reino Unido. Os Estados-membros conseguiram reduções significativas no nível do endividamento público em especial em 1997. Este resultado notável provém dos esforços determinados dos Governos nacionais no sentido de reduzir os défices excessivos, combinados com os efeitos de taxas de juro mais baixas e de um forte crescimento na economia europeia. O relatório da Comissão analisa de forma crítica as medidas isoladas que contribuíram para os resultados alcançados por alguns Estados-membros em 1997. Analisa, em especial, as medidas orçamentais para 1998 e outros factores por forma a determinar em que medida a situação orçamental é sustentável. O relatório conclui que a maior parte das reduções de défices é de carácter estrutural.
Em 1997, a dívida pública situava-se abaixo do valor de referência do Tratado, de 60% do PIB, em 4 Estados-membros - França, Luxemburgo, Finlândia e Reino Unido. Segundo o Tratado, os países podem exceder este valor desde que o rácio da dívida se encontre “em diminuição significativa e se estiver a aproximar, de forma satisfatória, do valor de referência”.
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O valor de referência é calculado adicionando 1,5 pontos percentuais à média simples
aritmética das taxas dos três Estados-membros com níveis de inflação mais baixos
(França, Irlanda e Áustria). Este cálculo utiliza o índice harmonizado dos preços no
consumidor do Eurostat que foi introduzido em 1997.
Foi o que aconteceu em quase todos os Estados-membros com rácios da dívida superiores a 60% em 1997. Apenas na Alemanha, onde o rácio é ligeiramente superior a 60% do PIB e os custos excepcionais da unificação continuam a ter um peso significativo, se assistiu a uma pequena subida em 1997. Em 1998, todos os países com dívidas públicas superiores a 60% deverão registar reduções nos seus níveis de endividamento. A Comissão conclui que estão criadas as condições para o prosseguimento de uma redução sustentada dos rácios da dívida nos anos futuros.
Tendo em conta estes resultados positivos, a Comissão recomendou hoje ao Conselho que os seguintes nove países fossem considerados como tendo deixado de ter défices excessivos (tal como definido no artigo 104º-C): Bélgica, Alemanha, Espanha, França, Itália, Áustria, Portugal, Suécia e Reino Unido.
Cinco outros países - Dinamarca, Irlanda, Luxemburgo, Países Baixos e Finlândia, já não têm défices excessivos. Se o Conselho seguir as
recomendações da Comissão, serão consequentemente 14 os países que preenchem o critério estabelecido pelo Tratado, relativo às finanças públicas.
Os mercados financeiros sem surpresas
O arranque do euro nos moldes recomendados pela Comissão foi já amplamente antecipado pelos mercados. Os onze países da lista da Comissão tiveram um longo período de estabilidade cambial no âmbito do mecanismo da taxa de câmbio do sistema monetário europeu, situando-se a maior parte das moedas muito perto das suas taxas centrais durante os últimos dois anos. Apenas a libra irlandesa registou um desvio relativamente à margem de referência de +2,25%
durante o período em análise, mantendo-se contudo acima da sua taxa central. A lira italiana e a markka finlandesa participaram no SME desde Novembro de 1996 e Outubro de 1996 respectivamente, mas demonstraram uma estabilidade
suficiente durante o período de referência de dois anos. O dracma grego passou a participar no SME em 16 de Março, altura em que se registou também uma revalorização de 3% da taxa central da libra irlandesa. A coroa sueca nunca participou no SME e durante os últimos dois anos tem registado uma certa instabilidade face às moedas do sistema. A libra esterlina não participou no SME durante o período de referência
2.
Catorze países registaram durante o último ano taxas de juro médias inferiores à taxa de referência de 7,8% calculada segundo as regras do Tratado
3. Estes países são: Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Espanha, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Portugal, Finlândia, Suécia e Reino Unido.
As taxas de juro a longo prazo constituem um bom indicador do carácter
duradouro da convergência uma vez que se trata de indicadores previsionais da avaliação feita pelos mercados das condições económicas subjacentes, em especial em termos de inflação e finanças públicas.
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A estabilidade cambial da libra esterlina não é avaliada no relatório de convergência devido à opção de derrogação do Reino Unido (ver conclusão).
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