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DOI - http://dx.doi.org/10.1590/S0102-053620150000100023

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Academic year: 2022

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Artigo da capa / Cover article

horticultura horticultura brasileirabrasileira

Urucum: fonte de coran- tes naturais

A busca por uma alimen- tação mais saudável tem sido uma tendência mundial, pro- porcionando assim, aumento no consumo de corantes natu- rais. Os corantes naturais são utilizados desde os primórdios da humanidade, porém foram suplantados aos poucos pe- los corantes sintéticos, que são mais práticos. Tendo em vista as limitações no uso de corantes artificiais, algumas indústrias tem optado pela exploração crescente de co- rantes naturais, como é o caso do urucum. O baixo custo de produção e sua baixa toxi- cidade tornam os pigmentos desta cultura muito atrativos para substituição de muitos corantes sintéticos. A cor é um atributo que está diretamente relacionado à aceitação de um alimento, sendo um com- ponente fundamental da qua- lidade que, mesmo altamente subjetivo, induz aos apelos de sabor, aroma e textura. Colorir os alimentos para torná-los mais atraentes é um método utilizado desde a antiguidade.

No Brasil, a cultura do urucuzeiro (Bixa orellana) e sua produção destinam-se à comercialização dos grãos moídos para a produção de colorífico e para a produção dos corantes denominados bixina, norbixina e nobixato.

O corante natural do urucum é utilizado como condimento e colorífico nos lares brasi- leiro, sendo popularmente

conhecido como colorau. É produzido a partir da mistura de fubá com o urucum em pó ou extrato oleoso. Esses corantes são utilizados por diversas indústrias, tais como laticínios, frigoríficos, massas, doces, sorvetes, óleos e gor- duras, bebidas, farmacêutica, têxtil, tintas, desidratados, cosméticos e perfumaria.

Atualmente, existem no Brasil várias indústrias produtoras de corantes. As principais empre- sas estão instaladas no estado de São Paulo, principalmente em regiões próximas à grande São Paulo ou na região metro- politana de Campinas.

O mercado de urucum cor- responde a aproximadamente 90% do total do consumo de corantes naturais no país e em torno de 70% de corantes naturais no mundo. Apesar da diversidade de utilização, somente algumas indústrias desenvolvem os corantes den- tro dos padrões de qualidade exigidos pelo mercado inter- nacional. As indústrias de co- rantes que exportam têm como principais mercados a América do Sul, Japão, Estados Unidos e países da Europa.

Todavia, para obtenção de padrões de qualidade e quantidade que atendam aos mercados interno e externo, é necessária atenção especial ainda na lavoura na produção dos grãos que serão benefi- ciados, para a obtenção de melhores resultados no pro- cesso final. Tratando-se de qualidade, para que os grãos de urucum sejam classificados como tipo exportação devem apresentar um teor mínimo de bixina, hoje fixado em 4%.

Este valor está bem acima dos 2,5% exigidos há 20 anos pelo mercado internacional.

Entretanto, a média nacional fica em torno de 3,5%.

A produção nacional, de acordo com dados do Institu- to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012), está em torno de 12.043 toneladas, com área cultivada de 10.579 hectares. O rendimento médio

é de 1.138 kg/ha, aproximada- mente 36% a mais do que em 1988, quando era de 834 kg/

ha. Este avanço mostra o gran- de empenho da cadeia produti- va para alavancar e modernizar a produção nacional ao longo das duas últimas décadas. En- tretanto, a produção nacional ainda não é estável. Ao contrá- rio, para os últimos cinco anos de dados consolidados, 2008 a 2012, a produção oscilou.

Em 2010, foram produzidas 13.449, o recorde do período, e, em 2012, 12.043 t., a menor produção, com diminuição de 11%. Nestes cinco anos, houve uma redução consistente da produtividade na região norte do país, que passou de 1.202 kg/ha em 2008 para 1.019 kg/

ha em 2012. Em contrapartida, a região Sudeste apresentou acréscimos de produtividade, passando de 1.024 kg/ha em 2008 para 1.291 kg/ha em 2012. As regiões brasileiras, em 2012, apresentaram as seguintes produções: Sudeste, 4.216 t; Norte, 4.093 t; Nor- deste, 2.066 t; Sul, 1.114 t e;

Centro Oeste, 554 t.

Na região Sudeste, em 2012, o estado de São Paulo foi o principal produtor (63%), se- guido de Minas Gerais (35%), Espírito Santo (1,5%) e Rio de Janeiro (0,5%) em 2012. No estado de São Paulo, os prin- cipais municípios produtores foram Monte Castelo (520 t), São João do Pau D’Alho (496 t) e Tupi Paulista (416 t.). Em Minas Gerais os principais municípios produtores são Divisópolis (180 t) e Sabinó- polis (175 t). Na região Norte, o Pará é responsável por 55%

da produção, seguido por Ron- dônia com 40%. Os principais municípios produtores no Pará foram Rurópolis (1.100 t), Pla- cas (378 t) e Dom Eliseu (216 t) e, em Rondônia, Corumbiara (1.000 t) e Cerejeiras (341 t).

Para melhor suprir as in- dústrias que demandam o corante de urucum e que se encontram no sudeste do país, houve por parte de algumas empresas do ramo, apoio tec-

nológico e organizacional a estes produtores. Assim o Sudeste, principalmente São Paulo, passou a ter o melhor urucum do país, com teor de bixina na semente atingindo percentuais que variam de 4%

a 6%, contra a média nacional que é de 3,5%.

No Estado de São Paulo o Instituto Agronômico (IAC/

APTA) mantém um programa de seleção e melhoramento de urucum desde 1980. Para isso, mantém um Banco de Germo- plasma, constituído atualmen- te por 63 acessos, instalado no Polo Regional Centro Norte em Pindorama, desde quando essa unidade ainda era uma fazenda experimental do IAC.

Esses acessos já foram carac- terizados molecularmente e morfologicamente. Tem-se selecionado materiais com altos teores de bixina, bem como, altos teores de lipídeos e resistência a pragas e doen- ças. Em breve, esses materiais estarão disponíveis para os produtores. Além do melho- ramento, o grande desafio da cultura, apesar de rústica, são os tratos culturais e manejo, principalmente visando à di- minuição da mão-de-obra no período de colheita. Com os avanços já adquiridos no esta- do de São Paulo, os produtores dispõem de linhas de créditos, junto a algumas instituições fi- nanceiras, para investimento e até mesmo custeio da lavoura.

Eliane Gomes Fabri (Engenheira Agrônoma, Dra. em Agronomia, com concentração em Fitotecnia, e f a b r i @ i a c . s p . g o v. b r ) e Juliana Rolim Salomé Teramoto (Engenheira A g r ô n o m a , M . S c . e m Ciências, com concentração em Fisiologia e Bioquímica de Plantas, juliana@iac.

sp.gov.br), pesquisadoras do Instituto Agronômico – IAC/

APTA.

As ideias aqui expressas e as informações apresentadas são de responsabilidade dos autores.

DOI - http://dx.doi.org/10.1590/S0102-053620150000100023

Foto: Eliana G Fabri

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