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Possui 4 irmãos, mora com sua mãe a Sra

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Academic year: 2022

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Curso: Metodologia do Ensino Superior - Capacitação de tutores e preceptores da residência multiprofissional em saúde

GRUPO 2

CASO CLARÊNCIO

Clarêncio, 19 anos, natural e residente de Belo Horizonte, estudante de farmácia, deu entrada no Hospital Y no dia 03/07/2015 com queixa de diarreia há 15 dias. Além disso, refere que perdeu peso (cerca de 10 kg) e que em alguns momentos apresentou febre. É evangélico, trabalha em meio turno em uma empresa de telemarketing. Possui 4 irmãos, mora com sua mãe a Sra. Rosa (62 anos) em um bairro de classe média alta.

Nega viagens recentes, nega uso de drogas recreacionais, nega tabagismo, nega etilismo, nega histórico pregresso de doenças ou internações.

História da Moléstia Atual: O paciente apresenta quadro de diarreia, com fezes líquidas, há 14 dias, associada a emagrecimento. Nega sangue, nega secreção purulenta nas fezes. Evacua em torno de 8 vezes ao dia, o que levou a procurar o pronto-socorro. Na anamnese especial nega sintomas respiratórios, urina fisiológica.

Evolução médica: No primeiro dia de admissão o paciente evacuou cerca de 10 vezes, fezes de aspectos líquido, sem sangue vivo (hematoquezia), sem secreção, sem sangue coagulado (melena). No exame físico paciente apresentou-se desidratado, prostado e com linfonodos aumentados e disseminados (linfonodomegalia disseminada).

Apresentou febre de 38ºC sendo medicado e coletados exames iniciais.

Respondeu bem à primeira dose do antibiótico (ciprofloxacino) e a reidratação venosa. Solicitou por 4 vezes que seu prontuário fosse mantido em sigilo, pois um dos membros da equipe de enfermagem é seu vizinho e amigo de sua família, estando este preocupado com o que poderá ser dito à vizinhança, sobretudo pelo fato de serem membros da

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mesma comunidade religiosa. Interrogado sobre o porquê do receio, respondeu que não havia nada demais, porém pelo irmão mais velho ser o pastor de sua igreja, estava receoso quanto a repercussão de sua internação. Solicitou também que sua mãe não tivesse acesso aos exames de sangue, pois, pelo fato desta ter trabalhado como cuidadora de idosos, receava alguma notícia grave. Foi orientado que teria seu sigilo médico garantido. Pediu ao residente W. que, se possível, conduzisse o caso sozinho, pois percebeu que sua preceptora a Dra. I era mais velha e temia pelo julgamento dela acerca de alguns fatos de sua vida pessoal que no momento não gostaria de comentar, porque não estava preparado para conversar sobre. No segundo dia de internação, exames laboratoriais e US revelaram pouco sobre o quadro, apenas um aumento discreto do fígado e baço (hepatoesplenomegalia), no terceiro dia estava já afebril, sem diarreia, apto para alta, aguardando algumas definições e exames.

Evolução Enfermagem: Paciente evolui clinicamente bem, com remissão da febre, do desconforto abdominal e da diarreia.

Independente para auto-cuidado, foi acompanhado como habitual pela equipe de assistência de enfermagem. No 3º dia de internação está preparado para alta, aguardando alguns exames.

Evolução Psicologia: Paciente foi abordado pela RM de psicologia, orientada pela preceptora. Revelou na 1ª entrevista que sempre fora um rapaz “de família” e que “Deus o estava punindo por algo errado”, apresentou-se choroso e referindo medo “do que minha mãe irá pensar”.

Continua dizendo que perdeu o pai cedo, aos 4 anos, e que não se sentia seguro para conversar em casa sobre assuntos de sua vida pessoal, pois, na ocasião do falecimento sua mãe teve que trabalhar muito, o que o afastou do convivo diário com a mesma. Seus irmãos são líderes religiosos, portanto, também não sentia-se confortável para dizer de sua “outra vida”. Diz que fez “uma besteira enorme, para se sentir amado”. Questionado sobre o que teria feito, Clarêncio disse que não gostaria de falar sobre o ocorrido, que iria procurar atendimento no momento da alta em regime ambulatorial. Encerrou-se a abordagem,

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com um pedido de não se registrar detalhes de seu caso em prontuário.

A preceptoria orientou a residente em um segundo momento, com vínculo fortalecido, tentar entender melhor esta “outra vida” da qual o paciente se referiu. Orientou também a residente a conversar sobre detalhes do caso clínico com médico residente e sua preceptora.

Desfecho: A residente F. da psicologia, juntamente com o residente L.

da medicina encontraram-se para um café no qual discutiram o caso. O residente médico disse que trava-se de um caso peculiar de diarreia em jovem, e que, além de causas infecciosas agudas, outras doenças deveriam e estavam sendo investigadas. O que chamou a atenção do médico foi o fato da recusa do paciente a ser realizado o teste de HIV durante sua internação: este comentava de um medo, que depois faria o teste para pegar o resultado em casa, mas que internado não. A psicóloga, por sua vez, informou que o paciente apresentou discurso ambíguo, dizendo do medo de ser julgado pela família e sua comunidade. Neste momento, convidou o médico para abordarem em conjunto o paciente.

O paciente foi convidado a conversar com a equipe sobre alguns pontos de sua história clínica. Abordou-se a questão de sua sexualidade e afetividade, momento em que confessou que estava em um relacionamento homoafetivo. Neste momento o paciente apresentou-se choroso, com discurso de culpabilidade “ Deus me castigou, irei pagar pelo meu erro”. Interrogado sobre o erro, disse que seu parceiro era soropositivo, mas que, como “prova de amor” teve relações sexuais desprotegidas com o mesmo. Após a abordagem concordou com o teste anti-hiv o qual foi positivo.

Apresentando melhora clínica, continuou internado e no 4º dia pela manhã recebeu alta com encaminhamento para tratamento psicológico e médico em serviço especializado. No momento de sua alta, solicitou a equipe que o acompanhasse em uma conversa com sua mãe, pois iria revelar seu diagnóstico a esta.

Acolhida pela equipe RM a mãe do paciente foi levada a uma sala na qual os dois tiveram um longo diálogo. “Apesar de tudo, eu amo meu filho, e vou aprender a lidar com essa situação. Não quero que ninguém

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da igreja saiba, para ele não ser julgado.” Solicitou a equipe um encaminhamento para acompanhamento psicológico, o qual foi realizado.

No ambulatório de egressos o paciente evoluiu clinicamente bem, com excelente resposta ao tratamento antirretroviral, com bom auto-cuidado.

Sua mãe, acolhida pela psicologia do centro de saúde, o acompanhava nas consultas. “O HIV nos uniu, éramos estranhos dentro de casa, hoje, somos carne e unha. Quanto à opção (SIC) de meu filho, eu creio que o Senhor irá curá-lo, mas, isto é um outro assunto...coisa da minha fé.”

Referências

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