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O RELATO DE UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DE ENSINO DE FÍSICA NO ÂMBITO DO “PROJETO IRACEMA” DO PIBID-UFC

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE FÍSICA LICENCIATURA EM FÍSICA

FRANCISCO THIAGO HOLANDA PROBO

O RELATO DE UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DE ENSINO DE FÍSICA NO ÂMBITO DO “PROJETO IRACEMA” DO PIBID-UFC

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FRANCISCO THIAGO HOLANDA PROBO

O RELATO DE UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DE ENSINO DE FÍSICA NO ÂMBITO DO “PROJETO IRACEMA” DO PIBID-UFC

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Física, do Departa-mento de Física da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em Física.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Antônio Araújo Silva.

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FRANCISCO THIAGO HOLANDA PROBO

O RELATO DE UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DE ENSINO DE FÍSICA NO ÂMBITO DO “PROJETO IRACEMA” DO PIBID-UFC

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Física, do Departa-mento de Física da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em Física.

Aprovada em: 05/02/2016

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A todos os meus familiares que de alguma forma me deram apoio, coragem e inspiração para seguir nessa carreira.

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AGRADECIMENTOS

A toda minha família, especialmente minha querida avó Nilva, meus pais Vera e Osmar Jr. (amados), Davi (irreversível irmão), José Juracy, tios Ricardo, Paulo, Luís, Marcelo, Job e Desales (pelo carinho e inspiração de sempre), tia Nildes (por acreditar tanto) e primos Vaz Neto e Edgar (que mesmo na distância me influenciam tanto).

À minha querida prima Neide Cristina, por tanto ter me ajudado a conduzir este trabalho, de forma tão gratuita e caprichosa.

Aos amigos José, Leonardo, Daniel, Levy, Tchelmy, Márcio e Izabel, pelos tons, pelos sons e pelas alegrias nesses anos todos de música.

Ao meu grande amigo Rafael Menezes, por todo o tempo dedicado, pelas horas de estudo, que a aviação esteja sempre em nossas vidas.

Ao amigo Juscelino Lima, pela camaradagem e confiança de sempre.

A CAPES, pelo apoio financeiro para a manutenção da bolsa PIBID.

Aos alunos entrevistados, pelo tempo concedido nas entrevistas.

Aos amigos e colegas de turma de graduação, Nicholas, Vinícius, Erison, Maxwell, Paulo Victor, João Felipe, Elissandro, João Evangelista, Etan, Raul e tantos outros.

Ao amigo Jorge Luís, talvez o maior responsável pela realização deste trabalho na escola, e um excepcional exemplo de profissional a ser por mim seguido.

Aos professores da Universidade, por compartilharem de forma incansável os seus conhecimentos e experiências.

Aos professores participantes da Banca Examinadora, pelo tempo e pelas valiosas colaborações e sugestões.

Ao Prof. Dr. Marcos Antônio Araújo da Silva, pela orientação.

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RESUMO

Este trabalho consta de uma análise de um projeto interdisciplinar desenvolvido numa escola pública estadual de Ensino Médio, atividade essa promovida pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID). O objetivo deste trabalho é verificar se foi proveitosa a ação interdisciplinar desenvolvida. Os subprojetos de Física, Língua Portuguesa e História do PIBID optaram por trabalhar de forma conjunta, com o intuito de promover diversas experiências de natureza interdisciplinar na escola Liceu de Messejana, em Fortaleza/CE. Uma dessas experiências foi exatamente o Projeto Iracema, o instrumento de análise utilizado para este trabalho. Aproveitando-se do centenário de lançamento da obra literária “Iracema”, de José de Alencar, os subprojetos mencionados elaboraram planos de aula em conjunto e promoveram uma série de aulas diferenciadas, ministradas por bolsistas de cada subprojeto. A experiência em si foi avaliada como boa tanto por parte dos professores quanto dos alunos, haja vista que a participação dos alunos nas aulas foi avaliada como satisfatória. Após isso, foi sugerida uma avaliação mais criteriosa acerca dos reais impactos trazidos por estas aulas a vida escolar dos alunos, o que foi oportunamente transformado neste trabalho de monografia. A análise propriamente dita consiste de duas partes: um questionário e um comparativo de notas dos alunos antes e depois da realização do Projeto Iracema. O critério avaliativo do questionário foi a interpretação das respostas fornecidas pelos alunos, buscando dessa forma extrair de uma forma mais subjetiva o feedback dos alunos que participaram

do projeto. Duas turmas de primeiro e outras duas de segundo ano foram avaliadas, de modo que a quase totalidade posicionou-se em conformidade com o conjunto esperado de respostas para o questionário, e apenas os alunos do primeiro ano do Ensino Médio obtiveram melhora em seu rendimento escolar, de acordo com os comparativos das notas utilizadas.

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ABSTRACT

This work consists of an analysis of an interdisciplinary project developed a state school in high school, this activity promoted by the Institutional Program Initiation Grant to Teaching (PIBID). The objective of this study is to verify if it was beneficial to developed interdisciplinary action. Subprojects of Physics, Portuguese and History of PIBID have chosen to work jointly in order to promote diverse experiences of interdisciplinary nature in Messejana Lyceum school in Fortaleza / CE. One such experience was exactly Iracema Project, the analytical tool used for this work. Taking advantage of the launch of the literary work of centenary "Iracema" by José de Alencar, the said sub-projects developed lesson plans together and promoted a number of different classes, taught by scholars of each subproject. The experience itself was assessed as good by both teachers and students, given that student participation in class was assessed as satisfactory. After that, a more detailed assessment was suggested about the real impacts brought by these classes the school life of students, which was transformed into a timely monograph work. The analysis itself consists of two parts: a questionnaire and a comparison of students' grades before and after the completion of the Project Iracema. The evaluation criteria of the questionnaire was to interpret the answers given by the students, thus seeking to extract more subjectively feedback from students who participated in the project. Two groups of first and two second-year were evaluated so that almost all positioned itself in accordance with the expected set of responses to the questionnaire, and only the first years of high school showed improvement in their school performance according to the comparative used notes.

Keywords: Interdisciplinary. Institutional Program. Bag. Introduction to Teaching.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

GRÁFICOS Gráfico 1 - Gráfico 2 - Gráfico 3 -

Indagação do gostar de Física... Participou de alguma aula interdisciplinar... Projeto Iracema fez perceber a Física de um jeito diferente

30 32 34

TABELA

Tabela 1 - Resultado das notas dos alunos depois do Projeto Iracema 37

FIGURAS Figura 1 - Figura 2 -

Aplicação das aulas do Projeto Iracema... Sala de aula com os alunos que participaram do Projeto Iracema...

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior DEB - Diretoria de Educação Básica

EEFM - Escola do Ensino Fundamental e Médio ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio

EPD - Encontro de Práticas Docentes EU - Encontros Universitários

FP - Feira das Profissões ID - Iniciação à Docência LDB - Lei de Diretrizes e Bases OBF - Olimpíada Brasileira de Física PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 2 OBJETIVO... 3 O PROJETO DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID)... 3.1 Subprojeto do PIBID de Física... 3.2 Algumas outras realizações do PIBID de Física: experimentos itinerantes... 3.3 A Robótica... 4 METODOLOGIA... 5 PLANO DE AULA DE FÍSICA... 5.1 Dados de identificação... 5.2 Tema... 5.3 Conceitos fundamentais... 5.4 Escolaridade... 5.5 Objetivos... 5.6 Conteúdo... 5.7 Enfoque... 5.8 Desenvolvimento do tema... 5.9 Recursos didáticos... 5.10 Avaliação... 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 6.1 Análise dos gráficos... 6.2 Análise do rendimento escolar dos alunos em função do projeto interdisciplinar... 7 CONCLUSÃO... REFERÊNCIAS... APÊNDICE A – Questionário qualitativo PIBID/Física...

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1 INTRODUÇÃO

Não é preciso muito esforço para perceber que uma nação desenvolvida se faz, dentre tantas outras coisas, principalmente de médicos, cientistas e engenheiros, ou seja, indivíduos que de alguma forma estiveram num contexto favorável de aprendizado de Ciências e Matemática, em alguma etapa de suas vidas.

A intenção jamais é sobrepor essa área do conhecimento a alguma outra, mas apenas fazer com que a mesma sirva de amostra para uma abordagem bastante específica. Vivemos num país onde sua cultura não é voltada a questões relativas ao aperfeiçoamento humano. Infelizmente parece que estudar, tirar boas notas, ter um bom emprego e ser bem sucedido é um caminho duro e chato, exclusivo para os “nerds”,

“esquisitões”. Para completar, a mídia bombardeia constantemente o cotidiano de nossos jovens com uma programação deplorável, que parece estar em plena sintonia com o preocupante panorama atual da Educação brasileira.

Em se tratando da Educação Básica no ensino público, o que ainda se observa é um profundo desinteresse por parte dos alunos por Física e, certamente toda essa questão cultural e de comportamento já mencionadas, servem como uma boa explicação para o problema. Porém não é cabível ao educador cruzar os braços e não buscar interferir na situação. Resta ao professor a incansável missão de refletir sobre bons resultados pedagógicos alcançados ou não. Em caso afirmativo, é importante este ter sempre em mente que sempre existirão resultados melhores a serem efetivados (alcançados).

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Nesse sentido, percebe-se como inerente a formação de um bom professor de Física um contexto acadêmico em que este seja constantemente desafiado a compreender toda a teoria de forma plena, assim como a resolver problemas físicos de grau razoável de complexidade. Também a contextualização e a abordagem interdisciplinar devem constar no conjunto de competências desse profissional.

Visando a disseminação e o efetivo cumprimento dessa proposta de formação docente, surge o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) do Governo Federal, implementado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/Diretoria de Educação Básica (CAPES/DEB) em todo o Brasil, incluindo a Universidade Federal do Ceará (UFC). Este projeto oferece uma bolsa de estudo aos estudantes das licenciaturas em geral, e da Física em particular, a possibilidade de vivenciarem sua futura profissão ainda durante a sua graduação.

O objetivo da bolsa de Iniciação à Docência (ID) é, de início fazer com que o bolsista apenas observe o dia a dia do professor de Física, seus desafios e responsabilidades. Após isso, munido da opção pela profissão, o bolsista é estimulado a uma progressiva inserção em sala de aula e, no exercício de sua atribuição de professor estagiário, propostas alternativas de ensino são constantemente lançadas ao e pelo bolsista ID, desde o ensino de Física através do uso de experimentos, a projetos desenvolvidos conjuntamente com outras disciplinas em ações interdisciplinares.

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A interdisciplinaridade surgiu nos anos 60 do Século XX na Europa, mais fortemente na França e Itália. Naquele contexto, os cidadãos reivindicavam uma forma de ensino que os levassem a pensar de forma mais abrangente e efetiva sobre as questões políticas, sociais e econômicas de sua sociedade, ou seja, já é de muito cedo que se descortinou os reais objetivos, vantagens e genialidades da questão interdisciplinar (FAZENDA, 1994).

Qualquer um pode estabelecer uma comparação de competências específicas entre um indivíduo que se dedica apenas à Matemática com um outro que gosta e sabe muito bem Matemática, Física, Química, Biologia e Geografia, por exemplo. Por mais que se saiba muita Matemática, não saber aplicá-la a serviço das questões humanas em seus mais diversos contextos pode ser algo sem muito sentido.

Segundo Japiassu (1976, p.74), “a interdisciplinaridade caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de interação real das disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa.”

Em se tratando de Brasil, a interdisciplinaridade apareceu com mais expressividade na década 90 do Século XX e naquela ocasião serviu de referência às questões recém-definidas para integrar a Lei de Diretrizes e Bases (LDB n.º 9.394/96) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), e assim ganhou força nas escolas, principalmente no discurso e nas práticas docentes (FAZENDA, 1994).

Segundo Fazenda (1979, p.107):

O pensar interdisciplinar parte da premissa de que nenhuma forma de conhecimento é em si mesma exaustiva. Tenta, pois, o diálogo com outras fontes do saber, deixando se arriscar por elas, conferindo validade ao conhecimento do senso comum; é através do cotidiano que damos sentido à realidade em que vivemos, facilitando assim que através do conhecimento científico possamos buscar uma dimensão maior, capaz de enriquecer as relações do sujeito consigo mesmo e com o mundo.

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cadeia de ensino básico do país. Sendo que, ainda hoje, muitos educadores ainda se mostram resistentes a ações desse tipo, onde a grande maioria alega a dificuldade associada à reunião de professores de suas respectivas áreas e a elaboração conjunta de planos de aula com esta finalidade.

Serão a fluência de conhecimento entre-áreas e a capacidade de contextualização, meios que garantam o sucesso de uma empreitada interdisciplinar, de modo que uma aula seja bem sucedida?

Para Fazenda (2011, p.11):

A importância metodológica é indiscutível, porém é necessário não fazer se dela um fim, pois interdisciplinaridade não se ensina nem se aprende, apenas vive se, exerce se, por isso, exige uma nova pedagogia, a da comunicação.

Consta de objeto deste trabalho de monografia uma experiência interdisciplinar aplicada na Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Liceu de Messejana, no ano de 2015. É notório o trabalho em conjunto realizado pelos subprojetos de Física, Biologia, Geografia, História, Língua Portuguesa e Filosofia na escola.

Os subprojetos citados fazem parte do já citado projeto PIBID, e mantém em seu quadro de bolsistas, estudantes de cursos de licenciatura da Universidade Federal do Ceará. Aulas interdisciplinares nunca foram uma realidade distante nessa escola, de modo que, aproveitando-se do centenário de publicação da obra literária “Iracema”, de José de Alencar, o subprojeto de Língua Portuguesa encabeçou mais um projeto interdisciplinar, que contou com a adesão imediata de todas as outras áreas, inclusive a Física.

De acordo com Fazenda (2006, p.147):

Ao buscar um saber mais integrado e livre, a interdisciplinaridade conduz a uma metamorfose que pode alterar completamente o curso dos fatos em educação; pode transformar o sombrio em brilhante e alegre, o tímido em audaz e arrogante, e a esperança em possibilidade.

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as abordagens de quem planejou e ministrou as aulas. Assim, a Física pôde, por exemplo, explicar as leis da refração da luz que um índio emprega, ainda que indiretamente, para conseguir pescar, dentre tantas outras observações.

Neste caso, o professor de Física se utilizou de um fenômeno observado em considerações da obra e trouxe o aluno para um universo de indagações, o que facilitou a inclusão de conceitos físicos e equações no todo de sua abordagem.

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2 OBJETIVOS

A motivação deste trabalho é a análise de uma ação interdisciplinar desenvolvida pelo PIBID de Física com outros subprojetos na Escola EEFM Liceu de Messejana no ano de 2015, e que teve como público alvo de pesquisa, alunos do Ensino Médio. A análise propriamente dita consta da avaliação dos impactos gerados pela ação, onde o aluno serviu de meio constatador direto da viabilidade ou não desse instrumento didático.

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3 O PROJETO DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID)

O Projeto PIBID chegou na UFC no ano de 2009 e desde então vem atuando como um forte aliado de todos os envolvidos na cadeia do ensino: estudantes da educação básica, estudantes de cursos de licenciatura, professores etc.

Este projeto tem como objetivo principal valorizar e incentivar a carreira de licenciatura. A carência de professores licenciados em suas diversas áreas permanece preocupante em todo o país, de modo que a relevância do Projeto se dá justamente na concessão de bolsas a estudantes de graduação de cursos nesta área.

Dessa forma, a universidade dispõe de uma alternativa a mais para diminuir a evasão nesses cursos e, mais ainda, maximizar as possibilidades de términos de curso. Neste projeto, o bolsista dispõe de uma remuneração razoável, o que o ajuda a manter-se vinculado à universidade. Também a rotina de atividades a que o mesmo é submetido influi diretamente em um constante processo de aperfeiçoamento de profissão, de modo que torna se muito natural ao aluno de graduação, uma afinidade pela prática docente. Para os que querem lecionar, pode se afirmar, por exemplo, que o dia a dia do PIBID permite que sejam trabalhadas questões como a postura em sala de aula do professor, elaboração de planos de aula, a desenvoltura etc.

O Projeto PIBID atua promovendo uma parceria entre instituições de ensino superior públicas ou privadas e escolas públicas da Educação Básica. Os únicos cursos de graduação atendidos pelo Projeto são os de licenciatura. Essa parceria se dá no sentido de promover uma inserção gradativa do estudante de licenciatura na carreira de professor, tendo a escola pública como ateliê de ideias e vivência de profissão.

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ensino, o aluno da escola pública, que conta com as atividades realizadas pelos bolsistas nessas escolas, como aulas com metodologias diferenciadas, plantões de monitoria etc. Também o núcleo gestor da escola contemplada pelo projeto expande seu plano de possibilidades didáticas aos alunos. Ainda nesse contexto a figura do professor universitário estuda e põe em prática suas pretensões docentes, e ajuda a aprimorar as questões relativas ao ensino.

Atualmente o PIBID da UFC atua em 25 escolas em todo o Estado e vem cumprindo de forma efetiva sua maior missão, a formação de bons professores para a Educação Básica. Cada intervenção didática realizada pelos diversos subprojetos nas escolas recebe um nome específico, a exemplo do Projeto Cosmos, que em passos largos ganhou expressiva notoriedade perante o meio docente da escola e até mesmo entre os alunos, pois a aceitação foi unânime entre todos os que participaram. Tal Projeto foi encabeçado pelo subprojeto de Física na Escola EEFM Liceu de Messejana e sua proposta foi inteiramente interdisciplinar, de modo que todos os outros demais subprojetos aderiram facilmente ao plano.

A atividade consistiu na exibição de alguns capítulos da série Cosmos, idealizada pelo astrofísico Carl Sagan, e posteriores comentários teóricos adicionais entre professores, bolsistas e alunos. Os próprios vídeos são por si só bastante atrativos e abordam fatos científicos que aguçam altas doses de curiosidade em qualquer pessoa. Além disso, todo um enfoque interdisciplinar se faz presente nos capítulos da série, facilitando ao professor a aplicação de uma aula de Física sobre Eletromagnetismo, por exemplo. Como resultado do sucesso do Projeto Cosmos, a escola praticamente já adotou como atividade regular de seu Plano Pedagógico as exibições do seriado norteamericano.

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Segundo Bodião (2012) os objetivos do PIBID são:

1. Estimular a formação de professores para a educação básica, em especial para o Ensino Médio e, em particular, para áreas de extrema carência.

2. Valorizar o magistério, como atividade profissional, incentivando os nossos estudantes a fazerem opções pela carreira docente, mantendo-se no seu exercício nas escolas públicas de educação básica.

3. Aprimorar a qualidade das ações acadêmicas direcionadas à formação inicial dos cursos de licenciaturas da UFC, tomando o exercício da docência como importante princípio formativo.

4. Estimular o uso de metodologias de ensino e práticas docentes que sejam pedagogicamente criativas e inovadoras.

5. Aumentar o grau de integração interna entre os cursos de licenciatura da UFC.

6. Aumentar o nível de articulação entre os cursos de licenciatura da UFC com as escolas públicas de educação básica, entendendo-o como profícuo para as duas Instituições.

7. Possibilitar aos futuros docentes, alunos de cursos de licenciaturas da UFC, a participação em ações, experiências metodológicas e práticas docentes inovadoras, umbilicalmente articuladas com as realidades locais de escolas públicas.

8. Estimular futuros canais de integração entre a Universidade Federal do Ceará e escolas dos sistemas públicos, através de projetos de cooperação que possam contribuir para o aumento da qualidade da educação praticada nessas unidades.

9. Contribuir para a formação continuada dos professores das escolas de educação básica envolvidos no Projeto.

3.1 O subprojeto PIBID de Física

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discutidas aqui, entretanto, é importante mencionar entre outras coisas o enorme desafio que o PIBID de Física carrega em seu dia a dia. Desmistificar um conjunto de teorias e equações tão "difíceis" de entender é o grande objetivo deste subprojeto, e para isso, este projeto desenvolve incansavelmente uma série de atividades e projetos.

Em seu “estágio” de professor, o bolsista acompanha de perto a realidade da profissão, é motivado a refletir sobre seus pontos negativos, tira dúvidas de alunos com dificuldades em Física, auxilia professores em atividades nos laboratórios, confecciona experimentos, ministra aulas de reforço para alunos que participarão de olimpíadas de Física, desenvolve projetos interdisciplinares e, numa fase mais posterior desse estágio, vivencia a sala de aula.

Assim, fica bastante claro que a essência do PIBID é formar o máximo de professores com um bom grau de qualificação, motivados com a profissão e munidos das melhores tecnologias de ensino.

Nesses 6 anos de criação, o PIBID de Física coleciona um volume expressivo de trabalhos desenvolvidos, dentre alguns dos quais podem ser citados: experimentos Itinerantes; Pensando Naquilo; Ilhas de Calor; Jornal da Física; Preparação para a Olimpíada Brasileira de Física (OBF); Cosmos; Iracema; Aulões Interdisciplinares preparatórios para o ENEM; Robótica.

Estes trabalhos, além de executados nas atividades corriqueiras do Projeto PIBID, vêm sendo permanente fonte de estudo em eventos que fomentam a prática docente, como: a Feira das Profissões (FP); Encontro de Práticas Docentes (EPD); e também os Encontros Universitários (EU).

3.2 Algumas outras realizações do PIBID de Física: experimentos itinerantes

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A outra condição essencial para o sucesso dos trabalhos dos bolsistas foi a observância de fáceis condições de manuseio e utilização dos experimentos, para que assim viessem a ser empregados com facilidade nas diversas ocasiões em que a Física Experimental teve seu espaço. No total, 12 experimentos foram confeccionados pelos bolsistas do subprojeto de Física. Alguns dos mais interessantes são: Circuitos Elétricos; Acoplamento de polias; Freio Magnético; e Equilíbrio do corpo extenso.

3.3 A Robótica

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4 METODOLOGIA

Neste ponto serão enfatizadas a estratégia de ensino empregada no projeto interdisciplinar, bem como a pesquisa que serviu de instrumento analítico da relevância ou não desta ação pedagógica. No tocante ao planejamento do que teve de ser de fato abordado com os alunos, todos os bolsistas e supervisores de todos os subprojetos realizaram reuniões periódicas com o objetivo de serem definidas as diversas interfaces entre as disciplinas e, com isso, foi possível direcionar um plano de aula de natureza interdisciplinar.

De início, durante essas reuniões conjuntas com todos os outros subprojetos, a Física optou por atuar com a Língua Portuguesa. Trechos do livro “Iracema” de José de Alencar, que remontam ao cotidiano e a cultura indígena foram aproveitados como pretexto para as aulas de Refração Luminosa (ver figuras 1 e 2 a seguir), Conservação da Quantidade de Movimento, Lançamento Oblíquo ou Ondas Mecânicas. Em seguida, os bolsistas de Física e seu respectivo supervisor de subprojeto reuniram-se com o intuito de definirem um plano de aula eficiente/atraente.

Na escola EEFM Liceu de Messejana atuam 7 bolsistas no subprojeto de Física, e ficou acordado que todos ministrariam as aulas no Projeto Iracema. Dois grupos de bolsistas foram formados, um de 3 e outro com 4 bolsistas, de modo que o primeiro grupo ficou encarregado de contemplar o assunto de Ótica em suas aulas, e o segundo grupo abordou Mecânica e Ondulatória em suas considerações.

Foi de comum acordo entre todos os bolsistas de todos os subprojetos que as aulas seguiriam uma lógica diferenciada, preferencialmente lúdica e de certa forma informal. No caso da Física, além do enfoque interdisciplinar com a Língua Portuguesa, experimentos, vídeos e softwares de apoio

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5 PLANO DE AULA DE FÍSICA

5.1 Dados de identificação

- EQUIPE: Paulo Victor Garcia, Erison Lima e Thiago Probo - PARTICIPANTES: 3

- DATA DE APRESENTAÇÃO: 14/04/2015 e 16/04/2015

5.2 Tema

- GERAL: Refração da luz

- ESPECÍFICO: A Ótica no cotidiano da cultura indígena.

5.3 Conceitos fundamentais

- Frequência, período e comprimento de onda; - Cor e velocidade da luz;

- Índice de refração; - Refringência e dioptro; - Refração.

5.4 Escolaridade

- NÍVEL: Ensino Médio - SÉRIE (S): 2º ano e 3º ano

5.5 Objetivos

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Entretanto, alguns outros conceitos e considerações físicas tornam-se indispensáveis para uma boa compreensão destes dois pontos principais. Para tanto, uma breve revisão desses conceitos ampliará ainda mais facilmente o nível de compreensão por parte dos alunos.

5.6 Conteúdo

- Índice de refração;

- Índice de refração absoluto;

- Influência da frequência da luz no índice de refração; - Índice de refração relativo;

- Refringência e dioptro;

- Refração (definição, propriedades, elementos geométricos e suas leis); - Análise do desvio do raio incidente;

- Equação do dioptro plano.

5.7 Enfoque

- Interdisciplinar;

- Ensino por investigação;

- A Ciência em conjunto com o empirismo; - Problematização.

5.8 Desenvolvimento do tema

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opticamente (menos refringente) para um meio mais denso opticamente (mais refringente).

Em seguida, tratar das diferentes densidades ópticas dos diferentes meios materiais conhecidos. Mostrar aos alunos que a onda eletromagnética luz interage de maneira diferente com os diferentes meios materiais, o que facilitará a compreensão da grandeza adimensional índice de refração. Após isso, mostrar que o desvio sofrido pela luz envolve diferentes ângulos em relação á uma reta normal que é perpendicular á superfície de separação entre os dois meios materiais. Estes desvios (ângulos) estão diretamente ligados aos respectivos índices de refração dos meios considerados. Após isso, discutir com os alunos a lei de Snell da refração luminosa, que equaciona justamente o que acabou de ser descrito.

Por fim, através da lei de Snell, deduzir a equação do dioptro plano, e mostrar que, além do desvio do raio luminoso, o índice de refração de um meio material pode influir inclusive na profundidade aparente que um índio percebe um peixe dentro de um rio, o que faz com que este, ao pescar, mire sua flecha em uma posição diferente daquela em que percebe o seu alimento.

O problema fechado resolvido em sala de aula ilustra muito bem essa diferença entre as posições real e aparente de um ponto ou objeto como dependente das densidades ópticas dos meios materiais envolvidos.

5.9 Recursos didáticos

- BOAS, Newton Villas; DOCA, Ricardo Hellou; BISCUOLA Gualter José. Tópicos de Física: volume 2. Campinas: Ebooks, 2010.

- SOARES, Paulo Antônio de Toledo; FERRARO, Nicolau Gilberto; RAMALHO JÚNIOR, Francisco. Os fundamentos da Física: volume 2. 8. ed. São Paulo: Moderna, 2003.

- Experimento a ser desenvolvido em laboratório. Material: Becquer, água e um lápis.

5.10 Avaliação

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os professores poderão sugerir a resolução de um problema teste, o que pode servir como parte de um instrumento avaliativo.

Exercício resolvido em sala:

Na figura, O é um olho de uma pessoa a 48 cm da superfície S e P é um peixe localizado a 16 cm da mesma superfície. Considerando raios pouco inclinados em relação à vertical, determine:

- A posição em que a pessoa vê o peixe. - A posição em que o peixe vê a pessoa. (Dados: nar = 1; nágua = .)

Solução:

O peixe é o objeto e, portanto, a água é o meio de incidência (n) e o ar é o meio de emergência (n’): n = e n’ = 1. Sendo a posição do objeto x

=16cm, temos:

= → =

x’ = 16 . 3 /4

x’ = 12 cm

A pessoa é o objeto. Assim, o ar é o meio de incidência (n) e a água é o meio de emergência (n’), portanto:

n = 1 e n’ =

Como a posição do objeto O é x = 48 cm,

temos:

= → =

x’= 48 . 4 /3

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Figura 1 - Aplicação das aulas do Projeto Iracema.

Fonte: Acervo do pesquisador.

Figura 2 - Sala de aula com os alunos que participaram do Projeto Iracema.

Fonte: Acervo do pesquisador.

Após a aplicação das aulas, o passo seguinte foi medir o impacto da proposta de ensino. Duas pesquisas foram realizadas: um questionário direcionado aos alunos que participaram do projeto, e uma análise do histórico de notas em Física destes mesmos alunos, comparando suas notas posteriores à realização do projeto com suas notas anteriores.

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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos resultados do trabalho e posterior discussão envolvidos está organizada em duas partes: a primeira que avalia as respostas dos alunos a um questionário atribuído em sala, e a segunda como sendo um levantamento minucioso do rendimento escolar dos alunos, no bimestre consequente a realização do projeto interdisciplinar. O questionário proposto aos alunos está anexado e a análise quantitativa do rendimento escolar dos alunos encontra-se na tabela 1 a seguir. Pode se dizer, a grosso modo que a primeira parte trata-se das impressões relatadas pelos alunos, o público alvo deste trabalho de pesquisa, e a segunda consta de resultados mais avaliativos, quantitativos e concretos.

O questionário entregue aos alunos foi elaborado com a finalidade de fornecer de antemão as reais impressões destes sobre sua participação no projeto interdisciplinar, bem como de investigar o percentual de alunos que possuem alguma afinidade com a disciplina de Física. Talvez isso possa parecer desnecessário, mas é notório um fato bastante intrigante: por mais que a Física seja uma disciplina tão temida e conhecida por ser alvo de notas baixas para a maioria dos estudantes, não são poucos os que declaram que a percebem como uma área do saber bastante fascinante e atrativa. Diante disso, o porquê de as notas ainda assim permanecerem baixas para muitos alunos de nosso país também será objeto de discussão/reflexões mais adiante, na segunda parte.

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Relativamente ao que foi apurado na segunda parte dessa análise, verifica se que houve um considerável aumento do rendimento escolar da parte daqueles alunos que foram submetidos às atividades do projeto interdisciplinar, notadamente daqueles pertencentes ao primeiro ano do Ensino Médio. Quanto à participação dos alunos do segundo ano, ainda que tenham gostado das atividades ou, subjetivamente tenham se familiarizado com breves considerações físicas, conforme atestado nos questionários da primeira parte, foi verificada uma piora expressiva em suas notas, no bimestre seguinte à realização do projeto. Dessa forma, esta experiência educacional situa-se como válida no âmbito das atividades relativas ao ensino, pois conseguiu contemplar positivamente uma parte dos alunos, tanto por ter conseguido empregar uma metodologia funcional, quanto por ter proporcionado uma visível melhora em suas notas.

A seguir, serão descritas a primeira e a segunda parte dos resultados e discussão. A primeira parte discutirá o teor de cada uma das cinco perguntas propostas no questionário mencionado, bem como o conjunto de respostas fornecido pelos alunos. Em seguida serão gerados gráficos percentuais relativos aos parâmetros envolvidos em cada estudo. A segunda parte difere pouco da primeira. Gráficos demonstrativos do que foi verificado em termos de rendimento escolar dos alunos que participaram e dos que não participaram do projeto interdisciplinar foram gerados e, por fim, discutidos.

6.1 Análises dos gráficos

Gráfico 1 – Indagação sobre o aluno gostar de física.

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De um total de 69 alunos entrevistados, apenas 14 responderam assumidamente que não gostam de Física, ou seja, 20,40% do total de entrevistados. Levando se em conta o auto grau de notas baixas da grande maioria dos estudantes nessa disciplina, pode-se concluir que estamos diante de uma porcentagem pequena. O conjunto de respostas dos alunos para esta pergunta foi polêmico. Alguns que responderam que gostam de Física enumeraram aspectos transformadores da disciplina, como por exemplo, o fato de a Física poder proporcionar um bom entendimento das questões relativas ao movimento e ao cosmos, no entanto, não são alunos com um bom desempenho na disciplina. Estes correspondem a 24,6% dos entrevistados.

O que leva um aluno a gostar de Física e não ter um bom rendimento na escola? O que leva também, por outro lado, alguém a detestar Física? É bem provável que a resposta esteja nas declarações dos outros 55% que responderam que gostam apenas “um pouco” de Física. A grande maioria das justificativas foi a mesma; “a Física é divertida, intuitiva e interessante, mas torna-se chata quando muito matematizada”. Estes 55% correspondem a pouco mais da metade dos entrevistados, e suas justificativas parecem ser o motivo de tudo.

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Gráfico 2 - Participou de alguma aula interdisciplinar.

Fonte: Pesquisa direta.

Dos 69 alunos entrevistados, 30 (43,40%) responderam que sim. Numericamente este resultado equivale a minoria dos alunos, mas ainda assim, trata-se de um número elevado, haja visto a metodologia interdisciplinar de ensino ser uma prática ainda recente nas escolas. A interdisciplinaridade surgiu como uma necessidade percebida por jovens de um ensino mais transformador, que os possibilitasse a pensar mais funcionalmente nas questões humanas e do meio. Sendo assim, não resta dúvida de que o ensino articulado entre as diversas áreas do saber é libertador, e deve ser difundido, estimulado.

No Brasil, o ajuste do ensino aos moldes interdisciplinares ainda vem sendo aprimorado, e certamente ainda há muito o que ser trabalhado. Portanto, não é abusivo se referir a este percentual de 43,40% como um resultado satisfatório, mesmo em se tratando de ser a minoria. O fato de a maioria (56,60%) nunca ter participado de outra experiência interdisciplinar ilustra bem esse aperfeiçoamento pelo qual o ensino brasileiro ainda vem enfrentando.

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entre os PIBIDS de Física, Biologia e Geografia, e com vistas a motivar os alunos a pensarem temas tão explorados no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Em cada uma dessas aulas com duração de 120 minutos, de dez a doze questões são discutidas e resolvidas em sala de aula.

Em relação à terceira pergunta do questionário em que diz: O que você achou das aulas de Física ministradas pelo PIBID/Física/UFC no Projeto Iracema? Tem-se a seguinte conclusão:

As aulas de Física ministradas tiveram como ponto de partida considerações da obra literária “Iracema”, de José de Alencar. Para tanto, passagens do livro que retratam o cotidiano da cultura indígena foram usados como motivação para o estudo de conceitos físicos. Dois grupos de bolsistas do PIBID de Física ministraram as aulas, sendo que um dos grupos ficou encarregado de abordar o assunto de Óptica, e o outro grupo se comprometeu a desmistificar a Mecânica e a Ondulatória.

A natureza das aulas não foi apenas expositiva tradicional, mas também experimental e diferenciada. Todos os planos de aula foram devidamente pensados, de modo a levar os alunos a buscarem a pensar mais ativa e criticamente nos resultados. Todo um apelo visual foi levado em conta, desde o uso de experimentos a vídeos demonstrativos, de modo que a aula seguiu uma abordagem mais lúdica e despretensiosa.

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Gráfico 3 - Projeto Iracema fez perceber a Física de um jeito diferente.

Fonte: Pesquisa direta.

Dos 69 alunos entrevistados, 54 (78,20%) responderam que sim, 8 (11,50%) admitiram que apenas um pouco, e somente 7 (10,30%) afirmaram que não. Este resultado por si só já responde com mais propriedade a terceira pergunta, haja vista que a aprovação da metodologia de aula empregada foi satisfatória. As aulas de Física do Projeto Iracema foram cuidadosamente bem pensadas, articuladas com diversificados meios didáticos, centrada no aluno e em suas deficiências de conteúdo. Até mesmo breves revisões matemáticas foram realizadas.

Assim, fica difícil enxergar se existe uma razão aparente para que esses 10,30% dos alunos atribuam total descrédito as aulas. O mais razoável, portanto de se pensar é que trata-se de um grupo de alunos que enfrenta problemas de profundo desinteresse com a matéria e com os estudos. Os meios necessários para trazer os alunos mais desmotivados com o aprendizado são complexos e não serão levados em conta neste trabalho.

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Dessa forma, estes poucos que se identificaram apenas parcialmente com as aulas de Física diferenciadas, ou sentiram falta de mais recursos nas aulas, ou estão buscando se empenhar mais nos estudos, de alguma forma. É importante mencionar nesta oportunidade que todas as estratégias e meios empregados para tornar as aulas diferenciadas e atrativas estão devidamente detalhadas nos planos de aulas utilizados.

Para a indagação da quinta pergunta do questionário: O que você acha de no futuro próximo as escolas incluírem mais aulas interdisciplinares em suas disciplinas? Foram feitas as seguintes avaliações:

Mesmo aqueles que não demonstraram plena satisfação em relação a este projeto interdisciplinar, foram de pleno acordo com novas intervenções desse tipo no futuro. Todos os alunos entrevistados se posicionaram a favor, o que nos leva a concluir de imediato que projetos de natureza interdisciplinar são historicamente construtivos ao processo de ensino e aprendizagem. Todos os envolvidos se beneficiam diretamente das ações: os professores, que se lançam em intercâmbios com outras áreas do conhecimento, reelaboram conjunto de ideias sob outros pontos de vista etc.; também o aluno, que absorve um conhecimento mais intercalado, crítico e contextualizado. Mesmo para quem gosta assumidamente de Física, encontra dificuldades na compreensão de determinados fatos durante os estudos, e assim se faz necessária uma transposição didática, uma situação que evidencie ao aluno o porquê de se estar aprendendo determinada coisa.

É partindo dessa visão de métodos facilitadores do processo de ensino e aprendizagem que a interdisciplinaridade vem escrevendo seu nome no transcorrer da Educação Nacional, e até mesmo mundial. O conhecimento deve ser aplicável, crítico, e o que puder ser feito nesse sentido certamente contribuirá para que números cada vez mais animadores possam ser atribuídos ao ensino de Física no Brasil.

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ultrapassados de provas que valorizavam mais o conhecimento fragmentado. Trata-se, portanto, de um instrumento avaliativo interdisciplinar. Muitas questões de Biologia podem por exemplo estar diluídas em questões de Geografia, dentre tantas outras possibilidades de interfaces.

O já mencionado “Aulão para o ENEM” também promovido pelo PIBID de Física na escola referida cumpre fielmente com as perspectivas da interdisciplinaridade, aliando assiduidade dos alunos as aulas com valorização e total reconhecimento das atividades.

Finalmente, em relação ao futuro da Educação, é preciso que o sistema educacional esteja envolvido com afinco nas questões relativas a interdisciplinaridade; é preciso que os professores se permitam mais, que assumam aulas que fujam do lugar comum, com diferentes pontos de vistas, com espírito questionador e com incansável necessidade de pesquisa e aprendizados.

6.2 Análise do rendimento escolar dos alunos em função do projeto interdisciplinar

O objetivo desta parte é verificar se houve melhora ou piora no rendimento escolar dos alunos mediante uma análise quantitativa de suas notas tanto no bimestre anterior à realização do projeto, quanto no bimestre posterior à sua realização. O Projeto Iracema foi realizado no primeiro bimestre do ano de 2015.

Em relação as notas do primeiro bimestre escolar, a nota utilizada foi a MP1, média final bimestral, composta de duas notas de provas parcial e global, mais uma nota de laboratório, componente obrigatório a todos os alunos em suas atividades escolares. Para o segundo bimestre, apenas uma nota foi utilizada: a nota obtida num provão de Ciências da Natureza, de modo que as notas de Física, Química e Biologia puderam ser facilmente separadas e atribuídas.

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confecção deste trabalho, essas últimas notas ainda não se encontravam disponíveis para estudo. Percebe-se, portanto, como razoável e justo, investigar de uma forma mais direta, o rendimento de todos os alunos em instrumentos avaliativos da disciplina de Física.

Todas as notas colhidas e utilizadas na pesquisa foram gentilmente cedidas pelos professores de Física da escola por meio de seus respectivos diários de turma. Todas as notas e médias apuradas foram cuidadosamente revistas, e o critério comparativo empregado foi o seguinte: duas turmas de primeiro ano e outras duas de segundo foram tomadas, e uma tabela foi organizada, de modo que uma série de médias aritméticas deu forma ao estudo. O comparativo mais importante dessa parte é sem dúvida, a relação entre a média global de cada turma antes da realização do projeto e sua média global após a realização do projeto.

Desse modo, pode-se acompanhar numericamente alguma influência positiva trazida por este trabalho, pois, é de se esperar que, se a média global de uma turma saltou de 4,8 para 5,6, por exemplo, estamos diante de uma situação de superação, de alguma maneira. Além disso, foi estudado também o que ocorreu isoladamente com os alunos que participaram e com os que não participaram do projeto, antes e depois de sua realização. Observe a tabela a seguir, na qual constam todos os resultados obtidos:

Tabela 1 - Resultado das notas dos alunos depois do Projeto Iracema.

Discriminação 1º Ano E 1º Ano F 2º Ano E 2º Ano F

Média dos alunos que não participaram

(antes do projeto) 4,8 4,8 5,2 4,5

Média dos alunos que participaram

(antes do projeto) 5,7 5,3 5,2 4,9

Média dos alunos que não participaram

(depois do projeto) 5,3 5,4 2,2 2,0

Média dos alunos que participaram

(depois do projeto) 6,5 9,3 1,2 3,3

Média global da turma (antes do projeto) 4,4 4,8 5,2 4,6

Média global da turma (depois do projeto)

4,9 5,6 2,0 2,3

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Para uma análise estatística mais apurada, foi elaborado um intervalo de confiança (ao nível de confiança de 95 %) para a amostra de médias coletadas. Para tanto, nosso banco de dados é uma amostra de tamanho n = 24, das médias das turmas do primeiro e do segundo ano. Precisamos admitir para isso que a população segue uma distribuição normal, onde a média e a variância populacionais são desconhecidos. Portanto, o intervalo procurado é um intervalo de confiança para a média populacional, quando a variância populacional é desconhecida. De posse dos dados da amostra, podemos obter facilmente a média amostral (4,5) e o desvio padrão amostral (1,7). A distribuição de probabilidades que descreve esse tipo de intervalo de confiança é do tipo "t de Student", com n - 1 graus de liberdade, ou seja, 24 -1 = 23 graus de liberdade. Com o nível de confiança de 95 %, sobram outros 5 % na análise bicaudal da distribuição " t ", o que significa que os valores de abcissa gerados pela consulta de uma tabela de uma distribuição " t " devem ser 2,0687 e - 2,0687. A média populacional deverá estar compreendida entre a desigualdade para este intervalo de confiança, neste caso entre os valores numéricos 3,7822 e 5,2178, ao nível de 95 %. Isto significa que se forem construídos intervalos dessa mesma maneira para um grande número de amostras, em 95% dos casos tais intervalos incluiriam a média populacional.

Em síntese, o Projeto Interdisciplinar Iracema contribuiu para a melhora do desempenho escolar de apenas parte dos alunos, mais especificamente dos alunos do primeiro ano do Ensino Médio. Para os rendimentos globais dos segundos anos foi observada uma expressiva piora, o que nos leva de imediato a atribuir essa diferença a diferentes contextos de aprendizagem entre as duas fases: enquanto os alunos do segundo ano, em sua maioria já carentes de uma boa formação em Física no ano anterior seguem num nível crescente de desmotivação pela matéria, o grupo do primeiro ano encontrou no Projeto Iracema uma espécie de segunda chance para aprender a matéria, melhor ainda, de uma forma diferenciada.

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pela índia Iracema em algum de seus longos percursos a pé, dentre outras coisas.

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7 CONCLUSÃO

Pode-se afirmar que este trabalho ilustra mais uma ação bem sucedida envolvendo o ensino mediante a interdisciplinaridade. Os objetivos pedagógicos foram visivelmente alcançados, ainda que em partes, mas também suas falhas devem ser reconhecidas. Por mais que todos tenham se identificado com as intervenções, ter ministrado um conteúdo que não estava em consonância com a realidade de uma turma foi uma falha organizacional grave.

Por mais que as ações interdisciplinares se desenvolvam tão bem em ambientes diferenciados, onde muitas vezes reina a improvisação e a informalidade, a organização dos propósitos pedagógicos deve sim ser mínima, de modo que a consumação de objetivos bem definidos seja realizada.

Este material fornece uma alternativa a mais para a abordagem da Física em sala de aula, apresentando possibilidades de inserção de seus conceitos e fórmulas em uma situação específica, que de início pareceu uma tarefa impossível para os bolsistas de Física do PIBID/UFC desbravarem.

A interdisciplinaridade está difundida em tudo, e as possibilidades de ser trabalhada são incontáveis, inúmeras, basta que para isso o professor se motive e influencie todo o ambiente ao seu redor, desde os professores de outras áreas aos alunos. Este projeto desenvolvido certamente faz o bolsista universitário vivenciar cada vez mais de perto a realidade de sua futura profissão, além de permitir que este esteja atualizado e munido do que há de mais avançado em termos de tecnologias de ensino.

Por fim, que este trabalho sirva como um recurso a mais que inspire e potencialize as ações interdisciplinares, principalmente no âmbito da Educação brasileira. Que mais e mais profissionais da área do ensino tenham tantas outras histórias para contar nesse sentido e conduzam o aprendizado a um ato ainda mais prazeroso.

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primeiro lugar, tenham um bom domínio do conteúdo o qual se propõem a ministrar, estejam cientes da importância de temas como contextualização e interdisciplinaridade na Pedagogia do processo de ensino e aprendizagem, e tenham além de motivação, uma boa relação interpessoal com outros professores das demais áreas do conhecimento.

Essa boa relação interpessoal deve existir, pois é este o pré-requisito central para todo o planejamento de uma atividade interdisciplinar bem sucedida. É preciso que mais e mais escolas sejam contempladas com a mesma experiência, até mesmo para que outros futuros levantamentos numéricos, também de outras naturezas, possam ser feitos, e as falhas insistentes possam ser superadas, e o trabalho em si, constantemente aprimorado.

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REFERÊNCIAS

BOAS, Newton Villas; DOCA, Ricardo Hellou; BISCUOLA Gualter José. Tópicos de Física: volume 2. Campinas: Ebooks, 2010.

BODIÃO, ldevaldo da Silva. Considerações sobre novas abordagens na formação inicial de licenciandos a partir da experiência do PIBID/UFC. In: FARIAS, Isabel Maria Sabino de; NOBREGA-THERRIEN, Silvia Maria; CARVALHO, Antonia Dalva França. Diálogos sobre a formação de professores: olhares plurais. Teresina: EDUFPI, 2012.

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR – CAPES. Ministério da Educação. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. Disponível em:

<http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid> Acesso em: 02 jan. 2016.

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia? São Paulo: Loyola, 1979. ______. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia? 6.ed. São Paulo: Loyola, 2011.

______. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. São Paulo: Papirus, 1994.

______. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 15.ed. São Paulo: Papirus, 2006.

JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. 220p.

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APÊNDICE A – Questionário qualitativo PIBID/FISICA.

Liceu de Messejana, ___ Série, Turma:____

1. Você gosta de Física? ( ) sim; ( ) um pouco; ( ) não. Por quê?

_______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

2. Você já participou de alguma aula interdisciplinar antes do Projeto Iracema? Aula interdisciplinar é aquela que pode ser ministrada por professores de diferentes áreas ao mesmo tempo, por exemplo: física e português. ( ) sim; ( ) não.

3. O que você achou das aulas de física ministradas pelo PIBID/FÍSICA/UFC no Projeto Iracema?

_______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

4. Em relação ás aulas tradicionalmente ministradas, você considera que o Projeto Iracema lhe fez perceber a física de um modo diferente, mais divertido ou mais interessante? ( ) sim; ( ) um pouco; ( ) não.

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5. O que você acha de no futuro próximo as escolas incluírem mais aulas interdisciplinares em suas disciplinas?

Imagem

Figura 2 - Sala de aula com os alunos que participaram do Projeto Iracema.
Gráfico 1 – Indagação sobre o aluno gostar de física.
Tabela 1 - Resultado das notas dos alunos depois do Projeto Iracema.

Referências

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