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3 O PROJETO DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE

6.2 Análise do rendimento escolar dos alunos em função do projeto

valorização e total reconhecimento das atividades.

Finalmente, em relação ao futuro da Educação, é preciso que o sistema educacional esteja envolvido com afinco nas questões relativas a interdisciplinaridade; é preciso que os professores se permitam mais, que assumam aulas que fujam do lugar comum, com diferentes pontos de vistas, com espírito questionador e com incansável necessidade de pesquisa e aprendizados.

6.2 Análise do rendimento escolar dos alunos em função do projeto interdisciplinar

O objetivo desta parte é verificar se houve melhora ou piora no rendimento escolar dos alunos mediante uma análise quantitativa de suas notas tanto no bimestre anterior à realização do projeto, quanto no bimestre posterior à sua realização. O Projeto Iracema foi realizado no primeiro bimestre do ano de 2015.

Em relação as notas do primeiro bimestre escolar, a nota utilizada foi a MP1, média final bimestral, composta de duas notas de provas parcial e global, mais uma nota de laboratório, componente obrigatório a todos os alunos em suas atividades escolares. Para o segundo bimestre, apenas uma nota foi utilizada: a nota obtida num provão de Ciências da Natureza, de modo que as notas de Física, Química e Biologia puderam ser facilmente separadas e atribuídas.

A nota do segundo bimestre na escola em questão foi dada pelo somatório da pontuação dos alunos em uma gincana cultural com a referida nota do provão, e mais a nota de laboratório, sendo que ainda no período de

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confecção deste trabalho, essas últimas notas ainda não se encontravam disponíveis para estudo. Percebe-se, portanto, como razoável e justo, investigar de uma forma mais direta, o rendimento de todos os alunos em instrumentos avaliativos da disciplina de Física.

Todas as notas colhidas e utilizadas na pesquisa foram gentilmente cedidas pelos professores de Física da escola por meio de seus respectivos diários de turma. Todas as notas e médias apuradas foram cuidadosamente revistas, e o critério comparativo empregado foi o seguinte: duas turmas de primeiro ano e outras duas de segundo foram tomadas, e uma tabela foi organizada, de modo que uma série de médias aritméticas deu forma ao estudo. O comparativo mais importante dessa parte é sem dúvida, a relação entre a média global de cada turma antes da realização do projeto e sua média global após a realização do projeto.

Desse modo, pode-se acompanhar numericamente alguma influência positiva trazida por este trabalho, pois, é de se esperar que, se a média global de uma turma saltou de 4,8 para 5,6, por exemplo, estamos diante de uma situação de superação, de alguma maneira. Além disso, foi estudado também o que ocorreu isoladamente com os alunos que participaram e com os que não participaram do projeto, antes e depois de sua realização. Observe a tabela a seguir, na qual constam todos os resultados obtidos:

Tabela 1 - Resultado das notas dos alunos depois do Projeto Iracema.

Discriminação 1º Ano E 1º Ano F 2º Ano E 2º Ano F

Média dos alunos que não participaram

(antes do projeto) 4,8 4,8 5,2 4,5

Média dos alunos que participaram

(antes do projeto) 5,7 5,3 5,2 4,9

Média dos alunos que não participaram

(depois do projeto) 5,3 5,4 2,2 2,0

Média dos alunos que participaram

(depois do projeto) 6,5 9,3 1,2 3,3

Média global da turma (antes do projeto) 4,4 4,8 5,2 4,6

Média global da turma (depois do projeto)

4,9 5,6 2,0 2,3

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Para uma análise estatística mais apurada, foi elaborado um intervalo de confiança (ao nível de confiança de 95 %) para a amostra de médias coletadas. Para tanto, nosso banco de dados é uma amostra de tamanho n = 24, das médias das turmas do primeiro e do segundo ano. Precisamos admitir para isso que a população segue uma distribuição normal, onde a média e a variância populacionais são desconhecidos. Portanto, o intervalo procurado é um intervalo de confiança para a média populacional, quando a variância populacional é desconhecida. De posse dos dados da amostra, podemos obter facilmente a média amostral (4,5) e o desvio padrão amostral (1,7). A distribuição de probabilidades que descreve esse tipo de intervalo de confiança é do tipo "t de Student", com n - 1 graus de liberdade, ou seja, 24 -1 = 23 graus de liberdade. Com o nível de confiança de 95 %, sobram outros 5 % na análise bicaudal da distribuição " t ", o que significa que os valores de abcissa gerados pela consulta de uma tabela de uma distribuição " t " devem ser 2,0687 e - 2,0687. A média populacional deverá estar compreendida entre a desigualdade para este intervalo de confiança, neste caso entre os valores numéricos 3,7822 e 5,2178, ao nível de 95 %. Isto significa que se forem construídos intervalos dessa mesma maneira para um grande número de amostras, em 95% dos casos tais intervalos incluiriam a média populacional.

Em síntese, o Projeto Interdisciplinar Iracema contribuiu para a melhora do desempenho escolar de apenas parte dos alunos, mais especificamente dos alunos do primeiro ano do Ensino Médio. Para os rendimentos globais dos segundos anos foi observada uma expressiva piora, o que nos leva de imediato a atribuir essa diferença a diferentes contextos de aprendizagem entre as duas fases: enquanto os alunos do segundo ano, em sua maioria já carentes de uma boa formação em Física no ano anterior seguem num nível crescente de desmotivação pela matéria, o grupo do primeiro ano encontrou no Projeto Iracema uma espécie de segunda chance para aprender a matéria, melhor ainda, de uma forma diferenciada.

Percebeu-se que os alunos do primeiro ano foram contemplados pelo grupo de bolsistas do PIBID que abordou o assunto de Mecânica e Ondulatória em suas aulas. Assim, toda a matéria da prova estava ali, aglutinada no funcionamento do arco e flecha, na velocidade desenvolvida

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pela índia Iracema em algum de seus longos percursos a pé, dentre outras coisas.

O assunto de Óptica foi abordado com os alunos do segundo ano, ao passo que o assunto do provão do segundo bimestre cobrado foi Termodinâmica. Seria essa não intencionada falha de organização a responsável por tantas notas baixas após a realização do projeto?

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7 CONCLUSÃO

Pode-se afirmar que este trabalho ilustra mais uma ação bem sucedida envolvendo o ensino mediante a interdisciplinaridade. Os objetivos pedagógicos foram visivelmente alcançados, ainda que em partes, mas também suas falhas devem ser reconhecidas. Por mais que todos tenham se identificado com as intervenções, ter ministrado um conteúdo que não estava em consonância com a realidade de uma turma foi uma falha organizacional grave.

Por mais que as ações interdisciplinares se desenvolvam tão bem em ambientes diferenciados, onde muitas vezes reina a improvisação e a informalidade, a organização dos propósitos pedagógicos deve sim ser mínima, de modo que a consumação de objetivos bem definidos seja realizada.

Este material fornece uma alternativa a mais para a abordagem da Física em sala de aula, apresentando possibilidades de inserção de seus conceitos e fórmulas em uma situação específica, que de início pareceu uma tarefa impossível para os bolsistas de Física do PIBID/UFC desbravarem.

A interdisciplinaridade está difundida em tudo, e as possibilidades de ser trabalhada são incontáveis, inúmeras, basta que para isso o professor se motive e influencie todo o ambiente ao seu redor, desde os professores de outras áreas aos alunos. Este projeto desenvolvido certamente faz o bolsista universitário vivenciar cada vez mais de perto a realidade de sua futura profissão, além de permitir que este esteja atualizado e munido do que há de mais avançado em termos de tecnologias de ensino.

Por fim, que este trabalho sirva como um recurso a mais que inspire e potencialize as ações interdisciplinares, principalmente no âmbito da Educação brasileira. Que mais e mais profissionais da área do ensino tenham tantas outras histórias para contar nesse sentido e conduzam o aprendizado a um ato ainda mais prazeroso.

O que se percebe, portanto para que estes investimentos se concretizem é que torna-se de suma importância que os professores, em

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primeiro lugar, tenham um bom domínio do conteúdo o qual se propõem a ministrar, estejam cientes da importância de temas como contextualização e interdisciplinaridade na Pedagogia do processo de ensino e aprendizagem, e tenham além de motivação, uma boa relação interpessoal com outros professores das demais áreas do conhecimento.

Essa boa relação interpessoal deve existir, pois é este o pré-requisito central para todo o planejamento de uma atividade interdisciplinar bem sucedida. É preciso que mais e mais escolas sejam contempladas com a mesma experiência, até mesmo para que outros futuros levantamentos numéricos, também de outras naturezas, possam ser feitos, e as falhas insistentes possam ser superadas, e o trabalho em si, constantemente aprimorado.

Seria uma opção viável fazer com que o subprojeto do PIBID/FÍSICA/UFC levasse todo o seu aparato interdisciplinar desenvolvido para outras escolas públicas? Que este trabalho sirva como uma prova de que é sim perfeitamente possível estar diante de uma trabalhosa, porém divertidíssima empreitada.

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REFERÊNCIAS

BOAS, Newton Villas; DOCA, Ricardo Hellou; BISCUOLA Gualter José. Tópicos de Física: volume 2. Campinas: Ebooks, 2010.

BODIÃO, ldevaldo da Silva. Considerações sobre novas abordagens na formação inicial de licenciandos a partir da experiência do PIBID/UFC. In: FARIAS, Isabel Maria Sabino de; NOBREGA-THERRIEN, Silvia Maria; CARVALHO, Antonia Dalva França. Diálogos sobre a formação de professores: olhares plurais. Teresina: EDUFPI, 2012.

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR – CAPES. Ministério da Educação. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. Disponível em:

<http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid> Acesso em: 02 jan. 2016.

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia? São Paulo: Loyola, 1979. ______. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia? 6.ed. São Paulo: Loyola, 2011.

______. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. São Paulo: Papirus, 1994.

______. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 15.ed. São Paulo: Papirus, 2006.

JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. 220p.

SOARES, Paulo Antônio de Toledo; FERRARO, Nicolau Gilberto; RAMALHO JÚNIOR, Francisco. Os fundamentos da Física: volume 2. 8. ed. São Paulo: Moderna, 2003.

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APÊNDICE A – Questionário qualitativo PIBID/FISICA.

Liceu de Messejana, ___ Série, Turma:____

1. Você gosta de Física? ( ) sim; ( ) um pouco; ( ) não. Por quê?

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2. Você já participou de alguma aula interdisciplinar antes do Projeto Iracema? Aula interdisciplinar é aquela que pode ser ministrada por professores de diferentes áreas ao mesmo tempo, por exemplo: física e português. ( ) sim; ( ) não.

3. O que você achou das aulas de física ministradas pelo PIBID/FÍSICA/UFC no Projeto Iracema? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

4. Em relação ás aulas tradicionalmente ministradas, você considera que o Projeto Iracema lhe fez perceber a física de um modo diferente, mais divertido ou mais interessante? ( ) sim; ( ) um pouco; ( ) não.

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5. O que você acha de no futuro próximo as escolas incluírem mais aulas interdisciplinares em suas disciplinas?

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