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A MEMÓRIA E PATRIMÔNIO NA CIDADE CONTEMPORANÊA*

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MEMÓRIA

E PATRIMÔNIO

NA CIDADE

CONTEMPORANÊA*

ANA AMÉLIA DE PAULA MOURA

Resumo: este trabalho tem por objetivo identificar as relações entre conceitos de memória e patrimônio e entender suas conexões com práticas atuais de in-tervenção em centros históricos. A inserção do patrimônio na lógica do mer-cado e a valorização crescente das áreas históricas serão avaliadas a partir das estratégias de revitalização urbana, tendo como exemplo a Recuperação do Centro Histórico de Salvador.

Palavras-chave: Memória. Patrimônio. Revitalização Urbana. Pelourinho.

MEMÓRIA, DOCUMENTO E MONUMENTO

A

memória pode ser entendida como uma função psíquica graças a qual o homem adquire a capacidade de conservar certas informações, at-ualizar impressões ou informações passadas ou que ele representa como tal (LE GOFF, 2003, p. 469). A memória social é um dos meios funda-mentais de abordar os problemas do tempo e da história, sendo que há uma diferenciação significativa entre as sociedades de memória essencialmente oral e sociedades de memória essencialmente escrita.

Segundo Le Goff (2003), o primeiro domínio no qual se cristaliza a memória coletiva dos povos sem escrita é aquele que diz respeito ao funda-mento, à origem das etnias e seus mitos. Nessas sociedades, há homens de memória: pessoas que são guardiãs dos códices reais, que detêm a história objetiva, entendida como a sucessão cronológica de fatos, e a história sub-jetiva, ou memória coletiva, que tende a confundir os fatos históricos com os mitos. Nesse momento, a memória coletiva ordena-se em torno de três interesses: a idade coletiva do grupo fundada nos mitos de origem, o prestígio de famílias dominantes, expresso pelas genealogias, e o saber técnico, pelas fórmulas práticas transmitidas através das gerações.

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A passagem da oralidade à escrita fez com que a memória coletiva fosse pro-fundamente transformada. As civilizações clássicas avançaram nesse sentido, uma vez que o desenvolvimento da escrita e da própria cultura fez com que houvesse uma produção intelectual a ser conservada, período em que houve também a criação de bibliotecas para arquivar documentos. Ao lado da emergência da memória através da retórica, ou seja, de uma arte da palavra ligada à escrita, a memória coletiva desen-volveu-se respaldada pela evolução social e política do mundo antigo. Aqui também é possível destacar a manipulação da memória: os imperadores romanos por vezes confiscaram a memória coletiva através do monumento público e da inscrição. Contu-do, o senaContu-do, por vezes dizimado pelo poder imperial, encontrou uma arma contra tal tirania, fazendo desaparecer o nome do imperador morto dos documentos de arquivo e das inscrições monumentais. “Ao poder pela memória corresponde a destruição da memória” (LE GOFF, 2003, p. 437).

O período Medieval foi marcado pela difusão do cristianismo como religião e ideologia dominante, configurando praticamente um monopólio do meio intelectual assumido pela Igreja. A memória cristã se manifestou, sobretudo, na comemoração e, em um nível mais popular, cristalizou-se pela devoção aos santos e mortos. A memória tinha um papel importante no campo social e educacional escolástico e nas formas ele-mentares de historiografia. Entretanto, nesse momento, a escrita desenvolveu-se a par-tir do oral e, pelo menos no grupo dos clérigos e literatos, havia um relativo equilíbrio entre memória oral e escrita, intensificando-se o uso do escrito como suporte ao oral.

A imprensa revolucionou a memória ocidental. Durante o período humanista do Renascimento, diversos estudiosos desenvolveram teorias a respeito da memória. No período compreendido entre os séculos XVII e XVIII, verifica-se um declínio na co-memoração dos mortos: os túmulos tornam-se simples e alguns julgam que, na Idade das Luzes, pretendia-se eliminar a morte. Após a Revolução Francesa, assistiu-se a um retorno à memória dos mortos: na França cemitérios e outros tipos de monumentos são erigidos em sinal de feitos e pessoas memoráveis.

O século XIX distancia-se do saber anterior e liga-se mais à ordem dos senti-mentos, da educação e do espírito comemorativo. Comemorar passou a fazer parte do programa revolucionário e na França instituíram-se festas nacionais para garantir a recordação da Revolução. Cedo apareceu a manipulação da memória: ao se escolher os eventos que mereciam ser rememorados, subtraíram-se da memória coletiva aspectos importantes.

Em fins do século XIX e início do século XX, dois importantes fenômenos pas-saram a fazer parte das manifestações da memória coletiva: o primeiro decorrente da Primeira Grande Guerra foi a construção de monumentos aos mortos. O Túmulo ao Soldado Desconhecido, erigido em diversos países, assinalou um deslocamento do limite da memória ao proclamar, sobre um cadáver sem nome, a coesão da nação em torno da memória compartilhada pelo povo; o segundo fenômeno, a fotografia, permi-tiu uma nova revolução na memória: democratiza o acesso e multiplica a possibilidade do cidadão comum contar sua própria história.

O desenvolvimento da eletrônica, especialmente a partir dos anos 1950, levou ao que Le Goff (2003) denomina como “revolução documental”. A criação de bancos

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de dados permitiu um avanço no campo da história através da memória arquivística. A memória coletiva sofreu grandes transformações com a constituição das ciências so-ciais e passou a desempenhar um papel importante na interdisciplinaridade que tende a se instalar entre elas.

O documento sempre esteve sujeito a manipulações que buscam forjar certa ver-são e a partir daí “apagar” determinados eventos da memória coletiva. A crítica ao documento, iniciada na Idade Média, que evoluiu até seu aperfeiçoamento pelos his-toriadores positivistas do século XIX, pode ser entendida essencialmente como uma procura de autenticidade. O documento, que no princípio restringia-se somente a tex-tos, teve seu conceito ampliado, passando a englobar as diversas manifestações que registravam as marcas da vida e da inteligência do homem, podendo ser transmitido pelo som, imagem ou qualquer outra maneira.

A partir da década de 1960, um grande avanço foi atingido, representando uma verdadeira revolução documental, visto que a memória coletiva passou a ser entendida não somente a partir dos grandes homens ou acontecimentos, mas voltou-se também para um grande interesse na história de todos os homens para o registro paroquial, inaugurando a era da documentação de massa. Para Le Goff (2003), o que torna o documento um monumento (aqui entendido como um sinal do passado que envia tes-temunhos das sociedades históricas ao longo do tempo) é sua utilização pelo poder. “O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado, é um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de forças que aí detinham o poder (LE GOFF, 2003, p. 532).”

É necessário duvidar dos documentos, transpor sua roupagem aparente, desestruturar sua construção e analisar as condições de sua produção. O documento é algo que fica, um testemunho que deve ser desmistificado, podendo ser considera-do monumento uma vez que as sociedades que os produziram, voluntariamente ou não, imprimiram um esforço para que eles representassem uma imagem de si mesmas (como no caso dos monumentos arquitetônicos). O novo documento, alargado para além dos textos tradicionais, transformado em dado, sempre que a circunstância assim o permite, deve ser tratado como documento/monumento, indo para além do campo da memória.

MONUMENTO X MONUMENTO HISTÓRICO

O conceito de monumento tem origem no latim e deriva de monere, que significa advertir e lembrar. Ressalta a natureza afetiva de seu propósito, que não se trata de dar uma informação, mas sim tocar pela emoção uma memória viva (CHOAY, 2006, p. 17). Assim, monumento refere-se a tudo que for edificado por uma comunidade de in-divíduos com o intuito de fazer com que outras gerações rememorem acontecimentos, sacrifícios, ritos ou crenças.

É o modo como atua na memória que confere especificidade ao monumento: ele não apenas a trabalha e a mobiliza pela afetividade, fazendo o passado vibrar como se fosse presente, como contribui de forma direta para manter e preservar a identidade de um grupo. Porém, esse passado invocado não é um passado qualquer, ele é selecionado

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tendo em vista a coesão e a manutenção da identidade de determinados grupos so-ciais. Os monumentos podem ser reconhecidos em diferentes sociedades situadas em lugares geográficos e tempos distintos: as Pirâmides do Egito e da América Central, o Coliseu e tantos outros atestam tal fato, designando, portanto, um edifício concebido para eternizar a lembrança de coisas memoráveis e disposto de modo a tornar-se um fator de embelezamento das cidades.

A partir do século XVII, o conceito se afastou do valor estritamente memorial e evoluiu, passando a denotar o poder, a grandeza, a beleza: cabendo-lhe afirmar os grandes desígnios públicos, promover estilos e tocar a sensibilidade estética. A extin-ção da funextin-ção memorial do monumento relaciona-se à importância crescente que a Arte adquiriu nas sociedades ocidentais a partir da Renascença, abrindo caminho para a substituição progressiva do ideal de memória pelo ideal de beleza. Juntamente com a evolução de técnicas mnemônicas mais eficientes, como a imprensa e a fotografia, aos poucos as sociedades deixaram de edificar monumentos e transferiram o entusiasmo que eles despertavam para os monumentos históricos.

Ao contrário do monumento, o monumento histórico não é, desde sempre dese-jado e criado como tal, ele é constituído posteriormente pelos olhares convergentes dos especialistas (historiadores, arquitetos, artistas), que o selecionam na massa dos edi-fícios existentes no tecido urbano, dentre os quais os monumentos propriamente ditos representam apenas uma pequena parte. Podemos dizer que ambos se relacionam com a memória e buscam evocar o passado, porém acabam se relacionando com a memória de modo diverso:

O monumento tem por finalidade fazer reviver um passado mergulhado no tempo. O monumento histórico relaciona-se de modo diferente com a memória viva e com a duração. Ou ele é simplesmente constituído em objeto de saber e integrado numa concepção linear de tempo – neste caso, seu valor cognitivo relega-o inexoravelmente ao passado, ou antes, à história em geral, ou à história da arte em particular –; ou então ele pode, além disso, como obra de arte, dirigir-se à nossa sensibilidade artística, ao nosso ‘desejo de arte’ (kunstwollen): neste caso, ele se torna parte constitutiva do presente vivido, mas sem a mediação da memória ou da história (CHOAY, 2006, p. 26).

São essas diferenças entre o monumento e o monumento histórico que confe-rem a ambos especificidades quanto à sua conservação. Os monumentos, como do-cumentos são expostos às afrontas do tempo vivido e sujeitos a alterações e mesmo à destruição deliberada; os monumentos históricos, por estarem inseridos em um lugar definido e objetivado pelo saber, exigem uma conservação integral. A conservação dos monumentos históricos evoluiu com o tempo e não pode ser dissociada da própria história do conceito.

A partir do século XIX, uma nova importância é atribuída às antiguidades e, se-gundo Choay (2006, p. 209), o monumento histórico entra em sua fase de consagração que dura até a redação da Carta de Veneza, em 1964. Aliado à Revolução Industrial, diversos avanços científicos e arqueológicos e, ainda, os progressos da história da arte marcaram, nesse período, o desenvolvimento da restauração como disciplina

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ma e levaram ao surgimento de novas demandas que provocaram, em última instância, o alargamento da concepção de monumento histórico.

DE MONUMENTO HISTÓRICO A PATRIMÔNIO HISTÓRICO: EVOLUÇÃO DE UM CONCEITO

Como se procurou demonstrar, a ideia de bem cultural digno a ser preservado esteve, por muito tempo, ligada ao excepcional, numa perspectiva limitada que reco-nhecia somente o monumento, ou seja, grandes obras valoradas individualmente por seu apelo estético e, ou histórico. A ampliação do conceito de patrimônio histórico é relativamente recente, embora a discussão do tema venha ocorrendo, de modo sistemá-tico, desde a década de 1930 com os modernistas.

A compreensão contemporânea do patrimônio deixou de se ater apenas às quali-dades estéticas do bem em si, ampliando-se ao cotidiano da vida, ao exercício da cul-tura e desenvolvimento socioeconômico das comunidades, sendo um dos responsáveis pela formação de identidade coletiva e valorização social. O patrimônio histórico se insere, portanto, num contexto mais geral que engloba não somente as formas mate-rializadas de expressão artística, obras de arte e arquitetura, por exemplo, mas também manifestações folclóricas, danças, ritos, costumes, festividades e os recursos naturais.

As questões referentes à manutenção das preexistências no contexto urbano fo-ram levantadas com maior vigor a partir do século XX. A industrialização, o incha-mento das cidades e o surgiincha-mento de novas necessidades intensificaram as discussões em torno das políticas de intervenção urbana. O Movimento Moderno surgiu como resposta à era da máquina, trazendo uma ideia de reestruturação da cidade, onde a pre-servação dos valores históricos e da memória urbana esteve relegada a segundo plano. A Carta de Atenas de 1933, um signo do Movimento Moderno, está imbuída das ten-dências de renovação urbana cujas estruturas existentes deveriam se adequar às novas ne-cessidades do homem moderno e refletir o avanço tecnológico desse tempo. O patrimônio histórico era tido como algo inútil que deveria ser conservado como uma peça de museu:

A morte, que não poupa nenhum ser vivo, atinge também as obras dos homens. É necessário saber reconhecer e discriminar nos testemunhos do passado aquelas que ainda estão bem vivas. Nem tudo que é passado tem, por definição, direito à pe-renidade; convém escolher com sabedoria o que deve ser respeitado. Se os interesses da cidade são lesados pela persistência de determinadas presenças insignes, majes-tosas, de uma era já encerrada, será procurada a solução capaz de conciliar dois pontos de vista opostos: nos casos em que se esteja diante de construções repetidas em numerosos exemplares, ‘algumas serão conservadas a título de documentário’, as outras demolidas; em outros casos poderá ser isolada a única parte que constitua uma lembrança ou um valor real; o resto será modificado de maneira útil. IPHAN, 2004, p.52).

A divulgação da Carta de Veneza, a partir de 1964, representa um momento importante no processo de discussão do patrimônio em nível mundial, uma vez que

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ampliou a visão conceitual ao enfocar o monumento e o urbano e incluir a idéia de se preservar aquilo que não seja necessariamente monumental, reconhecendo a signifi-cação cultural das obras modestas. Embora ainda tenha o patrimônio sob ótica do mo-numento estático (desconsiderando ainda os bens imateriais), ressalta a importância da função dada aos monumentos conservados, portanto, deveria ser útil à sociedade para que assim, o edifício acompanhasse a evolução dos costumes. Também aborda as questões da restauração e aponta preocupação com a ambiência e com o entorno do bem preservado: “Enquanto sua ambiência subsistir, será conservada, e toda constru-ção nova, toda destruiconstru-ção e toda modificaconstru-ção que possam alterar as relações de volu-mes e de cores serão proibidas” (IPHAN, 2004, p. 93).

A partir da década de 1950, as críticas ao modernismo se intensificaram: o funcionalismo racional e seu dogma “a forma segue a função” não mais respondiam às complexidades da sociedade do Pós Guerra. O chamado pós-modernismo se for-taleceu com a arte Pop nos anos 1960 que reagiu ao objetivismo e ao hermetismo moderno. Expandiu-se a partir da década de 1970 com apoio da filosofia, criticando a cultura ocidental e afirmando que o mundo e a história já não podem mais ser con-cebidos segundo pontos de vista unitários. Enquanto no modernismo era marcante a tendência de ruptura em relação ao passado, o pós-modernismo não apresentou, e nem apresenta uma única proposta.

Nesse contexto de revalorização histórica, novas discussões acerca do patrimônio cultural aconteceram e foram ampliando gradativamente a ideia. Novo avanço foi atin-gido quando em 1967, uma reunião promovida pela Organização dos Estados Ameri-canos (OEA), em Quito, registrou as preocupações com a integração entre patrimônio, monumento, área, comunidade e turismo, interligando-os à cultura latino-americana, ao lugar e à história.

Na década de 1970, a preocupação com as questões ambientais ganhou força e diversas Conferências Internacionais trataram do assunto. A Convenção sobre a

salva-guarda do patrimônio mundial, cultural e natural redigida em Paris, em 1972 , trata

da questão do patrimônio cultural abarcando os monumentos, obras de arte, conjuntos edificados, sítios arqueológicos, além de definir a dimensão do patrimônio ambiental, referindo-se às formações naturais, geológicas, biológicas e as zonas naturais que te-nham valor do ponto de vista da ciência, da história ou da arte.

O PATRIMÔNIO E O FENÔMENO DO CONSUMO CULTURAL CONTEMPORÂNEO Sendo em sua origem privado, o culto do monumento histórico não se tornou religião ecumênica do patrimônio edificado pela conversão individual e progressiva de seus fiéis. [...] Mas a metamorfose quantitativa sofrida pelo culto ao patrimônio a partir da década de 1960 deriva mais diretamente de um conjunto de processos solidários que, na França, reforçaram a política cultural do Estado e em outros lugares sempre apressaram o seu estabelecimento.

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A expansão do campo do patrimônio a partir dos avanços conceituais propicia-dos pela nova história e pela antropologia, bem como o desenvolvimento de uma so-ciedade de lazer, ocasionou um crescimento no valor de mercado do patrimônio e fez com que a preservação tomasse um papel central nas políticas de urbanização. A partir dos anos 1960, a prática preservacionista desenvolvida em consequência da crítica aos dogmas do urbanismo moderno e do relativo êxito comercial que o historicismo pós-moderno obtinha, se expandiu especialmente pela atuação de órgãos internacionais como a UNESCO e ICOMOS1 que, através da promoção de conferências, divulgavam

os valores e as práticas patrimoniais ocidentais.

Tal fenômeno promove a mundialização desses valores e favorece a organização e reprodução dessas práticas, tornou-se uma importante via para a inserção do patrimônio na dinâmica da globalização econômica. O patrimônio passa a ser integrado às estraté-gias de marketing que buscam estabelecer uma relação com o passado em um mundo de crescente descarte e obsolescência programados. O acesso ao patrimônio foi ampliado, mas o aumento da demanda criou um negócio apoiado em uma espécie de indústria que fabrica, embala e difunde produtos culturais com vistas unicamente ao consumo.

A valorização do patrimônio no mercado foi propiciada também por uma ver-dadeira engenharia cultural de natureza tanto pública quanto privada que através de animadores, comunicadores e agentes de desenvolvimento, explorou de várias formas monumentos e sítios históricos com o objetivo de multiplicar indefinidamente seu po-tencial atrativo. Essa transformação do patrimônio em item da indústria turística e cultural se deu, fundamentalmente, por ações de valorização e utilização, passando por restaurações de monumentos e grandes intervenções urbanas, as chamadas revitaliza-ções de áreas históricas degradadas.

Nessas operações, muitas vezes, se vê reconstruções fantasiosas que privilegiam determinados aspectos estéticos e que conduzem, em boa parte dos casos, a processos de gentrificação. Ambientações como espetáculos de luz e som, shows e eventos cultu-rais de toda ordem, que cultivam a passividade do público e usam o patrimônio como mero cenário e a inserção de objetos contemporâneos em ambientes antigos² para criar uma representação baseada no presente e atrair um público sempre sedento por novi-dades, são frequentemente empregados.

As áreas históricas das cidades passam a ser objeto de uma conservação museo-lógica, com usos voltados para o entretenimento, comércio e lazer, tornando-se im-portante foco atrativo a visitantes. Nesse processo, que visa à apropriação turística das cidades, a dimensão urbanística do patrimônio, que deveria se relacionar ao cotidiano dos moradores e à dinâmica espacial da cidade, perde gradativamente esse caráter, fazendo com que os sítios históricos sejam vistos como empreendimentos comerciais voltados à geração de receitas.

As estratégias de agenciamento espacial dessas áreas permitem que se ofereçam sempre cidades ou bairros históricos prontos para o consumo visual e turístico a partir de um ambiente de familiaridade e segurança. Ambiente este, que se torna possível através do uso de sistemas padronizados de sinalização, bem como na escolha de mo-biliários e equipamentos cujos desenhos se aproximam das formas encontradas em

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Pracinhas, ruas e passagens de pedestres, dotadas de materiais de acabamento novo e mobiliário uniforme; obras de arte, fontes e floreiras para alegrar o espaço; cal-çadas com mesinhas para cafés, restaurantes e barracas de artesanato, são elementos comuns a esses espaços. Os efeitos deste tipo de apropriação do patrimônio urbano são perversos, além da exclusão das populações locais e suas atividades cotidianas pode-mos citar: a homogeneização do espaço, a banalização dos modos de vida e a destrui-ção de práticas tradicionalmente associadas a tais espaços. A seguir, apresentaremos o caso da Recuperação do Centro Histórico de Salvador, que seguiu essa lógica e foi empreendido pelo Governo do Estado da Bahia nas décadas de 1990 e 2000.

O CASO DO PELOURINHO

As razões que levaram à execução do Programa de Recuperação do Centro His-tórico de Salvador estão fortemente vinculadas à estratégia de marketing da adminis-tração estadual que, além da autopromoção, objetivava a retomada do crescimento no setor turístico. A cultura local foi tida como o diferencial capaz de agregar mais valor ao “produto Bahia”, elevando sua competitividade no contexto nacional e internacio-nal. A recuperação do Pelourinho foi, então, definida como um poderoso instrumento econômico; acreditava-se que a aliança entre consumo, lazer e cultura, em uma área histórica única, propiciaria a formação de um shopping center ao ar livre, reativando a economia local e redefinindo sua função no contexto urbano e metropolitano.

Na elaboração e execução do projeto, não houve participação ou atração de parceiros privados, tampouco de instituições sociais ou da população. Mesmo as associações comunitárias locais, grupos culturais ou órgãos profissionais (Instituo de Arquitetos – IAB, por exemplo) ficaram à margem dos trabalhos. Devido à ausência de parceiras com a iniciativa privada, o ônus do empreendimento ficou a cargo do Go-verno do Estado. Este, tentando ressarcir os investimentos realizados nas propriedades, implantou um sistema de doações ou concessões de unidades (com duração de 5 a 10 anos), o que lhe permitiu manter o controle da execução da intervenção e, de certa ma-neira, da utilização das áreas recuperadas (SANT´ANNA, 2003, p. 46).

O Programa começou a ser implantado em 1992 e foi dividido em sete etapas (Figura 1):

• 1ª a 4ª etapas (1992 – 1995): compreendiam as quadras mais degradadas do Maciel, do Passo e do Carmo, nas imediações do largo do Pelourinho;

• 5ª etapa e parte da 6ª (1995 – 1997/98): são os quarteirões situados em torno do Terreiro de Jesus, São Francisco e Praça da Sé;

• 6ª etapa (1998 – 1999): área entre o antigo Maciel e a Baixa dos Sapateiros; • 7ª etapa (2000-2011): localizada na área do Saldanha.

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Figura 1: Programa de Recuperação do Centro Histórico de Salvador

Nota: mapa com etapas destacadas, editado pela autora a partir do mapa contido em Sant’anna (2003, p. 47).

Nas seis primeiras etapas, executadas entre 1992 e 1999, cerca de 600 imóveis foram reformados, a infraestrutura foi complementada, estacionamentos foram cons-truídos, nove monumentos restaurados e seis praças foram agenciadas, o que totalizou um investimento de R$ 92 milhões, oriundos exclusivamente do Tesouro Estadual. Na sétima etapa da intervenção, foram reformados cerca de cento e trinta imóveis na área do Saldanha, sendo agregados ao Tesouro Estadual, recursos do governo federal e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), totalizando mais de R$ 33,5 milhões. Para a realização de cada etapa, era inicialmente aberto um processo licitató-rio, contudo, a precariedade de projetos, e detalhamentos prévios, especialmente nas primeiras etapas, acabou gerando uma verdadeira omissão no tocante à manutenção das tipologias arquitetônicas (Figura 02), substituição dos antigos moradores e à desti-nação quase exclusiva dos espaços “restaurados” ao uso comercial.

Os moradores das áreas, em questão, eram muito pobres, com pouca ou nenhu-ma organização comunitária, viviam ali pela possibilidade de pagar um aluguel muito barato ou até mesmo nenhum aluguel, ocupando moradias cedidas pelos proprietários ou invadidas em razão de seu péssimo estado de conservação. A possibilidade de aqui-sição dos imóveis recuperados durante as seis primeiras etapas não lhes foi oferecida, a necessidade da formalização dos contratos de aluguel e, consequente, aumento nos preços, fez com que as pessoas optassem pela indenização.

No tocante à negociação com os empresários, não foram estabelecidos critérios claros de escolha de candidatos, segundo Sant’Anna (2003, p. 47):

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o critério de seleção dos empresários é mais político que comercial, onde não há condomínio ou taxa para propaganda e promoções, onde a manutenção do exterior dos imóveis e das áreas comuns é realizada pelo estado que, ainda, assume, sem ônus extras para os ocupantes além dos impostos normais, os serviços de limpeza, coleta de lixo, manutenção das vias públicas, segurança e iluminação.

Ao final da segunda etapa, os primeiros problemas surgiram: os empreendimen-tos que eram voltados a uma clientela mais abastada não conseguiram manter o públi-co desejado e logo fecharam suas portas; o afluxo de turistas não foi o esperado, o que levou a uma busca de alternativas à crise da dinâmica turística. Uma série de pesquisas e estudos foram encomendados com o intuito de monitorar o uso da área, avaliar a rentabilidade dos empreendimentos e buscar modelos alternativos de gestão.

Visando manter uma frequência alta durante todo o ano e fixar os empreendimentos instalados, o governo passou, a partir de 1994, a investir na animação do Pelourinho, por meio da promoção de eventos e shows periódicos, se firmando cada vez mais, como pólo de lazer especializado da cidade.

Figura 2: Quarteirão Cultural do Pelourinho

Nota: esta área, que originalmente correspondia aos quintais dos sobrados foi totalmente remodelada, dando lugar a uma praça – Praça das Artes Cultura e Memória –, como aparece em uma placa ali instalada. Esse exemplo representa a alteração tipológica e morfológica, se considerarmos a ruptura com o traçado urbano tradicional, empreendida pelo Projeto com o objetivo criar um espaço para apresentações artísticas diversas. Acervo pessoal da autora, junho de 2008.

Figura 3: Largo do Pelourinho e ruas adjacentes

Nota: pode-se observar a predominância do uso comercial. Acervo pessoal da autora, de junho de 2008.

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A partir da quinta etapa, o ritmo das intervenções se tornou mais lento. A Pre-feitura passou a participar das obras, uma vez que o grupo político, que se mantinha no Governo do Estado desde 1991, ganhou as eleições municipais. A sétima etapa apresenta mudanças significativas no modelo de intervenção: a habitação é adotada como uso predominante, embora a ênfase não fosse dada à população preexistente. Tal opção já é fruto de um processo de revisão das primeiras etapas, sobre as quais se pode constatar que o programa não havia sido capaz de sustentar um processo de reabilita-ção nas áreas adjacentes. Entretanto, o partido físico da areabilita-ção pouco difere do anterior, uma vez que a eliminação de anexos e o rompimento das relações de cheios e vazios das ocupações tradicionais representa uma grande perda no sentido da manutenção da tipologia arquitetônica. Os investimentos também contam com recursos do BID e do governo federal, ao contrário das primeiras etapas que estiveram totalmente dependen-tes do Tesouro Estadual.

A cidade aqui foi encarada como um palco, onde a atuação magistral de um governo centralizador pode “restituir valor” e promover o bem-estar da população. A finalidade eleitoreira da ação – sobretudo nas primeiras etapas – condicionou a esco-lha da metodologia empregada, o espaço de tempo exíguo e o imediatismo que esteve presente em todo o processo foram responsáveis pela definição do caráter duvidoso da intervenção.

A pouca preocupação com a manutenção da memória do lugar, tanto no aspec-to antropológico quanaspec-to no arquitetônico são gritantes. As relações de parentesco e afetividades foram extintas. A velada expulsão, ou melhor, a expulsão democrática dos moradores da área permitiu a imposição de uma nova ordem. No processo de gentrificação, ou seja, na substituição da população de classe baixa que residia no local por uma classe de poder aquisitivo mais alto, aqui também encarada na dimen-são da substituição racial, teve como reflexo imediato a ocupação de imóveis nas imediações da área, tornando o policiamento ostensivo imprescindível à manutenção da nova ordem.

Uma vocação turística levada às últimas instâncias configura o que o gover-no, orgulhosamente define como um shopping center a céu aberto (Figura 03). A in-tervenção de caráter altamente mercadológico, que visava atrair principalmente um público abastado e turistas estrangeiros, vem se consolidando pela frequentação da própria comunidade local, ex-moradores que vivem nas imediações e, até mesmo, em bairros distantes. Uma pesquisa encomendada pela UNESCO e pela Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador (CONDER) aponta que cerca de 80% do total de entradas registradas no período da pesquisa (ano de 2010) são de pessoas residentes na Grande Salvador, a pesquisa registra ainda, que são os eventos que atraem a maior parte dos visitantes.

A lógica do turismo, que foi imposta pelo poder público, aparta o Pelourinho do cotidiano da cidade. A política estadual, insustentável em longo prazo, e incapaz de responder adequadamente às dinâmicas relações da cidade, torna o esvaziamento e a degradação um perigo constante. A “reforma” do Pelourinho fez com que este se tornasse um outdoor permanente da administração local e assumisse uma dimensão midiática de símbolo de uma baianidade, ícone do lazer.

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Ao se transporem seis rios e três cadeias de montanhas, surge Zora, cidade que quem viu uma vez nunca mais consegue esquecer. Mas não porque deixe, como ou-tras cidades memoráveis, uma imagem extraordinária nas recordações. Zora tem a propriedade de permanecer na memória ponto por ponto, na sucessão das ruas e casas ao longo das ruas e das portas e janelas das casas, apesar de não demonstrar particular beleza ou raridade. O seu segredo é o modo pelo qual o olhar percorre as figuras que se sucedem como uma partitura musical da qual não se pode modificar ou deslocar nenhuma nota. [...] De modo que os homens mais sábios do mundo são os que conhecem Zora de cor.

Mas foi inútil a minha viagem para visitar a cidade: obrigada a permanecer imóvel e imutável para facilitar a memorização, Zora definhou, desfez-se e sumiu. Foi es-quecida pelo mundo.

(Ítalo Calvino)

Na lógica contemporânea de consumo cultural, a manutenção da memória urba-na é muitas vezes reduzida à manutenção e conservação da forma da cidade, ou seja, de seus edifícios, traçados e demais elementos constituintes da paisagem. Assim, a cidade, enquanto objeto cultural, passa a ser concebida como uma simples imagem, a qual por mais autêntica que se queira manter, é cada vez mais homogênea, visto que para se conseguir os almejados financiamentos, as administrações locais precisam se submeter a modelos internacionais extremamente genéricos.

A conservação patrimonial, muitas vezes levada a extremos, corre o risco de pe-trificar a própria cidade, que passa a se tornar um museu de si mesma. Esse processo, que parte de uma patrimonialização dos centros ou monumentos históricos das cidades visa, em última instância, à inserção desses lugares em uma competitiva rede global de cidades turísticas. Esses modelos, que têm como objetivo atrair principalmente o turista internacional, desconsideram o habitante local e promovem uma verdadeira desagregação sociocultural.

As práticas de planejamento urbano baseadas na conservação das estruturas ur-banas preexistentes têm se consolidado como um dos componentes principais das es-tratégias de desenvolvimento local. A expansão periférica, que, por muito tempo foi adotada como opção de crescimento, mostrou-se insustentável. A descentralização das atividades urbanas aliada à atuação do mercado imobiliário apostou na decadência dos centros históricos, a degradação inevitável gerou em boa parte dos casos um quadro de abandono e marginalização.

Iniciativas como a do Pelourinho em Salvador, sobretudo nas seis primeiras eta-pas, mostram que as maneiras de se encarar e, aparentemente, solucionar o problema não são de fato eficientes. A ação do Governo do Estado da Bahia, que promoveu a expulsão dos moradores da região do Pelourinho e financiou todos os níveis da inter-venção não resolveu os problemas estruturais da área e acabou agravando ainda mais a problemática da marginalização, tornando o projeto insustentável.

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O que vemos é que a valorização do patrimônio histórico e esse papel central que a conservação de áreas históricas passa a ter nas ações de planejamento urbano atuais podem levar, ironicamente, ao completo esvaziamento do que se pretende preservar. Jeudy (2005, p. 15) afirma que a conservação patrimonial se encarrega do depósito das lembranças e nos libera do peso das responsabilidades infligidas à memória. Nesse sentido, a profusão de locais de memória3 oferece uma garantia contra o esquecimento.

Esse culto ao passado se torna um meio de exorcizar a ameaça que pesa permanente-mente sobre o homem moderno, que é perder o sentido de sua própria continuidade. O risco é que assim como Zora, nossas cidades, que se tornam cada vez mais estáticas para facilitar sua apreensão e fruição enquanto objeto cultural, acabem definhando e, ao contrário do que se deseja, sumam, esquecidas pelo mundo.

Memory and HERITAGE in the contemporary city: the practices of revitalization of historical center

Abstract: this work relates the concepts of memory and heritage among themselves and

seeks to understand their relationship with current intervention practices in historical centers. The inclusion of equity in the logic of the market and the growing appreciation of the historical areas will be assessed from the urban regeneration strategies, taking as an example the Recovery of the Historical Center of Salvador.

Keywords: Memory. Heritage. Urban revitalization. Pelourinho.

Notas

1 Respectivamente: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura e Conselho

Internacional de Monumentos e sítios.

2 Intervenções como a pirâmide do Louvre em Paris e tantas outras que contam com a inserção de novos

elementos construídos em edifícios e sítios históricos, onde a escolha dos projetos também se dá pelo prestígio de arquitetos de renome internacional.

3 É importante lembrar que ao mesmo tempo em que as ações de revitalização e restauro de monumentos

e sítios históricos ocorre, a política implementada geralmente afasta a população local e dá aos edifícios funções tidas como culturais e, ou de entretenimento, como casas de cultura, museus, etc.

Referências

BITTENCOURT, José Maurício Carneiro Daltro. A participação popular nos projetos

públicos de intervenção urbana: o caso da 7ª etapa de revitalização do centro histórico

de Salvador. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011.

CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis. Tradução de Diogo Mainardi. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 93-106, dez. 2014 106

3. ed. São Paulo: Estação Liberdade; Edunesp, 2006.

CURY, Isabelle (Org.). Cartas patrimoniais. 3. ed. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. JEUDY, Henri Pierre. Espelho das cidades. Tradução de Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2005.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Ed. da Unicamp, 2003.

SANT’ANNA, Márcia. A recuperação do centro histórico de Salvador: origens,

sen-tidos e resultados. Revista de Urbanismo e Arquitetura, Salvador, v. 6, n.1, p. 44-59,

jul/dez, 2003.

*Recebido em: 08.11.2015. Aprovado em: 29.11.2015. ANA AMÉLIA DE PAULA MOURA

Mestre em Arquitetura e Urbanismo pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Especialista em Patrimônio pelo Programa de Especialização em Patrimônio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Na-cional. Arquiteta graduada pela Universidade Estadual de Goiás. E-mail: anadepaula-moura@hotmail.com

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