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TRAJETÓRIA DO FEMINISMO NEGRO NO BRASIL: MOVIMENTOS E AÇÕES POLÍTICAS

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TRAJETÓRIA DO FEMINISMO NEGRO NO BRASIL: MOVIMENTOS E AÇÕES POLÍTICAS

Sandra Santana da Costa Universidade Federal da Bahia sandracosta.se@gmail.com

Resumo

O trabalho de pesquisa, aqui mobilizado, buscou apresentar a trajetória e a história política do movimento feminista negro, a partir da década de 70, no Brasil, com atenção para seu surgimento. Interessou também pontuar as dificuldades enfrentadas e barreiras que tiveram de ser rompidas pelos diversos núcleos de mulheres negras, espalhados pelo país, no enfrentamento ao silenciamento de suas vozes, no que diz respeito às questões de raça e racismo e gênero. Para tanto, a fim de investigar esses momentos, o artigo se valeu do resgate de narrativas, relatos, experiências e registros de intelectuais negras, de modo que essa proposta de estudo se compromete, inclusive, a refletir as opressões praticadas pelo movimento feminista hegemônico que, como se sabe, à época, se opunha declaradamente a pautar as demandas específicas às mulheres negras e a luta em favor de seu trânsito enquanto sujeitas políticas no interior do movimento.

Além disso, a pesquisa destacou a questão de gênero como ponto de tensão dentro do próprio movimento negro, gerado pela recusa dos homens negros em reconhecer a autonomia política das mulheres negras, suas companheiras de militância. Assim, foram selecionados artigos e textos em outros formatos, publicados por mulheres negras estudiosas do tema, que serviram como base e fundamento na composição da escrita e das provocações movimentadas neste trabalho.

Palavras-chave: Movimento de Mulheres Negras. Feminismos. Racismo. Gênero.

Introdução

O Movimento de Mulheres Negras enquanto contradiscurso1 surge a partir de demandas ausentes nas reivindicações propostas pelo feminismo dominante, a fim de pensar as necessidades das políticas da diversidade que contemplam a existência das mulheres negras, assim como aquelas que se identificam como não-brancas.

Constitui-se, como corrente para se pensar tanto ações políticas quanto teóricas, dentro e fora da academia, a fim de (re)dimensionar as diversas perspectivas que antes amordaçadas, secundarizadas e, tantas vezes, invisibilizadas por narrativas feministas hegemônicas, passa a emergir à superfície dos embates na esfera pública e privada para contestar os lugares de privilégios – não só a respeito das questões de raça, mas também diante de conflitos relacionados a discussão de gênero – reivindicando para si o direito à voz.

1 “Aqui consideramos contradiscursos como novos lugares de produção discursiva” (REIS, 2001, P.27)

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Na contramão das ideias disseminadas a partir de uma perspectiva das chamadas metanarrativas, cujos sistemas teóricos – a exemplo do positivismo, pretendia encaixar, historicamente, toda a humanidade dentro de normas e orientações de ordem ética e política, no que confere, inclusive, aos discursos que veiculam verdades absolutas no tocante às representações, o Movimento de Mulheres Negras, ao levantar suas agendas e denunciar privilégios, extrapola essas noções de falsa igualdade, utilizadas como forma de garantir a permanência e manutenção do poder contido nas narrativas hegemônicas do feminismo branco. Este que, por sua vez, acaba por disciplinar e limitar a experiência pública das mulheres negras, e, consequentemente, silenciar suas demandas. Nesse sentido, nos valemos de Vilma Reis, quando diz:

No campo das contra narrativas contamos com os fatores da instabilidade, da incerteza e da interdisciplinaridade, como elementos que jogam fundamentalmente no campo da complexidade, tão importante como regra para os novos sistemas de representações, marcados pelo reconhecimento das identidades, para além do fato de admiti-las. Aqui consideramos contra-discursos como novos lugares de produção discursiva daqueles sujeitos que, segundo Foucault, ao serem ouvidos, mostram serem portadores de teorias, a exemplo dos prisioneiros, os chamados delinquentes, sujeitos que tinham muito a dizer sobre a prisão, as medidas de segurança do Estado e seu poder de conter milhares encarcerados sob os argumentos discursivamente legítimos da segurança da sociedade. O mesmo ocorre com as mulheres, os negros e os homossexuais, quando esses sujeitos reagem à produção de discursos sobre si e instauram outros a partir de suas próprias vozes.

(REIS, 2001, p. 27-28)

Nesse sentido, ao explorar o percurso histórico e político do movimento feminista de mulheres negras, a partir da década de 70, foi através da apreciação de artigos e textos de outras naturezas produzidos por intelectuais negras, que o trabalho se empenhou em problematizar práticas de silenciamento e de invisibilização impostas às mulheres negras ao serem colocadas à prova suas capacidades de atuarem enquanto agentes autônomos e sujeitas políticas nos espaços públicos ou privados.

2. Movimento de mulheres negras: suas organizações em perspectiva

Se pensarmos o lugar de subalternidade a que as mulheres negras sempre estiveram submetidas enquanto um espaço, ou mesmo como um solo propício para erguer estratégias e pensar teorias de enfrentamento, junto à luta feminista, teremos como mola

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impulsionadora uma perspectiva de olhar, como nos alerta bell hooks (2018[2000]), cujas experiências espaciais - frente ao racismo, bem como outras formas de opressão – atuam como uma espécie de vantagem, se considerarmos os modos com que essas mulheres negras articulam-se à margem, atravessando na contramão de tudo àquilo que figura como hegemônico.

Assim, para a estudiosa, no combate à dominação masculinista, classista e sexista, a mulher negra transita enquanto peça chave tanto no embate político a essas forças dominantes, quanto na produção de conhecimento das teorias feministas.

Nesse sentido, ao imaginarmos a construção de um debate político de enfrentamento à máquina hegemônica que reformula e reconfigura seus modos de oprimir às mulheres, enclausurando-as em suas condições e expectativas limitadoras, não podemos deixar de afirmar que a contribuição do Movimento de Mulheres Negras, as organizações de mulheres negras e, ainda, os feminismos negros ou serão uma via imprescindível a esse embate, ou a luta em favor da equidade de direitos e liberdade das mulheres fenecerá frente à universalização da categoria mulher que pretere mulheres não- brancas em face das vivências experimentadas apenas pelo modelo de mulher branca das classes privilegiadas.

É necessário pontuar, inclusive, o fato de que as Organizações de Mulheres Negras se caracterizam enquanto movimento social, orientado por mulheres negras, cujo objetivo continua a refletir a urgência em promover a formação de um pensamento político negrA que reivindica agendas para o debate e garantias de direitos junto à diversidade que contempla os vários modos de se ser mulher negra.

De acordo com Sueli Carneiro (2003), um dos fatores principais para mudanças em relação às perspectivas e práticas exclusivistas nas políticas adotadas e discutidas pelo movimento feminista brasileiro, se deu pela necessidade em denunciar o silenciamento que se mostrava em outras esferas de opressão, para além do gênero, que grupos de mulheres negras e não-brancas sofriam. Assim, era preciso reivindicar reformulações tanto nos debates e agendas, quanto na reflexão sobre o próprio privilégio racial dentro do feminismo hegemônico brasileiro.

Núbia Moreira aponta que “A relação das mulheres negras com o movimento feminista se estabelece a partir do III Encontro Feminista Latino-americano ocorrido em

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Bertioga em 1985” (2006). Segundo a teórica é no ano de 1985 que começam a aparecer os Coletivos de Mulheres Negras, coincidindo com as datas em que aconteciam alguns encontros estaduais e nacionais de mulheres negras.

A autora aposta na ideia de que o surgimento de coletivos de mulheres negras, sua identidade e representação correspondente a demandas específicas e necessárias, mostra o quanto da urgência em visibilizar essas agendas dentro do movimento feminista.

Núbia Moreira enfatiza que o diálogo passa a se estabelecer com o movimento feminista, como dito anteriormente, em Bertioga, 1985, lugar que acaba por ser um marco ao surgimento daquilo que se conhece hoje como organização atual de mulheres negras que, por sua vez, implicou a disseminação coletiva dessa expressão política e teórica das agendas de mulheres negras no contexto das lutas e do então movimento feminista hegemônico (MOREIRA, 2007). É, portanto, após essa data que começa o surgimento dos chamados Coletivos de Mulheres Negras, bem como os encontros estaduais e nacionais.

Outro momento importante na trajetória do Movimento de Mulheres Negras -, acontece em 1987, em Garanhuns-PE: no IX Encontro Nacional Feminista. Lá, as mulheres negras, mais uma vez, expõem suas insatisfações por não se sentirem contempladas no evento e, entre outras coisas, trazem a denúncia sobre a ausência de discussões voltadas para as relações raciais. É também nesse momento que as mulheres negras apontam o caráter de exclusão, autoritarismo e universalização do sujeito mulher por parte do movimento feminista hegemônico.

Segundo Silva (2000), para as mulheres negras havia, portanto, a impraticável possibilidade de se dialogar com movimento feminista, o que fez com que deixassem o local do evento munidas e articuladas para construir o I Encontro Nacional de Mulheres Negras, o qual a autora se refere como “divisor de águas”(2000, não paginado).

O 1° Encontro Nacional de Mulheres Negras (ENMN) aconteceu durante os dias 02 e 04 de dezembro do ano de 1988, na cidade de Valença, no Rio de Janeiro. Estiveram presentes mais de 400 mulheres negras vindas de 19 estados diferentes. Para que o encontro acontecesse houve muita mobilização anterior, debates políticos e discussão de agendas. Vale dizer que antes desse 1°encontro, em 1988, diversos outros estavam acontecendo fosse por região, estado ou localidade, somando-se a isso congressos,

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simpósios, grupos de discussão, reuniões, todo tipo de evento em que se refletia feminismos no Brasil e fora também. No encontro de Valença/RJ

(…), no entanto, havia uma novidade: pela primeira vez na história do feminismo negro, mulheres organizadas em todas as regiões do Brasil se prepararam para participar e decidir coletivamente os rumos do movimento nacional de mulheres negras no país. (MACIEL; RIOS 2017 – online)2

O evento, de acordo com Maciel e Rios (2017) patrocinado por organizações não governamentais, trouxe como temas relevantes: “educação, controle de natalidade, prostituição, emprego doméstico, formas de organização coletiva, inserção em demais movimentos políticos, violência, alcoolismo e ancestralidade africana, além de sexualidade e prazer.”.

Ainda segundo as autoras, militantes que participavam do evento sentiam-se satisfeitas com a diversidade geográfica das participantes que ali estiveram, bem como a diferentes concepções ideológicas frente às questões pautadas pelas mulheres negras,

“destacando-se a presença de mulheres de partidos políticos, de comunidades de base, de sindicatos, de grupos religiosos e, sobretudo, de diferentes organizações e coletivos de mulheres negras de diversas partes do país” (MACIEL; RIOS, 2017, online).

Além disso, o ano dessa primeira edição era o período em que se comemorava os festejos relacionados ao Centenário da Abolição. O que levou as mulheres negras a formularem o evento na mesma data foi o intuito de construir uma crítica aos festejos, pensando, para tanto, a construção de debates sobre racismo, organização política, trabalho, educação, entre outras atividades relacionadas. De acordo com O IV Cadernos Geledés (2003):

(...) Centenário da Abolição constituiu-se principalmente no momento político propício para as mulheres negras expressarem com maior visibilidade um processo que vem sendo gestado há alguns anos, que é a sua crescente mobilização e organização na defesa de seus interesses específicos, o que é resultado da ação política de diversos grupos autônomos e institucionais, como o Coletivo de Mulheres Negras de São Paulo, o Nzinga Coletivo de Mulheres Negras do Rio de Janeiro, o Coletivo de Mulheres Negras da Baixada Santista, a Casa Dandara de Belo Horizonte, o Grupo Mãe Andresa do Centro de Cultura Negra do Maranhão, o Grupo de Mulheres Negras do Cedenpa - Centro de 14 Defesa do Negro do Pará, os grupos de mulheres do Movimento Negro Unificado, as mulheres das Comissões de Negro do PT, a Comissão de

2 Disponível em: https://www.labrys.net.br/labrys31/black/flavia.htm. Acesso 07/06/2019.

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Mulheres Negras do Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo, o Programa da Mulher Negra do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, as Conselheiras Negras dos diversos Conselhos da Mulher e Conselhos do Negro, e mulheres negras dos Movimentos de Favelas do Rio de Janeiro (2003, p 13-14).

Assim, de acordo com apontamentos do Geledés, dentro dessas organizações é que se vinha pensando um movimento mais particular que acabou se dando por meio da atividade política de outros movimentos sociais, a saber: movimento negro e movimento feminista, que para tratar de demandas ainda mais específicas buscou “redefinir a ação política destes dois movimentos em função da especificidade que o inspira: o ser negra.”(1993, p.14).

É possível entender que as mulheres negras feministas, no processo de independência de movimentos sociais hegemônicos, ao pensarem seus caminhos na militância, na política e na produção teórica, objetivavam combater tanto o protagonismo unilateral masculino, dentro do movimento negro, como também a importância exclusivista dada às mulheres brancas no interior do feminismo tradicional. Para isso, discutiam e formulavam além de outras agendas, delimitações epistemológicas mais abrangentes que, contemplando grupos subalternizados, atuassem no combate às problemáticas da dominação de raça e gênero (MIGUEL, 2014).

Podemos dizer que as Organizações de Mulheres Negras brasileiras trouxeram para a berlinda do debate feminista, e para o grande público nacional, a problemática da raça a fim de entender os atravessamentos que compõem o quadro social brasileiro:

pensando os processos de opressões diversas com base, inclusive, na discriminação racial referente à população negra. E, portanto, com mais especificidade, o modo como as subjugações e subalternizações se aplicava, de forma muito mais cruel, sobre o corpo e a psiquê das mulheres negras.

Fazendo uma crítica simples, mas, ao mesmo tempo, contundente à forma com que operava as reflexões do movimento feminista – em que pesava questões como sexismo e machismo sem que a questão racial fosse levantada, além da universalização do sujeito feminino – Lélia Gonzalez, pontua:

As intelectuais e ativistas tendem a reproduzir a postura do feminismo europeu e norte-americano ao minimizar, ou até mesmo deixar de reconhecer, a especificidade da natureza da experiência do

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patriarcalismo por parte de mulheres negras, indígenas e de países antes colonizados. (GONZALEZ, 2008, p. 36)

Pensando o contexto do cenário político nacional, segundo Matilde Ribeiro (1995), as Organizações de Mulheres Negras e seus movimentos, ressurgem mais precisamente, no final da década de 1970, em meio ao regime de ditadura militar, tomando com principais motes de luta a garantia da democracia e da cidadania, bem como o aniquilamento das desigualdades sociais.

Outro ponto que se deve considerar como marco na história das narrativas sobre o levante das mulheres negras, junto à construção de suas organizações, foi o fato destas estarem reivindicando fortemente a visibilização de pautas específicas e direitos, tanto dentro dos debates no movimento feminista branco ou hegemônicocomo também dentro do núcleo do próprio movimento negro misto, locais onde muitas vezes eram silenciadas pelas companheiras e pelos companheiros de luta, respectivamente. Segundo Matilde Ribeiro:

(…)em ambos os movimentos as mulheres negras aparecem como sujeitos implícitos partiu-se de uma suposta igualdade entre as mulheres, assim como não foi considerado entre os negros as diferenças entre homens e mulheres De um lado enfatizou-se a ideia de diferentes mas não ‘desiguais' de outro lado durante muito tempo não foi considerada a diversidade no interior desses movimentos. (RIBEIRO, 1995, p. 446)3

Assim, é relevante apontar e refletir, tendo em vista essas duas dimensões, espaços que acabaram por impulsionar o desejo e a necessidade de autonomia para a construção de suas próprias organizações políticas, filosóficas e do pensamento crítico, específicos às mulheres negras, diante dos entraves, modos de exclusão e silenciamentos exercidos por essas outras organizações, anteriormente citadas, retomando: movimento feminista branco ou hegemônico e movimento negro.

No sentido em questão, algumas teóricas, estudiosas e militantes referem-se a esses conflitos de forma enfática ao falarem sobre as negativas que eram direcionadas às mulheres negras quando da iniciativa em pautar problemáticas tanto de gênero como de

3 Importante dizer que a ortografia e outros elementos referentes a norma culta da língua portuguesa estão de acordo com o material consultado

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raça, no interior desses dois movimentos. Assim, de acordo com a professora Ângela Figueiredo4:

A inciativa pela criação de uma organização própria que refletisse os interesses das mulheres negras foi vista com desconfiança, tanto pelo movimento feminista, como pelas organizações negras, já que se configurava como uma espécie de traição aos princípios de ação e solidariedade entre os dois grupos. (FIGUEIREDO, 2018, p.108)

É possível afirmar, portanto, que para as mulheres negras era urgente a criação de um espaço acolhedor, seguro e de respeito, em que fosse realizável expor suas demandas, bem como buscar formulações de estratégias para o combate tanto de práticas racistas(vindas do movimento feminista) quanto de manutenções sexistas por parte dos companheiros militantes. Por isso, nada mais justo do que buscar construir organizações onde suas pautas não fossem secundarizadas e muito menos tratadas como um problema cuja visibilização traria prejuízos aos movimentos citados.

Para Lemos (2016), embora já houvesse em Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo, levantamentos e reflexões a respeito das especifidades das mulheres negras, feito por escritoras negras (SILVA, 2005), no período compreendido entre os anos de 1945 e 1946, em que analisavam questões referentes às conexões de raça e gênero,

(…) será a partir da década de 1970, que as mulheres negras intensificaram a crítica das opressões seja nos movimentos negros, de favela ou feminista. Todas empreenderam intensos debates acerca de direitos sociais, políticos, econômicos e civis. Era o momento de demarcar as especificidades das ações políticas do movimento de mulheres negras; das demandas das mulheres negras; da situação dessas mulheres negras e de suas necessidades ou condições de vida, com o objetivo de construir a identidade do movimento com foco nas desigualdades de raça, gênero e classe. (LEMOS, 2016, p. 18)

O surgimento das organizações de mulheres negras, denominadas também, posteriormente, de Feminismo Negro, portanto, irrompe em meio a condições adversas

4 Professora e pesquisadora do Mestrado em Ciências Sociais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), do Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (Pós-Afro/UFBA) e do Programa de Pós-Graduação no Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Mulheres, Gênero e Feminismos/PPGNEIM. Líder do Grupo de Pesquisa em Gênero, Raça e Subalternidade – Coletivo Angela Davis.

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as quais essas mulheres negras se viam reféns, bem como sua movimentação em espaços- organizações que esperavam delas silenciamento diante de suas especificidades.

Dessa forma, outras organizações sociais que as subalternizavam e das quais faziam parte, agiam de modo insistente e negativo para com as experiências particulares de opressões e intersecções, das mulheres negras, junto ao modo com que a sociedade se organizava(e ainda se organiza) àquela época, pensando algumas estruturas como: raça, gênero, classe, sexualidade etc.

Matilde Ribeiro (1995), afirma que tanto o movimento feminista quanto o movimento negro voltam à cena política brasileira a partir da metade dos anos 70, momento em que o regime militar da ditadura ainda era vigente. Segundo a autora, apesar desses movimentos terem como pauta o interesse pela democracia, bem como a eliminação das desigualdades sociais, ainda era um entrave que gerava inúmeras opressões às mulheres negras, o fato desses dois movimentos não refletirem para além daquilo que era considerado, particularmente, relevante em suas atuações de militância.

Assim:

Foram muitas e repetidas vozes buscando desvendar o que se quer dizer com especificidade, quais os diferenciais entre as mulheres brancas e negras. Gonzales demonstrou em alguns aspectos como a mulher negra é vista em nossa sociedade. Para nós o racismo constitui uma sintomática que caracteriza a neurose cultural brasileira. Nesse sentido, veremos que sua articulação com o sexismo produz efeitos de violência sobre a mulher negra. O engendramento da mulata e da doméstica fez- se a partir da figura da mucama. A doméstica nada mais é do que a mucama permitida a dar prestações de bens e serviços. E é nesse cotidiano que podemos constatar que somos vistas como domésticas.

Melhor exemplo disso são os casos de discriminação de mulheres negras de classe média. Não adianta serem educadas ou estarem bem vestidas (afinal, boa aparência como vemos nos anúncios de emprego é uma categoria branca unicamente atribuível a brancas ou clarinhas) (RIBEIRO, 1995, p.447).

Isso demostra o quanto era custoso para o movimento de mulheres negras permanecer nesses espaços coletivos insalubres, considerando que as lutas que travavam nos locais em que buscavam acolhimento e segurança traziam, ainda mais, barreiras para que pudessem pensar estratégias que possibilitassem um trânsito menos hostil de seus corpos, na sociedade, buscando saídas e formas de não sucumbir ao controle simbólico imposto pela reiteração discursiva a respeito de suas identidades e representações. Por isso, mesmo destacando a presença novamente dos movimentos

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negro e feministas no cenário político da luta antirracista e feminista em meio ao processo de redemocratização do país, sabe-se que, segundo Ribeiro (1995, p. 447) é na metade da década de 80 que (…) “a presença mais organizada das mulheres negras no movimento feminista em nível nacional e continental (…) tem colocado em cena novas questões”. E também que:

Ao longo dos anos foram realizados onze Encontros Nacionais Feministas (ENF) ocorrendo nos três últimas (Garanhuns/87 Berhoga/89 e Caldas Novas/91) o crescimento do número de participantes assim como a presença efetiva de setores que passam a ter interferência neste movimento como as mulheres dos movimentos sindical popular e negro No âmbito da América Latina e Caribe essa mesma ampliação tem ocorrido a partir do terceiro (Bertioga/85 Taxco/87 San Bernardo/90 e El Salvador/93) de um total de seis Encontros Feministas Latino americanos e do Caribe (RIBEIRO, 1995, p. 447)

Retomando a questão das opressões vividas pelas mulheres negras tanto dentro do movimento feminista como no interior do movimento negro, Ângela Davis (2018), referindo-se mais especificamente ao contexto das afro-estadunidenses, relata que às mulheres negras era solicitado que decidissem o que lhes parecia mais importante e, assim, teriam que optar, escolher pelo movimento negro ou pelo seu movimento de mulheres, o que para a autora “era que a questão estava errada. O mais adequado seria como compreender as intersecções e as interconexões entre os dois movimentos.”

(DAVIS, 2018, p. 21)

De acordo com Santos (2002) e Lemos (1997), no tocante ao movimento negro, as mulheres negras iniciaram um processo de autoquestionamento referente às suas vivências e atividades secundárias dentro desse espaço da militância. Assim, passaram a reivindicar posições mais autônomas e ativas, o que, ainda de acordo com as teóricas, levantava diversos sentimentos e atitudes de insatisfação por parte dos companheiros (homens) dentro do movimento negro. Isso ocorria pelo fato dos militantes encararem as ações de enfrentamento das mulheres negras, diante das denúncias, por exemplo: de machismo e sexismo, como mote para possíveis rachas em relação a união de uma espécie de objetivo comum junto àquilo que entendiam ser mais importante e urgente, na luta contra o racismo. Para além disso, existia também a recusa em aceitar as críticas feitas pelas mulheres negras da mesma forma que sentiam muita dificuldade em refletir a

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respeito das exigências específicas relacionadas também às ocupações que exerciam.

Nesse sentido, de acordo com Santos:

(…) as mulheres negras começaram a questionar sua participação junto ao movimento negro e a exigir papel mais ativo no que se referia à luta política, contrapondo-se aos papéis subalternos e às tarefas domésticas, como cozinhar, limpar e secretariar, que eram destinados a elas nos eventos e encontros promovidos pelo movimento.

(SANTOS, 2009, p. 277)

É possível observar o quanto o movimento negro, embora liderasse vários conflitos, buscando causar rupturas contra a matéria espeça do poder hegemônico racista, apresentava seu lado sexista - o que Lélia Gonzales (1980) chamou de: “contradições internas”. Essa problemática, conduzida no interior do movimento negro, operava sobre as relações de gênero, através de uma lógica de opressão repulsiva, a ponto dos homens negarem a necessidade urgente em se combater as desigualdades de gênero no MNU.

Isso tudo resultou em um problema ainda maior, pois quando as mulheres decidiram bancar e organizar atividades para elas mesmas, acabaram tendo de contestar atitudes e comportamentos negativos, situações desfavoráveis, manifestadas pelos homens do movimento, “tais como a ocupação intencional por parte destes das salas de reuniões nos dias em que mulheres tinham suas atividades programadas.”(SANTOS, 2009).

O feminismo negro ou o movimento de mulheres negras, marca a história e a narrativa das mulheres negras em meio ao movimento feminista brasileiro de forma singular ao expor o problema do racismo dentro dessas organizações que mesmo reivindicando igualdade de direitos em relação aos homens e, ainda, passando por situações discriminatórias de gênero, na esfera pública e privada, acabavam desempenhando ações que tanto excluíam como impunham padrões universais entre suas militantes, seguindo o mesmo modelo do feminismo clássico europeu, e, portanto, revelando “a insuficiência teórica e prática política para integrar as diferentes expressões do feminino construídos em sociedades multirraciais e pluriculturais”(CARNEIRO, 2003).

Nesse sentido, é importante dizer que as exigências e reclamações feitas por parte das mulheres negras, frente às atividades do movimento feminista hegemônico, acabaram abrindo brechas para que se pudesse falar sobre questões raciais – muitas vezes associada

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ao fator pobreza(classe), considerando os números relacionados a raça e pobreza no Brasil5 - e luta antirracista tão necessárias para refletir e discutir quanto as demandas relacionadas ao debate de gênero, por exemplo.

Como é sabido, o movimento feminista brasileiro não demostrava entusiasmo ou mesmo dava importância às questões que implicavam diretamente a vida das mulheres negras em vários aspectos, pois pareciam estar preocupadas apenas com as teorias e debates que se debruçassem sobre o panorama relativo às questões de gênero, ou seja, o que de fato as movia era o discurso que pautava as relações homem-mulher (PINTO, 2007, p.30). Assim, as próprias mulheres negras se viram obrigadas a tomar e exigir medidas que se propusessem a problematizar o racismo – tanto dentro do movimento feminista como fora dele – bem como a reflexão para firmar meios e estratégias de combate às diversas opressões que atravessavam suas existências a partir do mote: raça.

Nesse sentido:

A constituição do feminismo negro ou das feministas negras se deu a partir de uma destituição de um modelo único de identidade feminina negra que ao estabelecer uma tensão, cria espaço para apresentação de discursos sobre a diferença entre as mulheres negras, que são marcadas não mais pela raça (...) mas diferenças marcadas pela escolarização, orientação político-partidária; práticas sexuais e consumo. (MOREIRA, 2007, p. 02)

Fazendo um breve paralelo com a luta feminista antirracista das mulheres negras afro-americanas, a teórica bell hooks([2015]2019) fala sobre sua experiência na década de 70, no EUA, ao relatar que as mulheres brancas, à época, preferiam não admitir o fato de que o racismo e a diferença racial apontavam as mulheres negras feministas como traidoras, já que na visão do movimento feminista branco essas mulheres criavam rachas ao introduzirem a questão de raça nos debates. Ainda a esse respeito a estudiosa adverte sobre o papel das militantes negras:

Na realidade exigíamos um olhar objetivo para o status das mulheres e que a compreensão realista servisse como fundamentação para uma política realmente feminista. Nossa intenção não era diminuir a visão da sororidade. Procurávamos estabelecer políticas concretas de

5 Matéria da Revista Exame mostra números do ano de 2016, da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Disponível em:<https://exame.abril.com.br/economia/o-tamanho-da-desigualdade-racial-no-brasil-em-um-grafico/>

Acesso em: 01/05/2019

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solidariedade genuína. Sabíamos que não poderia haver verdadeira sororidade entre mulheres brancas e mulheres não brancas se as brancas não fossem capazes de abrir mão da supremacia branca, se omovimento feminista não fosse fundamentalmente antirracista. (hooks, 2019, p. 92)

O movimento de mulheres negras quando reivindica a discussão de determinadas pautas, e faz pensar, também, a igualdade de gênero – mas para além disso a universalização da categoria mulher, a partir da noção de estrutura de raça e racismo – deixa nítida a urgente necessidade em se discutir outras propostas que visem conectar o rompimento com os ideais da dominação masculina ao enfrentamento às diversas configurações de autoritarismo e subjugação introjetadas no meio social.

Se considerarmos que o conceito de dominação masculina, e sua crítica enquanto instrumento de combate usado pelo movimento feminista para reivindicar o rompimento com os lugares de subalternização experienciados pelas mulheres – e que é constantemente reconfigurado a partir da lógica de naturalização dos papéis sociais, tão bem fundamentados no cotidiano coletivo tendo como arrimo as relações dicotômicas de oposição que reiteram a violência simbólica da opressão machista, por exemplo – há realmente que se pensar a manutenção do privilégio como o grande problema nessa negação da necessidade real de pautas mais abrangentes, no movimento feminista, que não se curve apenas às vezes daquelas que figuram como modelo de humanidade: as mulheres brancas e de classe média.

Uma das problemáticas que inferiam tensões e angústias às mulheres negras, inquestionavelmente, foram as que diziam respeito à falta de representação dessas sujeitas dentro dos movimentos sociais dominantes. Mulheres negras estavam sempre relegadas ao desprestígio nas relações de sociabilidade e, além disso, lhes eram atribuídos papéis subalternizados, deixando-as sempre como ocupantes de lugares indignos e insignificantes em detrimento das mulheres brancas (SILVA, 2000). Nesse sentido, é pensando também a respeito da política das diferenças enquanto ferramenta de exclusão que a teórica Sueli Carneiro, assinala:

A consciência de que a identidade de gênero não se desdobra naturalmente em solidariedade racial intragênero conduziu as mulheres negras a enfrentar, no interior do próprio movimento feminista, as contradições e as desigualdades que o racismo e a discriminação racial produzem entre as mulheres, particularmente entre negras e brancas no Brasil.(CARNEIRO, 2003, p.10).

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Outro meio de fazer sucumbir as demandas e perspectivas das mulheres negras tanto dentro do movimento feminista hegemônico, quanto diante dos impedimentos levantados por alguns homens do movimento negro, são os silenciamentos que trabalham no sentido de fazer não ver às mulheres negras, deixá-las de lado, impor a elas lugares de apagamento para que não falem, não reclamem e, portanto, não sejam vistas: estejam, pois, invisibilizadas, elas e suas ideias, de modo que esse processo sedimente a

“estruturação de relações padronizadas de raça, gênero e desigualdades de classe que permeiam toda a estrutura social”(COLLINS, 1991, p.5).

As opressões de raça e gênero atuam de forma conjunta e no decorrer da história mulheres brancas e mulheres negras sempre estiveram em lugares não só distintos, mas também opostos – o que acaba por interferir na concepção e introjeção da estereotipia que classifica o corpo da mulher negra como não-humano ou animalizado, enquanto o corpo branco sequer é racializado. Esse, entre outros, é o papel do feminismo negro: mover as estruturas para que outras existências, a das mulheres não brancas, ocupem o lugar de vida, daquilo que é humano, já que estes são corpos indesejáveis e vozes inaudíveis dentro das agremiações hegemônicas feministas que acabam reproduzindo a lógica opressora do sistema que rege a vida social e política cotidiana. Nesse sentido, pontua Sueli Carneiro:

O racismo estabelece a inferioridade social dos segmentos negros da população em geral e das mulheres negras em particular, operando ademais como fator de divisão na luta das mulheres pelos privilégios que se instituem para as mulheres brancas.” (CARNEIRO, 2003, p.3).

Assim, como se sabe, para a mulher negra, a posição de subserviência não se estabelecia apenas em relação ao senhor de escravos, à época da colonização, ou mesmo a quaisquer figuras masculinas, até a contemporaneidade, mas o peso da subordinação estendia-se e estende-se, até os dias de hoje, à figura da mulher branca que, por sua vez, exerce poder e controle nesse processo de esmagamento social, na vida das mulheres negras.

3. Considerações Finais

De outra forma, é importante dizer que o movimento de mulheres negras traz com a politização das perspectivas de raça, classe e gênero uma visão mais aprofundada das

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pautas que tinham necessidade de ser consideradas, já que se observava uma noção mais aguçada a respeito das diferenças e das especificidades ausentes no movimento feminista hegemônico. Para Lélia Gonzales: “O movimento feminista tem suas raízes históricas mergulhadas na classe média branca, o que significa muito maiores possibilidades de acesso e de sucesso em termos educacionais, profissionais, financeiros, de prestígio etc.”

(1981, p.8). A teórica acreditava ser essa uma das perspectivas que impedia que se dessem conta das diferenças tanto de classe quanto de prestígio de um modo geral em se pensando o grupo de mulheres que acreditam todas fazer parte da mesma forma (RATS e RIOS, 2010, p.104).

O panorama social cuja estrutura se ergue a fim de coisificar simbólica e materialmente a existência e o trânsito da mulher negra está em constante conexão com as práticas racistas que, por sua vez, impõem modos de subalternização à população negra, estabelecendo hierarquias de poder que favorecem os grupos raciais suprematistas.

(BAIRROS, 2003).

Acerca dessa mesma problematização, Luiza Bairros, por meio das palavras de Judith Grant(apud BAIRROS, 1995) aponta o fato de que as chamadas vertentes feministas, as mais populares, acabaram não conseguindo contemplar questões específicas vividas pelas mulheres não-brancas devido ao apego que esse mesmo feminismo radical alimentava em relação a três conceitos fundamentais, a saber: mulher, experiência e política pessoal -, pois embora necessários em um primeiro momento para estabelecer pressupostos coletivos, baseado em interesses comuns, sua inconsistência era nítida, pois, erroneamente, insistiam em categorizar o sujeito mulher e, ainda, teimavam em fazer dessa categorização um elo unificador para definir todas as sujeitas (BAIRROS, 1995, p.459).

Ao se pensar sobre esses lugares de privilégio e sua manutenção como instrumento de controle, que age para bloquear e silenciar as intervenções pertinentes às questões de raça e racismo, é possível dar-se conta de que o movimento de mulheres negras destaca- se, também, por exigir e fazer valer a perspectiva de outras concepções e protagonismos em meio aos grupos que compõem a sociedade, dando todo respaldo às demandas e especificidades de grupos não dominantes. Cabe então lembrar quando Luiza Bairros

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(2000, p.56), cita Lélia Gonzalez: “A tomada de coincidência de opressão ocorre, antes de tudo, pelo racial”.

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