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Rev. Bras. Enferm. vol.30 número2

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RBEn 30: 73-75, 177

MEMóRIA DA ENFERMAGEM BRASILEIRA

Maria Angela Lagrange M. Reis·

BEn/01

RIS, M.A.L.M. - Memória da enfermagem brasileira. Rev. as. Enf.; DF, 30: 73-75, 1977.

A História, embora nem sempre assim considerada, é a base do presente, im­ prescindível ao futuro. Pedro CAMON 1, numa conferência proferida no I Curso de Estudo de Problemas Brasileiros, rea­ lizado no Forum de Ciência e Cultura da URJ, frisou a importância da con­ servação de valores de um povo. "Um povo sem raizes é um povo alienado", comentou o ilustre conferencista, la­ mentando o estado em que se encontram nosos arquivos públiCOS apresentando­ se sem funcionários com formação ade­ quada ou com poucos arquivologistas, e sem condições materiais para tratarem do material sob sua guarda. As informa­ ções contidas em arquivos públicos ou particulares são d1f1cilmente recuperadas por pesqUisadores históricos após longa busca, muitas vezes resultando em uma pesquisa infrutífera. Outro historiador, COMAGER 2, comenta que "um povo sem história, ou ignorante de sua His­ tória, é a mesma coisa que um homem sem memória - condenado para sempre a fazer as memas descobertas já conhe­ cidas no passado, a inventar as mesmas técnicas, a lutar com os mesmos proble­ mas, a cometer os memos erros;

con-denado, também, a privar-se dos praze­ res da reminiscência".

Fatos históricos relevantes concernen­ tes

à

nosa cultura em geral ou a aspee­ tos especializados dessa cultura - ciên­ cia e tecnOlogia, por exemplo - são em muitas ocasiões encontrados em fontes não convencionas como cartas, manus­ critos diversos, fotografias e medalhas comemorativas. Livros que se tomam raros por terem suas edições esgotadas ou por terem sido editados no exterior abrigam dados de dificil alcance para o interessado. Todos esses informes, po­ dendo ser analisados por um especiallsta, talvez permitissem a decifração de acon­ tecimenos influenciadores de determina­ das ocorrências, sem nexo até então. Até há poucs anos tratava-se de fontes des­ consideradas em geral, ou melhor, não sendo registradas, catalogadas, classifi­ cadas e recuperadas.

Ultimamente, muitos desses dados so­ bre nossa História em geral ou sobre al­ guns de seus ângulOS têm sido guarda­ dos em arquivos denominados "memó­ rias", verdadeiros depOSitários de infor­ mações contidas em formas micrográfi­ cas, "tapes", "sUdes" e também numas

• Profesora de "Pesquisa Bibliográfica" da Escola de Enfermagem Ana Néri da J.

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RIS, M.AL.M. - Memória da enfermagem brasileira. ev. Bas. Ef. ; DF, 30 : 73-75,1977.

poucas publicações, em fotografias,

ec.

A "moda" de "memórias" tem a sua ra­

zão de ser.

O

homem, quanto mais se

desenvolve técnica e científicamente,

mais percebe a necessidade de conhecer

suas raízes, ter a base sobre a qual irá

sedimentando novos conhecimenos, des­

cobertas e experiências que serão assim

mais familiares a seus sucessores.

s

"memórias" costumam ser consti­

tuíds de materiais pertencentes a par­

ticulares que permitem sua reprodução,

às vezes mediante algumas cláusulas, de

depoimentos gravados por entrevistado­

res especialists em história oral ("de­

poimenos gravados de acordo com téc­

nicas estabelecidas por especialistas") ,

de microfilmes e microfichas, enfim, ge­

ralmente de fontes não convencionais. A

característica principal das "memórias"

é a escolha criteriosa do conteúdo, ava­

liação do material arquivado, tratamento

adequado do mesmo permitindo pronta

recuperação. Não se trata portanto de

mais um acúmulo de papéis, reunido in­

discriminadamente. As informações são

colecionads e organizadas, sendo sepa­

radas conforme os objetivos das "memó­

rias". Existe uma catalogação e classifi­

cação dos dados considerados, evitando­

se ssim um conjunto caótico de infor­

mações irrelevantes e irrecuperáveis. Por

outro lado, a perda progressiva de tempo

para pesquisas faz com que o pesquisa­

dor necessite ter todas as informações a

seu alcance, no momento que delas tiver

necessidade.

s

"memórias" visam prin­

cipalmente a conservação de informações

contidas em fontes não convencionais

que, de outra maneira estariam perdidas.

A enfermagem no Brasil tem todo um

passado de lutas, vitórias, esforço pes­

soal e coletivo, participação de especia­

lstas de outras áreas, colaboração de en­

fermeiras e entidades estrangeiras. Pas­

sado esse mui digno de ser carinhosa­

mente conservado como exemplo, recor­

dação e experiência. Foi o embasamento

da profisão tal como ela se apresenta

hoje em nosso país, agora em nível

su-74

perior, cada vez mais se firmando no

conceito dos brasileiros, prestando rele­

vantes serviços à comunidade. Todo este

complexo, apesar de não muito longín­

quo, tende a se esvair, desaparecendo e

sofrendo um processo de desgaste devido

ao próprio tempo, inimigo implacável de

memórias e amigo de fantasi;, à dete­

rioração de materiais bibliográficos his­

tóricos e que não tiveram novas edições

de seus exemplares, à dispersão de ma­

teriais diversos.

A tradição oral muito tem ajudado

para a existência de uma certa preser­

vação mas, muitas das "contadoras" de

faos históricos relativos à enfermagem

vêm a falecer sem que tenham escrito ou

gravado seus depoimentos, perdendo-se

assim mais uma fone rica de faos

históricos.

Se a Enfermagem no Brasil for inicia­

da praticamente a partir de Ana Néri, são

cerca de cento e cinqüenta anos a serem

atualizados, conservados e catalogados,

pouco tempo em relação à história, pos­

síveis ainda de serem recuperados atra­

vés de pesquisas diversa;. Muitas enfer­

meiras ou familiares de enfermeiras con­

servam documentos importantes, não os

doando com receio de que venham a se

dispersar no conglomerado de publica­

ções existentes em nossas bibliotecas.

Escolas de Enfermagem guardam arqui­

vos ricos em informações especializada;

no assunto; a Escpla de Enfermagem

Ana Néri, pioneira do ensino da enfer­

magem no Brasil, cuida particularmente

desses documentos de valor inestimável.

Em hospitais também há informações

relevantes a serem consideradas e tra­

tadas adequadamente. Tantos dados exis­

tentes em estado latente - tendendo a

se dispersarem, se perderem no tempo!

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REIS, M.A.L.M. - Memória da enfermagem brasileira. Rev. Br. Enf. ; DF, 30 : 73-75, 1977.

Eis porque este artigo lança a idéia da

"Memória da Enfermagem Brasileira".

Que aconteçam de acordo com todos os

requisitos necesários - local e recursos

adequados - permitindo assim à Enfer­

magem Brasileira não sofrer os danos de

"um povo sem história".

Não cabe neste artigo a citação de de­

talhes técnicos relativos à instalação,

funcionamento e movimentação desse

arquivo. Por ora, apenas a semente é

plantada. Dependerá da Enfermagem

Brasileira fazer com que se transforme

numa frondosa e segura árvore.

REFE:NCIAS BmLIOGRAFICAS

1 - CALMON, Pedro. Conferênia proferida no VI Curso de Estudo e Proble­ mas Brasileiros. Rio de Janeiro, FCC/UFRJ, 1976. Tae.

2 - COMAGER, Heny Steele. Inição o estudo a hist6ria. (The nature and study of history) . Trad. Wal­ tensir Dutra. Rio de Janeiro, Zahar eds. /1967/ 207 p.

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