EIXO TEMÁTICO: Unidos pela Educação

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Campinas, São Paulo 15 a 20 de julho de 2018

Unidos pela mesma raiz

LEGO LEAN TRAINING: A experiência do grupo PET Engenharia de Produção da Unifei Laís Fernandes Barbosa1; Rodrigo Marques Pinto2; Aline Mariana Venâncio3; Carlos Henrique

Pereira Mello4. lais_fbarbosa@hotmail.com

PET Engenharia de Produção, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, Minas Gerais.

EIXO TEMÁTICO: Unidos pela Educação

Resumo

O Lego Lean Training (LLT), um projeto do grupo PET Engenharia de Produção da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), é um treinamento que tem como objetivo trabalhar conceitos da metodologia Lean Manufacturing utilizando montagem interativa de blocos do tipo Lego para simular uma linha de produção de uma fábrica. O projeto atende alunos de ensino médio, ingressantes do curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Itajubá, além de alunos de outras universidades e funcionários de empresas. O treinamento é realizado por meio de uma parte teórica e outra prática. Nele, os participantes aprendem diversos conceitos estudados no curso de Engenharia de Produção, como: 5S, Kanban, Nivelamento da Carga de Trabalho, automação de setup, nivelamento de mix de produção, sistema puxado, entre outros. Além disso, eles possuem a oportunidade de aplicar esses conceitos em um cenário proposto durante o treinamento por meio de uma dinâmica, o que possibilita observar as melhorias decorrentes de cada um deles. Após a aplicação do treinamento, espera-se que participantes aprendam sobre os conceitos apresentados e sejam capazes de aplicá-los em seu dia a dia. O treinamento ainda possibilita que os alunos do ensino médio tenham um maior entendimento sobre o curso de Engenharia de Produção e, dessa maneira, possam ser incentivados à graduação.

Palavras – chave

Lean Manufacturing. Produção. Sistema Toyota. Engenharia de Produção Introdução

O Lego Lean Training (LLT) é um projeto do PET Engenharia de Produção da Unifei, em que são ensinados e aplicados conceitos de Lean Manufacturing (LM).

1_{PETiana discente (bolsista) do grupo PET Engenharia de Produção e discente do curso Engenharia de Produção da}

Universidade Federal de Itajubá;

2_{PETiano discente (bolsista) do grupo PET Engenharia de Produção e discente do curso Engenharia de Produção da}

Universidade Federal de Itajubá;

3_{PETiana discente (não-bolsista) do grupo PET Engenharia de Produção e discente do curso Engenharia de Produção}

da Universidade Federal de Itajubá;

4_{PETiano tutor do grupo PET Engenharia de Produção e docente do Departamento Instituto de Engenharia de Produção}

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A equipe do projeto é formada por alunos do curso de Engenharia de Produção e estes são responsáveis pela disseminação dos conhecimentos presentes no treinamento, sob a supervisão de um tutor. As aplicações vêm sendo realizadas há cerca de cinco anos e já alcançaram mais de 700 estudantes do ensino médio e superior, além de diversos profissionais de indústrias.

A motivação central da metodologia LM é buscar a redução do tempo entre o pedido do cliente e a entrega, por meio da eliminação de desperdícios (SILVA, 2011), os quais são divididos em sete classes apresentadas por Ohno (1997), como ilustra a Figura 1.

Figura 1: Classificação dos desperdícios

Fonte: Adaptado de Ohno (1997)

O treinamento é aplicado de forma dinâmica e lúdica, realizado em grupos de 5 a 7 participantes, que assumem o papel de funcionários de uma fábrica, simulando uma empresa. Seguindo ordens de produção, criada hipoteticamente pelo PCP da empresa, cada participante desempenha uma determinada função. Usando como matéria-prima blocos montáveis tipo Lego, devem produzir a quantidade estipulada no tempo certo. A produção sai de um cenário desorganizado e pouco produtivo – produção empurrada – e, ao longo da dinâmica, passa por diversas modificações, por meio da inserção de conceitos estudados no curso de Engenharia de Produção, chegando em uma produção totalmente puxada. Segundo King (2009), um sistema puxado de produção pode ser definido como um sistema que produz para repor o material que foi consumido, ou material para os quais existem pedidos firmes necessitando ser preenchidos imediatamente, e no qual o fluxo é controlado e está sincronizado com as condições atuais de operação.

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que controla a produção dos produtos necessários, na quantidade e no momento necessários (FERNANDES E GODINHO FILHO, 2007).

Tais ferramentas permitem que o cenário se torne mais produtivo, o tempo de entrega seja respeitado e a produção se torne puxada.

A partir do treinamento, espera-se que os participantes aprendam sobre os conceitos apresentados e sejam capazes de aplicá-los em seu dia a dia. O treinamento ainda possibilita que os alunos do ensino médio tenham um maior entendimento sobre o curso de Engenharia de Produção e, dessa maneira, possam ser incentivados à graduação.

Esse trabalho objetiva apresentar o projeto LLT do PET Engenharia de Produção da Unifei e os conceitos abordados no treinamento, de modo que o leitor entenda a importância e o benefício de colocar em prática essas ferramentas.

Metodologia

O Lego Lean Training se inicia com uma breve explicação sobre a filosofia do Lean

Manufacturing, citando conceitos como o Just in time e o JIDOKA. Após essa explicação, é

realizada uma dinâmica que ocorre em quatro etapas. No decorrer das etapas, ferramentas e conceitos são introduzidos e aplicados com intuito de proporcionar uma aprendizagem ativa. Antes de iniciar, realiza-se uma “etapa teste” para garantir que todos entenderam o funcionamento da atividade realizada.

Posteriormente, os participantes são divididos em grupo. Cada equipe irá simular o funcionamento de uma fábrica, com os seguintes cargos: operador A, operador B, expedidor, controller e gerente. Cada empresa possui um conjunto necessário de peças de montar, uma ordem de produção para cada operador, uma folha indicando as cores dos produtos a serem colocados nos caminhões e folhas de instruções de como montar cada objeto requerido. A Figura 2 apresenta a esquematização da dinâmica do Lego Lean Training.

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Com intuito de envolver os participantes do treinamento, pede-se para que cada equipe crie um nome para empresa, defina uma pessoa para ser o gerente que será o responsável pelo feedback após cada rodada e estipulem o tempo que cada empresa julga necessário para produzir 30 peças.

A produção se inicia com o operador A que realiza o seu processo, seguindo a cor indicada pela sua ordem de produção. Em seguida, o operador A passa o produto para o operador B que irá seguir com a montagem da peça. Após o término, o operador B envia o produto pronto para a expedição. Ademais, cabe ao operador B a função de montar o setup, antes de produzir sua peça.

O expedidor é responsável pelo abastecimento dos caminhões com os produtos conforme a cor indicada em cada caminhão, podendo preencher o segundo caminhão somente depois que o primeiro estiver totalmente carregado e, assim, sucessivamente. Ao final de cada rodada, os controllers preenchem uma folha com os dados referentes à empresa e calculam o resultado da rodada, e os gerentes passam um feedback sobre sua empresa.

Após a rodada teste, explica-se o conceito do takt time. Com isso, iniciam-se as rodadas do treinamento. Ao longo das quatro rodadas, são implementados gradualmente conceitos de Engenharia de Produção. Na primeira rodada, não há ferramentas aplicadas, as peças encontram-se bagunçadas. Portanto, não é possível produzir as 30 peças no tempo estipulado. Na rodada seguinte, é aplicado o 5S, por meio da separação das peças utilizadas em categorias e excluindo as não utilizadas, sendo perceptível as primeiras melhorias na produção. Na terceira rodada, aplica-se o Balanceamento de Carga de Trabalho, dividindo igualmente o trabalho entre os operadores; e acrescenta-se um Kanban, dando início ao processo de produção puxada. Na última rodada, insere-se o mix de produção, a fim de obter uma produção mais insere-sensível às mudanças do mercado; e um segundo Kanban, resultando em um sistema totalmente puxado.

Este treinamento se encerra com a fixação das lições aprendidas e possui uma duração de, aproximadamente, 2h30min.

Resultados e Discussão

As aplicações do Lego Lean Training são diferentemente pensadas e executadas de acordo com seu público, de forma que estes possam absorver da forma mais adequada os conceitos passados. Em cinco anos, cerca de 700 estudantes do ensino médio e superior, além de diversos profissionais de indústrias já foram atendidos.

Quando aplicado para alunos do ensino médio da rede pública de ensino são usados exemplos que permitem com que os conceitos da engenharia sejam assimilados por meio de situações presentes no cotidiano. Dessa forma, é possível mostrar a estes jovens uma área de abordagem do curso de Engenharia de Produção, além de dar uma clara ideia do funcionamento de uma empresa fabricante de bens de consumo. Assim sendo, o treinamento pode despertar o interesse destes estudantes pelo curso.

Para jovens dos cursos pré-vestibular o treinamento permite uma visão mais clara sobre conceitos aprendidos na Engenharia de Produção permitindo que optem em fazer este curso ou que sejam incentivados a escolherem a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) para sua graduação.

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A aplicação do treinamento em empresas, indústrias e organizações, propicia uma transformação no ambiente de trabalho, quando os conceitos são entendidos, praticados e mantidos pelos funcionários. A partir disso, é possível observar uma grande melhoria na organização e produtividade das empresas. Além do mais, o contato com as indústrias permite aos membros do PET Engenharia de Produção conhecerem um pouco mais acerca do mercado de trabalho.

Para a sociedade em geral, há uma popularização dos conceitos do Lean Manufacturing. As aplicações permitem uma relação ganho a ganho. Ao passo que os alunos que participam do treinamento têm a possibilidade de entrar em contato com conceitos específicos do curso de Engenharia de Produção e os assimilar de uma forma lúdica. Já os alunos da equipe que são responsáveis por aplicar e auxiliar no treinamento se veem na posição de transmissores de conhecimento, preparando-se para atender adequadamente públicos de diferentes idades e culturas. O treinamento traz um grande crescimento pessoal e profissional para os integrantes do PET Engenharia de Produção. Afinal, desenvolve-se a oratória, capacidade de trabalho em equipe e de comunicação interpessoal. Por serem estudantes de uma universidade federal, os membros veem na realização do Lego Lean Training uma oportunidade de levar à comunidade um pouco do que recebem na instituição, sendo um retorno à própria Unifei, uma vez que é feita a divulgação da instituição, do curso e do grupo PET Engenharia de Produção.

Ao todo, mais de 800 pessoas já receberam o treinamento LLT, dentre essas estão presentes alunos do ensino médio da cidade de Itajubá, onde está localizada o campus da instituição de ensino ligada ao PET Engenharia de Produção; graduandos, da própria Unifei e de Faculdades privadas da região; e trabalhadores de empresas, como Delphi – plantas Paraisópolis e Jambeiro, Mahle Itajubá, Balteau (Itajubá), entre outras. Em todas essas aplicações tivemos um nível de aprovação da dinâmica muito alto, percebida por meio da retroalimentação positiva recebida pelos clientes de maneira informal. Recentemente, foi implantado pela equipe um feedback, para retorno do processo de aprendizagem. A implementação desse feedback confirmou a classificação e qualificação da dinâmica, visto que a grande maioria dos participantes avaliaram a dinâmica como "Excelente". Além disso, 100% dos respondentes indicariam o treinamento a algum conhecido.

Por meio de depoimentos também é possível mensurar a satisfação com o serviço oferecido. A seguir pode-se ver alguns deixados ao final das aplicações: “Já havia feito algumas vídeo-aulas de introdução ao Lean Manufacturing e não aprendi metade do que hoje. A metodologia foi muito boa para fixar os conceitos. Parabéns!”; “Excelente curso, carga horária adequada, conhecimento da equipe do PET excelente. Talvez usar exemplos de empresas que utilizam esse método, por exemplo vídeos, seria bem legal”.

Conclusões

Por meio da aplicação do treinamento Lego Lean Training, é possível disseminar conceitos e ferramentas utilizadas na Engenharia de Produção. Tais conceitos podem ser aplicados tanto em indústrias, empresas e organizações, quanto em situações cotidianas.

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treinamento). Entende-se, portanto, que o Lego Lean Training é capaz de cumprir os objetivos esperados de um grupo PET, reforçando a indissociabilidade da tríade formada por Ensino, Pesquisa e Extensão.

O desenvolvimento e aplicação do LLT traz benefícios tanto para quem recebe o treinamento quanto para quem o aplica, uma vez que promove a formação ampla e de qualidade acadêmica dos alunos de graduação envolvidos direta ou indiretamente com o programa, estimulando a fixação de valores que reforcem a cidadania e a consciência social de todos os participantes e a melhoria dos cursos de graduação.

Pode-se afirmar que esse trabalho cumpriu seu objetivo. Afinal, por meio dele, é possível compreender e reproduzir o funcionamento do projeto Lego Lean Training do grupo PET Engenharia de Produção da Universidade Federal de Itajubá.

Referências

ERICKSEN, P. D.; STOFLET, N. J.; SURI, R. Manufacturing Critical-path Time (MCT): The QRM Metric for Lead time. Technical Report, Center for QRM, Wisconsin-Madison, 2007.

FERNANDES, F. C. F; GODINHO FILHO, M. Sistemas de coordenação de ordens: revisão, classificação, funcionamento e aplicabilidade. Gestão & Produção, São Carlos, v.14, n.2, p.337-352, 2007.

KING, P. L. Lean for the process industries: dealing with complexity. New York: Taylor and Francis Group, 2009.

OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção: além da produção em larga escala. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 1997. 149 p.