• Nenhum resultado encontrado

A PSICOSSOMÁTICA: A DOENÇA PELO OLHAR PSICANÁLITICO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A PSICOSSOMÁTICA: A DOENÇA PELO OLHAR PSICANÁLITICO"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

AMORIM, Maria Cristina Rui HENRIQUES, Alessandra Oliveira3

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas o termo psicossomática passou a ser destacado na comunidade científica, na área médica e também na área psicológica. Desde o princípio do pensar psicanalítico, os analistas expunham interesses pelo adoecimento do corpo por origem mental (ÁVILA, 2012).

A palavra psicossomática determina uma nova visão da abordagem das doenças, as quais passam a ser entendidas como parte de um processo mais amplo do que somente aos sintomas que se manifestam (ASSIS et al., 2013)

Quando usamos a expressão “doença psicossomática” dizemos que a causa é psicológica, mas a pessoa apresenta mudanças clínicas detectáveis por exames de laboratório, ou seja, o corpo da pessoa está tendo danos físicos. (SILVA, 2018).

O artigo tem como objetivo apresentar de forma breve, informações sobre as doenças psicossomáticas, e mais nomeadamente dos estudos desenvolvidos pela psicanálise, bem como apresentar fundamentações teóricas da abordagem, visando à compreensão das manifestações somáticas e da sua e etiologia.

METODOLOGIA

A abordagem metodológica da pesquisa consistiu em análises de dados, de forma qualitativa, a partir das categorias pré-elaboradas a partir dos objetivos da pesquisa e da revisão teórica exploratória que visa proporcionar mais familiaridade com o sobre doenças psicossomáticas, a partir da identificação das percepções sobre o tema. A pesquisa se consistiu em artigos científicos de sites acadêmicos na internet, como BIREME e SCIELO, utilizando os descritores: psicanálise;

psicossomática, doenças psicossomáticas, relação mente-corpo, transtorno somático. A pesquisa foi realizada no período compreendido de abril a junho de

1 Graduanda do Curso de Psicologia do Centro Universitário São Camilo-ES – cristynamorim@hotmail.com

2 Graduanda do Curso de Psicologia do Centro Universitário São Camilo-ES – bbs.barbara_99@yahoo.com

3Professora Orientadora. Centro Universitário São Camilo-ES – a.oliveirahenriques@gmail.com

(2)

2020. Sendo uma pesquisa exploratória, bibliográfica, descritiva e explicativa, de revisão sistemática.

DISCUSSÃO

O estudo da psicossomática evoluiu das investigações psicanalíticas, que favoreceu o campo com informações acerca da origem inconsciente das doenças, e mais nomeadamente dos estudos das paralisias e anestesias histéricas originados das contribuições pré-psicanalíticas de Jean-Martin Charcot e Josef Breuer (LOPES, 2012). A histeria nos remete á neurose, da hipocondria ao delírio, e á psicose remete-nos aos fenômenos psicossomáticos, a um mal-estabelecido intrigantemente na relação corpo-mente. (MELLO FILHO, 1992, p. 108).

Desde o princípio do pensar psicanalítico, os analistas expunham interesses pelo adoecimento do corpo. Esse, enquanto lócus do sofrimento na forma de doenças, de “origens mentais”, buscando compreender como uma experiência da doença, no corpo psicológico ou corpo para a mente, já que o corpo concebido pela psicanálise é o terreno de expressões das pulsões, o território do Id (ÁVILA, 2012).

No decorrer da obra freudiana, o corpo ampara-se em formas diversas: o corpo na conversão histérica, o corpo erógeno, o corpo pulsional, o corpo do narcisismo, manifestando a sua função central na elaboração do aparelho psíquico.

(LINDENMEYER, 2012)

Freud foi um dos pioneiros que não ignorou a relação entre psiquismo e o corpo, presumindo que: aquele que não elabora “corretamente” a pulsão, o corpo sente as consequências (ASSIS et al., 2013, p.76); assim tratou de teorizar sobre a ascendência entre eles e mostrar que o “inconsciente fala” através das somatizações, ora que não há psiquismo sem o corpo, e que para se compreender um é preciso entender o outro. (LINDENMEYER, 2012)

Cabe ressaltar que o ato inconsciente desempenha disfunções somáticas, uma ação mais intensa que o ato consciente nunca alcança (ASSIS et al.,2013).

As representações são de ordem inconsciente que faz o homem elaborar na doença, como um recurso de fuga, por não suportar o material no inconsciente, necessitando converge para uma representação simbólica que será descarregada pela somatização.

Torna-se importante à relação com subjetividade da elaboração do ser, demarcando a sua realidade. É mantido e há implícita neste jogo de esconder e de mostrar, uma possibilidade de subjetivação do sujeito histérico. (MELLO FILHO, 1992, p. 109).

(3)

A palavra psicossomática remete a uma doença que é compreendida como um processo mais amplo que os sintomas físicos apresentados, perpassando a uma patologia de matriz psíquica de conteúdos conscientes e inconscientes. (SILVA, 2018 apud MELO; FILHO, 2002). A expressão “doença psicossomática” refere-se a um dano psíquico, que apresenta mudanças clínicas detectadas no corpo. (MELLO FILHO, 1992, p.108).

Denotando uma complexa relação entre o corpo e subjetividade do indivíduo, já que o corpo se apresenta como um campo de exploração e indagação para chamadas ciências humanas, objeto múltiplo, complexo, aberto a uma diversidade de perspectivas e sujeito a uma gama de representações. (ÁVILA, 2012)

A psicanálise, no geral, considera doença psicossomática todo fenômeno que não se restringe apenas às explicações biológicas médicas, mas que insiste em aparecer, permanecer e que também não se enquadra nos sintomas de neuroses clássicas, psicoses e perversões. (GALDI; CAMPOS, 2017, p.33).

Do mesmo modo Catani (2014), relata que as chamadas “doenças psicossomáticas”, são patologias que possuem características de origem comum: a mente. Elas se tornam manifestações corporais quando questões emocionais, distúrbios psíquicos, fobias, depressão, não são tratados. Então o inconsciente envia mensagens para o nosso sistema nervoso e que podem ser expressas como dor, ansiedade, raiva, medo, insegurança, assim, os estados instintivos da mente podem produzir reações que liberam informações, afetando órgãos e sistemas físicos.

O corpo para a psicanálise estende-se do biológico, corpo como sede de doenças, passa ser o corpo sede das pulsões, configurado pelo desejo, desenhado pelas injunções do superego e do ideal do ego (ÁVILA, 2012).

Lindenmeyer (2012, p.352), reforça a ideia relatando que

Um corpo ganha um estatuto que rompe com o puramente biológico e passa a ser pensado como lugar das inscrições pulsionais e fantasmáticas, e significado pelo processo do tratamento pela linguagem(...). Portanto, a posição freudiana é clara: o corpo não se reduz ao puramente orgânico, nem se desfaz de seus engajamentos como propõe a “psicossomática”.

Lindenmeyer (2012) relata que na obra freudiana, não é a doença que chama a atenção e interessa Freud, mas sim como o corpo participa dos processos inconscientes presentes na formação do sintoma:

[...] os sintomas das neuroses "atuais" – pressão intracraniana, sensações de dor, estado de irritação em um órgão, enfraquecimento ou inibição de uma função – não têm nenhum "sentido", nenhum

(4)

significado psíquico. Não só se manifestam predominantemente no corpo (como, por exemplo, os sintomas histéricos entre outros), como também constituem eles próprios processos inteiramente somáticos, em cuja origem estão ausentes todos os complicados mecanismos mentais que já conhecemos [...] (FREUD,1917/1969:

452).

A partir da fala de Freud, entende que as neuroses atuais é o que compreendemos como doenças psicossomáticas, o que era antes denominado histeria e hoje se percebe como somatização (ÁVILA; TERRA, 2010), que são difíceis de serem identificadas, pois geram sintomas físicos, porém sem causas orgânicas, mas causas emocionais, o que geram duvidas no diagnóstico médico da sua origem, se confundindo com patologias (ASSIS et al., 2013).

São “sintomas” que não perpassam a mediação psíquica e, portanto, tanto quanto nos casos de neurose de angústia dos primórdios freudianos, as defesas neuróticas clássicas parecem não abarcá-los.

Sem o recurso simbólico, o corpo aparece perturbado por fenômenos extremamente característicos, relacionados a um “acúmulo de excitação de origem somática e ao consequente emprego anormal dessa excitação” (SIGMUND, 1895/1986, p. 106).

Catani (2014, p.127) nos relata como “conflito inconsciente descarregado no corpo sob a forma de sintoma”. Cabe observar a presença do termo inconsciente nos indica um conflito que é extravasado no corpo por meio de um determinado sintoma, nos dando menções a termos e explicações vinculadas de modo mais direto à histeria e aos conflitos inconscientes (CATANI, 2014)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As contribuições da Psicanálise para a teoria das doenças psicossomáticas são de grande significância, considerando que a Psicossomática permanece estreitamente ligada à Psicopatologia e mais especificamente à noção de psiconeurose. Nesse sentido, a psicanálise se sustenta como um importante campo de conhecimento capaz de prover diretrizes adequadas para o diagnóstico e para o tratamento desses pacientes.

Nesse contexto, podemos destacar a relevância dos benefícios que a visão psicossomática trouxe para a compreensão dos pacientes somatizadores, auxiliando os profissionais da psicologia e da área da saúde o entendimento da etiologia das doenças psicossomáticas. O estudo mais moderno da psicossomática apresenta uma visão integrada, ou seja, um olhar voltado para o indivíduo e não a doença.

(5)

REFERÊNCIAS

ÁVILA, Antônio Lazslo. O corpo, a subjetividade e a psicossomática. Tempo psicanalítico, Rio de Janeiro: Sociedade de Psicanálise Iracy Dolyle V.44.I, p.51-69, 2012

CATANI, Júlia. Histeria, transtornos somatoformes e sintomas somáticos: as múltiplas configurações do sofrimento psíquico no interior dos sistemas classificatórios. J. psicanal., São Paulo, v. 47, n. 86, p. 115-134, jun. 2014.

Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 58352014000100012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 12 abril 2020.

GALDI, Maíra Bittar; CAMPOS, Érico Bruno Viana. Modelos teóricos em

psicossomática psicanalítica: uma revisão. Temas psicol., Ribeirão Preto, v. 25, n.

1, p. 29-40, mar. 2017. Disponível em

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 389X2017000100003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 11 maio 2020.

FREUD, S. Conferências introdutórias à psicanálise. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud, vol. XV. Imago: Rio de Janeiro, 1969.

FREUD, S. Sobre os fundamentos para destacar da neurastenia uma síndrome específica denominada “neurose de angústia”. Rio de Janeiro: Imago, 1986.

LINDENMEYER, Cristina. Qual é o estatuto do corpo na psicanálise? Tempo psicanal. Rio de Janeiro, v. 44, n. 2, p. 341-359, dez. 2012. Disponível em

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 48382012000200006&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 27 maio 2020.

LOPES, Rosimeri Bruno. Psicossomática e a Psicanálise. Psicologado, 2012.

Disponível em https://psicologado.com.br/psicossomatica/psicossomatica-e-a- psicanalise. Acesso em 15 abril 2020.

MELLO FILHO, J. Psicossomática de hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992

SILVA, Rivaldo Mendes da. Somatização, Conversão e Psicossomatização: A dialética de uma breve história do transtorno somático. Psicologia.pt, 2018.

Disponível em: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1249.pdf. Acesso em 18 Mai 2020.

Referências

Documentos relacionados

As instituições declaram em seus planos que a in- tenção em aderir ao programa REUNI se concentra na ideia de ex- pandir com qualidade, dentro de um contexto nacional, conforme

Poucas pessoas possuem consciência do quanto e como gastam seus recursos financeiros, isso se explica devido à falta de conhecimento de ferramentas usadas para

A Administradora do Fundo é responsável pela elaboração e adequada apresentação dessas demonstrações financeiras de acordo com as práticas contábeis adotadas no

[r]

na situação dada, estar excluído do trabalho também significa mutilação, tanto para os desempregados, quanto para os que estão no polo social oposto.. Os mecanismos

A Lista de FQ é de grande importância no sentido de fornecer uma avaliação mais precisa do Método de Rorschach, sendo dividida, em FQo, que seriam referentes aos

Os tratamentos foram definidos em função da época de indução do déficit hídrico nos diferentes estádios fenológicos da cultura (vegetativo, floração e enchimento de grãos) e

681. Esse problema torna-se ainda maior quando há a previsão expressa de compartilhamento de botijões e marcas durante esse longo processo entre as empresas envolvidas sem