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O império americano: hegemonia ou sobrevivência

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o

IMPÉRIO AMERICANO:

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

,.

HEGEMONIA OU SOBREVIVENCIA.

kjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

P a r a sa lva r -n o s, te m o s d e n o s ju n ta r .

IHGFEDCBA

C o rn o o s d e d o s n a m ã o . C o m o o sp a to s n o vô o .

yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Eduardo Galeano!

D E N O A M C H O M S K Y

N

oam Chomsky, em E s ta

-d o s P á r ia s(2003), livro de temática similar a

este ora examinado, continua sua vigilante crítica

aos meandros do poder estadunidense, poder que

não se impõe limites ou regras legais em busca de

hegemonia, e deseja se

afirmar contra toda possível

racionalidade no âmbito das relações

interna-cionais e mesmo em uma perspectiva de política

interna. O valioso empreendimento

crítico-intelectual de Chomsky é agora aprofundado neste livro, O im p é r io a m e r ic a n o : b e g e m o n ia o u

so b r e vivê n c ia .

No trabalho, em nove capítulos, o autor analisa, num crescente, os caminhos históricos da

trajetória do Império para o exercício do domínio

global sem precedentes, cujo ápice coincide com os atentados de 11de setembro ao Wo r ld Tr a d e C e n te r , em Nova Iorque. Mas, nem só de desesperança

nos fala o presente livro. O reconhecimento, mesmo pelos mais céticos e relutantes, de uma segunda

potência que pode, unilateralmente, afrontar os

descaminhos e os desmandos do autoprocla-mado poder central tem um nome: a Opinião

Pública Mundial. Para efetuar seus projetos de

dominação, o poder estadunidense e seus associados têm que combater esta força, que não

pode ser ignorada. É, pois, com tal constatação

esperançosa que Chomsky abre o seu trabalho,

deixando ao leitor um fio condutor de otimismo em face de um quadro político desenhado em

tons de cinza, a partir dos fatos mais recentes no

cenário desequilibrado do intrincado jogo de forças

entre as nações.

A idéia de manter sob

rédeas e controle os

dife-rentes povos do mundo acompanha a história dos

líderes e estadistas do

grande império, o que não

muito se diferencia de épocas mais recuadas como

aquela do Império Romano, "aperfeiçoando-se"

no que tange aos requintes de perversão e no

jogo de manipulação mediática. Já a uma certa

altura da vida política estadunidense, na presidência de W oodrow W ilson, este pregava que oim p é rio a m e ric a n o : h e g e m o n ia ous o b re v iv ê n c ia .

R io d e J a n e iro : E d ito ra C a m p u s 2004.273 p.

P O R A N T O N IO C A U B I R IB E IR O T U P IN A M B Á

D o u to r e m P s ic o lo g ia . P ro fe s s o r d o D e p a rta m e n to d e P s ic o lo g ia d a U n iv e rs id a d e F e d e ra l d o C e a rá .

E d ito r d a R e v is ta d e P s ic o lo g ia . E m a il: tu p in a m b @ u fc .b r

134

R E V IS T A D E C IÊ N C IA S S O C IA IS V. 35 N . 1

(. ..) o p o d e r d e via se r e n tr e g u e a u m a

e lite d e c a va lh e ir o s c o m 'id e a is e le va d o s' p a r a p r e se r va /o a 'e sta b ilid a d e e a

ju stiç a ', c o lo c a n d o o p o vo e m se u d e vid o lu g a r .

Para executar tais "princípios", o Segundo

Poder deveria ser controlado:

(. ..) a c o n sta ta ç ã o d e q u e o c o n tr o le d a

o p in iã o é a su ste n ta ç ã o d o g o ve r n o , d o

m a is d e sp ó tic o a o m a is lib e r a l, r e m o n ta ,

n o m ín im o , a D a u id H u m e [fazendo-se aqui, contudo, necessário um aderido].

isso é m u ito m a is im p o r ta n te n a s

so c ie d a d e s m a is lib e r a is, n a s q u a is

a o b e d iê n c ia n ã o d e r iva d o c a b r e sto .

(2)

É c o m p r e e n síve l q u e a s in stitu iç õ e s m o

-d e r n a s -d e c o n tr o le -d o p e n sa m e n to -

yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o

q u e e r a c h a m a d o d e p r o p a g a n d a a n te s q u e o te r m o sa ísse d e m o d a p o r c a u sa

d a a sso c ia ç ã o a o to ta lita r ism o -te n h a m

su r g id o n a s so c ie d a d e s m a is lib e r a is ...

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

( p . 13-14).

Assim, Reagan reagiu ao repúdio da Igreja

e outras instituições ao domínio americano na América Central com uma suposta "guerra ao

terrorismo" e, em meados dos anos 1980,

(. ..) a s c a m p a n h a s te r r o r ista s a p o ia d a s

p e lo s E sta d o s U n id o s h a via m c r ia d o

so c ie d a d e s 'm a r c a d a s p e lo te r r o r e o

p â n ic o ... p e la in tim id a ç ã o c o le tiva e o m e d o g e n e r a liza d o ... ( p , 15).

Mas para Chomsky, essas sào algumas das questões que a

(. ..) se g u n d a su p e r p o tê n c ia , a o p in iã o

p ú b lic a m u n d ia l, d e ve r ia se e sfo r ç a r

p a r a e n te n d e r , se é q u e e sp e r a e sc a p a r

d o c o n fin a m e n to a q u e e stá su je ita e le va r a sé r io o s id e a is d e ju stiç a e

li-b e r d a d e q u e a sso m a m fa c ilm e n te a o s lá b io s, m a s c u ja d e fe sa e a va n ç o sã o

b e m m a is d ifíc e is d e p r o m o ve r (p . 1 6 ).

Este tema é sem dúvida atual e permeia o

discurso de diferentes intelectuais, a exemplo do

escritor uruguaio Eduardo Galeano que, em sua fala de abertura do Fórum Barcelona de Cultura

(1 2 /0 5 1 2 0 0 4 ), também se mostrou preocupado em

face das contraditórias evidências nesse misto de

negócios com a guerra, poderes ilegítimos e pseudo-democracias:

O s c in c o p a íse s q u e m a is a r m a s fa b r

i-c a m e ve n d e m sã o o s q u e g o za m d o

d ir e ito d e ve to n o C o n se lh o d e Se g u r a n ç a

d a s N a ç õ e s U n id a s. N ã o c o n tr a d iz

o

se n so c o m u m q u e o s r e sp o n sá ve is p e la

p a z m u n d ia l se ja m o sq u e fa ze m n e g ó

-c io -c o m a g u e r r a ? N a h o r a d a ve r d a d e , e sse s c in c o p a íse s m a n d a m . Ta m b é m

sã o c in c o o s p a íse s q u e m a n d a m n o F u n d o M o n e tá r io In te r n a c io n a l. O ito

to m a m a s d e c isõ e s n o Ba n c o M u n d ia l.

N a O r g a n iza ç ã o M u n d ia l d o C o m é r c io e stá p r e visto o d ir e ito d e vo to , m a s n u n

-c a se u sa . A lu ta p e la d e m o -c r a -c ia n o m u n d o n ã o te r ia d e c o m e ç a r p e la d e

-m o c r a tiza ç ã o d o s o r g a n ism o s q u e se d ize m in te r n a c io n a is? O q u e o p in a o

se n so c o m u m ? N ã o e stá p r e visto q u e

o p in e . O se n so c o m u m n ã o te m vo to e , ta m p o u c o , vo z?

A grandiosa estratégia imperial (cap. 2)

significa uma

(. ..) g r a n d e e str a té g ia{que] c o m e ç a c o m

u m c o m p r o m isso fu n d a m e n ta l d e m a n te r u m m u n d o

IHGFEDCBA

u n ip o la r n o q u a l

o s E sta d o s U n id o s n ã o te n h a m u m

c o m p e tid o r d e ig u a l e sta tu r a ', c o n d iç ã o

q u e d e ve se r 'p e r m a n e n te , {a fim de] q u e

n e n h u m p a ís o u c o a lizã o p o ssa ja m a is d e sa fia r {os Estados Unidos] c o m o líd e r ,

p r o te to r e p o líc ia g lo b a l " c o n su m a n d o -se , p o r ta n to , o d ir e ito d e se r e m p r o m o vid a s

a o b e l p r a ze r , a s a u to -d e n o m in a d a s

'g u e r r a sp r e ve n tiva s '.

Mas uma guerra dessa natureza não atinge

qualquer alvo, isto é, sem que tenham determinadas características:

l.P r e c isa se r to ta lm e n te in d e fe so .

2 .P r e c isa te r im p o r tâ n c ia su fic ie n te

p a r a c o m p e n sa r o e sfo r ç o . 3 .É p r e c iso h a ve r u m m e io d e p in tá -lo c o m o a m a is

te r r íve l e im in e n te a m e a ç a à n o ssa so -b r e vivê n c ia . (p. 23),

e acrescentaríamos, que esta "pintura" deve

ser feita por meio de uma estratégia mediática

T U P IN A M B Á , A N T Ô N IO C A U IB I R IB E IR O .

135

(3)

governamental de efeito, que atinja não somente

a lei mundial, mas determinantemente a lei

doméstica. Exemplo de tal estratégia é o crescente surto, em solo estadunidense, de perseguições

e cerceamento de liberdade dos seus cidadãos

em nome do suposto combate ao terrorismo.

O emprego de tais auto-proclamados direitos foi materializado recentemente com a questionável

invasão do Iraque, assunto este que encontra

exten a abordagem ao longo da obra em exame. ão há mais uma lei internacional que

possa ser boa e indispensável; nem o direito

internacional nem o Estatuto da ONU valem mais,

kjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(. ..) 'a p r im a zia d a le i so b r e a fo r ç a

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

( qu e J

se m p r e fo i u m fio c o n d u to r n a p o lític a

e xte r n a a m e r ic a n a d e sd e o fin a l d a

Se g u n d a G u e r r a M u n d ia l' e stá a u se n te n a n o va e str a té g ia . Ta m b é m 'to ta lm e n

te a u se n te s' e stã o a s in stitu iç õ e s in te r

-n a c io -n a is' q u e a m p lia m o a lc a n c e

d a le i e b u sc a m lim ita r o sp o d e r o so s, b e m c o m o a sse g u r a r vo z a o sfr a c o s'.

D e a g o r a e m d ia n te , r e in a a fo r ç a , eo s

E sta d o s U n id o sfa r ã o u so d e la c o m o b e m

e n te n d e r e m ( p .

35).

Cria-se fértil terreno para a implementação pelo governo ilegítimo de George W . Bush de

um "estado revisionista" com objetivos claros de

dominação global unilateral. Mas, segundo

Chomsky, esta é uma realidade que transcende

o tal governo e encontra suas ramificações em anteriores, como o de Bill Clinton. Mas este

domínio pode também terminar por gerar uma contra-reação naqueles que se sentindo alvos de

nefasta política não querem aguardar passivamente

sua "própria destruição":

(. . .) e m se g u id a a o 1 1d e se te m b r o , e m

u m m o m e n to d e id e n tific a ç ã o e so lid a -r ie d a d e g lo b a l c o m o s E sta d o s U n id o s,

G e o r g e Bu sb in d a g o u : 'P o r q u e n o s

o d e ia m ? ' A p e r g u n ta fo i m a l fo r m u la d a ,

e a c o r r e ta ,p o u c a s ve ze sfe ita . N o e n ta n to ,

136

R E V IS T A D E C IÊ N C IA S S O C IA IS V.35 N . 1

n o e sp a ç o d e u m a n o , o g o ve r n o c o n se

-g u iu fo r n e c e r u m a r e sp o sta : 'P o r c a u sa

d o se n h o r , Sr . Bu sb , e d e se u s p a r e s, e d e tu d o q u e vo c ê s fize r a m . Se c o n

ti-n u a r e m a ssim ,

o

m e d o e a r a iva q u e

d e sp e r ta r a m ta lve z se e ste n d a a o p a ís

q u e vo c ê s ta m b é m . e n ve r g o n h a r a m '.

Q u a n to a isto é fá c il ig n o r a r a s p r o va s. P a r a O sa m a b in

IHGFEDCBA

L a d e n , p r o va ve

l-m e n te é u l-m a vitó r ia q u e su p e r a su a s

e xp e c ta tiva s ( p . 4 8 ).

A nova era do Iluminismo (cap.ô) que

coincide com os últimos anos do milênio ou "o novo mundo idealista dedicado a erradicar a

desuma-nidade", no qual nações civilizadas lideradas pelos Estados Unidos, "no auge de sua glória"

agiram com "altruísmo" e "devoção moral" movidas por nobres ideais (p.Só) é de fato um

conjunto de bélicas incursões por países nos

diversos continentes, sejam elas comandadas

diretamente pelo Império, por meio dos seus

sócios ou mesmo com a anuência e comando de líderes designados nos próprios países alvos.

Seja na Turquia, com o suprimento de armas

para assegurar uma campanha que dizima os

curdos: em Israel, fiel cumpridor do " dever de

casa"; ou na Colômbia, onde no ano 1990 foram

injetados milhões de dólares, tendo este país,

em 1999, superado a Turquia no que diz respeito ao destino da ajuda militar estadunidense:

"no caso dos principais destinatários da ajuda militar americana, a reação é silêncio e mais apoio

para as atrocidades" (p.58). essa era do

Iluminismo não foi esquecido o terror no Kosovo e no Timor Leste. o primeiro caso, afirma o

autor:

o m a is im p o r ta n te e r a a n e c e ssid a d e d e

im p o r a vo n ta d e d a O TAN so b r e u m líd e r [M ilo s e u ic ] c u ja r e b e ld ia , p r im e ir o

n a Bá s n ia e d e p o is n o K o so vo , vin h a

m in a n d o a c r e d ib ilid a d e d a s d ip lo

-m a c ia s a -m e r ic a n a e e u r o p é ia eo p o d e r

d a O TAN ;

(4)

-

yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

No caso do Timor Leste, em 1999, a Indonésia promoveu uma escalada nas atrocidades cometidas

no território que invadira em 1975, matando cerca de 200 mil pessoas com o apoio militar e diplomático

dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, com a cumplicidade da 'ignorância proposital'. Ora, os

tempos são outros. Nas palavras do autor sào Tempos Perigosos (cap. 4), nos quais A Conexão Iraque

(cap.S) permite a consolidação de um governo cuja

eleição em 2000 foi posta sob suspeíção:

kjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(. ..) e le s r e c o n h e c e r a m q u e a s a tr o c

i-d a i-d e s i-d e

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1 1d e se te m b r o lh e s[aos setores mais reacionários dos governos Reagan

e Bush I] d a va m u m a o p o r tu n id a d e d e

p e r se g u ir , a in d a m a is in te n sa m e n te ,

su a s a n tig a s m e ta s, se g u in d o d e p e r to o

r o te ir o a d o ta d o

IHGFEDCBA

à é p o c a d o p r im e ir o m a n d a to (p.113).

A construção do conceito de "terrorismo", elemento constitutivo da missão de George W .

Bush já era, como se vê neste capítulo 5, cultuada

no governo Reagan, para quem todos os países

precisavam se unir para combater "o nefasto flagelo do terrorismo". Nos diferentes governos,

tais guerras antiterror tomaram corpo em diversos pontos do planeta, passando pela América Central,

Oriente Médio, África (Angola e Moçambique) e Ásia (Afeganistão). Aqui são comentados os apoios

dos governos estadunidenses aos muitos ditadores

e regimes ilegítimos, uma amostra de

apadri-nhamentos que "ilustra a coerência do currículo de política externa dos atuais mandatários" (p.119).

Qual a repercussão de tais atitudes e quais

argumentos eram usados para granjear o apoio

doméstico a estratégias de domínio tão

contundentes? E a opinião pública, seus formadores, os críticos do e sta b lisb m e r u , onde

estavam todos e como se portavam? Como se lidou com a retumbante oposição popular mundial à

invasão do Iraque, uma vez que dentro dos

Estados Unidos sabe-se que a opinião pública começou a ser controlada desde o 11de setembro? Estas e outras questões em torno do tema da

suposta libertação da tirania do regime de Saddam Hussein, bem como as soluções

construtivas que foram deliberada mente negligenciadas por W ashington em nome da

compulsão à guerra ainda são amplamente

tratadas no capítulo 5.

Para além do Iraque se delineiam Os Dilemas do Domínio (cap.6) em uma realidade

na qual o imperialismo estadunidense já não tem

os mesmos registros do período pós-Segunda Guerra Mundial: um sintoma disso é o controle

americano da riqueza mundial,

(. ..) q u e se e stim a te r e n c o lh id o d e c e r c a

d e 5 0 % p a r a m e ta d e d e sse ín d ic e

q u a n d o a e c o n o m ia m u n d ia l p a sso u a

r e p r e se n ta r u m a o r d e m 'trip o la r " c o m

tr ê s c e n tr o s p r in c ip a is d e p o d e r : a Am é r ic a d o N o r te , a E u r o p a e a Ásia c o m b a se n o ja p ã o (p. 151).

O livro de Chomsky traz um quadro geral

das estratégias do Império para "distribuir" o mundo entre si e os "amigos", digamos, uma reedição pós-moderna do Tratado de Tordesilhas.

Os últimos dias de 2002 são considerados

por Michael Krepon como aqueles "momentos mais perigosos desde a crise dos mísseis cubanos de

1962" (p. 160). Inicia-se aqui a descrição do que Chomsky intitula de um Caldeirão de Animosidades

(cap. 7): no qual o temor principal seria

(. ..) o

'c in tu rã o in stâ u e l d e p r o life r a ç ã o n u c le a r e ste n d e n d o -se d e P y o n g y a n g a Ba g d á ', in c lu in d o 'o Ir ã , o Ira q u e , a

C o r é ia d o N o r te e

o

su b c o n tin e n te in d ia

-n o '. Te m o r e s sim ila r e s, a m p la m e n te p a r tilh a d o s, se in te n sific a r a m c o m a s

in ic ia tiva s d o g o ve r n o Bu sb n o p e r ío d o

2 0 0 2 -3 , q u e a c ir r a r a m se r ia m e n te a s te n sõ e s e a m e a ç a s in te r n a c io n a is ( p . 160).

Não foi esquecida pelo autor a beligerante presença de Israel naquela região; afinal este

mediaria o controle estadunidense sobre o

T U P IN A M B Á , A N T Ô N IO C A U IB I R IB E IR O .

137

(5)

· "grande tesouro material do Golfo", interesses

que resultariam no isolamento forçado dos

palestinos, que, com a atual "coligação" Bush II - Sharon, perdem a perspectiva de uma solução

diplomática para a sua questão.

Temos, ainda, uma esclarecedora discussão

acerca dos conceitos de "guerra justa", de úteis

truísmos a partir da relação entre Terrorismo e Justiça (cap, 8), que se materializam na reincidente

declaração de "guerra ao terrorismo", Uma guerra

sem data para terminar, iniciada desde a indesejável

"surpresa" do 11 de setembro, deve continuar

IHGFEDCBA

a d

in fin itu m , pois, nas palavras de George W . Bush,

"não há como prever quantas guerras serão necessárias para assegurar a liberdade em nosso país"

Cp.209)' Neste capítulo, Chomsky nos apresenta argumentos irrefutáveis que demonstram à larga a

contradição de tal atitude em relação aos verdadeiros atos e princípios que resultariam em legítima

preocupação em reduzir a ameaça do terrorismo.

Trata-se então o 11 de setembro [e seus desdobramentos] de Um Pesadelo Passageiro?

(cap. 9), Esta é a questão que intitula o último

capítulo deste livro. Ainda que se trate de um

pesadelo, deixa marcas indeléveis no mundo.

kjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A te r r íve l a m e a ç a d o te r r o r ism o , e m b o r a

b a sta n te p r e se n te d e sd eo a ta q u e d e 1 9 9 3 a o Wo r ld Tr a d e C e n te r , e r a a g o r a p a lp á

-ve l d e m a is p a r a se r ig n o r a d a Cp.220).

Daí partiram várias decisões com o

propósito de ratificar o conceito de domínio global, na perspectiva dos Estados Unidos.

Publicizou-se a estratégia de ataque sem aviso,

quando e onde se detectasse uma ameaça, sem esquecer estarem os agressores em posse das

mais modernas armas e recursos. As conclusões sobre a hegemonia estadunidense, presentes

neste último capítulo, não devem conduzir o

leitor a incorrer em um "grande equívoco" analítico e acabar por "concluir que todas as

perspectivas são negras". Para o cultivo de uma

nova esperança, o autor nos apresenta as alternativas em curso: novas práticas de direitos

138

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

R E V IS T A D E C IÊ N C IA S S O C IA IS v .3 5 N . 1

humanos; presenças renovadas dos movimentos de solidariedade em escala global, movimentos

internacionais pela justiça que fortalecem a nomeada "segunda superpotência", qual seja, a

Opinião Pública Mundial. De plena validade, pois

é a historicidade dos atuais processos de

dominação, ou seja, a ordem socioeconômica ora

imposta não é proveniente do além e sim um

(.) r e su lta d o d e d e c isõ e s h u m a n a s a tr a vé s d e in stitu iç õ e s h u m a n a s.

As d e c isõ e s p o d e m se r m o d ific a d a s;

a s in stitu iç õ e s p o d e m se r m u d a d a s" (Chornsky, Estados párias, 2003, p. 278).

Afinal, o inaceitável da guerra sempre foi

minimizado pelos tiranos. À contra partida os sábios rejeitam-na liminarmente:

N ã o p o d e m o s d e ixa r d e se n tir q u e

ja m a is u m e ve n to d e str u iu ta n to d e p r e c io so n o s b e n s c o m u n s d a h u m a n

i-d a i-d e , c o n fu n d iu ta n ta s d a s in te

li-g ê n c ia s m a is lú c id a s, o u d e li-g r a d o u d e

fo r m a tã o c o m p le ta o q u e e xiste d e m a is

e le va d o . A p r ó p r ia c iê n c ia p e r d e u su a im p a r c ia lid a d e d e sa p a ixo n a d a ; se u s

se r vid o r e s, p ro fu n d a m e n te a m a r g u

-r a d o s, p -r o c u -r a -r a m n e la a s a r m a s c o m

q u e c o n tr ib u ir p a r a a lu ta c o n tr a o

in im ig o . O s a n tr o p ó lo g o s se n te m -se im p e d id o s a d e c la r á -Io in fe r io r e d e g e

-n e r a d o , o sp siq u ia tr a s d ã o u m d ia g n ó

s-tic o d a su a d o e n ç a d a m e n te , d o e sp ír ito (Sigmund Freud-').

Notas

"Trecho do Discurso de abertura do Fórum Barcelona de Cultura, em 12 de maio de 2004.

2 Tradução: Tiago Soares

3Ap u d Luciana de Souza, É possível uma psicologia para a paz? Re vista P s ic o . PUCRS, v. 34, n. 1, jan./jun., 2003, p. 41).

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