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2.2 FRANK LLOYD WRIGHT: ORIGENS DO DESIGN NA HOTELARIA? No ano de 1915, o arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright foi

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2.2 FRANK LLOYD WRIGHT: ORIGENS DO DESIGN NA HOTELARIA?

No ano de 1915, o arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright foi convidado para projetar o Hotel Imperial em Tóquio, no Japão. A obra deveria suportar tremores de terra e possuir uma estrutura à prova de fogo. Segundo Pfeiffer (2004,p.39):

Para que pudesse ser uma estrutura à prova de fogo, a arquitetura tradicional japonesa de madeira e papel tinha que dar lugar ao betão armado, pedra e tijolo. Para que o edifício pudesse suportar um tremor de terra, Wright desenvolveu um sistema de fundações e suporte estrutural até então nunca visto na arquitetura. O principio utilizado foi o de suspensão, o equilíbrio da carga, semelhante a uma bandeja apoiada na mão de um empregado de mesa.

O telhado do Hotel Imperial foi feito de placas de cobre ao invés dos pesados telhados de telha da arquitetura japonesa. Toda a estrutura estava assentada numa rede de finos pinos de betão com 270 cm de profundidade e afastada 60 cm uns dos outros, que ligavam o edifício a uma base de lama em baixo.

Segundo Pfeiffer (2004,p.12), os materiais naturais não só foram ignorados na maior parte da arquitetura do século XIX, como os materiais mais recentes, betão, aço, folha de metal e vidro, eram usados de forma antiquada. Wright compreendeu que, estes novos materiais e os métodos para os usar como uma maravilhosa “caixa de ferramentas” para o arquiteto do século XX. O aço combinado com betão, o betão armado, foi o grande elemento libertador e poderia produzir uma arquitetura inteiramente nova para o século XX.

Figura 08 – Entrada principal do Hotel Imperial e vista da piscina, no Japão.

In: JAMES, C. 1968.

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A construção do Hotel Imperial começou em 1917 e a inauguração foi no ano de 1922. Em 1923, graças a estrutura projetada por Wright, o Hotel Imperial sobreviveu a um enorme terremoto, que arruinou grande parte de Tókio e Yokohama. Em meio ao caos, o hotel chegou a abrigar as equipes das embaixadas e correspondentes internacionais. Também serviu refeições para refugiados até que os suprimentos chegassem dos Estados Unidos. Após o terremoto, o Hotel Imperial tornou-se centro social de Tókio.

Para Wright, a arquitetura deveria ser uma unidade, onde todas as partes são vitais e interligadas. A sua relação é a raiz da vida e do design. O significado das partes é identificado por suas relações, bem como suas essências. A unidade enfatiza a realidade vital dos materiais de construção em detrimento de seus sacrifícios pela idéia de forma. A unidade ainda insiste que a decoração é única e integral para a arquitetura.

A unidade cria continuidade, flexibilidade e estrutura natural. No primeiro momento não é fácil identificar a maior parte do Imperial, formatada pelas dinâmicas da existência, mas seus exemplos de unidade iluminaram a grandiosidade que o hotel representou na época.

O elemento essencial do Imperial e da arquitetura de Frank Lloyd Wright foi o espaço interno do edifício. O espaço, razão central do edifício, é o grande volume utilizado que gera o elemento da criação da arquitetura. Porém para Wright, o espaço

Figura 09 – Elevação Hotel Imperial.

In: JAMES,C. 1968

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não é apenas um vazio, nem a ausência de sólidos, e sim um invisível que possibilitou à forma e materiais do edifício, um núcleo vital que criou vida e forma para a arquitetura.

Ainda na visão de Wright, não havia diferença essencial entre espaço interno e externo: cada um significava aspectos do grande e único espaço do mundo; espaço este que a arquitetura molda e adapta para os fins humanos. A forma de seus edifícios reflete a interpretação e a singularidade espacial. O conceito da vigorosa realidade espacial resultou no Imperial uma grande orquestra, viva por ela mesma e tirando vida dos ornamentos e materiais em volta. Essa realidade começa do lado de fora, na entrada, onde as longas sacadas têm vista para a piscina.

Figura 10 – Corte Hotel Imperial.

In: JAMES,C. 1968 piscina

Salão de Jantar

lobby

Figura 11 –

Implantação do Hotel Imperial.

In: JAMES,C.1968

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Ao entrar, o hóspede se deparava com o primeiro lobby e mais adiante com o lobby principal. Este, mais alto diferenciava-se do contexto horizontal do hotel.

Existiam grandes colunas ornamentadas que passavam pelos balcões e mezaninos indo até o teto. Grandes portas envidraçadas traziam luz para o espaço central. Este era um espaço livre, pois era interligado com a sala de jantar e corredores. Os corredores, ainda com grandes portas envidraçadas permitiam a visão dos jardins centrais.

No Hotel Imperial a diversidade dos materiais é limitada e não se altera significantemente entre o exterior e o interior. A maioria dos materiais são tijolos e rochas. A geometria controla tanto a forma da construção quanto a ordem da decoração do Imperial, uma não se sustentava sem a outra. É o ornamento que permite o espaço único e que garante a realidade da arquitetura.

A natureza deste hotel era a união entre a precisão e suas bases, o que tornou possível sua existência. Esta união ganhou ênfase a partir do momento em que as partes formaram o todo. Wright se preocupou com cada detalhe do hotel em função desta idéia

Figura 12 e Figura 13 – Vistas do Lobby do Hotel Imperial. In: JAMES,C.1968

Wright considerava a madeira como o mais amado de todos os materiais, dizendo: “a madeira é universalmente bela para o homem. O homem ama a sua associação a ela; gosta de a sentir sob a sua mão, é agradável ao toque e à vista”.

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de união. Da preocupação com a estrutura, materiais, espaços e ornamentos até móveis, tapetes, iluminação, aparelhos de jantar, tudo foi pensado para ser um conjunto, uma unidade.

Wright intitulou sua idéia de unidade como arquitetura orgânica. Orgânica porque a natureza das formas é unitária e relacionada, sendo que o sentido do crescimento e singularidade encontrada na natureza retratam as origens da forma do homem. A arquitetura orgânica reafirma a união do homem com o meio ambiente. Nela, o edifício faz parte do solo e não simplesmente está no solo.

Porém, a arquitetura não está somente associada ao solo, mas também com a realidade. No Imperial não se encontrava a transição entre exterior e interior. O espaço do hotel era na verdade, o espaço da cidade movido pelo uso humano.

Segundo Hall (1977,p.57):

Grande parte do sucesso de Frank Lloyd Wright como arquiteto deveu-se ao fato de ele reconhecer que existem muitas maneiras das pessoas experimentarem o espaço. O antigo Hotel Imperial, em Tóquio, oferece ao De cima para baixo, da esquerda para direita:

Figura 14 – Jogo para café. Projetado por Wright. In: PFEIFFER,B.2004 Figura 15 – Jogo de pratos. Projetado por Wright. In: PFEIFFER,B.2004

Figura 16 e figura 17 – Detalhes do banheiro. Projetado por Wright. In: JAMES,C. 1968

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ocidental lembretes constantes, visuais, cinéticos e tácteis, de que ele se encontra num mundo diferente. Os níveis variáveis, as escadas para os andares superiores embutidas e íntimas, a escala pequena, tudo isto são experiências novas. A redução da escala dos longos corredores dá-se através da manutenção das paredes ao alcance da pessoa. Wright, um artista no emprego da textura, usou tijolos bem ásperos e depois separou- os com argamassa suave, dourada, recuada da superfície mais de um centímetro. Caminhando por esse corredores, o hóspede é quase compelido a passar os dedos pelos sulcos. Mas Wright não pretendia que as pessoas fizessem isso. Obedecer a este impulso, sendo os tijolos tão ásperos, significaria arriscar-se a cortar os dedos. Com este estratagema, Wright aumenta a experiência do espaço, envolvendo as pessoas com as superfícies do prédio.

O hotel funcionou durante 45 anos. Com o tempo, a fachada do hotel foi desfigurada pela atmosfera produzida pelas indústrias da moderna Tókio. Rachaduras estruturais surgiram com a construção do metrô, que passava bem em baixo do hotel.

Depois, uma administração sem muita preocupação com a construção, instalou ar-condicionado e muitos equipamentos elétricos. Além disso, remodelou partes do edifício de maneira irresponsável.

Com o passar do tempo, os viajantes foram se acostumando com o brilho e glamour dos hotéis mais novos, o que contribuiu também para que o Hotel Imperial se tornasse ultrapassado.

Em 1968, o Imperial, sem outra saída foi obrigado a fechar.

Referências

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