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Considerações sobre feridas de armas de fogo

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(1)

/ 7 0 *

/

CONSIDERA ÇÕ ES

» ê

SOBRE

mitTDAa a > B Aiams a > s ^ I> ú D

4

TOl ^ l

APRESENTADAA FACCLDADE DE

MEDlCJNA

DO

RIO DE JANEIRO

EM pi3DSZEXtZERO IiS

1339

>

PARA SERSUSTENTADA AFIM DF

.

OBTEROGRAO DE DOUTOR I>OR

* í b âî

JiïfôŒ i, hs

v

/uapta*

yaturaidaCidade dePorto Alegre

,

Provitictade S

.

Pedro doSul

.

ESTUDANTEDO G.°ANNODE MEDICINA

.

(VWV\NWWWNWVW\V\ \\\\\\VV\

RIO

DE

JANEIRO

,

TYP.1)0DIÁRIO,PROPRIETÁRION

.

L

.

VIANNA

.

18 31)

.

(2)

CONSIDER\\‘Õ KS SOI

»

HE FEUIDAS DE ARMAS DK FOCO,

KOCOES

ò

PKELIMLAARES .

D

.

i

-

soo nnniPdeferidasássoluções decontinuidade produzidas rm qual

-

quer parte do corpo porcausas, ámór partedas vezesexternas , queoperao mecha nicaouchimicamente

.

Entendem

-

se por feridas de armasde fogoas quenhadassão feitas por projectis arremessados pela explosãoda polvora , acompa

-

de contusão, maisou menosintensa, c geralmentedeescara

.

Oinvento da polvora6attrihuido por Polydoro Virgí lioaumchimicoIn

-

glez, que , tendo posto uma porção desta composiçãoenium gral, coberto com uma pedra,e communicando sc

-

llie casualmente o fogo, notou quecom a explosãoapedra fOraarrojada comgrande violência

.

Esta descoberta sugge

-

rida pelo acaso

,

ao menos na Europa, subminislrou em breve ao homem um novo e terrível agente de destruiçãode sua própria especie! Já em 122G os Chinezcsa empregavão , quer paraatacar , quer para defender

.

* Parée diz que em 13W), sitiando AlTonso 11 rei de C

.

astella uma cidade defendida pelos Mouros , esteslançavao projectis de ferrocom um estampido horrível, semelhante aodo trovão; eaccrcscenta que muitosséculos antes jádelia ha

-

viáo usado em uma batalha

.

OsVenezianos , segundo alguns author»*

,

in

-

sinuados por Schwartza empregarão cm 1380contra os (ienovezes na ba

-

talha de Chiosa

.

Hoje égeralmcnle usadacomgrande allincopara anniquilar ogí

-

nero humano, e tem

-

se mesmo premiado a quem tem inventado meios deassassinar, no menor espaço , maior numero de homens!1

Reinarao outr'ora diversas opinioes ridículas acerca do verdadeiro caracter das feridas dearmasde fogo : osimperfeitissimos conhecimentos quo então bavião »la Phvsica , da Physiologia , &c

.

, ácilas derão occasiflo

. >

áo obs

-

tanteconhecermosserde pouco interesse a exposiçãodessastheoriaíT>; todavia fal

-

a

-

hemos succintainente

,

afimdemostraros progressosda arte

.

Vendoos antigos

,

quando tinhãode pensarestegenero de feridas

,

que os tecidos per

-

* Pr«cl»de Ihiitoircunirencllo,l

.

ft, pig

.

100, par Anquolil

.

2

(3)

>

culidosso motamorfosenvflo cm cscnrus denegridas

,

análogas ás < jue resultao da aeçáo docalorico

,

inferirão que os projectisosqueimavao

,

ou fosse p<l< »

incremento de calor que julgavno resultar da deflagração da polvora, oudo attritoolíeituadona armaenoar

.

O immortal AmbroiseParéefoioprimeiro queartirmou nãoseremas feridas de armas de fogo de natureza combusta , porque as balas, quando impellidas, nãose imprcgnãodesulliciente«]iian

-

tidauede calor para produzir semelhante resultado

,

oque prova com asse

-

guintes experiências

.

Dando

-

se um tirocom bala de cera

,

ella se naofun

-

de , e perfura um plano de madeira de meia polegada de espessura: efa

-

zendo

-

se uma bala atravessar uma porção de polvora, não a queima; alem disto

,

o gráo dccalor preciso paraque a balaqueimasseostecidos a faria derreter ; c d’aqui conclue ocitado author que aopinião de seospredeces

-

sores era errónea

.

Elle ainda accrescenta que , se a bala peloobstáculo de um corpose vô um pouco aquecida, deveria entretanto ter ingentetempe

-

ratura se saisse incandescente do instrumento ; porque

,

alem desse , rece

-

beria o calor fornecido pelo altrito cffeituado no corpo solido opposto

.

A Physica demonstra*que oattrito entre corpossolidos desenvolve caloricoa tal ponto

,

(jue póde causar combustão:os corpos molles taobem gozao da

mesma

propriedade;os fluidos elásticos e líquidos jamais desenvolvem a menor quantidade, ainda que sejãotangidos pelos corpos os mais solidos: donde se conclueque asescaras nao provém da combustão ,sim do violento altrito que soiTrcm os tecidos , quando tangidos por projectis movidos com grande velocidade;e tanto 6verdadeiraa nossa asserção, que as escaras estãoem relaçaocom o movimento , volume docorpocontundente,ea resistência que encontra

.

Operando osprojectis espantosas ehorríveis feridas , acompanhadas docor

-

tejo de symptomas atterradores que lhes são mui communs , acreditarão os antigos práticosserem envenenadas

,

e comotaesastratavao , o quecausava ao misero enfermo mais perigo do que a propria ferida : todo mundo salie serfalsa tal ideia

.

Ambroise Parce, '*aquem aindasedeveodelueidamento da questão, attribue este erroa Devigo , primeiroqueescreveuarespeitoem 150d

.

Taobemoaccuza de fautor desta doutrina , refuta

-

o ea todososseos sectários

.

Joubert

,

Chaumet e Pogctseguirãoa veredado immortal pai da Cirurgiamoderna;porémGourmolen, Daléchump

,

Riolan

,

Paulmier

,

Filioii

,

e outrosimpugnarãocom argumentos debeis averdade inconstestavel doexí

-

mio reformador ; mas, poriim cila prevaleceu

,

e Guillcmeau contribuiopara

otriumfo dos princípios de soo illustre mestre , propagamlo

-

osemseoses

-

critos

.

E demais, dado o caso que ohomem períidoenvenenasseabala para segurar a sua victima, nao obteria semelhanteIim,* **ou pelo menos mui porquea escaraimpediria a absorpçaodo veneno

,

quemais rarasvezes

,

tarde seria expulso pelasupuração

.

* Pelletan

.

*' I,

.

11pnçf

.

20'»c200ediç

.

II

.

** * Liefe*do Clinico do Marjolin

.

PerryaLaurent,Dice,dm Sc

.

M

.

(4)

a

Ouliti opimão nao monos absurda quo usexpostas dmmiinu outreo» un

-

*

re

' *

»»>,•*sompralicosque

.

Soiuio encontradospelavistasopercebesso losaosobro o cauqioalgumadoquobululbuexplicasse a causa daalgunseadavr

-

norte, ficavuo os Cirurgiões perplexos esus|>cnsos

. .

Mas como o espirito humanonao

descamba

emquanto nao descobre acausa cllirientc de qual

-

quer lacto, dicerao queá proporçãoquo o projectil percorria

,

deixavaum vacuo no lugarquo occupava

,

c quoquando trajectava proximo á boca de um indivíduo

,

oar dos pulmões eraexpellido para encher esse vacuo ,e en

-

tão tinha lugar a morte por asphyxia

.

Comoa anatomiapatbologica demons

-

trasse que as partes subjacenteseraolesadas , como os musculos

,

ossos, liga

-

do, pulmões

,

&c

. ,

atlribuirão

-

na£tviolenta coinmoção do ar , quesuppu

-

nhaoser communicada pela bala

.

Imaginarão que este fluido elástico , sendo rapidamente deslocado pelo encontrodo

prejectil

, podia exercer noscorpos compressnavaocontusão tal, que destruísse as suas differentes partes:6 oque denomi

-

ão peloar

,

contusãopelo vento da bula.Porôm

,

como|>odcria effeituar

-

se essa ingente pressão no meio doar livre? ! Se estatbcoria fosse exacta , o effeitodeque tratamossobreviriatodasasvezesqueas balaspas

-

sassem perto de qualquer parte docorpo; entretanto, vôem

-

se emcada ba

-

talhaoíliciaese soldados corn asbarretinas

,

vestidos,ccabellos cortados pelas balas, sem haveromenor accidente; em outrascircumslancias

,

porçoes do corpoarrancadas , sem queaspartes adjacentes scjío dilaceradas

.

Algunsmi

-

litarestem perdido o nariz, sem que se perturbe a respiração ; outros a extremidade do pavilhão da orelha sem lesão da funeçao acústica

.

Pensarão

depois queas contusoes deviãoser attribuidas aochoque eleclrico sobre as partes

.

Suppozerao quea bala adquiria electricidade pelo attrito queexerce nas paredes do instrumento, e quesc descarregava no momento cm que passava junto do indivíduo

.

Sabe

-

se, porôm

,

que os metaesnão seclcctri

-

sao pelo attrito

.

Os effeitosattribuidosquer ao ar , quer a electricidade, sáo produzidos pelo choque das balaschegadas aofim de sua carreira,ou emmonstra , se seconsequênciaaltender queda obliquidadeapellecom,quesendo muitangem oelastica , cedecorpo , o queerecua aosede

-

corpo vulnerante; em quanto queas partes subpostas

,

sendo menos elásti

-

cas , e nao podendoresistir á pressão

,

dilaccrao

-

se , e sao mais ou menos contundidas

.

A echymose nesta circumstancia naose manisfesta

,

porque os vasos de commuoicaçãoda pellecom osorgaos interiores tem sido rompi

-

dos

.

'Aexperienciaeobservaçãoroboraooexposto

.

Lcvachcr

,

Paillard ,Boyer e outros comprovãoestefenomeno

.

Os projectis que se usao para carregaras armas de fogo variãode forma ograndeza , segundo aespeciede instrumento que osdeve

arremessar

:as

-

sim, lia balasde clavina , pistola , de poças de diversos calibres

,

metra

-

lhas,&c

.

&c

.

Os matcriacs que enIrão na sua composição sáoordinariamente o chumboc oferro

.

Os metaes demaiorpesoespecifico que os precedent«** deveriáo serpreferidos, scfossem maiscommuns

.

O* projectis arremessados pelasarmas dc fogo produzem noscorpos or

-

ganisados vivos dous generös dc effeitos: uns são puramente physicos, e semelhantesaos quesc observou noscorpos inertes: outrossaopr

ó

prios dos

* 8 Cooper

(5)

I

cv»r\H>

*

organRatiosvivos

.

Como n anulvsedot primeirosillumina fenómenos complicadosnoinia animale

,

variados quenós os mencionaremos succintumenteapresentou as feridas de

,

armaspor uttendernmsde fogo naáeiona

- -

turezade nosso trairailio

.

V bala de chumbo, lançada por uma espingardaperpendicularmenteaurna muralha investida de espessa camada de gesso

,

fazneste corpo pouco resis

-

tente um buraco de forma cónica

com

o apice para o lugar do ingresso , e u base para o lado opposto , aonde se aloja

.

Arremessada ã pedra rija, despedaça-a depois deoperar um buraco mais ou menos profundo; raras ahi fica

.

Se for obliquamcntc , produz uma goteira cuja profundidade e diâmetro variao ;porém, ochoque iTcste corpo , tanto no primeiro corno no segundo caso , effeitua mudançasnotáveis nasbalas, asquaes ora sede

-

formgmentosáo de mil modos , ora se dividem

.

Arrojada a em maiorou menor numero de fra

-

bala com força a um angulo mais ou menosagudo dc uma pedra,ou aogume de uma faca ,como fazem ásvezesbabeis atiradores, divide

-

se em muitos pedaços , cVc

.

Quando a bala tange a extremidade esponjosa deum ossolongo

,

ouqual

-

querparle esponjosa, póde traspassal

-

o, deixando geralmenle após desium buraco circular; ou reter

-

se na sua espessura

.

Encontramos semelhança ex

-

tremada entre o que se passa noosso e o quose véno gesso. Uma cir

cumstancia peculiar pódeconcorrer para mais facilmenteser oassovarado sem fractura ; éa pouca idade do indiv íduo

.

Com effeito , sendo najuventudeos ossos maisesponjosos e menosrijos, contribue isto para oque acabamos de expender

.

Porém, qnando a bala attingeorochedo c a mandíbula inferior,dc

.

ou ocorpo de urn osso longo,como o do humerusefemur, não ba os mes

-

mos incidentes.Esta porção compactaeresistente geralmente se reduz a es

-

quirolas: rarossao os casos, referidos pelos authorcs

,

emquea balase en

-

gasta na sua espessuraou o traspassa

.

Vé

-

se poisque oprojectildcchumbo obra nos ossos rijos comona pedra

.

Dicemos que , quando uma bala depara como angulo de uma pedra re

-

sistente, ou com ogume de um instrumento cortante

,

se divideem dous, ou mais fragmentos

.

Um fenomeno analogose notafrequentemente

,

quando o projectil de chumbo choca ângulos , ou eminências, maisou menossali

-

entes, dos ossosrijos

.

*Esta circumstancia exige muita attençao do Cirur

-

gião em certoscasos,afim de naocommetteralgum errograve,julgando que

.

1ferida naocontem fracçôes da bala , ou porseterencontradoumúnicofra

-

gmentodelia, ou por tel

-

a visto cahir omesmo enfermo

,

ou em fim por termentoa ferida duas aberturas

. ,

entretantoque póde encerraremsi algumfrag

-

Os authores que negãoeste fenomeno da divi/ao dizemque asfrac

-

ções lia bala saoenviadas por uma mesma espingarda; ora, nósvomos que ochumbo

,

ditodecaça ,atiradodealgumadistanciaesparge

-

se efere sepa

-

ra*)imenf.e; ( pois inexacto oquenvanção

.

“ Acreditamosquealgumasvezes

.

pelosimples contacto nos tecidos molles, podemasbalas dividir

-

se

,

pores

-

veies

* í

.

.i r r»f,Percy , S

.

Cooper

.

Tomwn, Dupuytren,Mflrjolin, Anumst referidopeloDr l*v r A, H f

.

irrey, Paillard, eoutro»muito».

** Marjolin

.

(6)

.

5

tarvin a*suas parlesconstituintes mal coadunadas

.

Nao poderá a bala des

-

pedaçar

-

sequando choque, quer perpendicular ,quer ohliqiiameulc um«tw

«qo, v .g.orochedo, eo macillarinferior?Milharestiecausas assazdiíliceis, e talvez impossiveis cie dclcrminamu

-

scexactamente

,

operao asua multipli

-

cidade

.

Arremessada a halaperpendicularmenteásuperfície d'agua estagnada ,expe

-

rimentano trajoctodemora proporcionadaádensidade doliquido:seobliqua,

|K)de ser reflcctida

,

eassiinproduzirferimentosem pessoas collocadasemlu

-

gar opposto: e se a sua direcçao for nimiamente obliqua , pode dar lu

-

gar á umaserie dechapeletas

.

* Yô

-

seque a bala,quando penetra no li

-

quido, perde parte de sua velocidade

.

Semelhantementenao será apresença da urina, em parte*

,

acausa que algumas vezes obsta ao traspassamento da bexiga ?

Quando a bala6arremessada de pertoa umquadrode vidro, traspassa

-

o

semcomminuil

-

o,esomente forma umdueto analogoaodo tira

-

marca: se de

distancia, despedaça

-

o

.

Fenomeno quasi semelhantese nota nocorpo huma

-

no : sabe

-

seque as feridas feitas por projectiscom ingente impulsão sao me

-

nos laceradas queas produzidas por balas quasi mortas: nestas se depara ge

-

lalmente com fracturas comminutivas , quesãoacompanhadas de accidentesat

-

terradorcs;em quanto naqucllas tudo 6menoscomplicado

.

Quando uma bala fere obliquamente uma superfície convexa

,

de pedra

,

por exemplo, nao acontornêaordinariamente , e reflccte; quando perpendicular despedaça

-

a

.

No corpohumano seobservaum fenomeno que parece ,aopri

-

meiro volver d’olhos , contraditoriocom oque acabamos deassignalar ;porem acharemos explicação satisfatória

.

Assimacontecefrequentemente queuma bala, arremessada obliquamente á umasuperfície convexa e resistente do corpo, a contornêa e sãe num ponto maisou menos diametral mente opposto ao do ingresso , oque induz a crer que acavidade tem sido varada pelo cen

-

tro; entretanto,só temsidocircumdada

.

Ecommum ver

-

se uma bala ferir afronte,contornear para adireita ou esquerda docraneo, e sair no occi

-

p u t ,depois de ter viajado por entre o osso e o courocabelludo. Citão

-

se

exemplosde balas que tem tangido n’uinatêmporae saido nado lado opposto

.

Fercy referequeo marechal Lovvendal recebeu na cabeçaumabala que pe

-

netrou ochapéo e courocabelludo perto da têmpora direita ,esahio acima da esquerda

.

( ) I)r

.

Hennencimmensos outrospráticos apresentáo factos de natureza idêntica

Quando uma bala attingc o externum, póde sair perto das apófises es

-

pinhosas dorsaes; parece entãoque o peito foi traspassado; eno entanto o projectil insinuou

-

scsomente entre aspartes molles do thorax easpartes os

-

-

broseas.,Os mesmos fenomenos se observAc

. .

» áo nas paredes do ventre c nosmem

-

I)onde procedem estas difTorcnças, e porque a bala nãocontornêa aco

-

lurnnade pedra

,

como as paredes do craneo

,

&c? E'evidentementeàdiffe

-

rença dos meiosemquea bala setem introduzido queestefenomenoêde

-

vido. Eom efTeito, a bala, ferindoafrontee peneirando ocouro cabelludo

.

ê

impedida de passar alem pela resistência dosossosdocraneo, e soffro duas resistência» : 1*» das paredesdocraneo que a impedem depenetrarnaca

-

B'wUn

.

lr«ii*«I« ptoyilque

.

(7)

n

mluUe: 2

.

*a do couro cabulliido

, monos

fort©son» duvido

qu

« a dosos>o#

do cruneo

,

porém assaz considerável para forçar a l»ala a seguir uma Imlui aurva maisou menoslonga

,

segundoogrão dovelocidade que possuo;|>ód« a bala percorrer um quarto, um terço

,

ou metade docontornodo tranco, e mesmo mais

.

Secila è dotada de grande

velocidade

, depois de 1er per

-

corridootrojecto,traspassará a pelle

.

Quando a bala fere obliquamenle columna nao encontra em torno deste corpo cylindrico senão o ar que lhe

imo oppoe resistência assaz considerável para que a contornôe, assim corno fazna nocruneoocouro cabelludo

.

Pelocontrario

,

depois de ter feridoacolum

-

, ella reflecte sem soffrer movimentoalgum de decomposição

.

Se o projectil fere perpendicularmenlcumasuperficiecôncavaerija, nota

-

se omesmo fenomeno que num plano de natureza idêntica; porém

,

quan

-

do attingeobliquamente asuperficie

,

apercorre adaptada maisoumenos cir

-

cularmente até chegar aos seos limites ; entãoa abandona e continua a sua carreiraemdirecçáo varia , segundoomaiorou menorcirculamento

operado

: eis porqueem alguns casos é feridooproprio indivíduo que dá otiro

,

ou outro qualquer collocado em differente posição: ás vezes ella se divide em fragmentos que divergem paraolado a quesedirigiria a bala

.

E' d'est'arte que o projectil

,

quando perfura uma das paredes ósseas do craneo

,

algumas vezes cm lugar de atravessar ocerebro

,

insinua

-

se entre adura

-

mater e a caixa ossea

,

e corre maior ou menor extensão: no tborax vê

-

se semelhan

-

temente

,

quandoo penetra

,

viajar por entre apleura costal c apulmonar, esair num ponto mais ou menosopposto ao doingresso ,ou ficar nopeito distanteda entrada da ferida; eem outraspartesda economia animal obser

-

va

-

se omesmo:muitos authoresapresentáofactos desta natureza , como Larrey, Percy, Hennen , Dupuytren

,

Marjolin , e outros

.

Recebendo um corpo formado de dous planossobrepostos e pouco ligados entresiuma balacombastante impulsão

,

obscrva

-

scgeralmentequeosplanos sãligaoo varados sem desunirem

-

seem maior oumenor

-

se ;extensporéãmo: ê o

,

seaquebala tem menor velocidadeacontecena caixa cranea for, des

- -

mada de duas camadas de tecido compacto , coadunadas pela diploicaou es

-

ponjosa, quando perfurada por projeclis

.

Muitos planos de polegada de es

-

pessura postos verticalmenteunsapósde outrosem distancias iguaes

,

reuni

-

dosíixamente por duas travessas

,

apresentáo o fenomeno seguinte

,

quando trapassados por projectis: no primeiro plano vêem

-

se duas aberturas desse

-

melhantes; a do ingresso tem quasi o diâmetro da bala ; a da saida émaior ecirculada de desigualdadesprovenientesdoarrancamento de estilhas:a aber

-

tura da entradanosegundo plano é maior que a do primeiro; porémmenor que a da saida , c assim progressivamente

.

Do exposto , applicado aocorpo humano

,

inferimos que os conductos nelle feitos são tanto menores

,

quan

-

to a força impulsiva do projectil è maior ;e demais , deve

- se

ter cm linha

rlc conta o apoio das partes subjacentes que existem no ingresso

,

as quaes favorecem a solução de continuidade

,

cdeste modo evifao a dilaceração da borda

.

Led rane Richeranderrao ,quandodizem que os duetos feitos

no

cra

-

pelasbalas tem igual dimensão porseroponto de apoio igual

.

O Sr

.

Dr

.

Pereira do Carvalho c nós tivemos occosiao dcobservaro que avançamosna autopsia feita no infelizBulhões

.

Os projectis atiradospela polvora nãosãoosúnicos agentes dasferidascm questão; elks

reportem ,

algumas vezes

,

com oscorpos que

dopar

ã

o

no soo uma

noo

(8)

7

imito

.

1impulsão pura offcituarcmestragosespantosos, conduzindo

-

os querin

-

tegrameute, quereinfragmentosouoslilhus. Osartilheirosamestradosconhecem

o> otragosque determinaoasbalas

lanvadas

obliquamente no soloinvestido doseixos;quando tem doaggredir o inimigo, infelizmente postado cm tal terreno , fazem pontaria vinte passos diante das lileinspara produziremcha- polotas, e levantarem umanuvem dc pedras que augmentvin amortandade.

Na Cirurgia naval véoui

-

se as balasarrancar porçoesdc madeira , que pro- duzem estragos, senãomaiores, iguaes aos das balas.

Aspartes rijas, molles,eliquidasdaeconomiaanimal fazemcornqueo pro

-

jectil ora seafaste, ora se approxime da perpendicular , o quedependede circumstancias. Quando a bala, depois de1ersuperadoaresistência da pelle, penetra perpendicularmentenaespessura das partesorganicas, pódeacontecer que haja mais resistência de um lado doque do outro; entao muda-se a direcçao da bala, e se encontra constantemente uma serie de pontos mais resistentesnotrajecto, a abertura dasaida é mui remotadadirecçaoda da entrada: e se penetraobliquamente, dada igual resistência , lia sempre re- fraeçao.

J

Em algumas obras sobre feridas dearmasde fogo,osseosauthores

tem queridodeterminar rigorosamente os cffeitose os desvios das balasno corpo humano, segundo,leis matbematicas;porém é quimérico quererobter tal resultado. Scocorpo fosse substancia inanimada, ou composta dc partes cuja densidade, espessura , potência resistente, Ac. ,estivessemexactamcnte conhecidas e apreciadas, poder-se -iao calcular; porém, elle è compostode partes que ora estãoem relaxação ,ora emcontracçaoemgrãosdifferentes: umas partes tem bastante elasticidade, outras nenhuma, &c.; ò portanto impossivel conseguir tal lim.

Os projetais produzemno corpo humanocffeitos quedependem principal- mente de duas circumstancias: l. °da maneira pela qualaarma écarregada:

2.® tla distanciaemqueédadootiro. Dando-senocorpo humanoum tiro de polvorasecca, sem buxa e tie muito perto, com qualquer espingarda,

chamusca a parte, emuitasvezes saca a epiderme ;c osgraos não incen- diados são arremessados, c perfurão os tecidos obrando como projectis , do que resultauma mancha azul

.

Seotiro for recebidoáqueima roupa,es

-

tando o instrumento bellico carregadocom polvora e buxa mais ou menos comprimida , originará incidentes segundoogrão de resistência, afastamen- to docorpo, ea natureza da buxa. Marjolin e Dupuytren dizemtervisto tacs tirosdarema morte. O chumbomiutlo, ou de caça,ou fereagglomera- damente, o que dependeda bondadedo fuzil etla pouca distanciacm quo édadootiro, ouesparge-se,eseosbagos operaoisoladamente. Aacçãoque resulta do primeiro caso é ingente emais formidável do quea deuma

balatie clavina. Ksto anno vimos naclinica do Sr. Dr. PereiradcCarvalho urn menino de 8 annos dc idadecom uma ferida no anto-braçoesquerdo, effeituada por uma pequenaarmadc caça, com dilaceração quasi total das partes molles, e fracturacommiuutiva docubitusc radins. Abala sómui- t.is vezesvara o pulmão semoccnsionara morte, entretantoquea cargade

Ibumbo despedíiça

-

oe extingue n vida do ferido indubitavelmente. A feri

-

dado segundocaso não óseguidaem geralde accidentes mortifères , a me

-

nos queoorgdo nlToctado não tenha grande importância.

Aacçãodasbainsdeartilhariadifférédadasqueacabamosdedescrevermonto por terem aqucllasmassa mais considerável ,cpela grande impulsão quereceitem.

(9)

N

Demonstraremos

agora ooino o maior ou

menor

aflastamento inline sobre aoeçaodo projectil

nos

corpos

.

Km|»IM|iia distancia

,

a parte fcrida naow>

recebooprojectil no momento da maior velocidade

,

comotuol>cm toda a for

-

va

da detlagraçáo da polvorae a buxa

.

liasimultaneamente combustão

,

M*O

corpoédellasusceptivel

,

comdilaccraçuo ocontusão enorme;entretanto que

,

sendo dado o tiro de longe , só recebe a acedo da bala

,

porêtn com menor intensidade

.

Quando uma bala ferequalquer orgaosem força su11iciente para varal

- o ,

vê

-

seentão sómenteum oniicio com ofundo mais lato queo in

-

gresso

.

*

Quando a bala 6 provida de força para traspassar o corpo humano

,

c ó lançada de alguma longitude, observa

-

se que a abertura inicial oflerece di

-

mensão queestá em relação com a grandeza do objecto vulnerante

,

as mais dasturavezesregular

,

com a circumferencia deprimidacmaiscontusa quea aber

-

da saida : esta ècommumentemais ampla, menos regular

,

coma mar

-

gem saliente,emaisdesigualmentelacerada;oscontornossao moídosedesor

-

ganisados

,

formão o quecbarnão escaras denegridas:esaode cór amarella

-

da, escura , violeta , negra , segundoa quantidadede sangueextraj

&

zadono

tecido cellular

,

co tempo que tem decorrido desdeo instanteemqueaferida foi commettida

.

Sc o tiro for dado á queima roupa, a abertura do ingresso ê mais larga que a da saida , epenetrada de graos do polvora , c mais ou menos combusta

.

Se a bala tanger obliquainentc e com bastante impulsão, deixa um regocujalargura pôde representarexactamcnleo seocalibre

.

Alem dascausas que apontamos

,

nos elleitos physicos que concorrem para o tra

-

j«*cto sinuoso das balas

,

por seo turnooperaoadesigualcontractibilidpdcdos tecidos incididos

,

cas mudanças de attitude dodoente

.

A acçaodosprojectisnos ossosèvaria :ora elles produzemcontusoesqire, olhadas superficialmonte, parecem serdepequena monta , entretantoque occa

-

sonno alterações profundas; ora operao fracturassimples

,

ou coinminutnas: ora são varados , comou sem esquirçdas; umas vezesdepara

-

secom elles na sua espessura; outras com fracturasem outro ponto distante da impressão , o que depende do estado rijo, ou da esponjosidade dos ossos

,

da impulsão da bala, da sua direcçáo

,

e da sua superficie , &c

.

Qualquerque sejaa natureza doprojectilarremessadopela explosãoda polvora, asferidasqueresultáoda sua acçaosaoessencial mente contusas;cacontusãodas partesètantomaisconsiderável,quantoapassagemdocorpocontundente for mais rapid;», aresistência mais forte

,

co seo volume maior

.

Asferidas praticadas por balasimpellidas pelas armasdenominadas de vento, em geral,nãodifferent das de armasdefogo

.

As feridasas mais graves sao as eíTeituadaspelases

-

tilhas das granadas

,

das bombas

,

das metralhas

,

epelas balas deartilharia. Quasi sempre grandes desordens saoaconsequência inevitável

.

ea r par

-

te das vezesoferido compraosdias de vida atroco deumou <lc muitosde seos membros

.

Ima bala, tocandoqualquer partedo corpo

, p

ódc originar quatro gene

-

rös de feridas : l

.

° pódc somente produzir contusãosem penetrar a parte, qmr seja por ter perdido a força

,

quer pela direcçáoobliqua

rclativamente

* O BarãoPeref di/aer caiuado pelomovimento do rota çãodoprojectilt P*t t j

(10)

0

'

l

' *

ftt* tangida:á

.

® pódeapresentarsómento

uma

abertura;

neste

rato a I>!i ealojada, as mais das vezes, nostecidof!3

.

*póde traspassaroorgâo: 4a pode o projectil arrancar|<ual|(tier membro

,

seoseo diâmetro for maior que die

.

Asferidas de armas de fogo,

cipal mente quandoos vasos divididosem geral, sangrão pouco

,

ou nada

,

prin

-

sao de pequenocalibre

,

porque acon

-

tusão £talquo osvasos dilacerados pelo instrumentosão»noidos

,

as suasex

-

tremidades retratadasnas

carnes

, e asmembranasdas artériasalgumas vezes invertidas,o que obstaá hemorrhngia

.

Observao

-

sc entretanto hernorrhagias

,

quandoos vasosde capacidade são parcialmentedivididos:quando a secção

«* completa , acontece algumas veses não as baver

.

A obliteraçãodos vasos deum membroò ás vezes cm tão grande extensão, que praticando

-

.«ea am

-

putaçãoalêmdo ponto percutido, não ha emissão sanguínea

.

As feridasora são isentasde corpos extranhos, oradepara

-

senellas com

balas sómente, ou juntamente com fragmentosde pano proveniente das vestesdoenfermo

,

com buxa

,

peças de moeda

,

botões,tStc

.

,osquaespodem estarprepostosou pospostos ao projectil

,

oque a phvsica nosdemonstra evi

-

dentemente. Km algumascircumstanciasoprojectil traspassaoorgáo, porém depõe na ferida os corpos já referidos ; em outras, em lim, é partede uma bala, dividida na parte solida da economiahumana

,

que ficano meio dos tecidos

.

Quandoa ferida tem sómente ingresso, nãosedeve inferir que a bala existe no meio daíparteslesadassóouacompanhada de fracçõésdas vestes

,

ou da buxa,&c; porque succédéalgumas vezes com eíTeitoqueosvestidos, principalmente a cnmiza,cedendo á impulsão do projectil

,

insinuão

-

secom

elle na ferida ,formãouma especie de fundo de bolsa, analogoaodedo de luva,que arrasta a bala quando sedespeo individuo

.

Outras vezes basta a simples contracçao muscular para queocorpo vulnerante seja expellido

.

O pezo do projectil, diz Marjolin , é bastante para produzir o resultado em questão

.

Aséde é a maior necessidade que soffremos pacientes

,

principalmentese tem perdidomuito sangue ;estendidosnocampo dabatalha pedemcomgritos penetrantes que lhes dêem agua para sacial

-

a, antes de invocarem os soc

-

corrosdaCirurgia.

A maior parte dasvezeso ferido nãosentenoinstante do ferimentosenão dórgravativa cm todoo membro, como se um grandepezooopprimissc; porém nofimde certotempopassa aseraguda ,c augmenta mais oumenos, segundo a natureza das partes

.

Guerreiros intrépidostem sidoferidosemcom

-

batesencarniçados , sem comtudo sentirem-scvulnerados: pareceque ain

-

trepidez fazcom queseesqueção dc siproprios

,

c sóincntccuidem cmchegar aoalvo encarado

.

Ha orgãos que pela suaimportânciaparccerião nãopoderserlesados, semque seguisseimmediatamenteamorte ; noentantoanaturezapor todaaparte cria excepçoes

.

Marechal, la Martiniére

,

* *Prussius

,

Fabrice de Hilden

,

Gooch,

Dice, dni Seien

.

M

.

v

.

43

.

' Percye Laurent

" Memoire«de l'Aeedcmiede Chir

.

t

.

1

.

®pag

.

314

.

(11)

10

llocgg, eMorand fullilodubainsperdidasnocrniico Miniquea saudcdo*indi

-

víduosío»edesarranjada

.

0immortulHarvey

,

fazendo pesquisascm uuimacs vivo* l'ara veriücaromovimentocirculatório dosangue

,

doparoucoinumabalanoteci

-

do«lo coraçãodo um cervo

,

o qual se conservava emestadogatisfactorio

.

Hippocrateso(iuleno dizem queasferidas contusessupiiraonecessariamen

-

te; A

.

Paróe

,

Joubert

,

Doublet

,

Botai

,

Guthrie, John Bell ,e Dupuytren, aHin não que as feridas d’unnas de fogo mio sao susceptiveis de contrahir adhesao im mediata , porque todas as partes molles situadas no trajecto do projeetil supurao pelo cIToito da escara mais ou menos espessa « jue deve ser eliminada por trabalho inflammatorio; nós porém

,

apesardo muito respei

-

to que tributamos aestes práticos

,

julgamos com Marjolin

,

"J

.

Hunter , e Sanson que nem cm todas as feridas se vécm escaras , nem mesmo em todas as partes da mesma ferida, eesta diflerença provém gcralmcnle «lo grãode velocidade de que èdotado o projeetil: ora , seaquelles authores dao como obstáculo a presença das escaras, e nós já provámoscom autho

-

ridadesque nemsempreasha

,

claro está«juesepotleráobtcl

-

a;poré

m

acr«dita

-

mos que será numlimitadíssimonumero«lecasosquesóservemde excepçocs

.

Sempreem razaoda força da contusão e dilaceraçãodas partes, a inflam

-

maçao que sedesenvolvoimmcdialamente em consequência das feridas de ar

-

mas de fogo ó necessariamente mui violenta

.

Quando não seconsegue mo

-

derala , extingue a vida dos tecidos «jue sãoredusidos a um estado anormal pela contusão; entãoagangrena augmenta a espessura «la escara produzi

-

da immcdiatainente pela acçãodo corpo vulnera»te, c concorrecm parto para o lim de eliminal

-

a: quando a ferida ò complicada de estupor local

,

ou geral

,

termina muitas vezes pela gangrenada parte lesada

.

A presença dasescaras, a desorganisação mais ou menos completa dos.

tecidos nao são asúnicascausasque cooperão,para queainllammaçaotrauma

-

tica seja necessariamente intensissima; maspor seo turnoajudaoa presen

-

ça dos corpos contundentes ,que as feridas varias vezes enccrrao ; eainda as circumstancias particulares em que se achão ordinariamente as pessoas expostasa este gencro de ferulas

,

a intemperiedas estações , apenúria ,as más disposições dos meios de transporte

,

asdidiculdadesea extensão

,

mui

-

tas vezes considerável, do trajecto que tem de percorrer antes depoderem receber tratamentos contínuos e completos

,

a accumulaçãa dosdoentes, <>

por consequência a insalubridade

,

quando naoha meioshygicnicos

,

«lomão lugar onde sãoacolhidos

.

Por outrolado , devc

-

sc metierem linha de conta o máo estado quasi inevitável das vias digestivas

,

em consequência «las al

-

ternativas

,

privações, e desvio «lo regimen que partilhão os militares em campanha

,

linalmentc n exaltação moral em que estão os soldados , nomo

-

mento em que são feridos, exaltação que continua muitas vezesedegenera em delirio , se pertencem ao partido vencedor , ouoabatimento não menos perigoso cm quecácm

,

so pertencem ao partido vencido ; comprecnder

-

sc

-

* Opuic

.

«Je Chirurgie,pag

.

25U

.

" Marjolin,pag

.

2V0

.

*" Hunierpag

.

523

.

(12)

1 1

1I

luolmcnto quo

todas as

ciroumstuncias

mais

favoravcis para

o desenvol

-

vim ntodu intlaiiimuçaolocal

violent

íssima

so

«chão nelles reunidas

,

eque

C' la inllammaçáo dcvoquasi inevitavelmentecomplicar

-

secom aiTccçOesgraves

do cerebro e das vias digestivas

.

Osaccidentes quecomplicao as feridas dearmasde fogodistinguem

-

seein

primitivose consecutivos

,

ambos cm locaeso geraes

.

Asna appariçào

,

du

-

-

teressadasduosirao

,

,cVce

.

intensidade variao,, &da grandeza das feridasc

.

infinitamente

,

daem radisposi/aoçãda natureza daso particular dos indiví

-

parteäin

- -

Na classe dos primitivos locaes inclu ímosadôr de que já tratámos

,

o es

-

tupor local , a paralisya , a hemorrha'gia que se manifesta immediatamenle ao ferimento , coutros

.

Os accidentes geraes primitivossão entorpecimento cm todo o corpo , frio universal

,

qualquer que seja a estação

,

pallidez da pelle, principalmente do semblante

,

algumas vezes*a côr è amarclla

,

con

-

centração do pulso

,

cyncopc

,

tremor

,

horripilação geral

,

movimentoscon

-

vulsos , vomitosc soluços

,

algumas vezes sómente estupor ingenteataca o enfermo: estes symptomasmostrao algumas vezes que a ferida

-

interessaum orgSo importante cavida: outras porôm não indicãogrande perigo

,

c de

-

sapparecem no lim de pouco tempo, ouimmediatamente

,

como diz oI)r

.

Hennen , pela applicaçáo de uma colherada dc vinho ou dequalqueroutro espirito , ouporummedicamento opindo

.

Osantigos atlribuiãoestes fenóme

-

nos á pretendida malignidade destegenero dc feridas, l

.

a Motte c Ravaton dizemser produzidas pelo medo; porôm tantoossoldadosvalentes, como os pusilânimes sao igualmente aflectados

.

Lcdran pelocontrario attribue a um sentimento naturalinhérente á cspecic humana

,

e pensa queossoldados ba

-

leados deixáo

-

setomar deterror pânico

,

cm consequência dcselembrarem que estthoresdeãoprestesimmo julga abandonarão ser consequaspessoasência daque lhescoinmosaoçãomaisproduzida pelocaras

.

Outrosaumo

- -

vimento que o projectil transmitte aocorpo

.

Nóspensamosque todoo agen

-

te capaz de produzir umgrãode modificaçãosuíficicntc nosystemsnervoso póde contribuir parao seo desenvolvimento

,

particularmentea commoção : o temor , acolora , asdores

,

a hcniorrhagia copiosa , cVc

.

,osproduzemse

-

melhantemente; porôm, ordinariamentesó lhes dão incremento

.

O estupor algumas vezes é tao profundo , que lira totalmcntc a sensibilidade ao en

-

fermo , oqual solTre sem lastimar

-

seoperaçoes as mais dolorosas; tal foio indivíduo de que falia Qucsnay

,

cujo estado de embotamento eratao grande, que quandosc lhe propoz a amputaçãodo membro inferior

,

respondeuque o negocio não era comsigo

,

esolTreu

-

a sem dar o menor signal desen

-

sibilidade ató omomento da morte

.

Nesteestado mais oumenos considerá

-

vel de estupor , a parte fica escura c lívida

,

pastosa , ha diminuição da tempera animal, ou mesmocessaçao

.

Os accidentes consecutivos

,

tantolocaescomo geraes, que sobrevém al

-

gumas vezes nocursodasferidas dearmas de fogo são a supressão da su

-

puração , abcessos consecutivos na parte enferma

,

ou nas partesinternas

,

gangrena

,

o tétano , abundanteelonga supuração que reduz os enfermos nomarasmo , e a diarrhéa colliquativn dc queentão quasi sempre succum

-

bom ,as hemorrbogiasmanifestadas apósda eliminação dasescaras

,

r ou

-

trosveis aomuitosindiv íduo, osquaes

.

dependem docircumstuncias mais ou menos favorá

-

a

(13)

12

PROGNOSTICO.

O prognostico ilas feridas de armas de fogo 6 tanto mais desfavorável

,

quanto mais distarem do grão de simplicidade:e parafallarmos com preci

-

svaãomente que deve variar, não pôde ser estabelecidocm relaemção útheseextensgeralão da; todavia , concebeferida

,

á profundidade

-

se e(Tecli

-

, ú natureza das parteslesadas

,

á constituiçãodo indivíduo, à coragem com quesupporta a desgraça

,

ao máo ou bom estado de saúde

,

ásagitações do espirito

,

ádisposição particularem queseachava na occasiao do ferimento; a accumulaçãonos hospitaes

,

áslongas viagens

,

maiores ou menores abalos e incommodos notransito ,á impossibilidade do renovar a tempoos appare

-

Ihos

,

edeempregaros meios necessários para obstar os primeiros sympto

-

mas inflammatorios, ás privações

,

ao máotempo: eainda accrescentaremos

,

que o estado de morte de uma qualquer parte faz que , muitas vezes, senãocomprehendaaextensãocrelaçõesdas feridasemquestão;porquecim

-

possí vel saber

-

se , em grande numero de casos, quaes as partes privadas de sentimento

,

ou movimento , se é um osso

,

um tendão , um musculo

,

ea feridasó semuitopôde sabermais ampliada do que se

,

quando a escarahaviafor eliminadajulgado;;muitas vezes a vioentão ver

-

se

lia

-

lência da pancada tem percutido uma viscera totalouparcialmente, semcoin

tudo poder ser apreciada senão consecutivamente pelossymptoinas que lhes sao proprios

.

TRATAMENTO.

Dividiremos o tratamento cm local e geral

.

A primeira classeabrange o

-

curativo propriamente dito, os medicamentostopicos

,

a posição do membro, os meios de prevenir e destruir o estrangulamento

,

intlammaçao

,

e gan

-

grena

,

a extraeçáo dos corpos extranhos, a amputação, a suspensãodahe

-

morrhagia, &c

.

&c

.

A segunda comprehendc as bebidas de differente natu

-

reza, a diéta em diversos gráos

,

asdoplecções sanguí neas

,

o repousodo corpo edo espirito , a pureza d o a r , Ótc

.

&c

.

Tratamentolocal

.

Einútileimprudentetentar acurapelaprimeiraintensao,

-

porque háquasiconslantcmeuteescaraqueinveste asuperfície da ferida

,

c

,

por maistenueque seja, éumentrave;edemaisproduz desarranjos immensos

.

Devem

-

se exceptuaras laceraçõesque partem , emalguns casos,daferida principal,como asqueseobservào cmconsequência de tiros dados juntoáboca,ondeoslábiossao rasgados extensamente pela expansão subita da deflagração da polvora, e jquellas

,

mais ou menoslongas , que se vfiemalém das partesamortecidas, segundo referem authores do renome

,

feitas por estilhas de balas , metra

-

lhas

,

bombas

,

c por fragmentos de madeira arremessados pelas balas: então devem

-

»©reunir todas as partes sangrentas

,

o que não apresontão vestígio de combustão ou de mortificação

,

cxccplo se a reunião das partes laceradas transformar a ferida

,

que devo supurar,

em

dueto longo c estreito ,eamea

-

çar ser interessada do estrangulamento; porque neste cosoa laceraçãosu

-

bstitue a» incisões amplialorios

.

(14)

ia

t

igualinento inutil e pernicioso introduzir nag feridas

penetrantes

fios

, porque

o lim a quesepropoc oCirurgião éobstar areunião dos lábios

,

e n'*'abemos que asescaras que ncllas seachlo impedem a agglutinaçao ; etodemais ao appareciinento dos accidentesintroduçãode fiosdeterminainflammatoriosmaisfacil;

,

porpromptatanto

,

, este methodoei ntentamen

-

deve ser proscripto

.

Vntigamcnte, quando a bala operava duas aberturas

,

cstabelecifio muitas vezesno trajecto umscdonbo

,

com a intensáode evitar a reunião muiprom

-

pta ,nhos

.

para dar livre corrimentollà muito que este meio foiao púsrejeitado

,

efavorecer, por serasaida doso sedcnbo umcorposestracorpo

-

extranho

,

o qual muitasvezes é origem de inflammação assazgrave

,

c nao preenche os fins encarados

.

Deve o pratico abstcr

-

sc de todo o topico irritante , de que outrora so fazia frequente uso com detrimento dos feridos

.

Em outro tempo , quando se julgava que as feridaserãoenvenenadas

,

instillaváo nellas oleofervendo

,

a fim de destruir oefieitodosuppostoveneno

.

Parée foi oprimeiro que bem seutio a importância de banir do tratamento das feridas

,

ouso de topicos desorganizadores

.

Diz elle, nasua insigne obra

,

que comprara aum Cirur

-

gião piemontezum segredo para curar as feridasde armas de fogo, e erao oleo de caens , oqualse obtinha

,

fazendoferver emoleo commum caensi

-

nhos extrahidos do ventre materno:estetopico ,emultima analyse , nada mais e (jue umamistura de mucilagem eoleo

.

Actualmente alguns práticos appli

-

ctasão pranchetas de fios finos untados decom cerôto,ouembebidasemoleo e cober

-

cataplasmas emollientes

,

compressas , ataduras , enpparelhos conten

-

tivos

,

segundo a formaesituação das partes

,

muimediocrementeapertados

.

Nós , porém

,

attendendoà propriedadedaagua , járecommendada pelo dico de Cóscm muitos lugares de suasobrascontra a inflammação, faremos delia um usofrequenteerasoavol

.

Nas inflammaçóes ,diz este grande homem, aagua fria allivia poderosamen te,e énecessárioregarcom ellaaspartes inflam- madas: «Adin/Iammationes frigida conferi,el partes, qua inflammaiionem,

patiuntur

,

refrigeramlœ

.

» Celso diz: «Sigravis inflummatio est, me

-

ncqut

"lutinandi spesest

,

negue movetur, agua calidœ necessarius usus est.>>Muito prcconisada foi outr’ora a agua, sobre a qual se proferião algumas palavras mystcriosas,oqueera de grandecfieitoparaalguns feridos

.

Masoqueeraaagua comsofépalavras, nella confiavmystcriosasão , com?Simpleso que obtinhagua frescaào;

-

scmascurasalguns feridos tinhcomo miraculosasão nis;

-

c sabe

-

se a ascendênciaque temaimaginação nacura dasenfermidades,alem daacçaodos medicamentos ,oque não nosseria diflicil demonstrar; masfor

-

ramo

-

nos a esse trabalho por não ser consentâneocomo nosso intento

.

Nósdiremoscom obarãe Percy,queaagua deverepresentar o primeiro papel na cura destas feridas

,

c quoos Cirurgiões que delia fizeremumuso rasoavel e methodico obterão (coBteris paribus) maior numero de bons resul

-

tadosmana, que um, taosimples methodo de tratamento produz na organisação hu

-

do que aquellcs que nao tiverem coragem bastante para arrostraras prevenções

.

Scfosse possível, cm uma feridadearma defogo, ou outra qual

-

quer feridagravenocotovelo

,

joelho

,

,

&c

. , conservar

a parte por dez ou quinzemaiornumerodias mergulhadadeferidos

.

na agua , haverifio»A agua , dizGuthriemenos

,

òamputaumexcellenteçõesc salvartopico

-

se

.

que

-

ia

em certoscasos previneinteiramente uinflammação

,

em muitosa atténua con

-

Referências

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