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As danças folclóricas gaúchas como conteúdo escolar nas aulas de educação física na educação especial

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

AS DANÇAS FOLCLÓRICAS GAÚCHAS COMO CONTEÚDO ESCOLAR NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

ELIS FERNANDA GRETER WINK

Ijuí – RS 2014

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ELIS FERNANDA GRETER WINK

AS DANÇAS FOLCLÓRICAS GAÚCHAS COMO CONTEÚDO ESCOLAR NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Educação Física da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), como requisito parcial para a obtenção do grau em Bacharelado e Licenciatura em Educação Física.

Orientadora: Ms. Lisiane Goettems

Ijuí – RS 2014

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho as duas pessoas mais especiais e mais amadas da minha vida: minha mãe Marcia e meu irmão Elvis, por terem me incentivado e me apoiado nessa longa jornada.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter iluminado e abençoado meus passos durante estes anos na universidade.

À minha mãe Marcia e meu irmão Elvis que com muito carinho, atenção e apoio não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida.

Às minhas amigas e colegas de graduação Eduarda Burckardt e Carolina Gehrke pelas alegrias, tristezas e vitórias compartilhadas. Muito obrigada a vocês por tudo. À minha amiga Suelen Zanchi pela compreensão e paciência quando ligava para desabafar e para pedir aquela ajuda.

À minha orientadora Ms. Lisiane Goettems pela paciência, pelo apoio e pelos incentivos recebidos durante a realização do trabalho, sou muito grata a você e obrigada pela compreensão e pela amizade.

À Escola de Educação Especial Recanto da Alegria, ao grupo de professores desta instituição e aos meus queridos alunos por terem me recebido e me acolhido de braços abertos, me apoiando e me incentivando na realização da pesquisa.

A todos os professores do Curso de Educação Física pelos ensinamentos recebidos, pelo carinho e dedicação. A todos aqueles que de alguma forma estiveram e estão próximos de mim, fazendo esta vida valer cada vez mais a pena, acreditando no meu potencial e nas minhas ideias.

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E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.

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RESUMO

Dança na Escola, como conteúdo da Educação Física não comporta simplesmente o fazer, necessita unir o saber ao fazer, carregado de significados podendo abranger: folclore, dança de salão, culturas, etnias, aspectos sociais e expressivos, dentre outros. O estudo a seguir tem por objetivo conhecer as possibilidades de desenvolver um trabalho com as danças folclóricas gaúchas, dentro do contexto escolar, na educação especial, na especificidade da Educação Física, visando reconhecer através do desenvolvimento da unidade didática quais são os momentos e modos que se evidencia a absorção do conhecimento dos alunos envolvidos? A pesquisa aconteceu com os alunos das turmas da oficina 01 e 02, turno da manhã da Escola de Educação Especial Recanto da Alegria de Tenente Portela – RS e se caracteriza como uma pesquisa-ação, com o desenvolvimento da unidade didática das danças folclóricas e análise de diário de campo, onde foram realizados relatórios e reflexões do que aconteceu durante as aulas. Os dados foram analisados após os relatos de cada aula e das colocações dos alunos durante as aulas, constatando-se que para que ocorra o aprendizado dos alunos com deficiência é necessário que os mesmos sejam estimulados, que sejam valorizados, que sejam desafiados com conteúdos novos e atividades diferenciadas.

Palavras-chave: Danças Folclóricas Gaúchas. Educação Física Escolar. Educação

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Vista da entrada da escola ... 72

Figura 2: Sala EDF 1 ... 72

Figura 3: Sala EDF 2 ... 73

Figura 4: Caranguejo 1 ... 73

Figura 5: Giro ... 74

Figura 6: Xote inglês 1 ... 74

Figura 7: Pesquisadora e aluno participante ... 75

Figura 8: Estátua ... 75

Figura 9: Alongamento ... 76

Figura 10: Dança jornal 1 ... 76

Figura 11: Dança jornal 2 ... 77

Figura 12: Massagem bexigas ... 77

Figura 13: Espelho 1 ... 78

Figura 14: Espelho 2 ... 78

Figura 15: Dança da vassoura ... 79

Figura 16: Dança de salão ... 79

Figura 17: Dança com a boneca ... 80

Figura 18: Xote antigo ... 80

Figura 19: Apresentação 1 ... 81 Figura 20: Apresentação 2 ... 81 Figura 21: Apresentação 3 ... 82 Figura 22: Apresentação 4 ... 82 Figura 23: Expressão 1 ... 83 Figura 24: Expressão 2 ... 83

Figura 25: Atividade rítmica ... 84

Figura 26: Sarrabalho 1 ... 84

Figura 27: Turma ... 85

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Figura 29: Dança da cooperativa ... 86

Figura 30: Sarrabalho 2 ... 86

Figura 31: Sarrabalho 3 ... 87

Figura 32: Ajoelha e chora ... 87

Figura 33: Dança com balões 1 ... 88

Figura 34: Dança com balões 2 ... 88

Figura 35: Dança com balões 3 ... 89

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 10

1 A EDUCAÇÃO ESPECIAL ... 13

1.1 ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE) ... 14

1.2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA ... 15

1.3 EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL ... 18

2 PRIMEIROS PASSOS DA DANÇA ... 20

2.1 A DANÇA NO PROCESSO EDUCATIVO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL ... 21

2.2 DANÇAS FOLCLÓRICAS NO BRASIL ... 25

2.3 RESGATE HISTÓRICO: DANÇAS FOLCLÓRICAS GAÚCHAS ... 27

2.4 AS DANÇAS FOLCLÓRICAS GAÚCHAS: UMA POSSIBILIDADE DE ENSINO E APRENDIZAGEM ... 30

3 CAMINHOS DA PESQUISA ... 32

3.1 TIPO DE PESQUISA ... 32

3.2 POPULAÇÃO ... 32

3.3 PROCEDIMENTOS ... 33

3.4 COLETA DE DADOS E INSTRUMENTOS ... 34

3.5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ... 34

3.5.1 Unidade Didática ... 35

3.5.2 Categorias de Análise ... 36

3.5.2.1 Do Olhar da Professora para com os Alunos ... 36

3.5.2.2 Motivação para com o Aprender ... 38

3.5.2.3 Utilização dos Conhecimentos Específicos da Dança em Educação Física, como Meio de Inserção Social ... 42

3.5.2.4 Do Olhar da Professora com o Percurso de Ensino e Aprendizagem Escolhido – Metodologia Experimentada ... 44

3.5.2.5 Do Conteúdo da Unidade Didática – Danças Folclóricas Gaúchas como uma Possibilidade de Ensino e Aprendizagem ... 46

3.5.2.6 Objetivos Conceituais, Procedimentais e Atitudinais – Envolvimentos e Entraves ... 47

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CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 51 REFERÊNCIAS ... 54 ANEXOS ... 56

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INTRODUÇÃO

Como já se sabe a cultura da dança traz enormes benefícios para quem usufrui dela, a dança escolar proporciona uma maior sensibilidade em relação ao mundo exterior, faz com que a pessoa tenha a necessidade de se expressar, não só pela fala, mas também através de movimentos corporais que podem surgir involuntariamente a partir de um ritmo sentido/percebido. Mesmo com toda essa sensibilidade que a dança proporciona sozinha, é necessário que haja a interação constante da escola, que deve ser um agente que procura entender os questionamentos relacionados à prática da dança na escola, e integrando os alunos e a dança como um todo.

Nesta perspectiva supracitada e com base no fato de me interessar pelas danças, mais especificamente pelas danças folclóricas gaúchas que estão presentes na minha vida desde a infância, é que faço a opção de estudar esta temática no percurso de construção desta pesquisa. Por acreditar que a dança é um conteúdo de fundamental importância dentro do contexto escolar, passei a buscar autores que fundamentassem o trabalho com este conteúdo, neste sentido tive anseio em saber mais sobre este universo complexo que envolve as danças dentro da escola de educação especial.

O desafio de desenvolver uma unidade de danças gaúchas folclóricas dentro de uma escola de educação especial surge a partir do momento em que passo a fazer parte do grupo de professores desta instituição de ensino, o que ocorre no início do mês de agosto de 2013. A Escola de Educação Especial Recanto da Alegria é um lugar onde ocorre a inteira inclusão dos alunos, todos são bem tratados, recebem os mais variados atendimentos, o que torna a escola um ambiente muito agradável para os alunos e sua família.

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A escola de educação especial recebe alunos com as mais diferentes deficiências e idades, realiza um projeto de inclusão dos alunos em idade escolar na escola regular, por acreditar que a inclusão possa ser feita de maneira pensada e organizada. Há alunos que já não tem mais idade de ir para uma escola regular e que frequentam só a escola de educação especial, e através da escola que os mesmos estão incluídos, pois inclusão não é somente na escola e sim na sociedade, se socializando, se desenvolvendo e aprendendo, por acreditar nesta modalidade de ensino que defendo a escola de educação especial, onde o ensino é direcionado exclusivamente a eles sem intenção de excluí-los, mas de desenvolvê-los sem estar expondo e muitas vezes ocasionando momentos desagradáveis de exclusão no meio escolar, que podem ser vivenciados na escola regular.

A inclusão, nos moldes de intenções atuais, apresenta alguns pontos frágeis, pois alguns alunos não possuem condições de frequentar uma escola regular em decorrência da sua deficiência, e também ocorre de alguns alunos não estarem mais em idade escolar, o que acabaria fazendo com que estes voltassem a viver só no seu contexto familiar, isolados do contato de maneira mais ampla com a sociedade. Enquanto os alunos frequentam a escola de educação especial entendo que conseguem “manterem-se vivos”, como seres capazes de criar, de pensar, de agir, de vivenciar novas experiências que muitas vezes ficando em casa não teriam as oportunidades que na escola recebem.

Por ser então uma defensora das escolas de educação especial que busquei desenvolver esta pesquisa neste contexto, apostando também que as aulas de educação com a tematização das danças folclóricas possibilitariam inúmeras melhoras no desenvolvimento destes alunos, por isso se fazem necessários estudos que de maneira geral ajudarão no desenvolvimento de uma unidade didática de danças folclóricas gaúchas na educação especial, que busquem identificar e entender os momentos e modos onde ocorre a absorção e incorporação do conhecimento, tanto no contexto escolar quanto na vida em sociedade.

As aulas de Educação Física com o desenvolvimento da tematização das danças folclóricas gaúchas na educação especial, onde as mesmas foram desenvolvidas, buscando responder a seguinte problemática: Em uma unidade didática com danças folclóricas gaúchas, em aulas de Educação Física, em escola especial, quais são os momentos e modos que se evidencia a absorção do conhecimento dos alunos?

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A pesquisa apresenta como seus objetivos o desenvolver de uma unidade de danças folclóricas gaúchas na educação especial, procurando identificar e entender os momentos e modos onde ocorre a absorção e incorporação do conhecimento tanto no contexto escolar quanto na vida em sociedade, as aulas serão desenvolvidas através da concepção de ensino de aulas aberta em Educação Física onde os alunos dentro de suas possibilidades podem participar da tomada de decisões referentes a conteúdos e objetivos trabalhados nas aulas.

Buscando através do desenvolver da unidade uma metodologia de trabalho para as danças folclóricas gaúchas no contexto escolar da educação especial e analisar como o conhecimento pode ser absorvido e de que modo passa a fazer parte da vida dos alunos envolvidos na pesquisa.

Pautada nas intencionalidades citadas a pesquisa se estrutura em três capítulos. Sendo que o primeiro apresenta dados relevantes sobre o histórico da educação especial e o tratamento recebido pelas pessoas deficientes, apresentando o surgimento das APAEs, trazendo algumas considerações sobre a Educação Física e seu percurso geral e depois a Educação Física presente na educação especial. No segundo capítulo, o contexto histórico da dança, passando pelas danças folclóricas no Brasil, apresentando um resgate das danças folclóricas gaúchas e a mesma com uma possibilidade de trabalho dentro do contexto das aulas de Educação Física. No terceiro capítulo são apresentados os caminhos da pesquisa, trazendo a análise e discussão dos dados, apresentados através de dois pontos de vista: do olhar da professora para com alunos e do olhar da professora com o percurso de ensino e aprendizagem escolhido.

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1 A EDUCAÇÃO ESPECIAL

Desde a antiguidade até recentemente, crianças e adultos com deficiência sofriam com a exclusão total da sociedade, eram renegadas socialmente e também no seu contexto familiar. Há registros históricos que desde a era Cristã essas crianças vêm sofrendo com a segregação e resistência em serem aceitas, como cita Misés (1977 apud CARDOSO, 2004, p. 16):

Nós matamos os cães danados e touros ferozes, degolamos ovelhas doentes, asfixiamos recém-nascidos mal constituídos; mesmo as crianças se forem débeis ou anormais, nós as afogamos, não se trata de ódio, mas da razão que nos convida a separar das partes sãs aquelas que podem corrompê-las.

Percebe-se que a partir da ideia do autor que a sociedade não praticava somente a exclusão social, mas havia também um pensamento que a existência destas pessoas poderia ser uma punição divina, como pagamento de pecados, ou ainda ligada à imagem da feitiçaria e então eram perseguidos e sacrificados para que não rompessem com os padrões da sociedade.

A educação especial tem seu início relacionado ao surgimento de instituições de ensino voltadas para surdos e cegos, que tinham como objetivo oferecer educação para estas crianças, já que as mesmas não poderiam participar de instituição de Ensino Regular, os primeiros registros deste processo se dão na Europa no final do século XVIII.

A partir deste novo processo de escolarização houve a expansão para outras formas de deficiência, intelectual e física, distúrbios de diferentes ordens (sociais, emocionais, intelectuais, etc.).

Segundo Bueno (1993, p. 27):

A extensão da educação especial, das crianças cegas e surdas para as que apresentavam outros problemas, ofereceu oportunidade de escolarização aos deficientes mentais, aos deficientes físicos de fundo neurológico, as crianças com quadros graves de distúrbios mentais, ao mesmo tempo em que incorporou portadores de distúrbios de conduta, de linguagem e de aprendizagem, muitas vezes sem qualquer evidência de anormalidade orgânica ou psíquica, constituindo, na sua maioria, os chamados “carentes culturais”, aos quais são imputados déficits cognitivos, emocionais ou de linguagem em razão de meio social carente e pouco estimulador.

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No que se refere à educação especial ocorre no século XX a criação de programas escolares e das instituições especializadas para os deficientes mentais.

Já no Brasil, até a década de 50 quase não se falava em educação especial e sim em atendimentos para os Alunos com Necessidades Educativas Especiais (ANEE), entrando na década de 70 a educação especial sofre a instalação de um subsistema educacional onde se proliferou as instituições públicas e privadas de ensino aos ANEE, também nesta mesma década são criadas as classes especiais (OLIVEIRA et al., 2002).

Nos anos 80, passa-se a defender a ideia de que o ensino da criança com necessidades educativas especiais deveria ser realizado junto com os alunos das classes regulares, também quanto à formação de definição para estas pessoas vem sendo discutida, até então os mesmos eram chamados de excepcionais, tentando buscar expressões mais adequadas. O termo pessoas portadoras de deficiência, muito utilizado na década de 80, atualmente foi substituído pelo termo pessoas com deficiência ou ainda pessoas com necessidade educacional especial.

Apesar de a educação especial ter se expandido entre as décadas de 60 e 80, uma grande parte da população de pessoas com necessidades educativas especiais não foi abrangida por esta expansão educacional, ficando excluída do contexto escolar. Surge assim ao lado da rede pública de ensino a rede privada, que assume um papel de importante relevância, pois uma grande parte da população passa a ser atendida nestas entidades filantrópicas. Como exemplo, destas entidades, temos a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).

1.1 ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE)

O processo que envolve as pessoas deficientes tem suas origens históricas e culturais relacionadas a uma grande rejeição e discriminação tanto pela sociedade, quanto pelo poder público, que se mostrou ineficiente em promover políticas públicas sociais, que atendessem as necessidades deste púbico. Surge assim um empenho vindo por parte das famílias em quebrar paradigmas, buscando assim soluções para que seus filhos com deficiência intelectual ou múltipla tenham a possibilidade de adquirir condições para serem incluídos na sociedade.

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As Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) surgem no Brasil através da ocasião da chegada de Beatrice Bemis, procedente dos Estados Unidos, a mesma em seu país, já havia participado da fundação de mais de duzentas e cinquenta associações de pais e amigos; a mesma possuía uma grande ligação com as crianças especiais, pois tinha um filho portador de Síndrome de Down.

Segundo dados disponibilizados pela Federação Nacional da APAEs (FENAPAEs):

A APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais nasceu em 1954, no Rio de Janeiro. Caracteriza-se por ser uma organização social, cujo objetivo principal é promover a atenção integral à pessoa com deficiência, prioritariamente aquela com deficiência intelectual e múltipla. A Rede APAE destaca-se por seu pioneirismo e capilaridade, estando presente, atualmente, em mais de 2 mil municípios em todo o território nacional.

A criação destas associações só foi possível através do empenho de diferentes profissionais, que acreditaram nestas famílias e acima de tudo nestas crianças e nos seus potenciais de desenvolvimento, buscando assim estudar, pesquisar, apropriando-se de novos conhecimentos para melhor atendimento às suas necessidades. Sendo assim, passou a se prestar serviços nos âmbitos de educação, saúde e assistência social.

1.2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA

É durante os séculos XVII e XIX que na Europa surgem as primeiras bases filosóficas que dariam sustentabilidade ao surgimento da Educação Física, vários autores nesse período referem-se à importância dos cuidados com o corpo e do exercício físico para a melhor formação dos indivíduos.

Conforme Betti et al. (2005, p. 144):

No século XIX filósofos ocupados com questões da educação da criança e jovens, e sob influência das ideias racionalistas e liberalistas do Iluminismo, do conceito pedagógico de natureza de Rousseau e dos avanços da Medicina, referem-se à necessidade da “educação física”, que deveria se justapor e relacionar à educação moral, à educação intelectual, etc. Sob essas ideias, escolas pioneiras introduzem a ginástica em seus currículos.

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A ginástica pode ser entendida durante o século XIX como sinônimo de Educação Física, sua prática era vista como uma forma de educação para a saúde e para a educação moral.

Caracterizou-se no Brasil desde o início da década de 80 um movimento de repedagogização da teoria em Educação Física, onde a mesma passa a ser remetida como uma prática pedagógica (BETTI et al., 2005, p. 145).

Segundo Bach (1999 apud BETTI et al., 2005) “[...] nos anos 90, no interior da Educação Física brasileira, uma tentativa de delimitá-la como campo acadêmico que teoriza a prática pedagógica que tematiza manifestações da cultura corporal de movimento” (p. 25). Entendem o objetivo da Educação Física como o saber específico de que trata essa prática pedagógica, “cuja transmissão/tematização e/ou realização seria atribuição desse espaço pedagógico que chamamos Educação Física [...]” (p. 42).

A partir daí são tematizadas as funções e saberes à Educação Física, sendo organizados três saberes: um deles referente ao desenvolvimento da aptidão física, outro que busca o desenvolvimento integral do aluno e a cultura corporal de movimento que traz o movimentar-se humano como uma forma de comunicação.

Contudo, a cultura corporal de movimento e objetivo da Educação Física implica avançar do fazer corporal para um fazer sobre o movimentar-se do ser humano, o qual deve ser incorporado pela Educação Física (na escola) como um saber a ser transmitido (aos alunos) (BETTI et al., 2005, p. 147).

A Educação Física na escola traz a cultura corporal de movimento para os educandos coma intenção de ensinar não somente o saber movimentar-se, mas o saber sobre esse movimentar-se, trazendo assim para estes educandos a capacidade de autonomia crítica (BETTI et al., 2005, p. 148).

Ao comentar a Educação Física Escolar, Betti et al. (2005) nos coloca que é a:

Disciplina que tem por finalidade proporcionar aos alunos a apropriação crítica da cultura corporal de movimento, visando formar o cidadão que possa usufruir, compartilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas culturais do exercício da motricidade humana: jogo, esporte, ginástica e práticas de aptidão física, dança e atividades rítmicas/expressivas, lutas/artes marciais e práticas corporais alternativas.

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É no século XX que a Educação Física se consolida na escola, tendo visto como sua função principal a promoção da saúde, visando o desenvolvimento integral dos educandos e de todas as suas potencialidades. É também neste século que o esporte se incorpora a ela.

Num primeiro momento a Educação Física foi considerada uma atividade que orientava os educandos para o desenvolvimento de sua aptidão física. Conforme Brasil (1971 apud BETTI et al., 2005):

Decreto nº 69.450, de 01/11/1971, que dá conta no seu artigo 1º que: “A Educação Física, atividade que por seus meios, processos e técnicas, desperta, desenvolvendo e aprimorar forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando, constituindo um dos fatores básicos para a conquista das finalidades da educação nacional”.

Surge aqui a necessidade de mostrar que a Educação Física deve ser uma disciplina curricular, mostrando que a mesma possui assim como as demais disciplinas da Educação Básica um conhecimento, um saber (inclusive conceitual) necessário para a formação plena do indivíduo (BETTI et al., 2005).

O que ocorre na nova versão da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), Lei nº 9.394, de 20/12/1996 onde contemplasse a Educação Física no seu artigo 26, parágrafo 3º:

A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos (BRASIL, 1971 apud BETTI et al., 2005).

Sendo que logo em seguida a este decreto ouve uma diminuição da presença da Educação Física no contexto escolar, pois o decreto acima citado não contempla a palavra “obrigatória”, o que ocorre em outras disciplinas, tornando assim confusa a existência da Educação Física na escola. Surge aí uma reação que levou a inclusão da palavra “obrigatória” no texto da LDB que alterou o parágrafo 3º do artigo 26 da Lei nº 9.394 para o seguinte:

A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos (BRASIL, 2001 apud BETTI et al., 2005).

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Entende-se assim que a Educação Física na escola é de fundamental importância, sendo facultativa sim em alguns casos, mas a mesma contribui de maneira geral para o desenvolvimento global do educando.

1.3 EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

A Educação Física na educação especial dentro das escolas das APAEs vem sendo fundamentada pela Proposta Orientadora das Ações, elaborada pela Federação Nacional das APAEs, que apresenta a justificativa da proposta da Educação Física, os seus objetivos, os conteúdos, os eixos e estruturação da Proposta de Educação Física, Desporto e Lazer, sendo dividida em dois segmentos:

a) Educação Física Escolar como componente curricular norteado pela LDB nº 9.394/96, integrada à Proposta Pedagógica das Escolas das APAEs; b) Educação Física, Desporto e Lazer desenvolvida pela necessidade da

prática de atividades físicas, esportivas e recreativas de forma a contribuir para a qualidade de vida das Pessoas Portadoras de Deficiência.

O objetivo da Educação Física é desenvolver, promover e estimular hábitos saudáveis, através da prática de atividades físicas, que busquem melhor a qualidade de vida, dentre estas atividades pode-se destacar as caminhadas, hidroginástica, prática de lutas (capoeira, judô), já no que se refere ao lazer as atividades são de cunho recreativo, como gincanas, jogos recreativos, passeios. Quanto ao treinamento desportivo, visão a iniciação de treinamento de atletas para competições (Olimpíada das APAEs).

Com a introdução da Educação Física no currículo das escolas das APAEs, isto ocorreu por volta de 1968, buscava-se tornar o espaço escolar um lugar mais alegre que possibilitasse aos alunos uma interação social, é a partir daí que são introduzidas as práticas esportivas nas APAEs, com isto nascem também as Olimpíadas das APAEs.

Deste modo, muitos conceitos passam a serem revistos dentro da Educação Física, buscando um processo que desenvolva de forma integral o aluno, respeitando suas limitações e estimulando o desenvolvimento de suas potencialidades.

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Conforme Rosadas (1994 apud FENAPAEs, 2001) “o objetivo da Educação Física, enquanto processo educacional, não é a simples aquisição de habilidades, mas sim contribuir para o desenvolvimento das potencialidades humanas [...]”.

Dentro do contexto escolar das APAEs a Educação Física deve buscar desenvolver o corpo e o movimento, usufruindo-se da ludicidade como meio educacional indissociável tanto na Educação Infantil como no Ensino Fundamental e Médio, conforme estruturação curricular da escola.

Os conteúdos relacionados podem ser assim definidos:

Os conteúdos da Educação Física nas Escolas das APAEs podem ser organizados em três blocos: Conhecimento Corporal – Esporte, Jogos e Ginásticas – Atividades Rítmicas e Expressivas, que deverão ser distribuídas e desenvolvidas de acordo com o projeto pedagógico, as especificidades e as características dos educandos de cada escola e de cada região (FENAPAEs, 2001, p. 48).

Sendo assim, as aulas devem buscar o prazer do aluno e a satisfação do mesmo durante a realização das atividades propostas, trabalhando de uma forma lúdica e recreativa, que além de fazer o aluno se prender à atividade proporciona o desenvolvimento dos conhecimentos desejados.

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2 PRIMEIROS PASSOS DA DANÇA

Acredita-se que a dança tenha seu surgimento de maneira cronológica, tendo início no período Paleolítico Inferior de 1.000.000 a.C., estendendo-se até o período Neolítico (UGOLOTTI apud BACH, 2003).

Dentro de todo esse processo de surgimento e de transformação da dança ela veio evoluindo de várias formas, passando por diferentes maneiras de execução, em grupos, individuais, com contato e sem contato, com pares mistos, com galanteio, dentre outras características que se fizeram presentes. Também foi utilizada em seu início para pedir favores aos deuses, para agradecê-los, para demonstrar os sentimentos de fé ou demonstrar acontecimentos sociais. Para os guerreiros, a dança foi usada para proporcionar destreza para a guerra ou caça. Através da dança o homem buscava a saúde e dirigir-se aos seres sobrenaturais.

Quanto ao nascimento da dança, Caminada (apud BACH, 2003) afirma que:

A dança nasceu da necessidade de expressar uma emoção, de uma plenitude particular do ser, de uma exuberância instintiva, de um apelo misterioso, que atinge o próprio mundo animal. Sim porque também nos macacos aparece a dança, embora, só com os homens, ela se eleve a categoria arte, em função mesmo e sua consciência.

Nesta época as primeiras danças foram realizadas por povos nômades, que se alimentavam do que encontravam no caminho, e sua habitação eram as cavernas naturais que protegiam e serviam de abrigo durante a noite. Hoje não seria possível reproduzir estas danças, pois não encontramos mais povos nômades como naquela época, apenas os ciganos, mas os mesmos não possuem uma dança essencialmente própria, pois vão se apropriando da cultura dos povos por onde passam.

A dança foi evoluindo e as antigas culturas foram contribuindo e evoluindo juntamente com a dança. Na Índia há registros de dançarinas sagradas que dançavam por devoção aos deuses [...]; na China a dança tinha o objetivo de ensinar o espectador a admirar o bom e belo [...]; no Japão a dança era tida como um vínculo entre os homens e os deuses, era utilizada para expressar os mandamentos dos deuses [...]; no Egito a dança era executada pelas classes inferiores destinadas a fazerem espetáculos para os nobres em suas residências [...]; as danças hebraicas primeiramente eram só as pessoas de alto nível que dançavam e logo em seguida estes perderam o interesse, deixando essa demonstração de agradecimento para as classes mais inferiores [...]; a dança também teve outras passagens marcantes pela Grécia, Roma, Bizâncio, Idade Média, Renascimento

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chegando ao reinado de Luís XIV. Durante o reinado de Luís XIV, os dançarinos das danças de salão estavam desanimados com a monotonia, e então surgem os bailes de máscaras, que foram um sucesso possibilitando este espetáculo para todas as classes (OSSONA, 1988).

A cada evolução a dança necessitou ser repensada, quando saiu de religiosa e também se tornou profana (SIQUEIRA, 2006), ela precisou ser revista e reformulada, e isto ocorreu em vários outros momentos da história da dança.

O ser humano foi conquistado de corpo e alma pela dança, pois através dela qualquer sentimento pode ser expresso, demonstramos o que sentimos através de movimentos e gestos. Para darmos sentido a esta expressão surge a necessidade de incluirmos um ritmo aos nossos movimentos e gestos, o ritmo que dá forma e sentido para a dança, formando assim um ciclo onde a dança foi sendo introduzida e praticada por homens, mulheres, adolescentes e crianças.

A dança é cultuada, aprendida e vai sendo passada de geração para geração. Tornou-se uma manifestação universal muito importante nas relações entre as pessoas, por criar vínculos, aproximar e expressar através de movimentos corporais o que as pessoas sentem.

2.1 A DANÇA NO PROCESSO EDUCATIVO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Conforme os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais Brasileiros) para a Educação Física, a mesma deve abranger vários conhecimentos que referem-se à cultura corporal de movimento, que são atividades rítmicas e expressivas, a ginástica, lutas, esportes e jogos. A dança no processo educativo na APAE vem sendo baseada na Proposta Orientadora das Ações, elaborada pela Federação Nacional das APAEs, que traz a dança dentro das múltiplas ações que a Educação Física deve desenvolver na escola, que está relacionada nas atividades rítmicas e expressivas.

É necessário ressaltar as palavras de Pereira et al. (2001 apud GARIBA, 2007) que nos coloca:

[…] a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres [...]. Verifica-se assim, as infinitas

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possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade.

A partir dessas palavras podemos entender um pouco mais do que o aluno estará a vivenciar dentro das aulas de Educação Física, no trabalho com a dança escolar, levando em consideração os conhecimentos que os alunos trazem com eles, a sua bagagem cultural.

A dança está presente dentro da cultura humana desde seu início, integrando-se de uma forma geral a esta cultura, sendo sempre vista como algo bom para a vida humana e como uma atividade que está sempre ligada à natureza do homem. Quando introduzida no contexto escolar da educação especial a mesma deve buscar o desenvolvimento corporal, cognitivo, afetivo, de maneira a desenvolver estes alunos de forma global, buscando interagir com os conhecimentos formais da escola e as habilidades que cada aluno possui.

Dentro do contexto da escola especial a necessidade de se movimentar, de explorar novas possibilidades para os seus corpos é de fundamental importância para os alunos especiais, auxiliando assim na aquisição de alguns conceitos e no desenvolvimento da capacidade de criação, expressão, estimulando os alunos a se comunicarem, sentirem o mundo e serem sentidos por este mundo.

Na escola de educação especial a dança pode ser um caminho para transformar uma realidade que muitas vezes vem carregada de marcas negativas, onde estas crianças são excluídas e mal interpretadas, pois possuem ao mesmo tempo uma inocência muito grande que surpreende as pessoas e uma agressividade incontida decorrente das marcas deixadas pela influência social.

Quando desenvolvida na educação especial a mesma permite um desenvolvimento de vários aspectos, melhorando a confiança em si mesmo e nos colegas, melhoras na postura, ampliando o dicionário de movimentos, a coordenação e a noção de tempo e espaço, possibilita uma evolução da capacidade de comunicação, tornando o aluno mais expressivo e sociável, traz benefícios para a saúde e também compensa muitas vezes a falta de movimentação destas crianças.

Conforme Bertoldi (2004 apud FREITAS, 2006):

[...] é fundamental que a criança tenha a oportunidade de desenvolver alguns aspectos psicomotores, como por exemplo, o esquema e a percepção corporal, fatores da qualidade do movimento como o fluxo, o peso, o espaço e o tempo além do aprendizado do relacionamento das

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diferentes partes do corpo entre si, entre o corpo e diferentes objetos e entre o corpo e outras pessoas.

Também na escola a dança assume um papel de desenvolver e estimular a criação de expressões corporais e sociais dos alunos, que se desenvolvem através de diferentes experiências, partindo de trabalhos de livre e espontânea expressão para uma interpretação formal, trabalhando juntamente a mímica, a teatralidade, improvisação, jogos de comunicação dentre outras aprendizagens que são importantes dentro do processo de dança na escola.

O que fica visível quando se trata da dança na escola é que apesar da dança estar situada desde 1971 como uma unidade da disciplina de Educação Física, ela continua sem receber o seu devido reconhecimento (BRASILEIRO, 2003), os trabalhos desenvolvidos na maioria das escolas estão voltados somente às datas comemorativas, início e término de ano letivo, dias das mães, dias dos pais, dentre outras datas.

Brasileiro (2003, p. 47) nos destaca o que já foi comentado anteriormente:

Em respostas obtidas do questionário, evidenciaram que nenhum dos que retornaram esse instrumento de coleta trata o conteúdo “dança” nas aulas de Educação Física e apenas um indica recorrer à dança em festivais e datas comemorativas.

Quando nos deparamos com o contexto escolar e a dança, fica visível que não temos uma boa estrutura para desenvolver este conteúdo, pois imaginamos que para se trabalhar com a dança precisamos de uma sala ampla cheia de espelhos, mas quando trabalhamos com os esportes e encontramos quadras sem condições de uso não abandonamos este conteúdo, o desenvolvemos no pátio, na grama, até mesmo no campinho de terra, encontramos uma maneira de trabalhar com ele.

Com a dança também pode ser assim, o que é fundamental para se realizar uma boa aula de dança: é necessário um som, um bom professor, um bom plano de aula e, além disso, qualquer espaço é espaço para se trabalhar com a dança, seja dentro de uma sala de aula simples, um salão de eventos, um anfiteatro, uma quadra, há várias possibilidades de lugares.

Na escola, a dança não deve competir com as academias voltadas para a formação de dançarinos, mas sim deve levar o aluno a conhecer e desenvolver o seu corpo e a cultura nacional, aprender a ser cooperativo, crítico, socializar,

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aprender a fazer movimentos e pensar em termos de movimento (SCARPATO, 2004), contribuindo assim para a formação social deste educando, possibilitando a transformação dos sujeitos, fazendo um ser capaz de formular sua própria opinião e suas ideias, auxiliando não somente no desenvolvimento motor deste aluno, mas também intelectual.

A dança dentro das aulas de Educação Física surge com o desejo de transformar o educando num sujeito capaz de ver, sentir e conhecer o seu próprio corpo e o que ele pode desenvolver através dele e a partir de movimentos, também desenvolvendo a criatividade, a autonomia e a autoconfiança.

Neste contexto, a dança escolar trabalha sensibilizando e conscientizando os alunos sobre sua postura, atitudes, gestos e ações quando está convivendo em sociedade, mostrando para o aluno que durante a sua vida ele tem que estar aberto para receber o novo e aprender com ele.

Para o professor de dança não basta saber dançar é preciso ter conhecimentos históricos sobre a dança, saberes pedagógicos, saberes didáticos e uma gama de conhecimentos sobre como ensinar, buscando qual a melhor maneira de construir estes conhecimentos com os alunos, preocupando-se e refletindo sobre o que ensinar e porque ensinar e, principalmente, de que maneira ensinar.

O professor na perspectiva da dança escolar não pode ser alguém que vai impor técnicas e conceitos, mas sim trabalhar como um mediador, alguém que vai orientando o trabalho dos alunos, trabalhando para através da curiosidade do aluno, estimulando-o para que busque os conhecimentos, para que ele mesmo descubra suas habilidades. Podendo assim o aluno descobrir o sentido do ser, não só fisicamente, mas psicologicamente.

De acordo com Scarpato (2004, p. 71) os conteúdos da aula podem ser trabalhados com temas que busquem desenvolver e contribuir para:

- a consciência corporal;

- expansão do vocabulário de movimentos;

- a compreensão do fator tempo, peso, espaço e influência do movimento; - a socialização e cooperação em grupos;

- a valorização da cultura;

- a observação de alguns estilos de dança e partir para a alteração criativa dos movimentos.

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A grande maioria dos alunos apresenta hoje grandes dificuldades nestas áreas de conhecimento corporal, quando se fala em vocabulário de movimentos na dança estamos nos referindo ao tempo, espaço, peso e qualidade deste movimento, estas dificuldades se percebem até em outras atividades, por exemplo, no voleibol quando o aluno não consegue perceber o tempo e o espaço para sacar a bola ou até mesmo para realizar uma recepção.

Fica evidente assim, que seria de fundamental importância que a dança estivesse presente dentro do contexto escolar desde os anos iniciais até os anos finais da escolarização, porque para se desenvolver um bom trabalho é necessário dar uma continuidade e certa permanência dentro de um determinado enfoque de estudo teórico/prática, assim como acontece com os esportes, o aluno vem desenvolvendo-se aos poucos, por etapas, e com a dança também pode se trabalhar da mesma forma.

Garaudy (1980 apud SCARPATO, 2004) coloca uma citação do coreógrafo Maurice Bert:

Dançar é tão importante para uma criança quanto falar, contar ou aprender geografia. É essencial para a criança, que nasce dançando, não desaprender essa linguagem pela influência de uma educação repressiva e frustrante [...].

O desafio agora é de buscarmos e mantermos estes alunos dançantes dentro do espaço escolar ao invés de podarmos ela como está sendo feito hoje, vamos sim dar mais espaço para suas criações e chances para que ela aumente ainda mais o seu conhecimento.

2.2 DANÇAS FOLCLÓRICAS NO BRASIL

O Brasil é um país que sofreu uma grande miscigenação cultural, isto é, um dos grandes fatores que nos fazem ter esta grande variedade de danças dentro do país, pois ele foi sendo colonizado aos poucos por diferentes povos, que trouxeram consigo as suas características culturais e foram introduzindo-as no povo que aqui vivia. Por isso, hoje dentro de cada Estado é possível encontrar uma manifestação da cultura através da dança, encontramos assim, talvez o maior meio de expressão da cultura do nosso país.

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Para Arthur Ramos, os sudaneses puros e os negros-maometanos muito influíram nos aspectos religiosos (incluindo as danças rituais, da formação do povo brasileiro). Já os bantos tiveram grande influência nas danças profanas. Foram eles que trouxeram o batuque angola-cangoense. Do batuque (palavra que vem do bater, fazendo marcação com as palmas e sapateados, realizados pelos dançarinos nos terreiros das senzalas e instrumentos de percussão) várias danças como samba, capoeira, trevo e outros (NANNI, 1995, p. 77).

Durante os primeiros anos de colonização, mais aproximadamente os duzentos primeiros só se ouvia os cantos dos índios e suas danças rituais, aos poucos os colonizadores foram introduzindo instrumentos de sopro, bate-pés, os batuques dos africanos, etc. (NANNI, 1995).

Através da dança podemos possibilitar para os educandos um conhecimento amplo da cultura do nosso país, não trabalhando somente a cultura local, mas buscando ampliar estes conhecimentos, para pelos menos uma vivência de outra cultura mais distante que também tem sua relevância na formação dos conhecimentos para os educandos, isto tudo pode ser trabalhado de uma forma interdisciplinar, buscando um trabalho em conjunto com as disciplinas de História, Geografia e Artes, dentre outras, para desenvolver um conhecimento sobre os Estados que serão trabalhados.

Segundo Ferreira (2005) a dança na escola pode contribuir para que os educandos adotem atitudes de valorização e apreciação das manifestações expressivas e culturais brasileiras.

O educando que participa de grupos ou de aulas de danças folclóricas aprende também a cooperar com os integrantes deste determinado grupo, a assumir responsabilidades, aprendendo também a ter consideração com os outros e valorizar as culturas mais diversas.

As danças folclóricas brasileiras possuem características regionais, dependendo da influência étnica que sofreram elas terão mais aspectos indígenas como nos Estados de Amazonas e Pará; africanos como na Bahia, Minas e Rio; ou europeus como nos Estados do Sul do país (NANNI, 1995).

O educando que se envolve com a dança de uma maneira geral, não somente as danças folclóricas, desenvolve seu senso de ritmo, relação com espaço e tempo, desenvolve suas habilidades motoras, força, agilidade, equilíbrio e resistência. As danças folclóricas exigem muito mais dos alunos que simplesmente um trabalho muscular, acaba fazendo com que o aluno se envolva de corpo e alma

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pela dança, fazendo com que o mesmo adote certos padrões e que ocorra uma mudança de atitudes.

Tudo o que se aprende com a dança pode e deve ser inserido na vida do educando, quando se dança se busca uma valorização, um respeito pelo que se faz, com a dança aprendemos a valorizar o esforço de todo o grupo, não somente favorecendo um par ou uma pessoa do grupo.

Dentro deste universo da dança inserida no contexto escolar é um desafio encontrarmos um caminho que podemos seguir, mas dentro das danças folclóricas há uma grande variedade que podemos desenvolver na escola, pode-se destacar a cultura do Rio Grande do Sul que traz consigo várias danças, tanto de salão como vaneira, vaneirão, bugio, rancheira, dentre outras, como as danças tradicionais pezinho, maçanico, balaio, caranguejo. Trazendo dentro deste contexto da dança outros conteúdos como lendas, contos, culinárias e costumes.

2.3 RESGATE HISTÓRICO: DANÇAS FOLCLÓRICAS GAÚCHAS

No Brasil, os seus Estados possuem várias danças folclóricas que representam os costumes, a cultura e a identidade de um povo, os seus hábitos e muitos outros elementos de cada cultura social, mostrando a imensa riqueza cultural do país.

Carlos Vegas, musicólogo argentino (apud CORTES; LESSA, 1961, p. 2) sintetiza o processo de formação das danças populares:

Nada mais universal que o folclórico; nada mais regional que o folclórico. São universais os elementos; são regionais as combinações. Pois o que confere fisionomia regional não é tanto a matéria original como o produto de suas especiais e singulares maneiras de superposição e mescla.

As danças populares foram surgindo e ditando moda, ganhando o gosto das camadas mais altas da sociedade do Rio Grande do Sul, eram dançadas nas capitais, nas cidades, nas vilas, espalhando-se pelo Rio Grande inteiro e ganhando um espaço imenso. Só que ao contrário das músicas populares que sempre foram individualizadas, a dança sempre foi coletiva, acredita-se que na música prepondera a criação direta, já na dança a força-criadora mais forte está na sociedade (CORTES; LESSA, 1961).

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No Brasil, uma das grandes influências nas danças foi a Espanha, que traz seus traços também presentes nas danças gaúchas, isso não quer dizer que foi a única, outras também como Portugal, França foram grandes divulgadoras da dança pelo mundo.

No Rio Grande do Sul, a mais antiga representação das danças é o velho fandango. Conforme Cortes e Lessa (1961, p. 3) chamou-se “Fandango”, no antigo Rio Grande, a uma série de cantigas entremeadas de sapateios. Nesses fandangos as cantigas e músicas eram essencialmente mestiças do Brasil, já os sapateios vieram como característica da antiga Espanha.

Jacques (apud CORTES; LESSA, 1961, p. 3) faz a seguinte fala sobre o fandango:

Entre as altas classes, o fandango, que até pelos anos de 1839 e 1840 ainda era muito usado, foi sendo substituído pelas danças vinda da Europa, como ril, a gavota, o sorongo, o montenegro, a valsa, e mais tarde as polcas, os chotes, as contradanças, as mazurcas, e finalmente as lindas havaneiras, expressão musical do langer e dos requebros.

O fandango que veio sendo aclamado durante um longo período entra em decadência com a chegada de novas danças vindas da Europa, e assim como outras áreas, as danças estão ligadas aos conceitos da moda, somente é bem visto o que está sendo executado nos salões mais nobres.

As danças folclóricas do Rio Grande do Sul são verdadeiras expressões da alma do gaúcho, da sua essência, trazem vivo o respeito pela prenda e pelas tradições, trabalhando sempre com a teatralidade dos gaúchos, mas sem torná-los em fantoches dentro do contexto da dança.

Ao comentar as danças folclóricas, Cortes e Lessa (1961, p. 4) ressaltam que:

Donde as danças gaúchas surgiram é problema secundário, repetimos mais uma vez. O que interessa é sabermos que elas realmente animaram as festas do Rio Grande tradicional, e representaram um incentivo de alegria aqueles intrépidos peleadores de outrora, forjados da grandeza histórica de nosso rincão.

É possível entender a partir desta colocação que as danças gaúchas são do Sul, não porque surgiram no Rio Grande, mas porque o gaúcho as recebeu donde quer que se origine e deu forma, música, colorido e alma nativista (CORTES;

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LESSA, 1961). São cultivadas e muito valorizadas com uma grande intensidade pelo povo, tendo um destaque maior dentro dos Centros de Tradição Gaúcha (CTGs), nestes centros são realizadas diversas atividades relacionadas à cultura deste Estado como as danças, tiro de laço, gastronomia dentre outras.

No Rio Grande do Sul, assim como em outros Estados e países se tem um estilo típico de dançar, caracterizando como um dos aspectos do folclore, o povo gaúcho construiu ao longo de sua história e trajetória uma gama de ritmos musicais e danças que adquiriram a condição de tradicional dentro da cultura do gaúcho.

As danças se dividem em danças gaúchas de salão e danças tradicionais gaúchas ou folclóricas. As que são executadas em bailes nos CTGs, festas, eventos e comemorações são as danças de salão, onde podemos destacar vários ritmos, que são bem diferentes das outras regiões do país, o Bugio que é um ritmo autenticamente gaúcho, nasceu no Sul e sua execução é feita a partir da imitação do modo de andar dos primatas das matas do Sul, que se deslocam com pequenos saltos (SAVARIS, 2005).

A milonga rica em formas de execução, mas que no Sul se limita a milonga tangueada, milonga vaneirada e milonga rio-grandense, cada casal dança a que melhor se adaptar e que mais lhe agradar. Dentre vários outros ritmos como valsa, xote, vaneira, marcha, rancheira, chamamé que é uma dança de origem guarani, um dos ritmos mais apreciados pelos gaúchos, tanto para se dançar como para se ouvir, ritmo muito agradável, com uma suavidade nas melodias.

Já as danças tradicionais gaúchas que vem sendo estudadas desde 1948, por vários pesquisadores, têm outras características próprias, são dançadas em grupos, que nos CTGs recebem o nome de invernada artística, onde os alunos são divididos pelas idades formando diversas categorias. Nos centros de tradição se dança não somente com o objetivo de manter viva a dança e a cultura, mas também de participar de eventos e competições em torno das danças tradicionais gaúchas como no caso do Encontro de Arte e Tradição (ENART) que é o maior festival de arte amadora da América Latina segundo a UNESCO, é realizado anualmente em três etapas, as regionais, as interregionais e a final. Evento promovido pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) órgão que se dedica à preservação, resgate e desenvolvimento da cultura gaúcha.

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No passar dos anos algumas danças tradicionais foram caindo em desuso, hoje são vinte e cinco danças que estão descritas no Manual das Danças Tradicionais Gaúchas que foi publicado melo MTG, podemos citar algumas delas: o anu, balaio, caranguejo, chico sapateado, chimarrita balão, pezinho, maçanico, havaneira marcada, meia canha (polca de relação), dentre várias outras. Algumas nem precisamos parar para pensar e logo já nos vem sua música e a sequência de passos pela mente, como se fosse um filme, algumas nunca vimos e nem ouvimos falar, repletas de beleza e de uma grande magnitude coreográfica as danças tradicionais são muito bem recebidas por crianças, jovens e adultos dentro dos centros de tradição gaúcha e em qualquer outro lugar onde são desenvolvidas.

2.4 AS DANÇAS FOLCLÓRICAS GAÚCHAS: UMA POSSIBILIDADE DE ENSINO E APRENDIZAGEM

O ensino das danças tradicionais gaúchas dentro da escola tem por objetivo buscar o desenvolvimento integral, incentiva a criança a ter domínio do seu corpo e dos seus movimentos, além de possibilitar todo um resgate histórico passando pelo passado, vivenciando o conhecimento, reconstruindo valores e resgatando a cultura.

Com base em conhecimentos obtidas no material disponibilizado pelo Governo do Estado, Referencial Curricular: Lições do Rio Grande, onde encontramos algumas competências e habilidades a serem desenvolvidas, conteúdos e sugestões de algumas estratégias possíveis para cada nível de ensino, encontramos a dança nos conteúdos referentes a Artes, mas não esquecendo que este conteúdo está relacionado à Educação Física também.

Quando nos colocam nas Lições do Rio Grande que os alunos devem conhecer a dança em contextos culturais e históricos variados, fica evidente que isto serve para as danças folclóricas.

Com base nas lições do Rio Grande temos vários caminhos a seguir no trabalho com a dança que serve não somente para as danças tradicionais gaúchas, mas também para qualquer tipo de dança. Estimular os alunos a buscar suas origens culturais num momento em que a sociedade não se preocupa em preservar esta cultura com certeza não é uma missão fácil, mas pode ser um desafio interessante, partindo da perspectiva de buscar conhecer a dança dentro do Brasil, passando um pouco por cada Estado, chegando à cultura local, não com a mesma

(32)

visão que os alunos encontram a dança dentro dos CTGs, onde são exigidos e cobrados ao máximo, mas sim com o intuito de possibilitar um novo conhecimento e acima de tudo um conhecimento sobre seu corpo e suas possibilidades.

A dança auxilia na formação da personalidade, se partirmos do contexto da própria cultura do gaúcho por mais “grosso” que ele fosse, na antiga literatura não há registro de que algum gaúcho maltratou uma mulher, sendo o respeito de fundamental importância nas relações humanas e nas danças tradicionais. Esta relação fica evidente entre os pares enquanto os meninos sapateiam e meninas sarandeiam com toda a sua graciosidade e delicadeza, nos deixa claro que há um enorme respeito por cada um.

A dança é um agente transformador, mas se for utilizado de forma correta, buscando a integração e o aprendizado como um todo, no trabalho com as danças tradicionais ou com qualquer outra forma de danças vamos encontrar dificuldades, alunos com grandes problemas no desenvolvimento das habilidades motoras, de coordenação, de flexibilidade, mas a dança é um grande aliado para buscar uma solução ou pelo menos amenizar estes problemas, o que não pode ocorrer é uma discriminação das crianças, pois cada qual ao seu tempo se desenvolverá e irá aprender, com mais dificuldade, mas irá aprender.

As danças tradicionais são ricas em detalhes, são estes detalhes que a deixam mais bela, mas num trabalho inicial, num primeiro momento não devemos buscar a perfeição, e sim com o intuito de trabalhar a dança e o desenvolvimento e não a melhor execução é preciso que as crianças e os jovens dancem sem se preocupar com os pés, se eles estão no ritmo ou não, o que precisam sentir é a magia e o encantamento de parecer estar flutuando, enquanto enlaçados dançam pela sala.

No trabalho com as danças tradicionais nosso maior objetivo deve ser a integração entre os alunos, a troca de conhecimentos entre eles e o resgate cultural, buscando realizar pesquisa acerca das danças gaúchas, buscar vídeos, promover visitas aos centros de tradições gaúchas, palestras com integrantes destes centros, buscando com o aluno, além de aprender e desenvolver o gosto pela dança adquirir outros conhecimentos sobre esta cultura.

(33)

32

3 CAMINHOS DA PESQUISA

3.1 TIPO DE PESQUISA

Considerando os objetivos, a pesquisa configura-se como qualitativa e descritiva e apoia-se na unidade didática danças folclóricas gaúchas onde se apresenta as atividades ordenadas e organizadas visando alcançar os objetivos proposto. A unidade foi desenvolvida com os alunos da oficina 01 e 02, do turno da manhã, na Escola de Educação Especial Recanto da Alegria, do município de Tenente Portela – RS1

.

Em relação ao delineamento da pesquisa, com base no procedimento utilizado para a coleta de dados, esta pesquisa ocorre na forma de pesquisa-ação. A pesquisa-ação, segundo a definição de Thiollent (1985 apud GIL, 2007, p. 55) é:

[...] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos do modo cooperativo ou participativo.

3.2 POPULAÇÃO

Para desenvolver a unidade didática de danças folclóricas gaúchas na escola de educação especial foi escolhida a turma das oficinas 01 e 02, formada por alunos de ambos os sexos, que frequentam a escola no turno da manhã. Sendo que alguns estão incluídos, e outros já estiveram, mas por não se adaptarem a realidade da escola regular acabaram ficando só com o atendimento e os ensinamentos que recebem na Escola de Educação Especial Recanto da Alegria.

A turma é formada por dez meninos e cinco meninas, com idades variadas entre 17 e 48 anos. Estes alunos apresentam diferentes síndromes e diagnósticos conforme será descrito abaixo, através de CID, que resultam da avaliação de médico neurologista.

1

No município de Tenente Portela os primeiros registros de exploração das terras aconteceu no ano de 1911. Tenente Portela, foi fundado por famílias oriundas de outras cidades, e por duas tribos indígenas Kaingangs e Guarani, atualmente moradores do Toldo Indígena do Guarita, sob jurisdição da Fundação Nacional do Índio. Economia baseada na agricultura, população por volta de 13.719.

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Três alunos, dois meninos e uma menina possuem em suas fichas o diagnóstico conforme exames neurológicos CID10-Q90 Síndrome de Down, os meninos são alunos muito ativos e participativos nas aulas, são extremamente carinhosos e atenciosos com professores e colegas, a menina já é mais calada e quieta, mas participa ativamente nas aulas.

Seis alunos, dois meninos e quatro meninas, que possuem em suas fichas diagnósticos conforme exames neurológicos CID10-F71 retardo mental moderado. Todos os alunos deste enquadramento são muito ativos, sendo bem participativos, possuem bom relacionamento com os colegas e trabalham de forma harmoniosa com o grupo, não apresentam dificuldades em entender e compreender as explicações.

Quatro alunos, todos são meninos, possuem em sua ficha o diagnóstico através de exames neurológicos CID10-F72 retardo mental grave, são alunos participativos e bem dispostos. Destacando um aluno que apresenta um comportamento mais agressivo, complicado de lidar, estando muitas vezes abalado emocionalmente, sempre com a cara fechada, tem sido o mais difícil de se relacionar no contexto geral da escola.

Um aluno tem em seu diagnóstico através de exame neurológico CID10-F79 retardo mental não especificado, apresenta-se um aluno bem calmo, participativo, integrado com os colegas e professores, foi estudante da escola regular e se formou no Ensino Médio.

Para o desenvolvimento da pesquisa a unidade didática foi desenvolvida a partir de 16 aulas, sendo realizadas duas aulas juntas, totalizando 1 h 30 min de aula a cada encontro. As aulas foram ministradas pela pesquisadora, com objetivo de desenvolver as danças folclóricas gaúchas, destacando as danças do pezinho, do caranguejo, do xote inglês e do sarrabalho.

3.3 PROCEDIMENTOS

No primeiro momento foi feito contato com a direção da Escola de Educação Especial Recanto da Alegria para expor a pesquisa e o que a mesma pretendia estudar e solicitar a permissão para o desenvolvimento da pesquisa, a qual a pesquisadora integra o grupo de profissionais, atuando como professora de Educação Física desde o início de agosto de 2013. Após a autorização da diretora e

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da coordenadora pedagógica se deu início o processo de escolha das turmas e conversa com a professora regente da turma das oficinas 01 e 02, sobre a pesquisa e seu desenvolvimento.

O ponto de partida do trabalho foi com a observação de uma aula em sala de aula da referida turma para observar o comportamento dos alunos dentro da sala e com a professora regente da turma. Após foi dado início a elaboração da unidade didática das danças folclóricas gaúchas, que foram ministradas pela pesquisadora tendo sempre o acompanhamento da professora regente da turma.

Salienta-se ainda que, esta pesquisa preservou algumas informações pessoais dos sujeitos envolvidos, devido questões éticas que regem toda e qualquer pesquisa e seu desenvolvimento.

3.4 COLETA DE DADOS E INSTRUMENTOS

Para alcançar os objetivos da pesquisa, a coleta de dados ocorreu por meio de uma pesquisa-ação e diário de campo.

A pesquisa foi desenvolvida diretamente pela pesquisadora, onde a mesma pode desenvolver e observar as atividades correspondentes à unidade didática, onde os maiores interesses foram os de perceber quais são os momentos e modos que se evidencia a absorção dos conhecimentos vivenciados durante a unidade didática pelos alunos, o que foi concretizado através do desenvolvimento da unidade didática de danças folclóricas nas aulas de Educação Física na escola de educação especial.

Conforme a unidade didática foi sendo desenvolvida, durante o decorrer das aulas, foi sendo realizado um diário de campo, onde se registrava os acontecimentos mais importantes da aula, este instrumento corresponde a relatórios feitos após as aulas e registros fotográficos, que se fez necessário para a posterior análise e discussão dos dados coletados referentes ao problema de pesquisa.

3.5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Nesta parte do texto serão apresentados e discutidos os dados produzidos na pesquisa. Primeiramente apresentando o cronograma de planejamento da unidade didática, em seguida os resultados da prática docente através de dois

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pontos de vista: do olhar da professora para com alunos e do olhar da professora com o percurso de ensino e aprendizagem escolhido.

3.5.1 Unidade Didática

A unidade didática que tem como tema central o desenvolvimento das danças folclóricas gaúchas na educação especial apresenta como subtemas que deverão ser desenvolvidos junto com a vivência das danças aqui propostas, a coordenação motora visando permitir as crianças dominar o corpo no espaço, controlando os seus movimentos e utilizando-os de maneira expressiva, no contexto da vida; o ritmo visando desenvolver a percepção do ritmo individual e de grupo e criações com momentos de socialização que visam despertar os sentidos de cooperação, solidariedade, comunicação, entrosamento, fortalecendo a inclusão social destes alunos na comunidade.

A unidade foi desenvolvida conforme cronograma abaixo:

Aulas Subtemas Atividades

01 e 02 - Danças folclóricas. - Coordenação. - Ritmo. - Expressão corporal. - Socialização. - Problematização sobre o tema dança.

- Amostra da cultura do Rio Grande do Sul.

- Costume, culinária, dança e artes. - Expressão corporal (estátua, atenção/concentração, atividade rítmica). - Danças folclóricas: pezinho e caranguejo. 03 e 04 - Danças folclóricas. - Apresentar a indumentária

dos peões e prendas. - Apresentação de um

vídeo das danças folclóricas.

- Dança: pezinho,

caranguejo e xote inglês. 05 e 06 - Ritmo.

- Danças folclóricas.

- Dança com jornais. - Dança: caranguejo,

pezinho, xote inglês e sarrabalho.

(37)

Aulas Subtemas Atividades 07 e 08 - Danças folclóricas. - Expressão corporal. - Espelho. - Mostrar as danças folclóricas de salão, imagens, músicas, diferentes ritmos. Possibilitar a vivência. - Dinâmica da dança da vassoura e da boneca. - Construção da coreografia

com a música do Xote Antigo. 09 e 10 - Danças folclóricas. - Socialização. - Participação no acampamento farroupilha. - Apresentação. - Brincadeiras folclóricas. - Cinco marias. - Futebol de bombacha. 11 e 12 - Danças folclóricas. - Coordenação. - Ritmo. - Expressão corporal.

- Expressão com imagens. - Atividades rítmicas. - Danças folclóricas. 13 e 14 - Danças folclóricas. - Coordenação. - Ritmo. - Expressão corporal. - Dança da cadeira. - Dança da cadeira cooperativa. - Danças folclóricas. - Ajoelha e chora. 15 e 16 - Danças folclóricas. - Coordenação. - Ritmo. - Expressão corporal.

- Dança com balões. - Danças folclóricas. - Ajoelha e chora.

3.5.2 Categorias de Análise

No decorrer da pesquisa criou-se categorias de análise, na intencionalidade de melhor aproveitar os dados que tive acesso durante o desenvolvimento das aulas. Seguem-se as categorias e as reflexões provenientes desta.

3.5.2.1 Do Olhar da Professora para com os Alunos

Conhecimentos construídos: retenção do conhecimento, aplicação do conhecimento.

(38)

A dança presente nas aulas de Educação Física vem para os alunos como um momento onde se possibilita diferentes vivências expressivas, descobertas de movimento, um momento de resgate cultural e social.

Conforme Laban (1990 apud SANTOS; FIGUEIREDO, 2003) “a dança tem por objetivo ajudar o ser humano a achar uma relação corporal com a totalidade da existência”. Entendemos assim que a dança na escola deve proporcionar aos alunos momentos de descoberta, não buscando a perfeição e a melhor execução dos movimentos, mas sim que o aluno consiga se apropriar destes conhecimentos, de forma criativa e consiga utilizá-los em outros momentos.

Desta maneira, a dança folclórica aqui trabalhada com uma turma de alunos da escola de educação especial não busca destacar o melhor dentre todos os alunos e sim fazer com que todos descobrissem o seu melhor.

Os alunos com necessidades educativas especiais desta turma já tem uma idade um pouco mais avançada, em sua maioria foram introduzidos no meio escolar tarde, muitos não sabem diferenciar direita de esquerda nos membros superiores e inferiores, com a dança tentei explicar para eles esta questão de lateralidade, mas durante as danças se eles não conseguiam se localizar nesta questão não fiquei cobrando ou exigindo isto deles, por entender que a deficiência e o atraso no desenvolvimento de algumas habilidades torna esta tarefa um pouco mais difícil e também por entender que o processo de aprender se dá de muitas formas e ao seu tempo.

Percebe-se que para que ocorra o aprendizado do aluno com deficiência é necessário que ele esteja vivenciando um cotidiano escolar com atividades diversificadas, a dança proporciona uma nova visão de mundo para os alunos, possibilitando aos mesmos se perceberem no ambiente e perceber o ambiente com os outros, percebendo o seu corpo e os demais corpos presentes.

Os alunos que estão envolvidos nas aulas de Educação Física com a tematização de danças apresentam uma melhora no seu comportamento entre si, apresentando um progresso em seu desenvolvimento cognitivo e físico, o que pode ser notado não somente nas aulas de Educação Física que evidenciaram a referida tematização, mas nas mais diferentes atividades, pois através da dança conhecimentos como memorização, comunicação, tempo e espaço, agilidade, concentração e percepção são trabalhados. Conhecimentos estes que são utilizados nas demais atividades desenvolvidas pelos alunos na escola como pintura, trabalhos

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A dança em sua forma circular hoje é resgatada pelo movimento das Danças Circulares Sagradas, que traz consigo danças folclóricas, tradicionais e contemporâneas em