• Nenhum resultado encontrado

Espaços públicos humanizados e sustentáveis: cocriação e consolidação de um framework para cidades costeiras turísticas, sob a perspectiva do European Smart Cities Model

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Espaços públicos humanizados e sustentáveis: cocriação e consolidação de um framework para cidades costeiras turísticas, sob a perspectiva do European Smart Cities Model"

Copied!
875
0
0

Texto

(1)

Maria Emília Martins da Silva Garbuio

ESPAÇOS PÚBLICOS HUMANIZADOS E SUSTENTÁVEIS: COCRIAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DE UM FRAMEWORK PARA

CIDADES COSTEIRAS TURÍSTICAS, SOB A PERSPECTIVA DO EUROPEAN SMART CITIES MODEL

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do Grau de Doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Juan Soriano-Sierra Co-orientador: Prof. Dr. Eduardo Moreira da Costa

Florianópolis (SC) 2019

(2)

Garbuio, Maria Emília Martins da Silva

Espaços públicos humanizados e sustentáveis : cocriação e consolidação de um framework para cidades costeiras turísticas, sob a perspectiva do European Smart Cities Model / Maria Emília Martins da Silva Garbuio ; orientador, Eduardo Juan Soriano Sierra, coorientador, Eduardo Moreira da Costa, 2019.

875 p.

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa

Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Florianópolis, 2019.

Inclui referências.

1. Engenharia e Gestão do Conhecimento. 2. Cidades humanas, sustentáveis e inteligentes. 3. Espaços públicos. 4. Sustentabilidade. 5. Dignidade humana. I. Soriano Sierra, Eduardo Juan. II. Moreira da Costa, Eduardo. III. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. IV. Título.

Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

(3)

Maria Emília Martins da Silva Garbuio

ESPAÇOS PÚBLICOS HUMANIZADOS E SUSTENTÁVEIS: COCRIAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DE UM FRAMEWORK PARA

CIDADES COSTEIRAS TURÍSTICAS, SOB A PERSPECTIVA DO EUROPEAN SMART CITIES MODEL

Esta Tese foi julgada adequada para obtenção do grau de Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de

Santa Catarina.

Florianópolis (SC), 12 de março de 2019 _____________________________________

Profa. Gertrudes Aparecida Dandoline, Dra. Coordenadora do Curso

–––––––––––––––––––––––––––––––––––– Prof. Eduardo Juan Soriano Sierra, Dr.

Orientador – Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC ––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Prof. Cristiano Castro de Almeida Cunha, Dr.rel.pol. Avaliador – Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

–––––––––––––––––––––––––––––––––––– Prof. Francisco Pereira Fialho, Dr.

Avaliador – Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC ––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Profa.Isa de Oliveira Rocha, Dra.

Avaliadora – Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC –––––––––––––––––––––––––––––––––––

Prof. Francisco Javier Carrillo Gamboa

Avaliador– Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey – México (ITESM)

(4)
(5)

“A experiência vivida deriva do ensejo da consciência das pessoas sobre a imensidão dos sentidos”.

Autora da Tese “Uma verdadeira ciência da consciência ocupar-se-á mais com qualidades do que com quantidades, e basear-se-á mais na experiência compartilhada do que nas medições verificáveis. Os tipos de experiência que constituem os dados de tal ciência não podem ser quantificados ou analisados em seus elementos fundamentais, sendo sempre subjetivos, em graus variáveis”

Fritjof Capra “Não podemos ser autênticos se não formos corajosos. Não poderemos ser originais se não lançarmos mão do destemor. Não poderemos amar se não corrermos riscos. Não poderemos pesquisar ou perceber a realidade se não fizermos uso da ousadia”

(6)
(7)

A fantástica arte de viver é sonhar e, para alcançar nossos sonhos, somente com atitudes e hábitos de perseverança, disciplina, dedicação, foco, forca, fé e vontade. Contudo, sem o apoio de nossos queridos familiares e amigos, o sonho torna-se bem mais árduo. As pedras no caminho servem para levantarmos um castelo e não, para nos acomodar ou nos fazer recuar, por isso, a inteligência emocional e o constante treinamento da psique são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento do ser humano.

Aos meus pais José Carlos e Dionéia (in memorian), pela minha educação, formação e valores de vida ensinados, os quais possibilitaram-me esta conquista.

Ao meu esposo, Fernando Garbuio, referência de amigo e companheiro no decorrer do processo, pelo apoio, amor, cuidado, carinho e confiança.

À Deus, por se fazer presença fiel em minha vida, e jamais permitir que eu desistisse dos meus sonhos.

(8)
(9)

AGRADECIMENTOS

Ouso aqui relatar que, a quantidade e qualidade de pessoas a que pude conhecer, conviver e trocar experiências durante o desenvolvimento desta Tese foram impressionantes, para não dizer imensuráveis. Primeiro, porque a pesquisa empírica retrata 101 entrevistas realizadas face a face durante um ano de trabalho, em três cidades distintas. Logo, os contatos da rede de apoio ultrapassam este número em relativas proporções. Quero com isso dizer que, ainda que não seja exposto de forma literal a menção a algumas pessoas, devido a este grandioso universo, manifesto gratidão a todos aqueles que me apoiaram e ajudaram de toda forma, pois para a construção de uma colcha de retalhos, é eminentemente necessário muitos deles...(retalhos) e assim fora com esta Tese.

Agradeço a todos os professores do Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina, pelos ensinamentos, pela convivência e acima de tudo, por serem as chaves para a mudança da nossa “visão de mundo”. Por nos ensinarem a ética e seriedade na ciência, o amor à pesquisa científica como vetor de transformação social e humanística na sociedade do conhecimento.

Em especial, meus sinceros agradecimentos ao meu orientador e amigo, Prof. Eduardo Juan Soriano Sierra, pela parceria na condução deste trabalho, pela sua simplicidade e conhecimento, pelas orientações e ensinamentos e, acima de tudo, por acreditar que o fruto desta Tese poderia somar resultados aplicados para a melhoria das cidades costeiras. Ao meu Coorientador, Prof. Eduardo Moreira da Costa, pela amizade e por sempre mostrar-se disponível às minhas incansáveis dúvidas no campo das Cidades Humanas e Inteligentes.

Aos professores avaliadores da banca de Defesa da Tese de Doutorado, Prof. Francisco Fialho, Prof. Cristiano Cunha, Profa. Isa de Oliveira, Prof. Francisco Javier Carrillo. Reitero meus agradecimentos pelas excelentes contribuições para a melhoria do trabalho.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense, por me conceder a honra de trabalhar nesta qualificacada Instituição de Ensino Superior Pública e Gratuita, e, por me conceder o tempo suficiente para a concretização desta pesquisa.

À Capes/ CNPq, pela bolsa de estudos para viabilizar os custos com a pesquisa da Tese.

(10)

À minha amiga especial, Susana Valdomira Epifâneo, pela sua fundamental contribuição com as transcrições das entrevistas realizadas, pela sua incansável parceria e lealdade.

À minha mentora e amiga Maria Terezinha Hilsendeger Pereira, por seus saberes e conhecimentos grandiosos, por sua paciência sem limites, por sua nobreza de alma e espírito e por seu amor incondicional pela sua profissão, que me fez compreender o valor da mente e da serenidade.

Às pessoas especiais que me acolheram em um momento delicado em minha vida, propiciando-me cuidados, conselhos e muito amor, Tia Roseli, Aroldo Garbuio, Terezinha Gugelmin Stori, Vera Nogueira, Ângela Garbuio e família.

À Heloisa de Campos Lalane, pelo trabalho dedicado e primoroso na elaboração dos mapas para esta Tese.

Aos conhecidos e posteriormente amigos das cidades de Torres, Balneário Camboriú e Guaratuba, que se fizeram proeminentes para o desenvolver da pesquisa nessas respectivas cidades. Em Torres: Edinéia Palú, Maria do Carmo Conforti, Cláudia Santos, Nara Finco, Alexis Sanson, Eliane Zortea. Em Balneário Camboriú: Viviane Ordones, Carla Cravo, Maria Goreti Sbeghen, Maria Heloisa Lenzi Furtado, Lucélia Buzzi, Dagoberto Blaese Junior, André Meirinho. Em Guaratuba: Valdir Valdemar de Oliveira e Edna Maria de Souza.

Aos amigos que se tornaram parceiros de uma missão maior, Edna Maria de Souza, Rosângela Borges Pimenta, Helen Günther, Jamile Sabatine Marques, Célia Appio, sem os quais este trabalho certamente não teria a qualidade e essência de conhecimentos aqui ressaltados.

Finalmente, aos meus dois grandes amores de vida, meu esposo dedicado e companheiro de todas as horas, Fernando Garbuio, exemplo e inspiração de profissional. Minha amada e querida mãe, Dionéia P. Martins da Silva (in memorian) pela vida, pelo exemplo de mulher e pelo amor incondicional. Amo-te por toda minha eternidade.

À Deus, meu primeiro e sempre motivador para a realização dos meus sonhos.

(11)

RESUMO

O crescimento urbano e o adensamento populacional ocorridos nas últimas décadas no planeta têm repercutido notadamente na insustentabilidade das cidades de todos os países do globo. Este problema traz consigo inúmeros aspectos que requerem a atenção da sociedade, incluídos cientistas e gestores. Um deles está sob o foco da dignidade humana, do bem-estar das pessoas e da insustentabilidade dos subsistemas que compõem uma cidade, a exemplo da mobilidade urbana e da escassez de recursos hídricos. Na atual hegemonia do desenvolvimento econômico, político e sustentável do século XXI, estas questões já são compreendidas como desafios globais, junto ao aquecimento global e os diversos impactos antrópicos sobre o meio ambiente. As mudanças climáticas cada vez mais evidentes, os paradoxos da tecnologia, a alienação dos indivíduos, a solidão e os graves problemas de saúde física e psíquicas devido ao estilo de vida “urbano” têm sido temas de relevância para discutir o futuro das cidades sob o prisma do conceito das “cidades humanas, sustentáveis e inteligentes”, também nomeadas de “smart cities”. Dado esse contexto, a tese propõe a cocriação e consolidação de um framework nomeado “Humanização, Uso e Gestão sustentável dos Espaços Públicos” (HUGEP) com vistas à sua implementação em cidades costeiras turísticas, por meio de desdobramentos. A pesquisa se fundamenta no paradigma interpretativista com predominância da abordagem qualitativa. Adotou-se o estudo de caso nas cidades costeiras turísticas do Sul do Brasil - Torres (Rio Grande do Sul), Balneário Camboriú (Santa Catarina) e Guaratuba (Paraná) como pressupostos para a observação espontânea de seus espaços públicos que, por sua vez, subsidiou a construção do framework HUGEP. A técnica de entrevista semiestruturada com atores relevantes das cidades citadas e, a observação espontânea dos espaços de permanência e deslocamento fizeram parte dos métodos. A análise e interpretação dos dados qualitativos foram realizadas por meio do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), que assegura a essência do pensamento e conhecimento cognitivo. A revisão integrativa de literatura constituiu a base teórica de toda a pesquisa, cujo referencial basilar está amparado pelos estudos de Jane Jacobs, Jan Gehl, Carlos Leite, Peter Senge e Fritjof Capra, além de outros renomados cientistas e pensadores. O modelo conceitual adotado para o desenvolvimento do framework foi o European Smart Cities Model - referência pela Universidade Tecnológica de Viena – Áustria. Finalmente, espera-se que, a partir do framework HUGEP, como modelo de referência para subsidiar a tomada

(12)

de decisões no planejamento da urbe, as cidades possam promover uma gestão humanizada e sustentável de seus espaços públicos de deslocamento e permanência, especialmente na formulação de políticas públicas sob o contexto outrora apresentado, em um escopo multidisciplinar.

Palavras-chave: Humanismo. Turismo. Cidades costeiras. Espaços públicos. Transdisciplinaridade. Estratégia.

(13)

ABSTRACT

The urban growth and population density of the last decades on the planet have had a notable impact on the unsustainability of cities in all countries around the world. This problem comes along with numerous aspects that require attention of society, including scientists and managers. First one is about the focus of human dignity, people's well-being and unsustainability on the subsystems that make up a city, such as urban mobility and water scarcity. Economic hegemony, political and sustainable development of the 21st century are already understood as global challenges, together with global warming and the various anthropic impacts on the environment. Increasingly evident climate changes, technology paradoxes, alienation of individuals, loneliness, and severe physical and psychic health problems due to the "urban" lifestyle have been important themes for discussing the future of cities under prism of the concept of "human cities, sustainable and intelligent", also called "smart cities". Given this context, the thesis proposes the co-creation and consolidation of a framework named "Humanization, Use and Sustainable Management of Public Spaces" (HUGEP) with a view to its implementation in coastal tourist cities. The research is based on the interpretative paradigm with predominance of the qualitative approach. The case study was adopted in coastal tourist cities of Southern Brazil - Torres (Rio Grande do Sul), Balneário Camboriú (Santa Catarina) and Guaratuba (Parana) as fundamentals for the spontaneous observation of public spaces, which in turn, subsidized the construction of the HUGEP framework. The technique of semi-structured interview with relevant actors of the cities mentioned, and the spontaneous observation of the spaces of permanence and displacement were part of the methods. The analysis and interpretation of qualitative data were performed through the Collective Subject Discourse (DSC), which assures the essence of cognitive thinking and knowledge. The integrative literature review was the theoretical basis of all research, whose basilar reference is supported by the studies of Jane Jacobs, Jan Gehl, Carlos Leite, Peter Senge and Fritjof Capra, as well as other renowned scientists and intellectuals. The conceptual model adopted for the development of the framework was the European Smart Cities Model - reference by the Technological University of Vienna - Austria. Finally, it is expected that, from the HUGEP framework, as a reference model to support decision making in city planning, cities can promote a humanized and sustainable management of public spaces of movement and permanence, especially in the formulation

(14)

of public policies under the context previously presented, in a multidisciplinary scope.

Keywords: Humanism. Tourism. Coastal cities. Public spaces. Transdisciplinarity. Strategy.

(15)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Concepção da sustentabilidade sob o modelo do ‘banquinho’

de Senge. ... 45

Figura 2 – Acoplamento estrutural sobre as questões de pesquisa. ... 48

Figura 3 – Conhecimentos predominantes no contexto da pesquisa. ... 60

Figura 4 – Cidades costeiras turísticas de Torres (RS), Balneário Camboriú (SC) e Guaratuba (PR) - Região Sul - Brasil. ... 67

Figura 5 – Delimitação da pesquisa segundo a abordagem top-down. . 69

Figura 6 – Áreas do conhecimento elencadas na tese. ... 73

Figura 7 - Integração e objetivos das principais dimensões do DS da ONU. ... 84

Figura 8 – Desdobramentos da Dimensão Humana da Sustentabilidade. ... 95

Figura 9 – Dimensões do Desenvolvimento Sustentável sob uma perspectiva integral, propostas para a tese. ... 96

Figura 10 – A percepção e os cinco sentidos. ... 106

Figura 11 - Relação entre instrumentos da gestão ambiental municipal e os condicionantes da percepção. ... 111

Figura 12 - Funil de alimentação para a consolidação do framework HUGEP. ... 113

Figura 13 – Nuvem de palavras derivadas do conceito de “cidades inteligentes”. ... 129

Figura 14 – Papel da governança no processo de mudança para cidades sustentáveis. ... 132

Figura 15 – Nuvem de palavras derivadas do conceito de “cidades sustentáveis”. ... 143

Figura 16 – Atributos para uma cidade inteligente. ... 177

Figura 17 – Atributos e fatores de uma cidade inteligente – quadro teórico original. ... 180

Figura 18 – Domínios e variáveis de uma cidade inteligente - quadro teórico traduzido ... 181

Figura 19 – Seleção das variáveis do European Smart Cities adotadas na Tese. ... 185

Figura 20 – Taxonomia de domínios e variáveis do modelo European Smart Cities para a consolidação do framework HUGEP. ... 188

Figura 21 – Dimensões ou níveis de definição de uma pesquisa científica. ... 194

Figura 22 – Metodologia da Tese. ... 195

Figura 23 – Quadrante de Morgan. ... 197

(16)

Figura 25 – Outline – Síntese da fundamentação teórica. ... 209

Figura 26 – Correlação do método estudo de caso, pesquisa documental e pesquisa de campo. ... 213

Figura 27 – Unidades de análise do estudo de caso múltiplo - espaços públicos. ... 214

Figura 28 -Técnica de coleta de dados visuais – Uso dos espaços públicos. ... 219

Figura 29 – Protocolo para coleta dos dados visuais. ... 221

Figura 30 – Técnica de entrevista semiestruturada – gestão dos espaços públicos ... 224

Figura 31 – Atores relevantes e suas correlações com a investigação. ... 226

Figura 32 – Grupo amostral dos atores relevantes da pesquisa... 228

Figura 33 – Síntese do Protocolo para Coleta de Dados. ... 236

Figura 34 – Orla marítima de Torres (RS). ... 248

Figura 35 - Orla marítima de Balneário Camboriú (SC). ... 270

Figura 36 – Ficha Técnica da Unidade de Conservação APA Guaratuba. ... 289

Figura 37 – Orla marítima de Guaratuba (PR). ... 294

Figura 38 – European Smart Cities Model. ... 311

Figura 39 - Framework HUGEP (Humanização, Uso e Gestão sustentável dos Espaços Públicos). ... 315

Figura 40 – Destaque referente ao quadro estrutural de ações. ... 318

Figura 41 – Implementação do framework HUGEP como política pública ... 320

co-partícipe. ... 320

Figura 42 – Abordagem middle-up-down para a proposição de diretrizes. ... 328

Figura 43 – Framework HUGEP (Humanização, Uso e Gestão sustentável dos Espaços Públicos). ... 694

Figura 44 – Nuvem de TAGs sobre a cidade de Torres (RS). ... 728

Figura 45 – Nuvem de TAGs sobre a cidade de Balneário Camboriú (SC). ... 735

Figura 46 – Nuvem de TAGs sobre a cidade de Guaratuba (PR). ... 737

Figura 47 – Nuvem de TAGs sobre as três cidades analisadas na pesquisa. ... 742

Figura 48 – Proposta de adaptação do modelo original European Smart Cities. ... 747

(17)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Conceitos e variações - Dimensões do Desenvolvimento Sustentável (DDS) ... 91 Quadro 2 – Definições de cidades inteligentes sob a ótica de vários autores. ... 122 Quadro 3 – Premissas definidas para a construção da Agenda 21 Brasileira. ... 136 Quadro 4 – Definições de cidades sustentáveis sob a visão de vários autores. ... 140 Quadro 5 – Detalhamento dos sistemas de classificação de Cidades Sustentáveis. ... 170 Quadro 6 – Categorias/fatores/indicadores adotados nos sistemas de classificação de Cidades Sustentáveis. ... 172 Quadro 7 – Quantidade de entrevistas realizadas face a face nas cidades de análise. ... 230 Quadro 8 - Síntese dos dados inerentes às cidades de Torres (RS), Balneário Camboriú (SC) e Guaratuba (PR). ... 300 Quadro 9 – Quantidade de entrevistas realizadas face a face nas cidades de análise. ... 335 Quadro 10 – Perfil dos atores relevantes – Grupo Residentes

Permanentes (Torres – RS) ... 339 Quadro 11 – Perfil dos atores relevantes – Grupo Visitantes Habitués (Torres – RS) ... 383 Quadro 12 – Perfil dos atores relevantes – Grupo Representantes da Sociedade Civil Organizada (Torres – RS) ... 431 Quadro 13 – Perfil dos atores relevantes – Grupo Representantes da Gestão Pública Municipal (Torres – RS) ... 434 Quadro 14 – Perfil dos atores relevantes – Grupo Residentes

Permanentes (Balneário Camboriú – SC)... 518 Quadro 15 – Perfil dos atores relevantes – Grupo Visitantes Habitués (Balneário Camboriú - SC) ... 568 Quadro 16 – Perfil dos atores relevantes – Grupo Sociedade Civil Organizada (Balneário Camboriú - SC) ... 610 Quadro 17 – Perfil dos atores relevantes – Grupo Representantes da Gestão Pública Municipal (Balneário Camboriú - SC) ... 613 Quadro 18 – Perfil dos atores relevantes – Grupo Residentes

Permanentes (Guaratuba - PR) ... 618 Quadro 19 – Perfil dos atores relevantes – Grupo Visitantes Habitués (Guaratuba - PR) ... 665

(18)

Quadro 20 – Perfil dos atores relevantes – Sociedade Civil Organizada (Guaratuba - PR) ... 666 Quadro 21 – Perfil dos atores relevantes – Grupo Gestão Pública (Guaratuba - PR) ... 667

(19)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Elementos de referência mais citados pelos residentes permanentes na cidade de Torres (RS). ... 341 Gráfico 2 – Diagnóstico da orla marítima da cidade de Torres (RS). 343 Gráfico 3 - Qualificação dos espaços de deslocamento da cidade de Torres. ... 355 Gráfico 4 – Percepção sobre a educação de base na cidade de Torres (RS). ... 368 Gráfico 5 - Elementos de referência citados pelos visitantes habitués na cidade de Torres (RS). ... 385 Gráfico 6 – Diagnóstico da orla marítima urbana da cidade de Torres segundo seus visitantes habitués. ... 387 Gráfico 7 – Qualificação das ruas da cidade, sob a ótica dos visitantes habitués. ... 405 Gráfico 8 – Sentimento de acolhimento dos espaços públicos. ... 418 Gráfico 9 – Sentimento de acolhimento dos espaços públicos. ... 418 Gráfico 10 – Elementos de referência citados pela Gestão Pública da cidade de Torres (RS). ... 437 Gráfico 11 - Condições de acessibilidade, conforto e segurança na circulação e travessia dos pedestres e ciclistas nas vias públicas da cidade de Torres (RS). ... 464 Gráfico 12 – Avaliação da orla marítima de Torres pela gestão pública municipal ... 491 Gráfico 13 – Elementos de referência mais citados pelos residentes permanentes na cidade de Balneário Camboriú (SC). ... 520 Gráfico 14 – Avaliação da orla marítima urbana da cidade de Balneário Camboriú sob a percepção de seus residentes permanentes. ... 524 Gráfico 15 - Qualificação dos espaços de deslocamento da cidade de Balneário Camboriú. ... 539 Gráfico 16 – Percepção dos residentes de Balneário Camboriú sobre a qualidade do ensino das escolas e IES presentes na cidade. ... 554 Gráfico 17 – Elementos de referência citados pelos visitantes habitués de Balneário Camboriú (SC). ... 571 Gráfico 18 – Avaliação da orla marítima urbana da cidade de Balneário Camboriú sob a percepção de seus residentes permanentes. ... 574 Gráfico 19 – Avaliação dos espaços de deslocamento da cidade de Balneário Camboriú segundo os visitantes habitués. ... 587 Gráfico 20 – O visitante habitué se sente convidado a permanecer a nos espaços públicos da cidade de Balneário Camboriú. ... 598

(20)

Gráfico 21 – Aspectos que os (as) deixam satisfeitas e geram sensação de bem-estar. ... 599 Gráfico 22 - Elementos de referência citados pelo residente permanente para sua permanência no espaço público da cidade de Guaratuba (PR). ... 620 Gráfico 23 - Avaliação da orla marítima urbana da cidade de Guaratuba sob a percepção de seus residentes permanentes. ... 622 Gráfico 24 - Avaliação dos espaços de deslocamento da cidade de Guaratuba segundo os residentes permanentes. ... 638 Gráfico 25 – Avaliação do sistema de ensino ofertado na cidade de Guaratuba (PR). ... 652

(21)

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 – Localização do município de Torres no estado do Rio Grande do Sul – Brasil. ... 238 Mapa 2 – Uso das terras do município de Torres (RS). ... 241 Mapa 3 – Unidades de Conservação do município de Torres (RS). ... 244 Mapa 4 – Espaços de permanência ou atrativos turísticos da cidade de Torres (RS). ... 250 Mapa 5 – Localização de Balneário Camboriú no estado de Santa Catarina – Brasil. ... 260 Mapa 6 – Uso das terras do município de Balneário Camboriú (SC). 262 Mapa 7 – Unidades de Conservação do município de Balneário

Camboriú (SC). ... 265 Mapa 8 – Espaços de permanência da cidade de Balneário Camboriú (SC). ... 272 Mapa 9 – Localização de Guaratuba no estado do Paraná – Brasil. ... 284 Mapa 10 – Uso das terras do município de Guaratuba (PR). ... 286 Mapa 11 – Unidades de Conservação do município de Guaratuba (PR). ... 290 Mapa 12– Espaços de permanência ou atrativos turísticos na cidade de Guaratuba. ... 295 Mapa 13 – Mapa de ocupação da orla da cidade de Torres (Rio Grande do Sul). ... 337 Mapa 14 – Mapa de ocupação da orla da cidade de Balneário Camboriú (Santa Catarina). ... 516 Mapa 15 – Mapa de ocupação da orla da cidade de Guaratuba (Paraná). ... 616

(22)
(23)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACs Ancoragens

APA Área de Proteção Ambiental

APP Área de Proteção Permanente

BC Balneário Camboriú

CEEE Companhia Estadual de Energia Elétrica CMEI Centro Municipal de Educação Infantil

COLITE Conselho de Desenvolvimento Territorial do Litoral Paranaense

COMTUR Conselho Municipal de Turismo CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito

CORSAN Companhia Riograndense de Saneamento DDD Dimensões do Desenvolvimento Sustentável

DS Desenvolvimento Sustentável

DSC Discurso do Sujeito Coletivo

E-Ch Expressões-chave

EGC Engenharia e Gestão do Conhecimento

FATMA Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina

GC Gestão do Conhecimento

HUGEP Humanização, Uso e Gestão sustentável dos Espaços Públicos

IAP Instituto Ambiental do Paraná

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICs Ideias-Centrais

IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal IES Instituição de Ensino Superior

IMA Instituto do Meio Ambiente

IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Nacional

ISEPE Faculdade do Litoral Paranaense e Instituto Superior de Educação de Guaratuba

ISS Imposto Sobre Serviços

MMA Ministério do Meio Ambiente

MPF Ministério Público Federal

Mtur Ministério do Turismo

ODS Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

ONG Organização Não Governamental

(24)

PD Plano Diretor

PGI Plano de Gestão Integrada da Orla

PIB Produto Interno Bruto

PNGC Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro

PNUD Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento

PPP Parceria Público Privada

Projeto ORLA Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima

RDA Revisões de Depois da Ação

SANEPAR Companhia de Saneamento do Paraná SANTUR Santa Catarina Turismo S.A.

SPU Secretaria do Patrimônio da União

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

UFPR Universidade Federal do Paraná UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

(25)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 31

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMAS DE PESQUISA . 43

1.2 PERGUNTA DE PESQUISA ... 50 1.3 OBJETIVOS ... 50 1.3.1 Objetivo geral ... 50 1.3.2 Objetivos específicos ... 51 1.4 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO TEMA ... 51 1.5 INEDITISMO E ORIGINALIDADE DO TEMA ... 61 1.6 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ... 64

1.7 ADERÊNCIA DA TESE AO PROGRAMA DE

PÓS-GRADUAÇÃO ... 70 1.8 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 74

2 RESIGNIFICAÇÃO DO CONCEITO DE

SUSTENTABILIDADE E SUAS INTERFACES ... 77

2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: PRAGMATISMO

E UTOPIA ... 77 2.1.1 Dimensões do desenvolvimento sustentável sob a perspectiva da abordagem sistêmica ... 87

2.2 SUSTENTABILIDADE E O CONTEXTO HUMANO: O

PARADIGMA HUMANÍSTICO NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ... 97

3 CIDADES HUMANAS, INTELIGENTES E

SUSTENTÁVEIS: O PARADIGMA DO SÉCULO XXI PARA A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ... 115 3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ... 115 3.2 EVOLUÇÃO DO CONCEITO E DEFINIÇÕES ... 119 3.2.1 Cidades como um Sistema Complexo: estratégia para a

promoção da sustentabilidade e do bem-estar social ... 129 3.2.2 A dimensão humana no contexto das cidades humanas,

inteligentes e sustentáveis ... 143 3.3 CIDADES COSTEIRAS TURÍSTICAS: COEXISTÊNCIA

ENTRE TURISMO DE SOL E PRAIA E O TURISMO URBANO COMO COADJUVANTES PARA O

DESENVOLVIMENTO DE UMA CIDADE HUMANA E SUSTENTÁVEL ... 150 3.4 ESPAÇOS PÚBLICOS SOB O VIÉS DA

SUSTENTABILIDADE URBANA ... 156 3.4.1 Legislação que subsidia a qualificação dos espaços públicos

(26)

4 CIDADES INTELIGENTES E SUSTENTÁVEIS ... 169

4.1 SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO EM CIDADES

INTELIGENTES E SUSTENTÁVEIS ... 169 4.1.1 Modelo European Smart Cities ... 175

4.2 QUADRO CONCEITUAL: DOMÍNIOS E VARIÁVEIS

COMO SUBSÍDIOS PARA AS ESTRATÉGIAS E

DIRETRIZES PROPOSTAS PELO FRAMEWORK HUGEP ... 184

4.3 PROPOSIÇÃO DE TAXONOMIA DOS DOMÍNIOS

(EUROPEAN SMART CITIES) PARA A CONSTRUÇÃO DO FRAMEWORK HUGEP ... 186 5 METODOLOGIA ... 191 5.1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ... 191 5.2 CONCEPÇÃO PARADIGMÁTICA DA PESQUISA ... 196 5.2.1 Paradigma positivista, interpretativista e teoria da

complexidade ... 197 5.2.2 Paradigma adotado: interpretativista ... 200 5.3 CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA ... 202 5.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 204 5.4.1 Busca sistemática e pesquisa bibliográfica ... 207 5.4.2 Estudo de caso: cidades costeiras turísticas e seus espaços

públicos ... 210 5.4.3 Pesquisa documental ... 214 5.4.4 Pesquisa de campo: observação espontânea ... 216 5.4.5 Pesquisa de campo: dados visuais ... 218 5.4.6 Pesquisa de campo: entrevistas ... 223 5.4.7 A técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) ... 231 6 CIDADES COSTEIRAS TURÍSTICAS ... 235 6.1 TORRES – ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ... 236 6.1.1 Localização geográfica ... 238 6.1.2 Histórico do município ... 239 6.1.3 Uso e ocupação da terra ... 240 6.1.4 Economia ... 246 6.1.5 Principais elementos de referência (espaços de

permanência) ... 249

6.2 BALNEÁRIO CAMBORIÚ – ESTADO DE SANTA

CATARINA ... 257 6.2.1 Localização geográfica ... 259 6.2.2 Histórico do município ... 260 6.2.3 Uso e ocupação da terra ... 261 6.2.4 Economia ... 268

(27)

6.2.5 Principais elementos de referência (espaços de

permanência) ... 271 6.3 GUARATUBA – ESTADO DO PARANÁ... 283 6.3.1 Localização geográfica ... 284 6.3.2 Histórico do município ... 285 6.3.3 Uso e ocupação da terra ... 285 6.3.4 Economia ... 292 6.3.5 Principais elementos de referência (espaços de

permanência) ... 294 6.4 SÍNTESE DOS PRINCIPAIS DADOS DAS CIDADES

COSTEIRAS TURÍSTICAS DE TORRES (RS), BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) E GUARATUBA (PR) ... 299

7 PROPOSIÇÃO DE UM FRAMEWORK COM VISTAS A

CONSOLIDAR OS ESPAÇOS PÚBLICOS DAS CIDADES COSTEIRAS TURÍSTICAS EM AMBIENTES MAIS HUMANIZADOS E SUSTENTÁVEIS ... 305

7.1 APRESENTAÇÃO DO FRAMEWORK HUGEP –

HUMANIZAÇÃO, USO E GESTÃO DOS ESPAÇOS

PÚBLICOS ... 312

7.2 DESDOBRAMENTOS DO FRAMEWORK EM

ESTRATÉGIAS, DIRETRIZES E PROPOSTAS DE AÇÃO ... 320 7.2.1 Definições basilares: estratégia, diretriz e proposta de ação

... 323

7.3 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO E VERIFICAÇÃO DE

AÇÕES EXECUTADAS NOS ESPAÇOS PÚBLICOS: UMA PROPOSTA INICIAL ... 329 8 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 333 8.1 CIDADE: TORRES (Rio Grande do Sul)... 335 8.1.1 Discursos dos atores relevantes da cidade de Torres (RS) 338 8.1.2 Discurso dos atores relevantes – visitantes habitués ... 382 8.1.3 Discurso dos atores relevantes – sociedade civil organizada

... 430 8.1.4 Discurso dos atores relevantes – representantes da Gestão

Pública Municipal ... 433 8.2 CIDADE: BALNEÁRIO CAMBORIÚ (Santa Catarina) ... 514 8.2.1 Discurso dos atores relevantes – residentes permanentes 517 8.2.2 Discurso dos atores relevantes – visitantes habitués ... 567 8.2.3 Discurso dos atores relevantes – sociedade civil organizada

(28)

8.2.4 Discurso dos atores relevantes – representantes da Gestão Pública municipal ... 612 8.3 CIDADE: GUARATUBA (Paraná) ... 615 8.3.1 Discurso dos atores relevantes – residentes permanentes . 617 8.3.3 Discurso dos atores relevantes – sociedade civil organizada

... 666 8.3.4 Discurso dos atores relevantes – representantes da gestão

pública municipal ... 666

8.4 SÍNTESE DO CONHECIMENTO CODIFICADO JUNTO

AOS ATORES RELEVANTES ACERCA DOS ESPACOS PÚBLICOS DAS CIDADES INVESTIGADAS ... 668

9 CONSOLIDAÇÃO DO FRAMEWORK HUGEP COM

VISTAS À IMPLEMENTAÇÃO EM CIDADES

COSTEIRAS TURÍSTICAS ... 693 9.1 DESDOBRAMENTOS PARCIAIS ... 693 9.2 DESDOBRAMENTOS DO FRAMEWORK HUGEP ... 694 9.2.1 Domínio 1: Lugar / Vida Inteligente ... 695 9.2.2 Domínio 2: Governança Inteligente ... 699 9.2.3 Domínio 3: Meio Ambiente Inteligente ... 701 9.2.4 Domínio 4: Pessoas Inteligentes ... 705 9.2.5 Domínio 5: Mobilidade Inteligente... 708 9.2.6 Domínio 6: Economia Inteligente ... 711 10 ANÁLISE DOS PRINCIPAIS RESULTADOS E

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 715 10.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A CIDADE DE TORRES – RIO

GRANDE DO SUL (BRASIL) ... 721

10.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A CIDADE DE BALNEÁRIO

CAMBORIÚ – SANTA CATARINA (BRASIL) ... 729

10.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A CIDADE DE GUARATUBA –

PARANÁ (BRASIL) ... 736

10.4 CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DAS CIDADES

COSTEIRAS TURÍSTICAS INVESTIGADAS ... 737 10.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ... 742 10.6 RESULTADOS FUTUROS ALMEJADOS ... 743 10.7 RECOMENDAÇÕES FINAIS ... 745

10.8 APRENDIZAGENS ADQUIRIDAS NO PROCESSO DE

INVESTIGAÇÃO: REFLEXÕES E EXPERIÊNCIA VIVIDA ... 749 REFERÊNCIAS ... 753 GLOSSÁRIO ... 783

(29)

ANEXO A - BIOGRAFIA DOS AUTORES BASILARES DA TESE ... 799 ANEXO B - BIOGRAFIA DO AUTOR, ORIENTADOR E CO-ORIENTADOR DA TESE ... 805 APENDICE A – PROTOCOLO PARA ESTRUTURAÇÃO DO ROTEIRO DE ENTREVISTA ... 807 Apêndice A1 – Domínio Economia ... 807 Apêndice A2 – Domínio Pessoas ... 808 Apêndice A3 – Domínio Governança ... 809 Apêndice A4 – Domínio Mobilidade ... 810 Apêndice A5 – Domínio Meio Ambiente ... 811 Apêndice A6 – Domínio Vida ... 812 APÊNDICE B – ROTEIROS DE ENTREVISTA ... 813 Apêndice B1 – Residentes permanentes ... 813 Apêndice B2 – Visitantes habitués ... 827 Apêndice B3 – Sociedade civil organizada ... 839 Apêndice B4 – Gestão pública municipal ... 855

(30)
(31)

1 INTRODUÇÃO

“As poucas coisas que um filósofo possui lhe bastam, já que ele sabe enriquecê-las de significado”

Platão “A coisa mais importante em todas as relações humanas é a conversação, mas as pessoas já não falam, não se sentam para falar e ouvir. Vão ao teatro, ao cinema, veem televisão, ouvem rádio, leem livros, mas quase nunca falam entre si”. “Se quisermos mudar o mundo, temos que voltar a um tempo em que os guerreiros se reuniam ao redor de uma fogueira e contavam histórias”.

Paulo Coelho

A qualidade de vida urbana, em especial no tocante às pessoas, ainda que pareça natural, consiste atualmente no tema central de discussão de organizações internacionais, a exemplo das Nações Unidas (ONU) e outras de apoio ao desenvolvimento sustentável, como a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (WISE, 2016). É evidente o crescimento urbano e demográfico das cidades nos últimos séculos e, ao mesmo tempo, a queda drástica no bem-estar de seus habitantes, no tocante à segurança, saúde, lazer, economia, qualidade da alimentação e da habitação, ocupação de áreas de preservação e, uma série de desigualdades que sobrepujam o “bem-estar” e a ‘dignidade’ humana (LEITE, 2012; HÖJER; WANGEL, 2015; BOFF, 2017).

Segundo relatório divulgado pelas Nações Unidas, intitulado “A Projeção da População Mundial: Revisão de 2012”, a atual população mundial de 7,2 bilhões de pessoas pode alcançar a marca dos 9,8 bilhões em 2050 e que supere os 11,2 bilhões em 2100 (ONU, 2018). A ONU menciona que o rápido crescimento das cidades, sobretudo àquelas em desenvolvimento como a África (que cresce acentuadamente) instaura falta de oportunidades decentes de emprego e vulnerabilidade ao crime, bem como a poluição, que produzem um impacto dramático sobre o meio ambiente, principalmente nas áreas periféricas das cidades. Cenários como estes preocupam entidades e chefes de Estado, uma vez que, junto ao crescimento da população, uma série de mazelas sociais são também acentuadas. O Secretário-Geral da ONU (2017) afirma a urgência em transformar o nosso mundo alocando os melhores meios, transformando

(32)

nossas cidades e bairros periféricos em locais melhores habitáveis. Isso significa uma melhor governança, planejamento e design". E, junto a isso, fortalecer a equidade, a honestidade e a compaixão (DALAI LAMA citado por GOLEMAN, 2016; BOFF, 2017).

Há uma discussão infindável sobre a sustentabilidade e a insustentabilidade presente na gestão das cidades, desde as megalópoles às cidades de pequena e média densidade demográfica e territorial. Um dos temas emergentes está sob o escopo “cidades sustentáveis” e “cidades inteligentes”, que integram diferentes pontos de vista, desde a década de 1997 (SATTERTHWAITE, 1997; HÖJER; WANGEL, 2015; ALBINO; BERARDI; DANGELICO, 2015). Segundo Pan (2010), Albino, Berardi e Dangelico (2015), Huber e Hilty (2015) os conceitos de cidades inteligentes e sustentáveis e suas teorias subjacentes são recentes e inumeráveis. Todavia, na visão de Blowers e Young (2000 citado por PAN, 2010), as cidades não devem ser apenas formas físicas, mas refletir os processos sociais de desenvolvimento, assim como seus aspectos físicos e sociais que, juntos, constituem o “desenvolvimento ecologicamente integral” ou “ecologia da vida cotidiana” como menciona o Pontífice Papa Francisco em sua Carta Encíclica Laudato Si’ (2015) ao referir-se à melhoria global na qualidade de vida humana.

O desenrolar desse desafio abarca a necessidade de integração de uma gama de profissionais e áreas multidisciplinares de pesquisa, extensão e inovação, desde o planejamento urbano, o turismo, a gestão ambiental, a filosofia, a geografia, o direito e a psicologia (para citar apenas algumas). Eis um campo multidisciplinar e transdisciplinar com facetas intransponíveis, uma vez que o conhecimento “de ponta” é interdisciplinar e multidisciplinar (informação verbal)1. Um aspecto positivo

também apresentado pela ONU, retrata o papel proeminente do turismo para elevar a qualidade de vida das cidades e de seus habitantes. A Organização Mundial do Turismo (OMT, 2017) relatou, por meio de seu Secretário Geral - Taleb Rifai, que o turismo se tornou uma das áreas socioeconômicas mais importantes e com maior impacto no mundo atualmente. Destacou ainda, sua importância na vida de milhões de pessoas ao redor do mundo, bem como evidenciou os valores de conservação e interação da humanidade. A ONU destacou que 2017 foi

1 Informação verbal disponibilizada na Palestra nomeada “Inovação e Interdisciplinaridade em Universidades de Excelência”, realizada na Universidade Federal de Santa Catarina, em 16 ago. 2017. Disponível em: http://noticias.ufsc.br/2017/08/encontro-promovido-pela-ufsc-e-usp-discute-inovacao-e-interdisciplinaridade-em-universidades-de-excelencia/.

(33)

declarado pela Assembleia Geral das Nações Unidas como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento, enfatizando ser esta a atividade mais resiliente da economia mundial (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2017). Assim, pode-se considerar que o turismo e sua cadeia produtiva é uma estratégia eficiente de transformação da vida urbana e humana, naturalmente, quando se atua com vistas aos princípios da sustentabilidade.

Uma cidade é tão sustentável como as pessoas que vivem nela. As cidades sustentáveis exigem o paradigma sistêmico, não simplesmente nos departamentos governamentais e nos serviços públicos, mas nas práticas cotidianas da economia, da política e da participação da sociedade em geral nas decisões que visam a uma coletividade (PAN, 2010). Tal abordagem, segundo Capra e Luisi (2014) emerge mudanças de valores, de percepção - centralizada nos seres humanos, na dignidade das pessoas e no seu bem-estar físico e emocional (BARRETT, 2009; GOLEMAN, 2012). Um dos elementos urbanos que propicia bem-estar consiste no conforto ambiental dos espaços públicos e na inovação prática da urbe. Jacobs (2011, p. 13) é enfática ao afirmar que “o comportamento social da população urbana é imprescindível para a compreensão sobre o desempenho das cidades”, sob todas as esferas e complexidades. O eficiente planejamento e gestão dos espaços públicos, incluindo políticas que promovam o desenvolvimento das cidades, constituem estratégias inteligentes de revitalização e (re) integração das pessoas ao meio onde vivem (ALLIANCE, 2005; PAN, 2010; JACOBS, 2011; PINCETL, 2012; LEITE, 2012; TUAN, 2012; GEHL, 2013).

De acordo com Jacobs (2011) e Gehl (2013), a ideologia dominante de planejamento urbano do século XVIII rejeitou o espaço urbano e a vida na cidade, reconhecendo-os como inoportunos e desnecessários, tirando de cena as pessoas e suas relações. Eis aí uma reflexão conflituosa, vivaz e oportuna nos dias atuais (...), que nos parece negligenciada ou mal interpretada por muitas lideranças políticas vigentes. Leite (2012) e Ghel (2013) afirmam veementemente que, se o espaço da cidade for desolado e vazio, nada acontece [...], a exemplo dos centros históricos das grandes metrópoles, com significativa densidade demográfica e altos índices de criminalidade, que se tornaram com o passar do tempo, vulneráveis à circulação de pessoas, especialmente no período noturno. Os também chamados “vazios urbanos” tem se proliferado em inúmeras cidades do Brasil e, no entanto, tornam-se um embate entre gestores municipais e moradores de rua, culminando com a deterioração do patrimônio público e contribuindo para invasões ou ocupação indevida. Isso traduz em insegurança, exclusão social,

(34)

sentimento de desconfiança dos transeuntes, tráfico de drogas e prostituição. Segundo Bachiller (2012), a situação prevalente de moradores de rua nas cidades promove o fenômeno de alienação, ou seja, são indivíduos vistos como marginais dominados por uma série de traumas dificilmente superáveis, podendo trazer, inevitavelmente, insegurança e ‘medo’ às pessoas. É também uma questão de saúde psíquica.

O exemplo citado demonstra a urgência em (re) pensar a forma de planejar e gerir as cidades, com ênfase nos espaços e patrimônios públicos. O espaço público é interpretado por Bachiller (2012) como um recurso natural urbano de sociabilidade, local de encontro, de diferentes formas de intercâmbio e de vigilância dos próprios residentes a favor da segurança nas ruas (JACOBS, 2011). Eles devem receber atenção especial dos gestores, em projetos de revitalização e novos estilos arquitetônicos, que promovam ao mesmo tempo conforto ambiental às pessoas, preservação do ambiente natural e o embelezamento das cidades, a fim de se tornarem ambientes cada vez mais aprazíveis, seguros e sustentáveis (LEITE, 2012; BACHILLER, 2012). Jacobs (2011, p. 38), complementa afirmando que “a presença de pessoas nos espaços das cidades atrai outras pessoas” e promove vivacidade e harmonia.

Experienciar a vida na cidade é um entretenimento estimulante e divertido. As cenas mudam a cada minuto. Há muito a se ver e sentir: comportamentos, rostos, cores e sentimentos. E essas experiências estão relacionadas a um dos mais importantes temas da vida humana: as pessoas e os sentidos (GEHL, 2013, p. 21).

O meio ambiente urbano, a deficiência da qualidade de vida e o perfil das cidades na contemporaneidade são temas que refletem o cotidiano das populações devido ao tamanho do descontrole de uso do solo, da desumanização percebida nas ruas e vias públicas, do isolamento ao belo e à ineficiência da educação de base [...]. (DE MASI, 2000; GIFFINGER et al., 2007; NAM; PARDO, 2011; LEITE, 2012; GEHL, 2013). De forma pragmática, observa-se em muitas cidades, o abandono de áreas centrais pelo setor industrial que traz consigo a degradação urbana de espaços potenciais de desenvolvimento, com infraestrutura já instalada e memória urbana relevante. Este cenário proporciona a prioridade atribuída ao tráfego de automóveis e estacionamentos (com inúmeras consequências); ausência de calçadas ou, quando existentes, em

(35)

estados deploráveis2, culminando mais profundamente com a insustentabilidade instalada em todas as formas (PHILLIP JR.; SILVEIRA, 2004; LEITE, 2012; GEHL, 2013; ABDULLAHI; PRADHAN; JEBUR, 2014; CAPRA; LUISI, 2014).

“O homem foi criado para caminhar e todos os eventos da vida – grandes e pequenos – ocorrem quando caminhamos entre outras pessoas. A vida em toda sua diversidade se desdobra diante de nós quando estamos a pé”. (GEHL, 2013, p. 19). Gehl (2013) elucida que todo gestor, ao assumir o comando de uma cidade, deveria ter por princípio cercar-se de profissionais que valorizam a vida urbana e a relação da cidade com homens, mulheres, crianças e idosos – os habitantes, que por ela circulam no dia a dia. Suas ruas, calçadas, praças e parques devem ser seguras, acessíveis e agradáveis, e seus prédios harmonizar-se com a natureza, possibilitando a ampliação do olhar, para que o andar em direção ao trabalho, à escola, aos negócios e ao lazer seja leve, prazeroso e seguro (GIFFINGER et al., 2007; GEHL, 2013). Isso imprime o conceito de cidade humana, inteligente e sustentável - aquela que preza pelo respeito e bem-estar das pessoas em primeiro plano.

A compreensão sobre o termo ‘cidade inteligente’ ou ‘smart cities’ transmite uma visão holística e integrada com vistas a melhorar a eficiência das operações da cidade, a qualidade de vida dos seus cidadãos e, o crescimento da economia local com equidade. Dentre os autores que defendem essa premissa estão Giffinger (2007), Nam e Pardo (2011), Cohen (2012), Papa, Gargiulo e Galderisi (2013) entre outros. Contudo,

2 Em Balneário Camboriú (SC) uma das cidades selecionadas para a pesquisa -, em muitas vias lindeiras-, as calçadas não apresentam condições humanas de caminhar e atravessar a rua, com inúmeros obstáculos como caçambas, motocicletas estacionadas, circulação de bicicletas, ambulâncias e automóveis em via de mão dupla e estacionamento em ambos os lados. Não há ventilação e luz solar em muitas ruas (especialmente àquelas em que os prédios ultrapassam seus 40/50 andares) e a impressão do pedestre é de sufocamento. Caso houver um acidente grave com risco de incêndios, atropelamento envolvendo vários automóveis e pessoas, certamente será difícil evacuar as pessoas em uma rua com tais características. Em muitas vias lindeiras de Balneário Camboriú não há calçadas, as pessoas não têm como atravessar a rua e caminhar a pé em segurança. Isso sem mencionar àquelas com mobilidade reduzida ou cadeirantes. (Relato de experiência descrito como depoimento pessoal – jun. 2017). A impressão que se tem ao pesquisador e, para muitos moradores, é de que a cidade é planejada somente para a temporada de férias/veraneio. Mas quem usa o ‘sistema viário da cidade’ além dos visitantes? Não seriam os residentes permanentes?

(36)

ainda não há um conceito universalmente aceito pela comunidade científica, uma vez que existem divergências sobre o entendimento de “inteligência” e até mesmo de “sustentabilidade” no âmbito das cidades (HOLLANDS, 2008; PAN, 2010; ALLWINKLE; CRUICKSHANK, 2011; LETAIFA, 2015).

Segundo Batty (2012 citado por BRORSTRÖM, 2015), a cidade tem sido tradicionalmente gerida de cima para baixo (top down), o que não requer planejamento consistente sobre o uso do solo, mudanças de comportamento da população local e dos gestores, tráfego intenso de automóveis, avenidas sem ciclofaixas e ciclovias, zonas rurais esquecidas, vazios urbanos, poluição em nível extremo, entre outras problemáticas urbanas (LEITE, 2012; ABDULLAHI; PRADHAN; JEBUR, 2014). Trata-se de um sistema aberto, complexo em sua estrutura, inter-relacionado entre si, com funcionamento e caráter extremamente dinâmicos, nem sempre fácil de compreender e difícil de gerir (BARRAGÁN MUÑOZ, 1997).

Capra, Luisi (2014) e Senge (2016) têm como princípio teórico em seus escritos, o pensamento sistêmico. A partir desse princípio, as cidades podem também, ser nomeadas e compreendidas como organizações complexas, pois os fatos cotidianos, a ruptura de padrões, a diversidade de espaços, a multiplicidade de culturas e usos, as relações de conflitos existentes [...] entre outras questões; emergem uma constelação de percepções, valores e ações humanas que não podem ser compreendidas separadamente. Trata-se de um paradigma sistêmico com abordagem não-linear, onde todos os sistemas são redes complexas, com incontáveis interconexões entre as dimensões biológicas, cognitivas, sociais e ecológicas da vida (KUHN citado por CAPRA; LUISI, 2014). Somente com uma visão unificada da cidade (e de todas as suas dimensões e relações) como organização complexa, é que se alcançará a sustentabilidade, tornando-a cidade realmente inteligente, humana e sustentável3.

3 Esta reflexão nos permite indagar se há, realmente, alguma possibilidade de coexistência da sustentabilidade no contexto das cidades [...]. Não seria, talvez, uma utopia almejar que uma cidade seja e/ou tenha condições de ser sustentável em todas as dimensões? Esta não é uma afirmação, mas somente uma reflexão, que merece um estudo amplo e complexo. Contudo, o termo “cidades sustentáveis” precisa ser desmistificado e ampliado, mas jamais ser motivo de desistência por parte dos atores relevantes e dos cientistas sociais, mas deve tornar-se de uma compreensão mais profunda, tal como o exemplo proposto por Capra (2014) quando criou o conceito de “ecologia rasa” e “ecologia

(37)

Na tentativa em (re) inventar as condições atuais de qualidade de vida nas cidades, espera-se que, por meio de uma gestão pública focada no capital intelectual, na sustentabilidade social, humanística e ambiental e, por meio de uma visão sistêmica sobre o conceito de cidades – que destoa daquela dominante do estilo modernista e essencialmente capitalista (JACOBS, 1961; GEHL, 2013), é possível humanizar e transformar as cidades em espaços criativos, de compartilhamento, colaboração, cooperação, acolhimento, etc., premissas essas que satisfazem os objetivos do turismo sustentável e da sociedade do conhecimento, em busca pela celebração da arte de bem viver entre as pessoas, em ambientes aprazíveis, saudáveis e seguros4. É indispensável manter atitudes como dignidade, empatia e altruísmo por parte de todos os atores sociais, em especial àqueles que estão à frente das decisões urbanas. No planejamento dos espaços públicos, além de prever aspectos como segurança e acessibilidade, é necessário o olhar sobre a estética, pois ela inspira as pessoas a valorizar o belo, a se sentirem bem e acolhidas, a se divertir e a admirar a paisagem (DE MASI, 2000; GEHL, 2013). De Masi acrescenta que a sociedade pós-industrial recuperou o gosto pela estética: “não mais para uma pequena elite, mas uma estética designada a todos” (2000, p.33).5

Quando se convive ‘literalmente’ na cidade, o espaço público confere às pessoas a habilidade da criatividade, se for assim identificada, valorizada e interpretada pelos gestores públicos, como já ocorre em

profunda”. É preciso aprofundar-se no tema (...), para chegar-se a conclusões inequívocas.

4 Marandola Jr. (Prefácio de Topofilia (2012) elucida que o objetivo da obra “Topofilia” era resgatar o “amor ao lugar”, o laço afetivo que nos envolve com o ambiente, em busca daquela esperança e força necessárias para superar momentos de crise, como era a época em que Tuan se formou enquanto intelectual e escreveu este livro).

5 O conceito de estética do lugar também merece uma breve reflexão, pois depende da percepção cognitiva e visual acerca do que o interlocutor compreende por “estética”. Um exemplo citado nesta tese demonstra a estética modernista e o design de luxo que emergiu na construção civil de edifícios multifamiliares na cidade costeira turística de Balneário Camboriú. (Jornal O Globo, edição de 07 jan. 2018). Neste caso, o materialismo exacerbado e o poder econômico sobrepujam a qualidade do ambiente (solo, água, esgotamento sanitário, etc.) e por consequência, das pessoas que se deparam diretamente com tais problemáticas, que são, naturalmente, as mais vulneráveis socialmente. Contudo, nem todas as pessoas têm a mesma percepção.

(38)

várias cidades do mundo, como Veneza, na Itália e, Gramado, no Brasil. De Masi (2000, p.23), ao discorrer sobre a sociedade pós-industrial como precursora do ócio criativo, expõe que os indivíduos estão habituados a desempenhar funções repetitivas, incluindo, sobretudo as manuais e as intelectuais – quando estas podem ser delegadas às máquinas. Por isso, “é imprescindível um grande esforço para aprender uma atividade criativa, digna de um ser humano”, que advém do bem-estar físico e psíquico.

Ao delimitar o escopo do estudo para as cidades costeiras e turísticas, observa-se que essas apresentam peculiaridades que remetem a ‘elementos de referência’ para as pessoas – como o mar e seus recursos adjacentes. Segundo o Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas (1995), a zona costeira é caracterizada por área de intensa atividade, de intercâmbio dentro e entre os processos físicos, biológicos, sociais, culturais e econômicos (BARRAGÁN MUÑOZ, 1997). A competição pelo espaço no litoral e os interesses conflitantes dos diversos atores envolvidos, inclusive a necessidade de acesso público à praia e aos lugares - para todos, tornaram-se temas de relevância na política urbana e também, na gestão da zona costeira (EVANS; FOORD, 2005; SAIRINEN; KUMPULAINEN, 2006). Segundo Barragán Muñoz (1997, p. 26), o litoral é definido como um bem que, em forma de energia ou produtos materiais (clima, paisagem, água, solo, biodiversidade) está vinculado ao espaço litorâneo através de sua origem e se destina a satisfazer alguma necessidade humana. Para ele, é o primeiro e mais importante recurso natural e, uma questão de primeira ordem em preservação, gestão e manutenção.

Historicamente, as cidades costeiras foram sendo povoadas com suas construções de costas para o mar, sendo que do mar seus habitantes dependiam (em atividades portuárias, pesca, petrolíferas, saúde, etc., que emergem como paradigmáticas). De imediato, as praias como espaço de lazer foram sendo degradadas devido ao nível de impacto antrópico e intenso povoamento. Por outro lado, há usos em que a praia como recurso ambiental associou-se com a balneabilidade, a saúde e a beleza cênica, dando origem ao turismo de sol e praia nas regiões costeiras de todo o mundo (MORAES, 2004; MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010). Essa ocupação está voltada para a exploração máxima dos valores paisagísticos ligados à praia e ao mar, pois esses são os focos de atração de pessoas. Assim, evolutivamente, as cidades costeiras com potencial paisagístico, vão determinando construções ao longo da linha de costa, assentamento de loteamentos que, na atualidade, são preponderantes para a indústria da construção civil e do imobiliário turístico. No entanto, este processo de reestruturação de frente para o mar, para superar a imagem marginalizada

(39)

das áreas portuárias, confronta o planejamento urbano costeiro com muitos problemas desafiadores, a exemplo dos fenômenos naturais recorrentes em áreas litorâneas e das construções na linha de costa (CORBIN, 1989; MACEDO, 2004; FRANCIA, 2012; KOSTOPOULOU, 2013; LANZA; RANDAZZO, 2013; SILVA; SORIANO-SIERRA, 2015), como ocupações em faixa de praia e retiradas progressivas de vegetação como restingas e fixadoras de dunas.

Verifica-se, ao longo do tempo, que o processo de desenvolvimento e adensamento populacional das cidades costeiras, especialmente a partir da década de 1960 e 1970, obteve um acréscimo significativo da demanda de visitantes e residentes secundários, trazendo consigo impactos negativos aos recursos naturais que, por vezes, não têm capacidade de suporte (MACEDO, 2004; FRANCIA, 2012; SILVA, SORIANO-SIERRA, 2013, 2015). Em pesquisa recente realizada na cidade costeira turística de Itapema - litoral centro norte do estado de Santa Catarina -, Silva e Soriano-Sierra (2013, 2015, 2016) destacam a intensa urbanização ocorrida nas duas últimas décadas (1990/2010), com incremento relevante da construção civil, como loteamentos, condomínios multifamiliares e, por consequência, especulação imobiliária intensa. Esse processo vem acarretando impactos estruturais com relação ao uso do solo, projeção do sol na praia e vias lindeiras, ineficiência no abastecimento de água e esgoto, tráfego intenso de automóveis e ausência de estacionamentos, incluindo, inclusive, o processo de gentrificação, favelização e exclusão social daqueles residentes permanentes que não detém condições econômicas de manter sua rotina citadina de onde derivava.

Sobre esse assunto, Gehl (2013) coloca-se numa posição crítica frente ao crescimento ilimitado da construção civil – neste caso específico, nas cidades costeiras com potencial turístico. Segundo o autor, gestores municipais, arquitetos e urbanistas e empresários do setor imobiliário devem mudar o foco em relação ao poder econômico, detendo a especulação abusiva da construção civil, concedendo margens de equalizar os inúmeros interesses da comunidade, mantendo o mínimo de condições para se ter uma cidade saudável sob o ponto de vista ambiental (JACOBS, 2011). O design dos espaços públicos deve estar sob a responsabilidade de profissionais de alto nível, em uma escala multidisciplinar, que tenham condições de perceber o ambiente sob “o olhar do outro”, o que se denomina de “empatia”. “consideração, preocupação e empatia são os ingredientes mais importantes” das cidades humanas, afirma Gehl (2013, p. 227).

(40)

Quanto ao planejamento urbano das cidades, os profissionais que estão à frente dos projetos urbanísticos e de infraestrutura urbana são os arquitetos e urbanistas. Entretanto, no caso de cidades reconhecidas como destinos turísticos, o turismólogo se apropria de habilidades e perfil para a gestão do turismo citadino por meio do viés multidisciplinar, com a colaboração necessária de outras áreas não menos importantes.67 Isso imprime uma abordagem holística, com variações importantes de percepção e conhecimentos técnicos para o planejamento e a gestão das cidades turísticas, a exemplo de aspectos como: identificar e determinar a capacidade de carga do destino e a atuação ativa do Comitê Gestor da orla marítima, para fins de fiscalização e solução com projetos de melhoria contínua.

O turismo é considerado uma atividade socioeconômica relevante para inúmeros países do mundo, mas, sua realização somente é possível no encontro entre pessoas e, em sua aceitação pela comunidade local. Caso essa premissa não se concretize, as trocas culturais, históricas, econômicas, criativas, sociais e intelectuais não se manifestam, ou se realizam de forma antipática (a exemplo do fenômeno conhecido como “turismofobia”). O turismo, amplamente considerado por acadêmicos e profissionais para se tornar a maior indústria global (sem chaminés), está sendo alimentado pelos fluxos crescentes do turismo urbano, que se caracteriza como um fenômeno complexo, formulado por inúmeras

6 Profissional de nível superior egresso dos cursos superiores de turismo e/ou turismo e hotelaria que disseminam ideias, planejam atividades e as gerenciam, através de sua capacidade de análise crítica e reflexiva agindo com responsabilidade técnica e procedimento ético para garantir o desenvolvimento sustentável da atividade nos seus diferentes segmentos, fomentando a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias. O turismólogo é isento de qualquer pré-requisito de formação acadêmica ou atuação profissional e de registro junto a qualquer órgão federal autárquico, pois é livre o exercício da profissão de turismólogo, em atenção à Lei 12.591/12. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TURISMÓLOGOS E PROFISSIONAIS DE TURISMO). Disponível em: http://www.abbtur.com.br/abbtur/conteudo.asp?cod=3.

7 Um grave fator que se perpetua é o interesse de grupos de construtores e investidores com forte poder de persuasão sobre os gestores municipais (prefeitos e equipe de gestão). Não digo aqui que é um caso generalizável e, nem tampouco, isolado, mas que existe fortemente em muitas das cidades costeiras turísticas do país. Nesse caso, o Plano Diretor da cidade é direcionado ao interesse da maioria, onde nem sempre está representado pelos residentes permanentes e comerciantes locais.

(41)

atividades (EDWARDS; GRIFFIN; HAYLLAR, 2008; ASHWORTH; PAGE, 2011; WISE, 2016). O meio ambiente urbano, por sua vez, é o local de encontro das pessoas, que deve acima de tudo, propiciar bem-estar, conforto ambiental, segurança, confiança e qualidade no caráter de envolvimento entre elas e, também, com o ambiente. Portanto, o turismo vai além da geração de divisas, trocas culturais ou aproveitamento dos recursos naturais e artificiais. O turismo está no âmago do envolvimento entre as pessoas e ao conceito de serviço, junto às demais definições que o precedem, como por exemplo, ao da Organização Mundial de Turismo (OMT).

Quando se busca entrelaçar os objetivos do turismo e das cidades como ambas geradoras de atividade produtiva, deve-se valorizar, por exemplo, elementos inerentes ao indivíduo, como os cinco sentidos (GRINOVER, 2002; ROSS, 2002; CAMPOS, 2008; TUAN, 2012). O exercício da percepção consiste no modo como se percebem as coisas, os espaços, as pessoas, os lugares, as cidades (TUAN, 2012). Deve-se questionar, sempre que possível, “como elas se sentem, quais são seus medos, aflições, frustrações...”, “como elas percebem o ambiente...”. É o princípio da Empatia. É necessário refletir sobre as emoções das pessoas. O olhar do observador passa a ser um valioso argumento para a criação de valor, de inovação e subsídios para o planejamento e gestão dos espaços públicos. Ao observar seu comportamento, e também das cidades (em sentido metafórico), é essencial para os gestores e profissionais de planejamento, saírem da zona de conforto, romperem com modelos já concebidos de planejamento (paradigmas obsoletos) que não se adaptam à realidade das cidades costeiras contemporâneas – uma vez que essas apresentam características específicas e mutantes. A atitude em explorar a identidade dos residentes locais e (re) significar os ambientes de convívio social promove o sentimento de pertencimento, preponderante para a aceitação do turismo urbano e dos visitantes no cotidiano da cidade (SILVA; BERNER; PORTO, 2015; WISE, 2016). Além disso, recupera e promove a dignidade das pessoas que vivem o dia a dia da urbe. Por tudo isso, o turismo satisfaz apenas a ponta do iceberg, tal como um “perfume”, mas que, na verdade é a preparação da cidade para o acolhimento das pessoas de diferentes locais, de modo que não afete negativamente a rotina dos moradores da cidade. A atividade turística (se bem compreendida e planejada) tem o poder de consolidar o desenvolvimento urbano sustentável das cidades costeiras, com benefícios para todos.

A cidade no século XXI, para ser palco de uma vida urbana sustentável, precisa superar sua degradação física, social e moral,

Referências

Documentos relacionados

Como alternativa para o direito à sustentabilidade local voltada para a ideia social e ecológica, utiliza-se a concepção de cidades inteligentes ou smart cities, ou seja, cidades

"Na cidade em que vivo, o número de pessoas (seja do governo, ONGs, ativistas ou de qualquer outro segmento da sociedade) que trabalham para criar uma vida urbana melhor

6) Com relação à apreciação de suficiência, somente será informada ao Escalão Superior e publicada em Boletim Interno, para constar das alterações, aquela referente ao Padrão

Do Dever e Garantia da Fundamentação das Decisões Judiciais Sob o Paradigma do Novo Código de Processo Civil: Uma Consolidaçao do Estado Democrático de Direito.. O método

Em segundo lugar, constata-se que as diferentes divisões que compõem a PCARP têm, invariavelmente, uma forte interação com os segmentos administrativos de todas as unidades de

Nesta etapa do processo de distribuição de espécie proposto, foram coletados os pontos de ocorrência, na área de caatinga na região Nordeste do Brasil, para a modelagem de

O candidato deverá apresentar-se no local às 08h30min (meia hora de antecedência do horário de início das provas – 09h), munido com cartão de identificação, documento de

nosso intuito é analisar os comentários direcionados a Caio, na intenção de perceber uma possível insistência do racismo cordial, optamos por descartar as respostas