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POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: POSSIBILIDADES, DESAFIOS E RELEVÂNCIA DA GESTÃO DEMOCRÁTICA-PARTICIPATIVA.

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Revista Transformar |13(2), ago./dez. 2019. E-ISSN:2175-8255 47

POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: POSSIBILIDADES,

DESAFIOS E RELEVÂNCIA DA GESTÃO

DEMOCRÁTICA-PARTICIPATIVA.

EDUCATIONAL PUBLIC POLICIES: POSSIBILITIES, CHALLENGES AND RELEVANCE OF PARTICIPATORY DEMOCRATIC MANAGEMENT. POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCATIVAS: POSIBILIDADES, DESAFÍOS Y

PERTINENCIA DE LA GESTIÓN DEMOCRÁTICA PARTICIPATIVA. Emanuelly Fernandes Cardoso Pessanha

Licenciada em Pedagogia. Graduada em Direito.

Bruno Borges do Carmo

Mestre em Avaliação. Licenciado em Ciências Biológicas.

Alcione Candido da Silva

Mestre em Letras. Licenciada em Pedagogia. Graduada em Direito.

Alexsandro Rosa Soares

Mestre em Letras. Licenciado em Letras.

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo evidenciar as possibilidades,

os desafios e a relevância da gestão democrática- participativa nas políticas públicas educacionais, considerando que este processo insere-se numa proposta de autonomia e participação que deve ter como principal ferramenta um Projeto Político Pedagógico construído pela gestão em parceria com a comunidade escolar, no qual se expressem os anseios de alunos, da família e dos profissionais ali participantes e atuantes, busca incentivar estratégias para a melhoria da qualidade da educação. Trata-se de um tema recorrente no meio escolar que precisa ser debatido e compreendido. Os objetivos específicos deste trabalho são: analisar os elementos da gestão democrática e participativa; destacar o papel do gestor no contexto e identificar os desafios e as possibilidades da gestão democrática no âmbito da escola pública. A metodologia aplicada foi a pesquisa bibliográfica e pesquisa eletrônica por através dos artigos científicos pertinentes ao assunto, baseada principalmente nos teóricos: LIBÂNEO (2004), PARO (2016), HELOÍSA LÜCK (2009), HORA (2006), além da Constituição Federal de 1988 e a Lei 9394/96 (LDB). Espera-se com este trabalho e estudo, contribuir para futuras pesquisas em torno desta temática.

Palavras-chave: Políticas Públicas. Gestão Democrática. Possibilidades e

Desafios.

Resumen: Este documento tiene como objetivo resaltar las posibilidades,

desafíos y relevancia de la gestión democrática participativa en las políticas públicas educativas, considerando que este proceso es parte de una propuesta

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de autonomía y participación que debería tener como herramienta principal un Proyecto Político Pedagógico construido por La gestión en asociación con la comunidad escolar, que expresa los deseos de los estudiantes, familiares y profesionales participantes y actuantes, busca fomentar estrategias para mejorar la calidad de la educación. Este es un tema recurrente en el entorno escolar que debe ser debatido y entendido. Los objetivos específicos de este documento son: analizar los elementos de la gestión democrática y participativa; Destacar el papel del gerente en el contexto e identificar los desafíos y las posibilidades de la gestión democrática dentro de la escuela pública. La metodología aplicada fue la investigación bibliográfica y la investigación electrónica a través de los artículos científicos pertinentes al tema, basados principalmente en los teóricos: LIBÂNEO (2004), PARO (2016), HELOÍSA LÜCK (2009), HORA (2006), además de la Constitución Federal de 1988 y Ley 9394/96 (LDB). Se espera que con este trabajo y estudio, contribuya a futuras investigaciones sobre este tema.

Palabras clave: Políticas públicas. Gestión democrática. Posibilidades y

desafíos.

Abstract: This paper aims to highlight the possibilities, challenges and

relevance of participatory democratic management in educational public policies, considering that this process is part of a proposal of autonomy and participation that should have as its main tool a Pedagogical Political Project built by Management in partnership with the school community, which expresses the wishes of the participating and acting students, family and professionals, seeks to encourage strategies for improving the quality of education. This is a recurring theme in the school environment that needs to be debated and understood. The specific objectives of this paper are: to analyze the elements of democratic and participative management; highlight the role of the manager in the context and identify the challenges and possibilities of democratic management within the public school. The applied methodology was the bibliographic research and electronic research through the scientific articles pertinent to the subject, based mainly on the theorists: LIBÂNEO (2004), PARO (2016), HELOÍSA LÜCK (2009), HORA (2006), besides the Federal Constitution of 1988 and Law 9394/96 (LDB). It is hoped with this work and study, contribute to future research on this theme.

Key words: Public policy. Democratic management. Possibilities and

Challenges.

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O presente trabalho busca investigar as possibilidades, os desafios e a relevância, ou seja, a importância na aplicação da gestão democrática e participativa nas escolas públicas, um tema bastante recorrente no campo da educação escolar nas últimas décadas.

Durante muitas décadas a administração escolar foi desenvolvida de forma centralizada na figura do diretor, numa metodologia autoritária. Na atualidade, após a promulgação da Constituição de 1988, que estabeleceu em seus artigos 205 e 206, a educação brasileira passou a ser direito de todos e dever do Estado e da família, a participação neste caso passou a ser essencial para que esta premissa seja de fato praticada, visando o pleno desenvolvimento da pessoa humana, o que também é assegurado no capítulo IV, do Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata " Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer" das crianças e dos adolescentes. Onde o artigo 53, IV do ECA, dispõe que a criança e o adolescente têm direito ao preparo para exercer plena cidadania e a qualificação para o mercado de trabalho, e direito de organização e participação em entidades e unidades estudantis, ou seja, a gestão participativa e democrática está norteada nas legislações pátrias, necessita apenas de aperfeiçoamentos e capacitações aos atuais gestores a fim de se retirar o vício de administração/ gestão autoritária.

A atual gestão está fundamentada nos princípios da Autonomia, Participação e Democracia, como demonstra o artigo 206, VI, da Constituição Federal de 1988, portanto, a atual gestão deve estar predisposta a pôr em prática essa concepções e metodologias democráticas consolidadas pela Constituição Cidadã.

Segundo o artigo 206, da Constituição Federal de 1988:

"O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III- pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V- valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos na forma da Lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas, VI -

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Revista Transformar |13(2), ago./dez. 2019. E-ISSN:2175-8255 50 gestão democrática do ensino público, na forma da Lei, VII- garantia de padrão de qualidade..."

Dessa maneira, a gestão escolar deve ser democrática e participativa, influenciada pela noção de importância da gestão como elemento fundamental para o sucesso da prática escolar e do gestor como profissional essencial na mediação do processo de ensino e aprendizagem.

Importante destacar que esse movimento foi e continua crescente, pois em 1996, por intermédio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, foi-se regulamentado o contido na Carta Magna de 1988, onde em seu artigo 13 e seguintes da Lei 9394/96, prevê a participação dos profissionais e da comunidade escolar na elaboração da proposta pedagógica da escola em seu Projeto Político Pedagógico - PPP.

Nesta perspectiva, deve-se levar em consideração alguns pontos importantes, sendo alguns deles: Como deve ser a gestão democrática? Qual o papel do gestor neste contexto? Qual é o papel da comunidade escolar dentro desse processo?

Neste sentido, compreende-se que o gestor precisa garantir a participação de todos os membros da comunidade escolar no projeto político e pedagógico, visando expressar as necessidades dos alunos, do grupo social em que estão inseridos e também, a prática pedagógica com a qual a escola está comprometida.

Os objetivos específicos deste trabalho são: analisar os elementos da gestão democrática e participativa; destacar o papel do gestor no contexto e identificar os desafios e as possibilidades da gestão democrática no âmbito da escola pública.

A metodologia aplicada foi a pesquisa bibliográfica realizada a partir da análise pormenorizada de materiais já publicados na literatura e artigos científicos divulgados no meio eletrônico.

O texto foi fundamentado nas ideias e concepções de autores como: LIBÂNEO (2004), PARO (2016), HELOÍSA LÜCK (2009), HORA (2006), além dos documentos de referências da educação, como a Constituição Federal de 1988 e Lei 9394/96 (LDB).

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Revista Transformar |13(2), ago./dez. 2019. E-ISSN:2175-8255 51 1 Panorama da Educação Básica no Brasil

Durante décadas, a administração escolar centrava-se na figura do diretor enquanto responsável por coordenar todo o processo escolar, estando pais, alunos e profissionais sujeitos as decisões tomadas por este.

Esta centralidade administrativa deve-se, ao fato de que a primeira organização da educação no Brasil, tanto para as questões administrativas como para as questões pedagógicas, baseou-se no RatioStudiorum (Plano de Estudos da Companhia de Jesus - Jesuítas), documento publicado oficialmente em 1599. A estrutura pedagógica e administrativas das escolas do

RatioStudiorum era idêntica à das nossas escolas do Brasil contemporâneo,

onde os alunos aprendiam em salas de aulas, divididos em níveis, ou seja, classes, e realizavam provas, geralmente orais (SECO, 2006 apud, ANTUNES, 2008).

Atualmente no Brasil ainda se mantém de certa forma intrínseca e velada no sistema educacional muito dessa estrutura organizacional tradicionalista e autoritária, quando os alunos continuam a ser classificados por anos (séries), e ainda passam por provas e testes, a fim da verificação da aprendizagem, contudo, com algumas alterações, pois os métodos avaliativos encontram-se mais amplo, o que felizmente é um avanço educacional.

A concepção de Administração Escolar até as décadas finais do século passado era antiga e autoritária, carregada de burocracias e tradicionalismos que interferiam no currículo, na metodologia e no próprio processo de ensino e desenvolvimento da aprendizagem, pois o professor era o centro do processo, ao invés do aluno e a própria construção do conhecimento (LIBÂNEO, 2004).

Ainda segundo LIBÂNEO (2004), a escola como instituição responsável pelos processos de educação formal avançou muito em seu desenvolvimento, passando por diferentes influências e concepções pedagógicas. A sociedade é dinâmica, com constantes renovações que exigem das pessoas diferentes habilidades, como as de pensar, interpretar, agir e transformar o ambiente em que se encontram inseridos.

Este dinamismo desafia a escola a criar as situações adequadas para desenvolver estas habilidades que facilitarão a atuação social de seus alunos,

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atuando por meio de uma prática pedagógica significativa e contextualizada, que tenha o aluno como centro do processo escolar, sujeito atuante da construção de suas aprendizagens.

Neste sentido, o final dos anos 80 e o início dos 90 foram marcados pela reformulação da organização e gestão da educação no Brasil, com a promulgação da Constituição em 1988 e em sequência Constituição Estadual, Lei 9394/2006, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Legislação Educacional de Estados e Municípios, Instrumentos Normativos Educacionais, Estatuto da Criança e Adolescente, Estatuto do Magistério, entre outras normas educacionais, onde passou a se tratar ou pelo menos é o que se pretende tais legislações, os alunos como seres ativos, pensantes, atuantes e não apenas um ser passivo as vontades dos professores e diretores. Foi um marco histórico para a educação, pois a partir desse momento, passou-se a pensar em uma educação democrática e igualitária a todos os brasileiros.

Na esfera das lutas por redemocratização, após mais de uma década de governo militar, discutiu-se a ampliação da participação popular na gestão da escola pública, ou seja, um novo modelo de gestão baseado na descentralização, autonomia e democratização dos processos administrativos (LIBÂNEO, 2004).

A Constituição Federal de 1988, elaborada e promulgada neste contexto de mobilizações populares contemplou o protagonismo social e criou os espaços de participação que se associam à ideia de uma gestão democrática, conceito que substituiu, na década de 1990, a administração escolar tradicional.

Neste contexto, o gestor é figura importante, mas não é o centro do processo de coordenação das atividades escolares, o conceito de gestão no dicionário Aurélio se refere à ação de “germinar, fazer crescer, executar, administrar”.

De acordo com LÜCK (2009):

“a gestão escolar constitui uma das áreas de atuação profissional na educação destinada a realizar planejamento, a organização, a liderança, a orientação, a mediação, a coordenação, o monitoramento e a avaliação dos processos necessários à efetividade das ações

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Revista Transformar |13(2), ago./dez. 2019. E-ISSN:2175-8255 53 educacionais orientadas para a promoção de aprendizagem e formação dos alunos."

A democracia da gestão escolar se refere a participação, o que segundo Lück (2009), é o que diferencia a administração tradicional da gestão democrática. Nesta segunda concepção, valoriza-se e incentiva-se, como fator essencial, a participação da família, professores e alunos nos processos políticos e pedagógicos através de representações em instâncias colegiadas como os Conselhos Escolares, os grêmios estudantis e as eleições para cargos administrativos.

Conceber a ideia de uma gestão democrática da escola pública inclui pensar a escola como um espaço democrático no qual convive a diversidade e se busca de maneira participativa e organizada, planejar e orientar as atividades educativas que atendam às necessidades de todos, independentemente de suas características.

No campo da gestão democrática, cabe ao diretor escolar, como gestor, desempenhar o papel de que é um mobilizador, um orquestrador de atores, um articulador da diversidade para dar unidade e consistência, na construção do ambiente educacional e promoção segura da formação de seus alunos.

Dentro da rotina escolar, o gestor deve ter um planejamento estratégico, contendo neste os objetivos gerais e específicos, isto por intermédio do Plano de Ação, do Projeto Político Pedagógico (PPP), Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), a fim de identificar os problemas daquela comunidade escolar, para então traçar os objetivos e metas, com indicadores e avanços alcançados, isto em consonância e colaboração de toda comunidade escolar, ou seja, com o auxílio dos pais, alunos, professores e demais colaboradores da escola (LÜCK ,2009).

De acordo com LIBÂNEO (2004) o diretor coordena, mobiliza, motiva, lidera, delega aos membros da equipe escolar, conforme suas atribuições específicas, as responsabilidades decorrentes das decisões, acompanha o desenvolvimento das ações, presta contas e submete à avaliação da equipe o desenvolvimento das decisões tomadas coletivamente.

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Neste sentido, democrático, a gestão escolar passa a ser organizada em função de seus sujeitos, viabilizando a participação de todos os envolvidos no processo educacional, o que exige rigor teórico prático de quem organiza, decide, debate, discute o trabalho escolar. Em outras palavras, a escola cuja gestão é democrática funciona visando sempre permitir o trabalho específico e ao mesmo tempo, orgânico dos sujeitos em função das necessidades histórico-sociais dos seus alunos (LÜCK ,2009).

A escola tem a responsabilidade de auxiliar na formação do indivíduo, vez que deve haver uma parceria escola- família, preparando-o para viver em sociedade, de maneira ativa, dinâmica, interventiva, transformadora. Portanto, a cooperação e participação devem estar presentes nas práticas educativas, na busca de desenvolvimento de indivíduos capacitados, promovendo experiências que contribuam para o aprimoramento das habilidades de cada educando.

Estudos demonstram que o meio exerce influência sobre os indivíduos e estes, ao assimilarem e recriarem essas influências torna-se capazes de estabelecer uma relação ativa e transformadora em relação ao meio social (LIBÂNEO 2004).

No entanto, talvez o principal desafio seja construir a noção de democracia, com experiências de autonomia e participação, efetiva e com responsabilidade. Conforme LIBÂNEO (2004):

O conceito de participação se fundamenta no de autonomia, que significa a capacidade das pessoas e dos grupos de livre determinação de si próprios, isto é, de conduzirem sua própria vida. Como a autonomia opõe-se às formas autoritárias de tomada de decisão, sua realização concreta nas instituições é a participação.

Para isto acontecer é preciso que a gestão seja de fato desenvolvida dentro de uma prática democrática, na qual se descentralize o poder, garanta-se a eficácia dos espaços decisórios, a participação efetiva. Em que as informações circulem pelo ambiente escolar, que haja divisão do trabalho, confiança e incentivo à formação continuada de professores e treinamentos para os demais profissionais, dentre outras situações que favoreçam a

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qualidade do trabalho educacional, demonstrando sempre que há uma equipe com um só propósito, o êxito dos educandos.

A possibilidade da gestão democrática é de desenvolver alunos mais conscientes de seu papel social, capazes de atuar para a transformação de seus espaços, para lutarem por seus direitos e cumprirem com seus deveres.

GADOTTI (2004) afirma que:

Não podemos pensar que a gestão democrática resolverá todos os problemas de Ensino ou da Educação: mas a sua implementação é, hoje, uma exigência da própria sociedade que a enxerga como um dos possíveis caminhos para a democratização do poder na escola e na própria sociedade.

Podemos construir uma nova concepção de administração, com gestores responsáveis, éticos, comprometidos com a formação para a cidadania, que tenham um bom relacionamento com todos os membros da comunidade escolar.

Há ainda a possibilidade de formar na família, nos alunos, nos funcionários e professores, a noção da importância da participação como elemento essencial da democracia e que cada um destes, deve buscar qualidade para esta participação, devem ser comprometidos com o sucesso da democracia na gestão da escola pública, em toda a sua extensão e complexidade.

2 A terminologia Gestão Escolar, não é substitutiva de Administração Escolar

Por longos anos, o sistema educacional abordou a Organização escolar no modelo intitulado de Administração Escolar, e não Gestão Escolar, e para se compreender a história da gestão, deve-se verificar as transformações econômicas, tecnológicas e sociais, assim como, cada forma de organização, funcionamento, princípios e especificidades, de cada um desses modelos, o que interfere efetivamente nas práticas sociais e educacionais, LIBÂNEO (2004).

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E para discutir administração escolar, é importante enfatizar o conceito de Administração em geral. O conceito de Administração Geral segundo o dicionário Aurélio é: "um conjunto de princípios, normas e funções que tem por fim ordenar os fatores de produção e controlar a sua produtividade e eficiência para se obter determinado resultado." Ou seja, há a centralidade administrativa e autoritarismo, carregado de burocracias e tradicionalismo, e este modelo de administração interferia e muita das vezes ainda interfere no currículo, na metodologia e até mesmo no processo de ensino e aprendizagem, pois o professor era o centro do processo e não o aluno, o que dificultava a construção do conhecimento.

Segundo LIBÂNEO (2004) os termos Organização, Administração e Gestão têm conceitos muito semelhantes, onde: Organizar significa "dispor de forma ordenada, articular as partes de um todo, prover as condições necessárias para realizar uma ação “Administrar significa "o ato de governar, de pôr em prática um conjunto de normas e funções" e Gestão é o ato de "administrar, gerenciar, dirigir." Neste contexto, observa-se que o termo "Gestão" não surge para suprimir ou substituir o termo "Administração", mas sim, agregar, pois na gestão escolar uma das funções é administrar, isto é, a terminologia gestão é mais abrangente do que apenas administrar.

A Administração escolar caracteriza-se pelos procedimentos referentes a ação de planejar e administrar, coordenar, controlar os trabalhos e recursos materiais, financeiros e pessoal de uma escola.

De acordo com SANTOS (1996, apud LIBÂNEO, 2004), administrar é: "A Administração Escolar tem como objetivos essenciais planejar, organizar, dirigir e controlar os serviços necessários à educação. Ela inclui, portanto, no seu âmbito de ação, a organização escolar."

Esta centralidade administrativa é veiculada ao fato da primeira organização da educação no Brasil, tanto no quesito pedagógico, como no quesito administrativo como já mencionado serem baseados nos Planos de Estudos da Companhia de Jesus (Jesuítas), modelo este para a sociedade atual arcaico, motivo pelo qual viu- se a necessidade de inserir no atual sistema educacional o modelo de Gestão Escolar e não mais Administração Escolar, não por Administração ser menos ou mais, melhor ou pior do que a

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nomenclatura Gestão Escolar, mais sim pela abrangência, ou seja, o "Gestor Escolar" não é mais ou menos do que o "Administrador Escolar", até mesmo o porquê estas práticas estão entrelaçadas, vez que a Gestão não veio suprimir a Administração, mas sim veio para somar, pois o gestor tem que realizar também as funções de um administrador, em outras palavras a terminologia "Gestão" é mais abrangente, ou seja, a administração continua a acontecer porém dentro da gestão, que é uma forma de gerir mais descentralizada e democrática, ou deveria ser LIBÂNEO (2004).

A Gestão Escolar deixa um pouco a centralidade administrativa e o autoritarismo em segundo plano, deve enfatizar trabalhos em equipe, pois o gestor não criou e nem cria as diretrizes sozinho, ele deve estar afinado com as Políticas Educacionais Públicas, pois está atrelado a um sistema (PARO, 2016).

A Gestão da escola deve ser baseada em vários mecanismos que garantem que a escola cumpra seu papel educacional e social, são eles: o Projeto Político Pedagógico - PPP, articulando -se com o previsto no Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), que busca uma identidade própria da Escola, vinculando seus projetos com o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e demais recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), recursos estes, provenientes dos impostos e transferências dos Estados, Distrito Federal e Municípios, vinculados à educação por força do disposto no art. 212 da Constituição Federal/1988, esse processo deve ser o mais democrático possível, onde para sua elaboração, exige uma reflexão sobre o que se pretende com aquelas práticas pedagógicas, a finalidade do ensino naquele contexto social, levando em consideração: o que ensinar, como ensinar, como avaliar aqueles alunos, buscando efetivamente que os mesmos aprendam e entendam a importância do estudo para sua formação social (LÜCK ,2009).

O gestor deve-se ser compromissado com a aprendizagem dos seus educandos, não apenas com resultados positivos para a unidade escolar, dessa forma o resultado será mais satisfatório e eficaz para todos os

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interessados, isto é, para toda comunidade escolar, pois partiu do princípio de ações coletivas até se obter o fim.

3 Utopia da Gestão Escolar Democrática e Participativa nas Escolas Públicas

De acordo com PARO (2016), quando se propõe uma gestão democrática e participativa na escola pública básica que tenha efetiva participação de pais, educadores, alunos e funcionários da escola, isso acaba sendo considerado como coisa utópica, isto porque se tem legislações, movimentos e interesse de uma educação mais democrática, contudo, há ranços, sistemas que atrapalham tal desenvolvimento, não é de pouca importância examinar as implicações decorrentes dessa utopia, pois o desejo é de progresso na educação e nas próprias vidas das crianças, futuros cidadãos e representantes ativos no cenário social a qual estamos inseridos.

Conforme afirma PARO (2016):

"A palavra utopia significa o lugar que não existe. Não quer dizer que não possa vir a existir. Na medida em que não existe, mas ao mesmo tempo se coloca como algo de valor, algo desejável do ponto de vista da solução dos problemas da escola, a tarefa deve consistir, inicialmente, em tomar consciência das condições concretas, ou das contradições concretas, que apontam para a viabilidade de um projeto de democratização das relações no interior da escola."

A participação da comunidade escolar na gestão democrática da escola pública é muito relevante, pois diante da análise de vários pontos de vistas e debates, é que o gestor poderá traçar planejamentos para então por em prática as ações necessárias àquela realidade, a fim de se obter êxito no processo de ensino - aprendizagem (PARO, 2016).

A gestão democrática na escola pública e as relações com a comunidade é de fato uma necessidade, contudo há várias críticas neste sentido, vez que há grandes equívocos relativos ao papel reservado à

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comunidade na gestão da escola pública, onde a mesma é muita das vezes esmagadas pelos ditos "gestores" comumente chamados de "diretores", que por vezes se acham dotados de "poderes", e "esquecem" da importante participação da comunidade escolar nas decisões e planejamento das ações a serem realizadas naquele ambiente escolar.

Segundo HORA (2002, apud BENEVIDES, 2002):

“Democracia é o regime político de soberania popular, porém com respeito integral aos direitos humanos. A fonte do poder está no povo que é radicalmente o titular da soberania e que deve exercê-la, seja através de formas diretas de participação nos processos decisórios. É o regime de separação dos poderes e, essencialmente, é o regime da defesa e da promoção dos direitos humanos. E quando me refiro a direitos humanos, estou unindo a democracia política e a democracia social. A democracia política, herdeira do liberalismo, com as liberdades individuais e as liberdades públicas, que são fundamento dos direitos civis elementares. A democracia social, fruto de lutas sociais e da consolidação dos valores da igualdade e da solidariedade, acrescidos ao valor da liberdade. ”

PARO (2016) entende que se falarmos em “gestão democrática da escola pública”, já está necessariamente implícita a participação da população em tal, porém, de fato não é o que se encontra nestas escolas. Há uma necessidade de difundir as legislações pertinentes a este contexto, há uma necessidade de divulgação da importância da parceria família- escola, de informação de quem de fato compõe a comunidade escolar, e que estes unidos são fortes, e juntos podem mudar a realidade de uma determinada sociedade, e mudar para melhor.

Segundo PARO (2016), o ensino público no Brasil encontra-se precário, especialmente no ensino fundamental, o que atinge diretamente a população, que se encontra há anos inerte, pois cada vez mais estão vulneráveis socioeconomicamente, presos a medidas impostas pelo Estado. E este quadro educacional tende a se agravar, pois há décadas não se vê nos representantes do povo o interesse em realizar mudanças em parte ou em sua totalidade na estrutura educacional, falta a "boa vontade" por parte dos representantes.

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As políticas públicas educacionais necessitam de um tratamento geral, e as mudanças não devem ocorrer apenas nas estruturas administrativas, mas sim em todo o sistema de ensino educacional pátrio. Deve-se preocupar com políticas públicas educacionais mais eficazes aos usuários do ensino público, por meio de práticas mais descentralizadas e participativas. Dessa forma o homem ultrapassará o nível da necessidade e passará para o âmbito da liberdade, pois uma educação de qualidade é libertadora.

A problemática está na falta de democracia nas instituições e unidades escolares, pois na prática não há efetivamente a participação de toda comunidade escolar (pais, alunos, professores e demais sujeitos envolvidos no trabalho escolar) nos trabalhos, decisões e planejamentos e metas a se cumprir naquele ambiente escolar, não há verdadeiramente a democratização nas escolas, o que culmina em uma educação autoritária e ineficiente, uma educação não emancipada, o que para uma sociedade moderna é lamentável (PARO, 2016).

É indispensável o estudo das práticas de organização e de gestão da escola para a construção de uma escola democrática e participativa, que prepare os alunos para a cidadania plena. Todos os que trabalham em escolas - diretores, coordenadores pedagógicos, professores, funcionários técnico-administrativos, devem ter o conhecimento da organização escolar, das formas de gestão e das competências e procedimentos necessários à participação eficaz a vida da escola, incluindo-os na elaboração e discussão pública do projeto político pedagógico e nos projetos curriculares (LIBÂNEO, 2004).

Considerações Finais

Diante de todo o exposto acerca da gestão escolar democrática e participativa, conclui-se que este modelo se contrapõe a administração tradicional que vigorou durante longas décadas na escola pública brasileira, porém, a democracia exige a adoção de um método democrático e de exercício diário destas práticas.

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A tradição da escola pública não é de democracia em nenhum de seus processos: no acesso, na permanência, nos conteúdos, nas avaliações, na qualidade da educação.

O desafio da gestão democrática e participativa então é desenvolver o compromisso com a democracia e a cidadania. Isto só será possível com a construção de uma escola comprometida com o sucesso do aluno, com o cumprimento da educação de qualidade para todos, independentemente de características, potencialidades, idade ou classe social. Na atualidade, é esta a escola que a sociedade conclama, contudo, longe de ser a realidade.

Sabe-se da situação precária em que se encontra o ensino público no Brasil, em especial no âmbito fundamental, expandindo-se por toda a população. A situação também não é nova, vem se arrastando por séculos, décadas, o que de fato é uma situação lastimável, com tendência de agravamento, levando-se em consideração a crise econômica e social que assola o país, há hoje diversos problemas e carências, sem que o Estado tome medidas efetivas visando à sua superação.

Esse fato nos leva a sérias dúvidas a respeito do real interesse do Estado em educar a população, em emancipá-los de fato, em especial as grandes massas, as classes dos assalariados e operários, enfim, está em nós, profissionais da educação, um grande compromisso, o de tentar reverter um sistema educacional tão fragilizado e viciado, a fim de uma sociedade próspera, coesa e justa, o que tanto é preconizados em nossas legislações, a pioneira desta a Constituição Federal de 1988, reconhecida como "Constituição Cidadã", pois consolidou-se por intermédio da mesma os direitos fundamentais a saúde, educação e sociais aos cidadãos, direitos estes velados diariamente, pois a realidade é que ainda vivenciamos ranços, traços do sistema autoritário que vigorou por séculos, décadas, anos em nosso país, por este fato é muito complexo por em prática qualquer ato e mudanças em prol da tão sonhada democracia plena.

Pois de fato, constatamos uma autonomia nas escolas relativas e não absolutas, pois está atrelada a um sistema educacional caminhando para o progresso, mas ainda com traços arcaico, autoritário e impositor.

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Desta forma, é preciso desconstruir para se reconstruir o sistema educacional, os pensamentos, os valores, é preciso estimular a autonomia e a participação de todos, nos processos de gestão escolar, para assim se chegar a gestão democrática- participativa, cabendo ao gestor ser apenas o mediador entre a comunidade escolar, as instâncias de participação e o produto final deste protagonismo.

Gestor este bem preparado, e não apenas um mero "diretor" indicado. Como foi visto no decorrer deste trabalho a nomenclatura "gestor" é bem mais ampla do que a palavra "administrador" e "diretor", contudo, todas estão interligadas, pois o gestor deve saber desempenhar também o papel de administrador e dirigir a unidade escolar a qual está inserido.

Dessa forma, as escolas por intermédio dos profissionais da educação precisam e devem definir seu papel educacional, cultural e social de acordo com cada realidade a qual estão inseridos.

Referências

ANTUNES, Rosmeiri Trombini. O gestor escolar. Programa de Desenvolvimento Educacional –PDE. Caderno Temático: Gestão Escolar.

Maringá/PR, 2008.

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Referências

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