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Relatório de estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS

ANIMAIS

ORIENTADORA: PROF

a

. MSc. CRISTIANE ELISE TEICHMANN

SUPERVISOR: MED. VET. RICARDO PAGLIOSA

Ana Paula Maso

Ijuí, RS, Brasil

2014

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SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Ana Paula Maso

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na Área de Clínica Médica e

Cirúrgica de Pequenos Animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária

da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

(UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de

Médica Veterinária.

Orientadora: Med. Vet. Msc. Cristiane Elise Teichmann

Ijuí, RS, Brasil

2014

(3)

Universidade Regional do Noroeste do Estado do

Rio Grande do Sul

Departamento de Estudos Agrários

Curso de Medicina Veterinária

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório do Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO

elaborado por

Ana Paula Maso

como requisito parcial para obtenção do grau de

Médica Veterinária

COMISSÃO EXAMINADORA:

______________________________________

Cristiane Elise Teichmann (UNIJUÍ)

(Orientadora)

______________________________________ Cristiane Beck (UNIJUÍ)

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DEDICATÓRIA

Dedico à minha família, pоr sua capacidade dе acreditar е investir еm mim, ao meu namorado pela paciência e apoio e aos meus anjos sem asas, meus animais de estimação.

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AGRADECIMENTOS

A Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul pela oportunidade de estudo.

Agradeço а todos os professores por me proporcionarem о conhecimento não apenas racional, mas а manifestação do caráter е afetividade da educação no processo de formação profissional, por tanto que se dedicaram а mim, não somente por terem me ensinado, mas por terem me feito aprender.

Em especial agradeço a minha orientadora Cristiane Elise Teichmann, pelo suporte, pelas suas correções е incentivos dedicados a esse trabalho.

Agradeço ao Ricardo Pagliosa e a Caren Freut, pela oportunidade de estágio, na qual jamais esquecerei.

Aos meus pais, Luciano Maso e Raquel Maso, pelo amor, incentivo е apoio incondicional.

Meus agradecimentos аоs amigos, colegas е irmãos nа amizade que fizeram parte dа minha formação e me apoiaram.

A todos quе direta ou indiretamente fizeram parte dа minha formação e do meu sonho.

(6)

MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE

PEQUENOS ANIMAIS

Autora: Ana Paula Maso

Orientadora: Cristiane Elise Teichmann

Data e Local da Defesa: Ijuí,

04 de dezembro de 2014.

RESUMO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na Clínica Veterinária Maskotes, localizada em Balneário Camboriú - SC, totalizando 150 horas, acompanhadas no período de 18/08/2014 à 19/09/2014, sob orientação da Professora Médica Veterinária Msc. Cristiane Teichmann e supervisão do Médico Veterinário Ricardo Pagliosa. Durante o período do estágio foram acompanhadas diversas atividades na área de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais. As atividades desenvolvidas estão descritas e também relacionadas em forma de tabelas. Foram selecionados dois casos clínicos discutidos e confrontados com a revisão de literatura específica, os relatados são: micoplasmose felina e doença idiopática do trato urinário inferior de felinos. Este estágio proporcionou a união da teoria com a prática e possibilitou uma aproximação com a área de trabalho e com a realidade do dia a dia do trabalho na clínica veterinária.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Atividades gerais desenvolvidas e/ou acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014. ... 14 Tabela 2 - Diagnóstico clínico estabelecido de acordo com os diferentes sistemas orgânicos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014. ... 14 Tabela 3 - Diagnósticos clínicos envolvendo os sistemas cardiovascular, respiratório e digestório durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014. ... 15 Tabela 4 - Diagnósticos estabelecidos das doenças infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014. ... 15 Tabela 5 - Diagnósticos clínicos dos sistemas reprodutivo e urinário durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Makotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014. ... 15 Tabela 6 - Diagnósticos clínicos do sistema musculoesquelético, nervoso e oftálmico/auditivo durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014. ... 16 Tabela 7 - Diagnósticos clínicos dos sistemas tegumentar e anexos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014. ... 16 Tabela 8 - Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014. ... 16 Tabela 9 - Exames complementares solicitados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

DITUIF: Doença idiopática do trato urinários inferior dos felinos DTUIF: Doença do trato urinário inferior dos felinos

dL: decilitros

DNA: deoxyribonucleic acid FeLV: Vírus da leucemia felina FIV: Imunodeficiência felina IRA: Insuficiência renal aguda kg: quilograma

mg: miligramas

ONG: Organização não governamental PCR: Reação em cadeia da polimerase %: porcentagem

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LISTA DE ANEXOS

Anexo A - Resultado do Hemograma de Micoplasmose felina...34

Anexo B - Resultado da Pesquisa de Hemoparasitas...35

Anexo C - Resultado do Hemograma de Micoplasmose felina...36

Anexo D - Resultado do Hemograma de DITUIF...37

Anexo E - Resultado do Bioquímico de DITUIF...38

Anexo F - Resultado da Ultrassonografia de DITUIF ...39

Anexo G - Resultado do Bioquímico de DITUIF...40

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 12

1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 14

2DISCUSSÃO ... 18

2.1 Micoplasmose felina...18

2.2 Doença idiopática do trato urinário inferior de felinos...25

3 CONCLUSÃO ... 32

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INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014, totalizando 150 horas, sob a supervisão do Médico Veterinário Ricardo Pagliosa e orientação da professora Médica Veterinária Cristiane Elise Teichmann.

A Clínica Veterinária está localizada na Avenida Jamaica – Bairro das Nações, Balneário Camboriú, Santa Catarina. O estabelecimento oferece atendimento clínico, cirúrgico, diagnóstico por imagem através de radiografia, internação, pet shop, banho e tosa, além de outros serviços. A estrutura da Clínica Veterinária divide-se em área de vendas que conta com uma variedade de rações para cães e gatos, medicamentos e outros produtos pet, conta também com sala de recepção, área de banho e tosa, dois consultórios, sala cirúrgica, sala de radiografia, internação e isolamento.

O estabelecimento presta serviço ao público das 08h30min às 12h e das 14h às 18h30min de segunda a sexta-feira e nos sábados o horário de atendimento é das 08h30min às 14h. Também possui plantão 24 horas e conta com o atendimento do Médico Veterinário Ricardo Pagliosa especialista na área de ortopedia, responsável pela área cirúrgica em geral, a Médica Veterinária Caren Fruet que atua na área de atendimentos clínicos, realizando consultas, exames e cuidando da internação e a Médica Veterinária Nathalia Franco que atua em ambas as áreas, na parte cirúrgica e clínica.

Na recepção da clínica, existe uma secretária que faz o atendimento e encaminhamento dos clientes para os veterinários, também realiza a tarefa de agendar consultas entre outros, trabalhando junto com a área de venda. Depois de encaminhado o paciente para o veterinário, é realizado a consulta junto ao proprietário, feito anamnense, exame clínico, realização de exames, e se necessário encaminhado para o procedimento cirúrgico. Quando há necessidade de realização da cirurgia, logo após o procedimento o animal é encaminhado para internação, onde fica para recuperação da anestesia, sendo liberado no final do dia.

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Durante o estágio pude acompanhar e auxiliar os médicos veterinários, tanto na área cirúrgica como clínica, participando e discutindo sobre os métodos adotados para os casos clínicos atendidos durante a rotina da clínica.

Optou-se em realizar o Estágio Curricular Supervisionado na Clínica Veterinária Maskotes, pelo grande fluxo de atendimentos, pelos profissionais capacitados que nela trabalham e pela ideia de vivenciar diferentes métodos de trabalho e casos clínicos. A área de Clínica Médica e Cirúrgica foi escolhida, tendo em vista o grande aumento da procura no mercado e pelo gosto de animais de pequenos portes que tenho.

O estágio desenvolvido objetivou utilizar o processamento dos conceitos teóricos com a prática, podendo assim desenvolver o senso crítico e avaliar os melhores métodos de como proceder em diferentes casos.

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1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As principais atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária. Foram atendimentos clínicos e cirúrgicos apresentados nas tabelas a seguir:

Tabela 1 - Atividades gerais desenvolvidas e/ou acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014.

Procedimentos Cães Gatos Total %

Abdominocentese Atendimentos clínicos Coleta de sangue Curativo

Eutanásia

Limpeza do conduto auditivo Procedimento cirúrgico Parasitológico de pele

Remoção de pontos cirúrgicos Sondagem uretral 2 120 70 20 2 10 53 5 25 2 0 60 15 1 2 0 13 0 0 2 2 180 85 21 4 10 66 5 25 4 0,50 44,78 21,43 5,22 1,00 2,49 16,42 1,24 6,22 1,00 Total 319 106 412 100

Tabela 2 - Diagnóstico clínico estabelecido de acordo com os diferentes sistemas orgânicos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Sistema cardiovascular, respiratório e digestório 10 1 11 22,00

Sistema reprodutivo e urinário 8 4 12 24,00

Sistema musculoesquelético, nervoso, oftálmico e auditivo 17 2 19 38,00

Sistemas tegumentares e anexos 8 0 8 16,00

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Tabela 3 - Diagnósticos clínicos envolvendo os sistemas cardiovascular, respiratório e digestório durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Corpo estranho estômago/intestino Gastrite Giardíase Pneumonia Úlceras na língua 2 2 4 2 0 0 0 0 0 1 2 2 4 2 1 16,66 16,66 33,33 16,66 8,33 Total 10 1 12 100

Tabela 4 - Diagnósticos estabelecidos das doenças infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Calicivirose 0 1 1 14,28 Cinomose 1 0 1 14,28 FeLV/FIV Leptospirose Micoplasmose Parvovirose 0 1 0 1 3 0 1 0 3 1 1 1 42,85 14,28 14,28 14,28 Total 3 5 8 100

Tabela 5 - Diagnósticos clínicos dos sistemas reprodutivo e urinário durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Makotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Cistite 2 2 4 33,33

Doença idiopática do trato urinário inferior 0 1 1 8,33

Insuficiência renal aguda Mastite Piometra Retenção de placenta 2 1 2 1 1 0 0 0 3 1 2 1 25,00 8,33 16,66 8,33 Total 8 4 12 100

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período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Conjuntivite

Epilepsia idiopática Hérnia diafragmática Otohematoma

Ruptura do ligamento cruzado Sarcoma no membro pélvico direito Úlcera de córnea 5 1 1 2 4 1 3 0 0 2 0 0 0 0 5 1 3 2 4 1 3 26,31 5,26 15,78 10,52 21,52 5,26 15,78 Total 17 2 19 100

Tabela 7 - Diagnósticos clínicos dos sistemas tegumentar e anexos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Dermatite alérgica 3 0 3 37,5 Dermatofitose Demodicose Otite parasitária 1 1 3 0 0 0 1 1 3 12,5 12,5 37,5 Total 8 0 8 100

Tabela 8 - Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014.

Procedimento Cães Gatos Total %

Ceratectomia superficial 1 0 1 1,51

Cesariana 1 0 1 1,51

Exérese de tumores (pele) Exodontia

Ovariosalpingohisterectomia Orquiectomia

Redução de luxação patelar Tratamento periodontal 10 3 21 4 5 8 0 0 5 8 0 0 10 3 26 12 5 8 15,15 4,54 39,39 18,18 7,57 12,12 Total 53 13 66 100

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Tabela 9 - Exames complementares solicitados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais na Clínica Veterinária Maskotes, no período de 18 de agosto a 19 de setembro de 2014.

Exames Cães Gatos Total %

Alanina aminotransferase Creatinina 12 36 5 5 17 41 8,46 20,40 Fosfatase alcalina 32 3 35 17,41 Glicose Hemograma Parasitológico de fezes Parasitológico de pele Radiografia Sorologia de leptospirose Teste de fluorosceína Teste rápido de cinomose Teste rápido de FeLV/FIV Teste rápido de parvovirose

2 35 3 5 40 1 4 2 0 3 0 5 0 0 3 0 0 0 5 0 2 40 3 5 43 1 4 2 5 3 1,00 19,90 1,49 2,49 21,39 0,50 1,99 1,00 2,49 1,49 Total 175 26 201 100

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2.1 Micoplasmose felina

RESUMO

A micoplasmose felina é causada por uma bactéria do gênero ricketsia chamada

Mycoplasma haemofelis, o parasita destrói as células vermelhas do sangue, provocando uma

anemia hemolítica aguda ou crônica. O organismo é transmitido através da transfusão sanguínea, por vetores como carrapato, pulgas, piolhos e pela ingestão de sangue através de brigas.

O objetivo desse trabalho é relatar o caso clínico de um felino, atendido durante o estágio clínico, na Clínica Veterinária Maskotes, dando ênfase ao diagnóstico e tratamento da doença.

Palavras chaves: micoplasmose, anemia, vetores, sangue.

INTRODUÇÃO

A micoplasmose felina, também conhecida como anemia infecciosa felina, é causada por uma ricketsia, Mycoplasma haemofelis, anteriormente conhecida como Haemobartonella

felis. O Mycoplasma é um parasita microscópico que invade as células vermelhas do sangue,

causando sua destruição. Nem sempre o felino desenvolve a doença, e nestes casos, o mesmo passa a ser portador assintomático (URQUHART, 1998).

Duas cepas de microorganismo anteriormente denominadas Haemobartonella felis foram identificadas: a cepa Ohio, considerada mais patogênica, e uma cepa menor denominada de Califórnia, cuja patogenicidade continua incerta. A cepa Ohio foi renomeada para Mycoplasma haemofelis e a cepa Califórnia foi denominada Candidatus Mycoplasma

haemominutum (BIRCHARD; SHERDING 2008). O Mycoplasma haemofelis é um organismo altamente pleomórfico, parasita obrigatório dos glóbulos vermelhos dos felinos domésticos, estando localizado na periferia destes, onde ocorre sua replicação (ALMOSNY; SOUZA 2002). Estudos indicam que infecções em gatos por Mycoplasma haemofelis geralmente produzem anemia e sinais clínicos da doença. Enquanto que infecções causadas por Candidatus Mycoplasma haemominutum geralmente resultam em infecção inaparente e mínima alteração no volume globular, exceto nos casos em que está associada a outras

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infecções, como imunodeficiência felina (FIV), leucemia viral felina (FeLV) e neoplasias (HARVEY, 2012).

Acredita-se não haver predileção por raça ou sexo, contudo, parece que os machos são mais propensos a apresentarem a hemoplasmose devido aos hábitos mais frequentes de ambulação e luta, e com isso, maior exposição a gatos infectados por M. haemofelis (HARVEY, 2012).

A patogenia da micoplasmose está ligada a sua propriedade de determinar anemia hemolítica nos animais parasitados. O organismo parece penetrar ou erodir o eritrócito parcialmente no seu ponto de adesão. A anemia causada por Mycoplasma haemofelis pode ocorrer por ação direta do parasita no eritrócito. A infecção por ingestão de sangue em brigas entre gatos já foi relatada. As pulgas das espécies Ctenocephalides felis, Ctenocephalides

canis e Pulex irritans parecem ser os principais vetores (ALMOSNY; SOUZA 2002). Coelho

et al. (2011) complementam que existe transmissão pela forma iatrogênica, por exemplo, pela transfusão de sangue. Sendo que existem transmissão para os gatos que são susceptíveis aos carrapatos e às pulgas, exatamente como os cães. Em ambientes externos, os gatos enfrentam os mesmos ou até maiores riscos que os cães, dada a tendência de os gatos investigarem situações novas e brincarem com a presa antes de comê-la. Além disso, mesmo se não for permitido aos gatos sair, ainda assim é possível que apanhem carrapato trazido para dentro da casa (TOLEDO-PINTO 2005).

No geral os sinais clínicos da micoplasmose felina são manifestações da anemia hemolítica aguda a crônica. Pode ocorrer perda de peso, anorexia, depressão, membranas mucosas pálidas ou icterícia. A icterícia caracteriza-se pelo acúmulo de bilirrubina no plasma e nos tecidos e com isso consequente coloração amarela da esclera, da pele e das mucosas. Tem como sintomas, fraqueza, febre ou hipotermia, dores articulares, hiperestesia e ocasionalmente, esplenomegalia. Foram relatados casos de emaciação, desidratação e caquexia. Os animais geralmente apresentam-se alertas e moderadamente ativos, mesmo com anemia ou febre, aparentando apenas sinais de depressão. Animais assintomáticos também foram relatados (ALMOSNY; SOUZA 2002).

O exame mais utilizado para confirmação do diagnóstico de Mycoplasma haemofelis é o hemograma com pesquisa de hematozoários. Entretanto o hemograma oferece informações que além de auxiliar no diagnóstico da doença, revela o estado geral do paciente. É necessário associar os achados do hemograma, os sinais clínicos e às vezes solicitar outros exames para realizar o diagnóstico preciso da doença (NETO, 2007).

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para confirmação da anemia autoimune e PCR (reação em cadeia da polimerase) que detecta o DNA do parasita no sangue do paciente (ETTINGER; FELDMAN 2004; RIBAS, 2014).

Segundo Tasker (2004) para o tratamento dos animais, tanto doxiciclina quanto enrofloxacina são eficazes na redução da parasitemia por M. haemofelis. Nelson e Couto (2010) concordam que a doxiciclina, geralmente é eficiente nos animais imunocompetentes ou sem doença grave com mau prognóstico.

De acordo com Barr e Bowman (2010) sem tratamento a mortalidade em gatos pode chegar a 30%. A transfusão de sangue é necessária, quando se considera que a anemia ameaça a vida, assim como administração endovenosa de líquidos contendo glicose é recomendado para animais em estado grave.

METODOLOGIA

Um felino sem raça definida, adulto, com idade desconhecida, que havia sido resgatado da rua há algumas semanas, foi encaminhado para atendimento na Clínica Veterinária Maskotes. O animal apresentava a cinco dias emagrecimento, apatia, falta de apetite, mucosas ictéricas, desnutrição, fraqueza, desidratação, sem presença de vômito e diarreia. O animal era proveniente de uma ONG que abrigava mais 120 gatos, todos recolhidos da rua, os animais eram criados soltos e juntos, estava com as vacinas atrasadas e recebia alimentação a base de ração. No exame clínico foi verificada a temperatura retal a qual estava fisiológica para espécie, o animal estava em alerta, na ausculta cardíaca presença de taquicardia, baixo escore nutricional e a pele e mucosas estavam ictéricas.

Para o diagnóstico da doença foi feita coleta de sangue para realização do hemograma e pesquisa de hemoparasitas, o qual revelou intensa anemia normocítica hipocrômica regenerativa com presença de anisocitose, poiquilocitose, linfopenia (ANEXO A) e a presença de Mycoplasma haemofelis (ANEXO B) na pesquisa de hematozoários na lâmina. A dosagem de creatinina se encontrava dentro dos parâmetros fisiológicos para espécie.

Com a confirmação de micoplasmose o tratamento instituído foi doxiciclina1 na dose de 5mg/kg de 12/12 horas por 20 dias por via intramuscular, foi recomendado que a proprietária fornece-se alimentação mais palatável para o animal como fígado e frango, estimulando o felino a se alimentar.

1 Doxiciclina®, Vetnil, São Paulo

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Após sete dias o animal retornou para revisão, porém continuava muito apático, perdendo peso, com mucosas ictéricas e anorexia, foi realizado outro hemograma para o acompanhamento do quadro do animal, no qual se observou piora no quadro, resultando em anemia macrocítica normocrômica regenerativa com presença de anisocitose, linfopenia e presença de rouleaux eritrocitário (Anexo C), requisitou-se o teste sorológico de ELISA para realizar a pesquisa de anticorpos para o vírus da imunodeficiência felina e antígenos para o vírus da leucemia viral felina que se mostrou negativo para as duas doenças.

Após esse resultado a dose da doxiciclina foi reajustada para 10mg/kg de 12/12 horas para mais 30 dias, junto a um esteroide anabólico decanoato de nandrolona20,1mg/kg de 7/7 dias por via intramuscular por 4 aplicações. Foi indicada transfusão sanguínea sendo negada pela proprietária devido às condições financeiras. Apesar das condições do paciente solicitou-se a colocação de uma sonda nasogástrica para alimentação forçada, que a proprietária optou por manter o animal em casa junto aos outros. Foi mantida a conduta terapêutica com intuito de minimizar o quadro do animal e estabilizá-lo.

O felino voltou a se alimentar no quinto dia sozinho após o início do novo tratamento e evoluiu até o décimo segundo dia, tendo uma piora gradual até o décimo quinto, onde não conseguia mais se levantar, demonstrava intensa icterícia, caquexia, aumento abdominal e demência. Juntamente ao proprietário decidiu-se pela eutanásia do animal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A sintomatologia apontada por Almosny e Souza (2002) coincidecom as do paciente no presente trabalho, que demonstra perda de peso, anorexia, depressão, membranas mucosas pálidas ou icterícia, desidratação, sinal de alerta e em estado de depressão.

Segundo Neto (2007) o hemograma é o principal exame para diagnóstico da doença, como exames além do hemograma foi feita pesquisa de hemoparasitas, que confirmaram a presença de Mycoplasma.

Doxiciclina, tetraciclina ou oxitetraciclina são os medicamentos de escolha. Prednisolona pode ser administrada a animais gravemente anêmicos, reduzindo gradativamente a dosagem, à medida que o hematócrito aumenta (BARR; BOWMAN, 2010). A utilização da doxiciclina no paciente obteve efeito, no lugar da prednisolona foi utilizado um anabolizante a base de decanoato de nadrolona. Segundo Perez et al (2005), tem poucos estudos ainda e relatos que demonstram eficiência do decanoato de nadrolona para animais

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Norworthy (2004) preconiza ainda o confinamento em gaiolas para minimizar o estresse em gatos anêmicos e a transfusão de sangue total em gatos que apresentam volumes globulares abaixo de 15%, lembrando que os eritrócitos transfundidos também estão sujeitos ao parasitismo. Porém o animal não ficou confinado e nem recebeu transfusão sanguínea sendo recomendados pelo Médico Veterinário, mas não aceito pela proprietária pelas condições financeiras.

Segundo Taneno e Sacco (2009) a micoplasmose é uma enfermidade que acomete os felinos com bastante frequência e necessita de diagnóstico e tratamento específicos. O prognóstico geralmente é bom se a crise anêmica puder ser rapidamente revertida. E após tratamento o animal se torna um portador assintomático e não deve servir como doador de sangue. Apesar de o prognóstico ser favorável na maioria dos casos, nesse caso clínico, foi desfavorável pelo fato do animal já chegar muito debilitado a clínica e ter se agravado ao passar do tratamento.

Com relação à realização da eutanásia, Regus et al (2012) em seu estudo retrospectivo, observou que de 46 casos de hemoplasmose felina, 10 terminaram em óbito. Desses, 6 casos foram por eutanásia, realizadas nas primeiras 36 horas após o atendimento clínico, devido ao agravamento do quadro clínico, mesmo que não tenham sido observadas diferenças significativas hematológicas e bioquímicas entre os pacientes que sobreviveram e que vieram a óbito. Fato este que ocorreu no presente relato, onde devido ao agravamento do quadro clínico do paciente e das dificuldades financeiras do proprietário, foi realizada a eutanásia.

A educação do proprietário em relação a um efetivo controle de ectoparasitas e um esquema adequado de vacinação se faz necessário, visto que uma possível forma de transmissão é através de artrópodes hematófagos, e pela predisposição de animais FeLV positivos desenvolverem a doença (COELHO et al, 2011). Toledo-Pinto (2005) também afirmam que a melhor maneira de prevenir a doença é combater os ectoparasitas como a pulga e o carrapato, só assim os animais poderão ter uma vida saudável. A dificuldade da prevenção do paciente do caso clínico esta na forma em que o animal vivia, sem controle sanitário, junto a outros animais da mesma espécie recolhidos da rua, sem vacinação. Podendo disseminar a doenças para outros, sendo que o mesmo ficou o tratamento todo junto aos outros animais.

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CONCLUSÃO

A micoplasmose é uma doença que acomete felinos com bastante frequência. Através dos sinais clínicos, histórico do animal e exames complementares é possível chegar a um diagnóstico definitivo da doença.

Apesar de se chegar ao diagnostico rápido o estado do paciente ao chegar à clínica não era regular, com o tratamento instituído, o animal conseguiu uma melhora significativa, porém decaiu no final do tratamento, sendo que o quadro desfavorável do animal levou a proprietária pela escolha da eutanásia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMOSNY, N. R. P.; SOUZA, A. M. Hemobartonelose em pequenos animais domésticos e como zoonose. In: ALMOSNY, N. R. P. Hemoparasitoses em pequenos animais

domésticos e como zoonoses. Rio de Janeiro: L. F. Livros de Veterinária Ltda., 2002.

BARR, S.C; BOWMAN, D.D. Doenças infecciosas e parasitárias em cães e gatos. Editora Revinter Cap.49, pag. 253-258. 2010.

BIRCHARD, Stephen. J; SHERDING, Robert. G. Manual Saunders. Clínica de pequenos

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2.2 Doença idiopática do trato urinário inferior de felinos

RESUMO

A doença idiopática do trato urinário inferior de felinos (DITUIF) é uma doença comum da rotina de clínica de pequenos animais, que remete a uma série de alterações no trato urinário do felino. É caracterizada por sinais clínicos como disúria, estrangúria, hematúria entre outras. Nesse trabalho será relatado o caso clínico de um felino, com obstrução uretral, no qual foram realizados exames necessários para chegar ao diagnóstico definitivo de DITUF. Esse trabalho dá ênfase para o diagnóstico e tratamento instituído ao paciente.

Palavras chaves: urinário, felinos, hematúria, obstrução.

INTRODUÇÃO

A incidência da doença é definida como índice anual de aparecimento de novos casos da enfermidade entre a população total de indivíduos sob risco da doença. Embora a doença idiopática seja responsável pela maior parte desses casos, a verdadeira incidência da mesma e sua taxa de recidiva e a frequência de sequelas são desconhecidas (ETTINGER; FELDMAN, 2004).

As doenças do trato urinário inferior dos felinos é um desafio terapêutico para o clínico de pequenos animais em função da sua etiologia complexa e muitas vezes desconhecida, porém alguns fatores predisponentes como idade, sexo, sedentarismo, obesidade, machos castrados, estresse e hereditariedade induz o animal a adquirir a enfermidade (NELSON; COUTO 2010).

A DTUIF descreve uma série de alterações do trato urinário inferior do gato doméstico com etiologias diversas caracterizadas por um ou mais sinais clínicos como disúria (dificuldade de micção), estrangúria (micção dolorosa), hematúria (presença de sangue na urina), polaquiúria (frequência de micção aumentada), diminuição do volume miccional; acompanhados ou não de obstrução uretral parcial ou completa (ETTINGER; FELDMAN 2004; NELSON; COUTO 2010). Os sinais clínicos associados da doença incluem também a micção inapropriada, que se resolve geralmente em 5 a 7 dias; no entanto, em alguns gatos, os sinais podem durar por semanas ou aumentar e diminuir cronicamente (BIRCHARD; SHERDING 2008).

A sintomatologia pode manifestar-se sob a forma de sinais clínicos únicos ou múltiplos. Quadros mais severo corresponde à instalação de processos obstrutivos,

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cujo prognóstico é considerado reservado a desfavorável (RECHE; HAGIWARA 2004). A IRA possui três fases distintas: início (momento que vai desde a ocorrência do insulto renal, até o desenvolvimento de diminuição da capacidade de concentração da urina e da ocorrência de azotemia), a fase de manutenção (quando já estão estabelecidas as lesões tubulares renais) e a fase de recuperação (onde as lesões renais são reparadas e a função renal melhora) (GONZÁLES; SILVA 2008).

A interrupção do fluxo urinário pode ser em virtude da obstrução física, sendo as causas mais comuns os urólitos e os tampões uretrais como também, pela disfunção uretral ou vesical. Tal interrupção leva a um efeito prejudicial sobre a função renal, fazendo com que as condutas terapêuticas sejam de caráter emergencial (NELSON; COUTO 2010).

A DTUIF pode ocorrer em animais de qualquer raça, mas estudos epidemiológicos demonstraram que os gatos Siameses estão sob menor risco, e os gatos Persas sob maior risco, em comparação com os gatos domésticos de pelos curtos (SLATTER, 1998).

A análise radiográfica das vias urinárias de gatos com quadro clínico de hematúria, disúria, polaquiúria ou obstrução uretral, pôde demonstrar espessamento marcante da parede vesical, o que poderia comprovar a teoria de que estes animais apresentam uma inflamação crônica da bexiga (RECHE; HAGIWARA 2004). A maioria dos urólitos nos gatos não podem ser detectados por meio de palpação abdominal. Portanto é necessária a avaliação radiográfica e/ou ultrassonografia do trato urinário para detectar de modo consistente os urólitos dos felinos (ETTINGER; FELDMAN 2004).

Os urólitos formam-se quando a urina fica supersaturada com minerais. A supersaturação ocorre quando a quantidade e a concentração de minerais calculogênicos aumentam. O pH urinário favorece a diminuição na solubilidade desses minerais e existem ainda promotores ou inibidores de cristalização (ETTINGER; FELDMAN 2004; BIRCHARD; SHERDING, 2008).

Para Birchard e Sherding (2008) o diagnóstico deve ser baseado no histórico (sinais clínicos), exame físico (palpação abdominal), urinálise e urocultura (hematúria, proteinúria, piúria, cristalúria), hemograma completo e perfil bioquímico, radiografia, ultrassonografia e cistoscopia.

Segundo González e Silva (2008) os testes bioquímicos de função renal são realizados para o diagnóstico de doença renal e para a monitorização do tratamento, as principais provas bioquímicas de função renal incluem a determinação da uréia e creatinina séricas/plasmáticas.

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As causas de aumento plasmático da creatinina devem ser consideradas uma azotemia pré-renal por diminuição da perfusão pré-renal, como por exemplo, na desidratação, uma azotemia renal devido à insuficiência renal, uma azotemia pós-renal por obstrução do fluxo urinário ou ruptura de bexiga ou simplesmente uma atividade muscular intensa ou prolongada.

A DTUIF caracteriza-se por afecção multifatorial, podendo acometer felinos domésticos, especialmente expostos a fatores de risco, como sobrepeso, atividade física diminuída, superlotação, conflitos com outros felinos. Alimentação composta exclusivamente por rações secas, ingestão insuficiente de líquidos e conformação uretral dos machos também favorecem o surgimento de afecções urinárias (PEREIRA, 2009).

Segundo Birchard e Sherding (2008) as recomendações para o tratamento de DTUIF (melhora do ambiente, maior consumo de água, terapia medicamentosa) são as mesmas indicadas para prevenção. Em geral é recomendado tentar modificações ambientais e alimentares, antes de instituir a terapia medicamentosa crônica. Contudo, em alguns casos refratários, é necessário tratamento medicamentoso.

METODOLOGIA

Um felino sem raça definida, adulto, com dois anos de idade, foi atendido na Clínica Veterinária Maskotes. O animal apresentava vômito e apatia sendo que o proprietário relatou que estava prostrado há alguns dias, mas não sabia há quanto tempo não urinava, pois o animal tinha hábitos de urinar fora de casa. No exame clínico constatou obstrução uretral, intensa desidratação, hipotermia, hematúria e na palpação da bexiga à mesma estava distendida.

Para o diagnóstico foi feita a coleta de sangue para realização do hemograma, no qual revelou linfopenia (ANEXO D), foram dosados ureia e creatinina para avaliação da função renal, que resultou em creatinina 14,02mg/dL e ureia 550mg/dL (ANEXO E). De acordo com os resultados dos exames bioquímicos constatou-se que o animal estava com insuficiência renal aguda por consequência da obstrução.

O animal foi internado para realizar o processo de desobstrução por sonda com urohidropopulsão, mas a sonda obstruiu em todas as tentativas de lavagem vesical. A fluidoterapia com Ringer Lactato foi iniciada para corrigir a desidratação e a urina foi retirada por cistocentese. Depois de realizado uma ultrassonografia (ANEXO F) que demonstrou uma quantidade muito grande de microcálculos (urólitos), decidiu-se por uma cirurgia para lavagem interna da bexiga para desobstruir a uretra.

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animal foi posicionado em decúbito dorsal, feita a assepsia com álcool iodado.

Foi feita uma incisão cutânea, isolou-se a bexiga a partir do abdome com compressas, colocou-se uma sutura de retenção na bexiga, fez-se uma incisão em estocada na bexiga com um bisturi. Sendo assim removidos os urólitos do interior da bexiga, passou um cateter no interior da uretra, e lavou a mesma com solução salina para desalojar quaisquer cálculos na uretra. Foi realizada a sutura da bexiga com pontos de Schmieden mais Lembert com fios de ácido poliglicólico 3-0, não deixando que a sutura penetrasse a luz da bexiga, evitando assim contaminação, após esse procedimento a uretra foi desobstruída em menos de 24 horas após o primeiro atendimento. Logo se iniciou uma fluidoterapia para reverter a insuficiência renal aguda e o antibiótico de eleição foi ceftriaxona6 30mg/kg de 24/24 horas por via intravenosa por 7 dias. Como analgésico, foi usado tramadol7 4mg/kg de 12/12 horas por 3 dias via intramuscular e dexametasona8 na dose de 0,25mg/kg de 12/12 horas como anti-inflamatório também por 3 dias por via intramuscular.

Após todo procedimento foi realizado uma nova coleta de sangue do animal para realização de um novo exame bioquímico que revelou creatinina 6,40mg/dL (ANEXO G) demonstrando uma melhora no quadro do animal. O felino seguiu com incontinência urinária por quatro dias do pós-cirúrgico, O animal ficou internado por sete dias recebendo fluidoterapia e as medicações instituídas, no quarto dia foi submetido a um novo exame bioquímico no qual os valores foram 2,67mg/dL para creatinina (ANEXO H). O animal foi liberado no sétimo dia, depois de um novo exame bioquímico que apresentou os valores da creatinina dentro dos parâmetros fisiológicos para espécie.

As recomendações para o proprietário foram de manter a ração Urinary Royal Canin®9 por 60 dias, espalhar mais caixas de areia pela casa e fontes de água.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre os sinais clínicos observados pelo proprietário a diminuição do volume miccional e a hematúria está de acordo com os citados de (ETTINGER; FELDMAN 2004;

3

Dopalen® ,Ceva, São Paulo -SP 4

Xilazin® ,Syntec, São Paulo -SP 5 Isofluorano® ,Cristália, São Paulo-SP 6 Keftron®,ABL, São Paulo-SP 7

Tramal®, Grünenthal GmBH , Alemanha 8 Azium® ,Coopers, São Paulo-SP

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NELSON; COUTO, 2010). Segundo Reche e Hagiwara (2004) descrevem que animais suspeitos a obstrução uretral encontram-se predispostos a um quadro de insuficiência renal, o que se confirmou no caso clínico, o paciente manifestou valores de creatinina altos para o parâmetro fisiológico da espécie e obstrução uretral, desenvolvendo um quadro secundário de insuficiência renal aguda.

Quanto ao diagnóstico do caso clínico, os sinais clínicos, exame físico (palpação abdominal), hemograma completo e perfil bioquímico, ultrassonografia são descritos por Birchard e Sherding (2008) como pontos chaves para um diagnóstico definitivo da enfermidade.

Segundo González e Silva (2008) os testes bioquímicos de função renal são realizados para o diagnóstico de doença renal e para a monitorização do tratamento, o felino durante o tratamento foi monitorado a partir dos parâmetros da creatinina, que foi informando à resposta do paciente ao tratamento instituído.

O hábito do animal de micção fora de casa contribui para o aparecimento da doença, o que está de acordo com as ideias de Balbinot (2006) no qual os animais que tem acesso à rua e fazem suas necessidades neste ambiente, tem mais chances de desenvolver DITUIF.

Conforme Kintopp (2006) os urólitos podem ser catalogados segundo sua composição mineral, localização ou forma. As formas características dos cristais e urólitos são principalmente influenciadas pela estrutura interna dos cristais e pelo ambiente no qual se formam. No relato de caso os urólitos estavam localizados na bexiga e na uretra causando a obstrução. Segundo Stone (2008), a técnica cirúrgica realizada no paciente para desobstrução, está de acordo com sua técnica descrita.

As metas do tratamento de gatos com obstrução urinária incluem a restauração de uretra patente, viabilizando a excreção urinária e a correção das alterações sistêmicas, com reposição de fluidos e eletrólitos (ALVES, 2006). No presente trabalho foi utilizada a técnica de cistotomia para desobstrução da uretra, e realizado fluidoterapia para correção da desidratação o que vai de acordo com as afirmações de Alves. Sendo a cistotomia aconselhada por diversos autores como (ETTINGER; FELDMAN, 2004; FOSSUM, 2008; NELSON; COUTO, 2010).

SILVA (2009) afirma que agentes antinflamatórios não esteróides são utilizados para aliviar os sinais de disúria em pacientes não urêmicos, tais como o cetoprofeno. Sendo que o uso de antiinflamatórios como glicocorticóides e dimetilsulfóxido (DMSO) é controverso (SLATTER, 1998). No caso clínico do felino, foi utilizado dexametasona um antinflamatório

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A ração dietética Hill’s s/d ou Royal Canin Urinary para felinos podem ser utilizadas para dissolver completamente os urólitos de estruvita, sendo que a dissolução dos urólitos estéreis de estruvita, podendo ser utilizadas no tratamento e na prevenção de recidivas da DTUIF associada à estruvita. A ração deve ser mantida por mais 30 dias após a confirmação da dissolução mediante exames radiográficos (BARRADAS, 2009).

CONCLUSÃO

A DITUIF é uma enfermidade comum na clínica de pequenos animais, e frequente em felinos, o diagnóstico em muitos casos se torna impreciso, devido à dificuldade de realizar todos os exames complementares necessários para descartar as possíveis doenças que cursam com os mesmos sintomas.

Foi realizado nesse relato de caso o tratamento medicamentoso e cirúrgico para reverter o quadro do animal, sendo efetivo, levando o animal aos valores fisiológicos do bioquímico, tendo enfim um prognóstico favorável para o animal, que foi liberado em estado normal.

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3 CONCLUSÃO

O estágio supervisionado na Área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais me proporcionou um enorme aprendizado e conhecimento, que foi adquirido ao longo das semanas convivendo com pessoas diferentes e que estavam disponíveis a repassar todo o seu conhecimento científico, sem nunca medir esforços, sendo possível a aproximação entre os conhecimentos teóricos e a prática profissional, pois o estágio é um dos momentos em que nos é colocado o desafio de estabelecer esta relação, também foi possível desenvolver o senso crítico e aprender a conviver em equipe, tomando as decisões em grupo, tendo sempre participação em todas as áreas da clínica, podendo argumentar.

Portanto, este estágio é um momento exclusivo de aprendizagem em que podemos indagar e questionar para nos prepararmos adequadamente. Tendo o estágio como uma preparação para minha formação acadêmica.

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