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Aspectos nutricionais entre idosos dependentes institucionalizados e não institucionalizados na cidade de Mogi Mirim, SP

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Academic year: 2021

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FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

JOSIANE FERREIRA DE MELLO

ASPECTOS NUTRICIONAIS ENTRE IDOSOS DEPENDENTES

INSTITUCIONALIZADOS E NÃO INSTITUCIONALIZADOS NA CIDADE DE MOGI MIRIM, SP.

CAMPINAS 2019

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ASPECTOS NUTRICIONAIS ENTRE IDOSOS DEPENDENTES

INSTITUCIONALIZADOS E NÃO INSTITUCIONALIZADOS NA CIDADE DE MOGI MIRIM, SP.

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Gerontologia.

ORIENTADOR: PROFA. DRA. LIGIANA PIRES CORONA

ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA

ALUNA JOSIANE FERREIRA DE MELLO, E ORIENTADO PELA PROFA. DRA. LIGIANA PIRES CORONA.

CAMPINAS

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Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas Maristella Soares dos Santos - CRB 8/8402

Mello, Josiane Ferreira, 1985-

M489a Aspectos nutricionais entre idosos dependentes institucionalizados e não institucionalizados na cidade de Mogi Mirim, SP / Josiane Ferreira de Mello. – Campinas, SP : [s.n.], 2019.

Orientador: Ligiana Pires Corona.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas.

1. Idoso. 2. Estado nutricional. 3. Institucionalização. I. Corona, Ligiana Pires, 1980-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Nutritional aspects of institucionalized and non-institucionalized dependent elderly in the city of Mogi Mirim, SP

Palavras-chave em inglês: Elderly Nutritional

status

Institutionalization

Área de concentração: Gerontologia Titulação: Mestra em Gerontologia Banca examinadora:

Ligiana Pires Corona [Orientador] Maria José Delboux

Rita de Cássia Aquino Data de defesa: 07-08-2019

Programa de Pós-Graduação: Gerontologia

Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a) - ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0002-1279-5619 - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/6723984343365711

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ORIENTADOR: LIGIANA PIRES CORONA

MEMBROS:

1. PROFA. DRA. LIGIANA PIRES CORONA

2. PROFA. DRA. MARIA JOSÉ D’ELBOUX

3. PROFA. DRA. RITA DE CÁSSIA AQUINO

Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação e na Secretaria do Programa da FCM.

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Dedico essa dissertação aos meus pais, meu esposo e amigos que tanto me apoiaram e me incentivaram durante todo o curso do mestrado, e em especial à Liberata Ribeiro da Silva (in memoriam), a idosa que me inspirou a desenvolver essa pesquisa.

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Agradeço à Deus, pelo dom da vida, por ter me sustentado todos os dias, e aos amigos espirituais por toda proteção e auxílio em minha jornada.

Agradeço à minha mãe Márcia Corsine de Mello, que sempre me incentivou e acompanhou, me auxiliando e fortalecendo à cada dificuldade, e meu pai Antônio Carlos Ferreira de Mello (in memoriam), que durante minha trajetória sempre me confortou e me auxiliou, e infelizmente não pode acompanhar a concretização desta etapa, mas que de onde estiver, possa continuar iluminando meus passos.

Ao meu amado esposo Ricardo Rosalino, que sempre foi meu parceiro, me apoiando, e com toda paciência me aconselhando e sustentando minhas forças nos momentos difíceis.

À minha querida orientadora Dra. Ligiana Pires Corona, por toda paciência e compreensão pelos momentos particulares que me distanciaram da pesquisa, e por toda condução e orientação maravilhosa durante esse percurso, além de toda contribuição para meu desenvolvimento profissional.

A todos os professores e colaboradores do programa, por todo conhecimento compartilhado e por toda essa experiência maravilhosa.

Aos amigos que fiz durante as disciplinas e eventos, e por cada mensagem que deixaram em minha vida, individualmente de forma muito particular cada um deixou marcas e experiências que levarei para o resto da vida. Vocês com certeza tornaram o caminho mais leve, e os levarei em forma de gratidão eterna em meu coração.

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A população mundial encontra-se em um processo de reestruturação demográfica que se caracteriza pela redução das taxas de fecundidade, diminuição da mortalidade e consequente aumento da expectativa de vida. Idosos caracterizam um grupo particularmente propenso a problemas nutricionais e nesse contexto, merece destaque o envelhecimento com dependência, em virtude os cuidados que estes idosos demandam. Um dos desfechos desse público é a institucionalização, que está em ascensão no Brasil, demonstrando a necessidade de maior atenção para essa população. A literatura ainda é escassa de trabalhos comparando o estado nutricional entre idosos institucionalizados e não institucionalizados, e em virtude à esse cenário, essa dissertação objetivou a comparação dos aspectos nutricionais entre idosos dependentes institucionalizados e não institucionalizados na cidade de Mogi Mirim, SP. Foram abordados indivíduos idosos, dependentes, institucionalizados e não institucionalizados, e a avaliação do estado nutricional se deu mediante avaliação antropométrica e aplicação da Mini Avaliação Nutricional (MAN). Dos participantes, a maioria era do sexo feminino (60,87%), com idade variando entre 60 a 98 anos, prevalecendo o grau III de dependência, sendo 77,78% dos não institucionalizados e 53,85% dos institucionalizados. De acordo com a MAN simplificada, foi possível observar que a maioria dos idosos participantes apresenta algum desvio nutricional, sendo em risco de desnutrição (44,57%) ou desnutridos (22,83%), sem diferença significativa entre os grupos. A classificação do estado nutricional segundo o índice de massa corporal (IMC) indicou maior frequência de desnutrição em idosos do grupo não institucionalizados. De acordo com a circunferência da panturrilha (CP), também pôde-se observar melhor situação nutricional entre idosos institucionalizados (p<0,001). Dependências mais expressivas relacionadas à capacidade de se alimentar foram evidenciadas dentre os idosos pertencentes ao grupo não institucionalizado. O presente trabalho é o primeiro a comparar o estado nutricional de idosos dependentes de acordo com a condição de moradia, e esta comparação mais equiparada permitiu a observação de que o estado nutricional e de saúde dos idosos institucionalizados nem sempre é pior que os idosos vivendo na residência, o que colabora para a quebra do preconceito existente em relação às instituições, sugerindo que a institucionalização e todo o seu suporte multiprofissional poderia refletir de forma positiva a esse perfil

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brasileiros, em especial os mais dependentes.

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The world population is in a process of demographic restructuring characterized by the reduction of fertility rates, a decrease in mortality and a consequent increase in life expectancy. Elderly people are characterized by a group that is particularly prone to nutritional problems and, in this context, it is worth emphasizing aging with dependence, due to the care that these elderly people demand. One of the outcomes of this public is institutionalization, which is on the rise in Brazil, demonstrating the need for greater attention for this population. The literature is still scarce of studies comparing the nutritional status among institutionalized and non-institutionalized elderly, and due to this scenario, this dissertation aimed at comparing the nutritional aspects between institutionalized and non-institutionalized elderly dependents in the city of Mogi Mirim, SP. Elderly, dependent, institutionalized and non-institutionalized individuals were approached, and the nutritional status was evaluated through an anthropometric evaluation and the Mini Nutritional Assessment (MNA). Of the participants, the majority were female (60.87%), ranging in age from 60 to 98 years old, with grade III dependence being prevalent, with 77.78% of non-institutionalized and 53.85% of institutionalized. According to the simplified MNA, it was possible to observe that most of the elderly participants present some nutritional deviation, being at risk of malnutrition (44.57%) or undernourished (22.83%), with no significant difference between the groups. The classification of the nutritional status according to the body mass index (BMI) indicated a higher frequency of malnutrition among non-institutionalized elderly in the group. According to the calf circunference (CC), it was also possible to observe a better nutritional situation among institutionalized elderly people (p <0.001). More expressive dependencies related to the capacity to feed were evidenced among the elderly belonging to the non-institutionalized group. The present study is the first to compare the nutritional status of dependent elderly according to the housing condition, and this more equivalent comparison allowed the observation that the nutritional and health status of the institutionalized elderly is not always worse than the elderly living in a residence, which contributes to the breakdown of existing prejudice towards institutions, suggesting that institutionalization and all of its multiprofessional support could positively reflect this profile of the elderly. The data of this dissertation can also contribute to the reflection

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Quadro 1. Equações para estimativa de peso e altura, de acordo com Rabito (2006)

Quadro 2. Classificação de IMC de acordo com o proposto pela Associação

Dietética norte-americana através da Nutrition Screening Initiative (1994) e recomendado pelo Ministério da Saúde (BRASIL,2006)

Quadro 3. Codificação e categorização das variáveis do estudo.

Gráfico 1. Comparação dos dados relacionados ao estado nutricional do grupo de

idosos institucionalizados (n=65) e grupo de idosos não institucionalizados (n=27).

Gráfico 2. Comparação dos dados relacionados à alimentação do grupo de idosos

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição (%) dos idosos segundo características sócio-demográficas,

de acordo com condição de moradia, Mogi Mirim, 2018.

Tabela 2. Distribuição (%) dos idosos segundo características de saúde, de acordo

com condição de moradia. Mogi Mirim, 2018.

Tabela 3. Distribuição (%) dos idosos segundo características nutricionais, de

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AVD - Atividades da vida diária

AVE - Acidente Vascular Encefálico

CA - Circunferência abdominal

CB - Circunferência do braço

CP - Circunferência da panturrilha

ILPI - Instituições de longa permanência para idosos

IMC - Índice de massa corporal

MAN - Mini Avaliação Nutricional

OMS - Organização Mundial da Saúde

RDC - Resolução da Diretoria Colegiada

SAD - Serviços de Atenção Domiciliar

SE - Semi-envergadura

SP – São Paulo

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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1. INTRODUÇÃO ... 15

1.1. Dependência funcional no idoso ... 16

1.2. Instituições de longa permanência para idosos ... 18

1.3. Cuidados de longa duração ao idoso dependente no âmbito domiciliar .... 22

1.4. Avaliação do estado nutricional de idosos ... 24

2. OBJETIVOS ... 28 2.1. Objetivos Gerais ... 28 2.2. Objetivos Específicos ... 28 3. METODOS ... 29 3.1. Desenho do estudo ... 29 3.2. População do estudo... 29 3.3. Coleta de dados ... 30 3.4. Avaliação Nutricional ... 31 3.5. Variáveis do estudo ... 33 3.6. Análise de Dados ... 35 4. RESULTADOS ... 37 5. DISCUSSÃO ... 44 6. CONCLUSÃO ... 54 REFERÊNCIAS ... 55 APÊNDICES ... 62 ANEXOS ... 70

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1. INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento e sua consequência natural, a velhice, continuam sendo uma das preocupações da humanidade desde o início da civilização (NETTO, 2016).

O envelhecimento populacional é um fenômeno acentuado em nível mundial, (BORGES et al., 2015), sendo atualmente uma em cada nove pessoas no mundo pertencente à faixa etária idosa (MEDEIROS et al., 2011). A fração populacional que mais tem apresentado aumento no Brasil é a de idosos, com taxas de crescimento de mais de 4% ao ano no período de 2012 a 2022. No intervalo entre os anos de 2000 a 2010, a população idosa passou de 14,2 milhões, para 19,6 milhões (IBGE, 2015) e estima-se que em 2025, o Brasil ocupará o sexto lugar entre os países com maior número de idosos, ou seja, pessoas com mais de 60 anos de idade (MEDEIROS et al., 2011), representando aproximadamente 13% da população (COLOMEI et al., 2011). Segundo esta estimativa, em 2030 o Brasil deverá atingir uma população de 41,5 milhões de idosos (IBGE, 2015), e em 2050, 63 milhões de idosos, caracterizando a primeira vez na história humana que haverá mais idosos que crianças na população global (MAIA et al., 2014).

Neste cenário, merece destaque o grupo de idosos longevos, e no caso brasileiro, observa-se que essa faixa da população, com 80 anos ou mais, também está aumentando em ritmo bastante acelerado, inclusive sendo a proporção populacional que mais cresce, embora ainda apresente um contingente relativamente pequeno (CAMARANO e KANSO, 2016)

Estudos também apontam um fenômeno demográfico observado entre os idosos, que é a predominância de mulheres nesse grupo etário. A relação entre os sexos para a população com mais de 60 anos de idade é aproximadamente 0,8, o que significa que a cada 100 mulheres existem aproximadamente 80 homens, refletindo os diferenciais de mortalidade entre os sexos, visto às taxas mais elevadas entre a população masculina com relação aquelas observadas entre as mulheres (BORGES; ERVATTI; JARDIM, 2015).

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No Brasil a proporção de idosos é elevada em virtude da melhoria da qualidade de vida, bem como da diminuição das taxas de natalidade e mortalidade, além dos avanços na área da saúde (MEDEIROS et al., 2011).

Com o envelhecimento ocorrem mudanças fisiológicas inerentes ao processo, as quais tornam o indivíduo mais propenso ao desenvolvimento de doenças, principalmente crônicas não transmissíveis, além do desenvolvimento gradativo de incapacidade psicomotoras (ROSA; CANTARELLI; COLPO, 2014). Neste cenário vem aumentando a preocupação com a condição de vulnerabilidade em que se encontram os idosos, em decorrência a este intenso processo de envelhecimento da população (MARIN et al., 2012).

Os diversos aspectos que caracterizam o processo de envelhecimento apontam a necessidade de proporcionar atenção abrangente à saúde da pessoa idosa, colocando em prática o preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), visando com isso não somente o controle das doenças, mas, e principalmente, bem-estar físico, psíquico e social, ou seja, a melhora da qualidade de vida em geral (NETTO, 2016).

Essa transição da faixa etária populacional apresenta grande impacto tanto na estrutura econômica quanto sanitária da sociedade, visto que o predomínio de doenças crônicas não transmissíveis entre os idosos aumenta a demanda dos serviços de saúde, bem como das políticas públicas específicas (BORGES et al., 2015). Nesse contexto, merece destaque o envelhecimento com dependência funcional, em virtude os cuidados que estes idosos demandam, além da responsabilidade necessária que acarreta disponibilidade de tempo por parte de seus responsáveis e familiares, para realização das atividades pertinentes a estes cuidados (MARIN et al., 2012).

1.1. Dependência funcional no idoso

A dependência funcional é um fenômeno complexo, influenciado por múltiplos fatores, e pode ser caracterizado pela vulnerabilidade que o indivíduo apresenta frente aos desafios do próprio ambiente, e vêm frequentemente sendo observada em pessoas idosas, tanto no grupo de longevos, como também, naqueles mais jovens que apresentam uma combinação de doenças

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ou limitações funcionais, as quais acabam por reduzir sua capacidade de adaptar-se a tais enfermidades incapacitantes (CALDAS, 2003).

Para avaliação dos graus de dependência, utiliza-se o método de avaliação funcional, bem conhecido e aplicado na prática geriátrica, que avalia, em geral, a capacidade do indivíduo para a realização das atividades da vida diária (AVD) básicas, que são as tarefas que envolvem o autocuidado, bem como atividades como alimentar-se, vestir-se, controle de esfíncteres, e ainda relacionadas ao banho e locomoção. Já entre as atividades instrumentais, são as indicativas da capacidade para levar uma vida independente na comunidade, tal como a realização das tarefas domésticas, compras, administração de suas próprias medicações e manuseamento de dinheiro. As limitações para realização dessas atividades é que direcionam os tipos de cuidados que serão necessários e determina o grau de dependência (CALDAS, 2003).

As determinações dos graus de dependência, admitidas pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 283/2005 (BRASIL,2005), são propostas de acordo com a classificação de Katz de 1963, conforme exposto por Duarte e cols. (2007), sendo: grau de Dependência I (idosos independentes, mesmo que requeiram uso de equipamentos de auto-ajuda), grau de Dependência II (idosos com dependência em até três atividades de autocuidado para a vida diária tais como: alimentação, mobilidade, higiene, sem comprometimento cognitivo ou com alteração cognitiva controlada) e por fim grau de Dependência III (idosos com dependência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e ou com comprometimento cognitivo) (BRASIL, 2005).

Somadas a essa transição demográfica e à dependência funcional, as modificações contemporâneas nas composições familiares vêm evidenciando gradativamente a redução da disponibilidade de apoio familiar no cuidado de idosos, fator que tem acarretado o aumento da institucionalização em instituições de longa permanência para idosos (ILPIs) como alternativa de moradia e de cuidados permanentes a esse grupo em questão (BORGES et al., 2015), visto que cuidar do idoso no ambiente domiciliar não é uma tarefa fácil, principalmente considerando as dificuldades socioeconômicas em que vive a

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maior parte da população nacional. Assim, as ILPIs passam a ser a opção viável. (MARIN et al., 2012).

1.2. Instituições de longa permanência para idosos

As ILPIs são estabelecimentos que visam o acolhimento de pessoas que possuem 60 anos ou mais, podendo ser dependentes ou não, que indispõem de condições para permanecer sob o convívio familiar em seu domicílio, tendo como objetivo a prestação de cuidados integrais a estes indivíduos (COLOMEI et al., 2011).

Essas instituições necessitam, para seu funcionamento, de uma equipe multidisciplinar completa, composta por enfermeiro, técnicos em enfermagem, médico, nutricionista, psicólogo, assistente social, fisioterapeuta, educador físico e cuidadores (BORGES et al., 2015), capacitados e registrados em seus respectivos conselhos de classe, com aprofundado conhecimento nas áreas de gerontologia e geriatria, além de oferecer instalações físicas com perfeitas condições de habitabilidade, higiene, segurança e salubridade (ANGELO; SILVA; LIMA, 2011). Em outras palavras, pode-se afirmar que as ILPIs são moradias especializadas, que integram um sistema contínuo de cuidados, e tratando-se de uma moradia, deve preservar, tanto nos seus aspectos físicos quanto em toda a sua dinâmica e rotinas, detalhes que se assemelhem a um lar, um lugar para morar e a vida em uma família (BORN; BOECHAT, 2016).

As ILPIs são classificadas, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, (BRASIL, 2005) na RDC nº 283/2005 como “instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinada a domicilio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania”, e segundo Borges et al. (2015), destinam-se tanto a idosos independentes em situação de carência de renda e/ou familiar, quanto a idosos dependentes, que necessitem de cuidados prolongados. Essa definição está em consonância com o que determina o Ministério do Desenvolvimento Social, onde se pontua que as ILPIs são classificadas como instituições de acolhimento e atendimento com característica domiciliar que acolhe pessoas idosas com diferentes necessidades e graus de dependência, sendo no entanto, imprescindível

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garantir o vínculo familiar e com amigos de forma contínua, bem como o acesso às atividades culturais, educativas, lúdicas e de lazer na comunidade.

Verifica-se que, em todo o território nacional, não há praticamente ILPI governamentais. Em sua grande maioria são de direito privado, sendo beneficente/filantrópica ou com finalidades lucrativas. As filantrópicas frequentemente são mantidas por grupos religiosos, associações de imigrantes ou descendentes, e a maioria têm um em seu histórico, trabalho assistencial de caráter asilar de longa data. Já as clínicas geriátricas ou popularmente denominadas casas de repouso, surgiram mais recentemente, e são instituições com finalidades lucrativas, as quais estão geralmente instaladas nos grandes centros urbanos. Observa-se com maior frequência, em especial nos municípios menores ou nas regiões menos desenvolvidas, apenas instituições com perfil beneficentes e filantrópicas (BORN; BOECHAT, 2016).

Embora no Brasil ainda não haja levantamento oficial detalhado em relação à quantidade e ao perfil do idoso institucionalizado (TOMASINI; ALVES, 2007), Maia et al. (2014), referem que estudos apontam que o Brasil detém de 0,8% da população idosa residente em ILPIs, e embora o número não pareça significativo, a institucionalização do idoso está em ascensão no país, fator que demonstra a necessidade de maior atenção para essa tipo de instituição.

Se a ILPI é uma moradia especializada, cujas funções básicas são proporcionar assistência gerontológica e geriátrica conforme as necessidades dos seus moradores e oferecer, ao mesmo tempo, um ambiente domiciliar, aconchegante, capaz de preservar a intimidade e a identidade dos mesmos, a qualidade do cuidado exigirá uma atenção contínua para que a sua missão se mantenha em equilíbrio, sem haver negligência de nenhum dos aspectos. Assim, ela não será apenas uma residência, muito menos um hospital, mas uma nova categoria de instituição, de caráter híbrido ou sócio-sanitário, onde os idosos podem recuperar a saúde, autonomia e estabelecer novos laços afetivos (BORN; BOECHAT, 2016).

No entanto, é necessário considerar a referência à imagens negativas frequentemente associadas a estas entidades, para as quais a denominação popular “asilo” ainda continua a prevalecer. Associado à pobreza, ao abandono, à incidência de violência contra a pessoa idosa, há uma

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desaprovação generalizada em relação à ILPI (BORN; BOECHAT, 2016). Tal cenário pode ser justificado considerando-se as numerosas denúncias referentes a maus-tratos contra a pessoa idosa nessas instituições (SOUSA et al., 2010). Em contrapartida, Micheletti et al. (2011) reforçam que a violência contra o idoso pode ocorrer nas esferas social, institucional e familiar, e que é no espaço doméstico que ocorre a grande maioria de casos de violência, visto que o abandono, negligência e maus-tratos também são encontrados nas famílias onde a fiscalização é mais difícil (CODEPPS, 2007).

Contudo não podemos deixar esquecidos os aspectos positivos destas instituições, que tangem tanto ao atendimento quanto às necessidades de moradia, higiene, alimentação e atenção à saúde dos idosos (MARIN et al., 2012), em consonância com as exigências das políticas nacionais voltadas para o idoso (BRASIL, 2007).

De acordo com Ramos (2008), a motivação para institucionalização é multifatorial, podendo ser agrupada em três categorias: de saúde, sociais e econômicas. As causas de saúde consistem na deterioração física ou cognitiva, aumentando o grau de dependência do idoso, dificultando assim a independência do mesmo na realização das atividades de vida diária. Com relação às causas sociais considera-se a solidão, carência e desintegração familiar, ausência de convívio social, o esgotamento familiar em decorrência de doenças de longa duração, e finalmente, dentre as causas econômicas, estão a perda de poder aquisitivo, a impossibilidade de uma alimentação adequada, de pagar serviços, e de atender à deterioração da moradia. Marin et al. (2012) aponta ainda que tal motivação pode partir por opção do próprio idoso, que muitas vezes se considera um entrave para a família. No Brasil, os idosos são institucionalizados por motivos diversos, tais como o abandono familiar, aspecto que resulta em muitos destes indivíduos tornando-se moradores em situação de rua, assim como pela ausência de cuidadores, por dependência decorrente de processo demencial, dentre outros (MAIA et al., 2014).

Dados recentes nacionais e internacionais também apontam para o aumento de população de idosos demenciados entre os institucionalizados, afirmado que esses indivíduos com tal agravo em estágio avançado requerem cuidados mais intensivos do que as famílias podem proporcionar e necessitam de cuidados especializados institucionais (BORN; BOECHAT, 2016).

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Embora as ILPIs tenham seu aspecto positivo do ponto de vista do atendimento quanto às necessidades de moradia, higiene, alimentação e acompanhamento da saúde dos idosos, há o inconveniente de afastar o mesmo de seu ambiente e convívio familiar, o que pode promover seu isolamento e a inatividade física e mental, acarretando assim consequências negativas à sua qualidade de vida. O idoso institucionalizado é em muitos casos, uma pessoa sem anseios para a vida, sem expectativas positivas e com esperanças de retorno ao domicílio e convívio familiar. Além disso, que muitas vezes o idoso passa a conviver com pessoas muito diferentes, com doenças incapacitantes, mentais, psiquiátricas e com alcoolistas, fator que agrava os aspectos desfavoráveis acima citados bem como a confortabilidade do idoso (MARIN et al., 2012).

Maia et al. (2014) discute em seu estudo que idosos institucionalizados apresentam mais susceptibilidade aos comprometimentos de saúde em decorrência à fatores como: envelhecimento dos sistemas, perda do equilíbrio, da força muscular, depressão, demência e Costa (2017) discute em seu estudo que a institucionalização impacta na independência dos idosos, visto que dificulta a realização das atividades de vida diária, além de repercutir na reclusão social, reduzindo a autoestima e autocuidado. Por isso, a atenção à saúde do idoso institucionalizado deve ter como foco principal a manutenção de um bom estado de saúde e o estímulo de vida ativa nesse ambiente, preconizando sua autonomia e independência tanto no aspecto físico, como psíquico e social, contribuindo desta forma com o bem-estar, prevenindo sua incapacidade funcional (BORGES et al., 2015).

O indivíduo idoso não deve ser considerado mais como passivo, e sim como agente das ações a eles direcionadas, em uma abordagem embasada nos seus direitos, os quais valorizem os aspectos da vida deste idoso em comunidade, identificando o potencial para o bem-estar físico, e mental ao longo do decorrer da vida (ANGELO; SILVA; LIMA, 2011).

Por esses motivos, a Política Nacional do Idoso (BRASIL, 1994) e o Estatuto do Idoso (BRASIL, 2007), indicam a institucionalização como a última alternativa para o amparo e cuidado do idoso, reforçando a assistência no domicílio como escolha prioritária na promoção da saúde, na prevenção de incapacidades e na manutenção de suas capacidades funcionais.

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1.3. Cuidados de longa duração ao idoso dependente no âmbito domiciliar

A família no Brasil é ainda a principal fonte de suporte para os idosos, principalmente os que apresentam problemas de saúde e maior dependência para as atividades do dia a dia, e estudos vem demonstrando que o cuidador familiar consiste predominantemente em membro do sexo feminino, em geral esposa ou filha, e que na maioria das vezes assume tal responsabilidade de forma repentina e não programada (POZOLLI, 2012; NUNES, et al.,2018). Entretanto, é importante destacar que, embora o cuidado familiar seja um aspecto positivo, nem sempre o mesmo se aplica a todos os idosos, visto que muitos não têm família, há ainda os que cujas famílias são muito pobres, ou seus familiares precisam trabalhar impossibilitando que esse membro da família deixe o mercado de trabalho para se dedicar exclusivamente os cuidados deste idoso, podendo gerar desta forma conflitos profissionais se estes desempenharem outras funções laborais, além de atritos de ordem pessoal e de relacionamento familiar, sugerindo assim, maiores prejuízos para o cenário (CALDAS, 2003; NUNES, et al.,2018).

Estudos vem demonstrado, no entanto, que entre as famílias mais desfavorecidas economicamente, o idoso tem papel importante na contribuição para o orçamento domiciliar, continuando como provedores mesmo quando são funcionalmente dependentes, sendo esta uma estratégia de sobrevivência da família. Lebrão e Laurenti (2005) ressaltam em seu estudo com idosos da cidade de São Paulo, aspecto relevante nesse sentido - o fato de que grande parte dos idosos era responsável por um grupo familiar. Mesmo diante deste panorama, nem sempre o idoso recebe o amparo que necessita, tanto pela insuficiência do recurso, quanto pelas dificuldades que a família encontra no cuidado. Nesse contexto, existe a possibilidade da ocorrência de abusos e maus-tratos, portanto, é necessário lembrar que, embora a legislação e as políticas públicas, assim como a própria sociedade, acreditem que o melhor cenário consista em os idosos serem cuidados e permanecerem no âmbito domiciliar (por questões morais, econômicas ou éticas), não é possível garantir

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que haverá um cuidado humanizado por parte dos familiares. (CALDAS, 2003; CAMARANO e KANSO, 2010)

Há ainda outra questão importante que deve ser levada em consideração – muitas vezes, os cuidadores também são idosos, e neste aspecto, temos “idosos jovens independentes” cuidando de “idosos dependentes”, acarretando em sobrecarga física, emocional e sócio-econômica deste cuidador. (CALDAS, 2003)

A atividade de cuidar do idoso dependente vem, na grande maioria das vezes, somar-se a outras atividades cotidianas do cuidador familiar, trazendo sobrecarga nas esferas biológica e social e até mesmo na espiritual. Por esse motivo, é comum o desempenho ficar aquém das suas necessidades, e consequentemente, refletir de forma negativa nos cuidados do idoso (NARDI, 2012), e se consideradas as novas reorganizações do grupo familiar, com o declínio da fecundidade já discutido anteriormente, resultando em uma diminuição do número de filhos, tal aspecto é apontado como um dos fatores redutores da oferta de cuidadores familiares (CAMARANO e KANSO, 2010).

A presença de dependência em um membro familiar acarreta prejuízos emocionais e financeiros no núcleo familiar, e quando há a presença de um cuidador bem informado em relação às necessidades de saúde do idoso, este pode ser considerado um parceiro do serviço de saúde. A família do idoso deve ser assistida e amparada para que tenha condições de atender de modo mais eficaz este seu membro (POZZOLI, 2012).

Caldas (2003) levantou a questão sobre a necessidade de reconhecer que o envelhecimento com dependência tende a se tornar um problema de saúde pública, apontando os desafios que tal fenômeno proporciona à este campo, pontuando as condições necessárias à manutenção dos cuidados com as pessoas idosas e dependentes na comunidade, bem como as condições que a família realmente dispõe para tal assistência. Da mesma forma, Camarano e Kanso (2010) apontam essa questão como “o surgimento de um novo risco social: cuidados de longa duração para idosos com incapacidade funcional”.

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Com as transformações sociais no modo de organização da família, da economia e da sociedade, torna-se necessária a organização de serviços de assistência domiciliar que possam apoiar os serviços de atenção primária em relação aos cuidados para com idosos portadores de dependência (POZOLLI, 2012)

Em suporte ao cuidado domiciliar ao paciente com dependência, entrou em vigor no Brasil em 2011 o programa “Melhor em Casa”, que propõe a implantação de Serviços de Atenção Domiciliar (SAD), uma nova modalidade de atenção à saúde substitutiva ou complementar às já existentes, caracterizada por um conjunto de ações de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação, prestadas em domicílio, com garantia de continuidade de cuidados e integrada às redes de atenção à saúde (BRASIL, 2011b).

A relevância econômica dos gastos despendidos aos idosos com dependência exige uma análise apurada para fornecer aos formuladores das políticas de saúde informações com as quais possam traçar objetivos e programas de ação, visando assim uma solução qualitativa e economicamente viável para o problema (CALDAS, 2003).

Camarano e Kanso (2010) mencionam que, mesmo que as taxas de prevalência de incapacidade diminuam em decorrência às melhorias na prevenção e na promoção da saúde, o envelhecimento populacional, bem como o aumento da esperança de vida podem resultar em um número crescente de idosos longevos e com incapacidades graves que necessitem de cuidados de longa duração. Sintetizando, a expectativa é de uma grande variedade de cenários relacionados à capacidade funcional dos idosos e consequentemente à demanda por cuidados.

1.4. Avaliação do estado nutricional de idosos

Idosos caracterizam um grupo particularmente propenso a problemas nutricionais em virtude aos fatores relacionados com as alterações fisiológicas e sociais, presença de doenças crônicas, uso de medicamentos, dificuldades

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na alimentação, depressão e alterações da mobilidade com dependência funcional. O grau de dependência funcional é também um fator preditor de complicações (RAMOS, 2008).

Outro fator interferente do estado nutricional é o acesso a uma alimentação de boa qualidade, por isso, detectar alterações precoces possibilita a intervenção de forma adequada, objetivando assim a prevenção doenças, promovendo a manutenção ou recuperando o estado nutricional, conforme a necessidade individual. Reforça-se que hábitos nutricionais positivos influenciam claramente na qualidade da vida geral do idoso, enfatizando que todos esses indivíduos devem, quando possível, ter sua autonomia preservada, principalmente no que tange à alimentação no âmbito institucional (RAMOS, 2008).

Estudos populacionais envolvendo idosos apontam a presença de sobrepeso geralmente entre idosas residentes no meio urbano, no entanto existindo uma relação inversamente proporcional do sobrepeso com o aumento da faixa etária. Desta forma, com relação ao baixo peso, o mesmo é diretamente proporcional ao avançar da idade, indicando que os idosos longevos tendem a apresentar maiores prevalências do déficit nutricional (PEREIRA; SPYRIDES; ANDRADE, 2016).

São escassos os estudos relacionados ao estado nutricional de forma comparativa no que se refere à idosos residentes em ILPIs e em no âmbito domiciliar. Neste cenário, há discreta tendência para apontamentos sobre repercussões negativas ao estado nutricional, envolvendo a institucionalização (SPINELLI, 2008).

A avaliação do estado nutricional caracteriza um dos itens primordiais na avaliação geriátrica, uma vez que a detecção precoce de desnutrição tem relação estreita com a morbimortalidade (SOUZA, 2013).

A antropometria é um dos aspectos que compõem a avaliação nutricional do idoso, e consiste no método de investigação em nutrição baseado na medição das variações físicas de alguns segmentos ou da composição corporal global. De acordo com o Ministério da Saúde, é muito útil para o diagnóstico nutricional dos idosos, além de consistir em um método

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simples e com boa predição para doenças futuras, mortalidade e incapacidade funcional (BRASIL, 2011a).

A avaliação antropométrica do idoso apresenta características particulares, principalmente na impossibilidade de que o indivíduo se mantenha em pé para aferição de peso e estatura, se faz necessário a realização dos cálculos de estimativas destes, por meio de equações específicas, rotineiramente utilizadas na prática clínica para a avaliação nutricional de idosos (SOUZA, 2013). Atualmente, as fórmulas mais utilizadas para estimar o peso e altura de indivíduos brasileiros acamados são as propostas por Rabito et al. (2006).

No Brasil, a Vigilância Alimentar e Nutricional recomenda nos procedimentos de diagnóstico e acompanhamento do estado nutricional de idosos, a classificação do índice de massa corporal (IMC) como critério prioritário, sendo adotada a fórmula: IMC(kg/m²) = peso(kg)/ altura² (m) (BRASIL, 2011a).

Apesar do IMC ser o indicador antropométrico mais utilizado na avaliação do risco nutricional, em virtude de ser uma medida de fácil aplicabilidade, não invasiva e de baixo custo, seu emprego apresenta controvérsias em idosos, visto que este grupo apresenta decréscimo na estatura, acúmulo de tecido adiposo e redução da massa corporal magra além da diminuição da quantidade de água no organismo (SOUZA, 2013). Para classificação do IMC em idosos, conforme recomendado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2006), atualmente são utilizados os pontos de corte propostos pela Associação Dietética norte-americana através da The Nutrition Screening Initiative (1994), pois consideram as mudanças na composição corporal que ocorrem em decorrência ao envelhecimento quando comparados com indivíduos adultos (SOUZA, 2013). Outras medidas antropométricas utilizadas para complementar o diagnóstico nutricional são a circunferência abdominal (CA), do braço (CB) e da panturrilha (CP) que se destacam por serem de simples realização. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a CP é indicada por ser considerada a medida mais sensível às alterações de massa muscular com a idade (WHO, 1995), além de ser recomendada para casos de indivíduos acamados.

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No entanto, de modo a consider um âmbito mais amplo para avaliação do idoso e ampliar o olhar para além das medidas físicas, geralmente utiliza-se a Mini Avaliação Nutricional (MAN) que contém, além de indicadores antropométricos, indicadores de dependência, mobilidade, morbidade, apetite e consumo alimentar, entre outros. O objetivo desta ferramenta é de avaliar o risco de desnutrição a fim de permitir uma intervenção nutricional antecipada quando a mesma for necessária, sendo iImportante ressaltar que a desnutrição é uma doença prevalente em idosos, fator que pode favorecer o aparecimento de complicações associadas (SPINELLI, 2008).

De acordo com Lehn (2012), idosos institucionalizados por longos períodos tem maior chance de desnutrição, no entanto o mesmo argumenta que este dado deve ser interpretado com cautela, pois normalmente até os 65 anos o peso corpóreo permanece estável, quando começa a reduzir progressivamente, logo, quanto maior o tempo de institucionalização, maior a idade do indivíduo, acarretando em maior prevalência de estados nutricionais voltados à desnutrição.

Sendo assim, estudar os parâmetros nutricionais entre idosos dependentes pertencentes às duas realidades em questão (institucionalização e cuidados residenciais) poderá contribuir com o planejamento de metas profissionais visando a melhoria na promoção de um envelhecimento digno e saudável, pontuando quais os fatores devem ser levados em consideração em se tratando da nutrição do idoso dependente em cuidados de longa duração.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivos Gerais

Comparar os aspectos nutricionais entre idosos dependentes institucionalizados e não institucionalizados residentes em uma cidade do interior paulista.

2.2. Objetivos Específicos

• Analisar o estado nutricional através da antropometria idosos institucionalizados e não institucionalizados.

• Estimar a prevalência de risco nutricional e desnutrição pela Mini Avaliação Nutricional em idosos institucionalizados e não institucionalizados.

• Comparar alguns aspectos de consumo alimentar de idosos segundo condição de moradia.

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3. METODOS

3.1. Desenho do estudo

Trata-se de uma pesquisa observacional transversal, desenvolvida na cidade de Mogi Mirim, SP. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICAMP, Campus Campinas, sob o número do parecer nº 2.468.777 (anexo I).

3.2. População do estudo

A população estudada foi constituída de dois grupos distintos de idosos: um grupo institucionalizado em ILPI e um grupo de idosos da comunidade. O cálculo da amostra foi realizado utilizando-se uma prevalência esperada de desnutrição entre 30 e 40%, o que indicou uma amostra mínima de 92 indivíduos (LWANGA e LEMESHOW, 1991). Considerando possíveis perdas amostrais, dados incompletos e outros problemas de recrutamento, foi previsto um acréscimo de 20%, totalizando então uma amostra estimada em 110 idosos, dependentes e de ambos os sexos. A amostra final foi composta por 92 idosos, sendo 65 institucionalizados e 27 não institucionalizados, constituída por todos os idosos com grau de dependência II e III nas instituições e também a totalidade de idosos com mesmo grau de dependência atendidos no programa de atendimento domiciliar do município.

O critério de inclusão do estudo foi: idade de 60 anos ou mais e apresentar grau de dependência II ou III (de acordo com a classificação de Katz de 1963, conforme exposto por Duarte e cols. 2007, e proposto pela RDC. 283/2005). De acordo com esses graus de dependência, temos: grau de dependência II - idosos com dependência em até três atividades de autocuidado para a vida diária, sendo alimentação, mobilidade, higiene, sem comprometimento cognitivo ou com alteração cognitiva controlada, e grau de dependência III - idosos com dependência que requeiram assistência em todas

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as atividades de autocuidado para a vida diária e/ou com comprometimento cognitivo.

3.3. Coleta de dados

A realização da coleta de dados dos idosos institucionalizados foi realizada nas instalações das ILPIs selecionadas: Sociedade de Santo Antonio de Mogi Mirim, Centro de Apoio PRA Vida “Casa de Repouso Emanuel” e Lar São Francisco de Assis de Mogi Mirim, as quais apresentaram aceite para tal realização. A seleção em específico dessas instituições deu-se devido ao perfil de idosos atendidos nas mesmas, pois abrangem em sua totalidade os grupos com graus de dependência II e III (de acordo com a classificação de Katz de 1963, conforme exposto por Duarte e cols. 2007, e proposto pela RDC. 283/2005), sendo esses, critérios necessários para admissão do idoso.

Referente a realização da coleta de dados referente ao grupo de idosos não institucionalizados, a mesma foi realizada mediante de acompanhamento junto à equipe de trabalho de assistência domiciliar da prefeitura municipal de Mogi Mirim, determinado “ADOT”, ou “Melhor em Casa”, serviço disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), que consiste em uma forma de atenção à saúde, oferecida na residência do indivíduo, que conta com agenda estruturada para as visitações e realização das atividades previstas. Foram admitidos os mesmos critérios de acordo com o grau de dependência.

A inclusão e participação dos indivíduos se deu mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (apêndice I) específico para a presente pesquisa, que apresentava esclarecimentos sobre os procedimentos para aferição das medidas antropométricas, e aplicação de questionário, elucidando que a participação seria voluntária, podendo ser recusada e interrompida durante o curso das atividades realizadas. O mesmo foi assinado pelo próprio participante, ou quando algum voluntário apresentou alguma dificuldade importante no entendimento dos termos do TCLE, o mesmo foi assinado por um informante auxiliar (acompanhante, familiar, etc), e neste caso, as avaliações foram realizadas todas com o acompanhamento deste auxiliar. Nas instituições, quando a ausência de um responsável familiar, visto

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que em alguns casos a institucionalização se dá justamente por tal motivo, o termo foi assinado pelo responsável da instituição, que caracteriza o responsável pelo idoso nessas situações.

A partir da concordância na participação da pesquisa, foi realizada uma entrevista utilizando questionário estruturado, através da ficha de avaliação individual (apêndice II), contendo informações sobre dados pessoais, dados de saúde, bem como os dados referente a avaliação antropométrica e dados contidos na MAN (GUIGOZ; VELLAS; GARRY, 1994) além de informações referentes à funcionalidade (de acordo com a classificação de Katz de 1963, conforme exposto por Duarte e cols., 2007, e proposto pela RDC. 283/2005), a fim de caracterizar o grau de dependência.

3.4. Avaliação Nutricional

A avaliação nutricional foi realizada abrangendo avaliação antropométrica e aplicação da MAN (GUIGOZ; VELLAS; GARRY, 1994). Na antropometria, foram aferidos peso, utilizando balança digital portátil modelo W903 da marca Wiso®, com capacidade para 180 Kg e escala de 100g, e a estatura utilizando estadiômetro portátil compacto modelo E201, da marca Wiso®, com 2,10 metros e precisão de 0,1 centímetro. As aferições foram realizadas com os participantes utilizando roupas leves e sem sapatos. A aferição de peso e estatura foi realizada de acordo com o descrito pela Organização Mundial da Saúde (WHO,2008). O estadiômetro foi montado na residência ou instituição de residência, mesmo local onde ocorreu a abordagem, sendo posicionado junto à parede.

Os idosos foram orientados a realizar a aferição descalços, de costas para a parede onde se encontrava o estadiômetro e de frente para o avaliador, com os pés unidos, calcanhares tocando a parede, joelhos estendidos, olhar voltado para o horizonte. Quando da impossibilidade das aferições em virtude à mobilidade comprometida dos sujeitos, estes dados foram estimados de acordo com a métodos proposta por Rabito (2006), descrita no quadro 1, e posterior classificação de IMC de acordo com pontos de corte propostos pela

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Associação Dietética norte-americana através da The Nutrition Screening Initiative (1994), conforme recomendado pelo Ministério da Saúde (BRASIL,2006), apresentados no quadro 2.

Quadro 1: Equações para estimativa de peso e altura, de acordo com Rabito (2006)

Peso 0,5759 (CB) + 0,5263 (CA) + 1,2452 (CP) – 4,8689 (G) – 32,9241 Altura 63,525 – 3, 237(G) – 0, 06904 (I) + 1, 293 (SE)

Onde G=sexo, sendo: 1=Sexo masculino; e 2=sexo feminino;

CB=Circunferência do braço; CA=Circunferência Abdominal;

CP=Circunferência da panturrilha e SE=Semi-envergadura.

Quadro 2: Classificação de IMC de acordo com o proposto pela Associação Dietética norte-americana através da The Nutrition Screening Initiative (1994) e recomendado pelo Ministério da Saúde (BRASIL,2006)

Classificação IMC (Kg/m²)

Magreza ou baixo peso < 22

Eutrofia ou adequado 22-27

Excesso de peso > 27

Foi utilizada ainda a CP como marcador de desnutrição no idoso, por ser a medida mais sensível da massa muscular nos idosos, relacionado às alterações na massa magra que ocorrem com a idade e considera-se valor < 31 cm como ponto de corte indicando perda de massa muscular (WHO, 1995).

Para realização das medidas de circunferências (braço, panturrilha e abdominal), foi utilizada fita métrica inelástica. Os pontos anatômicos propostos foram aferidos da seguinte forma: CB localizado no ponto médio entre o acrômio e o olécrano, contornando o braço com fita flexível evitando compressão da pele ou folga (CUPPARI, 2005); a CP foi aferida ao redor da

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maior proeminência da panturrilha (WHO, 1995) e a CA realizou-se ao término da expiração, sendo feita sobre a maior circunferência acima do quadril, via de regra, coincidindo com a cicatriz umbilical, conforme proposto por CALLAWAY et al. (1988) e HASSELMANN et al. (2008).

Para a verificação da semi-envergadura (SE), a fim de utilização posterior na estimativa de estatura pela metodologia de Rabito (2006), foi realizada a medida pela metade da distância entre as pontas dos dedos médios quando os braços estivessem abertos no nível dos ombros.

Após a coleta de dados foram entregues aos participantes ou a seus responsáveis legais, folheto informativo sobre a importância da alimentação saudável no envelhecimento com base nos “10 passos para uma alimentação saudável para pessoas idosas” (BRASIL, 2009) (apêndice III).

3.5. Variáveis do estudo

A variável de interesse do estudo foi o estado nutricional, avaliado tanto através da antropometria como utilizando a MAN. Tanto estas variáveis como as demais variáveis do estudo (detalhadas no quadro 3) foram descritas segundo a condição de moradia – institucionalizado ou não institucionalizado.

Quadro 3: Codificação e categorização das variáveis do estudo.

Variável Descrição da variável Caracterização da variável Codificação da variável Âmbito de vida Condição de moradia

Categórica 0: Não institucionalizado 1: Institucionalizado

Grau de

dependência

Grau de

dependência

Categórica 0: Grau de dependência II 1: Grau de dependência III

IMC Índice de

massa corporal

Categórica 0: Baixo peso: IMC ≤ 22 kg/m²

1: Eutrófico: IMC entre 22 e 27 kg/m2

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2: Excesso de peso: IMC ≥ 27 kg/m² CP Circunferência Panturrilha Categórica 0: Eutrofia = > 31 cm 1: Desnutrição = < 31cm

Sexo Sexo Categórica 0: masculino

1: feminino

Idade Faixa etária Categórica 0: 60 a 69 anos

1: 70 a 79 anos 2: > 80 anos Presença de doenças Doenças relatadas Categórica 0: nenhuma 1: uma 2: duas ou mais Problemas neuropsicoló gicos Alterações cognitivas

Categórica 0: Sem problemas

1: Demência leve 2: Demência grave Anamnese Alimentar Classificação da dieta Categórica 0: geral/branda 1: pastosa 2: Líquida 3: Sonda nasoenteral 4: outra Número de refeições ao dia Categórica 0: 1 refeição 1: 2 refeições 3: 3 refeições ou mais. Capacidade de se alimentar

Categórica 0: não é capaz de se alimentar sozinho

1: alimenta-se sozinho com dificuldade

2: alimenta-se sozinho sem dificuldade

Ingestão de líquidos

Categórica 0: menos de 3 copos de 250ml.

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2: mais de cinco copos 250ml. Consumo

alimentar (leite e derivados)

Categórica 0: nenhuma porção ao dia

1: ao menos 1 porção ao dia

Consumo alimentar (leguminosas ou ovos)

Categórica 0: nenhuma ou uma porção

semanal 1: ao menos 2 porções semanais Consumo alimentar (Carnes, aves e peixes)

Categórica 0: nenhuma porção diária

1: ao menos 1 porção diária

Consumo alimentar

(frutas e

hortaliças)

Categórica 0: nenhuma ou uma porção

diária

1: ao menos 2 porções diárias

Perda de peso relatada nos últimos três meses

Categórica 0: sem perda de peso

1: entre um e três quilos 2: Superior a três quilos 3: não sabe informar

3.6. Análise de Dados

Para a descrição do perfil da amostra e análise das variáveis em estudo foram feitas tabelas de frequência das variáveis categóricas, com valores de frequência absoluta (n) e percentual (%), e estatísticas descritivas das variáveis numéricas, com valores de média, desvio padrão, valores mínimo e máximo. Todas as análises foram realizadas comparando-se o grupo institucionalizado com o grupo não institucionalizado.

Para comparação das variáveis categóricas foram utilizados os testes qui-quadrado. Para comparação das variáveis numéricas entre os 2 grupos foi

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utilizado o teste de Mann-Whitney, devido à ausência de distribuição normal das variáveis.

O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5%, ou seja, p<0.05. As análises foram realizadas no software Stata® versão 14.

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4. RESULTADOS

Dos 92 idosos participantes da pesquisa, 70,7% eram institucionalizados e 29,3% consistiam no grupo não institucionalizado. A maioria era do sexo feminino, com idade variando entre 60 a 98 anos, e renda média de R$1294,23. A tabela 1 mostra as características sociodemográficas da amostra segundo condição de moradia. A maioria dos idosos participantes não possui companheiro, e houve diferença em relação à moradia: dos idosos institucionalizados, cerca de 95% não possuíam companheiro (a) ou esposo (a), sendo a maioria viúvos, seguidos de solteiros e uma pequena parcela de indivíduos separados. Referente aos idosos residentes em seus domicílios, a maioria era casada ou possuíam algum companheiro (a).

Tabela 1. Distribuição (%) dos idosos segundo características sócio-demográficas, de acordo com condição de moradia, Mogi Mirim, 2018.

Condição de Moradia

Total Institucionalizados Não

Institucionalizados P N % n % N % Amostra total 92 100 65 70,7 27 29,3 - Gênero 0,501 Masculino 36 39,13 24 36,92 12 44,44 Feminino 56 60,87 41 63,08 15 55,56 Idade, Média, (DP) 79 ± 9,74 79 ± 9,15 78 ± 11,2 0,204 60 a 69 anos 19 20,65 11 16,92 8 29,63 70 a 79 anos 19 20,65 16 24,62 3 11,11 80 anos e mais 54 58,70 38 58,46 16 59,26 Estado Civil <0,001 Solteiro (a) 25 27,17 22 33,85 3 11,11 Casado (a) 16 17,39 3 4,62 13 48,15 Viúvo (a) 45 48,91 34 52,31 11 40,74

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Separado (a) 6 6,52 6 9,23 0 0

Com relação ao grau de dependência, a maioria dos idosos apresentou grau III de dependência, havendo diferença significativa entre os grupos - no grupo não institucionalizado 77,78% dos idosos apresentavam maior comprometimento (grau III) e no grupo institucionalizado 53,85% dos indivíduos eram pertencentes ao grau III. A tabela 2 detalha as características de saúde dos participantes.

Do grupo total 42,39% apresentou demência grave, 19,57% demência leve e 38,04% se apresentou sem demência, e não houve diferença em relação à condição de moradia. Analisando a presença de doenças, 22,83% dos indivíduos relataram não ter nenhum acometimento à saúde, sendo que indivíduos com maior número de doenças instaladas (3 ou mais), concentravam-se em sua maioria no grupo não institucionalizado (p=0,035).

Dos acometimentos à saúde avaliados na pesquisa, o Acidente Vascular Encefálico foi o único que apresentou diferença significante entre os grupos, sendo a maior prevalência no grupo não institucionalizado em relação ao grupo institucionalizado (p=0,017).

Com relação ao uso de medicamentos, 86,81% da amostra total apresentou a utilização de mais de 3 medicamentos ao dia, com prevalência mais elevada no grupo institucionalizado (p<0,001).

O hábito urinário entre os grupos também apresentou diferença, sendo que no grupo institucionalizado a maioria relatou hábito normal, e no grupo não institucionalizado uma parcela expressiva (85,19%) teve relato de incontinência urinária e utilização de fralda.

Notou-se a presença de lesão por pressão em 51,85% dos idosos do grupo não institucionalizado, e expressiva diferença (p<0,001) em relação aos idosos institucionalizados, onde somente 6,15% dos participantes apresentava lesões por pressão.

Melhor autoavaliação de saúde foi apontada entre o grupo de idosos não institucionalizados, onde 66,67% se julgava com saúde igual ou melhor

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relacionando-se a indivíduos de mesma idade, já entre os institucionalizados, somente 20% se julgava com tal condição.

Tabela 2. Distribuição (%) dos idosos segundo características de saúde, de acordo com condição de moradia. Mogi Mirim, 2018.

Condição de Moradia

Total Institucionalizados Não

Institucionalizados p n % N % N % Dependência 0,032 Grau II 36 39,13 30 46,15 6 22,22 Grau III 56 60,87 35 53,85 21 77,78 Problema neuropsicológico 0,213 Sem demência 35 38,04 21 32,31 14 51,85 Demência leve 18 19,57 14 21,54 4 14,81 Demência grave 39 42,39 30 46,15 9 33,33 Presença doenças 0,035 Nenhuma 21 22,83 13 20 8 29,63 1 doença 25 27,17 19 29,23 6 22,22 2 doenças 22 23,91 20 30,77 2 7,41 3 ou > doenças 24 26,09 13 20 11 40,74 Acidente Vascular Encefálico (AVE) 0,017 Não 64 69,57 50 76,92 14 51,85 Sim 28 30,43 15 23,08 13 48,15 Uso Medicamentos <0,001 < 3 medicamentos 12 13,19 2 3,13 10 37,04 > 3 medicamentos 79 86,81 62 96,88 17 62,96 Hábito urinário <0,001

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Normal 46 50,0 42 64,62 4 14,81

Dor 1 1,09 1 1,54 0 0

Incontinência 45 48,91 22 33,85 23 85,19

Lesão por pressão <0,001

Não 74 80,43 61 93,85 13 48,15 Sim 18 19,57 4 6,15 14 51,85 Autoavaliação de saúde <0,001 Igual 10 10,87 3 4,62 7 25,93 Melhor 21 22,83 10 15,38 11 40,74 Pior 9 9,78 4 6,15 5 18,52

Não sabe dizer 52 56,52 48 73,85 4 14,81

Dados detalhados referentes às características nutricionais e do modo de se alimentar dos idosos estão descritos na tabela 3, e considerando-se a MAN simplificada, foi possível observar a que a maioria dos idosos participantes apresenta algum desvio nutricional, sendo em risco de desnutrição (44,57%) ou desnutridos (22,83%), sem diferença significativa entre os grupos.

A classificação do estado nutricional segundo IMC indicou maior frequência de desnutrição em idosos do grupo não institucionalizados em relação aos idosos institucionalizados. Observou-se também expressiva parcela de idosos com excesso de peso no grupo institucionalizado (40%), com diferenças significativas entre os grupos.

De acordo com avaliação da CP, também pôde-se observar melhor situação nutricional entre idosos institucionalizados, onde 43,08% apresentou estado satisfatório contra somente 3,7% do grupo não institucionalizado em relação a este parâmetro (p<0,001).

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Tabela 3. Distribuição (%) dos idosos segundo características nutricionais, de acordo com condição de moradia. Mogi Mirim, 2018.

Condição de Moradia Total Institucionalizado s Não Institucionalizados P N % N % N % MAN Simplificada 0,123 Eutrofia / Normal 30 32,61 25 38,46 5 18,52 Risco 41 44,57 25 38,46 16 59,26 Desnutrição 21 22,83 15 23,08 6 22,22 IMC 0,042 Eutrofia 27 29,35 20 30,77 7 25,93 Baixo Peso 34 36,96 19 29,23 15 55,56 Excesso de Peso 31 33,70 26 40,00 5 18,52 Circunferência da Panturrilha (CP) <0,001 Normal 29 31,52 28 43,08 1 3,70 Risco de desnutrição 63 68,48 37 56,92 26 96,30 Modo de se alimentar <0,001 Sozinho 14 15,22 12 18,46 2 7,41 Com dificuldade 36 39,13 33 50,77 3 11,11 Ajuda completa 42 45,65 20 30,77 22 81,48 Classificação dieta <0,001 Geral 52 56,52 44 67,69 8 29,63 Pastosa 20 21,74 17 26,15 3 11,11 Sonda 20 21,74 4 6,15 16 59,26 Autoavaliação Nutricional <0,001 Sem problema nutricional 36 39,13 15 23,08 21 77,78 Desnutrido 7 7,61 2 3,08 5 18,52

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Não sabe dizer 49 53,26 48 73,85 1 3,70

Os dados comparativos referentes ao estado nutricional entre os idosos de cada grupo (institucionalizados e não institucionalizados) encontram-se ilustrados no Gráfico 1.

Com relação ao modo de se alimentar, grande parcela, cerca de 84% dos idosos, demonstrou incapacidade de se alimentar sozinho, necessitando de alguma ajuda, por motivo de dificuldade para realizar essa atividade. Dependências mais expressivas relacionadas à capacidade de se alimentar foram evidenciadas dentre os idosos pertencentes ao grupo não institucionalizado. Os dados comparativos referentes à alimentação entre os idosos de cada grupo (institucionalizados e não institucionalizados) encontram-se ilustrados no Gráfico 2.

Gráfico 1. Comparação dos dados relacionados ao estado nutricional do grupo de idosos institucionalizados (n=65) e grupo de idosos não institucionalizados (n=27).

Diferenças significativas entre os grupos também foram observadas no que tange à classificação da dieta, onde maiores índices de dependência, em especial o uso de sonda de alimentação esteve presente entre os não

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institucionalizados (59,26%). Este fato foi determinante para a não apresentação dos dados isolados de consumo alimentar questionados na MAN, visto que, com alta prevalência do uso de sonda, a ingesta via oral não pôde ser adequadamente avaliada.

Gráfico 2. Comparação dos dados relacionados à alimentação do grupo de idosos institucionalizados (n=65) e grupo de idosos não institucionalizados (n=27).

Resultados similares à autoavaliação de saúde foram observados em reação à autoavaliação nutricional, onde 77,78% dos idosos residentes em seus domicílios, julgavam-se com estado nutricional satisfatório, enquanto no grupo institucionalizado, somente 23,08% se auto julgava bem nutrido. No entanto, dentre os institucionalizados, grande parcela (73,85%) não sabia dizer se sua condição era satisfatória ou não.

Os parâmetros de perda de peso e redução da ingesta alimentar também foram avaliados, no entanto não apontaram resultados significativos (p=0,218) e (p=0,759), respectivamente.

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5. DISCUSSÃO

No presente estudo, observou-se que em muitos indicadores nutricionais, os idosos residentes em ILPI apresentaram melhores condições que os idosos não institucionalizados. Em alguns outros aspectos nutricionais e de saúde, os idosos não institucionalizados tiveram parâmetros melhores.

São bem descritos na literatura os efeitos negativos ainda hoje associados à ILPIs, ou entidades denominadas popularmente “asilos”. Tais aspectos estão frequentemente ligadas à pobreza, ao abandono e à exclusão social. No entanto, o desenvolvimento de tecnologias mais eficazes voltadas aos cuidados com a saúde, têm possibilitado aos idosos uma sobrevida por períodos mais longos, que em contrapartida apresenta muitas vezes maior dependência funcional com demandas crescentes por institucionalização neste segmento etário (VILLAS BOAS, 2016; BORN; BOECHAT, 2016)

No referente às questões sociodemográficas, observamos a já esperada presença majoritária de idosas, conforme bem explorado e descrito na literatura, visto a característica feminização do envelhecimento (BORGES; ERVATTI; JARDIM, 2015), fato também observado por Alencar et al. (2012), em seu estudo sobre o perfil de idosos institucionalizados e por Dourado et al. (2018) com idosos da comunidade. Costa (2017) em seu estudo comparativo do estado nutricional entre 101 idosos institucionalizados e não institucionalizados nas cidades de Bauru, SP, e Botucatu, SP, também apontou predominância do sexo feminino tanto no grupo institucionalizado como no grupo não institucionalizado. Outro estudo realizado em 2011 em Olinda-PE, que a avaliou o perfil de ILPIs, 73,8% dos idosos institucionalizados eram do sexo feminino e 26,2 % eram do sexo masculino (ANGELO; SILVA; LIMA, 2011). Outros exemplos onde se evidenciou a presença predominante de idosas são estudos realizados no Rio Grande do Norte, onde apontou-se 64,9% (DAVIM et al., 2004), e 70,7% (AZEVEDO, 2014), em Avaré-SP com índice de 61,1% (FREITAS; SCHEICHER, 2010) e em Belo Horizonte com 81,1% (CHAIMOWICZ; GRECO 1999).

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As particularidades etárias dos idosos apresentaram algumas divergências de acordo com as populações dos estudos. Tanto Costa (2017) como Dias e Pais-Ribeiro (2018) verificaram que maiores faixas etárias estavam entre os institucionalizados e no presente estudo não houve diferença entre os grupos, fato que se deve provavelmente à seleção de somente idosos dependentes, equiparando a população de estudo.

No que tange ao estado civil, ou presença de companheiro, Dourado et al. (2018) evidenciou maior índice de indivíduos casados ou morando com algum companheiro, achado semelhante a este estudo, que evidenciou maior frequência de casados quando em situação não institucionalizada. Já com relação à institucionalização, Alencar et al. (2012), apontou que a maioria dos idosos institucionalizados eram solteiros, e no presente estudo essa população apresenta maior número de idosos viúvos, cenário que corrobora com o estudo de Hajek (2015), envolvendo a população alemã. Dias e Pais-Ribeiro (2018), bem como Costa (2017) em estudos comparativos entre idosos institucionalizados e não institucionalizados encontraram similaridade também neste sentido, já que os idosos institucionalizados tendiam expressivamente a apresentar ausência de companheiro. Pode-se sugerir, relacionando esses achados, que a ausência de um companheiro é um aspecto presente e talvez determinante para situações de institucionalização, considerando que a falta do companheiro pode implicar na necessidade de cuidado por outros familiares, muitas vezes complicando a dinâmica familiar.

Em relação à dependência funcional, apesar de o presente estudo ter abordado somente idosos com grau de dependência II e III, vale a reflexão sobre o achado referente à presença de maiores comprometimentos entre os não institucionalizados, fato inverso ao frequentemente observado em estudos com a população idosa, e como encontrado por Costa (2007) e discutido por Madeira et al. (2016), onde na institucionalização observa-se maior comprometimento funcional. Sugere-se dessa forma que em se tratando de idosos mais dependentes, o suporte nas instituições pode contribuir, retardando a evolução de dependências mais brandas para situações mais severas.

Referências

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