• Nenhum resultado encontrado

Abordagem energética dos resíduos sólidos urbanos (RSU) na temática da educação ambiental no município de Cerqueira César - SP

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Abordagem energética dos resíduos sólidos urbanos (RSU) na temática da educação ambiental no município de Cerqueira César - SP"

Copied!
183
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA

FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CAMPUS DE BOTUCATU

ABORDAGEM ENERGÉTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

(RSU) NA TEMÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO

DE CERQUEIRA CÉSAR - SP

ELISANGELA FERRUCI CAROLINO

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP- Campus de Botucatu , para obtenção do título de Mestre em Agronomia - Área de Concentração em Energia na Agricultura.

BOTUCATU-SP Maio - 2002

(2)

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA

FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CAMPUS DE BOTUCATU

ABORDAGEM ENERGÉTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

(RSU) NA TEMÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO

DE CERQUEIRA CÉSAR - SP

ELISANGELA FERRUCI CAROLINO

Orientador: Prof. Dr. Antenor Pasqual

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP- Campus de Botucatu , para obtenção do título de Mestre em Agronomia - Área de Concentração em Energia na Agricultura.

BOTUCATU-SP Maio - 2002

(3)

III

AGRADEÇO

À Deus que confiei em tuas palavras:

...

Sim, Senhor, tu és o meu refúgio!

Fizeste do altíssimo a tua morada, não te acontecerá desgraça, guardar-te em todos os teus caminhos...

(Salmo 91)

A minha família em especial a minha mãe Marina, exemplo de firmeza e esperança. Ao meu sobrinho Guilherme pelas horas de alegria em momentos de angústia.

Ao Ricardo pela paciência nos momentos de aflições, e pelas valiosas contribuições que me conduziram a um olhar mais clínico frente às dificuldades.

(4)

IV

AGRADECIMENTOS

Ao meu querido orientador Prof. Dr. Antenor Pasqual por me conduzir pelo caminho do discernimento e seriedade neste trabalho.

Aos docentes do Curso de Pós-Graduação em Energia na Agricultura pelo conhecimento transmitido, em especial ao Prof. Dr. Sergio Hugo Benez, que com suas valiosas contribuições em sala de aula, se fazem presentes até hoje em minha vida profissional.

À Faculdade de Ciências Agronômicas/UNESP – Campus de Botucatu pela oportunidade de realizar este trabalho.

Ao atencioso Roberto do CINAG pelas contribuições estatísticas.

Aos queridos colegas que encontrei na Pós-Graduação, a Daniela, Fernanda, Eni, Magali, Madalena, Darsio, pelas conversas valiosas e as diferentes visões de mundo de cada um. Ao prefeito de Cerqueira César, Abel Ribeiro, pela compreensão na realização deste trabalho. Aos funcionários da Prefeitura que direta ou indiretamente contribuíram com valiosas informações.

Aos catadores informais Vimor, Fabiano, Sebastião, Márcio, Paulo, Muda, Cleusa que sobrevivem do lixão cuja ajuda foi fundamental.

(5)

V

SUMÁRIO

Página

LISTA DE QUADROS...VIII

LISTA DE FIGURAS...IX

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS...XVII

1 RESUMO...01

2 SUMMARY...03

3 INTRODUÇÃO...05

4 REVISÃO DE LITERATURA...08

4.1 Lixo e resíduo – origens e conceitos...08

4.2 Classificação dos resíduos sólidos urbanos...10

4.3 Aproveitamento energético de resíduos sólidos urbanos...12

4.4 Gestão e aproveitamento dos resíduos sólidos urbanos ...15

4.4.1 Coleta seletiva para reciclagem...20

4.4.2 Formas de reciclagem...25 4.4.2.1 Reciclagem de alumínio...30 4.4.2.2 Reciclagem de vidro...31 4.4.2.3 Reciclagem de papel...33 4.4.2.4 Reciclagem de plástico...35 4.4.2.5 Reciclagem de aço...38 4.4.3 Compostagem...39

4.4.3.1 Aplicações do composto orgânico obtido na compostagem do lixo...47

(6)

VI

4.4.5 Disposição final...51

4.5 Caracterização dos resíduos sólidos urbanos ...57

4.5.1 Composição média dos resíduos sólidos urbanos de alguns países e algumas cidades brasileiras...61

4.6 Educação Ambiental – uma forma de atuar sobre os agentes produtores dos resíduos sólidos urbanos...63

5 MATERIAL E MÉTODOS...71

5.1 O município de Cerqueira César... ...72

5.2 Procedimento de pesquisa...72

5.3 Aplicação do questionário...73

5.4 Elaboração do formulário para a Prefeitura...74

5.5 Caracterização física dos resíduos sólidos urbanos em Cerqueira César...75

6 RESULTADOS ...80

7 DISCUSSÃO...118

7.1 Resultados obtidos com a aplicação do questionário...118

7.2 Resultados obtidos com a aplicação do Teste X2(Qui-quadrado)...129

7.3 Caracterização física dos resíduos sólidos urbanos (RSU) no lixão...133

7.4 Quantificação da economia de energia com a reciclagem dos resíduos obtidos da caracterização...135

8 CONCLUSÕES...138

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...141

APÊNDICES...156

(7)

VII

APÊNDICE 2 - FORMULÁRIO PARA A PREFEITURA DE CERQUEIRA CÉSAR...161

APÊNDICE 3 - MAPA DOS BAIRROS DO PERÍMETRO URBANO DE CERQUEIRA

CÉSAR...163

(8)

VIII

LISTA DE QUADROS

Quadros Página

1 Responsabilidade pela coleta de cada tipo de resíduo...12

2 Materiais mais aproveitados na reciclagem dos resíduos sólidos urbanos...27

3 Recuperação de aparas e papéis usados em alguns países em 1997...35

4 Tipos de plásticos utilizados na produção de artefatos de uso doméstico no Brasil...37

5 Comparativo geral de economia de energia a partir da reciclagem...39

6 Classificação dos processos da compostagem...41

7 Parâmetros e tolerâncias permitidos para compostos orgânicos como insumos agrícolas alternativos...48

8 Resultados do teste de independência (qui-quadrado) entre a questão 7 e a questão 10 para a sétima série do Ensino Fundamental e alunos da segunda série do Colegial...108

9 Resultados do teste de independência (qui-quadrado) entre a questão 10 e os itens da questão 16 para a sétima série e o segundo colegial...109

10 Resultados do teste de independência (qui-quadrado) entre a questão 11 e os itens da questão 16 para a sétima série e o segundo colegial...110

11 Resultados do teste de independência (qui-quadrado) entre a questão 13 e os itens da questão 16 para a sétima série e o segundo colegial...111

12 Resultados do teste de independência (qui-quadrado) entre a questão 7 e os itens da questão 16 para a sétima série e segundo colegial...112

13 Comparativo geral de economia de energia a partir da reciclagem dos resíduos inorgânicos gerados mensalmente no município de Cerqueira César-SP...136

(9)

IX

LISTA DE FIGURAS

Figura s Página

1 Disposição final dos resíduos urbanos no Brasil...17

2 Esquema de reciclagem primária... ...25

3 Esquema de reciclagem secundária...26

4 Esquema de reciclagem terciária...27

5 Composição física média dos resíduos sólidos urbanos em alguns países...61

6 Composição física média dos resíduos sólidos urbanos em algumas cidades brasileiras...62

7 Localização do município de Cerqueira César – SP...71

8 Disposição final como trincheira do tipo rampa...76

9 Rompimento manual dos “saquinhos” e outros recipientes para a separação dos materiais....77

10 Materiais separados por tipo...77

11 Sistema de pesagem dos materiais separados por tipo...78

12 Percentual de idades na sétima série (questão 2)...81

13 Percentual de idades no segundo colegial (questão 2)...81

14 Percentual do sexo dos alunos da sétima e segundo colegial (questão 3)...82

15 Percentual do estado civil dos alunos da sétima série e do segundo colegial (questão4)...82

16 Percentual dos alunos que trabalham na sétima série e no segundo colegial...82

17a Percentual do número de pessoas que moram com os alunos da sétima série (questão6)...83

17b Percentual do número de pessoas que moram com os alunos do segundo colegial (questão6)...83

(10)

X

18a Percentual de bairros nos quais os alunos da sétima série moram (questão 7)...84

18b Percentual de bairros nos quais os alunos do segundo colegial moram (questão7)...84

19a Percentual do tipo de moradia dos alunos da sétima série (questão 8)...85

19bPercentual do tipo de moradia dos alunos do segundo colegial

(questão8)...85

20 Percentual do número de veículos na casa dos alunos da sétima série e do segundo

colegial (questão 9)...86

21 Percentual da renda mensal da família dos alunos da sétima série e do segundo colegial

(questão 10)...86

22 Percentual do grau de escolaridade do pai dos alunos da sétima série e do segundo

colegial (questão 11)...86

23 Percentual da profissão dos pais dos alunos da sétima série e do segundo colegial

(questão 12)...87

24 Percentual do grau de escolaridade das mães dos alunos da sétima série e segundo

colegial (questão 13)...87

25 Percentual da profissão das mães dos alunos da sétima série e do segundo colegial

(questão 14)...87

26 Percentual da classificação do problema da degradação ambiental da sétima série e do

segundo colegial (questão 15)...88

27 Percentual da classificação do problema da contaminação das águas subterrâneas da

sétima série e do segundo colegial (questão 15)...88

28 Percentual da classificação do problema de transmissão de doenças pelo lixo acumulado

(11)

XI

29 Percentual da classificação do problema do desequilíbrio dos ciclos da natureza pelos

alunos da sétima série e do segundo colegial (questão 15)...89

30 Percentual do destino final de restos de comida - alunos da sétima série e do segundo

colegial (questão 16)...90

31 Percentual do destino final de podas e limpeza de jardins- alunos da sétima série e do

segundo colegial (questão 16)...90

32 Percentual do destino final de papel e papelão já utilizados- alunos da sétima série e do

segundo colegial (questão 16)...90

33 Percentual do destino final de embalagens de vidro usados – alunos da sétima série e do

segundo colegial (questão 16)...91

34 Percentual do destino final de latas – alunos da sétima série e do segundo colegial

(questão 16)...91

35 Percentual do destino final de embalagens de plástico- alunos da sétima série e do

segundo colegial (questão 16)...91

36 Percentual do destino final de móveis e utensílios de madeira- alunos da sétima série e

do segundo colegial (questão 16)...92

37 Percentual do destino final de pilhas- alunos da sétima série e do segundo colegial

(questão 16)...92

38 Percentual do destino final de lâmpadas comuns- alunos da sétima série e do segundo

colegial (questão 16)...92

39 Percentual do destino final de animais mortos- alunos da sétima série e do segundo

colegial (questão 16)...93

40 Percentual do destino final de papel higiênico usado- alunos da sétima série e do

(12)

XII

41 Percentual do destino final de fraldas e absorventes descartáveis- alunos da sétima série

e do segundo colegial (questão 16)...93

42 Percentual do destino final de medicamentos vencidos- alunos da sétima série e do

segundo colegial (questão 16)...94

43 Percentual do destino final de roupas sem condições de uso- alunos da sétima série e do

segundo colegial (questão 16)...94

44 Percentual do destino final de calçados sem condições de uso- alunos da sétima e do

segundo colegial (questão 16)...94

45 Percentual do destino final de excrementos de animais- alunos da sétima série e do

segundo colegial (questão 16)...95

46 Percentual do destino final de utensílios quebrados- alunos da sétima série e do segundo

colegial (questão 16)...95

47 Percentual do destino final de esponjas, bombril- alunos da sétima série e do segundo

colegial (questão 16)...95

48 Percentual do destino final de embalagens (limpeza, beleza)- alunos da sétima série e do

segundo colegial (questão16)...96

49 Percentual do destino final de objetos da casa sem conserto- alunos da sétima série e do

segundo colegial (questão 16)...96

50 Percentual da classificação da importância da escola como fonte de informações sobre

os problemas causados pelo lixo- alunos da sétima série e do segundo colegial

(questão17)...97

51 Percentual da classificação da importância do jornal como fonte de informações sobre

os problemas causados pelo lixo- alunos da sétima série e do segundo colegial

(13)

XIII

52 Percentual da classificação da importância do rádio como fonte de informações sobre os

problemas causados pelo lixo- alunos da sétima série e do segundo colegial

(questão17)...97

53 Percentual da classificação da importância da televisão como fonte de informações

sobre os problemas causados pelo lixo- alunos da sétima série e do segundo colegial

(questão 17)...98

54 Percentual da classificação da importância da casa como fonte de informações sobre os

problemas causados pelo lixo- alunos da sétima série e do segundo colegial

(questão17)...98

55 Percentual da classificação do grau de importância da afirmação “todo lixo deve ser

sempre inutilizado”- alunos da sétima série e do segundo colegial (questão 18)...99

56 Percentual da classificação do grau de importância da afirmação “existe aproveitamento

de alguns materiais que são considerados lixo”- alunos da sétima série e do segundo

colegial (questão 18)...99

57 Percentual da classificação do grau de importância da afirmação “todos os resíduos,

inclusive os industriais, podem ser aproveitados”- alunos da sétima série e do segundo

colegial (questão 18)...99

58 Percentual da classificação do grau de importância da afirmação “a reciclagem é uma

atividade que economiza energia”- alunos da sétima série e do segundo colegial

(questão 18)...100

59 Percentual da classificação do grau de importância da afirmação “as prefeituras

poderiam instalar programas de reciclagem nos municípios”- alunos da sétima série e

(14)

XIV

60 Percentual da classificação do grau de importância da afirmação “a reciclagem é uma

maneira de preservar o meio ambiente”- alunos da sétima série e do segundo colegial

(questão 18)...100

61 Percentual do grau de importância do preço na escolha de um produto- alunos da sétima

série e do segundo colegial (questão 19)...101

62 Percentual do grau de importância da necessidade na escolha de um produto- alunos da

sétima série e do segundo colegial (questão 19)...101

63 Percentual do grau de importância da aparência na escolha de um produto- alunos da

sétima série e do segundo colegial (questão 19)...101

64 Percentual do grau de importância da qualidade na escolha de um produto- alunos da

sétima série e do segundo colegial (questão 19)...102

65 Percentual do grau de importância da durabilidade na escolha de um produto- alunos da

sétima série e do segundo colegial (questão 19)...102

66 Percentual do grau de importância da validade na escolha de um produto- alunos da

sétima série e do segundo colegial (questão 19)...102

67 Percentual do grau de importância da possibilidade de reciclar na escolha de um

produto- alunos da sétima série e do segundo colegial (questão 19)...103

68a Percentual da definição escolhida para a coleta seletiva pelos alunos da sétima série

(questão 21)...104

68b Percentual da definição escolhida para a coleta seletiva pelos alunos do segundo

colegial (questão 21)...104

69 Percentual da classificação do grau de importância da afirmação “o conhecimento sobre

o lixo e suas conseqüências pode diminuir a degradação ambiental”-alunos da sétima

(15)

XV

70 Percentual da classificação do grau de importância da afirmação “os donos das

empresas devem diminuir a quantidade de embalagens de seus produtos”-alunos da

sétima série e do segundo colegial (questão 22)...105

71 Percentual da classificação do grau de importância da afirmação “lixo acumulado pode causar mal à saúde”-alunos da sétima série e do segundo colegial (questão22)...105

72 Percentual da classificação do grau de importância da afirmação “são as prefeituras municipais que devem se preocupar com a crescente quantidade de lixo”-alunos da sétima série e do segundo colegial (questão 22)...106

73 Percentual da classificação do grau de importância da afirmação “o melhor destino para o lixo é queima-lo”-alunos da sétima série e do segundo colegial (questão22)...106

74 Percentual da classificação do grau de importância da afirmação “não se aproveita nada do lixo”-alunos da sétima série e do segundo colegial (questão22)...106

75 Percentual da classificação do grau de importância da afirmação “a população deve se preocupar com a crescente quantidade de lixo ”-alunos da sétima série e do segundo colegial (questão 22)...107

76 Variação do peso do alumínio separado por dia...113

77 Variação do peso da lata separado por dia...113

78 Variação do peso do papel e papelão separado por dia...114

79 Variação do peso do PET separado por dia...114

80 Variação do peso do plástico rígido separado por dia...115

(16)

XVI

82 Variação do peso do vidro separado por dia...116

83 Variação do peso da matéria orgânica e outros materiais por dia...116

(17)

XVII

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas ABAL -Associação Brasileira de Alumínio

ANFPC Associação Nacional dos Fabricantes de Papel e Celulose CEMPRE – Compromisso Empresarial para a Reciclagem – São Paulo/SP CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPT- Instituto de Pesquisas Tecnológicas

IQR -Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos

LEV’s - Locais de Entrega Voluntária ONG – Organização não- governamental ONU - Organização das Nações Unidas

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PEAD- Polietileno de Alta Densidade PEBD -Polietileno de Baixa Densidade PET- Polietileno tereftalato

PEV’s - Postos de Entrega Voluntária

PP- Polipropileno PS- Poliestireno

PVC- Policloreto de vinila

RSD – Resíduo Sólido Doméstico RSU - Resíduo Sólido Urbano

USEPA – United States Environmental Protection Agency

(18)

1

1 RESUMO

O presente trabalho apresenta uma abordagem energética dos

resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados no município de Cerqueira César – SP e suas

implicações ambientais, políticas e sociais.

Para compreender o processo de geração de resíduos no município e demonstrar a viabilidade econômica da reciclagem, além de propor alternativas de tratamento

ambiental mais adequado destes resíduos, foi feita a sua caracterização física utilizando como objeto de estudo o lixão da cidade. Posteriormente foi feita uma correlação com dados da literatura, sob o ponto de vista de economia de energia com a reciclagem de cada um dos materiais separados e quantificados na caracterização.

Paralelamente a isto, buscou-se identificar a concepção dos indivíduos deste município com relação ao problema da geração de resíduos e os impactos gerados no meio ambiente, bem como o desperdício de recursos energéticos. Deste modo foi aplicado um questionário junto aos alunos da Sétima Série e Segundo Colegial de uma escola

pública de Ensino Fundamental e Médio, no qual vários aspectos conceituais relacionados ao lixo foram abordados.

(19)

2

Com base nestas informações, foi possível estabelecer relações entre a geração dos resíduos e aspectos sociais e econômicos do município, além de se determinar o potencial energético a ser poupado com a reciclagem destes.

(20)

3

URBAN SOLID WASTES (USW) ENERGETIC APPROACH IN THE ENVIRONMENTAL EDUCATION THEMATIC IN THE CERQUEIRA CÉSAR COUNTY - SP. Botucatu, 2002. 163p.

Dissertação (Mestrado em Agronomia/Energia na Agricultura) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista.

Author: ELISANGELA FERRUCI CAROLINO Adviser: ANTENOR PASQUAL

2 SUMMARY

The present work deals with an energetic approach of the urban solid

wastes (USW) produced at the Município de Cerqueira César (Cerqueira César County) – SP,

and its environmental, political and social implications.

To understand the process of waste production in the county and to

demonstrate the economical viability of recycling, besides to propose environmental treatment

alternatives more suitable to these residues, it was accomplished its physical characteristics

using as object of study the city garbage dump. Afterward, it was done a correlation with the

literature data, under the viewpoint of energy saving with the recycling of each material

separated and quantified in the characterization.

In parallel to this, it was aimed to identify the conception of the

individuals of this county in relation to the problem of the production of residues and the

(21)

4

questionnaire to senior students of the Secondary and High School of a public school, on

which several conceptual aspects were discussed in relation to waste.

Based on this information, it was possible to establish relations

between the residues production and the social and economic aspects of the county, besides

determining the energetic potential to be saved with the recycling.

_________________________________

Keywords: Urban Solid Wastes (USW), energetic, physic characterization, recycling , environmental education.

(22)

5

3 INTRODUÇÃO

Durante milênios o homem viveu exclusivamente da coleta de frutos,

da caça de animais silvestres, praticando a cultura de subsistência. Com o aumento da

população mundial, aumentou substancialmente a geração de lixo e daí a importância do

gerenciamento e destinação adequada destes. Para os países do Terceiro Mundo, o problema é

ainda mais grave, pois além de ocorrer um crescimento populacional mais acelerado do que as

nações de Primeiro Mundo, a falta de uma educação ambiental e de conhecimento sobre os

processos de geração do lixo urbano, reflete no desperdício dos recursos energéticos naturais,

causando maior nível da degradação ambiental.

A educação formal, institucionalizada através das escolas e que se

configurou como Educação Ambiental, passou a figurar em muitos tópicos de programas e em

muitas disciplinas, mas firmou suas bases especialmente em ciências. Havia uma esperança

não expressa de que todas as disciplinas, quando se interligassem, iriam compor um quadro

completo de como o planeta funciona e de como os seres humanos poderiam interagir com ele

(23)

6

Contudo, esta concepção educacional mostrou-se pouco eficiente par

a conscientização sobre os problemas gerados pelo lixo.

Deste modo, o conhecimento tornou-se necessário para proteger a

natureza, corrigindo os erros ecológicos que refletem diretamente na disponibilidade dos

recursos energéticos.

No Brasil, a composição dos resíduos sólidos urbanos (RSU) é em

média: matéria orgânica (52,5%), papel/papelão (24,5%), metal (2,3%), plástico (2,9%), vidro

(1,6%), e outros (16,2%), segundo IPT (2000).

Para Souza (2000) a geração per capita de lixo no Brasil é de 600

gramas por dia por habitante e nas cidades com população de maior poder aquisitivo como

Brasília e Curitiba, esse número alcança 1 kg por habitante

A disposição final dos RSU no país é cerca de 76% em céu aberto

(lixão); 13% aterro controlado; 10% aterro sanitário; 0,9% usina de compostagem; 0,1% usina

de incineração (IPT, 1997).

Os processos de recuperação dos materiais do lixo têm por objetivo

básico separar dos resíduos sólidos determinados componentes cuja reciclagem é justificada

economicamente. A reciclagem pode apresentar benefícios não só aos indivíduos e

comunidade ligados, mas também ao país como um todo, na economia de recursos naturais e

de energia, bem como uma diminuição da degradação ambiental.

Uma das etapas mais onerosas dos tratamentos do lixo é a separação

adequada dos descartes; basicamente, deve-se separar os materiais orgânicos dos inorgânicos.

Uma primeira classificação pode perfeitamente ser realizada pela

(24)

7

depende basicamente de vontade política para conscientizar e informar a população sobre os

objetivos a alcançar, despertando sua vontade de colaborar (Scarlato & Pontin,1992).

Portanto, a gestão equilibrada do meio ambiente e o controle da

poluição devem ser encarados como potencializadores do desenvolvimento municipal e não

como restrições e obstáculos aos mesmos.

Dessa forma, são necessárias vontade política e conscientização

ambiental da sociedade em adotar práticas de redução da geração de resíduos tais como:

reutilização de produtos e embalagens e reciclagem.

Os objetivos do presente trabalho são em uma primeira etapa,

identificar a concepção que os alunos possuem acerca da questão da geração de resíduos,

verificando, através de teste estatístico, se há influência:

a) da renda familiar no bairro em que residem;

b) da renda familiar com o que fazem com os resíduos de suas residências.

c) da escolaridade dos pais com o que fazem com os resíduos de suas residências;

d) do bairro em que moram com o que fazem com os resíduos de suas residências;

Em uma segunda etapa, realizar a caracterização física dos resíduos

sólidos urbanos (RSU), visando um melhor entendimento dos processos de geração destes e

seus impactos sociais, ambientais e econômicos no município de Cerqueira César- SP e em

uma terceira etapa, demonstrar a viabilidade econômica da reciclagem dos (RSU) gerados

(25)

8

4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 Lixo e Resíduo - origens e conceitos

Para alguns filósofos a palavra “lixo” deriva de “lix” que em latim

tem significado de cinza ou lixívia. Contudo, outros estudiosos entendem que a palavra

provém do latim medieval já decadente, onde o verbo “lixare” indica o ato de polir, desbastar,

no uso do idioma português, a conotação de sujeira, restos ou o supérfluo que é removido na

tarefa de lixar materiais diversos como o metal, a madeira etc. (São Paulo, 1993).

Conforme o dicionário Houaiss, “lixo” significa:

“É um detrito oriundo de trabalhos domésticos, industriais etc que se descarta; material nocivo ao ser humano e ao meio ambiente”

(Houaiss et al, 2001).

Segundo Calderoni (1998), os conceitos de “lixo” e de “resíduo”

são próximos, quase sinônimos; mas lixo é tudo aquilo que se “joga fora”, que se considera

(26)

9

muitas vezes para significar “sobra” no processo produtivo, geralmente industrial. É usada

também como equivalente a “refugo” ou “rejeito”.

O lixo originado nas residências é denominado resíduo sólido

doméstico ou domiciliar e resulta de atividades cotidianas: limpar a casa, cozinhar, ir ao

banheiro entre outras, e sempre indica o modo de vida e situação econômica de uma

sociedade.

O termo “resíduo” para a ABNT- Associação Brasileira de Normas

Técnicas é:

“Material desprovido de utilidade pelo seu possuidor”

(ABNT,1993).

Seguindo com as considerações sobre as definições de resíduos,

classificam-se genericamente como “resíduo” as embalagens de produtos alimentícios

consumidos, já que sua utilidade termina com o consumo do produto. O tempo de vida do

produto no atendimento de suas funções é uma variável definida a priori pelo setor produtivo

e, na grande maioria dos casos, os critérios utilizados nesta definição são eminentemente

econômicos, centrados na maximização de lucros do respectivo setor. Esta diferenciação entre

os “bens pós-utilizados” e os demais resíduos, é fundamental para que se percebam as distintas

concepções por trás de um invólucro de leite e um automóvel abandonado após anos de uso

(Figueiredo, 1995).

Segundo Lima (1981) não é uma tarefa fácil definir lixo urbano,

pois sua origem e formação estão ligadas a inúmeros fatores, tais como variações sazonais,

(27)

10

depende do local onde se encontra e de onde é produzido ou seja, o que é resíduo numa

residência não o é necessariamente em uma indústria.

4.2 Classificação dos resíduos sólidos urbanos

Segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT e o

Compromisso Empresarial para a Reciclagem – CEMPRE (1997), os resíduos sólidos, quanto

sua origem, podem ser classificados em:

Domiciliares: resíduos originados da rotina diária das residências.

São constituídos por restos de alimentos, produtos deteriorados, jornais e revistas, garrafas,

embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros

itens, contendo ainda alguns resíduos que podem ser tóxicos como: tintas, solventes,

pesticidas, repelentes, baterias, pilhas, frascos de aerossóis, lâmpadas fluorescentes entre

outras.

Comerciais: resíduo originado das diversas atividades comerciais e

de serviços, tais como, supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes,

etc. O lixo destes locais contém uma fração preponderante de papel, plásticos, embalagens

diversas e resíduos de asseio dos funcionários e clientes, como papel toalha, papel higiênico

etc.

Público: são os resíduos originados dos serviços de limpeza pública

urbana, incluído todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, de galerias,

de córregos, de terrenos, restos de podas de árvores, de limpeza de áreas de feiras livres,

(28)

11

Serviços de Saúde e Hospitalar: constituem os resíduos sépticos, ou

seja, que contêm ou podem conter germes patogênicos. São produzidos em ambientes tais

como: hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias, postos de saúde etc.

Portos, Aeroportos, Terminais rodoviários e ferroviários: os

resíduos descartados nesses locais podem conter germes patogênicos, trazidos de outras

cidades, países, como restos de alimentos e de higiene pessoais.

Industrial: envolve variedade muito grande de produtos químicos e

são classificados em três categorias: comuns, perigosos e de alta periculosidade. Devem ser

manuseados ou dispostos adequadamente, segundo critérios e normas dos órgãos que

controlam o meio ambiente, pois podem apresentar riscos à saúde.

Agrícola: lixo resultante das atividades pecuárias e agrícolas:

embalagens de agrofármacos, adubos, restos de colheita, esterco etc.

Entulho: lixo proveniente de construção civil: restos de obras, solos

de escavações etc.

A responsabilidade pela coleta de cada tipo de resíduo gerado está

(29)

12

Quadro 1. Responsabilidade pela coleta de cada tipo de resíduo.

TIPOS RESPONSÁVEL

Domiciliar Prefeitura

Comercial Gerador e Prefeitura *

Público Prefeitura

Serviços de Saúde Gerador (hospitais, etc)

Industrial Gerador (indústrias etc)

Portos, aeroportos, ferrovias e rodovias Gerador (portos, etc)

Agrícola Gerador (agricultor)

Entulho Gerador *

Fonte: IPT (1997)

* A prefeitura é co-responsável por pequenas quantidades (geralmente menos que 50Kg), ou de acordo com a legislação municipal específica.

4.3 Aproveitamento energético de resíduos sólidos urbanos

De acordo com Hammond et al (1975), ao mesmo tempo em que se

iniciou o consumo de maiores quantidades de combustíveis fósseis no mundo, iniciou-se

também a produção de maiores quantidades de detritos sólidos que podem ser dispostos de

variadas formas. Muitas pesquisas indicam que esses detritos sólidos podem ser convertidos

em combustíveis ou em novos materiais, melhorando assim o problema do destino dos

resíduos e proporcionando uma fonte renovável de energia. Contudo, isso depende de uma

maior eficiência na coleta dos resíduos.

Giansanti (1998) mostrou alguns dados sobre produtos e embalagens

de um supermercado. Se um supermercado possui 30 mil itens expostos e apenas 300 são

vendidos a granel, mesmos estes – quando comprados – serão embalados em sacos plásticos.

(30)

13

233 bilhões de unidades no ano por toda a população. A fabricação de embalagens como os

plásticos, feitos de derivados de petróleo, consome recursos naturais e causa poluição (para

fazer o isopor, libera-se o CFC e CO2) e outros processos utilizam muita energia, como o

processamento do alumínio.

Para Figueiredo (1995) o reaproveitamento dos resíduos aparece nos

dias atuais como bandeira, em função tanto da importância desta técnica na redução dos

desperdícios de recursos naturais, quanto da minimização dos impactos ambientais oriundos

da disposição final dos resíduos.

Para o autor o aproveitamento energético de resíduos pode ser

dividido em duas modalidades distintas: o aproveitamento direto, via conversão térmica, e o

reaproveitamento indireto, promovido através da reciclagem ou reutilização de elementos. A

motivação básica de ambas as concepções pode ser sintetizada, de um lado, como uma

tentativa de se reduzir a quantidade de resíduos a ser deposta de forma definitiva no ambiente

natural, e, de outro, na redução da perda energética que a deposição definitiva representa.

Entretanto, a despeito destas técnicas representarem uma contribuição à problemática

ambiental mais ampla, em nenhum momento elas podem se confundir com soluções

definitivas para a questão dos resíduos.

O aproveitamento energético direto dos resíduos tem sua expressão

máxima na conversão térmica. Nessa modalidade de processamento, uma parcela dos

componentes da massa de resíduos que apresenta boas características para queima, é tratada

como combustível de centrais térmicas. Os defensores dessa modalidade ressaltam os

benefícios importantes nos dias atuais, que são a geração de energia e a solução de

(31)

14

domésticos, não é difícil avaliar as alterações de composição decorrentes das variações

climáticas, ou seja, as características de combustão se alteram significativamente entre

períodos secos e chuvosos, o que implica em uma grande complexidade operacional para os

sistemas. Alguns problemas de ordem técnica poderiam ser citados, tais como a necessidade

de uma pré-seleção dos resíduos com alto poder calorífico, a necessidade de localização destas

instalações próximas aos centros urbanos sob o risco do processo se inviabilizar em função do

alto consumo energético no transporte e a necessidade de uma significativa quantidade de

água para o resfriamento da instalação entre outros.

O mesmo autor ressalta que são muitos os problemas associados aos

aspectos tecnológicos e além disso, existe a preocupação com relação ao crescente consumo

energético das sociedades e suas implicações generalizadas no ambiente natural. Sendo assim,

a despeito destas colocações, o reaproveitamento energético direto pode contribuir para

redução de problemas ambientais com origem na geração de resíduos.

O aproveitamento energético indireto de resíduos consiste

basicamente na reciclagem de alguns elementos pertencentes à massa de resíduos e na

reutilização de bens de consumo. Quanto as limitações inerentes ao aproveitamento energético

indireto, pode-se iniciar pelas limitações técnicas, como novamente o transporte, ou seja,

alguns materiais de consumo disperso, selecionados no local de consumo, podem ter seu

processamento, via reciclagem, comprometido em virtude do alto consumo energético

associado à coleta e ao transporte difuso. Da mesma forma, a reutilização de componentes

presentes na massa de resíduos municipais deve ser precedida de uma separação, mecânica ou

manual, e de um pré-processamento, que englobe a lavagem, a descontaminação e o

(32)

15

componentes presentes no lixo e bens pós-utilizados, deve seguir uma rigorosa avaliação do

conteúdo do material a ser reaproveitado, em comparação ao consumo energético associado à

sua reutilização como insumo ou qualquer que seja a forma.

4.4 Gestão e aproveitamento de resíduos sólidos urbanos

Segundo Figueiredo (1992) a questão dos resíduos sólidos urbanos e

seus problemas estão intimamente ligados ao estágio cultural e ao desenvolvimento

tecnológico das sociedades. Desta forma, a geração de resíduos sólidos urbanos parte de um

primeiro nível referente à própria existência do homem, seu ciclo biológico e as formas mais

primitivas de organização social, e avança, em intensidade, variedade e complexidade dos

elementos, para outros níveis em função dos aspectos culturais das sociedades.

Devido aos vários problemas ocorridos ao longo da história humana

ligados aos resíduos sólidos urbanos, em nenhum momento a questão foi tratada com

seriedade, o que, de certa forma, provocou um agravamento gradativo destes problemas.

Entretanto, atualmente, por representar uma ameaça real ao meio ambiente e

conseqüentemente ao próprio homem, os resíduos sólidos urbanos vem conquistando o cenário

mundial, especialmente no que diz respeito a geração, coleta e à disposição final.

O autor ainda ressalta que entre os vários fatores responsáveis pelo

agravamento destas questões, estão o aumento do consumo e a produção de “materiais

descartáveis”.

O aumento do consumo está relacionado com o aumento populacional,

(33)

16

padrões de consumo das sociedades atuais, firmados em uma racionalidade econômica que

não mais se sustenta do ponto de vista ambiental, e de programas de desenvolvimento

antagônicos a uma relação harmônica do homem com seu habitat.

No que se refere aos materiais descartáveis, as embalagens artificiais

apresentam-se em grande variedade de tipos, em decorrência do próprio desenvolvimento

tecnológico.

Quanto a destinação final, devido a fatores como negligência das

autoridades responsáveis, custos elevados, problemas tecnológicos e outros, os resíduos são

freqüentemente geridos de forma inadequada.

Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU (1992):

“Aproximadamente 5,2 milhões de pessoas- incluindo quatro milhões de crianças- morrem por ano de doenças relacionadas com lixo. Metade da população urbana nos países em desenvolvimento não tem serviço de despejo de lixo sólido. Globalmente, o volume de lixo municipal deve dobrar até o final do século e dobrar novamente antes de ano 2025”.

O crescimento populacional no Brasil nos últimos anos, bem como o

aumento do grau de urbanização, não foi acompanhado por medidas necessárias para dar ao

lixo gerado por esta população um destino adequado. Na Figura 1, ilustra disposição final dos

(34)

17

Figura 1. Disposição final dos resíduos urbanos no Brasil. Fonte: IPT (1997)

São produzidas no Brasil cerca de 241.614 toneladas de resíduos

diariamente, dos quais 76 % ficam a céu aberto (lixão) conforme (IPT,1997).

A produção de resíduos nas cidades brasileiras é um fenômeno

inevitável que ocorre em quantidades e composições que dependem do tamanho da

população e também de seu poder econômico.

Segundo Fernandes (1999) os sistemas de limpeza urbana são de

competência municipal, dando um destino ambiental e sanitariamente adequado, mas que

junto do poder público a população deve assumir atitudes e comportamentos que estejam em

harmonia com o meio ambiente e que tenham uma compreensão holística da realidade em

que vivem.

A maioria dos municípios brasileiros apresenta as mesmas

características no fluxo de resíduos sólidos urbanos, da geração à disposição final,

envolvendo simplesmente as atividades de coleta regular, transporte e sua descarga em sítios,

que quase sempre são selecionados em função da disponibilidade, da distância em relação ao

centro urbano e a via de acesso, ocorrendo geralmente a céu aberto. 76% 0,9 % 10% 13% 0,1% Céu aberto Usina de incineração Aterro controlado Aterro sanitário Usina de compostagem

(35)

18

A United States Environmental Protection Agency (USEPA) –

Agência Americana de Proteção Ambiental (1989) cita que um gerenciamento integrado de

resíduos sólidos urbanos eficaz consiste naquele que completa o uso de práticas

administrativas de resíduos, com manejo seguro e efetivo fluxo de resíduos sólidos urbanos,

com o mínimo de impactos sobre a saúde pública e o meio ambiente. Esse sistema de

gerenciamento integrado de resíduos deverá conter alguns ou todos os seguintes

componentes:

ƒ redução de resíduos (incluindo reuso dos produtos); ƒ reciclagem de materiais (incluindo compostagem); ƒ disposição final (aterros sanitários);

Cerqueira & Freitas (2000) ressaltou que no Estado de São Paulo, a

CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – finalizou, em maio de

2000, o Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares, pelo qual foi apurado junto aos

645 municípios, que existem 592 aterros e quatro usinas de compostagem em funcionamento

para atender à demanda do Estado. Em comparação ao diagnóstico feito em 1998, houve uma

evolução no número de municípios que promoveram melhorias nas estações de tratamento, já

que 39 municípios deixaram de ter o IQR – Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos -

“inadequado”. Atualmente, no Estado de São Paulo, 183 localidades possuem sistemas

“adequados”, e em uma situação contrária, 30 municípios apresentaram a pior classificação no

que se refere à destinação de resíduos. O levantamento revelou ainda, que existem pelo menos

2.916 catadores operando nos aterros e lixões, dos quais 643 são adolescentes com menos de

(36)

19

Em relação ao Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos (IQR), a

classificação corresponde a :

ƒ Inadequada: sistema que não atende às exigências técnicas mínimas em termos de localização, infra-estrutura e operação, implicando em risco potencial e imediato ao meio

ambiente e à saúde pública.

ƒ Controlada: sistema que atende parte significativa das exigências mínimas em termos locacionais, mas que, pela deficiência da infra-estrutura e da operação, implica significativo

potencial de poluição ambiental.

ƒ Adequada: sistema que representa garantias suficientes de proteção ao meio ambiente e à saúde publica (São Paulo, 1998)

No Brasil de forma geral, o tratamento e a destinação final dos

resíduos sólidos ainda se resume na adoção de soluções imediatistas, quase sempre

fundamentadas no simples descarte, predominando os depósitos a céu aberto que contribuem

com a deterioração ambiental. Em face da gravidade do problema surgido pelo aumento da

geração desses resíduos, o mais racional seria reduzir ao máximo a produção de lixo, reutilizar

e reciclar (Leite, 2001).

Segundo a norma NBR 12.980 da Associação Brasileira de Normas

Técnicas – ABNT (1993), os diferentes tipos de serviços de coleta de resíduos sólidos

urbanos são definidos como:

ƒ coleta domiciliar (regular ou convencional), que consiste na coleta dos resíduos sólidos

de residências, estabelecimentos comerciais, e industriais cujo volume não ultrapasse o

previsto em legislação municipal;

(37)

20

ƒ coleta de resíduos de serviços de saúde, englobando hospitais, ambulatórios, postos de

saúde, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias, etc. Esta coleta e transporte são de

responsabilidade do gerador, conforme RESOLUÇÃO CONAMA no 05 de 05/08/93,

porém na prática, a prefeitura acaba tendo que fazer ou orientar e fiscalizar.

A coleta especial consiste nos resíduos não recolhidos pela coleta

regular ou convencional, tais como entulho civil, mobiliários (móveis e utensílios velhos),

animais mortos e podas de jardins; e os entulhos podem ser reciclados para a construção civil.

4.4.1 Coleta seletiva para a reciclagem

Segundo Jardim et al (1995) a coleta seletiva tem por objetivo a

separação na própria fonte geradora, dos materiais que podem ser recuperados, com um

acondicionamento diferenciado para cada material ou grupo de materiais.

As vantagens da Coleta Seletiva para a Reciclagem conforme Leite

(2001) são:

ƒ diminuição da quantidade de resíduos enviados aos aterros sanitários (redução dos custos de disposição em aterros sanitários);

ƒ diminuição do consumo de energia; ƒ incentivo a indústria da reciclagem;

ƒ diminuição da extração de recursos naturais; ƒ diminuição da poluição;

ƒ contribuição para limpeza da cidade;

(38)

21

ƒ geração de mais empregos;

A mesma autora ressalta que até década de 60 predominava o

acondicionamento em “latas” que eram reutilizadas. Porém, a modernidade transformou as

latas de lixo em sacos plásticos de lixo, que são descartados junto com o próprio lixo, tendo

alta durabilidade. Esse fenômeno sócio-econômico traz, como conseqüência, a produção

descontrolada de material do qual é preciso desfazer-se, uma vez que não faz parte integrante

do produto ou tem vida útil curta. A expressão “descartável” passou a ser empregada para

exprimir esse fato e seu uso foi logo incorporado aos hábitos consumistas da sociedade.

Nem sempre a coleta seletiva surge como iniciativa da própria

administração municipal. Freqüentemente, observa-se a movimentação de determinados

segmentos da população que, com uma consciência ambientalista, passam a cobrar dos órgãos

competentes posturas e procedimentos mais adequados, assumindo uma participação ativa no

processo de preservação e/ ou recuperação ambiental. A participação da comunidade na busca

de soluções conta como elemento positivo; atualmente as escolas, os grupos ambientalistas,

bem como diversas entidades de classe têm constituído em verdadeiros núcleos de divulgação

e a realimentação de idéias voltadas ao não desperdício dos recursos naturais. A coleta

seletiva, embora apresente ainda problemas de ordem técnica e econômica, constitui-se, sem

dúvida, numa das metas a ser atingida pelas comunidades que estejam preocupadas não apenas

com a sumária resolução dos problemas da destinação dos resíduos, mas, acima de tudo, com a

preservação de seus recursos naturais (CETESB, 2000).

Conforme CETESB (1997) a coleta seletiva pode ser executada

através da coleta seletiva domiciliar (porta- a- porta) e coleta seletiva voluntária através de

(39)

22

Coleta Seletiva Domiciliar (porta-a-porta) consiste na remoção a

domicílio dos materiais recicláveis numa atividade semelhante à da coleta regular; nos dias e

horários determinados, esses materiais são colocados na frente dos domicílios pelos seus

usuários, sendo então removidos pelos veículos de coleta. No Brasil, para a implantação deste

sistema, os resíduos gerados pelos domicílios são separados em grupos:

ƒ materiais recicláveis: compostos por papel, papelão, vidros, metais e plásticos;

ƒ materiais inservíveis: chamados de “lixo úmido” ou “lixo” composto por matéria orgânica. Os materiais recicláveis, acondicionados num único vasilhame, são

coletados e levados para unidades de triagem, onde são separados por tipo. Esse método

apresenta como principal vantagem, a comodidade oferecida à população, fato que pode

resultar numa maior participação da comunidade. Como principal desvantagem, pode-se citar

o custo relativamente alto e a possibilidade da ação de catadores, que são elementos que

percorrem os trechos de coleta antes dos veículos, apossando-se dos materiais de maior valor

comercial (CETESB,1997).

Coleta Seletiva Voluntária através de Postos de Entrega Voluntária (PEV’s) ou Locais de Entrega Voluntária (LEV’s) segundo a CETESB (1997),

consiste na remoção dos resíduos através dos Postos ou Locais de Entrega Voluntária,

implicando em uma maior participação da população. Os veículos de coleta não se deslocam

de domicílio em domicílio; a própria população entrega seus materiais recicláveis em pontos

pré- determinados pela administração pública, onde são acumulados para posterior remoção. A

constituição dos PEV’s ou LEV’s pode ser muito variada, dependendo dos recursos

disponíveis, que normalmente são formados por conjuntos de recipientes metálicos, como

(40)

23

Normalmente, estes recipientes são coloridos que acompanham uma padronização

internacional: ƒ verde para vidro; ƒ azul para o papel;

ƒ vermelho para o plástico; ƒ amarelo para os metais;

Os PEV’s devem ser instalados em lugares protegidos das chuvas e

demais intempéries por uma cobertura, devem ser de fácil acesso e visualização e freqüentados

por um grande número de pessoas, como postos de gasolina, instituições de ensino,

supermercados, conjuntos habitacionais etc.

Segundo o Instituto de Educação e Pesquisa Ambiental (1997)

deve-se educar a população para que tome os cuidados na deve-seleção dos materiais no que diz respeito

ao que é ou não recicláveis, pois na maioria das vezes a população pensa que todo material

pode ser reciclado:

Vidros:

ƒ Recicláveis: vidros quebrados, garrafas de refrigerantes e cervejas, garrafas de bebidas alcoólicas em geral, potes de produtos alimentícios, frascos de medicamentos e

perfumaria.

ƒ Não-Recicláveis: espelhos, lâmpadas normais e fluorescentes, cristais, vidros de janelas de carro, vidros pirex, louças, porcelanas, potes de barro vitrificados, tubos de

(41)

24

Papéis:

ƒ Recicláveis: jornais, folhas usadas, cartões, envelopes, revistas, papel de computador, papelão etc.

ƒ Não-Recicláveis: papéis sujos com comida, papel higiênico, papéis plastificados ou metalizados, etiquetas adesivas, papel carbono, papéis de bala etc.

Plásticos:

ƒ Recicláveis: potes de todos os tipos, sacos de supermercado, embalagens para alimentos, vasilhas, recipientes de artigos domésticos, tubulação etc.

ƒ Não-Recicláveis: cabos de panelas, botões de rádio, canetas, bijoterias, espuma, embalagens a vácuo, fraldas descartáveis etc.

Metais:

ƒ Recicláveis: latas de refrigerantes, cervejas, conservas,marmitex, alumínio, cobre etc. ƒ Não-Recicláveis: pilhas, filtros de ar para veículos, latas enferrujadas etc.

(42)

25

4.4.2 Formas de reciclagem

Com a reciclagem pode-se aproveitar o material inorgânico dos

resíduos sólidos urbanos, reduzindo o consumo de energia, gerando menos poluição ambiental

e visual, diminuindo a extração de recursos naturais não renováveis, reduzindo em até 20% o

volume de rejeitos a ser destinado aos aterros sanitários e/ou lixões, aumentando a vida útil

dos aterros e ainda contribuindo para a limpeza e saúde pública (Eigenheer, 1993).

As formas de reciclagem podem ser: primária, secundária e terciária,

conforme Galvão Junior (1994):

ƒ Primária: o produto, após o uso, retorna ao ciclo para ser utilizado de uma forma secundária, diferente de sua função original, conforme ilustrado na Figura 2. O custo

do retorno do reciclável ao ciclo é desprezível.

Figura 2. Esquema de reciclagem primária Fonte: Galvão Junior (1994)

Uso Primário

Reciclável Produto

(43)

26

ƒ Secundária: o produto retorna ao ciclo após uma operação de beneficiamento que consiste na limpeza de impurezas, conforme ilustrado na Figura 3. O custo do

beneficiamento pode ser elevado dependendo do tipo de material. Existem perdas de

massa nos materiais. Exemplo: reciclagem de vidro e do plástico duro.

Figura 3. Esquema de reciclagem secundária. Fonte: Galvão Junior (1994)

ƒ Terciária: o produto retorna ao ciclo após passar por operações físicas (térmicas) e por processos químicos e biológicos, conforme ilustrado na Figura 4. As perdas de massa e

o custo de reprocessamento dos materiais são elevados. Em função da complexidade

das operações, a reciclagem terciária é considerada uma forma de tratamento.

Exemplo: compostagem. Uso

(44)

27

Figura 4 . Esquema de reciclagem terciária. Fonte: Galvão Junior (1994).

No Quadro 2 estão indicados os tipos de materiais oriundos dos

resíduos sólidos urbanos mais aproveitados para reciclagem.

Quadro 2. Materiais mais aproveitados na reciclagem dos resíduos sólidos urbanos.

Material % em peso % reciclada vantagens

Papel 24 37 Consumo de 10 a 50 vezes menos água; Papelão 4,1 60 Redução de 50% de energia elétrica; Plástico filme 5 a 10 15 Redução de 50% de energia elétrica; Plástico rígido 6 a 15 15 Redução de 50% de energia elétrica; PET* 1,4 21 Redução de 70% de energia elétrica; Lata de alumínio <1,0 61 Redução de 95% de energia elétrica; Lata de aço 3,0 18 Redução de 74% de energia elétrica;

Vidro 3,0% 27,6 1/3 de cacos reduz 20% de energia

elétrica;

Fonte: Jardim et al (1995) *PET (polietileno tereftalato)

Uso

Produto Reciclável

Operações Físicas - Processos Biológicos e Químicos

(45)

28

Segundo a United States Environmental Protection Agency - USEPA

(1998) a redução na geração de resíduos sólidos urbanos nos Estados Unidos está ganhando

cada vez mais atenção como uma importante forma de manejo de resíduos. Freqüentemente é

denominada “waste prevention” e considera a reutilização de produtos ou materiais, reduzindo

portanto o volume de resíduos a ser encaminhado para programas de destinação final.

A substituição de materiais pode tornar um produto ou embalagem

mais leve, como por exemplo, plástico e alumínio substituindo materiais feitos com aço e

vidro; produtos ou embalagens tóxicas podem ser substituídos por congêneres não tóxicos.

Nos Estados Unidos existe uma longa tradição na reutilização de bens duráveis; isto é feito de

maneira informal, quando os indivíduos repassam os bens já utilizados para outros membros

da família ou amigos ou mesmo doam para organizações de caridade para serem revendidos

pelos indivíduos em “vendas de garagem”, “mercado de pulgas” e coisas do gênero. Outra

forma de redução nos Estados Unidos é a utilização de toalhas, pratos e guardanapos laváveis

ao invés da utilização de descartáveis. Esta forma irá reduzir a quantidade de resíduos sólidos

mas terá outros efeitos ambientais, tais como aumento no consumo de água e energia.

Alguns anos atrás os Estado Unidos utilizava uma grande quantidade

de garrafas de vidro, mas atualmente tem sido substituídas em larga escala por garrafas não

retornáveis, frascos de plásticos e latas de alumínio. Alguns recipientes podem ser utilizados

como refil (frascos de amaciante de roupas por exemplo) em que o recipiente original é

novamente preenchido utilizando o concentrado em pequenas embalagens; algumas lojas de

alimentos têm permitido que os clientes reutilizem as sacolas plásticas.

Na Alemanha, conforme USEPA – United States Environmental

(46)

29

realizado por projetistas contratados pelo Duales System Deutschland AG (Sistema Dual da

Alemanha), concluiu que os aspectos ecológicos tem um papel bastante importante na

produção de embalagens. Serão exigidas cada vez mais embalagens inteligentes que atendam

às necessidades ambientais, sendo capazes de atrair o consumidor e que possuam boas

características óticas e funcionais. Para a projetista alemã Ingrid Sommer, deverá existir uma

consciência ambiental clara em relação ao uso de materiais, para os consumidores que já se

recusam a levar para casa um grande número de embalagens.

O estudo mostra ainda uma redução em peso no consumo de

embalagens por habitante entre os anos de 1991 e 1997 de 94,7 kg/habitante/ano para 82,3

kg/habitante/ano, ou seja, uma redução de 13%. Além do aumento da consciência ambiental

dos consumidores alemães, a introdução do Sistema Dual estimulou a redução do peso e da

utilização de embalagens desnecessárias. O Sistema Dual funciona através da cobrança de uma

licença cujo valor considera o material utilizado, o peso e o número de embalagens utilizadas.

A tendência de redução de material nas embalagens pode ser exemplificada nas latas de

refrigerantes na década de 50, cujas latas possuíam uma espessura de parede de 0,28 mm e

foram reduzidas para 0,12 mm. Para os projetistas do assunto, em breve, deverão existir latas

de refrigerantes cuja espessura da parede seja mais estreita que um fio de cabelo humano.

Na Alemanha, o setor de separação e de reciclagem vem

experimentando um crescimento intenso desde a implantação do Sistema Dual. Atualmente,

existem 550 centrais de triagem para embalagens leves, papeis, papelão e mais de 250

unidades transformam papel, papelão, alumínio e vidro.

As tendências hoje no setor de embalagem são redução do peso de

(47)

30

podem ser novamente utilizadas, produtos concentrados que demandam menores embalagens

e por fim, a modificação na composição de embalagens ou seja, pela redução no número de

materiais para embalar determinado produto.

4.4.2.1 Reciclagem de alumínio

O alumínio é 100% reciclável e de alto valor agregado, obtido por

meio da eletrólise da alumina (metal originado da bauxita, a uma proporção estimada em

quatro toneladas de minério para 60 mil latinhas). O alumínio primário de uma lata requer um

alto consumo energético, equivalente ao que é gasto por uma televisão de 20 polegadas ligada

durante três horas. Segundo dados da ABAL (Associação Brasileira de Alumínio), o Brasil

detém a terceira maior reserva de bauxita do planeta, com 3,9 bilhões de toneladas e, em

termos de produção de alumina, é o quarto maior produtor mundial, atingindo 3,3 milhões de

toneladas/ano.A mesma associação fez um levantamento e revelou que são consumidas 43

latas/ habitante/ano no Brasil, enquanto nos EUA o consumo chega a 375 latas/habitante/ano.

Seguindo uma tendência internacional de preservação dos recursos naturais, em 1991 foi

instituído o Programa Brasileiro de Reciclagem do Alumínio, a partir do qual o Brasil vem

consolidando sua posição entre os maiores recicladores mundiais de alumínio (Cerqueira &

Freitas, 2000).

Para Calderoni (1998) a economia de energia propiciada pela

reciclagem da lata de alumínio alcança 95% do total requerido para a produção a partir da

matéria-prima virgem; com a reciclagem, o consumo de energia cai para 700 KWh/t. A

(48)

31

primário, sendo necessárias cinco toneladas de bauxita para se produzir uma tonelada de

alumínio. É importante notar que a lata de alumínio pode ser reciclada infinitas vezes, sem que

venha a perder qualquer uma de suas propriedades.

Em termos de controle ambiental, a reciclagem da lata de alumínio

proporciona também elevados ganhos: a poluição da água é reduzida em 97% e a poluição do

ar em 95% em comparação com a produção a partir da matéria-prima virgem (Powelson&

Powelson,1992).

A lata de alumínio é o material mais valioso, cada tonelada alcança o

preço superior a cinco vezes o do plástico. O preço pago por uma tonelada varia de US$ 500 a

US$ 750 o quilo, o que equivale a 67 latinhas e vale 10 vezes mais que um quilo de papel

(CEMPRE,1999).

O índice de reciclagem em 1998 no Brasil foi de 65%, os restantes

35% representaram um desperdício de alumínio, cujo destino acabou sendo os aterros ou

lixões, acarretando uma grande perda também no que se refere à energia elétrica.

4.4.2.2 Reciclagem de vidro

O Brasil produz em média 890 mil toneladas de embalagens de vidro

por ano, usando cerca de um quarto de matéria-prima reciclada na forma de cacos

(Gualberto,1999).

Para produzir uma tonelada de vidro são necessários 1.200 kg de

matéria-prima virgem, sendo que para produzir uma tonelada de vidro reciclado, requer-se

(49)

32

Para a fabricação do vidro através de matérias-primas virgens, é

necessário que o forno da vidraria atinja a temperatura de 1.500oC, ao passo que, se forem

utilizadas na composição 30% de cacos, por exemplo, a temperatura de fusão baixa para

1.300o C, resultando, evidentemente, numa economia de energia no processo (Castro,1992 ).

Segundo o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) o vidro

soda-cal, também chamado de vidro comum, representa 90% de todo o vidro fabricado no mundo.

O vidro soda-cal é composto de areia (58% do peso); barrilha (19%); calcário (17%) e

feldspato (6%). Na produção a partir de matéria-prima virgem, o consumo de energia elétrica é

de 4,83 mil KWh/t, o qual cai para 4,19 mil KWh/t com a reciclagem, ensejando, portanto

uma economia de 0,64 mil KWh/t. Tal economia corresponde a R$6,5 milhões em 1996, e a

economia perdida pela não reciclagem do vidro é de R$ 12,0 milhões (Calderoni, 1998).

Entretanto, a concorrência no ramo de embalagens não se dá apenas

no interior de cada segmento; o vidro tem como concorrentes o plástico, o papelão, os metais e

o alumínio.

O crescimento dos índices de reciclagem encontra obstáculos também

na insuficiente remuneração dos demais elos da cadeia produtiva, isto é, nas relações indústria

recicladora/sucateiro/catadores. A questão do transporte também é crucial para a reciclagem

do vidro, conforme (CEMPRE,1999):

“Devido ao peso, uma das dificuldades para a reciclagem do vidro é o custo do transporte de sucata. Os sucateiros e vidreiros costumam exigir o mínimo de 10 toneladas para fazer a coleta a uma distância não superior a 400Km”.

(50)

33

Dessa forma, a estrutura do mercado de reciclagem de vidro acha-se

enfraquecida pela falta de integração entre indústrias e os demais agentes e precisando de

novos programas de coleta para reciclagem , sejam eles realizados por prefeituras, indústrias,

ou sociedade civil.

4.4.2.3 Reciclagem de papel

O papel, diferentemente da lata de alumínio e do vidro, constitui-se

um reciclável que perde parte de suas propriedades ao ser reciclado e parte para usos distintos

dos originais.

Segundo CEMPRE (1999) o índice de reciclagem vigente em 1994

foi de 30% e de 36% em 1997, totalizando 1,6 milhões de toneladas. A maior parte do papel

destinado à reciclagem, cerca de 86%, é gerado por atividades comerciais e industriais.

No Brasil existem 22 categorias de aparas – nome genérico de papel,

industriais e domésticos – classificados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo

(IPT) e pela Associação Nacional dos Fabricantes de Papel e Celulose ( ANFPC,1996), sendo

que os papéis produzidos no país são: papéis para imprensa, papéis para imprimir, papéis para

escrever, papéis para embalagem, papéis para fins sanitários, cartões e cartolinas, e papéis para

outros fins especiais. Todos esses tipos de papéis são essencialmente recicláveis, com exceção

das categorias “para fins sanitários”, que a contaminação provocada pela própria característica

de utilização dos papéis sanitários impede o seu reaproveitamento.

Em relação ao consumo de energia elétrica, cumpre destacar que a

(51)

34

3,51 MW/h por tonelada produzida a partir de aparas, pois a produção a partir de

matéria-prima virgem requer 4,98 MWh/t, e a partir de aparas, 1,47 MWh/t. No que concerne ao

consumo de água, deve se considerar que a reciclagem proporciona uma redução no volume

requerido, da ordem de 29.202 litros por tonelada. Em 1995, dada a quantidade de 1.840 mil

toneladas de produção a partir de aparas, a economia alcançada foi de 53,7 milhões de m3,

correspondente a aproximadamente R$ 222,1 milhões (Calderoni, 1998).

Para Cerqueira & Freitas (2000) a reciclagem dos papéis descartados

seria tecnicamente impossível após quatro ou cinco ciclos, sem a entrada constante de

matérias-primas fibrosas virgens no processo, a qual estudos da Word Resourse Foundation,

ONG americana, revelam que as quantidades de água e energia consumidas na reciclagem

são, em certos casos, maiores do que na fabricação primária. O Brasil lidera o setor em termos

de produção de celulose de fibras curtas com cinco milhões de toneladas em 1998.

No Quadro 3 ilustra a recuperação de aparas e papéis usados em

(52)

35

Quadro 3. Recuperação de aparas e papéis usados em alguns países em 1997.

PAÍSES TAXA DE RECUPERAÇÃO %

Alemanha 71,6 Suécia 54,8 Japão 52,7 Estados Unidos 47,0 Canadá 46,8 México 43,5 Espanha 42,9 Reino Unido 41,1 França 39,8 Brasil 36,8 Argentina 32,9 Itália 30,5 Rússia 29,4 China 26,8

Média dos países selecionados 42,5

Fonte: Cerqueira & Freitas (2000)

4.4.2.4 Reciclagem de Plástico

Algumas características do plástico, em contraposição às de outros

concorrentes, em muitas aplicações, são as responsáveis por tão elevado crescimento de seu

mercado, como sua impermeabilidade, maior resistência à perfuração e transparência (em

oposição ao papel e papelão), inquebrabilidade e baixo preço (em contraposição ao vidro),

baixo preço e transparência (em relação à lata de folha de flandes). O plástico foi eleito, entre

suas tantas aplicações, como o material ideal para embalar o lixo domiciliar.

Nos aterros sanitários e lixões de todo o país, sem dúvida, os sacos

(53)

36

os grandes “vilões” quando os assuntos são os impactos que o acúmulo de lixo gera na

natureza.

A questão da densidade do plástico, isto é, da relação massa/volume,

desempenha um papel de maior importância tanto no que se refere à sua disposição final,

quanto em relação a seu transporte depois de utilizado. Conforme esclarece o Instituto de

Pesquisas Tecnológicas:

“...um caminhão com capacidade de transportar 12 toneladas de lixo comum, transportará apenas 6 a 7 toneladas de plástico compactado, ou 2 toneladas sem compactação”.

(IPT, 1995)

A reciclagem de plástico proporciona grande economia de energia

elétrica; na produção a partir da matéria – prima virgem, o consumo de energia é de 6,74 mil

kWh/t, caindo para 1,44 mil kWh/t no caso da reciclagem, ou seja, a economia é de 5,3 mil

kWh/t (Calderoni, 1998). Essa reciclagem começa a ser feita pelas próprias indústrias para

reaproveitamento de suas perdas de produção, e tem contribuído para reduzir o impacto dos

aterros de lixo. Além da questão ambiental, em termos econômicos o desperdício não se

justifica: usando o plástico reciclado, é possível economizar até 50% de energia elétrica

(Leite,2001).

Na Alemanha, o Ministério do Meio Ambiente afirmou que caso as

embalagens de plástico fossem banidas do mercado, o peso do lixo doméstico aumentaria

Referências

Documentos relacionados

Com base nos dados levantados por esta pesquisa, demonstra-se que as usinas A, B, C e D, possuem os requisitos necessários para a competitividade sustentável e, que

Caso a descoloração seja ainda muito evidente através da faceta, será necessário, mais uma vez, optar entre um cimento ou uma cerâmica menos translucida, pois, para as

O discurso científico acaba por ter uma inadequação ao sofrimento psíquico, pois sua forma redutiva de lidar com o homem em suas mais diversas expressões, não leva em

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Aqui, será abordado como o autor trata a sistemática do poder, as relações de poder que, por meio de um poder disciplinar, docilizam o indivíduo através de suas técnicas de controle,

Divida o n´ umero N estimado pelo n´ umero de estrelas na nossa Gal´axia para estimar a fra¸c˜ao de estrelas em nossa Gal´axia que tˆem um planeta com vida inteligente capaz de

Por outro lado, partindo-se da terceira e última premissa que rege este estudo, que corrobora o caráter não linear do percurso de expansão de uma iniciativa de

The rst method is widely used in QSAR studies where each molecule is characterized using molecular descriptors and a machine learning method is used (in this case random forest)