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JAQUELINE GOMES DA ROCHA

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE – UFAC

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS – CFCH

CURSO DE BACHARELADO EM HISTÓRIA – CBH

JAQUELINE GOMES DA ROCHA

A POLICIAL FEMININA E O SERVIÇO OPERACIONAL

NA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE (PMAC)

Rio Branco 2015

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JAQUELINE GOMES DA ROCHA

A POLICIAL FEMININA E O SERVIÇO OPERACIONAL

NA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE (PMAC)

Monografia de conclusão de curso apresentada à Banca Examinadora, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em História da Universidade Federal do Acre, sob a orientação do Prof. Dr. Eduardo Carneiro.

Rio Branco 2015

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa. Desde que citada a fonte.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA

BIBLIOTECA CENTRAL DA UFAC

Papel: A4; Margens: 3,0 (esq./sup.) x 2,0 (dir./inf.) Fonte: Times New Roman; Tamanho: 12; Espaço: 1,5.

ABNT NBR 10520:2002; 6023:2002; 6024:2003; 6027:2003, 6028:2003; 14724:2011 E-mail: jaquesd2010@gmail.com

ROCHA, Jaqueline Gomes da. A policial feminina e o serviço operacional na Polícia Militar do Estado do Acre (PMAC). Rio

Branco: UFAC/CFCH, 2015. 60p. Monografia (Graduação em História, modalidade Bacharelado).

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Carneiro. Monografia de Graduação em História, modalidade Bacharelado. Universidade Federal do Acre, Centro de Filosofia e Ciências Humanas.

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JAQUELINE GOMES DA ROCHA

A POLICIAL FEMININA E O SERVIÇO OPERACIONAL

NA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE (PMAC)

Monografia apresentada à Universidade Federal do Acre, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores:

________________________________________________ Prof. Dr. Eduardo de Araújo Carneiro(ORIENTADOR) CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS -CFCH/UFAC

________________________________________________

Prof. Me. Armstrong da Silva Santos CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS -CFCH/UFAC

________________________________________________ Prof. Me. Marcelo do Nascimento França

Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas Rio Branco - FIRB Tenente Coronel da PMAC (Reserva Remunerada)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meu filho Luiz Henrique, a quem tanto amo pois, acredito ter sido o mais prejudicado durante o curso, pois teve que suportar minha ausência de mãe enquanto estava na sala de aula, nas pesquisas e até na elaboração do trabalho. Obrigada filho querido!

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AGRADECIMENTOS

Aprendi desde cedo que toda conquista tem sacrifícios e que todo sacrifício traz resultados, esses muitas vezes podem até não ser o nosso esperado mas, de certa forma ele sempre vem! Chegar até aqui não foi fácil, más com a ajuda da família, dos professores, dos amigos, do meu orientador e acima de tudo de Deus posso dizer que foi possível.

Por este motivo agradeço a minha família que esteve do meu lado, principalmente ao meu filho que foi privado da minha companhia nos horários de aula e nos momentos em que me dedicava a pesquisa. A minha mãe que me deu a vida e orientações para tornar-me uma boa pessoa. Ensinou-me desde cedo que temos que lutar por nossos objetivos, ser forte e não desistir perante os obstáculos pois mesmo a vida sendo “dura” temos um Deus poderoso nós guiando e protegendo.

Agradeço aos professores pelos ensinamentos em sala de aula e também pelas orientações a respeito de experiências de vida. Em especial ao professor Eduardo Carneiro, considerado por mim um amigo e também meu orientador. Sua participação neste trabalho foi de fundamental importância pois, seu conhecimento na área militar vem somar na realização da pesquisa, possibilitando uma maior afinidade com o assunto. Agradeço sua paciência e suas orientações, pois ambas foram de fundamental importância para a conclusão do trabalho.

Agradeço também aos amigos de sala de aula que estiveram do meu lado nessa peleja e que juntos conseguimos alcanças essa vitória. Meu agradecimento especial a Alderlene Oliveira, Edilene Vieira, Marcelo França, Marilim Sarkis e Francisca Torres sei que, sem a ajuda desses chegar até aqui teria sido muito mais difícil.

É por fim agradeço a Deus todo poderoso que me guiou até aqui, que guardou minha saúde, me abençoou com discernimento, força, capacidade física e mental para concluir o curso e a pesquisa, possibilitando assim alcançar o maior objetivo da vida acadêmica, a formação do curso em Bacharel História.

Filipenses 4:13 Tudo posso naquele que me fortalece.

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RESUMO

Este trabalho visou estudar a atuação das policiais femininas em serviços operacionais na zona urbana do município de Rio Branco realizados pela Polícia Militar do Estado do Acre (PMAC). A problemática que moveu a pesquisa foi saber sobre os motivos pelos quais há pouca participação feminina nos trabalhos ostensivos da Polícia Militar em Rio Branco. Seria puramente uma questão de gênero? Para solucionar essa questão, historiamos o processo de inserção da mulher na carreira militar da PMAC, pesquisamos documentos oficiais das instituições, matérias de jornais, além de algumas informações repassadas de maneira informal por policiais mais antigas. A pesquisas realizadas, foi conduzida pelas seguintes hipótese: Seria a pouca participação feminina nas atividades ostensivas só uma decisão institucional pelo fato de imperar na corporação uma visão machista? Ou a própria decisão da policial em não participa do serviço fim da profissão militar influencia nessa questão? Essa decisão pode parti do fator de não “entrosamento” com a atividade fim ou da necessidade de conciliar as atividades profissionais com as atividades domiciliares? Seria porque a atividade fim envolve situação de maior risco, o que exige também maior tempo dedicado a treinamentos e, às vezes, até dedicação exclusiva? Esses, no entanto, não são fatores inibidores apenas da participação feminina, uma vez que, boa parte dos policiais, também preferem atividades “internas”.

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RESUMEN

En este trabajo se evalúa el desempeño de mujeres policías en los servicios operativos en el área urbana de Río Branco hecha por la policía de Estado militar Acre (PMAC). La cuestión que se movía la investigación era conocer las razones por las que hay poca participación femenina en el trabajo abierto de la Policía Militar de Río Branco. Sería puramente una cuestión de género? Para abordar esta cuestión, historiamos proceso de inserción de la mujer en el ejército de PMAC, documentos oficiales investigados de las instituciones, informes periódicos, y alguna información aprobada de manera informal por la policía de más edad. La investigación llevada a cabo se llevó a cabo por la siguiente hipótesis: Sería un poco de la participación femenina en las actividades abiertas sólo una decisión institucional por el hecho prevalecer en la sociedad una visión sexista? O decisión propia de la policía no participó en la final de la influencia militar de profesión servicio de este tema? Esta decisión no factor de parti "rapport" con la actividad de orden o la necesidad de conciliar la actividad profesional con las actividades domésticas? ¿Se debe a la actividad objeto implica mayor riesgo, que también requiere más tiempo dedicado a la formación y la devoción a veces incluso excluyentes? Estos factores, sin embargo, no sólo son inhibidoras de la participación femenina, ya que muchos de los policías, también prefieren actividades "internas".

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES, TABELAS, GRÁFICOS E QUADROS

IMAGENS

Imagem 1 Formatura da Companhia Regional na Vila Rio Branco em 1909. p. 17

Imagem 2

Guarda Territorial em desfile cívico na Avenida Getúlio Vargas Branco-Ac) em 07 de setembro de 1955.

p. 19

Imagem 3

Passagem de comando: Ex Guarda Territorial para PMAC. p.20 Imagem 4

Da esquerda para a direita, de baixo para cima, estão: Alunas Sargento Margarete, Maria Aniceta, Debora, Ozenir e Luiza (1985)

p.26

Imagem 5

Pelotão feminino – anos 1990 p. 29

Imagem 6

Formatura da turma de alunos-soldados (2009/2010). p.31 Imagem 7

Soldado Sandra recebendo medalha de destaque. p.31 Imagem 8

Patrulhamento policial do tipo dois: Comandante e Motorista p.55 Imagem 9

Patrulha Ambiental do tipo três. p.56

Imagem 10

Atuação de policiais em sala de aula com palestras educativas p.58

TABELAS

Tabela 1

Relatório sumário de mulheres por Posto e Graduação p.32 Tabela 2

Relatório sumário das policiais por Localização/Município p.35 Tabela 3

Relatório sumário de mulheres por OPM-Organização Policial Militar p.36 Tabela 4

Efetivo policial militar na ativa por gênero Brasil em 2003. p.49 Tabela 5

Efetivo Policial Militar na Ativa por Patente ou Graduação - Brasil, 2003. p.51 Tabela 6

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GRÁFICOS

Gráfico 1

Relatório de mulheres por Posto e Graduação p.34 Gráfico 2

Totalidade do efetivo de Policiais Femininas dividido por Oficias e Praças. p.34 Gráfico 3

Distribuição por município do efetivo Policial Feminino p.36 Gráfico 4 Relatório sumário de mulheres por OPM-Organização Policial Militar p.39

Gráfico 5 Atuação das policiais femininas entrevistadas p.41

Gráfico 6 Local de lotação – escolha própria ou não? p.42

Gráfico 7 Preferência profissional: atividade burocracia ou ostensiva? p.42

Gráfico 8 Qual a atividade que mais tem confiança em realizá-la? p.43

Gráfico 9 Sobre a limitação de vagas para mulheres nos editais de concurso da PMAC p.43

QUADROS

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...11

CAPÍTULO 1 - A HISTÓRIA DE INGRESSO DA MULHERES NA POLICIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE ...13

1.1 Uma síntese da história da ação policial militar no Acre ...15

1.1.1 No Território do Acre ...15

1.1.2 No Estado do Acre ...19

1.2 O ingresso das Mulheres na Polícia Militar do Estado do Acre...22

1.2.1 Um breve relato sobre a inserção das mulheres nas corporações militares...22

1.2.2 A atuação da policial feminina na PMAC...25

CAPÍTULO 2 - O PERFIL PROFISSIONAL DA POLICIAL FEMININA DA PMAC ...32

2.1 Apresentação e análise dos dados oficiais...32

2.2 Análise dos questionários...39

CAPÍTULO 3 - SER MULHER E SER MILITAR: RELAÇÕES DE GÊNERO NA PMAC...45

3.1 As relações de gênero nas corporações militares...45

3.2 As atividades ostensivas da PMAC e a questão de gênero...52

CONCLUSÃO...61

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INTRODUÇÃO

A inserção das mulheres nas Policias Militares do Brasil é resultado do processo de conquistas do gênero feminino. Na sociedade acreana iniciou na segunda metade do século XX. Adentrar na caserna1, espaço tradicionalmente masculino e desempenhar as funções direcionadas à segurança pública foi desafiador, pesquisar esse tema requereu um novo olhar sobre as mulheres e sobre a profissão militar.

Essa monografia teve por objetivo analisar a participação das policiais femininas nos serviços operacionais da zona urbana do município de Rio Branco (AC). A problemática da pesquisa foi tentar identificar o(s) motivo(s) da rara presença de policiais femininas em serviços operacionais e ostensivos realizados pela Polícia Militar do Estado do Acre na zona urbana do município de Rio Branco.

A mulher no contexto da corporação policial provocou a cultura machista que define as funções a serem desempenhadas pelas mulheres, geralmente as mais delicadas e subalternas. Embora os papéis sociais não sejam tão rígidos como outrora, traços dessa cultura ainda persiste, pois o mercado de trabalho para a mulher é bem mais restrito comparado ao do homem. Acreditamos que o ingresso das mulheres no alto escalão de corporações militares era um dos últimos obstáculos a serem vencidos na corrida pela valorização feminina e pela igualdade de gênero.

O interesse pelo tema da pesquisa dá-se pelo fato de ainda ser pouco abordado. A mulher nos quartéis é um fenômeno relativamente recente na sociedade brasileira, uma história ainda em construção. Soma-se a isso, o fato dessa pesquisadora ser policial militar da PMAC, fazendo parte, desse processo de inserção feminina na corporação. Não houve dificuldades quanto o acesso às fontes, pois a PMAC as disponibilizou sem maiores burocracias. Outros como dissertações e teses foram acessados a partir da internet.

Tomamos como modelo bibliográfico os estudos de Elida Damasceno Braga Lobato que trata das relações internas das mulheres na instituição onde a mesma aborda os conceitos de hierarquia, disciplina e poder. A autora trabalha esses conceitos a partir das teorias de Foucault e Takahashi. O conceito de gênero utilizado foi o mesmo empregado por Joan Wallach Scott

1 Quartel

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(1995, Nº 01), “que indica uma rejeição ao determinismo biológico implícito no uso de termos como “sexo” ou “diferenças sexual”.

A hipótese que conduziu nossa pesquisa foi a de que a pouca frequência de mulheres em atividades ostensivas realizadas pela PMAC não se dava por questões meramente de gênero e sim por outras questões como a da decisão das próprias policiais em não participar. Acredito que a relevância social dessa pesquisa está no fato de permitir uma maior conscientização social acerca desse processo de inclusão, pois muito embora a figura da mulher aos poucos esteja conquistando seu espaço dentro da corporação militar, esta profissão ainda é vista como preferencialmente dos homens.

No primeiro capítulo o objetivo foi realizar uma síntese do processo histórico de inserção da mulher na Policia Militar do Estado do Acre relatando os princípios norteadores para este ingresso. No segundo, através de documentos oficiais da corporação, tentamos elaborar um perfil profissional da policial que atua em nosso Estado. No terceiro, fizemos uma discussão sobre a questão de gênero nas relações de trabalho do interior da PMAC.

Enfim, a pouca participação feminina nas atividades ostensivas não é uma decisão institucional, muito menos é devido ao fato de imperar na corporação uma visão machista, pelo contrário. Outros motivos são mais significantes nessa explicação, tais como a da própria decisão da policial em não participar. Isso porque a atividade envolve situações de maior risco, o que exige também maior tempo dedicado a treinamentos e, às vezes, até dedicação exclusiva. Da forma que muitas das mulheres que desejam ser encaminhadas para funções administrativas fazem uso de uma visão cristalizada à respeito da mulher para alcançar tal fim. Esses, no entanto, não são fatores inibidores apenas da participação feminina, uma vez que, boa parte dos policiais, também preferem atividades “internas”. Ou seja, devemos levar em conta que nem todo homem que deseja atuar na função administrativa conseguem tal objetivo, assim como nem toda mulher também não alcançam tal fim. Contudo, deixamos claro que tais conclusões são provisórias e que a pesquisa não pretendeu esgotar o assunto.

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Capítulo 1 - A HISTÓRIA DO INGRESSO DAS MULHERES NA POLICIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE.

Neste capítulo veremos que o ingresso da mulher na polícia Militar do Estado do Acre está relacionado aos processos de transformações que a instituição sofreu a partir da década de 1960. Esse era o período da chamada Ditadura Militar no Brasil, momento em que se desenvolveram políticas públicas para qualificar e modernizar os serviços militares prestados à sociedade, isso para melhorar a imagem que os militares tinham perante a opinião pública.

Essa busca por uma melhor imagem perante à sociedade é mediada pela inserção da mulher nos quadros da instituição, para aproveitar uma visão cristalizada dos papéis e comportamentos “tipicamente” femininos. Não é que apenas a instituição PM seja machista, mas ela percebe o machismo presente na sociedade em que ela está inserida e tenta utilizá-lo para produzir uma imagem diferente acerca de si. Também abordaremos de maneira breve a história da ação policial em território acreano até a criação da Policia Militar no atual Estado do Acre.

O ingresso da mulher na polícia militar trouxe uma relevante discussão sobre questões de gênero, uma vez que até hoje a corporação ainda é considerada uma instituição masculinizada. Segundo Simone Beauvoir (apud PRIORE, 2007, p. 217) “a mulher sempre foi subjugada, dita como um ser sem história, que não podia se orgulhar de si próprio.” A mulher era vista como um ser inferior, sem as mesmas capacidades que o homem. Por isso, deveria ser empregada em serviços subalternos, em condições diferenciadas. Como afirma PRIORE (2007, p. 219),

Neste período (XVIII), em que o indivíduo perdia suas referências cósmicas centrando-se na própria unidade, a oposição entre sexos não era mais formulada da mesma maneira. O humanista colocava-se no centro de tudo, desqualificando a razão feminina, (...) A razão das mulheres não lhe parecia lógica. Por faltar-lhes o controle, atributo do homem moderno, sua razão era considerada fraca, frágil, sem parâmetros, o que a dobrava obrigatoriamente á dependência da razão masculina.

De acordo com Priore (2007), as mudanças com relação aos pensamentos sobre as mulheres começam a partir do século XIX, onde a questão da igualdade entre sexos não podia mais ser ignorada. Se discutia sobre liberdade, emancipação e igualdade entre homem e mulher. Esses debates acarretaram transformações culturais do século XX, tornando as mulheres objetos de pesquisa não só do campo filosófico, mas nos espaços das ciências sociais e humanas.

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A autora aponta que “a história das mulheres emergem a partir de 1970, e está fundada na constatação da negação e do esquecimento, atrelada a explosão do feminismo, articulada ao florescimento da antropologia e da história das mentalidades.” (PRIORE, 2007 p. 220). Ou seja, as mudanças já vinham ocorrendo, mas agora “tratava-se de mudar não apenas a condição das mulheres, mas a sociedade inteira, opondo a glorificação da produtividade, da competição e do sucesso econômico, por valores voltados para a qualificação de vida, a realização pessoal e uma sociedade mais humana.” (idem, ibidem, p. 222)

Diante do novo quadro social, onde as mulheres se destaca, sendo agora cada vez mais independente economicamente do homem, a diferença entre os sexos que sempre dividiu homens e mulheres agora torna-se chave de discussão para novos caminhos. Segundo Priore (2007, p. 217) “na filosofia, a diferença de sexo é a primeira das diferenças; aquela sobre as quais todas as outras diferenças se expressam e se fabricam.”

Para Engels (apud Priore 2007) “no século XIX já apontava a diferença de sexo como o fundamento da vida social, afirmando que a primeira divisão de trabalho e a primeira oposição de classe estabelecia-se, basicamente, entre homens e mulheres.” Nesta condição o que percebemos é que a diferença de sexo é um fator relevante no processo de inclusão de trabalho, sendo assim um requisito proeminente na hora da decisão sobre qual profissão seguir.

A mulher “contemporânea”, apesar das mudanças, não deixou seus antigos costumes e valores da vida privada, mesmo atuante na vida pública continuava e continua nas suas funções de mãe, esposa, dona de casa, incorporando a isso as atividades profissionais. E tal condição muitas vezes influencia na escolha da atividade profissional a ser desempenhada. Dessa forma, busco aqui entender o processo que culminou com o ingresso da mulher como profissional da polícia militar do Acre, dando uma ênfase às questões profissionais e familiares, bem como identificar as razões que conduzem ao ingresso da mulher nessa corporação, considerando as peculiaridades da instituição e das mulheres, enfatizando os impactos socioeconômicos e pessoais sofridos por ela.

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1.1 Uma síntese da história da ação policial militar no Acre

1.1.1 No Território do Acre

“Os quadros das Companhias Regionais foram compostos por seringueiros, na sua maioria, nordestinos, que haviam lutado no Exército de Plácido de Castro”.

(SILVA, 2006 p. 04).

De acordo com Silva (2006), com o fim da Questão do Acre com a Bolívia através da assinatura do Tratado de Petrópolis (1903), a República brasileira agora teria que se preocupar em impor a ordem no território anexado e garantir a manutenção da paz e segurança. Os conflitos sociais também eram constantes, sem dizer que as condições da região era inóspita, muitos morriam de moléstias como a febre amarela. E ainda havia o medo do Peru e ainda da Bolívia invadirem o local.

A princípio, o policiamento na região ficou ao encargo do Exército. No entanto, a crescente demanda exigiu do Governo Federal uma decisão de aumentar o contingente militar. Em 1904, o presidente da República assinou o Decreto Nº 5.188, que, além de outros, regulamentava a segurança pública na região. No Artigo 4º dizia: “aos prefeitos, em seus respectivos departamentos, compete: organizar a força pública, distribui-la, mobiliza-la e dispor dela, conforme as exigências da manutenção da ordem, segurança e integridade do departamento”. No entanto, a força policial servia mais para proteger as autoridades e prefeitorais do que a população propriamente dita.

Em 25 de maio de 1916, através do Decreto Presidência Nº 12.077, são criadas as Companhias Regionais. Segundo o ponto de vista evolucionista da história, muitos creem ser ela o embrião da PMAC. Na verdade, essa é a visão oficial divulgada hoje no site da PMAC. Leiamos um trecho do discurso do então comandante da PMAC:

O Decreto Presidencial nº 12.077, de 25 de maio de 1916, criou os primeiros Núcleos da milícia acreana, as chamadas Companhias Regionais de Polícia, com a finalidade precípua de manter a paz e a ordem em todo o Território Acreano, recém incorporado ao Brasil. Esse Núcleo tinha sua organização voltada para atender a própria divisão territorial, que compreendia os Departamentos do Alto Purus, Alto Juruá, Alto Acre e Alto Tarauacá. (VASCONCELOS, 1997) Disponível em < http://clodomiro.xpg.uol.com.br/e107.html> acessado em 2014.

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No entanto, há também aqueles como Carneiro (2005) que trabalham com a visão descontínua da história, preferindo tratar a fundação da PMAC a partir de seu decreto de criação propriamente dito. Segundo ele,

A militarização da polícia no Acre, assim como nos demais Estados, foi sustentada pela política de Segurança Nacional. Ser militar significa ter uma formação profissional voltado para a guerra, para a violência bélica, para o confronto com guerrilheiros, ou seja, para a proteção da nação contra os inimigos. Na ditadura, os inimigos eram qualquer simpatizante do socialismo ou simplesmente qualquer que discordasse do sistema estabelecido. Esse sentido é peculiar a essa época, não há como buscar a origem da Polícia Militar do Acre em outra fase histórica. A mudança foi tão brusca que poucos policiais da Ex-Guarda Territorial foram aproveitados, e os que foram, tiveram que concluir um curso de especialização militar. A lei que estabelece a data de criação da PMAC em 25 de março de 1916 também pode ser explicada historicamente. Em 1983, Nabor Júnior é eleito governador do Acre pelo voto direto. Durante os comícios, foi um árduo crítico dos governos militares, defendeu a autonomia do Estado frente às intromissões da União, além de ter sido um propagador da campanha acreanista. Para consolidar seu governo era imprescindível quebrar todo o vínculo com a Ditadura, ao mesmo tempo precisava, contraditoriamente, fortalecer a imagem PMAC. Como livrar a PMAC da herança maldita da Ditadura se estão intrinsecamente ligadas? Como desvencilhá-la desse pesadelo se a data do aniversário da instituição seria uma alusão ao Golpe Militar? A resposta é bem simples. Segundo os Artigos 1° e 2° da Lei Estadual n° 812 de 05 de dezembro de 1984: “Fica instituído o dia 25 de maio de 1916 como a data de criação do Núcleo da Polícia Militar no Acre. O dia 25 de maio será comemorado como Data de Aniversário da Corporação”.

Como podemos ver a própria história não nós dar uma versão única para os acontecimentos históricos, o que nos leva a crer que, não existi uma uniformidade das perspectivas históricas. Dessa forma, devemos levar em consideração que o próprio ingresso de mulheres, bem como sua atuação na instituição policial militar, não deve ser visto através de um fator, mais, de vários fatores.

A foto a seguir retrata um ato militar datado de 1909 antes mesmo da criação das Companhias Regionais, provavelmente uma formatura ou um ato solene. Ainda hoje a formatura militar acontece para demonstração de poder e disciplina da instituição. Durante o ato, a tropa mantém-se imóvel até ouvir a voz de comando do oficial, a partir de então, acontece o desfile. Como é percebível na foto, não há presença de mulheres na tropa.

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Imagem 01: Formatura na Vila Rio Branco em 1909.

Fonte: Acervo Digital: Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM

Quanto à manutenção da ordem e segurança do Território, segundo Silva (2006), as maiores dificuldades enfrentadas pelas Companhias Regionais foram as ocorrências nos seringais, isso por causa da carência nos transportes e às más condições das estradas. No entanto, é sabido que no seringal, o “coronel de barranco2” era o delegado e juiz, e seus jagunços os policiais. Por conta de tudo isso, a maioria dos crimes ficavam impunes.

Em 1920, o Território acreano passou por novas modificações estruturais, políticas e econômicas. Os departamentos foram extintos e os mesmos deram lugar a um Governo Geral com a capital em Rio Branco. Os municípios continuariam a existir, no entanto, os prefeitos agora passaram a ser nomeados pelo governador do Território.

Durante o governo de Epaminondas Jácome (1º de janeiro de 1921 à 22 de junho de 1922) foi criada a Força Policial do Território do Acre por meio da Resolução nº 01, de 01 de Janeiro de 1921. A Força Policial ficou responsável por toda a segurança do Território Acreano. Também teve participação em atividades sociais, políticas, econômicas e culturais. De acordo com Silva (2006, p. 08),

2 No que se refere à região amazônica, o termo coronel de barranco mantém o mesmo significado do restante do

país: um homem que manda na região e dita as regras, delegando funções em meio à floresta. (MENDES e QUEIRÓS, 2012, p. 05)

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(...) os componentes da Instituição deram valorosas contribuições para o desenvolvimento do Território como: Na construção civil, construções de prédios, fabricações de tijolos, corta e serrar madeiras para construções, de estradas. No ensino: escola de alfabetização, escola de instrução civil, escola de música, escola profissional; com oficinas de sapataria, correaria, carpintaria, marcenaria, alfaiataria, pedreiro, barbeiro e outros. Nos serviços gerais: desobstrução de rio, corta e transporta lenha para a usina de luz, descarregar navios com produtos direcionados ao Governo do Território, etc.

O fato da Força Policial desenvolver serviços na área de construção civil e transformação urbana do Território desvinculava-a de sua função original, que era a de prestar segurança pública. No entanto, tal desvio de função tinha a ver com necessidade de amenizar a pouca eficiência da Comissão de Obras Federais no Acre com inúmeras obras inacabadas, o que causou muitos transtornos para a população local.

Em julho de 1934, o governo Federal torna extinta a Força Policial do Acre. E por meio do Decreto Nº 22, de 30 de junho de 1930, é criada a Polícia Militar do Território Federal do Acre. Apesar da criação de uma nova instituição, os policiais continuaram a realizar as mesmas tarefas, agora também a de construir campos de aviação (cf. SILVA, 2006, p. 09). Em setembro de 1945 foi a vez da Policia Militar do Território Federal do Acre ser extinta. Uma outra instituição seria criada para substituí-la – a Guarda Territorial (GT) do Acre. Leia um trecho do Decreto Nº 7.360, de 06 de março de 1945, que criou a corporação.

Art. 1º E' criada, no Território do Acre, uma Guarda Territorial de caráter civil, nos termos do art. 4º, nº X, do Decreto-lei nº 5.839, de 21 de setembro de 1943, na qual serão aproveitadas, obrigatoriamente, as praças de pré da Polícia Militar do Território e, facultativamente, os oficiais da Corporação, garantidos os atuais vencimentos, tempo de serviço e demais direitos e vantagens.

Art. 2º Serão aproveitados na Polícia Militar do Distrito Federal, com as garantias previstas no artigo anterior, os oficiais que não optarem pela sua inclusão na Guarda Territorial. Na Polícia Militar do Distrito Federal as aludidas oficiais constituirão um quadro especial, ao qual se aplicarão, subsidiariamente, as disposições legais relativas ao quadro A do Exército Nacional.

A mudança contudo não agradou aos componentes da Instituição uma vez que as atividades de caráter civil foram acrescidas. Silva, (2006), aponta que mesmo a Guarda Territorial tendo de caráter civil, sua essência continuava militar, pois continuava fazendo uso da farda, executando policiamento ostensivo e respeitando a hierarquia e a disciplina. Veja a imagem abaixo.

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Imagem 2: Guarda Territorial em desfile cívico na Avenida Getúlio Vargas (Rio Branco-Ac) em 07 de setembro de 1955.

Fonte: Acervo Digital do Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM

Essa instituição perdurou até 1974, quando foi extinta em decorrência da fundação da Polícia Militar do Estado Acre em 31 de março do corrente. O Acre já havia sido elevado à condição de Estado desde 1962. Diante de tudo que foi exposto, fica claro que a ação policial acompanha a história do Acre sob a égide de inúmeras instituições de segurança pública. A última criada foi a PMAC. Nem sempre as mudanças foram ocasionadas pensando no bem-estar da população. As decisões eram tomadas em decorrência de necessidades governamentais.

1.1.2 No Estado do Acre

Em 15 de julho de 1962, o então Presidente do Brasil João Goulart, através da Lei Nº 4.070, realiza elevação do então Território a categoria de Estado, uma aspiração do movimento autonomista. Com a elevação do Território à Estado, ocorreram algumas mudanças sociais, como por exemplo, no âmbito da segurança pública, foi criada a Polícia Militar do Estado do Acre. Segundo a Constituição Estadual do Acre de 1963, art. 48, “é criada a Polícia Militar do Estado, instituição permanente destinada à manutenção da ordem e segurança internas, sendo sua organização estabelecida em lei”.

Muito embora a Constituição Estadual garantisse a criação da Policia Militar, sua implantação só ocorreria de fato em 31 de março de 1974, doze anos após sua criação. Os

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acontecimentos para tal atraso se devem a interesses públicos, uma vez que para tal implantação foi constituída uma comissão de estudos para implantar de fato a instituição no Estado. O ato solene ocorreu em frente ao Quartel do Comando Geral, na presença do então Governador Wanderley Dantas. O ato representou a extinção da Guarda Territorial e a fundação da nova instituição. Todo o patrimônio material da GT foi transferido para a PMAC, como o quartel, armas, etc, o ato foi marcado novamente por uma formatura simbolizando a passagem de comando como é apresentado na foto a seguir.

Imagem 3 - Passagem de comando: Ex Guarda Territorial para PMAC.

Fonte: disponível em: < http://a4demaio.blogspot.com.br/2011/11/fotos-antigas-da-pmac.html>.

Dentre as mudanças sofridas pelas ações policiais ao longo da história a implantação da Policia Militar foi considerada por Silva (2006) a mais radical, uma vez que seus elementos internos foram praticamente todos substituídos. De acordo com Silva (2006), tantos os Oficiais como os Praças da antiga GT foram substituídos por Oficiais R-2 (Oficiais temporários do Exército Brasileiro) e sargentos, estes, recém formados na Polícia Militar de São Paulo.

Com relação à primeira turma de soldados, essa foi formada no próprio Estado nos anos de 1974 a 1975. O curso foi coordenado pelos oficiais e sargentos recém-incluídos. Tal fato ocorreu de imediato para suprir as necessidades emergenciais da instituição.

Segundo Silva (2006), do quadro de pessoal da Guarda Territorial, foi transferido para o da PMAC somente os membros da Banda de Música, mais como funcionários civis, os demais foram distribuídos em diversas secretarias. Essa estrutura perdurou até 1990, quando foi

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instituído um quadro especifico para a Banda. Da existência da GT restaram a penas documentação, fotografias, reportagens de jornais bem como a memória das experiências vivenciadas por ex-membros e seus familiares. A extinção da GT não apaga sua existência apenas sua participação e atuação na PMAC.

As transformações ao longo das décadas propiciaram uma maior qualificação dos profissionais de segurança, bem como um processo de aperfeiçoamento na estrutura interna da corporação que investiu nas técnicas de atendimento ao público e propiciou uma qualidade nos serviços, isso foi possível em virtude do aumento do efetivo. Serviços como RP (rádio patrulha), policiamento de trânsito, corpo de bombeiro (nessa época o bombeiro ainda era vinculado a PM, onde tornou-se independente na década de 1980) são frutos dessas mudanças.

Desde a sua fundação, a PMAC sofreu mudanças relacionadas às políticas de segurança pública adotadas pelos governos do Estado do Acre. Percebemos com isso que os ciclos de mudanças ocorrem como forma de adequação ao modelo político desenvolvido na região. Da forma que, a PM desde seus primórdios passa por diversas transformações sem perder seu caráter repressivo dominador, sendo utilizada em todo momento como braço forte do Governo.

A presença feminina trouxe consigo certo diferencial. Além de fazer parte das mudanças ocorridas na corporação, sua presença vai ocasionar também um processo de transformações, só que agora, o objetivo não era mostrar a força da instituição e sim mostrar o lado mais compassivo da corporação militar, da forma que a presença feminina simbolizava um conjunto de práticas de atendimento diferenciado, justamente pela imagem socialmente aceita de que as mulheres seriam mais ternas e atenciosas em suas atividades.

De acordo com Silva (2006, p. 13), “a admissão feminina nos quarteis fez parte de um conjunto de mudanças sofridas pelas Polícias Militares do Brasil com o fim da Ditadura Militar”, tendo como objetivo aproximar a sociedade da instituição. A PMAC assim como as demais policias militares do Estado, aproveitasse dessa imagem afetuosa das mulheres como forma de marketing para instituição. Uma forma de amenizar a ideia “terrorista” que a sociedade tinha sobre a caserna.

A mulher representava o lado afetuoso, atencioso, terno, estereótipos socialmente constituídos sobre a figura feminina. No entanto não podemos afirmar que entre as policiais femininas não houvessem atendimentos de ocorrências que não fossem bem sucedidas ou atendidas com toda essa perspicácia. Ou que, entre os homens não houvessem aqueles que prestava um bom atendimento, sem truculências ou uso da força.

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1.2 O ingresso das Mulheres na Polícia Militar do Estado do Acre

1.2.1 Um breve relato sobre a inserção das mulheres nas corporações militares

A cada dia as mulheres garantem seu espaço, impõe seus direitos e conquista o respeito perante a sociedade patriarcal. Ela deixa de ser vista como simples objeto de uso e procriação e passa a exercer postos que antes era apenas praticado por homens. De acordo com Cappelle e Melo (2007, p. 01), “a Polícia Militar, analisada como um espaço organizacional de interação social pode ser considerada, como uma espécie de gueto masculino, no qual admitiu-se o ingresso de mulheres há pouco tempo”.

O processo de inserção da mulher na polícia do mundo, segundo Jennifer Brown (1997), do College of Police and Security Studies, guarda quatro aspecto, o contexto de recrutamentos de mulheres, vinculado, na Europa, a momentos de crises das forças policiais ( por exemplo, deslocamento do efetivo masculino em período de guerra, ou crise de credibilidade, com forte deterioração da imagem pública das policias.): existência de uma cultura policial feminina, que estaria identificada e valorizaria a formas preventivas – portanto menos truculentas – de policiamento: mas com restrições nas tarefas femininas, sustentadas na noção de que as mulheres não são capazes de assumir todas as formas de ação de polícia, e consequente, tendente a atribui-lhes sobretudo funções burocráticas ou atividades associadas, no imaginário, a extensões do mundo doméstico: necessidade de equiparação de oportunidades (investimento de ações anti-discriminatórias e nos enfrentamentos dos casos de assédio sexual). (CALAZANS, 2003. P. 38)

A princípio, as mulheres chegam aos quarteis sem maiores mudanças na estrutura funcional das Policias Militares. A presença delas se massificou apenas como o fim da Ditadura Militar, quando admitiu-se a mulher mais para redefinir o perfil das polícias, que encontra-se estigmatizadas como truculentas e antissociais. Portanto, elas ingressaram como uma espécie de marketing institucional, que melhorava a imagem da polícia e transmitia a ela um caráter mais humanizador. Quanto a isso Calazans (2004) apud Cappelle (2010, p. 12) associa que,

O ingresso de mulheres na Polícia Militar e o processo de modernização da organização e de profissionalização do trabalho policial a uma crise mais ampla enfrentada pelo modo de organização do trabalho nas sociedades contemporâneas. Portanto, há a possibilidade de as policiais se beneficiarem desse período de crise e modificarem suas relações de poder na instituição para transformar esse espaço até então de predomínio masculino. Calazans (2004) acredita que as mulheres atendem a um novo perfil que corresponde às novas concepções de segurança pública para uma PM menos voltada para o uso da força e direcionada à ênfase estratégica e preventiva. A constatação da hipótese da autora se dará nas relações estabelecidas pelas policiais

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em seu cotidiano de trabalho. Cotidiano esse ainda marcado pelo patriarcalismo e predominância masculina na sua profissão.

Ou seja, as mulheres adentram nas corporações militares com a imagem “cristalizada”, estereotipada, pela sociedade. Em sua maioria seus serviços seriam voltados para um trabalho menos ofensivo, que lhe exigisse menor vigor físico. De acordo com Cappelle (2007),

A inserção de mulheres na organização, principalmente as do oficialato, tem ocorrido, predominantemente, em funções administrativas e de relações públicas, tidas como atividade-meio e não atividades-fim. Percebe-se uma maior dificuldade de inserção daquelas militares que optam por seguir carreira na área operacional, chamando a atenção por serem minorias num meio predominantemente masculino (CAPPELLE e MELO, 2007 p. 01).

Dessa forma percebemos que as questões que conduzem a atuação feminina na atividade militar estão intrinsicamente ligadas a um novo modelo de atuação policial, mais que, na prática não era de todo aplicada, uma vez que, essa atuação era repelida em determinadas atividades e direcionadas a outras finalidades.

Braga (2005 p. 01), diz que

O ingresso feminino na Policia Militar foi algo inovador que gerou muitas dúvidas, resistências de aceitação e ausência de confiança, dos subordinados, dos superiores e da sociedade devido aos estereótipos atribuídos às mulheres. “Ser policial feminina não e ser como secretária, enfermeira, professora ou outra profissão que teoricamente seria mais adequada e compatível com as “limitações” do gênero”.

Como é possível ver, o discurso das “fragilidades” femininas propiciava uma constante desconfiança a respeito de seu desempenho profissional, o que tornava mais dificultoso a inserção e atuação feminina nos serviços fins da instituição. No entanto, devemos levar em conta que mesmo diante das dificuldades em atuar na atividade-fim do serviço militar existem mulheres que desenvolve muito bem esses trabalhos.

Ao adentrar nas corporações militares em sua maioria as mulheres eram empregadas em ocorrências que envolviam crianças e idosos, além de atuarem em serviços de relações públicas, secretárias e atendentes de telefone. Ou seja, a visão machista ainda prevaleceu, uma vez que as mulheres eram tratada de forma diferenciada, como sexo frágil, consistindo assim, a necessidade de adequação de seus serviços de acordo com suas capacidades físicas (Braga,2005).

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Para Muraro & Pupping (2011), apud Braga (2005 p. 04),

O gênero era de fato, normalmente tido em conta em matéria de emprego. O trabalho para qual eram contratadas mulheres era definido como trabalho de mulher, adequado as suas capacidades físicas e aos níveis “natos” de produtividade, ocupando sempre a base de qualquer hierarquia ocupacional.

Dessa forma, percebemos que o processo de inclusão de mulheres na polícia militar ocorre pela necessidade de adequação social. Uma vez que a truculência estava associada a atuação militar masculina, bem como pretendia-se buscar novas formas de atuação policial baseados agora em novos atributos, como a prevenção dos crimes utilizando-se da inteligência e dedicação dos executores da lei.

A progressiva incorporação (ZAMAKONA, 1999) da mulher na polícia e as modernizações das organizações policiais são fenômenos que andam parelhos. A estrutura do trabalho policial está sofrendo grandes mudanças, entram em crise velhos valores característicos da organização, como a força física e a identificação tradicional com a figura masculina, buscando-se uma substituição por outros mais de acordos com a realidade atual, como a inteligência, a capacidade de resolução de conflitos, a inovação, o trabalho de equipe. (CALAZANS, 2003. Pg 37)

Contudo, devemos levar em consideração que a inclusão das mulheres nas Policias Militares, talvez não tenha alcança em todo a eficiência desejada, da forma que, outras perspectivas devem ser pensadas, ou seja, será que as mulheres não poderiam também ser truculentas no atendimento às ocorrências? E o uso dessas novas estratégias não findava também por mudar a prática dos policiais do sexo masculino? Pensando na realidade experimentada por certos setores no interior da PM até o início dos anos 1990, será que essa política foi mesmo tão bem aplicada? Essas são questões que devem é merecem ser analisada com futuras pesquisas.

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1.2.2 A atuação da policial feminina na PMAC

No Estado do Acre a trajetória da policial militar tem início na década de 1980, mais precisamente no dia 07 de outubro de 1985, com a inclusão de seis candidatas civis no Curso de Formação de Sargento (CFS) da corporação militar do Estado do Acre. Todas elas passaram por treinamentos forçados e foram submetidas a um regime disciplinar rigoroso e, por conta disso, uma delas veio a desistir. Uma delas chegou à maior patente na instituição, trata-se da Coronel Francisca Margarete de Oliveira Melo, hoje na reserva remunerada. Outra, a Tenente-Coronel Maria Aniceta Cacau Nunes, até a data dessa pesquisa ainda está na ativa. Apesar de tudo, a admissão das mulheres foi marcada pelo preconceito, como afirma Braga (2005, p. 25) nas linhas abaixo:

O concurso de seleção de Sargento Feminino/85 da PMAC estipulava os seguintes requisitos: - Ter no mínimo 1.65m; Idade de 18 a 25 anos; Curso de 2º Grau Completo; Ser solteira e sem filhos; Porém, com a exigência da altura mínima, somente 7 mulheres se candidataram e isso fez com que as inscrições fossem prorrogadas e a altura mínima exigida passou a ser de 1,60 m. Com essa modificação no edital, houve a inscrição de mais 31 candidatas. As provas eram de conhecimento de comunicação e expressão, matemática e conhecimentos grais. Posteriormente, forma realizados os exames médico-odontológico, físico e psicotécnico. Foram relacionadas 38 candidatas ao exame de seleção para o curso de Formação de Sargento (CFS) Feminino/85, após o encerramento dos exames intelectuais, físicos, médicos e psicotécnicos, apenas 11 candidatas foram consideradas aptas, porém apenas 06 foram designadas a frequentarem o CFS/Feminino/85, em 07 de outubro de 1985 [...] 01. Francisca Margarete de Oliveira Melo; 02. Maria Osenir Cruz de Almeida; 03. Missilene Maria da Rocha Nery; 04. Maria Luiza Gomes da Silva; 05. Debora Alencar de Moraes; 06. Maria Aniceta Cacau Nunes.

Se tomarmos por base os requisitos da atualidade para o ingresso na PMAC, fica percebido que diante das exigência para o Concurso de Sargento, já se restringia a participação das mulheres na caserna. Uma vez que, mesmo diante das adequação das normas para a inclusão na instituição, ainda assim, ouve uma baixa procura pela formação. Fica claro também que, o rigor empregado no curso não era fácil, da forma que de 38 candidatas somente 05 concluem o curso, pois mesmo já no curso de formação uma das alunas desistiu e não concluiu o CFS.

Por exemplo, estatura era uma altura que hoje já não se exige mais, pois nos concursos atuais a altura exigida para mulheres e de 1.55m. Atualmente também a idade tornou-se mais flexível a exigência e de 18 a 30 anos para se ingressar na carreira e isso e válido para homens e mulheres. Outra questão e a vida privada, não existe atualmente a questão de ser solteira ou

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casada muito menos de ter ou não ter filhos para ingressar na carreira militar. Dos requisitos para o concurso só permanece o escolar, que é ter concluído o Nível Médio, antigo 2º Grau.

A próxima foto apresenta as cinco alunas concludentes do curso no Centro de Formação de Policiais, antigo CEFAP. Nela podemos perceber a disciplina empregada durante o curso de formação, através do alinhamento dos corpos quanto a postura de apresentação, no corte de cabelo e no zelo com a farda (blusa por dentro da calça, a “boca” da calça por dentro do coturno) e o posicionamento marcial etc.

Imagem 4 - Da esquerda para a direita, de baixo para cima, estão: Alunas Sargento Margarete, Maria Aniceta, Debora, Ozenir e Luiza (1985)

Fonte: Site da Policia Militar do Acre.

Mesmo as mulheres passando pelo curso, elas foram empregadas em atividades internas, uma espécie de extensão do serviço doméstico. A justificativa para isso estava na condição biológica feminina tida como mais frágil. Portanto, inicialmente, as condições diferenciadas de gênero ditaram a empregabilidade das mulheres em atividades não ostensivas. Ainda acreditava-se que a força física era a marca da atividade policial militar.

De acordo com a Lei Complementar Nº 15, de 10 de Dezembro de 1987, as mulheres seriam empregadas nas seguintes atividades, a saber: no trato com crianças, idosos, mulheres, e nos serviços administrativos. Leia-se: “as Unidades de Polícia serão dos seguintes tipos: X - Companhias de Polícia Feminina que têm a seu cargo as missões atinentes ao menor infrator,

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assistência social e às mulheres” (idem, Art. 27). No entanto, aos poucos, a presença feminina foi vencendo obstáculos e em 1990, foi criada a Companhia de Polícia Militar Feminina (CIA PM FEM), pelo Decreto nº 150 de 28 de março de 1990. Nela, foram lotadas todas as mulheres da corporação.

Art. 1º - Criar na Polícia Militar do Acre, a Companhia de Polícia Militar Feminina, sediada em Rio Branco, que têm a seu cargo as missões atinentes ao menor infrator, assistência social e as mulheres. Art. 2º - O Quadro de Organização e Mobilização, será fixado no Quadro de Organização da Corporação. (Decreto Estadual Nº 150/ 1990)

Uma das justificativas para a criação foi o fato de que o Quadro de Oficiais e Praças da PMAC era separado em masculino e feminino. Fato esse que explicita os preconceitos iniciais atribuídos às mulheres, que mesmo tendo ingressando na instituição nas mesmas condições que os homens, ainda não conseguia garantir os mesmos direitos. Por terem funções diferenciadas, não tinham o mesmo plano de progressão. A diferenciação dos quadros por gênero era sinônimo de subordinação feminina. As mulheres não conseguiam alcançar os mais altos escalões, como por exemplo, as patentes de Major, Tenente-Coronel e Coronel. Sua progressão funcional estava limitada à patente de Capitão. Um trecho da Lei Estadual Nº 852, de 24 de Outubro de 1986, mostra o quanto a isonomia profissional era um tanto distante da corporação.

Art. 1º - O efetivo global da Polícia Militar do Acre, é fixado em 3.500 (três mil e quinhentos) integrantes, de conformidade com proposta aprovada pelo Ministério do Exército - IGPM, distribuído pelos postos, graduação e quantidades que fica estabelecido para a Corporação na seguinte forma: IV -Quadro de Oficiais Policiais Militares Feminino - QOPMF. a) Capitão PM 01(hum); b)1º Tenente PM 01(hum); c) 2º Tenente PM 01(hum). VII - Quadro de Praças Policiais Militares Feminino QPPMF. a) Sub Tenente PM 01(hum); b) 1º Sargento PM 01(hum); c) 2º Sargento PM 03(três); d) 3º Sargento 07(sete); e) Cabo PM 11(onze); f) Soldado PM 72 (setenta e dois).

A Companhia Feminina possibilitou uma mulher ser comandante de um batalhão. Pela primeira vez as policiais femininas seriam comandadas por uma mulher. Em agosto de 1992, a então Sargento Margarete foi promovida ao posto de 2º Tenente, ou seja, a primeira mulher Oficial da PMAC. A mesma concluiu o Curso de Formação de Oficiais (CFO) na Brigada Militar do Rio Grande do Sul em 1991.

Devemos levar em consideração que, tal realização pode não ter se dado pelo fato da necessidade da instituição ou das mulheres, mas, sim pela obrigatoriedade da Lei, uma vez que, no Brasil, a Constituição de 1988, em seu art. 3º, incisos III e IV, faz alusão à igualdade como

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valor supremo de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social, e traça como objetivo a redução das desigualdades sociais e regionais e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Bem como do "caput" do art. 7º, que garante a trabalhadores urbanos e rurais os mesmos direitos, e de seus incisos XXX ("proibição de diferenças de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil"), e de seus incisos I ("homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição") ("proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência"), XXXII ("proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos").

Dessa forma, o que percebemos é que a contratação assim como o emprego de mulheres na PMAC, dentro de seus mais diversos setores e funções, talvez não tenha ocorrido somente pela necessidade da instituição ou por vontade das mulheres, as questões podem ter ocorrido por exigência constitucionais, ou seja, pela obrigatoriedade da Lei.

Na imagem a seguir percebemos as mudanças que ocorreram dentro da instituição com a trajetória de cinco mulheres que rompem preconceitos e adentraram em um espaço historicamente machista. Dessa forma, admitindo novas possibilidades em torno da figura feminina na PMAC. O que parecia tão improvável, agora já estava se consolidando é isso é demonstrado na criação de um espaço próprio para as policiais. Ser inserida numa instituição historicamente machista já era algo desafiador, ter um espaço próprio dentro dessa mesma instituição seria algo ainda mais inovador, ter a frente do comando outras mulheres era resultado desse processo de conquistas.

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Imagem 5 - Pelotão feminino – anos 1990.

Fonte: Site da PMAC.

Essa conquista marcou mais um processo nas atividades profissionais das militares, bem como mudanças dentro da própria instituição. Na companhia feminina, as mulheres aderiram a novas atribuições, transpondo assim as antigas barreiras funcionais. Como é o caso da atuação feminina na rádio - patrulha. Contudo, essas mudanças eram somente parte do processo de transformações em volta da figura feminina dentro da caserna.

O quartel da companhia feminina, espaço de trabalho designado a essas combatentes, só ganhou corpo em 08 de maio de 1996, foi inaugurado no dia internacional da mulher. A construção só foi possível por causa da participação das policiais que se dedicaram para realizar bingos, rifas e donativos em prol da construção. Atualmente o prédio da extinta Companhia Feminina virou uma espécie de “arquivo morto” da instituição.

Apesar de trazer grandes conquistas, a Companhia Feminina teve uma curta duração. A discussão sobre a igualdade de gênero forçou o término da separação entre policiais femininos e masculinos. Nesse contexto, a divisão de gênero nos Quadros da PMAC se tornou algo arcaico. As policiais pretendiam equiparar-se aos seus pares em cargos e funções, sem haver distinções de tarefas. Para isso, seria necessária a unificação dos Quadros na instituição. Isso permitiria as policiais disputarem patentes em iguais condições, sem que houvesse a diferenciação de gênero.

A proposta teve muitas resistências. No entanto, em 29 de junho de 1998, a Lei Estadual Nº 1.267 da unificação dos quadros da PMAC fora aprovada. Ficava, portanto, extinta a Companhia Feminina. As policiais foram distribuídas nos mais diversos setores da PMAC.

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Art. 1º - Os componentes dos Quadros de Oficiais Militares Masculino

(QOPM) e Quadro de Oficiais Militares Feminino (QOPMF), da Polícia Militar do Acre, passam a integrar um único Quadro de Oficiais Policiais Militares (QOPM).

Parágrafo Único – O efetivo previsto fixado para o Quadro de Oficiais Policiais

Militares – QOPM (único) será aquele resultante da soma dos efetivos previsto, por Posto, dos Quadros de Oficiais Policiais Militares Masculinos (QOPM) e Quadro de Oficiais Policiais Militares Femininos (QOPMF), fixado separadamente. Art. 2º - Os Praças Policiais Militares, Masculino e Feminino Combatentes, passam a integrar um único Quadro de Praças Policiais Militares (QPPM). Parágrafo Único – O efetivo previsto para o Quadro de Praças Policiais Militares (QPPM), será aquele resultante da soma dos previstos, por Graduações, dos Quadros de Praças Policiais Militares Combatentes (QPPMC) e dos Quadros de Praças Policiais Militares Femininos (QPPMF) fixados separadamente. Art. 3º - Na unificação dos Quadros, a definição de Antiguidade, para os Postos de graduações do Quadro de Oficiais da Polícia Militar (QOPM) e Quadro de Praças Policiais Militares (QPPM), será efetuado através da data da última Promoção ou através do grau escolar, obtido no Curso de Formação, quando as datas de Promoções forem idênticas. (Lei Estadual Nº 1.267/ 1998).

O processo de ingresso das mulheres na PMAC, é marcado por várias peculiaridades, a exemplo, a busca por melhor aprimoramento e efetivação dentro da corporação. A inserção por si só não foi fator de estagnação para as policiais femininas, ao contrário essa inserção traz consigo novas perspectivas. A busca pela igualdade tanto nos quadros como nos serviços é fator primordial para alcançar seus objetivos, que é a completa inclusão dentro da instituição PMAC, sem as diferenciações de gênero.

Em 2000, aconteceu o primeiro curso de formação policial unificado, ou seja, composto por homens e mulheres. No ano de 2002, novamente houve um novo curso em que a igualdade no tratamento também foi respeitada. A turma de 2009 foi um novo marco para as policiais femininas, pois foi a de maior número de mulheres formadas até então, um total de 69 (sessenta e nove).

Nas imagens que se seguem constatamos o fato, onde aparecem homens e mulheres no ato solene em comemoração ao termino do Curso de Formação de Soldado do ano de 2009/2010.

Na primeira imagem, estão os soldados formados em 2010 apresentando continência ao som da corneta. Na imagem seguinte, o soldado Sandra recebendo medalha de destaque por ter alcançado a segunda melhor nota do curso.

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Imagem 6 - Formatura da turma de alunos-soldados (2009/2010).

Fonte: disponível em <http://www.tjac.jus.br/noticias/noticia.jsp?texto=10777 > acessado em nov/2015

Imagem 7 - Soldado Sandra recebendo medalha de destaque.

Fonte: Disponível em <http://www.tjac.jus.br/noticias/noticia.jsp?texto=10777 >.

Como foi exposto, as mulheres que ingressaram na PMAC percorreram um longo caminho contra preconceitos e resistência. Atualmente podemos dizer que a policial feminina desempenha as mais diversas atividades dentro da instituição, e está nas mais diversas patentes da corporação.

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CAPÍTULO 2 - O PERFIL PROFISSIONAL DA POLICIAL FEMININA DA PMAC

Neste capítulo tentaremos traçar o perfil profissional da policial feminina da PMAC a partir dos dados oficiais obtidos pela Diretoria de Pessoal da própria instituição. Privilegiamos dados como quantitativos referente as policias, presentado a totalidade do efetivo, distribuição, patentes, etc. Também foi aplicado um questionário objetivo com a participação de quinze (15) policiais femininas para saber a opinião das mesmas sobre a profissão, dentre outros.

2.1 Apresentação e Análise dos dados oficiais

Até março de 20143, o efetivo total de Policial Militar era de 2.626 militares. Desse total, 218 são Policiais Femininas, o que representa um percentual de apenas 8% do efetivo total. Serão apresentadas no decorrer do capítulo várias planilhas com os resultados de nossa pesquisa, algumas delas são: a distribuição das policiais por Patente (Oficial e Praça), a distribuição por Organização Policial Militar é a distribuição por localização/município.

Tabela 1 - Relatório sumário de mulheres por Posto e Graduação

POSTO QUANTIDADE Coronel 00 Tenente-Coronel 02 Capitão 10 1° Tenente 02 2° Tenente 02 GRADUAÇÃO QUANTIDADE Sub-Tenente 06 1° Sargento 34 2° Sargento 14 3° Sargento 57

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Soldado 89

Aluno Soldado 02

Total Geral 218

Fonte: Dados colhidos no Departamento de Pessoal da Instituição PMAC em 11/03/2014.

As patentes militares estão divididas em dois grupos: a) Graduação, no caso dos praças (Subtenente, Sargento, Cabo e Soldado); b) Posto, no caso dos oficiais (Coronel, Tenente-Coronel, Major, Capitão, Tenente ou Aspirante). Através dos dados fica claro que o maior contingente profissional encontra-se na graduação de Soldado e que, atualmente, não temos nenhuma mulher na função de Coronel, uma vez que, a única que alcançou essa patente, hoje encontra-se a reserva remunerada4.

Apesar da igualdade nos treinamentos dos cursos de formação, os editais dos concursos limitavam a quantidade de vagas para as mulheres. A cota de participação feminina não podia exceder a 10% do total de vagas. Isso aconteceu nos concursos de 2000, 2002, 2009, 2011 e 2014. No entanto, em 2004 houve o primeiro concurso para Oficial da PMAC em que não houve limitações de vagas para mulheres. Mesmo assim, a maior parte das vagas foi ocupada por homens.

4Quando falamos na transferência do militar para Reserva Remunerada ou para Reforma tratamos do seu

afastamento do serviço ativo. Mesmo assim, o policial ou bombeiro militar que solicitou o desligamento continuará no exercício de suas funções até que o processo seja concluído. Para ter direito à transferência para a Reserva Remunerada, o militar deve possuir, no mínimo, trinta anos de contribuição previdenciária. Além deste requisito o militar deve atingir a idade de acordo com o posto de ocupa. (Disponível em: < http://www.sergipeprevidencia.se.gov.br/modules/news/article.php?storyid=157> Acessado em: 29 de Março de 2015. Ás 18h45min)

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Gráfico 1 - Relatório de mulheres por Posto e Graduação.

Fonte: Dados colhidos no Departamento de Pessoal da Instituição PMAC em 11/03/2014.

Gráfico 2 - Totalidade do efetivo de Policiais Femininas dividido por Oficias e Praças.

Fonte: Dados colhidos no Departamento de Pessoal da Instituição PMAC em 11/03/2014.

Um outro dado relevante é a distribuição do efetivo das policiais femininas entre os municípios do Estado do Acre. Na planilha a seguir demonstra que a maior concentração desse

0 2 10 2 2 6 34 14 57 89 2 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Posto/Graduação

Posto/Graduação 7.30% 92.67% 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00% 90.00% 100.00% OFICIALPRAÇA

Total do Efetivo

Total do Efetivo

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efetivo está na capital do Estado, o município de Rio Branco. Juntos, os demais municípios não chegam a 20% do efetivo total. Os dados não especificam as patentes das policiais.

A maior concentração do efetivo feminino na cidade de Rio Branco pode ser explicada pelas cotas nos concursos, uma vez que foi verificado em editais anteriores que há casos em que não foram oferecidas vagas para mulheres em determinados municípios.

A Policia Militar está dividida em três Comando de Policiamento Operacional (CPO). Cada um deles é responsável pelo policiamento de determinados municípios. Um exemplo disso é o CPO I, composto pelos municípios de Rio Branco, Porto Acre, Bujarí, Sena Madureira e Acrelândia. Ele é o que detém o maior efetivo, tanto masculino como feminino. Ou seja, a participação feminina e sempre gerenciada pela instituição por meio de cotas da quantidade do efetivo e também da distribuição do mesmo.

Tabela 2 - Relatório sumário das policiais por Localização/Município

LOCALIDADE QUANTIDADE Acrelândia 01 Assis Brasil 01 Brasiléia 07 Bujarí 02 Capixaba 01 Cruzeiro do Sul 09 Feijó 02 Plácido de Castro PlPp 01 Porto Acre 01 Rio Branco 182

Santa Rosa do Purus 01

Sena Madureira 04

Senador Guiomard 05

Tarauacá 01

Total 218

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Gráfico 3 - Distribuição por município do efetivo Policial Feminino

Fonte: Dados colhidos no Departamento de Pessoal da Instituição PMAC em 11/03/2014

A planilha a seguir demonstra a distribuição do efetivo da policial feminina entre as OPM – Organização Policial Militar. OPM é a forma como se organiza a instituição militar, formada atualmente por Batalhões, Companhias é Seções Administrativas. É notório que a maior participação das mulheres está nos serviços secundários ou burocráticos da profissão, como no caso da seção de Divisão de Recursos Humanos Militar. Fica percebido também que o número de mulheres atuantes nos Batalhões responsáveis pelo serviços ostensivos operacionais, é quase irrisória.

Tabela 3 - Relatório sumário de mulheres por OPM - Organização Policial Militar

OPM QUANTIDADE

Gabinete Militar 08

DPT° de Saúde 12

Comando de Policiamento Ostensivo – CPO I

06

10° Batalhão / CPO III 07

2ª CIA PM Destacada/10 Batalhão 01

9° Batalhão/ CPO III 05

2ª CIA PM Destacada/9º BPM/CPO III 01

3ª CIA PM Destacada/ 9º BPM/CPO III 01

1º Pelotão PM/1ª CIA PM Destacada 01

83.48% 16.52% 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00% 90.00% RIO BRANCO DEMAIS MUNICIPIO Total do Efetivo

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37

1º Batalhão de Policia Militar/CPO I 13

2º Batalhão de Policia Militar/CPO I 06

3º Batalhão de Policia Militar/CPO I 02

4º Batalhão de Policia Militar/CPO I 09

5º Batalhão de Policia Militar/CPO I 09

6º Batalhão de Policia Militar/CPO II 09

1º Pelotão PM Destacado/ 4º BP 02

1º Pelotão PM Destacado/5º BP 01

Batalhão de Operações Especiais - BOPE 03

CIA de Trânsito – CIATRAN 07

CIA Independente de Polícia de Guarda - CIPG 23 7º Batalhão / CPO II 01 1º CIA PM Destacada/ 7º BP 02 8º Batalhão/CPO I 04 2º Pelotão Destacado/8º BP 01

Corregedoria PM/Comando Geral 02

Assessoria de Inteligência 02

CCSV/CG/Ajudancia Geral 20

Banda de Musica 01

Divisão de Recursos Humano Militar 30

Divisão de Ensino e Instrução 03

CIOSP 06

Assistência Militar – Tribunal de Justiça 09

Assistência Militar – Prefeitura 01

SIGO-Secretaria de Segurança Pública 01

BOPE/PM/Grupo Águia/CPO I 01

BOPE/PM/CIA Policial de Cães 01

Seção de Coordenação do Proerd Seção

04

CIA Independente de Policiamento Ambiental

03

TOTAL 218

Fonte: Dados colhidos no Departamento de Pessoal da Instituição PMAC em 11/03/2014

Vele ressaltar que a PMAC não coíbe a transferência ou permuta de policiais em âmbito interno. Em alguns casos, como o do Batalhão de Operações Especiais, essa mobilidade

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depende de cursos na área operacional. Portanto, tendo a autorização do comando, qualquer policial pode obter a transferência interna, dessa forma pensamos que talvez isso explica o fato da concentração de mulheres em atividades “meios”, pois em determinadas situações as próprias policiais solicitam afastamento de atividades ostensivas.

Outro fator explicativo é o fato da policial feminina em muitos casos ter que conciliar seu trabalho com os afazeres domésticos, preferindo uma escala do tipo “meio expediente” (06 horas de serviços diários). O que não quer dizer, que os homens também não estejam presente neste tipo de serviço pelo mesmo fim. Existem situações em que tanto homens como mulheres necessitam de uma adequação quanto ao tipo de serviço a ser desempenhado, seja por motivos domésticos, ou até mesmo de saúde. Há também casos em que, devesse levar em conta a própria necessidade da instituição.

Por exemplo, mesmo passando pelo curso de formação existem mulheres que preferem não atuar na atividade-fim da profissão é se encaixam e até usam perfeitamente uma imagem de ser mais paciente, atenta, dedicada, zelosa etc., qualidades já estereotipada socialmente sobre as mulheres. Dessa forma, elas acabam por desenvolver melhor as atividades-meio do que as atividades-fim. Ou seja, em determinada situação, não seria vantajoso para um comandante de um Batalhão empregar essas mulheres em determinadas atividades pois, já sabendo de sua preferência ou qualidades seria desastroso o atendimento a certos tipos de ocorrências, como as de grande periculosidade. Essa mesma mulher terá um melhor aproveitamentos em áreas especificas de seus interesses.

Para tanto, temos que ter em mente também que essa prerrogativa não é dada somente a mulheres, pois existem casos em que homens também preferem atuar em atividade-meio, seja por necessidade de adequações familiares ou simplesmente por também gostarem ou se identificarem com a atividade-fim da profissão.

Dessa forma, acreditamos que a distribuição do efetivo de policiais femininas dentro das OPM dependem de vários fatores, podendo ser de ordem pessoal ou institucional. Abaixo, um último gráfico.

Referências

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