Álgebra Linear
Cleide Martins
DMat - UFPE - 2019.2
Objetivos
Denir e estudar Formas Quadráticas e sua aplicação à classicação de Cônicas e Quádricas
Forma Quadrática
Seja V um espaço vetorial e B uma forma bilinear simétrica em V
(Forma Quadrática)
Uma Forma Quadrática Q é uma função de V em R denida a partir de uma forma bilinear simétrica em V , B, por
Q : V → R Q(v) = B(v, v)
Dada uma base α de V , se M = [B]α
α e [v]α= x1 x2 ... xn então Q(v) = [v]t αM [v]α.
Exemplos de Formas Quadráticas
1 V = R2, α a base canônica M = 1 −2 −2 4 Q(x, y) = x y 1 −2 −2 4 x y Q(x, y) = x − 2y −2x + 4y x yQ(x, y) = x2− 2xy − 2xy + 4y2 =x2− 4xy + 4y2
2 Mais geralmente, se M =
a b b c
então a forma quadrática associada é Q(x, y) = ax2+ 2bxy + cy2
Formas Quadráticas em R
2Como toda forma bilinear simétrica está associada a uma matriz simétrica, segue que toda forma quadrática em R2 é da forma
Q(x, y) = Ax2+Bxy + Cy2
e está associada à matriz
M = A B 2 B 2 C
Formas Quadráticas em R
3De forma análoga, uma forma bilinear simétrica em R3 está associada a uma matriz simétrica
M = a b c b d e c e f
Considerando a base canônica de R3
Q(x, y, z) = x y z a b c b d e c e f x y z Q(x, y, z) = ax + by + cz bx + dy + ez cx + ey + f z x y z
Q(x, y, z) = ax2+bxy + cxz + bxy + by2+eyz + cxz + eyz + f z2
Formas Quadráticas em R
3Também de forma análoga, podemos concluir que toda forma quadrática em R3 é da forma
Q(x, y, z) = Ax2+By2+Cz2+Dxy + Exz + F yz com matriz na base canônica
M = A D 2 E 2 B 2 B F 2 E 2 F 2 C Se Q(x, y, z) = Ax2+By2+Cz2 então a matriz M é diagonal.
Diagonalização de Formas Quadráticas
Diagonalizar uma forma quadrática (ou a forma bilinear associada) signica encontrar uma base em relação à qual sua matriz é diagonal.
Diagonalizar uma forma quadrática (ou a forma bilinear associada) signica diagonalizar sua matriz (na base canônica).
A matriz de uma forma quadrática é simétrica, portanto é diagonalizável. Existe uma base ortonormal de autovetores para toda forma quadrática.
Diagonalização de Formas Quadráticas
Diagonalizar uma forma quadrática (ou a forma bilinear associada) signica encontrar uma base em relação à qual sua matriz é diagonal.
Diagonalizar uma forma quadrática (ou a forma bilinear associada) signica diagonalizar sua matriz (na base canônica).
A matriz de uma forma quadrática é simétrica, portanto é diagonalizável. Existe uma base ortonormal de autovetores para toda forma quadrática.
Diagonalização de Formas Quadráticas
Diagonalizar uma forma quadrática (ou a forma bilinear associada) signica encontrar uma base em relação à qual sua matriz é diagonal.
Diagonalizar uma forma quadrática (ou a forma bilinear associada) signica diagonalizar sua matriz (na base canônica).
A matriz de uma forma quadrática é simétrica, portanto é diagonalizável.
Diagonalização de Formas Quadráticas
Diagonalizar uma forma quadrática (ou a forma bilinear associada) signica encontrar uma base em relação à qual sua matriz é diagonal.
Diagonalizar uma forma quadrática (ou a forma bilinear associada) signica diagonalizar sua matriz (na base canônica).
A matriz de uma forma quadrática é simétrica, portanto é diagonalizável. Existe uma base ortonormal de autovetores para toda forma quadrática.
Exemplo
Vamos diagonalizar a forma quadrática o início da aula. Q(x, y) = x2− 4xy + 4y2 com matriz
na base canônica M = [B]= 1 −2 −2 4 1 −λ −2 −2 4 −λ = (1 −λ)(4 − λ) − 4 = λ2− 5λ = 0 ⇐⇒ λ = 0ou λ = 5 λ = 0 ⇒ 1 −2 −2 4 x y = 0 0 ⇐⇒ x − 2y = 0 ⇒ v1= (2, 1) λ = 5 ⇒ −4 −2 −2 −1 x y = 0 0 ⇐⇒ 2x + y = 0 ⇒ v2 = (1, −2) β =n√2 5, 1 √ 5 ,√1 5, − 2 √
5o é uma base ortonormal de autovetores de M e
[B]= [I]β[B]ββ[I]β
Q(v) = [v]t[I]β[B]ββ[I]β[v]= ([I]β[v])t[B]ββ[v]β = [v]tβ[B] β β[v]β
Exemplo - continuação
Se [v]β = x1 y1 temos [B]β β = 0 0 0 5 e Q(v) = x1 y1 0 0 0 5 x1 y1 Q(v) = 5y12Outro exemplo
Vamos diagonalizar uma forma quadrática em R3. Q(x, y, z) = x2+y2+z2+xy + xz + yz
com matriz na base canônica
M = [B]= 1 1/2 1/2 1/2 1 1/2 1/2 1/2 1 1 −λ 1/2 1/2 1/2 1 −λ 1/2 1/2 1/2 1 −λ = (1−λ)3+1 8+ 1 8− 1 4(1−λ)− 1 4(1−λ)− 1 4(1−λ) = (1−λ) 3+3 4− 1 2λ λ3− 3λ2+9 4λ − 1 2 = λ −1 2 λ2−5 2λ + 1 = λ − 1 2 λ − 1 2 (λ − 2) = 0 ⇐⇒ λ = 1 2 (duplo) ou λ = 2
Outro exemplo: autovetores
λ = 1 2 ⇒ 1/2 1/2 1/2 1/2 1/2 1/2 1/2 1/2 1/2 x y z = 0 0 0 ⇐⇒ x+y+z = 0 ⇒ v1= (1, 0, −1) v2= (1, −2, 1) v1 ⊥ v2 λ = 2 ⇒ −1 1/2 1/2 1/2 −1 1/2 1/2 1/2 −1 x y z = 0 0 0 ⇐⇒ −2x + y + z = 0 x − 2y + z = 0 ⇐⇒ y = z x = z ⇒ v3= (1, 1, 1) β =n√1 2, 0, − 1 √ 2 ,√1 6, − 2 √ 6, 1 √ 6 ,√1 3, 1 √ 3, 1 √3o é uma base ortonormal de autovetores
de M e
[B]= [I]β[B]ββ[I]β
Outro exemplo - forma diagonalizada
Se [v]β = x1 y1 z1 temos [B] β β = 1/2 0 0 0 1/2 0 0 0 2 e Q(v) = x1 y1 z1 1/2 0 0 0 1/2 0 0 0 2 x1 y1 z1 Q(v) = 1 2x 2 1+ 1 2y 2 1 + 2z12Cônicas
Uma cônica é o lugar geométrico dos pontos no plano R2 que satisfazem uma equação do tipo
Ax2+Bxy + Cy2+Dx + Ey + F = 0
ou
Q(v) + L(v) + F = 0
onde Q é uma forma quadrática, L é uma forma linear e F é uma constante
(São cônicas)
Elipse Hipérbole Parábola
Ponto
Par de retas concorrentes Par de retas paralelas Conjunto vazio
Quádricas
Uma quádrica é o lugar geométrico dos pontos no espaço R3 que satisfazem uma equação do
tipo
Ax2+Bxy + Cxz + Dy2+Eyz + F z2+Gx + Hy + Jz + K = 0
ou
Q(v) + L(v) + K = 0
onde Q é uma forma quadrática, L é uma forma linear e K é uma constante
(São quádricas) Elipsóide Hipérbolóides de uma e duas folhas Parábolóide Parabolóide Hiperbólico Cone
Cilindros Elípticos, Parabólicos e Hiperbólicos
Ponto
Par de planos concorrentes
Par de planos paralelos Plano
Reta
Identicação de Cônicas e Quádricas por
Diagonalização da Forma Quadrática
(Exemplo)
Vamos identicar a cônica de equação
x2− 4xy + 4y2+ 6x − 2y + 4 = 0 Primeiramente identicamos a forma quadrática
Q(v) = x2− 4xy + 4y2 e a forma linear L(v) = 6x − 2y Em forma matricial x y 1 −2 x + 6 −2 x + 4 = 0
Já diagonalizamos a forma quadrática obtendo os autovalores λ = 0 e λ = 5 associados respectivamente aos vetores ortonormais√2
5, 1 √ 5 e 1 √ 5, − 2 √
5. Sendo a base canônica e β
a base de autovetores, temos [I]β = √1 5 2 1 1 −2 e [I]β = ([I]β)t= √1 5 2 1 1 −2 Se [v]β = x1 y1 = [I] β[v] então [v]= x y
= [I]β[v]β e, na base β obtemos
x1 y1 0 0 0 5 x1 y1 + 6 −2 1 √ 5 2 1 1 −2 x1 y1 + 4 = 0 5y12+ √1 5(10x1+ 10y1) + 4 = 0 5 y21+√2 5y1+ 1 5 +√10 5x1+ 3 = 0 y1+ 1 √ 5 2 +√2 5 x1+ 3 2√5 = 0
Interpretação Geométrica: esboço da parábola
x
2− 4xy + 4y
2+ 6x − 2y + 4 = 0 →
y
1+
√15 2+
√2 5x
1+
2√35= 0
Primeiro vamos posicionar no plano os sistemas de coordenadas xOy e x1Oy1
Observe que x1Oy1 é uma reexão em
torno de Ox seguida de uma rotação anti-horária de θ = arctg1
2
Identicamos o vértice e o eixo de simetria da parábola e
posicionamos a parábola.
x y
Interpretação Geométrica: esboço da parábola
x
2− 4xy + 4y
2+ 6x − 2y + 4 = 0 →
y
1+
√15 2+
√2 5x
1+
2√35= 0
Primeiro vamos posicionar no plano os sistemas de coordenadas xOy e x1Oy1
Observe que x1Oy1 é uma reexão em
torno de Ox seguida de uma rotação anti-horária de θ = arctg1
2
Identicamos o vértice e o eixo de simetria da parábola e posicionamos a parábola. x y x1 y1
Interpretação Geométrica: esboço da parábola
x
2− 4xy + 4y
2+ 6x − 2y + 4 = 0 →
y
1+
√15 2+
√2 5x
1+
2√35= 0
Primeiro vamos posicionar no plano os sistemas de coordenadas xOy e x1Oy1
Observe que x1Oy1 é uma reexão em
torno de Ox seguida de uma rotação anti-horária de θ = arctg1
2
Identicamos o vértice e o eixo de simetria da parábola e posicionamos a parábola. x y x1 b
Interpretação Geométrica: esboço da parábola
x
2− 4xy + 4y
2+ 6x − 2y + 4 = 0 →
y
1+
√15 2+
√2 5x
1+
2√35= 0
Primeiro vamos posicionar no plano os sistemas de coordenadas xOy e x1Oy1
Observe que x1Oy1 é uma reexão em
torno de Ox seguida de uma rotação anti-horária de θ = arctg1
2
Identicamos o vértice e o eixo de simetria da parábola e posicionamos a parábola. x y x1 y1 b
Observações sobre diagonalização de cônicas
Nesse exemplo
A transformação de coordenadas é dada pela matriz de mudança de base [I]β = " 2 √ 5 1 √ 5 1 √ 5 − 2 √ 5 # = cosθ senθ senθ − cos θ
Como vimos na Aula 19 essa transformação é uma reexão em torno do eixo Ox seguida de uma rotação (anti-horária) de um ângulo θ tal que cos θ = √2
5
As escolhas dos sentidos dos autovetores e da ordem dos autovalores é que determinam se a transformação é uma rotação ou uma composição de rotação com reexão em torno do eixo Ox
Em geral, se a matriz de mudança de base da canônica para a de autovetores β tem determinante 1, tem-se uma rotação e, se tem determinante −1 tem-se a composição de reexão com rotação.
Uma quádrica
Identique e esboce a quádrica
−5y2+ 2xy − 8xz + 2yz = 0 Temos Q(v) = x y z 0 1 −4 1 −5 1 −4 1 0 x y z = 0 −λ 1 −4 1 −5 − λ 1 −4 1 −λ = −λ2(5 +λ) − 4 − 4 + 16(5 + λ) + λ + λ = −λ3− 5λ2+ 18λ + 72 λ3+ 5λ2− 18λ − 72 = (λ − 4)(λ2+ 9λ + 18) = (λ − 4)(λ + 3)(λ + 6) = 0 Os autovalores são λ = 4, λ = −3 e λ = −6
Uma quádrica: autovetores
λ = 4 ⇒ −4 1 −4 1 −9 1 −4 1 −4 x y z = 0 0 0 ⇒ y = 0 z = −x ⇒ v1 = (−1, 0, 1) λ = −6 ⇒ 6 1 −4 1 1 1 −4 1 6 x y z = 0 0 0 ⇒ z = x y = −2x ⇒ v2= (1, −2, 1) λ = −3 ⇒ 3 1 −4 1 −2 1 −4 1 3 x y z = 0 0 0 ⇒ y = x z = x ⇒ v3 = (1, 1, 1) Temos a base ortonormal de autovetoresβ =n−√1 2, 0, 1 √ 2 ,√1 6, − 2 √ 6, 1 √ 6 1 √ 3, 1 √ 3, 1 √ 3
,o que gera o novo sistema de coordenadas x1y1z1
Uma quádrica: as matrizes de mudanças de bases
[I]β = −√1 2 1 √ 6 1 √ 3 0 −√2 6 1 √ 3 1 √ 2 1 √ 6 1 √ 3 [I] β = −√1 2 0 1 √ 2 1 √ 6 − 2 √ 6 1 √ 6 1 √ 3 1 √ 3 1 √ 3 Observe que, para que [I]β
represente uma rotação R` no espaço é preciso que, para uma base
ortonormal γ tenha-se [R`]γγ= 1 0 0 0 cosθ senθ 0 −sen θ cos θ
Observe que essa matriz tem determinante 1 e
[I]β = [R`] = [I]γ[R`]γγ[I]γ
Como os determinantes de [I] γ e [I]
γ
são iguais, segue que o determinante de [I]β deve ser 1.
Temos det [I]β
= 1, portanto temos uma rotação. Agora pense um pouco: como determinar o
Uma quádrica: equação no novo sistema
Com as coordenadas no sistema rotacionado x1y1z1 obtemos
Q(v) = x1 y1 z1 4 0 0 0 −6 0 0 0 −3 x1 y1 z1 = 0
Temos então o cone