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MODELAGEM MATEMÁTICA COMO POSSIBILIDADE DE MOTIVAÇÃO DO ALUNO

Rita de Cássia de Souza Soares ritamatematica@terra.com.br Universidade Estadual de Londrina - UEL

Resumo

O presente relato consiste em analisar alguns trabalhos realizados em Feiras de Matemática de uma escola no sentido de caracterizá-los como trabalhos de Modelagem, bem como sinalizar com a possibilidade de motivação do aluno por meio da Modelagem Matemática. Apresentamos a idéia de Motivação para Aprendizagem a partir da teoria da autodeterminação (Guimarães, 2001) e a Modelagem Matemática a partir de idéias de Barbosa (2001) e Cifuentes e Negrelli (2007). Discutimos alguns trabalhos apresentados em Feiras de Matemática de uma escola pública nos anos de 2002 a 2007, fazendo uso da abordagem de Soares (2005) para Feiras de Matemática e Motivação.

Palavras-chave: Modelagem Matemática, Educação Matemática, Feiras de Matemática.

Introdução

Uma palavra utilizada comumente é motivação. Em palestras, artigos, livros e outros veículos de comunicação, ao se falar de algum tema, é corriqueiro ouvir que causa a motivação no aluno. Soares (2005) realiza um estudo sobre as Feiras de Matemática, verificando algumas possibilidades desta servir como agente estimulador da motivação para o aluno aprender Matemática.

Ao refletirmos sobre os trabalhos apresentados nas Feiras de Matemática, percebemos o quão próximos de práticas de Modelagem Matemática muitos deles se encontravam. Sendo assim, tomamos a motivação para a aprendizagem por autodeterminação, descrita por Guimarães (2001) e a noção de Modelagem Matemática descrita Cifuentes e Negrelli (2007) para conversarmos a respeito de possibilidades de motivação por autodeterminação em atividades de Modelagem Matemática.

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Motivação

Encontramos a palavra motivação ligada à Modelagem matemática em diversos escritos:

“Como razão para inclusão da Modelagem na sala de aula: - Motivação: os alunos sentir-se-iam mais estimulados para o estudo de matemática, já que vislumbrariam a aplicabilidade do que estudam na escola” (SANTOS e BISOGNIN, 2007, p.102 – grifo nosso)

Como necessidade de reflexão dos professores, para buscar diferentes práticas: os professores de matemática necessitam, também, refletir sobre ausência de situações de interesse, curiosidade, criatividade, motivação e buscar possibilidades de criar, em sala de aula, um ambiente que venha propiciar momentos de construção de conhecimento, de descoberta, de troca de idéias, de produção de significados e de crítica, visando, para isso, tratar de questões do dia-a-dia, partindo, também, da realidade do aluno (SANTOS e BISOGNIN, 2007, p.102 – grifo nosso).

No tema do trabalho, para contribuir para a aprendizagem de Matemática:

A utilização da Modelagem nas aulas pode contribuir significativamente para a aprendizagem de Matemática. Além da motivação que o assunto abordado pode gerar, o aluno pode ver as diferentes facetas da Matemática de forma contextualizada, percebendo sua importância. (FRANCHI, 2007, p.181– grifo nosso).

Como conseqüência da Modelagem Matemática:

A Modelagem Matemática constitui-se como uma situação didática capaz de propiciar um ensino com maior motivação, facilitação da aprendizagem, preparação para utilizar a matemática em diferentes áreas, desenvolvimento de habilidades gerais de exploração e compreensão do papel sociocultural da matemática. (BARBOSA, apud SILVA, 2007 – grifo nosso)

Diante dos diversos sentidos dados à motivação, buscaremos ter uma visão mais precisa do termo para a aprendizagem, para podermos conversar a respeito de Motivação e Modelagem Matemática.

A motivação tem seu conceito arraigado nas causas que levam uma pessoa a escolher ou atuar em determinado caminho. Bzuneck (2001) nos traz a origem etimológica da palavra, dizendo que “vem do verbo latino movere, cujo tempo supino motum e o substantivo motivum, do latim tardio, deram origem ao nosso termo semanticamente apropriado, que é motivo” (2001, p.9). Afirmando ainda ser “a motivação, ou o motivo, é aquilo que move uma pessoa ou que a põe em ação ou a faz mudar de curso” (2001, p.9).

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A motivação para a aprendizagem difere de outros tipos de motivação, pois tratamos com objetivos e capacidades diferentes das demais. Segundo Salvador e Colaboradores, citados por Bzuneck (2001),

Quando se considera o contexto específico de sala de aula, as atividades do aluno, para cuja execução e persistência deve estar motivado, têm características peculiares que as diferenciam de outras atividades humanas igualmente dependentes de motivação, como esporte, lazer, brinquedo, ou trabalho profissional. Em primeiro lugar, o aluno deve executar tarefas que são maximamente de natureza cognitiva, que incluem atenção e concentração, processamento, elaboração e integração da informação, raciocínio e resolução de problemas. Segundo o enfoque construtivista, o aluno é protagonista de sua aprendizagem, cabendo-lhe realizar determinados processos cognitivos, que ninguém pode fazer por ele. (2001, p.10).

A motivação, segundo Deci e Ryan (2000, p.68), está no “âmago da regulação biológica, cognitiva e social”, e é valorizada pelo seu papel de impelir os indivíduos à ação, “a motivação faz as coisas acontecerem” (2000, p.68). Os autores afirmam que “as pessoas são movidas a agir por diferentes fatores” (2000, p.68), sendo assim, pessoas podem ser motivadas porque “valorizam a atividade ou porque há uma forte coação externa”.

Além da necessidade de competência, o ser humano necessita se autodeterminar, ou seja, sentir que é dono de suas vontades (perceber que é a origem da ação). Segundo Guimarães (2001), “Os seres humanos são movidos por algumas necessidades psicológicas básicas que são definidas como os nutrientes necessários para um relacionamento efetivo e saudável do ser humano com o seu ambiente” (p. 40).

Motivação Intrínseca

Segundo Guimarães (2001, p.38), “a motivação intrínseca é aquela que se refere à escolha de uma determinada atividade por sua própria causa, por essa ser interessante, atraente ou, de alguma forma, geradora de alguma satisfação”, sendo ausente nesse tipo de motivação qualquer premiação externa ou interna, de forma que a participação na tarefa é a principal recompensa. Para Ryan e Deci, “define-se motivação intrínseca como a execução de uma atividade por sua satisfação inerente em vez de ser por alguma conseqüência externa” (2000, p.68). O desafio ou o divertimento, ao invés de fatores externos caracteriza esse tipo de motivação. Para Guimarães, “A motivação intrínseca é compreendida como sendo uma propensão inata e natural dos seres humanos para envolver o interesse

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individual e exercitar suas capacidades, buscando e alcançando desafios ótimos” (2001, p.38-39).

É importante ressaltar que as pessoas motivadas intrinsecamente não são movidas apenas para si, mas em relação a atividades e indivíduos, sendo motivadas a realizar uma ou outra tarefa, e nem todas se motivam intrinsecamente a realizar determinada atividade. (Deci e Ryan, 2000), sendo assim, dizemos que há uma conexão entre pessoas e atividades, em relação à motivação intrínseca.

Motivação Extrínseca

Uma das definições para motivação extrínseca, segundo Guimarães (2001) é “motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou atividade, como para obtenção de recompensas materiais ou sociais, reconhecimento, objetivando atender aos comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências e habilidades” (p.46). Alonso Tapia e Fita (2001) trazem a idéia de que o professor pode motivar seus alunos através de atividades e ações em sala de aula. A motivação extrínseca, portanto, é aquela pela qual passamos ao visar um objetivo exterior à tarefa que realizamos.

A motivação extrínseca poderá variar de acordo com o modo pelo qual a pessoa regula seu comportamento. Para Deci e Ryan (2000, p.68), existem indivíduos que são extrinsecamente motivados (de acordo com a percepção da autodeterminação):

a) comportamentos regulados externamente – minimamente autônomos – controlados ou alienados. Este é o foco do condicionamento operante de Skinner.

b) com regulação introjetada - a introjeção assume o papel da regulação. É uma forma “relativamente controlada de regulação, pela qual os comportamentos são executados para se evitar culpa ou ansiedade” (2000, p.68). A regulação introjetada representa uma regulação para se manter a auto-estima.

c) com regulação por identificação – reflete uma valorização consciente de um objetivo comportamental, é aceita ou assumida como pessoalmente importante.

d) com regulação integrada – forma mais autônoma de motivação extrínseca – regulações identificadas são assimiladas ao self (a si mesmo). As ações caracterizadas pela regulação integrada compartilham qualidades com a motivação intrínseca, mas devem ser consideradas extrínsecas porque são realizados para se conseguir resultados extrínsecos e não em virtude do prazer inerente.

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Para Deci e Ryan (2000, p.68), proponentes da teoria da autodeterminação, a motivação intrínseca tem como parâmetros a necessidade de competência, necessidade de autonomia ou autodeterminação e necessidade de pertencer ou de sentir parte de um contexto. Esta teoria afirma que a motivação intrínseca pode ser dada em relação a si mesmo, a outros indivíduos ou a atividades, desta forma, quando se fala de atividades intrinsecamente motivadoras, refere-se àquelas que as pessoas pesquisadas acham interessantes.

Deci e Ryan salientam que “A motivação intrínseca não é o único tipo de motivação autodeterminada” (2000, p.68). Na realidade de sala de aula, encontramos alunos desencantados com os estudos e professores buscando motivar seus alunos (Dinis, 2000), essa motivação denominada extrínseca, também é parte da teoria da autodeterminação.

A questão real que diz respeito às ações não intrinsecamente motivadas é como os indivíduos adquirem a motivação para realizá-las e como essa motivação afeta a persistência, a qualidade do comportamento e o próprio bem-estar. Cada vez que uma pessoa (seja um pai, um professor, um chefe ou técnico esportivo) tenta conseguir certos comportamentos por parte de outras pessoas, a motivação destes últimos para o comportamento pode estender-se desde a desmotivação ou indisposição, indo para uma obediência passiva até um ato de comprometimento pessoal. De acordo com a Teoria da Autodeterminação, essas diferentes motivações refletem graus diferentes em que o valor e a regulação do comportamento exigidos tenham sido interiorizados e integrados. (DECI e RYAN, 2000, p.68).

Segundo Deci e Ryan (2000, p.68), “diversos estudos obtiveram resultados que evidenciaram que uma motivação extrínseca mais autônoma estava associada a taxas de evasão escolar mais baixas, aprendizagem de melhor qualidade e melhores avaliações pelos professores”, o que nos leva a crer que estudar a motivação e a aprendizagem através da Feira de Matemática é relevante.

A inter-relação positiva entre professores e alunos pode influenciar positivamente na motivação em sala de aula (Guimarães, 2001) e a Feira de Matemática parte do princípio que a organização de professores e alunos gera um evento que tem como objetivo motivar o aluno para o estudo da Matemática.

Feira de Matemática

A Feira de Matemática é “a exposição de trabalhos envolvendo Matemática, produzidos por alunos e orientados por professores, na qual o aluno produtor-expositor

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torna-se sujeito da aprendizagem, mostrando ao público sua pesquisa” (SOARES e BAYER, 2004, p.11).

Amplia-se desta forma o espaço para a discussão sobre Educação Matemática, sobre compromisso político do professor desta disciplina que entende que o conhecimento necessário para dominar as técnicas e os métodos exigidos pela sociedade tecnológica, que constituem a base fundamental de um nível de saber, não deve pertencer a uma minoria, ou seja, a uma elite cuidadosamente educada e preparada para os postos de comandos, mas sim, que a posse desse conhecimento por parte da maioria da população contribua efetivamente, para possíveis mudanças na sociedade (ABREU, 1996, p.19).

A primeira edição da Feira de Matemática ocorreu em 2002, e contou com a participação de 54 grupos de Ensino Médio. Nos anos seguintes, a Feira de Matemática teve participação de alunos desde a primeira série do Ensino Fundamental até o terceiro ano do Ensino Médio, sendo que na edição de 2007 o Ensino Técnico foi convidado a participar, apresentando um trabalho realizado na disciplina de Estatística.

A organização da Feira de Matemática foi realizada por alunos participantes da Comissão de Alunos, divididos nos seguintes departamentos: Comissão Editorial, Decoração, Divulgação, Identificação, Inscrições, Logotipo e Mascote e Recepção.

A produção foi feita em grupos com até quatro alunos, preferencialmente da mesma série. Na Feira de Matemática os alunos livremente escolheram os assuntos que quisessem pesquisar, os colegas que fizeram parte de seu grupo, o enfoque que deram ao tema e o modo de apresentação de seu trabalho. Não havia a necessidade de o assunto pertencer à série em que o aluno estava estudando, portanto o trabalho não precisava versar sobre conteúdo trabalhado em aula, podendo os grupos escolher assuntos de outras disciplinas, tanto que dessem um enfoque matemático ao tema. Os grupos elaboraram um relatório sobre o trabalho, apresentando este a um professor orientador, que guiou cientificamente o aluno e o ajudou na confecção do trabalho. A exposição se deu em forma de cartazes, murais e trabalhos práticos apresentados pelos alunos. Os relatórios dos grupos foram publicados no Livro de Resumos da Feira de Matemática. Na Feira de Matemática, o papel do professor é de orientador dos grupos, indicando bibliografia adequada e sanando dúvidas dos alunos em relação aos assuntos pesquisados. Neste item, encontramos a mudança de visão de professor: este deixa de ser aquele que dá aulas para ser o que media o saber. (SOARES, 2005, p. 61).

A partir de instrumentos quantitativos e qualitativos, indicou-se que a Feira de Matemática possibilita a motivação por autodeterminação para os alunos participarem da Feira de Matemática, seja por meio de apresentação ou por participação na comissão organizadora. Os relatos de alunos e professores indicaram maior interesse e motivação para as aulas de Matemática após a Feira, por características (categorizadas pela pesquisa) que se intersectam com idéias de Modelagem Matemática, como aplicação da Matemática

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em outras áreas, entendimento do vocabulário dos colegas nas apresentações e desmitificação da Matemática.

A partir das idéias descritas anteriormente, passamos a pensar a Feira de Matemática como possibilidade de prática de Modelagem Matemática, bem como facilitador de motivação por autodeterminação no aluno.

Modelagem Matemática

Tomaremos Modelagem Matemática a partir das idéias de Cifuentes e Negrelli (2007), cuja abordagem “visa pôr em evidência uma concepção de matemática subjacente à modelagem matemática de situações não matemáticas e adaptá-la à modelagem de situações puramente matemáticas” (p.64).

Sendo assim, torna-se lícito falar de Modelagem Matemática em uma Feira de Matemática em que os alunos produzem trabalhos com temas livres, inclusive temas intrínsecos à própria Matemática.

Adotaremos os níveis de Modelagem descritos por (Barbosa, 2001):

Nível Professor Aluno

1 Apresenta um episódio “real”, com dados quantitativos e qualitativos.

Desenvolve a investigação do problema proposto.

2 Apresenta um problema aplicado Coletam os dados durante o processo de investigação

3 Serve de orientador do trabalho. Discutem um tema gerador, coletam, formulam e solucionam problemas.

Adaptado de Barbosa, 2001, p.6

Consideraremos alguns trabalhos desenvolvidos e apresentados nas Feiras de Matemática:

Diagonais de Polígonos

Não podemos dizer que é uma Modelagem se um problema “da realidade”, pois o objetivo não era solucionar um problema da natureza, mas chegar a uma conclusão interessante em Matemática a partir de dados coletados. Pode-se dizer que foi uma Modelagem dentro do próprio conteúdo matemático. Os alunos do segundo ano do Ensino Médio resolveram fazer o trabalho sobre Diagonais de Polígonos, no ano de 2004. Na grade curricular desta escola, este conteúdo é estudado apenas na série seguinte a deles. O resumo que se publicou no livro de resumos da Feira de Matemática é o descrito abaixo:

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Nosso trabalho trata do estudo das diagonais de um polígono. Para realizarmos este estudo, construímos com madeira, pregos e linhas polígonos e suas diagonais. Com estes, completamos a tabela abaixo:

Polígono N D n-3 2D Triângulo 3 0 0 0 Quadrado 4 2 1 4 Pentágono 5 5 2 10 Hexágono 6 9 3 18 Heptágono 7 14 4 28 Octógono 8 20 5 40

Dela podemos extrair a seguinte fórmula:

(

3

)

2D= nn ou 2 ) 3 ( − = n n D onde: n é o número de lados e D o número de diagonais. Mas, o que é Diagonal?

Diagonal é a linha que liga um vértice a outro não consecutivo em uma figura geométrica.

O trabalho nos mostra como calcular através da fórmula as diagonais de um polígono, nos ajudando a entender melhor a Matemática. (Relato do grupo, no livro de resumos de 2004).

A tabela indica o caminho que os mesmos percorreram para chegar à relação do cálculo das diagonais.

O resumo poderia conter no máximo uma página manuscrita (a digitação ficou por conta de um departamento da organização, composto por alunos).

Pelo relato da professora, afirmamos que os alunos pediram a sua orientação ao ver trabalhos expostos na sala de aula.

O papel da professora foi de orientadora dos grupos, indicando bibliografia adequada e sanando dúvidas dos alunos em relação aos assuntos pesquisados. Neste item, encontramos a mudança de visão de professor: este deixa de ser aquele que dá aulas para ser o que media o saber.

Cálculo do Dígito do CPF

Os alunos do terceiro ano do Ensino Médio apresentaram em 2003 um trabalho envolvendo álgebra que não é estudada na Educação Básica, a partir de uma curiosidade a respeito dos números de documentos.

Para calcular o CPF precisamos de algumas operações diferentes das que estamos acostumados. O CPF tem a configuração 123.456.789-01, onde os primeiros oito dígitos são o número-base, o nono define a Região Fiscal, o penúltimo é o DV módulo 11 dos nove anteriores e o último é o DV módulo 11 dos dez anteriores.

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DV (Dígito de Verificação), também denominado número-controle, são dígitos incorporados a números para possibilitar a detecção de erros de digitação, no ato. Recurso muito difundido, por exemplo, na numeração de contas de depósitos bancários.

No caso do CNPJ, o DV módulo 11 corresponde ao resto da divisão por 11 do somatório da multiplicação de cada algarismo da base respectivamente por 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 9, 8, 7, 6 e 5, a partir da unidade. O resto 10 é considerado 0 (algumas instituições, como o Banco do Brasil, tratam o 10, em seus números de contas, como "X"). (Relato do grupo, no livro de resumos de 2003)

Neste trabalho, a explicação dos alunos na feira mostrou a interpretação simples que os mesmos deram a um conteúdo não abordado na escola. Pensamos que este exemplo representa um caso aproximado de Modelagem nível 3.

Som e ruído

Para este trabalho, os alunos da sexta série do Ensino Fundamental, que estavam estudando a poluição sonora em Ciências, resolveram fazer o trabalho de Matemática para apresentar na Feira sobre o mesmo assunto. De início, os mesmos queriam medir o barulho diariamente na escola, mas só conseguiram que a Prefeitura emprestasse um dia o aparelho que media o ruído.

As descrições aqui apresentadas estão presentes no livro de resumos da Feira de Matemática de cada ano, digitadas pelo Departamento de Comissão Editorial.

- Nosso trabalho é sobre a poluição sonora.

- Fizemos uma pesquisa na escola e vimos que existe muito barulho, o que pode nos prejudicar.

- O ruído é o que mais colabora para a existência da poluição sonora. Ele é provocado pelo som excessivo das indústrias, canteiros de obras, meios de transporte, áreas de recreação, etc. Estes ruídos provocam efeitos negativos para o sistema auditivo das pessoas, além de provocar alterações comportamentais e orgânicas. A OMS (Organização Mundial de Saúde) considera que um som deve ficar em até 50 db (decibéis – unidade de medida do som) para não causar prejuízos ao ser humano. A partir de 50 db, os efeitos negativos começam. Alguns problemas podem ocorrer a curto prazo, outros levam anos para serem notados.A poluição sonora pode causar insônia, estresse, depressão, perda de audição, agressividade, perda de atenção e concentração, perda de memória, dores de cabeça, aumento da pressão arterial, cansaço, gastrite e úlcera, queda de rendimento escolar e no trabalho e surdez (em casos de exposição à níveis altíssimos de ruído).

- Para evitar os efeitos nocivos da poluição sonora é importante: evitar locais com muito barulho; escutar música num volume de baixo para médio; não ficar sem protetor auricular em locais de trabalho com muito ruído; escutar walk man ou mp3 player num volume baixo, não gritar em locais fechados, evitar locais com aglomeração de pessoas conversando, ficar longe das caixas acústicas nos shows de rock e fechar as janelas do veículo em locais de trânsito barulhento. Nível de ruído provocado (aproximadamente – em decibéis)- torneira gotejando (20 db)- conversa tranqüila (40-50 db)- secador de cabelo (90 db)- caminhão (100 db- turbina de avião (130 db)- show musical, próximo as caixas de som (acima de 130 db) (Relato do Grupo, no livro de resumos de 2007)

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O grupo verificou no dia da medição que o som próximo à cantina da escola era de 105 decibéis, que no recreio era de 90 decibéis e na entrada da escola era de 93 decibéis. Fizeram gráficos em cartazes para a exposição. Consideramos os gráficos de barras apresentados na Feira de Matemática, (em cartazes) como modelo. O relatório dos alunos foi utilizado também pelo professor de Ciências em suas aulas. A professora de Matemática aproveitou o trabalho realizado pelos alunos para trabalhar números decimais em sala de aula.

Indicamos aqui apenas alguns trabalhos para ilustrar como a Feira de Matemática abre possibilidades para a Modelagem. Precisamos deixar claro que nem todos os trabalhos apresentados servem como Modelagem Matemática, pois muitos versaram sobre História da Matemática, razões de numerologia, curiosidades matemáticas e jogos, bem como paródias e versos utilizando conceitos dessa ciência.

Possibilidades de pensamento

Ao ligarmos Feiras de Matemática, uma experiência que possui ampla probabilidade de motivação para o aluno (Soares, 2005), com elementos de Modelagem Matemática abrem-se possibilidades de pensamento a respeito de Motivação do Aluno e Modelagem Matemática.

Pensamos que a Modelagem Matemática pode influenciar na autodeterminação (motivação) do aluno na medida em que possibilita suas escolhas, seus fazeres e o olhar sobre si mesmo como produtor de Matemática, o que vemos com maior clareza quando observamos a Feira de Matemática.

Referências Bibliográficas

ABREU, Maria Auxiliadora M. de. Compromisso Político Pedagógico do Educador Matemático. Revista da SBEM/SC, Blumenau, v.1, n.1, p.19-20, 1996.

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BZUNECK, José Aloyseo, GUIMARÃES, Sueli Édi Rufini. Propriedades psicométricas de avaliação da motivação intrínseca e extrínseca: um estudo exploratório. Psico – USF, Bragança Paulista, v.7, n.1. p.1-11, jan.- jul. 2002.

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BZUNECK, José Aloyseo. Uma abordagem sociocognitivista à motivação do aluno: a teoria de metas de realização. Psico – USF, Bragança Paulista, v.4, n.2. p.51-66, jul.-dez. 1999.

BZUNECK, José Aloyseo; BORUCHOVITCH, Evely (orgs.) A Motivação do Aluno. Contribuições da psicologia contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2001. 183p.

CIFUENTES, José Carlos; NEGRELLI, Leônia Gabardo. Modelagem Matemática e o método axiomático. In: BARBOSA, Jonei Cerqueira; CALDEIRA, Ademir Donizeti; ARAÚJO, Jussara de Loiola. Modelagem Matemática na Educação Brasileira: pesquisas e práticas educacionais. Recife: Biblioteca do Educador Matemático SBEM, 2007, p.63 a 80.

DECI, Edward; RYAN, Richard M. Self-Determination Theory and the Facilitation of Intrinsec Motivation, Social Development, and Well-Being. American Psychologist, v.55, n.1, p. 68-78, jan. 2000.

FRANCHI, Regina Helena de Oliveira Lino. Ambientes de Aprendizagem fundamentados na Modelagem Matemática e na informática como possibilidades para a educação matemática. In: BARBOSA, Jonei Cerqueira; CALDEIRA, Ademir Donizeti; ARAÚJO, Jussara de Loiola. Modelagem Matemática na Educação Brasileira: pesquisas e práticas educacionais. Recife: Biblioteca do Educador Matemático SBEM, 2007, p.177 a 194.

GUIMARÃES, Suely Édi Rufini, A organização da escola e da sala de aula como determinante da motivação intrínseca e da meta aprender. BZUNECK, José Aloyseo; BORUCHOVITCH, Evely (orgs.) A Motivação do Aluno. Contribuições da psicologia contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2001. p.78-95.

GUIMARÃES, Suely Édi Rufini, Motivação intrínseca, extrínseca e o uso de recompensas em sala de aula. BZUNECK, José Aloyseo; BORUCHOVITCH, Evely (orgs.) A Motivação do Aluno. Contribuições da psicologia contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2001. p.37-57.

SANTOS, Lozicler Maria Moro dos; BISOGNIN, Vanilde. Experiências de ensino por meio da Modelagem Matemática na educação fundamental. In: BARBOSA, Jonei Cerqueira; CALDEIRA, Ademir Donizeti; ARAÚJO, Jussara de Loiola. Modelagem Matemática na Educação Brasileira: pesquisas e práticas educacionais. Recife: Biblioteca do Educador Matemático SBEM, 2007, p.99 a 114.

SILVA, Denise Knorst da. Ações de Modelagem para a formação inicial de professores de matemática. In: BARBOSA, Jonei Cerqueira; CALDEIRA, Ademir Donizeti; ARAÚJO, Jussara de Loiola. Modelagem Matemática na Educação Brasileira: pesquisas e práticas educacionais. Recife: Biblioteca do Educador Matemático SBEM, 2007, p.215 a 232.

SOARES, Rita de Cássia de Souza. Feiras de Matemática como agente motivador da aprendizagem de matemática. Canoas. ULBRA – RS, 2005. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática), Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Luterana do Brasil, 2005.

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SOARES, Rita de Cássia de Souza; BAYER, Arno. Feira de Matemática como Agente Motivador do Ensino e da Aprendizagem de Matemática. Encontro Nacional de Educação Matemática - VIII ENEM, 2004, Recife. Anais do VIII - ENEM (CDROM). Recife: SBEM, 2004.

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