Tribunal de Contas da União Número do documento: AC-0237-21/99-1
Identidade do documento:
Acórdão 237/1999 - Primeira Câmara Ementa:
Tomada de Contas. Coordenação de Serviços Gerais da Secretaria de Administração-Geral do MEC. Exercício de 1994. Recurso de
reconsideração interposto ao acórdão que julgou as contas irregulares, com multa aplicada em processo de fiscalização, ante a homologação de concorrências com irregularidades. Ausência de fatos novos. Negado provimento.
Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE I - 1ª Câmara Processo:
006.245/1995-1 Natureza:
Recurso de Reconsideração (Tomada de Contas Anual) Entidade:
Unidade: Coordenação de Serviços Gerais da Secretaria de Administração-Geral do Ministério da Educação e do Desporto Interessados:
INTERESSADO: Sérgio Franco Flores, ex-Coordenador Dados materiais: DOU de 01/07/1999 (c/ 5 volumes) Anexos: TC-002.622/1995-5 TC-016.599/1994-2 TC-004.749/1995-2 (c/1 volume) Sumário:
Recurso de Reconsideração. Tomada de Contas Anual. Irregularidade das contas. Ato de gestão ilegítimo e antieconômico, com aplicação de multa em processo de fiscalização. Repercussão no julgamento das contas. Conhecimento. Provimento negado.
Relatório:
Trata-se de Recurso de Reconsideração interposto pelo sr. Sérgio Franco Flores, ex-coordenador da Coordenação de Serviços Gerais da Secretaria de Administração-Geral do Ministério da Educação e do Desporto, exercício de 1994, contra o Acórdão 394/97-TCU - 1ª Câmara (fl. 286, vol. principal), que julgou irregulares as presentes contas,
dispensando, contudo, a aplicação de multa, por já ter sido aplicada no TC-004.882/95-4.
As referidas contas foram julgadas irregulares porque o
responsável, no exercício da função de Coordenador de Serviços Gerais da Secretaria de Administração-Geral do Ministério da Educação e do Desporto, homologou as concorrências públicas 1 a 9/94-CSG/MEC, as quais continham diversas irregularidades verificadas na auditoria
realizada por este Tribunal no TC-004.882/95-4.
Após tomar ciência do Acórdão 349/97-TCU ¿ 1ª Câmara, o sr. Sérgio Franco Flores encaminhou a este Tribunal o expediente fls. 1/4-vol. I a título de recurso.
Alega que sua atuação nos procedimentos licitatórios 1 a
9/94-CSG/MEC não envolveu empenho de despesas, contratação de empresas ou ordenação de pagamentos. A responsabilidade da Coordenação de
Serviços Gerais esteve restrita à condução das licitações, culminando com a sua homologação, cujos recursos financeiros utilizados na aquisição dos materiais licitados não se originaram de dotação orçamentária ou extraorçamentária da unidade da qual era titular. Acrescenta que a juntada às contas de 1994 de documentos pertinentes a fatos já julgados, que não influíram, direta ou indiretamente, na composição dessas contas nem na gestão do responsável, não encontra respaldo nas normas legais que regem a
atuação deste Tribunal tampouco nas normas regulamentares que regem o instituto da Tomada de Contas.
Com essas considerações, pede que a deliberação seja reformada para serem as contas julgadas regulares, com quitação ao responsável (fls. 1/4-vol. I).
O recurso foi analisado pela 10ª Secex na instrução fls. 9/11-vol. I.
Ao examinar a admissibilidade, o analista responsável pela
instrução propõe o conhecimento do Recurso de Reconsideração, por estarem presentes os requisitos previstos no art. 33 da Lei nº
8.443/92.
No mérito, afirma que os atos de gestão do sr. Sérgio Franco
Flores, ao homologar as Concorrências 1 a 9/94-CSG/MEC, são passíveis de avaliação nas contas anuais da Coordenação, podendo influenciar o seu mérito, como de fato influenciaram. Não há porque excetuar os atos de gestão que culminaram na homologação das Concorrências 1 a
9/94-CSG/MEC da análise das contas anuais daquela Coordenação só porque já haviam sido analisados em procedimento de auditoria realizada por
este Tribunal. A homologação dessas licitações foi tida como ato de gestão ilegítimo ou antieconômico de que resultou injustificado dano ao erário (art. 58, inciso III, da Lei nº 8.442/92). Por essa razão é que o sr. Sérgio Franco Flores foi apenado com multa. Analisados em
conjunto com as contas anuais da Coordenação de Serviços Gerais/MEC, tais atos ensejaram o julgamento das contas pela irregularidade, sendo dispensada nova multa por já ter sido aplicada no TC-004.882/95-4. Acrescenta, quanto à alegação de ausência de norma autorizativa para fazer a análise conjunta do relatório de auditoria e das contas anuais, que o procedimento adotado está previsto na IN/TCU 9/95, inexistindo dúvidas quanto à correção desse procedimento, porque o relatório de auditoria contempla atos de gestão praticados pelo coordenador de Serviços Gerais/MEC e se inserem no período de responsabilidade do sr. Sérgio Franco Flores.
Ao final, propõe que seja conhecido o presente recurso para, no mérito, negar-lhe provimento.
O diretor da 1ª Divisão Técnica e o secretário interino põem-se de acordo (fl. 11 e 12-vol. I).
O Ministério Público junto a este Tribunal, considerando que o
"recorrente não aduziu novas razões de fato ou de direito nem carreou documentos que pudessem, efetivamente, justificar o reexame do assunto sob prisma diferente daquele por que se pautou o Tribunal ao longo
deste processo", manifesta-se de acordo com a unidade técnica (fl.13,volume 1).
É o relatório. Voto:
Presentes os requisitos de admissibilidade, estabelecidos no art. 33 da Lei nº 8.443/92, conheço do Recurso de Reconsideração. No mérito, não assiste razão ao recorrente. Ao homologar os
procedimentos licitatórios 1 a 9/94-CSG/MEC, no exercício da função de coordenador da Coordenação de Serviços Gerais, o sr. Sérgio Franco Flores praticou atos de gestão, cujos efeitos, indubitavelmente,
repercutiram no mérito das contas em questão, ainda que o objeto licitado tenha sido destinado a outra unidade do Ministério. A
homologação de uma licitação, na forma em que prevê a Lei nº 8.666/93, é o momento em que a autoridade administrativa promove o controle de todo o procedimento licitatório. É a aprovação da autoridade
administrativa essencial para que o procedimento possa apresentar-se com validade jurídica.
O julgamento das contas anuais dos responsáveis constitui, em
essência, a apreciação da gestão como um todo e, nesse contexto, deve ser considerado o Acórdão 99/95-TCU ¿ Plenário, no qual foi aplicado ao
recorrente a multa prevista no art. 58, inciso III, da Lei nº 8.443/92, pela prática de ato ilegítimo e antieconômico de que resultou dano ao Erário.
Por essas razões, VOTO por que o Tribunal aprove o ACÓRDÃO que ora submeto à apreciação desta Primeira Câmara.
Assunto:
I - Recurso de Reconsideração Relator:
WALTON ALENCAR
Representante do Ministério Público: JATIR BATISTA DA CUNHA
Unidade técnica: 10ª SECEX
Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas da Coordenação de Serviços Gerais da Secretaria de Administração-Geral do Ministério da Educação e do Desporto, exercício de 1994;
Considerando que o Tribunal, na sessão de 2.9.97, julgou irregulares as contas do sr. Sérgio Franco Flores, referentes ao
período de 24.5 a 31.12.94, dispensando, contudo, a imposição de multa, por já ter sido aplicada no TC-004.882/95-4 (Acórdão 394/97-TCU - 1ª Câmara);
Considerando que o sr. Sérgio Franco Flores interpôs Recurso de Reconsideração contra a mencionada decisão;
Considerando que o recorrente, ao homologar os procedimentos
licitatórios 1 a 9/94-CSG/MEC, no exercício da função de coordenador da Coordenação de Serviços Gerais, praticou atos de gestão julgados por este Tribunal, no Acórdão nº 394/97-TCU - 1ª Câmara, ilegítimos e antieconômicos, de que resultou dano ao erário, cujos efeitos repercutiram no mérito das contas em questão;
Considerando os pareceres da unidade técnica e do Ministério Público junto a este Tribunal;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, ante as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei nº 8.443/92, em:
8.1. conhecer do Recurso de Reconsideração interposto pelo sr. Sérgio Franco Flores para, no mérito, negar-lhe provimento; e 8.2. dar conhecimento desta deliberação ao interessado.
Quórum:
Ministros presentes: Humberto Guimarães Souto (Presidente), Walton Alencar Rodrigues (Relator) e os Ministros-Substitutos José Antonio Barreto de Macedo e Lincoln Magalhães da Rocha.
Sessão: