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Planejamento e síntese de derivados fenilidrazônicos do núcleo da isatina

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE QUÍMICA

BACHARELADO EM QUÍMICA

LEONARDO CARVALHO DANTAS

PLANEJAMENTO E SÍNTESE DE DERIVADOS FENILIDRAZÔNICOS DO NÚCLEO DA ISATINA

NITERÓI, RJ 2019

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LEONARDO CARVALHO DANTAS

PLANEJAMENTO E SÍNTESE DE DERIVADOS FENILIDRAZÔNICOS DO NÚCLEO DA ISATINA

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Bacharelado em Química da Universidade Federal Fluminense, como parte dos requisitos necessários para obtenção do Grau de Bacharel em Química.

Orientador: Prof. Dr. Vinícius Rangel Campos

Niterói, RJ 2019

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LEONARDO CARVALHO DANTAS

PLANEJAMENTO E SÍNTESE DE DERIVADOS FENILIDRAZÔNICOS DO NÚCLEO DA ISATINA

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Bacharelado em Química da Universidade Federal Fluminense, como parte dos requisitos necessários para obtenção do Grau de Bacharel em Química.

Aprovada em 05 de dezembro de 2019

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Vinicius Rangel Campos (GQO-UFF)

Prof. Dr. Leonardo Moreira da Costa (GQO-UFF)

Prof. Me. Bruno dos Santos de Macedo (GQI-UFF)

Niterói 2019

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À minha família, Que sempre me ensinou sobre a importância dos estudos.

E à minha Namorada, Eloisa Borges, Que sempre esteve ao meu lado me auxiliando em tudo que eu precisasse.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, а Deus que iluminou о meu caminho durante esta jornada.

À Universidade Federal Fluminense, por proporcionar o desenvolvimento dos meus conhecimentos.

Ao meu orientador, Vinícius Rangel Campos, pela paciência na orientação е incentivo que tornaram possível а conclusão desta monografia.

Aos professores integrantes da banca avaliadora, pela disposição.

Ao grupo de pesquisa do Laboratório de Síntese de Heterocíclos (LASINTHET), por ceder o espaço e permitir o desenvolvimento do projeto.

Ao Laboratório Multiusuário de Espectroscopia (LAME) pela obtenção das medidas de IV.

À minha mãe, Rosangela Demetrio, meu padrasto, Carlos Demetrio e a minha irmã, Larissa Carvalho Dantas, por tudo.

À minha namorada Eloisa Borges e Borges, por todo apoio, carinho e auxílio dado para que eu chegasse até aqui.

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“A obrigação de produzir aliena a paixão de criar.” Raoul Vaneigem

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RESUMO

Uma em cada seis mortes é ocasionada pelo câncer, sendo essa enfermidade, portanto, uma das principais causas de óbitos da população mundial. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, a estimativa é de que 8,8 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência desta doença. Ainda de acordo com a OMS, mais de 14 milhões de pessoas desenvolvem a doença por ano, estimativa essa que pode aumentar cerca de 70% até o ano de 2038. Apesar do alto índice de mortes por câncer, o diagnóstico precoce, juntamente com os avanços no tratamento, torna a cura uma realidade mais palpável para os pacientes que enfrentam esta doença. Entretanto, mesmo com a variedade existente de fármacos utilizados no tratamento, pacientes ainda lidam com a problemática dos efeitos adversos indesejáveis ao organismo e às células saudáveis como consequência da falta de seletividade que os fármacos quimioterápicos possuem. A busca por um medicamento que possa atuar na inibição do crescimento, e consequente apoptose, das células tumorais em detrimento das células sadias vem impulsionando a pesquisa para o desenvolvimento de novas moléculas que apresentem atividade terapêutica eficiente contra o câncer. Desta forma, aquelas que apresentarem atividade atineoplástica, afetando o mínimo possível as células sadias, serão candidatas a novos fármacos quimioterápicos. Nesta conjuntura, o presente trabalho descreve a hibridação de dois núcleos que possuem suas estruturas relacionadas à atividade anticâncer, o isatínico e o hidrazônico, para a síntese de cinco derivados: 1H-3-(2-fenilidrazona)-indolin-2-ona, 1H-3-(2-(2-clorofenil)hidrazona)-indolin-2-ona, 1H-3-(2-(2-metilfenil)hidrazona)-indolin -2-ona, 1H-3-(2-(4-metoxifenil) indolin-2-ona e 1H-3-(2-(4-cianofenil) hidrazona)-indolin-2-ona. A síntese destes derivados envolveu a reação de adição nucleofílica à carbonila tendo como reagentes a isatina e as fenilidrazinas devidamente substituídas. A elucidação estrutural foi realizada por meio da técnica de espectroscopia na região do infravermelho e, juntamente com a determinação de ponto de fusão e cromatografia em camada delgada, confirmou a obtenção dos produtos alvo. As substâncias devidamente sintetizadas e caracterizadas serão avaliadas quanto a sua provável atividade anticâncer.

Palavras chave: Câncer; Isatina, Fenilidrazona; Hibridação; Espectroscopia no Infravermelho.

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ABSTRACT

One in six deaths is caused by cancer, that makes this disease one of the leading causes of death in the world population. According to data from the World Health Organization, it is estimated that 8.8 million people die each year as a result of this disease. Still according to WHO, more than 14 million people develop this disease per year, and that estimation can increase by 70% until 2038. Despite the high rate of cancer deaths, early diagnosis and advances in treatment make the cure more a factual reality for patients facing this disease. However, even with the existing variety of drugs used in treatment, patients yet have to deal with the problem of unwanted adverse effects on the body and to healthy cells as a consequence of the lack of selectivity of chemotherapeutic drugs. The search for a drug that can inhibit the growth and lead to apoptosis of tumor cells, sparing the healthy ones, has been leading researchers to develop new molecules that have efficient therapeutic activity against cancer, affecting as little as possible healthy cells, and, therefore, be candidates for new chemotherapy drugs. Regarding this, the present work describes a two-nucleus hybridization that has their structures related to anticancer activities, isatinic and hydrazonic, for the synthesis of five compounds: 1H-3-(2-phnylhydrazone)-indole-2-one, 1H-3-(2-(2-chlorophenyl)hydrazone)-indole-2-1H-3-(2-phnylhydrazone)-indole-2-one, 1H-3-(2-(2-methilpheyl)hydra zone)-indole-2-one, methoxyphenyl)hydrazone)-indole-2-one e 1H-3-(2-(4-cyanophenyl)hydrazone)-indole-2-one. The synthesis of these compounds was through nucleophilic addition to the carbonyl group, from isatine and duly substituted phenylhydrazines. The structural elucidation was performed by infrared spectroscopic technique and, along with melting point determination and thin layer chromatography, confirmed the obtention of the target products. Properly synthesized and characterized substances will be evaluated for their likely anticancer activity.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS 10

LISTA DE ESQUEMAS 12

LISTA DE TABELAS 13

LISTA DE FÓRMULAS, SIGLAS E ABREVIATURAS 14

1. INTRODUÇÃO 15

1.1. ASPECTOS GERAIS SOBRE A ISATINA 23

1.2. ASPECTOS GERAIS SOBRE AS HIDRAZONAS 25

2. JUSTIFICATIVA 26

3. OBJETIVOS 27

4. CONSIDERAÇÕES SOBRE A REAÇÃO DE ADIÇÃO NUCLEOFÍLICA À

CARBONILA 28

4.1. REATIVIDADERELATIVADESUBSTÂNCIASCARBONILADAS 28

4.2. REAÇÕESENVOLVENDOCETONA 29

4.3. REAÇÕES DE CETONAS COM NITROGÊNIO NUCLEOFÍLICO:

FORMAÇÃO DEIMINAS 30 4.3.1. Derivados de Iminas 30 5. METODOLOGIA 32 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 32 6.1. SÍNTESE DA FAMÍLIA1H-3-(2-FENILIDRAZONA)-INDOLIN-2-ONA 29a-e 32 6.1.1. 1H-3-(2-fenilidrazona)indolin-2-ona 29a 39 6.1.2. 1H-3-(2-(2-clorofenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29b 40 6.1.3. 1H-3-(2-(2-metilfenil)hidrazona)-indolin-2-ona29c 42 6.1.4. 1H-3-(2-(4-metoxifenil)hidrazona)-indolin-2-ona29d 43 6.1.5. 1H-3-(2-(4-cianofenil)hidrazona)-indolin-2-ona29e 44 7. CONCLUSÃO 46 8. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 47

8.1. SÍNTESE DOS DERIVADOS 29a-e 48

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10 LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Representação da evolução de um tumor benigno em um tumor maligno e conseguinte

processo de metástase (adaptado, VINE, 2007). ... 15

Figura 2: Gráfico estatístico de ocorrência de câncer em homens (INCA, 2019). ... 16

Figura 3: Gráfico estatístico de ocorrência de câncer em mulheres (INCA, 2019). ... 17

Figura 4: Fórmula estrutural da isatina (1). ... 18

Figura5:Fórmula estrutural dos componentes Sutent® (2) e Palladia® (3). ... 18

Figura 6: Fórmula estrutural dos derivados halogenados da isatina (4), (5) e (6). ... 20

Figura 7: Fórmula estrutural dos componentes Sutent® 7 e Palladia® 8. ... 20

Figura 8:Estruturas dos três derivados indólicos (11), (12) e (13) sintetizados por Bassyouni (2012) e colaboradores e as estruturas do princípio ativo dos medicamentos Flusan® (9) e Rubidox® (10). ... 21

Figura 9: Fórmula estrutural da hidrazona (14). ... 21

Figura 10: Estruturas do derivado hidrazônico (15) sintetizado por Li e colaboradores. ... 22

Figura 11: Fórmula estrutura l dos complexos [ReCl(CO)3(H2AcpClPh)]·0.5C7H8 (16) e [ReCl (CO)3(H2AcpNO2Ph)]·0.5C7H8 (17). ... 23

Figura 12: Árvore da planta Couroupita guianensis, suaflor e fruto. Fonte: Horto Botânico. Museu Nacional UFRJ (adaptado). ... 24

Figura 13: Alguns derivados da isatina (1) e suas propriedades terapêuticas. ... 25

Figura 14: Alguns derivados hidrazônicos e suas propriedades terapêuticas. ... 26

Figura 15: Derivados fenilidrazônicos da isatina que foram sintetizados. ... 28

Figura 16: Ataque nucleofílico à carbonila. ... 28

Figura 17: Ressonância devido ao par de elétrons presente no átomo ligado ao carbono carbonílico. ... 29

Figura 18: Reação de formação de iminas. ... 30

Figura 19: Espectros IV da isatina 1 e dos produtos 29a-e. ... 37

Figura 20: Ilustração da CCD realizada para o derivado 1H-3-(2-fenilidrazona)-indolin-2-ona 29a. 1= isatina; 2 = fenilhidrazina; 3 = 1H-3-(2-fenilidrazona)-indolin-2-ona 39 Figura 21: Espectro IV do derivado 1H-3-(2-fenilidrazona)-indolin-2-ona 29a. ... 39

Figura 22: Ilustração da CCD realizada para o derivado 1H-3-(2-(2-clorofenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29b. 1= isatina; 2 = cloridrato de 2-cloro-fenilhidrazina; 3 = 1H-3-(2-(2- cloro fenil)hidrazona)-indolin-2-ona. ... 40

Figura 23: Espectro IV do composto 1H-3-(2-(2-clorofenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29b. ... 41

Figura 24: Ilustração da CCD realizada para o composto metilfenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29c. 1= isatina; 2 = cloridrato de 2-metil-fenilhidrazina; 3 = 1H-3-(2-(2-metilfenil)hidrazona)-indolin-2-ona. ... 42

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11 Figura 26: Ilustração da CCD realizada para o composto

metoxifenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29d. 1= isatina; 2 = cloridrato de 4-metoxi-fenilhidrazina; 3 = 1H-3-(2-(4-metoxifenil)hidrazona)-indolin-2-ona. ... 43 Figura 27: Espectro IV do composto 1H-3-(2-(4-metoxifenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29d. ... 44 Figura 28: Ilustração da CCD realizada para o composto

cianofenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29e. 1= isatina; 2 = cloridrato de 4-ciano-fenilhidrazina; 3 = 1H-3-(2-(4-cianofenil)hidrazona)-indolin-2-ona. ... 45 Figura 29: Espectro IV do composto 1H-3-(2-(4-cianofenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29e. ... 45 Figura 30: Esquema da aparelhagem e vidrarias utilizados. ... 48

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12 LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1:Reação de oxidação do índigo. ... 23

Esquema 2: Planejamento da síntese dos derivados fenilidrazônicos 29a-e da isatina. ... 27

Esquema 3: Reação de formação de derivados de imina (CONSTANTINO, 2012, adaptado). .... 31

Esquema 4: Retroanálise da síntese de obtenção dos derivados 29a-e. ... 32

Esquema 5: Reação de síntese dos derivados 29a-e. ... 33

Esquema 6: Estruturas de ressonância da fenilidrazina 29a-e. ... 33

Esquema 7: Proposta de mecanismos para síntese dos produtos 29a-e. ... 34

Esquema 8: Estruturas de ressonância da isatina. ... 35

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13 LISTA DE TABELAS

Tabela 1:Posições e atribuições das bandas nos IVs dos derivados 29a-e e da isatina 1. ... 38 Tabela 2: Comparação entre os dados experimentais e os da literatura para o composto 29a. .... 40 Tabela 3: Comparação entre os dados experimentais e os da literatura para o composto 29b. .... 41 Tabela 4: Comparação entre os dados experimentais e os da literatura para o composto 29c. .... 43 Tabela 5:Comparação entre os dados experimentais e os da literatura para o composto 29d. .... 44 Tabela 6: Comparação entre os dados experimentais e os da literatura para o composto 29d. .... 45

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14 LISTA DE FÓRMULAS, SIGLAS E ABREVIATURAS

CCD Cromatografia em Camada Delgada

CI Concentração Inibitória

EMA European Medicine Agency

IARC International Agency for Reserch on Cancer

INCA Instituto Nacional de Câncer

IV Espectroscopia Vibracional no Infravermelho

MS Mass Spectrometry (Espectrometria de massas)

NCI National Cancer Institute

OMS Organização Mundial da Saúde

PF Ponto de fusão

RMN Ressonância Magnética Nuclear

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1. INTRODUÇÃO

O câncer compreende uma série de doenças que podem afetar diferentes partes do corpo. É classificado como câncer o crescimento rápido e desordenado de células nos tecidos e órgãos, podendo acumular-se formando um tumor ou se propagar para outras regiões do organismo como resultado de um processo chamado de metástase (FIGURA 1). A propagação pode ocorrer de forma mais lenta, gerando um acúmulo de células semelhantes ao tecido original, que raramente causam danos significativos, consideradas neoplasias (massa anormal de tecido) benignas, ou de forma rápida e agressiva, levando a formação de neoplasias malignas. Nesse útimo caso, se o processo não for controlado, pode causar a morte do paciente (NCI, 2015; MANDEWALE et al., 2017).

Figura 1: Representação da evolução de um tumor benigno em um tumor maligno e conseguinte processo de metástase (adaptado, VINE, 2007).

Atualmente, há mais de 100 tipos de câncer. São nomeados, geralmente, de acordo com o local ou órgão em que se manifestam, como câncer de pulmão, esôfago, pele, mama; ou especificamente pelo tipo de célula em que ocorrem, como

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16

os carcinomas, que afetam as células epiteliais e leucemia, que ocorre nas células de formação sanguínea da medula óssea, entre outros (NCI, 2015).

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 14 milhões de pessoas desenvolvem câncer todos os anos, e a previsão é de aumento de 70% desta estimativa até 2038. Sendo uma das principais causas de morte, uma em cada seis no mundo, é estimado que morram cerca de 8,8 milhões de pessoas por ano em decorréncia desta doença. A Agência Internacional para Pesquisa sobre Cancer (sigla em ingles, IARC), pertencente à OMS, estima que, em 2018, foram registrados mais de 18 milhões de novos casos de cancer em todo o mundo e mais de 9,6 milhões de mortes devido á doença (OMS, 2018; OMS, 2019).

O levantamento mais recente do INCA (Intituto Nacional do Câncer) a respeito dos casos de câncer no Brasil mostra que o mais comum entre os homens é o câncer de próstata e, entre as mulheres, o câncer de mama. As FIGURAS 2 e

3 mostram estes dados.

Figura 2: Gráfico estatístico de ocorrência de câncer em homens (INCA, 2019).

52.903 5.810 5.940 6.390 6.690 8.240 11.200 13.540 17.380 18.740 68.220 0 20.000 40.000 60.000 OUTROS SISTEMA NERVOSO CENTRAL LEUCEMIAS LARINGE BEXIGA ESÔFAGO CAVIDADE ORAL ESTÔMAGO CÓLON E RETO TRAQUEIA, BRÔNQUIO E PULMÃO PRÓSTATA

Número de casos

NOVOS CASOS DE CÂNCER EM HOMENS

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17 Figura 3: Gráfico estatístico de ocorrência de câncer em mulheres (INCA, 2019).

Apesar do câncer ser uma das principais causas de mortes no mundo, uma parcela significativa desta doença pode ser curada por meio de cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia (GARCIA et al., 2016). A intervenção cirúrgica visa a remoção da área de tecidos e órgãos afetados pelas células malignas e é recomendada nos casos em que a doença se encontra em sua fase inicial. A radioterapia utiliza radiação para eliminação das células tumorais, é indicada nas situações em que a cirurgia não é viável e, a depender da dose de radiação e local onde o tumor se encontra, pode apresentar efeitos colaterais como perda de apetite, dores e cansaço. Já na quimioterapia, o tratamento do câncer é feito por meio de medicamentos podendo ser empregada, em geral, em qualquer estágio da doença, porém apresenta efeitos colaterais mais agressivos como queda de cabelo, enjoos, anemia, dentre outros (INCA, 2019).

Nos últimos anos, o diagnóstico precoce da doença e o tratamento contra o câncer tem apresentado avanços promissores. Entretanto, mesmo os tratamentos mais avançados lidam, ainda, com a problemática dos efeitos nocivos às células saudáveis, na quimioterapia principalmente, em decorrência da falta de seletividade

55.844 4.860 5.510 6.150 6.600 7.750 8.040 12.530 16.370 18.980 59.700 0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 OUTROS LEUCEMIAS SISTEMA NERVOSO CENTRAL OVÁRIO CORPO DO ÚTERO ESTÔMAGO GLÂNDULA TIREOIDE TRAQUEIA, BRÔNQUIO E PULMÃO COLO DO ÚTERO CÓLON E RETO MAMA FEMININA

Número de casos

NOVOS CASOS DE CÂNCER EM MULHERES

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18

que os fármacos quimioterápicos possuem (JIN et al., 2013). O medicamento ideal para tratamento do câncer é aquele que apresenta maior índice de seletividade em relação às células cancerígenas, de modo que possam atuar na inibição do crescimento e decorrente morte das células tumorais sem que afetem as células saudáveis (MANDEWALE et al., 2017).

Diante deste cenário, uma molécula – e seus derivados – tem mostrado grande potencial para o desenvolvimento de novos fármacos no combate ao câncer: a isatina (1), cuja estrutura está ilustrada na FIGURA 4.

Figura 4: Fórmula estrutural da isatina (1).

Atualmente, apesar de ainda apresentarem os efeitos colaterais indesejáveis ao paciente, existem medicamentos eficazes contra vários tipos de câncer. Dois deles, o Sutent® (malato de sunitinibe) (2) e o Palladia® (fosfato de toceranib) (3), apresentam, na estrutura da molécula de seu princípio ativo, o núcleo isatínico, e a esse grupo farmacofórico, principalmente, que é atribuída as propriedades terapêuticas contra as células cancerígenas (MELIS et al., 2016; CHAHAL et al., 2019). O Sutent® (2) é utilizado no tratamento do câncer de rins em estágios avançados (ANVISA, 2015) e o Palladia® (3) é indicado para o tratamento de mastocitomas cutâneos em cães (EMA, 2013). As estruturas dos princípios ativos estão ilustradas na FIGURA 5.

(20)

19

Diversos autores direcionaram suas pesquisas para o estudo do núcleo isatinico e desenvolvimento de novas moléculas derivadas da isatina (1) justamente para avaliar suas atividades terapêuticas contra o câncer.

Recentemente, CONG et al. (2019) estudou o efeito que a própria isatina (1) possui de inibição de um tipo específico de células de neuroblastoma, um tipo de câncer que se desenvolve nas células nervosas. Em sua pesquisa, Cong e colaboradores buscaram elucidar os efeitos em relação à metástase da linhagem celular SH-SY5Y, assim como o mecanismo pelo qual essa inibição se dá, e concluíram que, a depender da dose, a isatina (1) inibe a proliferação e migração da linhagem estudada. Doses menores que 200 µmol/L de isatina resultaram em menor taxa de proliferação das células cancerígenas e diminuição de 20% da migração celular, resultados estes que evidenciam o efeito antimetastático dessa molécula para este tipo de neoplasia.

A atividade antineoplásica da isatina e de isatinas substituídas foi estudada e relatada no trabalho de Vine (2009) e colaboradores. De acordo com os dados experimentais, as isatinas halogenadas apresentam maior atividade citotóxica contra a linhagem U937 de células de linfoma do que as não substituídas. A isatina bromada (4), apresentou CI50 de 6,76 µM, um valor quase 80 vezes menor que o da isatina (1)

(CI50 565 µM) (VINE et al., 2009). CI50 é um importante índice em farmacologia que

mede a resposta de inibição de metade do efetivo total, ou seja, no caso de células cancerígenas, mede a concentração necessária de inibição do crescimento (e morte) de 50% das células malignas. Quanto menor a concentração para atingir esse índice, mais eficaz é a substância estudada. Além do derivado (4), outras isatinas substituídas apresentaram baixas concentrações de CI50, como a 6-bromo-5-nitroisatina (5), cujo

CI50 foi de 17,1 µM e a 5-fluorisatina com CI50 de 98,4 µM (6) (VINE et al., 2009;

ROSAS et al., 2013). As estruturas das isatina halogenadas em questão estão ilustradas na FIGURA 6.

(21)

20 Figura 6: Fórmulas estruturais dos derivados halogenados da isatina (4), (5) e (6).

Outras estrutras que apresentam o núcleo isatínicos tiveram sua atividade anticâncer avaliada. A indirubina (7) – decorrente da condensação de duas moléculas de isatina – e indirubinas substituídas foram estudadas por EVDOKIMOV et al. (2016). Em seu trabalho, sintetizaram novos derivados da indirubina (7) e da 7-bromoindirubina-3’-oxima (8) pois estas moléculas se apresentaram como um iniciador de necrose nas células cancerígenas (FERANDIN, et al., 2006; BRAIG et al., 2014) o que os torna, assim como seus derivados, promissores candidatos a superar a resistência à apoptose que algumas células tumorais possuem. A estruturas de (7) e (8) estão ilustradas na FIGURA 7.

Figura 7: Estruturas da indirubina (7) e da 7-bromoindirubina-3’-oxima (8).

Já BASSYOUNI et al. (2012) descreveu a síntese de novos derivados da piridina com a presença do núcleo isatínico em sua estrutura. A atividade antineoplásica foi avaliada contra células HEPG2, linhagem proveniente de câncer hepatocelular e os CI50scomparados com dois medicamentos já empregados no tratamento contra o câncer,

o Flusan® (9) e o Rubidox® (10). Dentre os quatro derivados indólicos propostos por Bassyouni e colaboradores, três deles apresentaram CI50 menores que os medicamentos

(22)

21

CI50 de 3,02, 2,08 e 3,15 µM enquanto que o Flusan® (9) apresentou 5,00 µM e o

Rubidox® (10), 3,56 µM. As estruturas dos derivados indólicos e dos medicamentos utilizados como padrão estão ilustradas na FIGURA 8.

Figura 8: Estruturas dos três derivados indólicos (11), (12) e (13) sintetizados por Bassyouni (2012) e colaboradores e as estruturas do princípio ativo dos medicamentos Flusan® (9) e Rubidox® (10).

Além dos estudos acerca do núcleo isatínico e suas propriedades farmacológicas no combate ao câncer, outra classe de moléculas vem sendo explorada para o mesmo propósito: as hidrazonas (14), cuja principal característica é a presença da ligação –C=N–N–, que pode ser observada na estrutura ilustrada na

FIGURA 9, onde os R’s podem ser diferentes grupamentos.

(23)

22

Diversos estudos foram publicados nos últimos anos a respeito dos efeitos dessa classe de moléculas e sua possível aplicação no desenvolvimento de fármacos contra o câncer, como por exemplo, os trabalhos de LI et al, (2018) e GARCIA et al., (2016).

Li (2018) e colaboradores sintetizaram derivados hidrazônicos e investigaram sua citotoxicidade contra seis linhagens de células de câncer esofágico. A partir de sua pesquisa, uma das estruturas, ilustrada na FIGURA 10, mostrou-se promissora contra duas das linhagens cancerígenas estudadas, EC9706 e EC109, apresentando CI50 de 1.09 μM e 2.79 μM, respectivamente, menores que o do medicamento ao qual

foram comparados, o Flusan® (12) (FIGURA 8), cujos CI50s foram de 5,13 μM para

EC9706 e 6,02 μM para EC109. O composto sintetizado exibiu forte inibição à proliferação celular e indução de apoptose nas linhagens testadas.

Figura 10: Estruturas do derivado hidrazônico (15) sintetizado por Li e colaboradores.

Garcia (2016) e seu grupo sintetizaram e estudaram os efeitos de complexos metálicos de rênio com ligantes hidrazônicos sobre células de câncer de pulmão da linhagem NCI-H460. Os complexos [ReCl(CO)3(H2AcpClPh)]·0.5C7H8 (16) e

[ReCl(CO)3(H2AcpNO2Ph)]·0.5C7H8 (17) mostraram, em comparação ao precursor

metálico [ReCl(CO)5], significativa inibição à proliferação da linhagem em questão,

apresentando, nas condições estudadas, CI50 de 20,51 μM e 16,15 μM

respectivamente, enquanto que o precursor apresentou CI50 >200 μM. As estruturas

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23 Figura 11: Fórmula estrutural dos complexos [ReCl(CO)3(H2AcpClPh)]·0.5C7H8 (16) e

[ReCl(CO)3(H2AcpNO2Ph)]·0.5C7H8 (17).

1.1. ASPECTOSGERAISSOBREAISATINA

A isatina (1), ou 1H-indolin-2,3 diona, um derivado indol, foi descoberta, em 1840, por Otto Erdmann e Auguste Lawrent como produto da oxidação do índigo (18) (Esquema 1) utilizando ácido nítrico e ácido crômico (SILVA et al., 2001; VINE et al., 2009; AL-KADHIMI et al., 2015).

Esquema 1: Reação de oxidação do índigo.

Na natureza, pode ser encontrada em plantas do gênero Isatis e nos frutos da planta Couroupita guianensis (FIGURA 12) conhecida popularmente como abricó de macaco (VINE et al., 2013). Também é encontrada como produto derivado do metabolismo da adrenalina nos humanos, como metabólico fúngico e em moluscos da espécie Dicathais orbita pertencente à família Mouricidae (JARRAHPOUR et al., 2007; VINE 2013; BHRIGU et al., 2010; BENKENDORFF et al., 2015).

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24 Figura 12: Árvore da planta Couroupita guianensis, suaflor e fruto. Fonte: Horto Botânico. Museu Nacional

UFRJ (adaptado). Disponível em: http://museunacional.ufrj.br/hortobotanico/arvoresearbustos/Couroupitaguianensis.html

Na estrutura da isatina (1) (ESQUEMA 1), há, na posição 1, um nitrogênio amídico suscetível a reações de N-alquilação e N-acilação. Há duas carbonilas com caráteres distintos: uma carbonila amídica, no carbono C-2, que está suscetível às reações de redução e substituição nucleofílica acílica; e uma carbonila de cetona, no carbono C-3, que pode sofrer reações de adição nucleofílica e redução. Ainda, no anel aromático, podem ocorrer reações de substituição eletrofílica aromática nas posições 5 e 7. (MARTINEZ & FERREIRA, 2010; da SILVA, 2010).

Além da atividade anticâncer que muitos apresentam, diversos sistemas derivados da isatina (1) têm sido sintetizados e estudados por vários pesquisadores devido à grande versatilidade sintética, aplicabilidade industrial, propriedades terapêuticas e farmacológicas que apresentam (BHRIGU et al., 2010; CHAHAL et al., 2019; KONSTANTINOVIC, 2015; MELEDDU et al.,2016; TEJASREE et al., 2014; MELIS et al., 2016;). Dentre as diversas atividades descritas na literatura, os derivados podem atuar como antimicrobianos, antioxidantes, antivirais (CHAHAL et al., 2019), antidiabéticos (TEJASREE et al., 2014), anticonvulsivantes (SARAVANAN, et al., 2014) dentre outros (MANLEY-KING et al., 2011; BASSYOUNI et al., 2012). Além disso, o

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25

núcleo indol também é encontrado como unidade estrutural comum em corantes, agrotóxicos e fertilizantes (CHOHAN, et al. 2004; KRUG & HILGEROTH, 2008). Alguns exemplos de derivados indólicos e suas atividades terapêuticas estão ilustradas na

FIGURA 13.

Figura 13: Alguns derivados da isatina (1) e suas propriedades terapêuticas.

1.2. ASPECTOSGERAISSOBREASHIDRAZONAS

As hidrazonas (14) são moléculas orgânicas que apresentam estrutura –C=N–N–, e podem ser obtidas, normalmente, pela condensação de substâncias

carboniladas – como aldeídos, cetonas, isatinas – com hidrazina (UPPAL et al., 2011; GUIMARÃES et al., 2017). Na Estrutura das hidrazonas, a dupla ligação C=N está conjugada com o par de elétrons livre do átomo de nitrogênio. Ambos átomos de nitrogênio da estrutura possuem caráter nucleofílico e o átomo de carbono apresenta tanto caráter nucleofílico quanto eletrofílico (COREY & ENDERS, 1976; RAHMAT et al., 2012). A presença da dupla ligação C=N é importante no desenvolvimento de medicamentos pois podem atuar como ligantes para complexos metálicos ou estarem presentes na catálise orgânica (RAHMAT et al., 2012). Os derivados hidrazônicos vem sendo estudados por possuírem propriedades terapêuticas, tais como antiturbeculose (OZDEMIR et al., 2010), anti-inflamatória, analgésica, antimicrobiana (VERMA et al., 2013), anticonvulsivante (KUMAR et al., 2014), antiviral (YANG, 2018) dentre outras.

(27)

26

Alguns derivados hidrazônicos e suas atividades terapêuticas estão ilustradas na

FIGURA 14.

Figura 14: Alguns derivados hidrazônicos e suas propriedades terapêuticas.

A partir do exposto, nota-se que a comunidade científica vem realizando um expressivo trabalho acerca do estudo do núcleo isatínico e de derivados hidrazônicos devido a sua grande versatilidade sintética, o que permite a obtenção de um amplo espectro de substâncias com diferentes atividades terapêuticas. Dentre atividade que estas famílias de substâncias podem apresentar, a potencial atividade antineoplásica, objetivando desenvolvimento de fármacos para o tratamento contra o câncer, tem apresentado maior notoriedade mostrando-se como uma área promissora de estudo.

2. JUSTIFICATIVA

Por todos os aspectos apresentados, observa-se que a isatina – seus derivados – e as hidrazonas destacam-se dentre a variedade de moléculas bioativas com potencial aplicabilidade no combate ao câncer. Além disso, os efeitos colaterais existentes nas atuais formas de tratamento desta doença e as particularidades inerentes a cada tipo de tumor se mostram como um desafio a ser superado. Somados à resistência que as células cancerígenas desenvolvem aos medicamentos

(28)

27

quimioterápicos, esses fatores incentivam a pesquisa para o desenvolvimento de novas moléculas potencialmente ativas e seletivas.

Diante deste cenário e tendo em vista que diversos autores têm voltado seus estudos para investigar as propriedades destas moléculas devido às atividades terapêuticas que apresentam, este trabalho visa a obtenção de uma família de 1H-3-(2-fenilidrazona)-indolin-2-ona (29a-e) a partir da técnica de hibridação molecular entre a isatina e fenilidrazinas (ESQUEMA 2).

Esquema 2: Planejamento da síntese dos derivados fenilidrazônicos 29a-e da isatina.

3. OBJETIVOS

Planejamento, síntese e caracterização estrutural por meio da técnica de espectroscopia na região do infravermelho da família de 1H-3-(2-fenilidrazona)-indolin-2-ona devidamente substituídas 29a-e (FIGURA 15), com potencial atividade

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28

anticâncer, via reação de adição nucleofílica à carbonila entre isatina e diferentes fenilidrazinas 30a-e.

Figura 15: Derivados fenilidrazônicos da isatina que foram sintetizados.

4. CONSIDERAÇÕES SOBRE REAÇÃO DE ADIÇÃO NUCLEOFÍLICA À

CARBONILA

4.1. REATIVIDADERELATIVADESUBSTÂNCIASCARBONILADAS

A carbonila (C=O) é um grupamento polar devido a maior eletronegatividade do oxigênio que desloca para si a nuvem eletrônica da ligação. Assim, o átomo de oxigênio apresenta carga parcial negativa e o carbono, carga parcial positiva, o que o torna um eletrófilo suscetível à ataques de nucleófilos (BRUICE, 2004). Além disso, a geometria trigonal planar do grupamento, facilita o ataque tanto por cima quanto por baixo do plano de geometria, como ilustrado na FIGURA 16 (SOLOMONS, 2011).

Figura 16: Ataque nucleofílico à carbonila.

A reatividade das substâncias carboniladas está diretamente ligada à deficiência de elétrons do carbono da carbonila. Quanto mais deficiente, ou seja, maior a carga positiva, mais reativo será frente ao ataque nucleofílico, e quanto menor essa deficiência de elétrons, isto é, menor a carga positiva, menor será sua reatividade (BRUICE, 2004). Além de fatores eletrônicos, a reatividade desse grupamento

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29

também está ligada à fatores estéricos. A depender do grupamento ligado ao carbono da carbonila, pode haver ou não dificuldade do ataque nucleofílico devido a um possível impedimento estérico (SOLOMONS, 2011)

Há substâncias carboniladas que possuem, em um dos átomos ligados ao grupo carbonílico, um par de elétrons que pode ser compartilhado por ressonância, diminuindo, assim, a deficiência eletrônica no carbono da carbonila. Nestes casos, a intensidade do efeito da ressonância e, por sua vez, a reatividade de tais compostos, pode ser associada à basicidade desse átomo ligado ao carbono carbonílico (Y-).

Quanto mais fraca for a base, mais reativo é o grupo carbonílico, já que tais bases possuem menor capacidade de doar elétrons por ressonância e, em contrapartida, maior capacidade de retirar elétrons do carbono carbonílico por indução (BRUICE, 2004) Este fenômeno está ilustrado na FIGURA 17.

Figura 17: Ressonância devido ao par de elétrons presente no átomo ligado ao carbono carbonílico.

Dentre as substâncias carboniladas, aldeídos e cetonas, por não possuírem um átomo ligado ao carbono da carbonila com elétrons disponíveis para ressonância, são menos reativos, se comparados às substâncias carboniladas na qual Y- é uma

base fraca, mas são mais reativos que aquelas cujo Y- é uma base forte (BRUICE,

2004). A reatividades relativas de substâncias carboniladas diante de nucleófilos segue a sequência:

haleto de acila > anidrido de ácido > aldeído > cetona > éster ~ ácido carboxílico > amida > íon carboxilato.

4.2. REAÇÕESENVOLVENDOCETONA

Diferente de outros grupos carbonilados que sofrem reações de substituição nucleofílica, as cetonas reagem com nucleófilos para formar produtos de adição. Portanto, reagem por meio de adição nucleofílica. Como consequência, a adição do

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30

nucleófilo altera a geometria sp2 do carbono da caNH2rbonila para sp3 no produto de

adição (BRUICE, 2004, SOLOMONS, 2011).

A estabilidade do produto de adição está ligada à eletronegatividade do nucleófilo adicionado à estrutura. Um nucleófilo negativo desestabiliza mais o produto tetraédrico de adição visto que já há um átomo negativo ligado ao carbono da carbonila, o oxigênio. Estes são os casos em que no nucleófilo, por exemplo, tem a presença de um nitrogênio. Por outro lado, quando é um carbono nucleofílico, por exemplo, há maior estabilidade do produto de adição devido à baixa eletronegatividade do carbono adicionado. Neste último caso, a reação é denominada de reação nucleofílica de adição e, nos casos de nucleófilos negativos, é denominada reação nucleofílica de adição-eliminação (BRUICE, 2004).

4.3. REAÇÕES DE CETONAS COM NITROGÊNIO NUCLEOFÍLICO: FORMAÇÃODEIMINAS

Dentre os produtos derivados das reações de cetonas envolvendo nitrogênio como nucleófilo, há a formação de uma classe de substâncias chamada imina (31) quando o nucleófilo é uma amina primária (RNH2) (FIGURA 18). As iminas são aminas

primárias que apresentam uma ligação dupla entre carbono e nitrogênio (C=N). Também são comumente conhecidas de Bases de Schiff em referência ao químico alemão Hugo Schiff que estudou várias reações envolvendo compostos carbonilados e aminas (CAREY, 2011).

(32)

31

4.3.1. Derivados de Iminas

Algumas substâncias reagem com compostos carbonilados de forma similar às aminas primárias (32) devido ao fato de possuírem o grupo NH2, gerando, também,

iminas como produtos de adição. São substâncias como a hidroxilamina (33) (NH2OH), a semicarbazida (34) (NH2NHCONH2) e a hidrazina (35) (NH2NH2) e seus

derivados, que, ao reagirem com compostos carbonilados, possuem nomes específicos, são eles, respectivamente, oxima (36), semicarbazona (37) e hidrazona (38). Quando as hidrazinas que reagem são fenil-substituídas, a imina formada é a fenilidrazona (39). As reações de obtenção destes derivados estão ilustradas no ESQUEMA 3 (BRUICE, 2004; CONSTANTINO, 2012).

(33)

32

5. METODOLOGIA

Observando a estrutura das moléculas alvo (29a-e) do presente trabalho, nota-se que a desconexão da ligação C(3)=N leva à identificação das estruturas da isatina (1) e das fenilidrazinas substituídas (30a-e). A retroanálise proposta para a reação está ilustrada no ESQUEMA 4.

Esquema 4: Retroanálise da síntese de obtenção dos derivados 29a-e.

A metodologia empregada na síntese dos derivados fenilidrazônicos da isatina envolveu a reação entre a isatina e diferentes cloridratos de fenilidrazinas, todos de origem comercial, via mecanismo de adição nucleofílica a carbonila, de acordo com adaptações dos procedimentos descritos nos trabalhos de SRIDHAR et al. (2001), KONSTANTINOVIC et al. (2008) e ALMEIDA et al. (2014).

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1. SÍNTESE DA FAMÍLIA 1H-3-(2-FENILIDRAZONA)-INDOLIN-2-ONA 29a-e

Os produtos alvo planejados neste trabalho foram sintetizados por meio de uma única etapa reacional via mecanismo de adição nucleofílica à carbonila cetônica (C(3)) da isatina (1) empregando, como nucleófilos, as fenilidrazinas devidamente substituídas (30a-e). Os reagentes foram solubilizados em etanol absoluto e mantidos sob agitação à temperatura ambiente overnight, conforme mostrado no ESQUEMA 5.

(34)

33

Durante o processo, pôde-se observar mudanças no meio reacional, a coloração da solução foi de vermelho para o amarelo e ocorreu formação de precipitado. Essas mudanças foram um dos indicativos de que a reação estava se processando.

Esquema 5: Reação de síntese dos derivados 29a-e.

No mecanismo, a reação se inicia com o ataque nucleofílico do nitrogênio mais básico (consequentemente mais reativo) da fenilidrazina à carbonila cetônica da isatina, formando um intermediário tetraédrico dipolar 40. O nitrogênio mais básico é o amínico, o mais afastado do anel aromático, visto que o par de elétrons do nitrogênio mais próximo está em ressonância com o anel deixando-o menos disponível para reagir e, consequentemente, tornando-o um nucleófilo mais fraco (base mais fraca). A ressonância mencionada está ilustrada no ESQUEMA 6.

Esquema 6: Estruturas de ressonância da fenilidrazina 29a-e.

Após o ataque nucleofílico, há um prototropismo (transferência de hidrogênio intramolecular) do nitrogênio, carregado positivamente, para o oxigênio, carregado negativamente, reestabelecendo a neutralidade da estrutura 41, que passa a

(35)

34

apresentar uma hidroxila ligada ao carbono do anel de cinco membros. Após a formação da hidroxila na etapa anterior, ocorre a protonação do grupamento –OH pelo etanol (solvente do meio) e o intermediário 42 é formado. Após perda de uma molécula de água, os derivados 29a-e desejados são obtidos. O mecanismo desta reação encontra-se ilustrado no ESQUEMA 7 (McMURRY, 2011).

Esquema 7: Proposta de mecanismos para síntese dos produtos 29a-e.

A reação de adição nucleofílica à carbonila ocorre preferencialmente no carbono C-3 da isatina e não no carbono C-2 pois, frente à nucleófilos, as cetonas são mais reativas do que as amidas. Isso se deve à presença do nitrogênio ligado ao carbono da carbonila que a torna menos eletrofílica devido à ressonância do par de

(36)

35

elétrons livre do nitrogênio com o carbono C-2, deixando-a menos disponível para o ataque nucleofílico. Isso pode ser verificado pela estrutura de ressonância da isatina no ESQUEMA 8.

Esquema 8: Estruturas de ressonância da isatina.

Os produtos 29a-e obtidos pertencem à classe das iminas por apresentarem a ligação C=N. Especificamente neste caso, em que a reação de adição à carbonila cetônica envolveu fenilidrazinas como nucleófilos, os produtos sintetizados são classificados como derivados fenilidrazônicos.

Acompanhou-se o progresso reacional pelo método da cromatografia em camada delgada (CCD) e, ao final da reação, observou-se aparecimento de uma mancha referente ao provável produto, indicando consumo dos reagentes. O eluente empregado nas corridas cromatográficas foi uma mistura de hexano e acetato de etila (1:1).

Após o fim da reação, os sólidos formados foram filtrados e lavados com etanol gelado. Foram obtidos sólidos de coloração amarela cujos pontos de fusão medidos e os rendimentos calculados foram comparados com a literatura para confirmar a obtenção dos produtos 29a-e. Tais dados encontram-se devidamente discutidos nas páginas seguintes dessa monografia. Vale destacar que os pontos de fusão encontrados para os derivados 29a-e foram valores relativamente altos (entre 184 – 296 ºC), fato que pode ser atribuído à presença de elementos eletronegativos na estrutura, levando à formação de ligações de hidrogênio intermoleculares, interações estas mais fortes e que requerem temperaturas mais elevadas para seu rompimento e completa fusão do sólido.

(37)

36

Os produtos foram submetidos à análise de espectroscopia na região do infravermelho para confirmação de suas estruturas. Os espectros dos cinco derivados sintetizados apresentaram perfil padrão da estrutura base esperada, com bandas em números de onda característicos dos principais grupamentos presentes na molécula e em concordância com espectros encontrados na literatura nos trabalhos de KONSTANTINOVIC et al. (2008), SEFEROGLU et al. (2009), POPP (1969) e ZHENG et al. (2015). A FIGURA 19 exibe os espectros na região do IV de 4000 – 525 cm-1 da isatina

1 e dos derivados sintetizados 29a-e.

Primeiramente, a principal mudança observada a partir dos espectros de IV é o desaparecimento ou redução de intensidade da banda característica de carbonila cetônica, correspondente à vibração da deformação axial do grupo C=O que ocorre em torno de 1720 cm-1, e o aparecimento da banda de iminas, correspondente à

deformação axial do grupo C=N em torno de 1615 cm-1. Essa alteração confirma a

hibridação das estruturas de partida e consequente formação do produto pois é a cetona da carbonila que sofre o ataque nucleofílico e o grupamento C=O é substituído, na estrutura, pelo grupamento C=N, como descrito anteriormente no ESQUEMA 7.

A ausência ou redução da intensidade da banda correspondente à carbonila cetônica evidencia a banda relativa à carbonila amídica, cujo número de onda é em torno de 1680 cm-1 e é sobreposta devido à forte intensidade da banda C=O da

cetona, como observado no espectro da isatina 1. Assim, comparando os espectros, ilustrados na FIGURA 19, dos produtos 29a-e obtidos com o da isatina 1, é possível observar o comportamento descrito e inferir, ainda, que, naqueles em que a banda C=O de cetona permaneceu, o produto está impuro.

Ainda, observando a FIGURA 19, percebe-se alteração no perfil das bandas compreendidas na região entre 1500 cm-1 e 600 cm-1, região que corresponde,

principalmente, às vibrações devido à presença de anel aromático na estrutura. Comparando-se os espectros da isatina 1 e dos produtos 29a-e, observa-se que há um aumento do número de bandas na região em questão, o que é atribuído à inserção de mais um anel aromático na estrutura. As moléculas dos produtos apresentam dois anéis benzênicos enquanto que a isatina 1 possui apenas um.

(38)

37 Figura 19: Espectros IV da isatina 1 e dos produtos 29a-e.

(39)

38

A TABELA 1 mostra os números de onda das principais bandas encontradas nos espectros.

TABELA 1 – Posições e atribuições das bandas nos IVs dos derivados 29a-e e da isatina 1 Modos vibracionais 1 29a 1,2 29b3 29c3 29d4 29e2 Deformação Axial assimétrica N–H de amidas secundárias 3347 3328 3364 3315 3321 3385 3186 3119 3130 3103 3124 3250 Deformação Axial C–H anel aromático 3056 3054 3050 3053 3057 3088 Deformação axial CH3 – – – 2827 2832 – Deformação axial de C≡N aromática – – – – – 2220 Deformação axial C=O de cetonas 1723 – 1719 – – – Deformação axial C=O de amidas 1683 1682 1683 1678 1680 1703 Deformação axial N=C de iminas – 1614 1618 1618 1613 1607 Deformação axial N–H de amidas secundárias 1564 1551 1556 1548 1552 1566 Deformação axial C=C de anel aromático 1615 1596 1591 1588 1592 – 1459 1464 1465 1459 1462 1462 Deformação angular =C–H de anel aromático 885 887 896 898 893 885 671 687 676 671 675 670

1KONSTANTINOVIC et al. (2008); 2SEFEROGLU et al., (2009); 3POPP, (1969); 4ZHENG et al., (2015).

(40)

39

6.1.1. 1H-3-(2-fenilidrazona)-indolin-2-ona 29a

A substância 29a foi sintetizada partindo-se dos reagentes isatina 1 e fenilidrazina 30a. Realizou-se cromatografia em camada delgada – comparando o produto formado com os reagentes de partida – cujo resultado está ilustrado na

FIGURA 20.

Figura 20: Ilustração da CCD realizada para o derivado 1H-3-(2-fenilidrazona)-indolin-2-ona 29a. 1= isatina; 2 = fenilhidrazina; 3 = 1H-3-(2-fenilidrazona)-indolin-2-ona.

A partir de seu espectro de IV, ilustrado na FIGURA 21, observa-se a absorção dos principais grupamentos presentes na estrutura. Nota-se a ausência de banda C=O de cetona e a presença das bandas C=O de amida e C=N de imina.

(41)

40

O ponto de fusão medido para o composto ficou na faixa de 207–210 ºC e o rendimento calculado para a reação foi de 29%. A pesar do produto obtido não ter apresentado impurezas, o rendimento da reação foi baixo se comparado com valores encontrados na literatura, como no trabalho de SEFEROGLU et al. (2009), o que pode estar relacionado ao fato de os reagentes não terem sido purificados antes da síntese além de perdas durante as etapas de síntese. Entretanto, o ponto de fusão apresentou boa proximidade com o descrito pelo autor e colaboradores. Estas informações estão resumidas na TABELA 2.

TABELA 2: Comparação entre os dados experimentais e os da literatura para o composto 29a PONTO DE FUSÃO (ºC) RENDIMENTO

EXPERIMENTAL 207–210 29%

LITERATURAa 207–208 88%

aSEFEROGLU et al., 2009.

6.1.2. 1H-3-(2-(2-clorofenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29b

Para a síntese do composto 29b, partiu-se dos reagentes isatina 1 e cloridrato de 2-cloro-fenilidrazina 30b. A partir da cromatografia realizada, observou-se que ainda havia isatina 1 não reagida no produto. O resultado da CCD está ilustrado na

FIGURA 22.

Figura 22: Ilustração da CCD realizada para o derivado 1H-3-(2-(2-clorofenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29b. 1= isatina; 2 = cloridrato de 2-cloro-fenilhidrazina; 3 =

1H-3-(2-(2-clorofenil)hidrazona)-indolin-2-ona

A caracterização por espectroscopia IV permitiu a identificação dos grupamentos característicos da molécula e, assim, confirmar a obtenção do produto isatina-3-(2-cloro-fenilidrazona) 29b. A partir do espectro (FIGURA 23), é possível

(42)

41

perceber ainda, além das bandas referentes a C=O de amida e C=N de imina, a presença de banda referente à carbonila cetônica, indicando que o produto estava impuro, fato que corrobora com o previamente observado na CCD.

Figura 23: Espectro IV do composto 1H-3-(2-(2-clorofenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29b.

O ponto de fusão não foi considerado para o derivado 29b devido ao fato deste estar impuro. Neste caso, determinou-se o rendimento bruto, cujo valor foi de 61%, dado bem próximo ao descrito no trabalho de POPP et al. (1969). O rendimento, em comparação com a literatura, está descrito na TABELA 3.

TABELA 3: Comparação entre os dados experimentais e os da literatura para o composto 29b. PONTO DE FUSÃO (ºC) RENDIMENTO

EXPERIMENTAL – 61%

LITERATURAb 269–270 64%

(43)

42

6.1.3. 1H-3-(2-(2-metilfenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29c

A obtenção do composto 1H-3-(2-(2-metilfenil)hidrazona)-indolin-2-ona foi por meio da reação entre isatina 1 e cloridrato de 2-metil-fenilidrazina 30c. Com base na CCD (FIGURA 24), observou-se que todo reagente havia sido consumido na reação devido à ausência de manchas referentes a eles no produto.

Figura 24: Ilustração da CCD realizada para o composto indolin-2-ona 29c. 1= isatina; 2 = cloridrato de 2-metil-fenilhidrazina; 3 = 1H-3-(2-(2-metilfenil)hidrazindolin-2-ona)-

1H-3-(2-(2-metilfenil)hidrazona)-indolin-2-ona

Também foi possível observar, a partir de seu espectro IV (FIGURA 25), as bandas características dos grupos funcionais presentes na estrutura, em específico, banda referente à CH3.

(44)

43

Determinou-se o ponto de fusão, na faixa de 233–236 ºC, e o rendimento calculado foi de 49%. Os dados obtidos em comparação com a literatura estão descritos na TABELA 4, a partir da qual se observa boa concordância com os dados encontrados no trabalho de POPP et al. (1969) para o ponto de fusão, mas um baixo rendimento em relação ao esperado, o que pode ser atribuído à impureza dos reagentes e à perda de material ao longo do procedimento.

TABELA 4: Comparação entre os dados experimentais e os da literatura para o composto 29c PONTO DE FUSÃO (ºC) RENDIMENTO

EXPERIMENTAL 233–236 49%

LITERATURAc 241–242 93%

cPOPP, 1969.

6.1.4. 1H-3-(2-(4-metoxifenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29d

O composto 29d foi obtido a partir dos reagentes isatina 1 e cloridrato de 4-metoxi-fenilhidrazina 30d. A CCD (FIGURA 26) revelou que não havia outras manchas juntamente com a referente ao produto obtido 29d.

Figura 26: Ilustração da CCD realizada para o composto indolin-2-ona 29d. 1= isatina; 2 = cloridrato de 4-metoxi-fenilhidrazina; 3 = 1H-3-(2-(4-metoxifenil)hidrazindolin-2-ona)-

1H-3-(2-(4-metoxifenil)hidrazona)-indolin-2-ona.

Por meio do espectro IV (FIGURA 27), percebeu-se as bandas nos números de onda característicos dos grupamentos funcionais presentes na estrutura, como a deformação axial CH3, presente no grupamento –OCH3. O ponto de fusão ficou na

faixa de 184–187 ºC e o rendimento foi de 27%. O baixo rendimento pode ser atribuído a perdas durante procedimento e impurezas presentes nos reagentes, que não foram

(45)

44

purificados previamente. A TABELA 5 descreve os dados obtidos em comparação com os encontrados em ZHENG et al. (2015).

Figura 27: Espectro IV do composto 1H-3-(2-(4-metoxifenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29d.

TABELA 5: Comparação entre os dados experimentais e os da literatura para o composto 29d PONTO DE FUSÃO (ºC) RENDIMENTO

EXPERIMENTAL 184–187 27%

LITERATURAd 185–187 85%

dZHENG et al., 2015.

6.1.5. 1H-3-(2-(4-cianofenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29e

Partindo-se dos reagentes isatina 1 e cloridrato de 4-ciano-fenilhidrazina 30e, obteve-se o produto 1H-3-(2-(4-cianofenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29e. O resultado da CCD realizada está ilustrado na FIGURA 28.

(46)

45 Figura 28: Ilustração da CCD realizada para o composto

indolin-2-ona 29e. 1= isatina; 2 = cloridrato de 4-ciano-fenilhidrazina; 3 = 1H-3-(2-(4-cianofenil)hidrazindolin-2-ona)- 1H-3-(2-(4-cianofenil)hidrazona)-indolin-2-ona.

Em seu espectro (FIGURA 29), foram observadas as bandas referentes aos principais grupamentos da molécula e a banda relativa à deformação axial de nitrilas aromáticas, C≡N.

(47)

46

O ponto de fusão determinado ficou na faixa de 293–296 ºC e o rendimento obtido foi de 43%. Estes dados, assim como os encontrados na literatura no trabalho de SEFEROGLU et al. (2009), estão descritos na TABELA 6.

TABELA 6: Comparação entre os dados experimentais e os da literatura para o composto 29e PONTO DE FUSÃO (ºC) RENDIMENTO

EXPERIMENTAL 293–296 43%

LITERATURAe 288–290 85%

eSEFEROGLU et al., 2009.

7. CONCLUSÃO

A metodologia proposta para síntese dos derivados 1H-3-(2-(fenilidrazona)-indolin-2-ona 29a, clorofenil)hidrazona)-1H-3-(2-(fenilidrazona)-indolin-2-ona 29b, 1H-3-(2-(2-metilfenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29c, 1H-3-(2-(4-metoxifenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29d e 1H-3-(2-(4-cianofenil)hidraz1H-3-(2-(4-metoxifenil)hidrazona)-indolin-2-ona)-indolin-2-1H-3-(2-(4-metoxifenil)hidrazona)-indolin-2-ona 29e mostrou-se viável, apesar do baixo rendimento para os produtos 29a, 29c, 29d e 29e. Portanto, a metodologia proposta requer otimizações, principalmente no que diz respeito ao isolamento e purificação. Na etapa de solubilização dos reagentes, por exemplo, pode ser empregado aquecimento brando para garantir completa dissolução e, assim, aumentar o rendimento. Além disso, utilizar cromatografia em coluna como método de purificação para melhor pureza dos produtos. As substâncias alvo foram sintetizadas a partir da reação de adição nucleofílica à carbonila. As estruturas foram elucidadas por espectroscopia na região do infravermelho e as principais bandas de absorção foram devidamente caracterizadas. Com as informações obtidas por meio da análise de IV, juntamente com os pontos de fusão medidos, foi possível concluir que os derivados isatínicos planejados foram obtidos.

Como perspectivas futuras para continuação deste trabalho, outras análises de caracterização se mostram importantes para contribuir com a elucidação estrutural e características dos derivados obtidos, como espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN) e espectrometria de massas (MS). Além disso, realizar

(48)

47

análises com objetivo de avaliar a atividade terapêutica dos derivados sintetizados frente a diferentes linhagens de células cancerígenas.

8. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

O procedimento de síntese dos derivados 29a-e consistiu em reagir quantidades equimolares de isatina e os cloridratos de fenilidrazina devidamente substituídos em etanol absoluto como solvente. A mistura reacional foi mantida sob agitação à temperatura ambiente até observação da formação de precipitado de coloração amarela. Para o monitoramento do progresso reacional, foi utilizando o método de Cromatografia em Camada Delgada (CCD). Para tal, foram utilizadas cromatofolhas de gel sílica empregando-se como eluente mistura volume a volume (v/v) de hexano e acetato de etila na proporção 1:1 e revelação na região do ultravioleta em 254nm para visualização das placas. O esquema reacional da síntese é mostrado no ESQUEMA 9.

Esquema 9: Esquema reacional da síntese.

As vidrarias e materiais utilizados para a síntese estão ilustrados na FIGURA

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48 Figura 30: Esquema da aparelhagem e vidrarias utilizados.

As estruturas dos derivados sintetizados foram determinadas empregando-se o método instrumental de Espectroscopia na região do Infravermelho (IV). A espectroscopia no IV possibilita a identificação dos grupos funcionais presente na molécula. A absorção de frequência de radiação pelas ligações covalentes existentes no composto resulta em bandas características decorrentes dos modos vibracionais específicos de cada grupo funcional. Os espectros foram obtidos pelo Espectrofotômetro de Infravermelho Nicolet iS50 FT-IR da marca Thermo Fisher Scientific, nas regiões IV MID, compreendida entre 4000 – 525 cm-1 e com e 16 scans.

Os valores para as absorções estão expressos em número de onda, utilizando-se como unidade o centímetro recíproco (cm-1).

A determinação do ponto de fusão foi empregada como mais uma forma de confirmar a obtenção de uma substância por se tratar, a uma determinada pressão, de um valor característico, possibilitando, também, avaliar seu grau de pureza. As determinações dos pontos de fusão foram efetuadas através do método do tubo capilar utilizando o equipamento da marca Fisatom, modelo 430D, série 209219, com 60 W de potência e leitura digital da temperatura.

8.1. SÍNTESE DOS DERIVADOS 29a-e

Em um balão de fundo redondo de 250 mL, foram adicionados 0,200g (1,36 mmol) de isatina, 0,147g (1,36 mmol) de fenilidrazina, ou 0,194g (1,36mmol) de cloridrato de 2-cloro-fenilidrazina, ou 0,166g (1,36 mmol) de cloridrato de

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2-metil-49

fenilidrazina, ou 0,188g (1,36 mmol) de cloridrato de 4-metoxi-fenilidrazina, ou 0,181g (1,36 mmol) de cloridrato de 4-ciano-fenilidrazina, solubilizados em 15 mL de etanol absoluto P.A. A reação foi mantida sob agitação à temperatura ambiente por 12 – 18h (overnight). O progresso reacional foi monitorado por CCD e ao final da reação observou-se aparecimento de uma mancha referente ao provável produto, indicando consumo dos reagentes. Em seguida, filtrou-se os precipitados amarelos formados na reação, lavando-os com etanol gelado.

1H-3-(2-FENILIDRAZONA)-INDOLIN-2-ONA 29a

A substância 29a foi obtida como cristais de coloração amarela, com ponto de fusão na faixa de 206-210 ºC e rendimento de 24%.

IV  (cm-1): 1614 (C=N), 1682 (C=O), 3054 (C–H), 3119 e 3328 (N–H).

1H-3-(2-(2-CLOROFENIL)HIDRAZONA)-INDOLIN-2-ONA29b

A substância 29b foi obtida como um sólido de coloração amarela, com ponto de fusão na faixa de 266-269 ºC e rendimento de 61%.

IV  (cm-1): 1618(C=N), 1682 (C=O), 3050 (C–H), 3130

e 3364 (N–H).

1H-3-(2-(2-METILFENIL)HIDRAZONA)-INDOLIN-2-ONA 29c

A substância 29c foi sintetizada como cristais de coloração amarela, com ponto de fusão na faixa de 232– 236ºC e rendimento de 49%.

IV  (cm-1): 1618(C=N), 1677 (C=O), 2827 (CH3), 3053

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50 1H-3-(2-(4-METOXIFENIL)HIDRAZONA)-INDOLIN-2-ONA 29d

A substância 29d foi sintetizada como sólido amarelo, com ponto de fusão na faixa de 184-187 ºC, rendimento de 27%. IV  (cm-1): 1613 (C=N), 1680 (C=O), 2832 (CH 3), 3057 (C–H), 3124 e 3321 (N–H). 1H-3-(2-(4-CIANOFENIL)HIDRAZONA)-INDOLIN-2-ONA29e

A substância 29a foi obtida como cristais de coloração amarela, com ponto de fusão na faixa de 292–296 ºC, rendimento de 43%.

IV  (cm-1): 1607 (C=N), 1703 (C=O), 2220 (C≡N), 3088 (C–H), 3250 e 3385 (N–H).

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51 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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