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Associação das enxurradas contingenciais com as doenças de veiculação hídrica no município de Florianópolis

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Academic year: 2021

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LUANA DA SILVA DA SILVEIRA MARIA EDUARDA KRETZER SILVA

ASSOCIAÇÃO DAS ENXURRADAS CONTINGENCIAIS COM AS DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA NO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS

Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado como requisito parcial ao grau de enfermeira e aprovado em sua forma final pelo Curso de Enfermagem, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 25 de novembro de 2019.

____________________________________________________________ Prof. e orientador, Áureo dos Santos, Dr.

Universidade do Sul de Santa Catarina

____________________________________________________________ Prof. Ilse Lisiane Viertel Vieira, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________________ Prof. Gabriel Cremona Parma, Dr.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________________ Prof. Anelise Leal Vieira Cubas, Dra.

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ASSOCIAÇÃO DAS ENXURRADAS CONTINGENCIAIS COM AS DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA NO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS

ASSOCIATION OF CONTINGENTIAL RINSES WITH WATER DISEASE DISEASES IN THE FLORIANOPOLIS CITY

Luana da Silva da Silveira¹ Maria Eduarda Kretzer Silva2

Áureo dos Santos3

______________________

1Discente do Curso de Enfermagem. Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL -

Campus Pedra Branca - Palhoça (SC) Brasil. E-mail: luanasilva174@gmail.com

2Discente do Curso de Enfermagem. Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL -

Campus Pedra Branca - Palhoça (SC) Brasil. E-mail: dudakretzer@hotmail.com

3Enfermeiro. Doutor em Engenharia de Produção e sistemas. Docente do curso de

Graduação em Enfermagem. Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL - Campus Pedra Branca - Palhoça (SC) Brasil. E-mail: aureods@gmail.com

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RESUMO

Introdução: Ao ocorrer uma enxurrada, que seria um escoamento superficial concentrado e com alta vazão de transporte, que pode estar ou não associado ao domínio fluvial, a população se torna suscetível a ser contaminada por doenças de veiculação hídrica. As doenças de veiculação hídrica se caracterizam como aquelas transmitidas por águas contaminadas ou não tratadas. Objetivo: Analisar a associação entre as enxurradas contingenciais com as doenças de veiculação hídrica no município de Florianópolis. Método: Estudo ecológico, realizado no município de Florianópolis. Dados coletados a partir de bases secundárias. Dados analisados pelo Microsoft Excel, aonde foram feitas contabilizações de espaço atingidos pelas enxurradas, as doenças de veiculação hídrica juntamente com seu período de incubação. Resultados: Muito embora existam autores que infiram ao contrário, os resultados encontrados neste estudo apontam para a não existência de uma associação entre as enxurradas contingenciais e o aumento da incidência de doenças de veiculação hídrica, com especial atenção para as doenças diarreicas, leptospirose e hepatite A. Conclusão: Conclui-se com este estudo, até que outros afirmem ao contrário, que não existe associação entre enxurradas contingenciais e doenças de veiculação hídrica no município de Florianópolis, com destaque para Doenças Diarreicas, Leptospirose e Hepatite A.

Palavras-chave: Enxurradas, Doenças de veiculação hídrica, Associação. ABSTRACT

Introduction: When a flash flood occurs, the population becomes susceptible to being contaminated by waterborne diseases. Waterborne diseases are characterized as those transmitted by contaminated or untreated waters. Objective: To analyze the correlation between contingent floods and waterborne diseases in Florianópolis. Method: Ecological study, carried out in Florianópolis. Data collected from secondary databases. Data analyzed by Microsoft Excel. Results: Although there are authors who infer the opposite, the results found in this study indicate that there is no correlation between contingent floods and the increased incidence of waterborne diseases, with special attention to diarrheal diseases, leptospirosis and hepatitis A. Conclusion: It is concluded with this study, until others affirm to the contrary, that there is no correlation between contingent runoff and waterborne diseases in the city of Florianópolis, with emphasis on Diarrheal Diseases, Leptospirosis and Hepatitis A.

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INTRODUÇÃO

A água é um elemento essencial para a existência dos seres vivos, porém com a insuficiência de saneamento básico adequado presente no mundo, acaba sendo degradada, impactando o meio ambiente e causando riscos à saúde da população, ou seja, a condição da água influência na qualidade de vida dos usuários (MARTINS, 2017).

A enxurrada pode ser identificada pelo escoamento superficial concentrado e com alta vazão de transporte, que pode estar ou não associado ao domínio fluvial em curto tempo. Ela é provocada devido a chuvas intensas e concentradas. Ou seja, seria uma quantidade elevada de água que corre com violência, resultante de chuvas abundantes. As enxurradas podem ocorrer dentre minutos, em locais onde os bueiros e tubulações não possuem capacidade para escoar toda a água da chuva (BRASIL, 2016).

Sabe-se que o próprio ser humano interfere no meio ambiente, seja por não realizar o descarte correto dos esgotos e escoar o mesmo na natureza, ou dispondo os resíduos sólidos de forma inadequada, em más condições, com isso ao ocorrer uma enxurrada acaba misturando-se com o esgoto exposto na natureza, e os resíduos sólidos podem levar ao entupimento dos bueiros levando a alagamento em áreas que normalmente a água não atingiria, tornando assim a população suscetível a certas doenças que são transmitidas através da água contaminada (ALENCAR, et al. 2012).

Nesse compasso, as doenças de veiculação hídrica se caracterizam como as doenças que mais são transmitidas pelas águas contaminadas ou não tratadas. Doenças causadas por bactérias, fungos, vírus, protozoários e helmintos. Elas atingem principalmente o sistema digestivo do homem e são consideradas um problema de saúde pública. (BURGOS, 2014).

Dentre os tipos de doenças que podem ser transmitidas pela água, as mais comuns e mais notificadas são: hepatite A, que tem seu período de incubação variando de 15 a 50 dias, com média de 30 dias; a leptospirose, que apresenta o período de incubação de 1 a 30 dias, sendo mais comum entre 7 à 14 dias após a exposição do indivíduo; e as doenças diarreicas com período de incubação que varia de acordo com o agente etiológico causador, sendo em média de 1 a 14 dias. (VIEIRA, 2016; BRASIL, 2005; BRASIL, 2017a; BRASIL, 2018a).

Sabe-se que a falta de saneamento básico tem sido associada ao aparecimento de doenças de veiculação hídrica, e todos os anos um contingente de 361 mil crianças com menos de 5 anos morrem devido à diarreia no mundo. (WHO, 2017).

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do que se estima, sendo que mais de 1 milhão de novos casos/ano são notificados com aproximadamente 59 mil mortes (COSTA et al. 2015). Estudo realizado no ano de 2014 aponta que mundialmente, cerca de 1,4 milhão de pessoas são infectadas pelo vírus da hepatite A anualmente (WHO, 2014). No Brasil, no ano de 2017 foram constatados 2.788 casos confirmados e 231 óbitos por leptospirose (BRASIL, 2018b). Já na doença diarreica

(DDA), em pessoas maiores de 10 anos, foram notificados 2.835.411 eventos de DDA no ano de 2016 e no ano seguinte, 2017, foram computados 114.079 casos a mais. (BRASIL, 2017c).

Em Santa Catarina, o número de casos confirmados de leptospirose foi de 357, com 8 óbitos, no ano de 2016. Em 2017, confirmaram-se 296 casos, com 12 mortes (BRASIL, 2017d; BRASIL, 2018b). Já no ano de 2016, a taxa de incidência de casos

notificados da hepatite A em Florianópolis/SC foi de 1,3. Sendo 0,6 casos por 100 mil habitantes. Entretanto a região sul, abrange 15,5% dos casos do país respectivamente (BRASIL, 2017b).

Quanto a doença diarreica, o registro de ocorrências realizadas devido a DDA no ano de 2015, mostra que houve 133.437 casos de diarreia em Santa Catarina, sendo que nos meses de calor a incidência dos casos aumentam 100%, tendo como exemplo os meses de janeiro com 16.187 de casos registrado e em agosto com 7.449 (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2016).

Decorrente do exposto, tem-se como pergunta de pesquisa: existe associação entre as enxurradas contingenciais com as doenças de veiculação hídrica (doenças diarreicas, leptospirose e hepatite A) no município de Florianópolis?

MÉTODO

Trata-se de um estudo exploratório, de natureza observacional de tipo ecológico, com abordagem quantitativa com análise de espaço temporal e retrospectivo. O presente estudo foi realizado no município de Florianópolis. A cidade possui uma população de 485.838 habitantes, de acordo com as estimativas de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017). Sua área total compreende a parte continental e a insular, sendo 675,410 km2.

Em se tratando de um estudo ecológico de levantamento de dados em bases secundárias este estudo incluirá todas as informações disponíveis nos bancos de dados.

O caminho metodológico percorrido neste estudo teve como primeiro procedimento o cruzamento realizado entre os bancos de dados de base secundária, esse gerenciamento, contabilizou as doenças registradas dentro do período de incubação logo

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após cada enxurrada, e fora do período de incubação. Dados obtidos dos órgãos estaduais e municipais, como: Divisão de Vigilância Epidemiológica de Florianópolis (DIVE) aonde forneceram dados de pessoas acometidas pelas doenças de veiculação hídrica, doença diarreica, leptospirose e hepatite A. Defesa Civil de Florianópolis, Defesa Civil do Estado de Santa Catarina, dados sobre o levantamento das enxurradas ocorridas. E Epagri Ciram do Estado de Santa Catarina, que nos forneceu dados sobre o volume registrado das enxurradas. O cruzamento dos dados permitiu contabilizar 3 doenças de veiculação hídrica adotadas neste estudo, diagnosticadas nas Unidades Básicas de Saúde – UBSs e Unidades de Pronto Atendimento – UPAs Norte e Sul, dentro do período de incubação específico, para cada doença (Doenças Diarreicas, Leptospirose e Hepatite A) nos anos de 2016 e 2017. O segundo procedimento metodológico insere a análise dos dados, que se deu a partir de análises numéricas realizadas no Microsoft Excel, utilizando comando de banco de dados e consultas a banco de dados construídos. Para os casos das doenças diagnosticadas “fora do período de incubação”, foram padronizados temporalmente com o mesmo tempo do período de incubação de cada uma das 3 doenças, a efeito de poder compará-los com os casos registrados “dentro do período de incubação”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentro dos dados obtidos e analisados, podemos apresentar em forma de tabela e descrição.

Tabela 1 – Associação entre Enxurradas e Doenças Diarreicas diagnosticadas pelas UBSs e UPAs de Florianópolis, dentro e fora do período de incubação, nos anos de 2016 e 2017.

Bairro de moradia Totais Absolut os de casos No Período de incubação (PI) Quantidade Absoluta no PI Fora do Período de incubação por PI Quantidade relativa ao PI Chances da doença pela enxurrada em relação ao PI (%) Chances relacionadas com os casos de doença fora/dentro do PI Agronômica 548 15 38 39 1,5 Armação 359 14 19 74 0,4 Barra da Lagoa 362 10 31 32 2,1

Cachoeira do Bom Jesus 1085 41 104 39 1,5

Campeche 1537 71 141 50 1,0

Canasvieiras 1241 31 120 26 2,9

Carianos 551 10 21 48 1,1

Centro 852 58 80 38 1,6

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Fonte: Elaboração dos autores, 2019.

Na Tabela 1, observa-se 28 bairros acometidos com enxurradas contingenciais, bem como, com o registro de Doenças Diarreicas, no período entre 2016 e 2017. Nesse período, 11 bairros apresentam uma porcentagem acima de 50% de chances de ocorrer a doença diarreica dentro do período de incubação (de 1 a 14 dias), após a data da enxurrada. Em ordem decrescente, os bairros com as maiores chances são: Santinho (200%); Vargem Pequena (100%); Tapera (85%); Sambaqui e Ratones (83%); Morro das Pedras (80%); Saco Grande (78%); Rio Vermelho (75%); Armação (74%); Ponta das Canas (57%); Campeche (50%). Assim, é possível inferir que nos bairros Santinho e Vargem Pequena os casos ocorridos dentro do período de incubação se sobressaíram aos casos fora do período de incubação, sendo 2 casos dentro do período de incubação e 1 caso fora do período de incubação no bairro Santinho. Já o bairro Vargem Pequena apresentou a mesma proporção, sendo 4 casos dentro do período de incubação e 4 casos fora do período de incubação.

Estudos mostram uma associação entre enxurradas e doenças de veiculação hídrica. Eles apontam que períodos de fortes chuvas tem evidenciado um aumento no risco de estar se contaminando com as doenças de veiculação, tanto diarreias agudas, leptospirose e hepatite A (DIVE,2018). Cabe ressaltar que, decorrente das fortes chuvas, pode ocorrer tanto enxurrada contingencial quanto inundação e alagamento, cada qual com sua dinâmica. Este estudo abordou tão somente as enxurradas contingenciais.

Córrego Grande 255 6 15 40 1,5 Costeira do Pirajubaé 808 23 60 38 1,6 Ingleses 3219 101 333 30 2,3 Itacorubi 424 7 35 20 4,0 Jardim Atlântico 311 6 21 29 2,5 Jurerê 143 1 5 20 4,0 Lagoa da Conceição 821 12 32 38 1,7

Morro das Pedras 278 12 15 80 0,3

Ponta das Canas 351 16 28 57 0,8

Ratones 338 10 12 83 0,2

Rio Vermelho 125 9 12 75 0,3

Saco Grande 1075 45 58 78 0,3

Sambaqui 124 5 6 83 0,2

Santinho 20 2 1 200 -0,5

Santo Antônio de Lisboa 295 5 11 45 1,2

Tapera 1361 64 75 85 0,2

Vargem Pequena 114 4 4 100 0,0

Vargem Grande 839 39 95 41 1,4

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Determinados estudos apontam a existência de uma associação entre enxurradas e doenças diarreicas. Nesse compasso, segundo Façanha (2005), confirma um aumento dos casos de doenças diarreicas após períodos de pluviosidade, podendo ser associado a ingesta de água de locais não habituais, onde pode haver contaminação do lençol freático ou circulação de outros agentes etiológicos.

Silva (2016), ressalta que após a ocorrência de chuvas de forte intensidade terem acometido o município de Barreiras, no estado da Bahia, o mesmo trouxe altos prejuízos econômicos e desenvolveu doenças de veiculação hídrica, principalmente leptospirose e malária e houve um aumento considerável nos atendimentos das UBSs, sendo que as doenças mais notificadas foram: rotavírus, doenças diarreicas e infecções respiratórias.

Apesar de estudos apresentarem associação entre enxurradas e doenças de veiculação hídrica, este estudo não demonstrou essa relação. Assim, também constatou Portella (2013), em Campina Grande-PB nos anos de 2006 a 2008, cujo estudo realizado não apresentou associação entre as doenças diarreicas e a pluviosidade. Nesse sentido, acredita-se que o fato de não existir uma associação possa ser devido a cidade de Campina Grande-PB apresentar um elevado índice de famílias com provimento de saneamento básico, com ênfase para o esgotamento sanitário.

Gráfico 1 – Chances relacionadas com os casos de doença fora/dentro do PI

Fonte: Elaboração dos autores, 2019.

No Gráfico 1, observa-se quantas vezes mais existe a chance de ocorrer casos de doenças diarreicas fora do período das enxurradas do que dentro do período das enxurradas. Nota-se que os bairros de Jurerê e Itacorubi apresentaram um total de 4 vezes mais casos de doenças diarreicas fora do período de enxurradas do que dentro. Por outro lado, o bairro Santinho apresentou resultado de -0,5 de chance de ocorrer fora do período

1,5 0,4 2,1 1,5 1,0 2,9 1,11,6 3,3 1,5 1,6 2,3 4,0 2,5 4,0 1,7 0,30,80,2 0,3 0,3 0,2 -0,5 1,2 0,2 0,0 1,4 1,6 -1,0 -0,50,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 A gr o nô m ic a A rm açã o B ar ra da L ag o a C achoe ir a do … C am pec he C an as vi ei ra s C ar ianos C ent ro C o qu ei ro s C ó rr eg o G ra nd e C o stei ra do … In gl es es It ac o ru bi Ja rdi m A tl ân ti co Jur er ê La go a da … Mo rr o da s… P o nta da s C ana s R at o nes R io V er m el ho Saco G ran de Sam ba qui San ti nho San to A ntô ni o … Tap er a V ar ge m P equena V ar ge m G ran de V ar ge m do …

Chances relacionadas com os casos de doença fora/dentro do PI

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de enxurrada. O bairro Vargem Pequena apresentou resultado de 0, significando que possui as mesmas chances de ocorrer a doença diarreica tanto fora quanto dentro do período de enxurradas.

Tabela 2 - Associação entre Enxurradas e Leptospirose diagnosticadas pelas UBSs e UPAs de Florianópolis, dentro e fora do período de incubação, nos anos de 2016 e 2017.

Bairro de moradia Totais Absolutos de casos No Período de incubação (PI) Quantidade Absoluta no PI Fora do Período de incubação por PI Quantidade relativa ao PI Agronômica 3 0 3

Cachoeira do Bom Jesus 1 0 1

Campeche 2 0 2 Canasvieiras 1 0 1 Carianos 1 0 1 Centro 3 0 3 Itacorubi 2 0 2 Lagoa da Conceição 2 0 2

Morro das Pedras 1 0 1

Pantanal 1 0 1

Saco dos Limões 3 0 3

Saco Grande 1 0 1

Santo Antônio de Lisboa 1 0 1

Vargem do Bom Jesus 1 0 1

Vargem Grande 1 0 1

Fonte: Elaboração dos autores, 2019.

Tabela 3 - Associação entre Enxurradas e Hepatite A diagnosticadas pelas UBSs e UPAs de Florianópolis, dentro e fora do período de incubação, nos anos de 2016 e 2017.

Bairro de moradia Totais Absolutos de casos No Período de incubação (PI) Quantidade Absoluta no PI Fora do Período de incubação por PI Quantidade relativa ao PI

Cachoeira do Bom Jesus 2 0 2

Córrego Grande 1 1 0 Itacorubi 1 0 1 Jardim Atlântico 1 0 1 Pantanal 1 0 1 Rio Vermelho 1 0 1 Vargem Grande 1 0 1

Fonte: Elaboração dos autores, 2019.

Com relação às doenças leptospirose e hepatite A, muito embora existam estudos que revelem a existência de uma possível associação entre as enxurradas e as referidas

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doenças, este estudo também mostrou a não existência de associação minimamente significativa. Em contraponto, Moreira (2019) mostra que apesar de existir uma relevância entre saneamento básico e leptospirose, existe uma forte associação entre o número de casos de leptospirose notificados e a precipitação acumulada mensal.

Para Guimarães (2014) os casos de leptospirose estão relacionados com o período de chuva no verão, uma vez que com o volume de água aumentado a Leptospira é veiculada de forma mais rápida pelo contato com as águas de inundações urbanas. Magalhães (2009) ressalta que houve variações nos números de casos de leptospirose nos anos de 2004 a 2007, porém não se pode afirmar que essas variações foram apenas devido aos índices de chuvas, já que a leptospirose é uma doença que se propaga em ambientes onde existam ratos e não unicamente transmissível por veiculação hídrica.

CONCLUSÃO

Segundo os dados analisados, o presente estudo revela que não há uma associação

entre as enxurradas contingenciais e as doenças de veiculação hídrica, no município de Florianópolis, a partir do diagnóstico realizado nas Unidades Básicas de Saúde - UBSs e Unidades de Pronto Atendimento – UPAS, no período estudado entre 2016 e 2017, quando da comparação entre os casos diagnosticados dentro e fora do período de incubação.

Por outro lado, o objetivo geral deste estudo foi plenamente alcançado, uma vez que se analisou a associação entre as enxurradas contingenciais com as doenças de veiculação hídrica no município de Florianópolis.

O presente estudo encontrou limitações ao seu decorrer, sendo citadas elas: número de casos apresentados pelos órgãos estaduais e municipais, o tempo de estudo realizado, notificações das doenças, muito embora muitas pessoas não procurem o atendimento médico quando apresentam uma diarreia, ou seja, o valor recebido talvez não seja tão fidedigno, e principalmente a geografia do município de Florianópolis.

Ressalta-se que outros estudos futuros devam ser realizados com o propósito de ampliar o conhecimento e a compreensão sobre esses fenômenos, uma vez que podem desvelar com maior precisão as associações diretas e indiretas do aumento das doenças de veiculação hídrica e sua relação com a enxurradas, inundações e alagamentos ocorridos em períodos chuvosos.

Por fim, conclui-se com este estudo, até que outros infiram ao contrário, que não existe associação entre as enxurradas contingenciais e doenças de veiculação hídrica no

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município de Florianópolis, com especial atenção para Doenças Diarreicas, Leptospirose e Hepatite A. Eis o desafio que se renova cotidianamente.

REFERÊNCIAS

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Referências

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