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Inovação e desenvolvimento regional no Brasil : indicadores de desempenho e mecanismos de financiamento

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – UFS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA – POSGRAP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA

PROPRIEDADE INTELECTUAL – PPGPI

VANUSA MARIA DE SOUZA

INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO BRASIL:

INDICADORES DE DESEMPENHO E MECANISMOS DE FINANCIAMENTO

São Cristóvão (SE) 2016

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VANUSA MARIA DE SOUZA

INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO BRASIL:

INDICADORES DE DESEMPENHO E MECANISMOS DE FINANCIAMENTO

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Ciência da Propriedade Intelectual, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciência da Propriedade Intelectual.

Orientador: Prof. Dr. José Ricardo de Santana

São Cristóvão (SE) 2016

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

S729i

Souza, Vanusa Maria de

Inovação e desenvolvimento regional no Brasil: indicadores de desempenho e mecanismos de financiamento / Vanusa Maria de Souza; orientador José Ricardo de Santana. – São Cristóvão, 2016.

106 f. : il.

Dissertação (mestrado em Ciência da Propriedade Intelectual) – Universidade Federal de Sergipe, 2016.

1. Propriedade industrial. 2. Inovações tecnológicas - Brasil. 3. Política industrial - Brasil. I. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Brasil). II. FINEP. III. Santana, José Ricardo de, orient. IV. Título.

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VANUSA MARIA DE SOUZA

INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO BRASIL:

INDICADORES DE DESEMPENHO E MECANISMOS DE FINANCIAMENTO

Dissertação de Mestrado aprovada no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Propriedade Intelectual na Universidade Federal de Sergipe – UFS em 17 de junho de 2016.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________ Prof. Dr. José Ricardo de Santana – Orientador

______________________________________

Profª. Drª. Fernanda Esperidião – Examinadora Externa ao Programa –DEE Universidade Federal de Sergipe – UFS

______________________________________

Profª. Drª. Renata Silva Mann – ExaminadoraInterna – PPGPI Universidade Federal de Sergipe – UFS

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Aos meus pais que sempre investiram na minha educação e acreditaram no meu futuro.

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AGRADECIMENTOS

Ao concluir uma etapa tão importante no meu processo de formação, não poderia deixar de expressar a minha gratidão a todos aqueles que foram essenciais para a concretização deste grande sonho.

A Deus, que me deu força para concluir mais uma etapa de minha vida.

Ao meu querido chefe, professor e orientador, Ricardo Santana, pelo apoio e confiança não somente no desenvolvimento deste trabalho de pesquisa, mas também pela paciência, incentivo e atenção dedicada ao longo do meu aprendizado. Você é um dos grandes responsáveis pelo meu conhecimento e amadurecimento acadêmico e profissional. Obrigada por tudo!

Aos meus pais por todo amor, carinho e dedicação, que me incentivaram deste o início a não desistir e chegar até a data de hoje. Vocês também são parte fundamental desta conquista.

Aos meus irmãos pelo apoio, compreensão e carinho de ter sempre a irmã “trabalhando na dissertação”. Obrigada por estarem sempre ao meu lado, me apoiando e me dando suporte em tudo.

Aos meus familiares pelo incentivo e carinho que durante esses dois anos sustentou este projeto com as suas palavras de incentivo e orações a Deus.

Aos meus queridos amigos, Débora e Igor, que sempre estiveram ao meu lado com suas palavras de incentivo e ânimo para que eu seguisse firme em minha jornada.

Aos meus novos amigos e companheiros inseparáveis de jornada acadêmica, Leila, Rodrigo, Sérgio e Vinícius, pelas reuniões e grupos de estudo que foram estímulos importantes para esta formação. Vocês são os amigos que quero ao meu lado para o resto da vida.

Às professoras Renata Mann e Fernanda Esperidião pelo apoio, sugestões e críticas desde a participação na banca de qualificação, sempre acrescentando sugestões construtivas que permitiram uma melhora no meu trabalho.

À Fapitec/Se, como instituição, por me proporcionar experiências imprescindíveis, essenciais à minha formação profissional e ao meu crescimento pessoal.

E por fim, a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a realização desta dissertação.

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RESUMO

A inovação e o avanço tecnológico são considerados temas fundamentais para desenvolvimento econômico do país, estando diretamente relacionados ao aumento da competitividade das empresas. Isso se reflete inclusive quando a temática envolve o desenvolvimento regional, com implicações sobre a produtividade e o desempenho das empresas. Considerado os altos custos financeiros, bem como os riscos e incertezas inerentes ao processo de inovação, é fundamental observar as políticas de incentivos requeridas nesse processo, sobretudo com a participação de agências públicas de fomento. No Brasil, essas políticas são consolidadas a partir da Lei de Inovação (nº 10.973/2004), da Lei do Bem (nº 11.196/2005) e do novo marco legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (nº 13.243/2016), que buscam proporcionar um ambiente favorável à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no sistema produtivo nacional e regional do país. O presente estudo tem como objetivo analisar, em nível regional, a evolução da inovação tecnológica no Brasil, a partir dos indicadores de desempenho das empresas inovadoras, bem como do financiamento público às atividades inovativas. Para isso, foi realizada uma análise estatística descritiva desses indicadores, a partir dos dados disponibilizados pela Pesquisa de Inovação (PINTEC) – nas edições 2005, 2008 e 2011 – pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), contemplando o período de 2005 a 2014. Os resultados comprovam a evolução positiva da inovação tecnológica em todas as regiões brasileiras – quanto ao número de empresas beneficiadas e ao volume de recursos concedidos –, porém os dados apontam maior concentração de recursos públicos para inovação na região Sudeste, seguida da região Sul, representando um percentual de aproximadamente 90% do total investido no Brasil, evidenciando que, em termos gerais, as políticas de apoio à inovação não foram capazes de reverter a evidente concentração regional, sendo relevante a continuidade dessas ações com foco na oportunidade de expansão para as regiões menos desenvolvidas no país.

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ABSTRACT

The innovation and the technological progress are considered fundamental themes for economic development of the country, being directly related to increased firms competitiveness. This is reflected even when the subject involves regional development, with implications for productivity and firms performance. Considering the high financial costs and the risks and uncertainties inherent in the innovation process, it is essential to observe financing policies required in this process, particularly with the participation of public funding agencies. In Brazil, these policies are consolidated from the “Lei de Inovação (nº 10.973/2004)”, the “Lei do Bem (nº 11.196/2005)” and the new legal march in Science, Technology and Innovation (nº 13.243/2016), seeking provide a favorable environment for innovation and scientific and technological research in the national and regional productive system of the country. This study aimed to analyze the evolution of technological innovation and public funding to regional innovation activities. For this, a descriptive statistical analysis of the performance of innovative indicators was carried out, from the data provided by the Technological Innovation Research (PINTEC) – editions in 2005, 2008 and 2011 – the National Institute of Industrial Property (INPI), the Funding of Studies and Projects (FINEP) and the National Bank for Social and Economic Development (BNDES), covering the period 2005-2014. The results confirm the positive evolution of Technology innovation in all regions of Brazil - as the number of beneficiary firms and the volume of funds granted - but the data indicate a higher concentration of public resources for innovation in the Southeast region, followed by the South region, representing a percentage of approximately 90% of the total invested in Brazil, showing that, in general terms, the innovation support policies were not able to reverse the clear regional concentration, with significant continuity of these initiatives focused on expanding opportunity for regions least developed in the country.

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LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Figura 1 - Etapas do processo de inovação ... 23

Figura 2 - Evolução da taxa de inovação em países europeus selecionados e no Brasil (Em %) ... 64

Figura 3 - Evolução da taxa de incidência referente ao esforço inovativo das empresas – por região brasileira e por período (Em %) ... 70

Figura 4 - Evolução da taxa de incidência referente à intensidade tecnológica das empresas – por região brasileira e por período (Em %) ... 71

Figura 5 - Percentual do total de patentes depositadas e concedidas no período de 2003 a 2011 – por região brasileira (Em %) ... 74

Figura 6 - Evolução das operações de crédito reembolsáveis contratadas pela Finep – número de operações e valores correntes (Em R$ milhões) ... 81

Figura 7 - Evolução dos financiamentos NÃO reembolsáveis contratados pela FINEP, no período 2007 - 2014 em valores correntes (Em R$ mil) ... 83

Figura 8 - Evolução dos desembolsos financeiros anual do BNDES – por período 2005-2014 (Em R$ mil) ... 86

Figura 9 - Número de empresas apoiadas pelo BNDES, no período de 2005-2014 (Em R$ milhões) ... 87

Figura 10 - Evolução do percentual de empresas apoiadas pelo BNDES – por porte e por ano (Em %) ... 88

Figura 11 - Indicador do processo inovativo regional na relação empresas inovadoras e empresas existentes no país, por período... 89

Figura 12 - Indicador de distribuição regional dos gastos com atividades inovativas e empresas inovadoras – por período. ... 90

Figura 13 - Indicador de proteção do conhecimento na relação depósitos de patentes e empresas inovadoras – por período ... 91

Figura 14 - Indicador de apoio governamental na relação empresas inovadoras e empresas apoiadas pelo governo – por período. ... 92

Figura 15 - Indicador de financiamento à inovação na relação participação regional no valor apoiado e empresas apoiadas pelo governo. ... 93

Figura 16 - Relação entre o apoio financeiro à inovação e o esforço para inovar... 94

Quadro 1 - Instituições de apoio à P&D implementadas no Brasil...47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Número de empresas existentes no Brasil, empresas inovadoras e percentual

da taxa de inovação brasileira – por período ... 60

Tabela 2 – Número total de empresas existentes e empresas inovadoras – por porte e por período ... 62

Tabela 3 - Taxa de inovação por porte da empresa – por período ... 63

Tabela 4 – Número de empresas existentes no Brasil e empresas inovadoras – por região e por período ... 64

Tabela 5 – Percentual da taxa de inovação – por região e por período ... 64

Tabela 6 – Receita líquida de vendas e dispêndios realizados pelas empresas industriais inovadoras – por região e por ano (Em mil R$) ... 65

Tabela 7 – Taxa de incidência sobre a receita líquida de vendas dos dispêndios realizados pelas empresas industriais inovadoras no Brasil – por ano (Em %) ... 66

Tabela 8 – Número de patentes depositadas e concedidas – por região e no período... 70

Tabela 9 – Proporção de patentes concedidas pelo INPI – por região e por período... 71

Tabela 10 – Número de patentes depositadas por tipo de depositante – por período ... 72

Tabela 11 – Número e proporção de empresas beneficiadas pelo Governo brasileiro – por região e por período ... 73

Tabela 12 – Percentual de empresas beneficiadas por região em relação ao total de empresas inovadoras e total de empresas, por período ... 74

Tabela 13 – Empresas inovadoras que receberam apoio governamental – por modalidade, por região e por período ... 74

Tabela 14 – Valores dos recursos reembolsáveis e não reembolsáveis concedidos pela FINEP – por região e no período (2005-2014) ... 76

Tabela 15 – Valor contratado nas operações de crédito reembolsável concedidas pela FINEP – por região e no período 2005-2014 (Em R$ mil) ... 78

Tabela 16 – Valor total contratado por programa na modalidade de financiamento reembolsável – por região e no período 2005-2014 (em R$ mil) ... 79

Tabela 17 – Valor contratado nas operações de financiamento NÃO reembolsáveis concedidas pela Finep – por região e no período 2005-2014 (Em R$ mil) ... 81

Tabela 18 – Valores das operações de crédito automáticas e não automáticas concedidos pelo BNDES – por região e no período 2005-2014 ... 82

Tabela 19 – Evolução dos desembolsos financeiros do BNDES – por região e por período ... 83

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

ADTEN – Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Empresa Nacional BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

C,T&I – Ciência, Tecnologia e Inovação

CGEE – Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico FINEP– Financiadora de Estudos e Projetos

FNDCT – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico FIRJAN – Federação das Indústrias do Estado de Rio de Janeiro

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICTs – Instituições de Ciência e Tecnologia

IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial MCTI– Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MDIC – Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico PACTI – Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação

PADCT – Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico PBDCT – Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico PCTI – Política de Ciência, Tecnologia e Inovação

PDP – Política de Desenvolvimento Produtivo

PDTIs – Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial PINTEC – Pesquisa de Inovação

PITCE – Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior P,D&I – Pesquisa, desenvolvimento e inovação

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

SNCTI – Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação SNI – Sistema Nacional de Inovação

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 13

CAPÍTULO I - INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ... 16

1.1 PERSPECTIVA TEÓRICA ACERCA DA INOVAÇÃO ... 16

1.1.1 Conceitos e definições ... 16

1.1.2 Introdução da inovação no sistema econômico ... 20

1.1.3 O papel das empresas e do crédito no processo de inovação ... 21

1.2 SISTEMA DE INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO BRASIL ... 24

1.2.1 Sistema Nacional de Inovação ... 24

1.2.2 Política nacional de desenvolvimento regional ... 26

1.2.3 Sistemas de inovação comparado aos países europeus ... 28

1.3 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO ... 30

CAPÍTULO II - O PAPEL DO SISTEMA BRASILEIRO DE INOVAÇÃO ... 31

2.1 PANORAMA HISTÓRICO DO SISTEMA DE INOVAÇÃO NO BRASIL ... 31

2.1.1 Evolução das políticas de inovação ... 31

2.2 POLÍTICAS DE PROTEÇÃO À PROPRIEDADE INTELECTUAL ... 33

2.2.1 Aspectos teóricos e marco regulatório ... 33

2.2.2 Propriedade intelectual como estímulo ao desenvolvimento econômico... 37

2.3 POLÍTICAS RECENTES DE INCENTIVO ÀS ATIVIDADES INOVATIVAS ... 38

2.3.1 Arcabouço legal... 38

2.3.2 Lei de Inovação ... 41

2.3.3 Lei do Bem ... 43

2.4 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO ... 44

CAPÍTULO III - O FINANCIAMENTO ÀS ATIVIDADES INOVATIVAS NO BRASIL ... 46

3.1 PANORAMA DO SISTEMA DE FINANCIAMENTO À INOVAÇÃO ... 46

3.2 O PAPEL DAS AGÊNCIAS DE FOMENTO À INOVAÇÃO ... 48

3.2.1 Mecanismos de apoio ofertados pela FINEP ... 49

3.2.2 Mecanismos de apoio ofertados pelo BNDES ... 51

3.3 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO ... 52

(13)

4.1 INDICADORES DE INOVAÇÃO UTILIZADOS ... 55

4.2 FONTES DE DADOS DA PESQUISA ... 56

4.3 MÉTODO DE ANÁLISE DOS DADOS ... 57

CAPÍTULO V - ANÁLISE REGIONAL DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO BRASIL ... 62

5.1 DESEMPENHO DAS EMPRESAS INOVADORAS ... 62

5.1.1 Resultados do processo inovativo ... 63

5.1.2 Esforço inovativo e intensidade tecnológica ... 68

5.1.3 Proteção do conhecimento ... 72

5.1.4 Apoio governamental ... 75

5.2 DESEMPENHO DO FINANCIAMENTO À INOVAÇÃO ... 79

5.2.1 Financiamento à inovação ofertado pela FINEP ... 79

5.2.2 Financiamento à inovação ofertado pelo BNDES... 85

5.3 ANÁLISE DOS INDICADORES REGIONAIS ... 89

5.3.1 Indicador do processo inovativo ... 89

5.3.2 Indicador de esforço para inovar ... 90

5.3.3 Indicador de proteção do conhecimento ... 91

5.3.4 Indicador de apoio governamental ... 92

5.3.5 Indicador de financiamento à inovação ... 93

5.4 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO ... 95

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 97

(14)

INTRODUÇÃO

No contexto atual, a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação, frente às novas tecnologias, vêm assumindo um papel cada vez mais importante no âmbito empresarial. A procura pela inovação e desenvolvimento tecnológico têm sido um dos principais meios para conseguir vantagem competitiva de acordo com as necessidades do mercado. Por outro lado, os investimentos e os incentivos às novas tecnologias vêm se tornando presentes não apenas na agenda das instituições e centros de pesquisas, mas também se consolidando em novas políticas governamentais que buscam estimular a criação e o desenvolvimento das empresas e condições para que elas cresçam, gerem inovações e as transferiram ao mercado.

O cenário atual revela a importância das inovações para o desenvolvimento tecnológico e econômico, que tem sido o caminho traçado pelos países desenvolvidos. Considerado os altos custos financeiros, bem como os riscos e incertezas inerentes ao processo de desenvolvimento de inovações (SILVA, 2015) e a importância da geração do conhecimento para o avanço tecnológico, é fundamental observar as políticas de incentivos requeridas nesse processo, sobretudo com a participação de instituições públicas de fomento à inovação no país (BRAGA et al., 2014).

No Brasil, essas políticas são consolidadas a partir do marco regulatório formado por um conjunto de leis em vigor, dentre elas a Lei de Inovação (nº 10.973 de 02/12/2004), a Lei do Bem (nº 11.196 de 21/11/2005) e o novo marco legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (nº 13.243/2016), que buscam proporcionar um ambiente favorável à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no sistema produtivo nacional e regional do país. Além disso, a legislação brasileira também contribui para criação um ambiente mais propício à propriedade intelectual no país, dentre elas, a Lei de Propriedade Industrial (nº 9.279 de 14/05/2009), que regulamenta a proteção do conhecimento e os mecanismos de patenteamento.

Dessa forma, a participação governamental deve ser considerada um fator potencializador das atividades inovativas, possuindo um importante papel ao disponibilizar políticas de incentivos à inovação, principalmente a partir do investimento público que é um dos instrumentos utilizados para tentar superar alguns gargalos do sistema de inovação do país. Neste sentido, as agências públicas de fomento à inovação – Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES) – são consideradas essenciais nesse processo, ofertando programas de incentivos às atividades inovativas.

(15)

Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo analisar a evolução da inovação tecnológica nas regiões brasileiras, a partir dos indicadores de desempenho das empresas inovadoras, bem como do financiamento público às atividades inovativas regionais. O trabalho busca ainda atingir os seguintes objetivos específicos: i) apresentar a abordagem teórica e empírica acerca da inovação e suas políticas recentes de incentivos às atividades inovativas;ii) identificar a distribuição da inovação nas regiões brasileiras, a partir dos principais indicadores de desempenho da inovação estudados: processo inovativo, esforço para inovação, proteção do conhecimento, apoio governamental e financiamento à inovação;iii) mapear e apresentar a distribuição e a evolução dos recursos públicos investidos em inovação nas regiões brasileiras, a partir dos mecanismos de apoio ofertados pela FINEP e BNDES; iv) analisar, de forma agrupada, os indicadores selecionados e a concentração da inovação tecnológica nas regiões brasileiras.

Para realização da pesquisa, foi feito um mapeamento da distribuição regional da inovação, através de levantamento de indicadores de inovação e, na sequência, foi realizada uma análise estatística descritiva dos indicadores de desempenho das empresas inovadoras, a partir dos dados referentes ao processo inovativo, esforço para inovação, proteção do conhecimento e apoio governamental e indicadores do financiamento à inovação na perspectiva regional. Para este estudo, foram analisados dados da Pesquisa de Inovação (PINTEC), nas edições 2005, 2008 e 2011,do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), da FINEP e do BNDES, no período de 2005 a 2014.

Para isso, o estudo apresenta, além desta introdução, mais cinco capítulos.O capítulo I compreende a revisão de literatura acerca da importância da inovação para o desenvolvimentoeconômico, abordando as perspectivas teóricas acerca da inovação e suas relações com o sistema econômico brasileiro, bem como o papel do setor empresarial e do crédito no processo inovativo. Na sequência, será abordado o papel do Sistema Nacional de Inovação (SNI), destacando a experiência nos países europeus e o papel da inovação tecnológica no desenvolvimento regional no país.

No capítulo II apresenta-se o papel do sistema brasileiro de inovação, a partir dopanorama histórico do sistema de inovação no Brasil, a evolução das políticas brasileiras de apoio à inovação e a importância dos investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I). De forma sucinta, busca-se apresentar as políticas de proteção à propriedade intelectual e as políticas recentes de incentivo às atividades inovativas, a partir da Lei de Inovação e da Lei do Bem.

(16)

O capítulo III discute o financiamento às atividades inovativas no Brasil, destacando o sistema de financiamento à inovação e o papel das duas principais agências de fomento à inovação no país – FINEP e BNDES – e seus mecanismos de apoio ofertados, bem como as principais linhas de financiamento às atividades inovativas disponibilizadas por essas agências, a partir dos incentivos financeiros nas modalidades reembolsáveis e não reembolsáveis.

No capítulo IV será apresentada a metodologia de pesquisa adotada neste trabalho.Para realização do estudo, inicialmente, valeu-se de uma revisão de literatura sobre a importância da inovação tecnológica para o desenvolvimento econômico e regional do país. De modo mais específico, foi apresentada uma discussão acerca do Sistema Nacional de Inovação, das políticas de incentivo às atividades inovativas e as linhas de financiamento ofertadas pelas principais agências federais de fomento – FINEP e BNDES. Na sequência, foram apresentados os indicadores de inovação utilizados e as fontes de dados da pesquisa e, por fim o método de análise dos dados no modelo estatística utilizado por Santanaet al. (2016), no intuito de facilitar a análise dos resultados obtidos no presente estudo.

O capítulo V apresenta uma análise regional da inovação tecnológica no Brasil, a partir do desempenho recente de indicadores de inovação, bem como a evolução do processo inovativo e do financiamento público ofertados pela FINEP e BNDES ao longo dos últimos dez anos, de forma a observar se houve melhora dos mesmos considerando a perspectiva regional.

Por fim, são apresentadas as considerações finais acerca do tema debatido e as principais conclusões com relação à evolução do desempenho das empresas inovadoras, bem como do financiamento público à inovação, a fim de compreender o processo inovativo nas regiões brasileiras.

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CAPÍTULO I - INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Tanto a inovação quanto o avanço tecnológico têm sido considerados temas fundamentais para desenvolvimento econômico do país, estando diretamente relacionadosao aumento do desempenho e da vantagem competitividade das empresas brasileiras de acordo com as necessidades do mercado.

O presente capítulo está estruturado em duas seções que buscam estabelecer um panorama geral para estudos que tratam da relação e da importância da inovação tecnológicas para o desenvolvimento econômico. Na primeira seção é apresentada a perspectiva teórica acerca da inovação, destacando o processo do sistema econômico e papel do empresário e do crédito nesse processo. Na segunda seção será abordado opapel do sistema de inovação no Brasil, com foco no desenvolvimento regional do país. Além disso, será apresentadauma análise dos aspectos relevantes à consolidação do Sistema Nacional de Inovação (SNI)e a experiência do sistema brasileiro em comparação com os estudos estratégicos de países europeus (Alemanha, Espanha, França, Holanda, Itália e Portugal).

1.1 PERSPECTIVA TEÓRICA ACERCA DA INOVAÇÃO

Nesta seção, serão apresentados os conceitos e definições acerca da inovação e diversas abordagens sobre o tema, em diferentes perspectivas, além de uma breve introdução da inovação no sistema econômico, bem como o papel das empresas e do crédito no processo de inovação brasileiro.

1.1.1 Conceitos e definições

A palavra “inovação” tem um significado muito amplo e atualmente tem sido usada com bastante frequência no setor empresarial, acadêmico e pela própria sociedade.O conceito de inovação pode ser bastante variado, dependendo, principalmente, da sua aplicação. De forma sucinta, estudiosos consideram que inovação é a exploração com sucesso de novas ideias. E sucesso para as empresas, por exemplo, significa aumento de faturamento, acesso a novos mercados, aumento das margens de lucro, entre outros benefícios.

Algumas décadas atrás, o termo inovação foi adotado para promover uma interação mais efetiva entre o setor produtivo e as áreas dePesquisa e Desenvolvimento (P&D). Com o

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passar do tempo, essa interação passa a ter significado estratégico e a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação tornaram-se regras na nova economia mundial para todos os agentes, sociedade, governo e empresas. De acordo Fagundes (2010), a combinação de diversas fontes de ideias, informações e conhecimentos passaram a ser consideradas como uma maneira importante de capacitação para as organizações, para que elas enfrentem mudanças e gerem inovações.

Dentro dessa concepção, Fayet (2010, p. 38) aponta que “a procura pela inovação e desenvolvimento tecnológico tornou-se inexorável, não é mais uma questão de opção. Inovar é tornar o invisível visível, gerar ideias para remover obstáculos”. O autor destaca que a inovação é um fator predominante para a criação e sustentação da competitividade das empresas e do desenvolvimento econômico do país.

Os estudos sobre a inovação e o desenvolvimento remetem aos trabalhos iniciais de Schumpeter, que sobre esta questão, trata-se de peça de fundamental importância para a alavancagem do progresso econômico do país (SCHERER; CARLOMAGNO, 2009).

A procura pela inovação têm sido um dos principais meios para conseguir vantagem competitiva de acordo com as necessidades do mercado. Para Schumpeter (1982,1984), a inovação tecnológica é uma das grandes forças promotoras do desenvolvimento econômico do país. Diante desta perspectiva que estabeleceu-se a relação entre a inovação, a criação de novos mercados e a ação de empreender.

Para Calderan e Oliveira (2013), o conceito de inovação está claramente descrito por Schumpeter como a introdução de um novo bem,de um novo método de produção, abertura de um novo mercado, conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou de insumos intermediários e estabelecimento de uma nova forma de organização. Em suma, trata-se a inovação novas combinações de produção descontinuadas, sendo um processo absolutamente revolucionário na condição de desenvolvimento econômico, considerando que

Produzir significa combinar materiais e forças[...]. Na medida em que as “novas combinações” podem, com o tempo, originar-se das antigas por ajuste contínuo mediante pequenas etapas, há certamente mudança, possivelmente há crescimento, mas não um fenômeno novo nem um desenvolvimento em nosso sentido. Na medida em que não for este o caso, e em que as novas combinações aparecem descontinuadamente, então surge o fenômeno que caracteriza o desenvolvimento. [...] O desenvolvimento, no sentido que lhe é dado, é definido então pela realização de novas combinações. (SCHUMPETER, 1997, p. 76).

Uma das principais referências sobre o conceito de inovação é o Manual de Oslo (2005), documento elaborado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento

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Econômico (OCDE)1 e utilizado como referência internacional na padronização de conceitos, metodologias, ferramentas estatísticas e indicadores de P,D&I (CARRIJO, 2011). Nas duas primeiras edições, publicadas em 1992 e 1997, o processo inovativo estava focado apenas nos desenvolvimentos tecnológicos de novos produtos e de novas técnicas de produção pelas empresas, bem como na realização de melhoramentos tecnológicos significativos em produtos e processos.

A partir de sua terceira edição, publicada em 2005, o manual traz uma importante modificação: a extensão do conceito de inovação, incluindo o setor de serviços e retirando a palavra “tecnologia” da definição de inovação, e englobando as inovações em marketing e em sistemas organizacionais. Além disso, passou a enfatizar também a análise das relações de interação entre empresas e organizações, que, segundo Carrijo (2011) o fato se deu em razão do reconhecimento da importância dos fluxos de informação e conhecimento entre os agentes econômicos na geração e disseminação da inovação. Assim, o Manual de Oslo define inovação como

A implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. (OCDE, 2005, p. 55)

Observa-se que o conceito de inovação é bastante amplo e não se refere somente à criação de novos produtos ou processos, mas também a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando mais competitividade no mercado (OCDE, 2005).

Segundo Fayet (2010), o Manual de Oslo não trata a inovação somente na perspectiva de uma fonte de ideias, mas principalmente como um “solucionador de problemas”, para todo o processo produtivo. Descaracterizando o costume de visualizar o processo de inovação, na qual a P&D é considerada a atividade inicial, que antecede à modificação tecnológica. Ainda segundo o autor, a inovação passou a ser entendida como um processo simultâneo de mudanças envolvendo uma diversificada série de atividades internas e externas à empresa, buscando vantagem competitiva de acordo com as necessidades do mercado.

1OECD – Organization for Economic Co-operation and Development. À exceção do Manual de Oslo, publicado sob tradução brasileira, sob o crivo da FINEP, em 2005, todas as demais referências bibliográficas a esta organização respeitarão à versão original em língua inglesa, inclusive no que tange à sigla OECD.

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Dentro desse contexto, Fayet (2010) afirma que a inovação é uma das grandes reservas de crescimento para as empresas, principalmente nas micro e de pequeno porte. Para o autor, inovar é criar novos produtos, melhorar produtos existentes, e também otimizar seus sistemas de produção, adotando novas tecnologias. Em outras palavras, Dosi (1988) complementa que a inovação está essencialmente relacionada ao processo de busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, processos e novas técnicas organizacionais. , genericamente categorizadas em dois tipos, que permitem identificar o grau de novidade envolvido: radical e incremental.

Atualmente a inovação se tornou uma das principais estratégias competitivas para os mercados nacionais e internacionais, e é vista como foco indispensável nas atividades produtivas e no desenvolvimento tecnológico do país (CONTO; ANTUNES, 2013).

No entanto, em complemento aos conceitos atribuídos por diversos autores, destacam-se os quatro tipos de inovações previstos no Manual de Oslo (OCDE, 2005) que englobam um amplo conjunto de mudanças nas atividades das empresas:

Inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais (p.57).

Inovação de processo é a implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares (p. 58).

Inovação de marketing é a implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços (p. 59). Inovação organizacional é a implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas (p. 61). (OCDE, 2005).

Em linhas gerais, inovação tecnológica pode ser definida como a aplicação de novos conhecimentos, que resultam em novos produtos, processos, serviços ou em melhorias significativas de alguns de seus atributos. No entanto, Calderan e Oliveira (2013) enfatiza que a adoção ou o desenvolvimento de novas tecnologias não podem ser entendidos como um processo limitado a uma única organização, mesmo que essa seja detentora de grandes recursos de incentivo, mas sim como um processo de interação entre várias organizações, que formam uma estrutura de atividades inovadoras.

Ainda de acordo com Calderan e Oliveira (2013), considerando o estudo da inovação e as diversas abordagens sobre o tema, em diferentes perspectivasdecidiu-se diferenciar osmodelos de inovação, como forma de auxiliar na sistematização e a compreensão dos

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resultados de uma interação universidade-empresa.Em outras palavras, além do setor produtivo, a pesquisa acadêmica é fator de grande relevância para a inovação, isto é, a parceria e articulação entre o meio acadêmico e as empresas é fundamental para o processode inovação (FAYET, 2010). Nesse sentido, vale destacar que essa interação tem evoluído de forma considerável.

No âmbito dessa discussão, cabe destacar que a inovação e o conhecimento desempenham um papel fundamental no cenário econômico, ao serem considerados os principais fatores que definem a competitividade e o desenvolvimento mundial (CALDERAN; OLIVEIRA, 2013). Esses autores enfatizam que a discussão sobre a transferência de conhecimento entre a universidade e o setor produtivo não pode se dar de forma desagregada da compreensão do conceito de inovação e do sistema inovativo.

1.1.2 Introdução da inovação no sistema econômico

No âmbito econômico, Joseph Schumpeter, um dos mais importantes economistas do século XX, é considerado um autor pioneiro no tratamento à importância das inovações e dos avanços tecnológicos no desenvolvimento das organizações e da economia, responsável por alimentar a movimentação do sistema capitalista (CARRIJO, 2011).

A partir dos estudos de Schumpeter, o conceito de inovação passa a ser objeto de análise em diversas perspectivas. Em 1971 a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresenta a primeira definição de inovação como “the

first application of science and technology in a new way, with commercial success” (OCDE,

1990 apud COSTA, 2013, p. 25), associado ao desenvolvimento econômico como uma nova combinação de recursos produtivos. Nessa concepção, Costa (2013) enfatiza que nesse sentido o termo inovação influenciou o desenvolvimento das classificações e distinções entre as “inovações radiais”, “inovações incrementais”, “novos sistemas tecnológicos” e “tecnologias de propósito geral”.

Para Haddad (2010), à introdução de uma inovação no sistema econômico é chamada por Schumpeter de “ato empreendedor”, realizada pelo agente econômico, visando à obtenção de lucro, que, de acordo o autor, é o motor de toda a atividade empreendedora.

Schumpeter (1982) define o empresário inovador como um agente econômico que cria novo produto para o mercado ou pela aplicação prática de alguma invenção ou inovação tecnológica. Ainda segundo o autor, a atividade do empresário inovador era considerada

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essencialmente útil e necessária para o equilíbrio do capitalismo, o qual, de acordo com Matias-Pereira (2010) é dominado pela mudança econômica resultante do processo de inovação empresarial, fator determinante para a competitividade.

Essa relação entre inovação e desenvolvimento econômico foi estabelecida nas últimas décadas a partir de trabalhos realizados por autores economistas e sociólogos contemporâneos, conhecidos como neoschumpeterianos, que tiveram como inspiração os trabalhos de Schumpeter. A partir dos estudos desses autores, no fim dos anos 70, Schumpeter passou a ter uma visão de que as inovações constituem-se no motor da máquina capitalista. Este arcabouço teórico centra sua análise nos processos de geração e difusão de novas tecnologias, observando sua relação com a dinâmica industrial e a estrutura dos mercados (CARRIJO, 2011).

A teoria de Schumpeter abrange aspectos modernos como inovações tecnológicas, empresário inovador, grandes empresas, concentração de capitais, instituições bancárias e ambiente favorável ao mercado. Haddad (2010) destaca na época haviam duas opções possíveis de financiamento para as atividades inovativas: a primeira, decorrente da capacidade de os bancos criarem poder de compra, por meio do processo multiplicador; e a segunda, derivada dos resultados positivos das inovações bem-sucedidas.

Assim, no âmbito dessa discussão, vale ressaltar, com base nas obras de Schumpeter (1982, 1984), que a corrente teoria neochumpeteriana tem como principal abordagem o estudo das estratégias de inovação, a partir da análise de setores empresariais e industriais, envolvendo o mercado e entre agentes econômicos.

Haddad (2010) destaca ainda que, para uma empresa iniciar um processo de mudança tecnológica, precisa, inicialmente, investir em P&D para a produção de novos produtos ou processos que venham ser disponibilizados no mercado. Essa forma de produzir denomina-se inovação.

1.1.3 O papel das empresas e do crédito no processo de inovação

Um aspecto que merece destaque, sobretudo para o sistema brasileiro de inovação, refere-se às atividades voltadas para apoiar a P&D nas empresas. Essas atividades buscam além de propiciar um ambiente econômico e favorável ao desenvolvimento tecnológico, promover a intervenção de um esforço maior do governo para subsidiar projetos por meio de mecanismos de apoio à inovação.

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O investimento em inovação é essencial para as empresas, independentemente do porte, além de ser uma alternativa para manterem-se ativas e competitivas no mercado, como argumentam Salerno e Kubota (2008). Diante desse contexto, os autores afirmam que “as empresas que inovam e diferenciam produtos crescem mais [...]. Desenvolver conhecimento e inovação é a chave para isso” (SALERMO; KUBOTA, 2008, p. 14 e 19).

Na busca pelo desenvolvimento tecnológico, Tonelli et al. (2012) destaca a necessidade de uma maior relação entre o setor público, a academia e a empresa. O processo de inovação traduz a necessidade de interação entre as empresas e outros atores, de modo a acessar novos conhecimentos e estabelecer novas relações de cooperação para promover tecnologias e inovações (VALENTE; VILHA, 2014), além disso, esse processo é subordinado à estratégia empresarial e destina-se a desenvolver melhores tecnologias que venham resultar em um mercado mais competitivo. Essa interação favorece o acesso ao conhecimento e estimula a inovação, que é um importante fator para o crescimento econômico do país (TONELLI et al., 2012).

Para alguns autores, o processo de inovação é visto não somente como um processo sequencial, da pesquisa básica ao mercado, mas como processo em que o desenvolvimento de tecnologia está caracteristicamente vinculado à fase de implementação. De acordo com Scherer e Carlomagno (2009), as inovações que surgem em ocasiões de incertezas e riscos para o setor produtivo, necessitam de novas perspectivas e práticas de gestão. O autor ressalta ainda que os projetos inovadores são apostas para o futuro e enfatiza que quando há um alto grau de incerteza na inovação é preciso sistematizar um método de aprendizado sobre as questões desconhecidas para que elas sejam esclarecidas o mais rápido possível.

O processo de inovação é considerado como uma estratégia central da empresa com o intuito de orientar investimentos, definir o foco de pesquisas e de novos desenvolvimentos a partir do ponto de vista do mercado atual. Isto é, enquanto a intenção da inovação deve ser a criação de valor para o negócio, a estratégia ordena e disciplina as condições necessárias para se chegar ao sucesso e agregar valor à empresa, a partir do processo de inovação (SCHERER; CARLOMAGNO, 2009). Assim, a inovação não pode ser vista como uma tarefa eventual e sim como um processo que deve ser gerenciado, desde a sua etapa preliminar (ideia) até a sua implementação.

Sob esta ótica, Scherer e Carlomagno (2009) apresentam quatro fases que exigem competências distintas das empresas e dos profissionais para geração de inovação: idealização, conceituação, experimentação e implementação. A figura 01 apresenta essas fases e suas etapas no processo de inovação:

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Figura 1 - Etapas do processo de inovação

Fonte: http://www.innoscience.com.br/descubra-quais-sao-as-principais-fontes-de-inovacao/

De fato, observa-se a geração de inovação deve ser estruturada a partir de um processo cuja etapa inicial é a criação de novas ideias e análise de tendências (idealização), posteriormente é aprimorado o conceito e a definição da ideia proposta (conceituação), na sequencia a redução de incertezas e a criação de estratégia de sucesso (experimentação), essas podem ser mercadológicas ou de produção, e finalmente alcança à efetiva transformação em inovações (implementação) (SCHERER; CARLOMAGNO, 2009). Todo processo de inovação está diretamente vinculado à estratégia da organização e à estratégia de inovação adotada pela empresa para expansão da nova ideia, produto, processo ou modelo de negócio. Por sua vez, Scherer e Carlomagno (2009) afirmam que a melhoria dos resultados depende da eficácia com que cada uma dessas fases são geridas.

Para Rapini (2008) o estudo de Schumpeter enfatiza que o papel do crédito tem sido considerado primordial para os empreendedores levarem ao mercado inovações, entendidas, em sentido amplo, como novas combinações de meios de produção. Porém, a autora diferencia os investimentos em inovação com os investimentos em ativos tradicionais, uma vez que apresentam características peculiares, pois requerem que a empresa tenha capacidade de assumir altos riscos e incertezas com relação à viabilidade do projeto.

Dentro desse contexto, Sant’ana e Gonçalves (2014, p. 3-4) ressalta ainda que “as inovações exigem que os meios de produção, anteriormente utilizados de uma maneira predeterminada, sejam realocados em novas combinações de forma a produzir novas mercadorias”. Uma empresa já estabelecida no mercado, os lucros obtidos muitas vezes não são suficientes para financiar o novo processo. Sendo assim, essa empresa tem a opção de recorrer ao financiamento público como uma forma a suprir às necessidades de investimento

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para inovação. Dessa forma, o crédito à inovação é considerado como fator fundamental ao processo inovativo, pois é através do financiamento público que as empresas estabelecem os novos meios de produção e colocam os novos produtos no mercado (GONÇALVES, 2014).

1.2 SISTEMA DE INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO BRASIL

Nesta seção, apresenta-se uma análise dos aspectos relevantes à consolidação do Sistema Nacional de Inovação e a experiência do sistema brasileiro em comparação com os estudos estratégicos de países europeus. Na sequência, será apresentada a política nacional de desenvolvimento regional, na perspectiva econômica e tecnológica.

1.2.1 Sistema Nacional de Inovação

A inovação e o conhecimento são aspectos cruciais para o desenvolvimento do Sistema Nacional de Inovação que, segundo Villela e Magacho (2009),pode ser visto como um grupo articulado de instituições dos setores público e privado (agências de fomento e financiamento, instituições financeiras, empresas públicas e privadas, instituições de ensino e pesquisa, etc.) cujas atividades e interações gerem novas tecnologias.

Um dos maiores desafios da atualidade, além da geração, aplicação e difusão do conhecimento científico produzido, é a transformação desse conhecimento em inovação tecnológica (VILLELA; MAGACHO, 2009). Os autores destacam ainda como um ambiente nacional favorável pode ter uma considerável influência no estímulo às atividades inovativas.

Nos anos 80 e 90, a partir da contribuição dos trabalhos de vários autores, dentre quais se destacam Christopher Freeman e Richard Nelson, em 1988; Bengt Lundvallem 1992,surgiu uma das primeiras definições do Sistema Nacional de Inovação. De acordo com Alburquerque (1996), um sistema de inovação é concebido como uma construção institucional, fruto de uma ação planejada e consciente ou de ações e decisões não sistematizadas e desarticuladas, que promove o avanço tecnológico em economias capitalistas avançadas e complexas.

O Brasil tem buscado implementar políticas mais sistemáticas de apoio à inovação, com o objetivo de colaborar com as empresas em estratégias de inovação de produtos, de processos, de distribuição e de comercialização, visando atingir, dessa forma, um patamar superior de desenvolvimento tecnológico e social. Diante desse contexto, cabe ressaltar como

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um ambiente favorável à inovação pode ter uma considerável influência no estímulo à criação de atividades inovativas.

A partir dos anos 80, o conhecimento científico e a inovação são considerados fundamentais para as grandes transformações que mudaram de maneira radical os produtos e processos, organizações de trabalho e formas de comunicação e aprendizado. (IACONO et

al., 2011). Os autores destacam que “tais mudanças são reconhecidas como condições

estratégicas para o crescimento e a competitividade das empresas, assumindo um papel crucial na dinâmica de desenvolvimento social e econômico dos países”.

As teorias da corrente evolucionista contribuíram para a implementação de políticas modernas de ciência e tecnologia com foco na inovação tecnológica, o qual se articula acerca da abordagem baseada no conceito de Sistema Nacional de Inovação. De acordo com Cassiolato e Lastres (2005) essas evoluções foram decorrentes da relevância dada aos estudos de políticas da OCDE às conexões acerca dos sistemas nacionais de inovação, assim como a imediata visão sistêmica nas propostas de políticas inovadoras para o país. Além disso, os autores destacam as duas novas políticas implementadas: a inovação, que passa a ser a mais importante componente das estratégias de desenvolvimento, não sendo apenas das políticas de C&T ou das políticas industriais; e as políticas públicas a ela direcionadas que passam a ser entendidas como políticas direcionadas aos sistemas de inovação do Brasil.

No âmbito dessa discussão, o conceito de sistema de inovação surge como um importante elemento para entender o funcionamento dos agentes econômicos envolvidas nesse processo inovativo, assim denominado como

O “sistema de inovação” é conceituado como um conjunto de instituições distintas que contribuem para o desenvolvimento da capacidade de inovação e aprendizado de um país, região, setor ou localidade – e também o afetam. Constituem-se de elementos e relações que interagem na produção, difusão e uso do conhecimento. (CASSIOLATO; LASTRES, 2005, p.37).

Recentemente, no início do século XXI, o Brasil deu início aos investimentos de políticas públicas, através de estratégias de desenvolvimento e mobilização pela inovação, com modernização do panorama institucional, anunciados pelo governo federal. Tais iniciativas, conforme Salerno e Kubota (2008), propõem a inovação como fator fundamental para que a indústria brasileira dê um salto de qualidade rumo à diferenciação de produtos, transformando, assim, sua própria estrutura industrial.

O sistema nacional de apoio à Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) tem cada vez mais se estruturado a partir da integração das ações das agências federais com as estaduais de

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fomento. Essas parcerias ocorrem com a motivação de somar recursos e ampliar a execução dos programas de apoio à tecnologia e inovação, sem perder a eficiência do sistema (SANTANA, 2013). Com esse apoio busca-se impulsionar as políticas públicas e a política industrial no âmbito da inovação tecnológica, através dos principais autores do sistema nacional de inovação: universidade, governo e empresa.

Observa-se o Sistema Nacional de Inovação compõe-se do envolvimento e integração entre três principais agentes: o Estado, cujo papel principal é o de aplicar e fomentar políticas públicas de ciência e tecnologia; as universidades/institutos de pesquisa, aos quais cabe a criação e a disseminação do conhecimento e a realização de pesquisas; e, as empresas, responsáveis pelo investimento na transformação do conhecimento em produto (VILLELA; MAGACHO, 2009).

De acordo com De Negri (2012), para alguns estudiosos a baixa inovatividade das empresas brasileiras é um fator preocupante para e que deve ser vista com atenção, e Sennes (2009) reforça que o processo de consolidação destas empresas é de grande importância para a economia brasileira, já que são significativas geradoras de emprego.

Gomes et al. (2015) enfatiza que o apoio para o desenvolvimento das empresas, e oportunidades e condições para que elas cresçam e gerem inovações deve, também, ser objeto das políticas governamentais de apoio à inovação e desenvolvimento industrial, com foco nas demandas do país.

1.2.2 Política nacional de desenvolvimento regional

Os debates e contribuições recentes sobre as políticas de desenvolvimento têm destacado a relevância do papel do conhecimento para que o país se desenvolva economicamente. No Brasil, reconhecer a importância da inovação tecnológica trouxe grandes mudanças no modo de atuar no setor empresarial, instituições de ensino e de pesquisa e organizações do setor público (VELOSO-FILHO; NOGUEIRA, 2006).

Segundo Freeman (1988), os sistemas de inovação são estruturas organizacionais e institucionais que dão suporte aos avanços tecnológicos, os quais têm caráter predominantemente nacional. Portanto, diferentes níveis de desenvolvimento nacional entre as nações devem-se aos seus diferentes sistemas locais de inovação. Nesse contexto, Pradella (2013) destaca que o conceito de sistemas de inovação refere-se a um amplo conjunto de

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atributos, que envolve não somente arranjos sociais, mas estruturas e instituições públicas e privadas, regras e convenções, em uma perspectiva predominantemente histórica.

Freeman (1988) considera que as características históricas do desenvolvimento regional, considerando os aspectos culturais e econômicos de cada país, as quais se refletem na organização interna das organizações e dos mercados produtor e consumidor, no papel do setor público e do setor financeiro.

Para Nelson e Winter (1982) a performance das atividades inovativas é condicionada por um ambiente favorável à própria inovação, bem como pela existência de grandes empresas. Segundo Pradella (2013), essas atividades podem ser tanto causa, como efeito do desenvolvimento tecnológico, pois o financiamento do investimento em pesquisas é atribuição, entre outros fatores, de uma determinada empresa.

Todavia, definir desenvolvimento não é uma tarefa fácil. Ou seja, por um longo tempo, o desenvolvimento foi visto apenas como crescimento econômico (PRADELLA, 2013). Nessa concepção, Thirlwall (2005, p.12) enfatiza que o conceito de desenvolvimento “implica mudança,este é um dos sentidos em que o termo desenvolvimento é mais utilizado, para descrever o processo de transformação econômica e social dos países”. O desenvolvimento significa atingir uma etapa superior na transformação da sociedade, através de uma evolução estável e harmoniosa dos registros quantitativos e qualitativos (PRADELLA, 2013), apresentando um conceito que define como difícil de formalizar e de operacionalizar, pois altera-se constantemente, com a evolução da sociedade.

De acordo com Casali et al. (2010), estimular o desenvolvimento regional, para elevar produto e renda, o principal fator a ser considerado é a capacidade de criação de novas tecnologias, expresso por meio da produtividade do trabalho, seguido pelo esforço interno de geração de novas tecnologias (patentes). Para os autores isso revela que, se as regiões menos desenvolvidas investirem tanto na imitação de tecnologias externas, que elevem a produtividade do trabalho, quanto no desenvolvimento de novas tecnologias, patentes, a uma taxa relativamente maior que as regiões mais desenvolvidas, apresentarão uma taxa de crescimento do produto relativamente maior e, portanto, maior probabilidade de realizar o

catching up2. Entretanto, o contrário também é verdadeiro. No caso de as regiões mais desenvolvidas investirem a uma taxa relativamente maior na imitação e na criação interna, elas apresentarão maiores taxas de crescimento do produto, e, portanto, o gap entre as regiões tenderá a elevar-se (CASALI et al., 2010).

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Para Cima e Amorim (2007) o grande desafio das teorias do desenvolvimento regional é viabilizar a transmissão dos impulsos econômicos originados nas regiões centrais para as regiões periféricas ou mais pobres. Isto é, a preocupação com o desenvolvimento regional tem marcado o contexto das políticas públicas no Brasil. Sob a aptidão da integração nacional, Andrade e Macedo (2012) afirmam que ainda no final do século passado, buscou-se por intervenções do Estado a fim de minimizar desigualdades relativas ao crescimento econômico, que tendem sempre a concentração.

Daí a importância atribuída à inovação no setor empresarial: a possibilidade de usufruir de maiores ganhos no empreendimento. Sob essa ótica, Pradella (2013) afirma que as inovações desempenham o papel de mola propulsora do crescimento econômico, podendo mesmo afetar o desenvolvimento regional, seja através do aumento do volume de emprego, da massa de salários ou ainda da própria distribuição de renda na economia, desencadeando novos empreendimentos e criando novos mercados.

Contudo, espera-se contribuir para o estudo sobre o desenvolvimento regional, que pode ser ampliado com a consideração dos avanços no setor de C,T&I, sendo necessária para tal desenvolvimento a participação ampliada de Estados e Municípios, no sentido do aproveitamento pleno das potencialidades e das expectativas de crescimento econômico, o que, por sua vez, levará à melhoria da qualidade de vida em regiões e localidades do país (VELOSO-FILHO; NOGUEIRA, 2006).

De fato, pode-se considerar que cada região tem seu estilo próprio de desenvolvimento e inovação. Pradella (2013) destaca como foco o desafio da melhoria das condições de vida da população regional, o crescimento econômico das periferias, a conquista da sustentabilidade local, o crescente processo de transformação da sociedade, a cidadania, a democracia e o desenvolvimento regional precisam ser considerados como uma nova forma evolução local partindo de uma nova concepção sobre o desenvolvimento e descentralização das regiões.

1.2.3 Sistemas de inovação comparado aos países europeus

Em 2008, após a crise financeira mundial, muitos países em desenvolvimento, como o caso do Brasil, registraram uma recuperação mais rápida do que as economias avançadas e começaram a ter um papel de destaque na geopolítica e nas rodadas internacionais (KHANNA, 2008). No cenário internacional, observa-se que por parte dos países desenvolvidos e em desenvolvimento há uma crescente reorientação de suas políticas de

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inovação, migrando-se da ótica da aquisição e do fornecimento de subsídio para a concessão de incentivos financeiros e fiscais para gastos em P&D e fortalecimento da interação entre as esferas científica e produtiva.

Os estudos de inovação e produtividade também avançaram nos países em desenvolvimento, apesar de menos do que nos países europeus. Os principais responsáveis por inovação no Brasil são outras empresas ou institutos. Já nos países europeus a maioria das empresas que inovaram tem como principal responsável à própria empresa ou outra empresa do grupo (BERTOLI, 2013).

De acordo com Calmanovici (2011) nos países europeus, as universidades são estimuladas e até mesmo induzidas pelo Estado a interagir com as empresas atendendo aos desafios impostos pelas suas respectivas políticas industriais e disponibilizando tempo e dedicação de seus pesquisadores para apoio ao esforço de inovação.

O investimento em inovação tecnológica tem se tornado cada vez mais relevante, devido à complexidade e sofisticação dos avanços tecnológicos. São grandes os desafios enfrentados tanto pelos países europeus, como os países em desenvolvimento, que buscam competir no mercado global (VASCONCELOS, 2008). Ainda segundo Vasconcelos (2008, p. 5), diante desse cenário “uma das grandes ameaças é a China que é um país em desenvolvimento, em transição para uma economia de mercado, mostrando muitas vezes indicadores de país desenvolvido”.

Em seu estudo, Vasconcelos (2008) faz uma reflexão sobre os desafios e oportunidades da inovação no Brasil e na Comunidade Europeia, baseando-se em alguns indicadores de inovação, em especial a taxa de inovação e com atenção à situação das pequenas e médias empresas nesses países. Diante dos dados apresentados no estudo, a autora enfatiza que existem grandes os desafios enfrentados pelos países em geral, e em particular para o Brasil, que para competir no mercado mundial precisa ser avançar em novas tecnologias e ser bastante dinâmico.

Frente a esse cenário, em transição para uma economia de mercado, podem-se representar novas oportunidades para o Brasil, em relação ao processo de inovação, em especial para as categorias de micro, pequenas e médias empresas que precisam se fortalecer quanto à cultura da inovação, se preparar melhor para compreender o mercado em que atua, entender a dinâmica da concorrência, a força dos novos produtos e a necessidade de se investir em produtos de maior valor agregado (VASCONCELOS, 2008).

Tatsch et al. (2015), também apontam alguns grandes desafios a serem ainda enfrentados pelos países em desenvolvimento, particularmente no Brasil. Embora haja

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convergência entre as experiências estudadas no que tange ao esforço de desenvolver políticas similares as de alguns países europeus, sua operacionalização precisa ser bastante melhorada, sendo fundamental o reforço e a complementaridade em buscar a articulação das ações dos diferentes organismos públicos e privados (TATSCH et al., 2015).

1.3 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO

Neste primeiro capítulo foi discutida a importância da inovação tecnológica para o desenvolvimento econômico mundial e apresentado um debate sobre o sistema de inovação e sua relação com o desenvolvimento regional. Nesse sentido, tanto a inovação quanto o avanço tecnológico são considerados temas fundamentais para desenvolvimento econômico do país, estando diretamente relacionados ao aumento da produtividade, desempenho e competitividade das empresas.

Por sua vez, a abordagem do sistema brasileiro de inovação tem-se expandido amplamente e vem-se consolidando como um arcabouço legal relevante, e tem sido fortemente utilizado como base para orientações no desenvolvimento e implementação de políticas públicas de apoio à inovação. Nesse sentido, o papel dos agentes públicos pode ser muito mais abrangente quando se tratar de promover estímulos à inovação e proporcionar um ambiente mais propício ao desenvolvimento de atividades inovativas no Brasil. No entanto, dentro dessa concepção, Salerno e Kubota (2008) afirmam que o governo brasileiro tem capacidade de impulsionar de forma significativa tanto o comportamento, como as decisões e as estratégias do setor empresarial no que se refere à geração e difusão de inovações.

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CAPÍTULO II - O PAPEL DO SISTEMA BRASILEIRO DE INOVAÇÃO

O presente capítulo tem como objetivo de apresentar um panorama histórico do sistema de inovação no Brasil, a evolução das políticas brasileiras de apoio à inovação e a importância dos investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I). De forma sucinta, busca-se apresentar as políticas de proteção à propriedade intelectual e as políticas recentes de incentivo às atividades inovativas, a partir das leis de inovação e do bem.

2.1 PANORAMA HISTÓRICO DO SISTEMA DE INOVAÇÃO NO BRASIL

Nesta seção, será apresentada a evolução do sistema de inovação no país, bem como suas políticas de apoio à inovação tecnológica e suas principais ações em relação ao processo inovativo e investimentos para realização de P&D no Brasil.

2.1.1 Evolução das políticas de inovação

No Brasil, a base institucional motivadora da promoção do desenvolvimento científico e tecnológico foi estruturada a partir dos anos 50. Em 1951 o primeiro sistema financeiro de C&T constituído foi o Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), inicialmente uma agência destinada a apoiar financeiramente pesquisas de cientistas individuais e bolsas de estudo no exterior. Também em 1951, foi criada a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), vinculada ao Ministério da Educação, como programa de apoio através de bolsas de estudo (FIRJAN, 2005).

A partir da década de 60, o desenvolvimento científico e tecnológico nacional passou a ser objeto específico de política brasileira, consubstanciado nos Planos de Desenvolvimento implementados pelo Governo Federal. Foram estabelecidos mecanismos financeiros especiais para atividades de P&D, importação de tecnologias desenvolvidas e implantação de uma estrutura institucional para estabelecer os Planos Básicos de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (PBDCT).

A evolução do processo de inovação no país provocou mudanças na estrutura institucional de C&T do governo federal, levando, no final da década de 1960, à criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), sendo considerado o principal instrumento financeiro de suporte às atividades de C&T no Brasil (FIRJAN,

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2005). Em 1971, o FNDCT passou a ser administrado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), agência federal vinculada ao então Ministério do Planejamento e Coordenação Geral. Porém, embora do ponto de vista institucional a FINEP fosse distinta das agências de fomento à pesquisa e à formação de recursos humanos, como o CNPq e a CAPES, sua atuação inicial privilegiou a pesquisa científica e voltou-se essencialmente para o financiamento da implantação de programas de pós-graduação nas universidades brasileiras (SILVA, 2015).

A partir da década de 1970, passou-se a elaborar os Planos Básicos de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PBDCT), com a finalidade articular as metas e ações voltadas à área de C,T&I previstas nos Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND). No II PBDCT, em 1976, foram indicados explicitamente o objetivo de “transformar a ciência e tecnologia em força motora do processo de desenvolvimento e modernização do país, industrial, econômica e socialmente” (SALLES FILHO, 2003, p. 183). Por sua vez, considerando algumas iniciativas de integração entre o setor produtivo e as universidades e centros de pesquisa, prevaleceram, na prática, políticas que se apoiavam no modelo linear de inovação (CAVALCANTE, 2009).

A ênfase no controle da inflação, durante os anos 80, desviou o foco das políticas industriais e das políticas de CT&I no país. Nesse contexto, Cavalcante (2009) argumenta que nessa época as agências de fomento à pesquisa e à formação de recursos humanos – como o CNPq e a CAPES– continuaram sendo o principal instrumento de política pública de apoio adotado no Brasil.

As políticas de apoio à inovação mais recentes começaram com o lançamento da Política Industrial Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) em 2004. Menezes-Filho et

al. (2014) aponta que na época, essas iniciativas representaram uma alteração na concepção

governamental sobre as atividades inovadoras desenvolvidas no setor empresarial e do apoio às mesmas, levando o processo de inovação ao centro da política de competitividade. Ao final dos anos 90, foram criados os Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia, permanecendo como um dos mais importantes instrumentos de financiamento direto à C&T, até a época atual (MENEZES-FILHO et al., 2014).

Em suma, considerando as atuais políticas de apoio, o governo pode atuar em três tipos de ações relacionadas ao processo inovativo: i) estimulando e realizando investimentos em infraestrutura básica de CT&I, com a formação de mão-de-obra e construção de laboratórios e estruturas de apoio à inovação; ii) apoiando indiretamente, via incentivos fiscais, para a redução do custo de realização de P&D; iii)realizando políticas de apoio direto,

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