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CAPÍTULO V ANÁLISE REGIONAL DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO

5.1 DESEMPENHO DAS EMPRESAS INOVADORAS

5.1.3 Proteção do conhecimento

Os esforços realizados pelas empresas brasileiras em prol do avanço industrial e tecnológico do país são importantes, todavia, além dos dados discutidos anteriormente relativos aos indicadores do processo inovativo, do esforço para inovação e da intensidade tecnológica, se faz relevante estudar os mecanismos de patenteamento recente no Brasil.

Esta subseção apresenta uma visão descritiva das estatísticas relativas aos depósitos de patentes realizados e aos pedidos concedidos pelo INPI, no período de 2003 a 2011.

O sistema de patentes brasileiro é de responsabilidade do INPI, que publica os dados do total de patentes depositadas e patentes concedidas no país. Assim, a tabela 8 apresenta os dados disponíveis no Instituto, referentes aos mecanismos de proteção de patentes, envolvendo as Patentes de Invenção (PI), Modelo de Utilidade (MU) e Certificado de Adição (C), distribuídos regionalmente.

Tabela 8 - Número de patentes depositadas e concedidas – por região e no período. Regiões

geográficas e UF

Período 2003 - 2005 Período 2006 - 2008 Período 2009 - 2011 Variação 2005 - 2011

Patentes depositadas Patentes concedidas Patentes depositadas Patentes concedidas Patentes depositadas Patentes concedidas Patentes depositadas Patentes concedidas Centro-Oeste 899 35 938 28 988 35 9,9% 0,0% Nordeste 1.150 49 1.128 25 1.540 38 33,9% -22,4% Norte 260 4 290 3 353 3 35,8% -25,0% Sudeste 14.243 1.415 14.046 1.004 13.702 1.443 -3,8% 2,0% Sul 6.010 489 5.829 356 6.167 559 2,6% 14,3% Brasil 22.562 1.992 22.231 1.416 22.750 2.078 0,8% 4,3% Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados disponíveis no INPI (2015).

Com relação ao número de depósitos de patentes, nota-se que houve acréscimo em algumas regiões brasileiras, apresentando uma evolução continuada em todos os períodos, com exceção da região Sudeste, que apresentou queda gradativa de um período para o outro, chegando ao percentual negativo em 3,8%. Neste ponto, destacam-se os aumentos significativos de patentes depositadas nas regiões Norte e Nordeste com variação de aproximadamente 35% e 34%, respectivamente, em relação aos exercícios de 2005 e 2011. Por outro lado, essas mesmas regiões apresentaram queda no número de concessão dessas patentes, com exceção do Sul e Sudeste do país, que apresentou um aumento pouco significativo entre os períodos, chegando a pouco mais de 14% e 2%, respectivamente.

Em termos gerais, observa-se que o número de patentes no Brasil apresentou uma oscilação ao longo de todo o período. Comparando os registros no primeiro e no ultimo período estudado, nota-se um acréscimo de apenas 0,8% dos pedidos de patentes e 4,3% em suas concessões.

Quando analisada a proporção de patentes concedidas em relação aos pedidos de depósitos realizados, tem-se que apenas 8,1% das patentes depositadas foram concedidas pelo INPI (tabela 9), o que evidencia o baixo número de concessões de registros no país. O Sudeste apresenta uma proporção maior que a média nacional (9,2%) considerando as patentes concedidas nessa região.

Tabela 9 - Proporção de patentes concedidas pelo INPI – por região e por período. Regiões geográficas e UF Patentes depositadas (2003 a 2011) Patentes concedidas (2003 a 2011) Proporção de Patentes concedidas (%) Centro-Oeste 2.825 98 3,5% Nordeste 3.818 112 2,9% Norte 903 10 1,1% Sudeste 41.991 3.862 9,2% Sul 18.006 1.404 7,8% Brasil 67.543 5.486 8,1%

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados disponíveis no INPI (2015).

Em termos regionais, esse número também representa uma baixa proporcionalidade, principalmente na região Norte, com apenas 10 patentes concedidas das 903 depositadas, representado pouco mais de 1%. As regiões Nordeste e Centro-Oeste também apresentam baixo índice de concessões, com a proporção de 2,9% e 3,5%, respectivamente. O Sudeste (9,2%) e Sul (7,8) são as regiões que mais se aproximam do percentual de patentes concedidas no país (8,1%)

A figura5 apresenta o percentual de patentes depositadas e concedidas por região brasileira, com relação ao número total de patentes no período de 2003 a 2011.

Figura 5 - Percentual do total de patentes depositadas e concedidas no período de 2003 a 2011 – por região brasileira (Em %)

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados disponíveis no INPI (2015).

No período de 2003 a 2011, o INPI recebeu mais de 67.500 depósitos de patentes, dos quais quase 90% desses pedidos foram realizados nas regiões Sudeste (62%) e Sul (27%). E com relação ao número de patentes concedidas no mesmo período, nota-se um percentual ainda maior nessas mesmas regiões, representando 96% do total das patentes concedidas no Brasil. Assim, é possível notar a predominância no número de patentes, tanto nos depósitos como nas concessões, para essas duas regiões. Vale ressaltar que entre o depósito e a

4,2% 5,7% 1,3% 62,2% 26,7% 1,8% 2,0% 0,2% 70,4% 25,6% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0%

Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul

concessão da patente há um longo processo administrativo a ser percorrido pelo INPI, que chega a durar, em média, sete anos.

A tabela 10 apresenta o número total de depósitos de patentes dos residentes brasileiros, por tipo de depositante, classificados como pessoa física (indivíduos) e pessoa jurídica (empresas e universidades e institutos de pesquisa).

Tabela 10 - Número de patentes depositadas por tipo de depositante – por período. Tipo de

depositante

2003 - 2005 2006 - 2008 2009 - 2011 Variação 2005-2011

Qtde % Qtde % Qtde %

Pessoa Física 15.757 69,8% 15.227 68,5% 14.229 62,5% -9,7% Pessoa Jurídica 6.805 30,2% 7.004 31,5% 8.521 37,5% 25,2%

Total 22.562 22.231 22.750

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados disponíveis no INPI (2015).

Diante dos dados apresentados, nota-se que os indivíduos, denominados pessoa física, foram os principais depositantes, sendo que sua participação vem diminuindo ao logo dos anos (de 15.757 para 14.229), apresentando uma redução de quase 10%. Já as empresas e as universidades e institutos de pesquisa apresentaram aumento na sua participação em mais de 25% no período, passando 6.805 (2003-2005) para 8.521 (2008-2011) depósitos de patentes (tabela 10). Esse crescimento evidencia que a composição dos depositantes modificou ao longo dos anos (INPI, 2015), o que pode ser resultado dos incentivos concedidos pelas recentes políticas industrias e de inovação no Brasil.

Ainda com relação ao tipo de depositante, a princípio não há como qualificar melhor os indivíduos que realizaram os depósitos de patentes e identificar se os mesmos são os inventores independentes ou se são proprietários de empresas que preferem depositar as patentes em seu nome.

Um fato que vale ressaltar é que não há evidência clara que justifique que as concessões de patentes medem a eficiência no processo inovativo das empresas e nem que a proteção intelectual estimule a P&D.