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GUILHERME HENRIQUE NAPOLEÃO VICENTE LILIAN APARECIDA DA SILVA

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Academic year: 2021

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GUILHERME HENRIQUE NAPOLEÃO VICENTE LILIAN APARECIDA DA SILVA

UMA VOZ, UMA MARCA: LUCAS MACEDO, O LOCUTOR RECORDISTA DE TEMPO COMO APRESENTADOR DO JORNAL DA MANHÃ NA RÁDIO PRUDENTE AM

Presidente Prudente – SP 2018

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Presidente Prudente – SP 2018

GUILHERME HENRIQUE NAPOLEÃO VICENTE LILIAN APARECIDA DA SILVA

UMA VOZ, UMA MARCA: LUCAS MACEDO, O LOCUTOR RECORDISTA DE TEMPO COMO APRESENTADOR DO JORNAL DA MANHÃ NA RÁDIO PRUDENTE AM

Trabalho de Conclusão, apresentado à Faculdade de Comunicação Social “Jornalista Roberto Marinho” de Presidente Prudente, Curso de Jornalismo, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para sua conclusão.

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Uma voz, uma marca: Lucas Macedo, o locutor recordista de tempo como apresentador do jornal da manhã na rádio prudente AM

Trabalho de Conclusão, apresentado à Faculdade de Comunicação Social “Jornalista Roberto Marinho” de Presidente Prudente, Curso de Jornalismo, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para sua conclusão.

Presidente Prudente, 06 de Dezembro de 2018.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________ Prof. Orientador Me. Homéro Ferreira

Universidade do Oeste Paulista – Unoeste Presidente Prudente-SP

_______________________________________________ Prof. Dr. Tchiago Inague Rodrigues

Universidade do Oeste Paulista – Unoeste Presidente Prudente-SP

_______________________________________________ Prof. Dr. Rogério do Amaral

Universidade do Oeste Paulista – Unoeste Presidente Prudente-SP

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Nossa caminhada nem sempre é tão simples, às vezes passamos por alguns obstáculos que precisamos superá-los e para isso precisamos de pessoas muito especiais que estejam sempre de braços abertos para nos ajudar, dar seu apoio e carinho. Deste modo, dedicamos este trabalho a todos os professores do curso, qυе foram muito importantes na nossa vida acadêmica е no desenvolvimento deste trabalho. A Deus, pela força е coragem durante toda esta longa caminhada. À nossa família, por sua capacidade de acreditar em nós.

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À Unoeste, ao seu corpo docente, direção e administração que nos forneceram todas as oportunidades para atingirmos um horizonte um dia desejado por nós.

Aos entrevistados, pessoas relacionadas à trajetória de Lucas Macedo. Em especial Lucas Macedo, peça chave desse projeto, que compartilhou sua história de quase meio século no rádio.

Ao nosso orientador professor Homéro Ferreira, pela atenção e dedicação, especialmente na elaboração deste trabalho.

Aos avaliadores professores Rogério do Amaral e Tchiago Inague Rodrigues pelos ensinamentos e pelas contribuições prestadas para este trabalho, por ocasião da banca de qualificação.

Aos nossos professores Carolina Mancuzo, Fabiana Alves, Giselle Thomé, Luiz Dale Vedove, Maria Luísa Hoffmann, Roberto Mancuzo e Thaisa Bacco, pelos ensinamentos recebidos.

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“Jornalismo: o melhor ofício do mundo... ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a morrer por isso, poderia persistir num ofício tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia como se fosse para sempre, e não concede um instante de paz enquanto não torne a começar com mais ardor que nunca no minuto seguinte”. (Gabriel Gárcia Márquez – Prêmio Nobel de Literatura – Los Angeles, Estados Unidos, 7 de outubro de 1996)

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Uma voz, uma marca: Lucas Macedo, o locutor recordista de tempo como apresentador do Jornal da Manhã na rádio Prudente AM

O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem como proposta resgatar a história do locutor de rádio Lucas Macedo e suas contribuições para a comunicação em Presidente Prudente. A trajetória de um comunicador, que é recordista em termos de tempo de apresentação de um produto de radiojornalismo no rádio de Presidente Prudente: foram 38 anos no Jornal da Manhã, da Rádio Prudente AM. O locutor permanece em atividade, como locutor da voz padrão da TV Band Paulista. A metodologia aplicada neste estudo foi à pesquisa qualitativa de caráter exploratório, com a utilização de pesquisa bibliográfica para dar suporte ao embasamento teórico. Como técnica de coleta de dados foram aplicadas análise documental e entrevista em profundidade do tipo semiaberta. A análise de resultados e interpretação de resultados é feita por unidades de frases e de acontecimentos. Os resultados alcançados foram utilizados na produção da peça prática e sinalizam para a produção de um programa de rico conteúdo.

Palavras-chave: Locutor. Lucas Macedo. Jornal da Manhã. Rádio Prudente AM. Programa de Reportagem.

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ABSTRACT

A Voice, a spot: Lucas Macedo, the radio announcer recordist in time as The Morning News presenter at AM Radio.

This current term paper propose a history rescue of the radio announcer Lucas Macedo and his contributions the communication in Presidente Prudente. The communicator´s path, who is a recordist in terms of a product in journalism on the radio presentation, in Presidente Prudente AM Radio: It has been 38 years presenting The Morning News, at AM Prudente Radio. The radio announcer remains active presenting as the main voice at TV Band Paulista. The methodology applied in this study is the qualitative research with exploratory character, using bibliographical research supporting the theoretical basis. For the data collection technique, it is applied a documentary analysis and a semi-open in-depth interview. The analyses and interpretation derived from the results, are made by units of phrases and occurrences. The achieved results were used to develop the practical unit, paving the way to the production of a program with rich content.

Key words: radio announcer, Lucas Macedo, The Morning News, AM Prudente Radio, Reporting Program.

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AM APEA CBS EMUBRA EUA FACOPP FM IBGE PROEXT TCC - Amplitude Modulada

- Associação Prudentina de Esportes Atléticos - Columbia Broadcasting System

- Enciclopédia dos Municípios Brasileiros - Estados Unidos da América

- Faculdade de Comunicação de Presidente Prudente - Frequência Modulada

- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Pró-reitoria de Extensão e Ação Comunitária - Trabalho de Conclusão de Curso

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 2 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA... 2.1 Problema... 2.2 Justificativa... 2.3 Objetivos... 2.3.1 Objetivo geral... 2.3.2 Objetivos específicos... 2.4 Metodologia... 2.5 Forma de Análise dos Resultados... 3 Radiojornalismo... 3.1 Rádio em Prudente... 3.2 Rádio Prudente... 3.3 Avanços Tecnológicos... 3.3.1 Características... 4 UMA VOZ, UMA MARCA... 4.1 História de Luta... 4.2 A Superação... 4.3 Voz do Rádio e da TV... 4.4 Voz da credibilidade... 5 Reportagem... 5.1 Gênero e Técnica... 5.2 Produtos... 5.3 Mensagem Informativa... 5.4 Pauta... 5.5 Entrevista... 6 PROJETO EDITORIAL... 6.1 Introdução... 6.2 Objetivos... 6.2.1 Objetivo geral... 12 14 14 15 15 15 15 16 18 20 22 23 24 26 30 31 32 33 35 38 38 44 46 48 49 51 51 51 51

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6.2.2 Objetivos específicos... 6.3 Justificativa ... 6.4 Público-alvo... 6.5 Linha Editorial... 6.6 Estrutura... 6.7 Ilustração Sonora... 6.7.1 Vinheta de abertura... 6.7.2 Vinheta de passagem... 6.7.3 Vinheta de encerramento... 6.8 Divulgação... 6.9 Recursos financeiros... 6.10 Recursos humanos... 6.11 Recursos técnicos... 7 MEMORIAL DESCRITIVO... 7.1 Pré-projeto... 7.2 Projeto... 7.3 Parte Prática... 7.4 Entrevistas... 7.5 Produção da Peça Prática... 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS... REFERÊNCIAS ... ANEXOS... ANEXO A – PRÉ-ENTREVISTAS... ANEXO B – ENTREVISTAS PEÇA PRÁTICA ...

51 52 52 52 53 54 54 54 55 55 55 55 55 57 57 58 59 59 61 63 66 69 70 83 ANEXO C – JORNAL ... ANEXO D – FOTOS ENTREVISTADOS... APÊNDICES ... APÊNDICE A – PAUTAS ... APÊNDICE B – SCRIPT... 127 130 137 138 158

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1 INTRODUÇÃO

No primeiro semestre de 2017, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) “Proposta de produção de programas para a Rádio Facopp, sobre personalidades do Oeste Paulista”, Luma Correia Holanda (2017), abriu a possibilidade de elaboração de novas edições para contar outras histórias, além da que foi inicialmente produzida sobre a vida e a obra do poeta César Cava. Então, agora este TCC, de protocolo 08987/2018 na Pró-reitoria de Extensão e Ação Comunitária (Proext), propõe contar a história do locutor Lucas Macedo.

A reportagem na prática jornalística, utilizada pelas diferentes plataformas de mídia e entre elas o rádio, se apresenta como técnica e como gênero. É uma técnica enquanto atividade fundamental do jornalismo, no acompanhamento de acontecimentos de interesse público, em busca de informações a serem transformadas em notícias. O gênero está relacionado à produção de programa com informações sobre um mesmo assunto, acontecimento ou personalidade, para contar uma história com maior aprofundamento em relação ao noticiário do dia a dia.

O produto mais próximo do programa de reportagem no rádio é o radiodocumentário, basicamente com a diferença de que o primeiro tem uma abordagem mais objetiva, trabalhada de acordo com os depoimentos dos entrevistados e informações obtidas em documentos; enquanto que o segundo permite explorar aspectos mais subjetivos, de acordo com o ponto de vista do documentarista. A prática do jornalismo no rádio, por ser um veículo de forte apelo sensorial, tem no programa de reportagem um produto que mescla informações racionais com doses de emoção, próprias do sentimento humano manifestado pela voz.

A mensagem informativa no rádio, além da voz, é construída com os seguintes elementos: música, efeitos sonoros, ruído que sirva como ambientalização e até mesmo o silêncio pode provocar suspense e reflexão. Além da sensorialidade, pela qual existe a relação de um diálogo mental entre emissor e receptor – provocada pela voz com ou sem os demais elementos. Outras características relevantes são apresentadas neste trabalho e a mais básica delas é de que o rádio é um veículo essencialmente oral: o emissor fala, a mensagem é transmitida e ao receptor basta a capacidade física de ouvir.

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Os capítulos que foram produzidos abordam os assuntos relacionados ao conteúdo do projeto, iniciando pela fundamentação metodológica, apresentada no capítulo 2. Nele está presente o problema, a justificativa, o objetivo geral, os objetivos específicos e a metodologia.

No capítulo 3 está o radiojornalismo, que conta um pouco sobre as principais rádios e a história dessa prática profissional do jornalismo; logo em seguida é apresentado um breve histórico sobre o rádio local e a história da Rádio Prudente AM, emissora na qual Lucas Macedo atuou por 38 anos. Também se encontra os avanços tecnológicos e as principais características do rádio.

No capítulo 4 é retratada a trajetória de Lucas Macedo e suas contribuições para a comunicação em Presidente Prudente e região. Já no capítulo 5 está a reportagem, principal objeto deste estudo, no qual também são apresentados outros produtos, a mensagem informativa, pauta e entrevista.

No capítulo 6 está o projeto editorial do programa Reportagem em Ação, a peça prática deste projeto. Projeto composto pelos seguintes elementos: introdução, justificativa, objetivos gerais e específicos, linha editorial, estrutura, ilustração sonora, recursos financeiros, recursos técnicos e humanos.

No capítulo 7 encontra-se o memorial descritivo, onde todas as etapas são descritas de forma mais detalhada, conta ainda a construção de cada uma das atividades deste projeto: pesquisas, pautas, entrevistas, decupagens e edição do programa.

E no capítulo 8 estão as considerações sobre esta etapa do projeto de TCC, sendo que o alcance dos objetivos propostos indica o suporte teórico necessário para a produção da peça prática.

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2 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA 2.1 Problema

O locutor Lucas Macedo possui uma trajetória de mais de 40 anos de profissão, com uma marca rara de se alcançar: que é a de ter sido apresentador do Jornal da Manhã, da Rádio Prudente AM, por 38 anos; além de outras atuações como as coberturas de eleições, de ter sido o primeiro locutor da primeira rádio prudentina de sintonia de frequência modulada (FM), a 101 FM e de ser por vários anos locutor voz padrão da TV Band Paulista, emissora do Grupo Bandeirantes e com sede em Presidente Prudente.

O personagem central deste trabalho é natural de Presidente Bernardes, onde criança e adolescente foi trabalhador rural. Depois, com a família se mudando para Regente Feijó, trabalhou em uma madeireira e cortava eucalipto no machado. Quando alguém pergunta a hora, ele respondia igual aos locutores que ouvia na Rádio Difusora da cidade, o que já era sinal de sua vocação.

Aos 17 anos de idade iniciou sua carreira de locutor, aprovado em um concurso com mais de 200 inscritos na mesma Rádio Difusora. Seu primeiro dia de trabalho, por coincidência foi no Dia do Radialista; 21 de setembro de 1970, que caiu em um domingo, dia em que ficou cinco horas seguidas no ar, apresentando programa musical, a partir das 14h.

Daí em diante, Lucas permaneceu no rádio, logo se transferindo para Presidente Prudente; sendo que depois teve uma passagem por Dourados, no Mato Grosso do Sul, e voltou para Prudente, contratado pela Rádio Prudente em 1978. Como foi uma experiência de certa forma frustrada, em outras ocasiões, com convites para grandes emissoras, recusou, pois sua esposa disse que não iria acompanhá-lo, como aconteceu com o convite do repórter Amorim Filho, da Rádio Bandeirantes, para ir trabalhar em São Paulo.

Diante da proposta de produzir uma edição do programa Reportagem em Ação, como resgate da história desse profissional radiojornalista, o problema está em apurar, através da prática do jornalismo em profundidade, quais têm sido as contribuições de Lucas Macedo para o rádio em Presidente Prudente?

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2.2 Justificativa

O presente projeto de extensão, elaborado mediante a realização de pesquisa, se justifica pela a relevância do assunto na temática de radiojornalismo relacionada a um profissional com mais de 40 anos de carreira. Tem também a questão ineditismo de contar jornalisticamente uma história de uma trajetória que é pública, mas até então conhecida por fragmentos e que agora será sistematizada.

Há ainda o alcance social, pois o assunto em questão está plenamente inserido no contexto histórico de Presidente Prudente e região. Do ponto de vista acadêmico, o projeto se justifica pela contribuição em produzir e disponibilizar os conteúdos da pesquisa e jornalístico, através do gênero reportagem, para acesso da comunidade estudantil. É um projeto plenamente exequível em termos da busca de informações e produção, inclusive por ser o produto de baixo custo.

Em termos pessoais, está sendo uma oportunidade de aprimoramento do conhecimento acadêmico, teórico e prático, visando uma melhor compreensão sobre o exercício da profissão de jornalista e de ampliar as relações sociais com a população local e regional.

2.3 Objetivos

2.3.1 Objetivo geral

• Resgatar a história do locutor de rádio Lucas Macedo e suas contribuições para a comunicação em Presidente Prudente

2.3.2 Objetivos específicos

• Aprofundar os conhecimentos sobre radiojornalismo e produção de programa de reportagem;

Levantar dados sobre o personagem participante deste estudo na condição de pesquisado, sistematizar e contar uma história que possa contribuir como fonte de pesquisa;

• Produzir uma edição do programa de Reportagem em Ação, com o tema “Uma voz, uma marca: Lucas Macedo, o locutor recordista de tempo como apresentador do Jornal da Manhã na Rádio Prudente AM”.

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2.4 Metodologia

Com relação à abordagem desta pesquisa, pode-se defini-la como de caráter qualitativo, segundo os estudos realizados por Mascarenhas (2012, p.36), “[...] utilizamos a pesquisa qualitativa quando queremos descrever nosso objeto de estudo com mais profundidade”. O programa de reportagem tem essa finalidade, sendo um dos produtos da prática do jornalismo em profundidade.

Por conseguinte, é possível considerar que, a abordagem qualitativa procura conquistar uma análise mais arraigada e profunda do tema em questão, cujo objetivo é obter dados baseados em um estudo com qualidade e não quantidade.

Para Goldenberg (1997, p.14) “[...] na pesquisa qualitativa a preocupação do pesquisador não é com a representatividade numérica do grupo pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, de uma instituição, de uma trajetória”. Neste sentido, a reportagem enquanto gênero utiliza a fonte oral primária para buscar informações em suas essências.

Diante disso, trata-se de um estudo inserido no rol de pesquisas de caráter exploratório, que buscam obter uma maior aproximação entre o problema levantado e os objetivos traçados. Conforme Gil (2002, p.41):

Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de instituições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.

Na busca de obtenções de dados, os autores deste trabalho utilizaram a técnica de pesquisa bibliográfica, através de acessos a livros, os quais foram de suma importância ao desenvolvimento de cada etapa do projeto.

No que se refere às técnicas de coleta, este estudo se apropria da pesquisa bibliográfica, de acordo com os estudos realizados por Gil (2002, p.44): “[...] a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Com isso, é possível concluir que a pesquisa bibliográfica tem como base fundamental, estudos publicados por diversos autores.

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No entendimento de Gil (2010, p.30), “[...] a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”. Conforme Bervian e Da Silva (2007, p. 60), a pesquisa bibliográfica procura explicar determinado problema, diante de trabalhos, como artigos, livros, dissertações e teses, ela pode ser feita de maneira individual ou como pesquisa descritiva e experimental.

A busca pela obtenção de dados para elaboração deste projeto também utiliza da técnica de análise documental, cuja prática, em relação à pesquisa bibliográfica, se diferencia pela natureza das fontes, alcançando outros meios além dos livros e artigos científicos, como é o caso, por exemplo, de produções de comunicação que têm como plataforma a internet. De acordo com Moreira (2009), a análise documental consiste em um aparato que completam outras maneiras de levantar dados como entrevistas e questionários. Por sua vez, Gil (2010, p.30) apresenta a seguinte explicação sobre a natureza das fontes:

A pesquisa bibliográfica fundamenta-se em material elaborado por autores com o propósito específico de ser lido por públicos específicos. Já a pesquisa documental vale-se de toda sorte de documentos, elaborados com finalidades diversas, tais como assentamento, autorização, comunicação etc.

As fontes consultadas nas análises documentais são classificadas como de naturezas primária e secundária. As primárias estão voltadas aos escritos pessoais, como cartas de assuntos particulares, documentações oficiais, textos legais e documentos internos de empresas e instituições. Porém, as mais usadas são as secundárias, que são de certa forma, interpretações e avaliações das fontes primárias. Estas se referem às informações que já foram organizadas, como mostra Moreira (2009, p.272):

[...] constituem conhecimento, dados ou informação já reunidos ou organizados. São fontes secundárias a mídia impressa (jornais, revistas boletins, almanaques, catálogos) e a eletrônica (gravações magnéticas de som e vídeo, gravações digitais de áudio e imagem) e relatórios técnicos.

Em termos de análise documental, neste projeto ocorre a utilização de fontes secundárias, com a busca de dados em plataformas de mídias disponibilizadas na internet.

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Em relação a essa etapa, para a presente pesquisa foram produzidas nove entrevistas com familiares e comunicadores que trabalharam com Lucas Macedo. Os colaboradores para a realização da peça prática referente a esta pesquisa foram o comunicador e deputado estadual Ed Thomas, o radialista Joilton Carlos, o jornalista Geraldo Gomes, Graziela Todesco e Thiago Caldeira. Além do coordenador operacional de televisão Marcos Mendonça, o secretário municipal de Meio Ambiente Wilson Portella, o irmão mais novo Josué Macedo e o filho Alexandre Macedo.

2.5 Forma de Análise dos Resultados

Os dados obtidos nesta pesquisa qualitativa são confrontados entre o que diz um entrevistado e outro, ocorrendo o mesmo em relação às informações coletadas em análise documental, e do que disseram os entrevistados e o que foi encontrado em publicações de fontes primárias (pesquisa bibliográfica) e secundárias. Nos confrontos, a preocupação está em chegar aos dados de acordo com a problematização e os objetivos propostos. Aplica-se aqui a análise de conteúdo:

Quando os documentos referem-se a textos escritos ou transcritos, como matéria veiculada em jornais e revista, cartas, relatórios, cartazes e panfletos, ou à comunicação não verbal, como gestos e posturas, o procedimento analítico mais utilizado é a análise de conteúdo (GIL, 2010, p.67).

No processo para análise e interpretação dos resultados a decisão do grupo autor deste trabalho é pela definição de unidades de análise que, conforme Gil (2010, p.68), podem ser palavras ou frases, temas, personagens e acontecimentos, entre outros possíveis critérios.

Sendo assim, para a realização da análise dos dados coletados por meio da técnica de entrevista em profundidade e o cruzamento das informações para a contestação das informações, foram utilizados os conceitos obtidos através da pesquisa bibliográfica e documental, feitas por meio de livros e arquivos, permitindo assim a checagem entre os artigos e depoimentos dos entrevistados.

O resultado foi apresentado na peça prática, que disponibilizou de maneira clara e objetiva a história de Lucas Macedo, o produto foi um programa de

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reportagem, cujo nome é “Reportagem em Ação”, e faz parte da grade de programação da Rádio Facopp.

O próximo capítulo é sobre radiojornalismo, que é a prática profissional do jornalismo aplicada ao rádio.

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3 RADIOJORNALISMO

O rádio no Brasil nasceu como veículo de elite e não de massa e se dirigia a quem tinha poder aquisitivo para mandar buscar o aparelho receptor no estrangeiro. Seu conteúdo também era de elite e sua popularização ocorreu a partir da autorização do governo para veiculação de publicidade. Inicialmente, o rádio foi o veículo oficial da Academia Brasileira de Ciência.

Nessa circunstância, o rádio nasceu para divulgar a ciência, oferecer educação e promover a cultura. Era elitizado. Poucos tinham condições de compra do aparelho receptor e de pagar mensalidade para manter a programação. Daí a designação de sociedade ou clube. Mas, em menos de uma década, o rádio já se transformava num veículo popular (FERREIRA, 2014, p.22).

A disputa pela verba publicitária transformou a programação do rádio de erudita para popular, considerando que antes da veiculação de anúncios a sobrevivência era paga pelos ouvintes na condição de associados das emissoras. O dinheiro era pouco, não havia investimentos em equipamentos e os locutores atuam como voluntários. Mas isso mudou com a autorização do governo para poder comercializar anúncios.

A publicidade foi permitida por meio do Decreto nº 21.111, de 1º de março de 1932, que regulamentou o Decreto nº 20.047, de maio de 1931, primeiro

diploma legal sobre a radiodifusão, surgido nove anos após a implantação do rádio no Brasil (ORTRIWANO, 1985, p.15).

Na década de 1940, o rádio passou por uma das melhores etapas, de acordo com Neuberger (2012, p.66-67), tendo vivido em pelo menos duas décadas a Era de Ouro da Rádio, já com o profissionalismo e a disputa por audiência que motivou a criação do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). E essa fase também foi marcada pelo radiojornalismo, como atividade mais estruturada, sendo as primeiras o "Repórter Esso", o "Grande Jornal Falado Tupi" e o "Matutino Tupi" (ORTRIWANO, 1985, p.20).

O Repórter Esso ficou reconhecido pela cobertura da II Guerra Mundial, seguindo um modelo norte-americano de notícias. Por ele era transmitida as principais notícias do Brasil e do mundo. O Repórter Esso ficou famoso por ter inaugurado também o modelo de síntese noticiosa, relata Neuberger (2012,

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p.68-69), que apresenta ainda como marco no radiojornalismo os primeiros jornais falados da Rádio Tupi de São Paulo:

Em 1942, a Rádio Tupi de São Paulo colocou no ar o Grande Jornal Falado Tupi, também um marco no radiojornalismo brasileiro. Merece destaque, da mesma forma, o Matutino Tupi, no ar de 1946 a 1977. A maior novidade nestes radiojornais era o texto linear, direto, corrido e sem adjetivação, conforme normas do jornalismo atual para todos os veículos de comunicação (NEUBERGER, 2012, p.69).

Neuberger (2012, p.69) aponta que falar da década de 1950 não é muito agradável, “[...] se trata do momento em que, após a televisão entrar no ar, em 1950, através da TV Tupi, de São Paulo, o rádio perde seu cast de artistas e, consequentemente, seus anúncios”. Embora a TV tenha ocupado o espaço do rádio, Neuberger (2012) ressalta que esta fase trouxe muitas conquistas e uma nova reestruturação para o rádio, quando o jornalismo, esporte e prestação de serviços ganharam destaque. Jung (2013, p.37) destaca:

[...] foi se recuperar anos depois com a estruturação de novas emissoras construídas com base no tripé jornalismo, esporte e entretenimento – aqui com destaque para a música gravada, pois os artistas, por motivos evidentes, deram preferência aos programas de auditório de televisão.

Outro destaque no jornalismo, de acordo com Neuberger (2012), foi a Rádio Bandeirantes, de São Paulo, criou boletins de notícias com até um minuto de duração a cada 15 minutos, sendo que nas horas cheias os boletins de três minutos, ainda na década de 1950. Daí em diante, a prática de radiojornalismo foi sendo ampliada, solidificada no Brasil por emissoras como a Jovem Pan, com sua programação gerada e transmitida em São Paulo; e desde 1994 pela Rede Jovem Pan de Rádio, da qual a Rádio Prudente AM foi à primeira afiliada. Em 1991, foi criada pelas Organizações Globo a primeira emissora só de notícias do Brasil: a Rádio CBN – Central Brasileira de Notícias, que de acordo com Ferreira (2014). Rapidamente, se organizou com rede, contando com emissoras próprias em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, e afiliadas por todo Brasil. São mais de 9 mil rádios no Brasil e em grande parte delas o radiojornalismo está presente.

O próximo tópico apresenta um breve histórico do rádio local, com foco na Rádio Prudente AM, por ter sido a empresa em que Lucas Macedo trabalhou por

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mais tempo. Também traz informações sobre os avanços tecnológicos e as características do rádio.

3.1 Rádio em Prudente

A invenção do rádio ocorreu entre o final dos anos 1800 e o começo dos anos 1900, com o primeiro experimento no Brasil feito por um grupo de radiotelegrafistas em Recife no ano de 1919, com transmissor importado na França, que deu origem à Rádio Clube Pernambuco, conforme mencionou Ortriwano (1985, p.13). De acordo com a mesma autora, o segundo aconteceu no Rio de Janeiro, então capital brasileira, em 7 de setembro de 1922, nas comemorações do Centenário da Independência. Oficialmente, segundo Ferreira (2014, p.22), a primeira emissora do país foi instalada em 20 de abril de 1923, por iniciativa do antropólogo e membro da Academia Brasileira de Ciências, Edgard Roquette-Pinto, com a finalidade de divulgar a ciência e promover educação e cultura.

A invenção do rádio poderia ter sido do brasileiro Roberto Landell de Moura, padre gaúcho que estudou na Europa e lá iniciou os primeiros experimentos que possibilitaram a transmissão de voz a distância sem a utilização de fios. O italiano Guglielmo Marconi foi o segundo a obter resultados, mas o primeiro a documentar seu experimento na Inglaterra. O rádio foi uma invenção que se espalhou rapidamente pelo mundo e no Brasil, sendo que Presidente Prudente esteve entre as primeiras cidades a ter uma emissora, das quais até 1999 apenas 16 continuavam em funcionamento.

Tavares (1999, p.17) cita em sua obra a PRI-5 Rádio Difusora de Presidente Prudente. Emissora que obteve a concessão do governo em 1937 e foi instalada em 1938, apresentada na época como “A Voz do Sertão” (BERNARDINO; LIMA, 2014), quando o rádio brasileiro tinha apenas 15 anos, e que permanece no ar até os dias de hoje, passados exatamente 80 anos. Lucas Macedo, personagem central do objeto deste estudo, tem de carreira mais da metade do tempo da existência no rádio em Presidente Prudente e tem mais de dois terços da idade da Prudente AM, emissora fundada em 17 de dezembro de 1954 (BERNARDINO; LIMA, 2014).

Depois, vieram a Piratininga, em 1962; a Comercial, em 1959; a Diário, na década de 80; todas de frequência em Amplitude Modulada (AM). Ainda com

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prefixos liberados pelo Ministério das Comunicações para Presidente Prudente, a 101 FM, em 1978; a 98 FM, em 1979; e a 99 FM, em 1990. Possui estúdio em Prudente a Band FM, de Álvares Machado; a Jovem Pan FM, de Martinópolis; e Paulista AM, de Regente Feijó; e a Onda Vida AM – com transição para o FM, de Santo Anastácio.

3.2 Rádio Prudente

A Rádio Prudente AM nasceu com o prefixo ZYR-84, e por vários anos era conhecida apenas como 84, mas sua razão social era Rádio Caiuás de Presidente Prudente, um nome indígena e, portanto, em referência aos índios que no passado habitavam essa região, de acordo com reportagem do jornal Oeste Notícias, publicada em 1997 e inserida em TCC produzido na Facopp sobre a história do radiodifusor Carlos Alberto de Arruda Campos (SILVA et al., 2012, p.34). De acordo com a enciclopédia digital Emubra (2003), em 1965 a rádio foi vendida para um grupo político formado por José Lemes Soares (fundador da empresa de transportes Andorinha), Odilo Antunes de Siqueira, Rodrigo Arteiro Penhabel, Piro Miranda e Florivaldo Leal (que foi prefeito de Presidente Prudente).

Em 1970, o radialista Carlos Alberto Arruda Campos comprou a Rádio Prudente AM e promoveu ampla reestruturação em equipamentos e recursos humanos. Nascido em Regente Feijó, em 22 de junho de 1931 e morreu aos 60 anos de idade, em 11 de dezembro de 1991 (SILVA et al., 2012, p.49). Sua família tinha vindo de São Carlos-SP. Aos 16 anos, foi levado pelos pais para São Paulo, para estudar no Colégio Liceu de Jesus. Aos 18 retornou ao interior, por causa do serviço militar no Tiro de Guerra de Presidente Prudente, onde, em 1950, começou a trabalhar em serviço de Alto Falante e foi locutor da Rádio Difusora. Ao ir novamente para São Paulo, tornou-se locutor da Rádio Cultura. Depois, foi para as Emissoras Coligadas (Grupo Difusora) como diretor, ajuntando dinheiro que deu para comprar a Rádio Prudente (SILVA et al., 2012).

Os relatos apresentados no trabalho de Silva et al. (2012), obtidos em entrevistas com familiares, amigos e profissionais, citam algumas características do perfil de Arruda, que são determinantes para afirmar que Lucas Macedo foi contratado por ele em 1978 por ser um profissional de qualidade. Arruda era perfeccionista, exigente e absolutamente comprometido com a qualidade dos

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profissionais e dos equipamentos. Sua emissora foi a primeira da cidade a ter uma unidade móvel, colocada em circulação em 1976, com os equipamentos de transmissão externa instalados num Fusca que era identificado no seu capô com a palavra Xereta. Além de Joseval Peixoto e Flávio Araújo, que fizeram carreira em São Paulo, entre outros nomes que trabalharam com Arruda estão os seguintes:

Nilton Alves, Tito Junior, Hélio Athia, Rubens Shirassu, Fernando Brizolla de Oliveira, Joaquim Nascimento, Constantino Nascimento, Divarcí Nascimento, Maestro Zito, Altino Correia, Nilton Mescoloti, Sérgio Antônio, Mamãe Dolores, Tadashi Kuriki, Amador Alvim, Ediberto Mendonça, Galileu Silva, Takashima, Nho Miguel, Neuza Matos, Neif Taiar, José Barbato, Geraldo Gomes, Reginaldo Nunes, Ananias Pinheiro, Jorgete Santos, Mário Luiz, Joilton Carlos, Sérgio Paulo do Carmo Alves, Wolfgang Bendrath Júnior, Ivete Nascimento, Joseval Peixoto, Rafael de Lala, Jurandir Gomes, Takashima, Ediberto Mendonça, Regina Célia, Lucas Macedo, Ed Thomas, Hélio Carreiro, Hélio Cassemiro e Airton Roberto (TONSAFINS, 2011).

Na programação da Rádio Prudente o jornalismo permanece presente no dia a dia e em coberturas, especialmente as de eleições municipais com a utilização do slogan “Da Boca de Urna para o Ouvido do Povo”, mesmo depois da adoção do voto eletrônico, por ter uma marca construída na voz de Galileu Silva que dividia as transmissões com Lucas Macedo. Na 101 FM a programação é sertaneja. Conforme noticiado pelo Portal Prudentino (2012), em 2017, a família Maluly, de Araçatuba, comprou das herdeiras de Arruda Campos (mulher e três filhas) as duas emissoras e nas negociações, ao final de 2016, houve corte de funcionários, incluindo Lucas Macedo. Mative, do Portal Prudentino, noticiou que o negócio chegou a R$ 5 milhões. O nome de Carlos Alberto Arruda Campos foi dado para uma rua no condomínio Residencial III Milênio e a escola municipal do distrito de Eneida.

3.3 Avanços Tecnológicos

A Rádio Prudente sempre foi bem equipada, possivelmente a emissora com melhores equipamentos da cidade e região, pois ao trabalhar em São Paulo, Arruda se acostumou com os investimentos técnicos das grandes emissoras, de acordo com os avanços tecnológicos. Assim, a atuação profissional de Lucas Macedo foi com a utilização de equipamentos de ponta, proporcionando a

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reprodução de sua boa voz com a melhor qualidade sonora possível sendo ofertada aos ouvintes.

Ao longo da história, os principais inventos e avanços que beneficiaram o rádio foram o transistor, inventado no final dos anos 1940 e muito utilizado a partir dos anos 1950, sendo um componente eletrônico, de acordo com Ferreira (2014, p.17), que possibilitou a produção do rádio portátil, mudando a audiência de coletiva para a individual e estimulando a linguagem intimista, ao trocar “os vocês que me ouvem” pelo “você que me ouve”.

O satélite surgiu nos anos 1980, dando condições de formação de redes de rádio, sendo a Jovem Pan uma das primeiras emissoras a adotar o sistema com a criação da Rede Jovem Pan Sat. A Rádio Prudente foi à primeira afiliada e permaneceu até 2016, quando trocou a Pan pela Transamérica. Na colaboração entre as emissoras afiliadas com a “emissora mãe”, Lucas Macedo esteve em rede

nacional várias vezes para noticiar fatos ocorridos em Presidente Prudente e região. O celular ampliou as possibilidades de mobilidade do rádio,

característica relacionada ao fato da transmissão de qualquer lugar, de tal forma que as unidades móveis perderam o sentido e a Rádio Prudente deixou de ter o Xereta. A internet facilitou a recepção e envio de pautas e notícias já produzidas, contribuindo com o trabalho em rede. Também criou condições para o rádio off-line, com uma página apenas com sua programação e outras informações básicas. Condição inicialmente utilizada pela Rádio Prudente, mas que em pouco tempo adotou outro recurso da internet, adotando o recurso de rádio online, passando a disponibilizar acesso à audiência de sua programação para o mundo.

A Propagação do rádio via Internet globaliza o meio. Basta digitar o endereço eletrônico e a pequena rádio comunitária de Taiaçupeba, por exemplo, cujo alcance através de antena FM é de apenas um quilometro de raio envolta da praça da vila, é ouvida em qualquer lugar do mundo, de Pequim a Cabo frio, de Angola a WLADIWOSTOK, com todas as características desse tipo de comunicação, inimaginável na era da antena e das ondas eletromagnéticas (BARBEIRO; LIMA, 2003, p. 47).

Outro recurso viabilizado pela internet é a webradio, que é o rádio exclusivo de internet, sem a necessidade de equipamento transmissor, com condições de transmissão ao vivo, retransmissão permanente de produtos gravados e armazenamento de cada produto, que pode ser acessado a qualquer momento, em qualquer parte do mundo. Recurso adotado pela Facopp, cuja webradio irá

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abrigar o programa de reportagem sobre a trajetória de Lucas Macedo, disponibilizando áudio e, no espaço do blog, texto e fotos.

O advento da internet, porém, faz surgir uma nova forma de radiofonia, onde o usuário não apenas ouve as mensagens transmitidas, mas também as encontra em textos, vídeos, fotografias, desenhos, hipertextos. Além do áudio, há toda uma profusão de elementos textuais e imagéticos que resignificam o velho invento de Marconi (PRATA, 2009, p.50).

O rádio na internet requer que os jornalistas continuem desempenhando várias funções, tais como: operador de áudio, editor/chefe, repórter, editor de reportagem, âncora e programador, assim como na rádio analógica. As funções que o jornalista tem que desempenhar são as mesmas, o que muda é a forma como os ouvintes interagem com a emissora, ou seja, se o jornalista tem um planejamento de como será a sua programação via internet, pode prepara-la antes e fazer as edições, assim como pode fazer ao vivo, ficando o programa a seu critério, e os ouvintes têm formas diferentes de acesso ao conteúdo, pois não precisam esperar um horário pré-programado pela emissora, mas acessa-lo conforme a sua vontade e necessidade a qualquer hora.

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As emissoras convencionais estão se vendo diante de um novo desafio. Não se trata mais de difusão apenas. Novas exigências estão surgindo e conteúdos diferenciados estão tendo de ser disponibilizados para os usuários das redes que visitam as emissoras de rádio hospedadas no novo suporte (ALVES, 2003, p.6).

Não somente as emissoras convencionais, mas as webradios também estão diante do desafio de produzir conteúdos diferenciados, no que se encaixa o programa de reportagem, que é a prática da reportagem enquanto gênero, pouco praticada no rádio convencional que aplica com grande frequência a prática de reportagem enquanto técnica.

3.3.1 Características

O radiojornalismo possui 14 características de entendimento essencial para o jornalista trabalhar os produtos de rádio e que são determinantes para servir como instrumento de alcance social: imediatismo, instantaneidade, baixo custo, sensorialidade, penetração, mobilidade, oralidade, autonomia, divulgador musical,

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prestação de serviço, companheiro, seletividade, comunicação de massa e interatividade, determinantes.

De acordo com Ferreira (2014, p.26), o imediatismo “[...] relaciona-se ao ato de transmitir o fato no exato momento em que acontece, ao vivo, aqui e agora, no calor da hora, direto do palco dos acontecimentos. Nenhum outro veículo é tão ágil quanto o rádio”.

Se referindo à agilidade que o rádio proporciona a instantaneidade, de acordo com Ortriwano (1985), significa que o ouvinte precisa estar ligado no momento em que é transmitida a informação. Porém tratando dessas características, Ortriwano (1985, p.80).

Se o ouvinte não estiver exposto ao meio naquele instante, a mensagem não atingirá. Não é possível “deixar para ouvir” em condições mais adequadas. No caso da televisão, o fenômeno é o mesmo. Nesse sentido, os veículos impressos levam vantagem, podendo o leitor “voltar atrás” para entender melhor a mensagem, guardar para ler nos momentos que para ele sejam mais adequados etc.[...] (ORTRIWANO, 1985, p.80).

Há também o baixo custo. O aparelho receptor tem um preço acessível. Conforme Ortriwano (1985, p.79), “[...] em comparação à televisão e aos veículos impressos, o aparelho receptor do rádio é o mais barato, estando sua aquisição ao alcance de uma parcela maior da população”. A sensorialidade é a característica que faz com que o rádio se diferencie das outras mídias. A voz que o ouvinte consiga imaginar o que está sendo dito, segundo Barbosa Filho (2009, p.45). Ortriwano (1985, p.80) relata que:

[...] o rádio envolve o ouvinte, fazendo-o participar por meio da criação de um “diálogo mental” com o emissor. Ao mesmo tempo, desperta a imaginação através da emocionalidade das palavras e dos recursos de sonoplastia, permitindo que as mensagens tenham nuances individuais, de acordo com as expectativas de cada um.

De acordo com Ferreira (2014), a penetração permite que a mensagem consiga alcance em qualquer ambiente, até mesmo aquele que não tem sinal de televisão ou de internet. Barbosa (2009, p.45-46) afirma que, “[...] sem grandes complicações tecnológicas, o rádio tem a vantagem de poder falar para milhões de pessoas, o que marca a era da radiodifusão [...] satélite é fundamental para assegurar essa característica”. Outra característica é a mobilidade, conforme Barbosa (2009, p.48):

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Livre de fios e tomadas, o rádio pode ser levado a qualquer lugar. Isso faz dele uma mídia pessoal e que pode ser “ouvida” onde o receptor desejar. Em quase todas as circunstâncias, sem grandes problemas: no carro, na rua, na cozinha, no campo de futebol, no curral da fazenda ou no bar da esquina, de infinitos modos.

Sobre a linguagem oral, de acordo com Ferreira (2014, p.25) “[...] ao receptor cabe apenas à capacidade física de ouvir, nem precisa ser alfabetizado, ao contrário do que ocorre em relação à leitura de jornal”. Ortriwano (1985) atribui a autonomia justamente pelo rádio ser livre de fios e tomadas, o que torna o rádio portátil. Sendo assim é possível ser ouvido em qualquer lugar e de forma individual.

Outra característica é que o rádio é um divulgador musical, que pode repetir a mesma música várias vezes ao dia, diferente dos outros meios de comunicação. Com base nos estudos de Ferreira, (2014, p.26), “[...] o rádio pode tocar a mesma música várias vezes ao dia, enquanto a televisão é vez ou outra e apenas todo dia quando é tema de novela, mas apenas trechos; enquanto a internet tem servido para dar visibilidade a novos cantores”. A prestação de serviço é uma das características muito utilizada no rádio. De acordo com Ferreira (2014, p.26):

É a campanha de vacinação, o documento perdido, o parente desaparecido... Enquanto a TV é engessada pela programação em rede, o rádio é flexível. Por isso e por ser bem maior o número de emissoras, presentes em quase todos os 5.564 municípios brasileiros, o rádio está mais acessível às comunidades locais.

O rádio é o companheiro dos ouvintes e consegue levar as informações para diferentes públicos a qualquer hora do dia. Conforme Ortriwano (1985, p.79), “[...] o rádio hoje está em todo lugar: na sala, na cozinha, no banheiro, no quarto, no escritório, nas fábricas, no automóvel, eliminando também o hiato de audiência durante o tempo de locomoção de um lugar para o outro”. Sobre a seletividade, Ferreira (2014, p.26) explica que: “[...] refere-se à programação linear. Quem decide os programas e suas sequências é a equipe emissora.” O público pode escolher o que quer ouvir, durante a programação.

Outra característica é o fato do rádio ser um veículo de massa. Ele abrange o maior número de público possível, independentemente da classe social e alfabetização, de acordo com o autor Ferreira (2014). A interatividade acontece

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quando o ouvinte entra em contato com os radialistas, seja para fazer uma denúncia ou conseguir alguma informação, Ferreira (2014, p.26) afirma que:

A interatividade ocorre quando o ouvinte pede a música, faz a reclamação, procura por parente ou animal de estimação desaparecido, compra e vende pelos classificados, anuncia a festa da sua comunidade, opina em debates, aconselha a quem expõe um problema pessoal e até atua como repórter diante de um acontecimento.

Agora, no próximo capítulo, será apresentado um histórico da vida e da carreira profissional de Lucas Macedo, sendo que o título adotado está relacionado à sua principal característica que é a voz.

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4 UMA VOZ, UMA MARCA

Este capítulo apresenta a história de vida e a trajetória profissional de Lucas Alves Macedo1, com foco maior para o exercício de sua atividade como locutor, dono de uma voz que se tornou uma marca, especialmente em duas rádios de Presidente Prudente, que são a Prudente AM 1070 e a 101 FM. Os autores deste trabalho, mediante técnica de entrevista em profundidade semiestruturada, buscaram informações para elaborar este capítulo com o próprio Lucas Macedo, seu filho Alexandre Bavaresco Macedo2; o mais antigo colega nas duas emissoras, o comunicador de programa de variedade Ed Thomas3, outro mais antigo repórter em atividade das emissoras, o jornalista Geraldo Gomes4; e o último colega de bancada na apresentação do Jornal da Manhã, o jornalista Thiago Caldeira5.

Na peça prática foram entrevistados alguns dos convidados novamente. Já que os áudios não ficaram de boa qualidade, pois os equipamentos não eram compatíveis com a qualidade do programa. E os discentes entrevistaram outras pessoas: Graziela Todesco, que trabalhava como repórter no Jornal da Manhã; o seu irmão Josué Macedo; o comunicador Joilton Carlos; Wilson Portella Secretário Municipal do Meio Ambiente e ouvinte de Lucas e Marcos Mendonça coordenador operacional da TV Band.

1 Entrevista concedida pelo Locutor Lucas Macedo, radialista da região de Presidente Prudente, na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Presidente Prudente, em 28 mar. 2018.

2 Entrevista concedida pelo Professor Alexandre Bavaresco, filho do locutor Lucas Macedo, na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Presidente Prudente, em 8 abr. 2018.

3 Entrevista concedida pelo Deputado Estadual Ed Thomas, que também atuou como radialista na cidade de Presidente Prudente, na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Presidente Prudente, em 16 abr. 2018.

4 Entrevista concedida pelo Jornalista Geraldo Gomes, que foi colega de trabalho de Lucas Macedo na cidade de Presidente Prudente, na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Presidente Prudente, em 16 abr. 2018.

5 Entrevista concedida pelo Jornalista Thiago Caldeira, que foi colega de trabalho de Lucas Macedo na cidade de Presidente Prudente, na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Presidente Prudente, em 16 abr. 2018.

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4.1 História de Luta

Muito cedo em sua vida, Lucas Macedo teve que enfrentar dificuldades, na condição de trabalhador rural conhecido como boia fria; aquele que mora na cidade e como trabalha no campo tem que levantar muito cedo e levar marmita, sendo que a comida acaba esfriando. “A gente levava um caldeirão com arroz puro e cada um comia um pouco”, conforme Lucas que ia para a roda com seus irmãos Daniel e Jonas para diferentes serviços, com frio ou calor, como chacoalhar amendoim (arrancar os pés, chacoalhar para tirar a terra e colocar em linha reta para secar pelo sol), bater amendoim (depois de seco bater os pés no balaio para soltar as vagens) peneirar (para retirar as impurezas) e depois ensacar em casca para enviar à máquina beneficiadora.

Outro trabalho comum na lavoura era apanhar algodão, feita em três etapas, sendo a primeira, assim que as plumas começavam a se abrir; a segunda, quando abriam o resto das plumas; e a terceira para extraí-las já ressecadas e, como são pontiagudas, ferem as mãos. Ao dar essa explicação, o famoso locutor comenta que esse não era o pior serviço. O mais penoso era cortar eucalipto no machado e depois cortar os pedaços de metro a metro, para ainda organizar por metro quadrado.

Lucas ainda era uma criança quando trabalhava na lavoura em Presidente Bernardes, onde nasceu. Quando tinha 13 anos, sua família mudou-se para Regente Feijó e lá foi lenhador até completar 17 anos e, então, deixou a madeireira para começar a trabalhar como locutor de rádio.

Ele é o quinto de dez irmãos, filhos do mineiro de Diamantina, o farmacêutico Manuel Alves Macedo, que só usava terno branco de linho, e da mineira de Carbonita, trabalhadora do lar Benedita Ferreira Bonfim. O pai morreu aos 82 anos e a mãe aos 94. Os irmãos mais velhos de Lucas são Adilson (aposentado pela Caiuá Serviços de Eletricidade – atual Energisa), Daniel (advogado e que já atuou como repórter policial) e Jonas (padeiro); sendo que entre Adilson e Daniel teve Nicodemos (cientista), que já faleceu.

Os mais novos: Sônia (servidora municipal aposentada), Josué (militante político que já foi candidato a prefeito de Presidente Prudente e candidato a deputado estadual), Raquel (advogada na Assembleia Legislativa de São Paulo), Débora (professora) e Neemias (professor de Educação Física).

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Com a família tão grande, naqueles tempos difíceis em que o progenitor precisou encerrar as atividades da farmácia, um pão bengala era cortado em fatias, para dar uma fatia a cada um. Anos mais tarde, o pai abandonou a família e foi para o Paraná, deixando a mãe com nove filhos, já que Nicodemos mudou para Prudente, para estudar e vender carnês do Baú da Felicidade.

Lucas Macedo é viúvo de Helena Pereira Bavaresco, com quem teve três filhos: Thiago com três formações: fisioterapia, educação física e medicina, Tatiana, advogada; Alexandre, formado em direito e professor universitário. E os netos: Beatriz, Pedro, Enrico e Antônio.

No campo de valores pessoais, conforme Lucas, a coisa mais importante que se pode deixar para a posteridade é a honestidade. “Falar sempre a verdade, mesmo que doa. Às vezes, você omite determinados assuntos para não magoar a pessoa”, comenta. A simplicidade também é sua marca registrada.

Gosto do simples, pessoas, comidas e lugares simples. São esses gestos que me conquistam, que agregam valor, que intensificam e fortalecem as relações. A alegria diária de ter a surpresa espontânea. Vendo a vida passar, marcando momentos, fazendo história e criando mais um elo de confiança, reciprocidade, amizade, carinho e amor. Nada além do que preciso, somente aquilo que me satisfaz, que preenche e completa. Felizes daqueles que simplesmente aprenderam a compartilhar e a viver na simplicidade (MACEDO, 2018).

4.2 A Superação

Quando criança e também na adolescência, o locutor falava tão rápido que atropelava as palavras e chegava a receber bronca do seu pai, que achava que era zombaria com um senhor negro gago. Porém, mesmo diante das dificuldades, um passatempo de Lucas durante o trabalho na roça era fazer as vozes de locutor, conforme o que ouvia na Rádio Difusora de Regente Feijó. Se alguém pergunta as horas, ele dizia: “Em Regente Feijó são 9 horas e 50 minutos”. Fez o então ensino primário em Presidente Bernardes, e o ginasial em Regente. Com o passar dos anos, fez o telecurso 2º grau com aulas pela televisão.

O seu irmão Josué Macedo relembra do sonho de Lucas em se tornar locutor. E das dificuldades enfrentadas por ele para realizar este sonho. Lucas Macedo tinha um problema de gagueira quando jovem. Conta Josué:

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Eu acho que ele, como eu disse tinha problema de dicção, mas um problema assim, com todo o carinho, com todo o respeito, brincando às vezes eu falo, mil vezes pior que o meu, mas aí ele começou treinar, lendo texto diante do espelho, falaram para ele que era bom, olha: “Lê o jornal alto diante do espelho, que aí você vai ver, você vai ficar bom”. E ele treinou, treinou, parece que estava dentro dele isso, eu acho se ele não fosse radialista, ele seria radialista (JOSUÉ, 2018).

Aos 17 anos surgiu a chance de ser locutor, em um concurso com mais de 200 inscritos na Rádio de Regente Feijó. Lucas tinha voz grave, o que era uma exigência da época, e tinha o ritmo pelo hábito de ouvir locutores como Luiz Jatobá e Cid Moreira. A emissora precisava de dois locutores e Lucas foi um deles, sem saber se foi o primeiro ou o segundo. Até hoje se lembra do dia 21 de setembro de 1970, pouco tempo depois de a Seleção Brasileira ter conquistado o tricampeonato mundial na Copa do México. Naquele domingo jogava bola com os amigos e recebeu no campinho a dona Nanci, mulher do seu Jorge Aguiar, acompanhada do locutor Zé do Prato. Naquele dia, Lucas falou pela primeira vez no rádio e foram cinco horas seguidas, apresentando a programação musical das 14h às 19h. Por coincidência, ou não, sua carreira se iniciou no 21 de setembro de 1970, data que é comemorada o Dia do Radialista.

Lucas não chegou fazer nenhum curso da área, mas, em 1978, conquistou o registro de jornalista provisionado, título comum aos atuantes do ramo até o decreto 83.284 de 1979, quando a profissão foi reconhecida.

4.3 Voz do Rádio e da TV

A bela voz e a boa leitura foram o ponta pé inicial para uma carreira que se aproxima dos 50 anos. Lucas ficou até 72 na Rádio Difusora 1300 de Regente Feijó, pois foi contratado pela Rádio Piratininga AM 630 de Presidente Prudente, por Hélio Ferreira, que conduzia o programa no qual lia os comerciais e era chamado pelo apresentador por Lucas Boy. Em 1974, quando o locutor Sinésio de Souza foi para a Rádio Comercial 1440, Lucas Macedo foi contratado pelo dono da Rádio Prudente AM 1070 para ser locutor de uma programação que chamavam de “enlatado”, pois era tudo gravado, com ele anunciando as músicas e Neide Cordeiro falando a hora, também gravada minuto por minuto.

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Em 1975, foi para a Rádio Difusora AM 900 de Presidente Prudente, contratado por 2,5 milhões de cruzeiros. Dois anos depois, foi para a Rádio Clube AM 720 de Dourados, por 6,5 milhões de cruzeiros, livre o aluguel de sua casa, que era de 1,8 milhão de cruzeiro. Como a família não se adaptou na cidade do então Mato Grosso, atualmente Mato Grosso do Sul; ele atendeu novamente o convite de Arruda Campos pelo salário de 5 milhões de cruzeiros, sendo que somente no Jornal Manhã foi locutor apresentador de 1978 a 2017. Quando Carlos Alberto de Arruda Campos inaugurou a 101 FM, em 1978, o primeiro locutor foi Lucas. Apresentar o Jornal da Manhã, principal produto de radiojornalismo da emissora, e ter o privilégio de ser o primeiro a falar na FM, foram oportunidades dadas por Arruda Campos que primava pela qualidade e que tinha em Lucas Macedo o perfil de locutor de sua preferência. Como foi a primeira FM da cidade, o dono do famoso vozeirão entrou para a história como o primeiro locutor de FM de Presidente Prudente. Também foi apresentador de telejornal. Foi o primeiro da TV Bandeirantes de Prudente, em 1983.

Lucas lembra que era tudo improvisado em uma casa residencial na Avenida Coronel Marcondes, pouco acima da Associação Prudentina de Esportes Atléticos (APEA). O estúdio era no quarto com as paredes forradas com sacos de estopa, para dar acústica. O locutor sentava em frente uma tapadeira de madeira de cor azul e lia as laudas do telejornal, já que não tinha o recurso do teleprompter. Escritório e departamento comercial da emissora ficavam no Edifício J. Maia, na Avenida Manoel Goulart esquina com a Avenida Coronel Marcondes.

Alguns anos depois, a emissora foi para sua sede própria no Jardim Santana, em obra ainda em execução e, por isso, Lucas apresentava o jornal sentado em uma cadeira no banheiro e a câmera ficava no corredor.

Outra experiência foi na TV Pontal Paulista, afiliada da Rede Manchete, e que depois deu lugar à TV Fronteira, afiliada da Rede Globo. No Pontal fazia a gravação das vinhetas dos programas locais. Mas depois voltou à Bandeirantes para fazer o mesmo, na condição de voz padrão da emissora que envia seu sinal para as regiões de Prudente, Araçatuba, Marília, Bauru e São José do Rio Preto. A escolha do diretor Itanir Perenha recaiu sobre uma voz, para a abertura de todo programa, que seria a marca da emissora, pela beleza, firmeza e credibilidade. Lucas ficou pouco tempo longe dessa atividade, mas no ano passado voltou para a emissora que agora é chamada de Band Paulista.

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Sempre visto como um excelente profissional, Lucas sempre recebeu propostas de outros canais e conta um fato envolvendo o radialista paraibano Amorim Filho que, antes de ir para a Rádio Bandeirantes de São Paulo como repórter setorista do Aeroporto de Congonhas, trabalhou na Rádio Difusora de Presidente Prudente e, mais recentemente, fez sucesso com o quadro de entretenimento “Mano Véio, Mano Novo”.

Era uma concorrência salutar. Então, a gente recebia a proposta de determinada rádio e aquela que já estávamos empregados cobria. Um rapaz chamado Amorim Filho queria me levar para a Rádio Nacional de São Paulo e depois Rádio Bandeirantes. Mas minha esposa não quis me acompanhar e disse para ir sozinho, porque havíamos acabado de chegar de Dourados. Não fui. (MACEDO, 2018).

Marcos Mendonça, coordenador do Operacional da TV Band que trabalha com Lucas Macedo desde 1989, conta que Lucas é perfeccionista na hora de ler e interpretar os textos que vão para o ar: “Às vezes ele gosta que acompanhe e fala se errou se não errou. Ele gosta muito disto, então ele não gosta que só grave e pronto”.

4.4 Voz da credibilidade

A herança dos pais mineiros deixou um traço em Lucas Macedo, o de ser na dele, bem reservado e até certo ponto tímido, quase sempre formal. Porém, quando deixa fluir o lado artístico, geralmente diante do microfone, tem humor de sobra, para contar piadas e para imitações. Quando era criança imitava canto dos pássaros; adulto começou a imitar vozes humanas e os colegas de rádio dizem que faz isso com perfeição, seja imitando os próprios colegas ou personagens do cenário local ou nacional, entre os quais estão Sérgio Jorge e Galileu Silva; Agripino Lima e Paulo Constantino; Paulo Maluf, Luiz Inácio Lula da Silva, Paulo Francis, Gil Gomes e Maguila. Outro lado artístico é o desenho de pessoas a partir de uma fotografia.

Ed Thomas avalia Lucas como uma pessoa admirável, “que faz com a voz o que ele quiser fazer”. Diz ainda:

A voz do Lucas Macedo tem credibilidade. Em 35 anos de rádio pude conviver e aprender muito com ele que é uma inspiração para todos nós. Realmente é muito bom e apresentando jornal é inigualável. A voz do Lucas Macedo vende o comercial. Tem impacto. Ele é a voz do rádio. Ele nasceu para isso. A voz dele é uma marca (THOMAS, 2018).

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A jornalista Graziela Todesco também discorreu sobre a voz do locutor e atribui uma parcela dos seus conhecimentos a aprendizados obtidos com Lucas:

Então, obviamente quando eu fui para a Rádio Presidente Prudente, eu passei a observar a forma como ele narrava. Como ele fazia as locuções dele. E claro, que é inspirador para todo mundo. Ainda mais para mim, que estava no início da minha carreira (TODESCO, 2018).

Quem fala ainda do dom de se comunicar de Lucas Macedo, é o colega Wilson Portella, Secretário Municipal do Meio Ambiente:

Nasceu com o dom da comunicação, da informação, de ter facilidade no questionamento. Facilidade de tirar do entrevistado, o que é possível nas entrevistas. Como apresentador, como entrevistador e como locutor, é uma marca aqui em Presidente Prudente e é uma das pessoas que eu respeito bastante (PORTELLA, 2018).

Geraldo Gomes conta que foram 23 anos trabalhando com o Lucas Macedo, como repórter do Jornal da Manhã, das 7h às 8h, e em outros noticiosos e ainda em várias coberturas, entre as quais estão as eleições.

A verdade é que o Lucas Macedo faz parte da história de Presidente Prudente. O Lucas tem um carimbo, uma marca, que é a sua voz. Ele tem duas faces, sendo uma delas do cara sério, dono de um vozeirão; e outra a do imitador brincalhão. Em qualquer dessas condições poderia trabalhar em qualquer emissora do Brasil (GOMES, 2018).

Thiago Caldeira trabalhou ao lado de Lucas Macedo durante 15 anos, mas já o acompanhava desde criança como ouvinte e como amigo de escola de seu filho Alexandre Macedo; um filho orgulhoso do pai que todo mundo conhecia.

Foi um impacto dividir com o Lucas a bancada do Jornal da Manhã. Ele tem toda uma postura para apresentar o jornal, com seriedade. Além de ótimo locutor, tem facilidade para comentar os assuntos da cidade que ele conhece bem. Ele tem um domínio total dos processos de comunicação e faz do estúdio o quintal da casa dele. Sua voz é tão admirada e respeitada que tem anunciante que exige a gravação do comercial por ele, seja no rádio ou na TV (CALDEIRA, 2018).

O entrevistado Joilton Carlos fala que Lucas sempre deu voz à população, ouvindo as duas partes: “O Lucas sempre colocou esse tipo de

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informação no ar, ouvindo as partes, tanto a pessoa que reclamava quanto o reclamado, ouvindo as duas partes”.

Dos três filhos de Lucas Macedo, quem mais se aproximou do segmento da comunicação foi Alexandre Macedo que trabalhou como editor de imagem na TV Bandeirantes e atualmente leciona em cursos da Facopp. Ele fala do pai com orgulho:

Ele é muito importante na minha vida, desde a infância. Sempre o lembro como alguém que me dá segurança, que posso contar. Quando tenho alguma dúvida, é com ele que sano. Todos os domingos jogamos futebol juntos. Na minha infância, às vezes ele me levava para a rádio. Tantas coberturas de eleições que eu acompanhei... Ele falava: ‘O pai não vai ficar em casa hoje. Vamos trabalhar comigo? ’ Aquilo era muito bacana (ALEXANDRE, 2018).

Além do próprio Lucas Macedo, Ed Thomas, Geraldo Gomes, Thiago Caldeira e Alexandre Macedo, outros familiares e profissionais foram entrevistados para a produção do programa de reportagem que foi a peça prática deste TCC. O próximo capítulo será sobre reportagem.

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5 REPORTAGEM

Como a peça prática deste estudo é um programa de reportagem, este capítulo oferece sustentação teórica para a execução do produto, cujo nome é “Reportagem em Ação” e faz parte da grade de programação da Rádio Facopp.

5.1 Gênero e Técnica

O jornalismo no rádio é realizado com a aplicação de diferentes técnicas e produtos, sendo que o termo reportagem é utilizado tanto quanto técnica quanto como gênero; sendo que a técnica está no ato de entrevistar e o gênero é programa. Como este trabalho terá como peça prática um programa de reportagem sobre o locutor Lucas Macedo, o assunto reportagem ganha uma abordagem especial neste capítulo.

Jornalista é profissão. Repórter é uma função. Seja qual for a função, o jornalista é essencialmente repórter. Em qualquer situação, seu trabalho está voltado para um único objetivo: produzir notícia, o que implica prospectar informações e contar uma história a ser veiculada ao vivo ou gravada (FERREIRA, 2014, p.33).

A reportagem radiofônica está na prática do dia a dia, mas também em produções especiais, que exigem um maior aprofundamento, como é o caso do programa de reportagem ou mesmo do radiodocumentário, mas também vista como técnica para obter informações para elaborar uma matéria única, em termos de um só veículo ter.

A reportagem é a principal fonte de matérias exclusivas da rádio jornalística. A busca constante da isenção jornalística é a melhor forma de passar as informações para que o ouvinte possa tirar suas próprias conclusões do fato relatado (BARBEIRO; LIMA, 2003, p.55).

Para Barbosa Filho (2009), o gênero reportagem é uma narrativa que engloba ao máximo as diversas variáveis do acontecimento. O autor enfatiza ainda que “[...] a reportagem consegue ampliar o caráter minimalista do jornalismo e oportunizar aos ouvintes, leitores, telespectadores, ou internautas uma noção mais aprofundada a respeito do fato narrado” (BARBOSA FILHO, 2009, p.92).

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Conforme Prado (1985), a classificação de reportagem é um agrupamento de representações fragmentadas da realidade, mas que juntas dão uma ideia global de um tema. Já de acordo com Jorge (2008, p.70), no sentido geral, a reportagem é:

[...] informação, notícia; situa-se na área do jornalismo informativo; é o relato de uma ocorrência de interesse coletivo, testemunhada ou colhida na fonte por um jornalista ou um corpo de profissionais no jornalismo; é oferecido ao público segundo forma especial, por meio dos veículos jornalísticos; é a notícia ampliada.

A mesma autora entende que a objetividade seja o foco do programa de reportagem:

Se não for assim, a reportagem deixa de integrar o gênero noticioso – situa-se no terreno de opinião, virando crônica, ensaio, resitua-senha. A reportagem pode ser, sim, interpretação (jornalismo interpretativo) ou investigação (jornalismo investigativo), dois gêneros que pedem textos mais intensos e aprofundados (JORGE, 2008, p.70).

Para os autores Sodré e Ferrari, reportagem é excelência em jornalismo e trabalha com a informação objetiva:

[...] onde se contam, se narram as peripécias da atualidade – um gênero jornalístico privilegiado. Seja no jornal nosso de cada dia; na imprensa não cotidiana ou na televisão, ela se afirma como o lugar por excelência da narração jornalística. E é a justo título, uma narrativa – com personagens, ação dramática e descrições de ambiente – separada, entretanto, da literatura, por seu compromisso com a objetividade informativa. Este laço obrigatório com a informação objetiva em dizer que, qualquer que seja a reportagem (interpretativa, especial, etc.), impõe-se ao redator o “estilo direto puro”, isto é, a narração sem comentários, sem subjetivações (SODRÉ; FERRARRI, 1986, p.9).

Conforme Jung (2011, p.114), a reportagem “[...] investiga fatos, encontra novidades, gera polêmica e esclarece o ouvinte”. É uma técnica eficiente e um gênero que pede uma apuração fundamentada, aplicada como resultado de um planejamento. O jornalista que se utiliza de um bom planejamento, como orientação de seu trabalho, revê o interesse em organizar suas ações para os procedimentos a serem tomados no momento das gravações das sonoras.

Através da reportagem, algo que deve ser levado em consideração é a construção do imaginário pela rádio. Ele meche com os sentidos através da audição,

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têm o poder de invadir o pensamento das pessoas. O ouvinte cria sua própria situação, através daquilo que está sendo narrado.

A maioria das rádios jornalísticas e dos repórteres despreza, subestima sua principal matéria-prima. Não se trata aqui do som da voz do apresentador ou do repórter. Mas da música ambiente, dos gritos, das sirenes, do bate-boca, do choro, enfim, de tudo o que cerca uma situação que não deve simplesmente ser relatada por meio de um texto ou de uma entrevista (PARADA, 2000, p.31).

Mas a reportagem no rádio é basicamente voz, mas deve utilizar outros meios de composição da mensagem sonora, também utilizados no entretenimento, na dramaturgia (radionovela) para ampliar a sensorialidade e dar vasão ao imaginário, como no exemplo clássico do caso de “Guerra dos Mundos”, de Orson Welles, em 1938, onde o locutor narrava a invasão extraterrestre nos EUA. Este programa criou uma espécie de “choque” no país todo e a CBS, rádio que transmitia tudo, aferiu que milhões de pessoas ouviram na época. Houve uma repercussão muito grande. É o que afirma Ortriwano (1998):

A CBS calculou na época que o programa foi ouvido por cerca de seis milhões de pessoas, das quais metade passou a sintonizá-lo quando já havia começado, perdendo a introdução que informava tratar-se do rádio teatro semanal. Pelo menos 1,2 milhão tomaram a dramatização como fato verídico, acreditando que estavam mesmo acompanhando uma reportagem extraordinária. E, desses, meio milhão tiveram certeza de que o perigo era iminente, entrando em pânico e agindo de modo a confirmar os fatos que estavam sendo narrados: sobrecarga de linhas telefônicas interrompendo realmente as comunicações, aglomerações nas ruas, congestionamentos, etc. (ORTRIWANO, 1998, p.12).

Conforme Prado (1985, p.89), sempre que puder deve- se incluir o som ambiente “[...] que favorece a compreensibilidade, provoca a intervenção da imaginação no ouvinte e, sobretudo, dá credibilidade à informação”. O som ambiente, interpretado por alguns autores como ruído positivo, está entre os elementos da mensagem no rádio, sendo os demais a voz, efeitos sonoros, música e o silêncio. São elementos que dão dinamismo e ritmo à reportagem.

Mesmo que um programa de reportagem envolva as várias funções do jornalista na produção de pauta, coleta das sonoras e edição, uma delas é essencial, que é a do repórter que, ao cumprir uma pauta, pode dar novo rumo ao assunto e também consegue detectar novos assuntos para outras pautas, pois é quem vai para as ruas.

Referências

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