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De qualquer sorte, como já salientado, a jurisprudência sustenta a obrigatoriedade da formulação do referido quesito, sob pena de nulidade, reparese:

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Gostaria de saber se é obrigatória a quesitação genérica da

absolvição quando se trata de tese única de negativa de autoria e os jurados

respondem positivamente aos dois primeiros quesitos?

Em se tratando de tese única de negativa de autoria, parece

contraditória a formulação do quesito genérico da absolvição quando confirmados

os dois primeiro referentes à materialidade e à autoria.

Ora, se a fonte dos quesitos, nos termos do parágrafo único do art.

482 do Codex Processual, são os termos da pronúncia ou das decisões posteriores

que julgaram admissível a acusação, do interrogatório e das alegações das partes,

e se a regra do parágrafo único do art. 490 do mesmo caderno explica que “se,

pela resposta dada a um dos quesitos, o presidente verificar que ficam

prejudicados os seguintes, assim o declarará, dando por finda a votação”, parece

que a lógica seria o encerramento da votação.

No entanto, a jurisprudência vem afirmando a obrigatoriedade do

quesito genérico da absolvição. Claro, na doutrina há quem sustente a

inconstitucionalidade por afronta ao princípio do contraditório, pois o fundamento

da absolvição seria desconhecido, senão vejamos:

“Já aqui vislumbramos a primeira inconstitucionalidade. Imaginemos que a tese pessoal e técnica do réu tenha sido somente a negativa de autoria. Respondendo ao segundo quesito, referente à autoria ou participação, os jurados o fazem afirmativamente. A rigor, o réu estará condenado. A lei, no entanto, obriga outra indagação: “O jurado absolve o acusado?”. Se o jurado disser SIM a essa indagação, absolveu-o por tese desconhecida, então não submetida ao crivo do contraditório. Com isso, ofendidos ficarão os princípios do contraditório (art. 5.º, inciso LV, da Constituição Federal) e do duplo grau de jurisdição, porque a acusação não terá como apelar dessa decisão sob a alegação de que é manifestamente contrária à prova dos autos (art. 593, inciso

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III, alínea d, do CPP), porque ignora a razão pela qual o Conselho de Sentença absolveu o acusado.”1.

De qualquer sorte, como já salientado, a jurisprudência sustenta a

obrigatoriedade da formulação do referido quesito, sob pena de nulidade,

repare-se:

HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. 1. CONTRADIÇÃO ENTRE AS RESPOSTAS DOS JURADOS. INEXISTÊNCIA. ABSOLVIÇÃO GENÉRICA. POSSIBILIDADE. SOBERANIA DOS VEREDICTOS. PLENITUDE DA DEFESA 2. TESE ÚNICA DE NEGATIVA DE AUTORIA. AUTORIA E MATERIALIDADE RECONHECIDAS DURANTE A VOTAÇÃO DOS DOIS PRIMEIROS QUESITOS. VOTAÇÃO DO QUESITO OBRIGATÓRIO RELATIVO À ABSOLVIÇÃO DO RÉU. INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO ENTRE OS QUESITOS. 3. OFÍCIO AO ÓRGÃO DA CLASSE. INVESTIGAÇÃO DA CONDUTA ÉTICA DO DEFENSOR. AUSÊNCIA DE AMEAÇA AO DIREITO AMBULATORIAL. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. 4. HABEAS CORPUS PARCIALMENTE CONCEDIDO.

1. Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o quesito previsto no art. 483, inciso III, do Código de Processo Penal, é obrigatório e, dessa forma, não pode ser atingido pela regra da prejudicialidade descrita no parágrafo único do art. 490 do mesmo diploma legal. Precedentes.

2. O fato de a decisão dos jurados se distanciar das provas coletadas durante a instrução criminal não justifica a renovação da votação ou caracteriza contrariedade entre as respostas. Eventual discordância da acusação deve ser ventilada por meio do recurso próprio, nos termos do art. 593, inciso III, alínea d, do Código de Processo Penal.

3. Os jurados são livres para absolver o acusado, ainda que reconhecida a autoria e a materialidade do crime, e tenha o defensor sustentado tese única de negativa de autoria. 4. Não cabe ao Juiz Presidente, a pretexto de evitar a contradição entre os quesitos, pela influência direta que exerceria na formação da convicção dos jurados, fazer considerações sobre a suficiência das provas, pois a matéria se insere na competência do órgão revisional, em recurso de apelação.

5. O habeas corpus é remédio constitucional voltado ao combate de constrangimento ilegal específico, de ato ou

1 RIBEIRO, Marcelo Roberto. Org. NUCCI, Guilherme de Souza. Reformas do Processo Penal. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008. p. 59.

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decisão que afete, potencial ou efetivamente, direito líquido e certo do cidadão, com reflexo direto em sua liberdade. Impropriedade da expedição de ofício ao órgão classista. 6. Habeas corpus concedido em parte para declarar a nulidade dos atos processuais praticados após a conclusão do primeiro julgamento e determinar ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri que complete o julgamento, pronunciando a absolvição do paciente, desde logo, expedindo-se alvará de soltura em seu favor, reabrindo-se, após, os prazos recursais.

(HC 200.440/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 15/03/2012, DJe 02/04/2012)

E no Tribunal de Justiça do Estado a conclusão não é outra:

Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. JÚRI. HOMICÍDIO

QUALIFICADO E CRIME CONEXO DE DESTRUIÇÃO DE PARTE DO CADÁVER. ABSOLVIÇÃO. NULIDADE NA VOTAÇÃO DOS QUESITOS. INOCORRÊNCIA. DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS.

SUBMISSÃO DO RÉU A NOVO JULGAMENTO.

POSSIBILIDADE. Preliminar de nulidade: O quesito "O jurado absolve o acusado", de fundamental importância, engloba todas as teses apresentadas pela defesa e tem redação na lei, devendo, obrigatoriamente, ser questionados os jurados se absolvem o acusado. Isso depois de formulados os questionamentos a respeito da materialidade do fato e da autoria ou participação, com respostas positivas para os dois primeiros incisos do artigo 483 do Código de Processo Penal. Acaso negativa a resposta,

por maioria de votos, a qualquer um desses dois incisos, estariam os jurados negando a existência do fato e/ou reconhecendo que o réu não foi o autor do crime. Mas, uma vez afirmada a materialidade e a autoria, é obrigatória a pergunta sobre a absolvição do réu, decidindo os jurados sobre o mérito da demanda. Rejeitada a prefacial. Decisão dos jurados,

manifestamente contrária à prova dos autos. A decisão do júri pode ser atacada no mérito, quando for manifestamente contrária à prova dos autos, sendo esta a hipótese em apreço, uma vez que a tese do apelado não encontra amparo em nenhuma outra prova dos autos, além dos seus próprios depoimentos. Recurso de apelação provido, para anular o veredicto dos jurados. (Apelação Crime Nº 70036206092, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jaime Piterman, Julgado em 16/02/2012)

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Ementa: EMBARGOS INFRINGENTES. TRIBUNAL DO JÚRI.

QUESITAÇÃO. MATERIALIDADE E AUTORIA

CONFIRMADAS. ABSOLVIÇÃO PELO QUESITO GENÉRICO E

OBRIGATÓRIO. TESE DE NEGATIVA DE AUTORIA

DESDOBRADA EM INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA.

INSURGÊNCIA MINISTERIAL COM BASE NAS ALÍNEAS "A" E "D" DO INCISO III DO ARTIGO 593 DO CPP. APELAÇÃO PROVIDA, POR MAIORIA. JÚRI ANULADO. IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL. Tratando-se de tese defensiva única de

negativa de autoria ou participação, ainda que desdobrada em insuficiência probatória e, confirmadas pelos jurados a materialidade e a autoria, nula será a absolvição do acusado pelo quesito obrigatório (terceiro). É sabido que os jurados julgam por íntima convicção, sendo-lhes permitido constitucionalmente optar por qualquer versão trazida aos autos. Porém, a soberania do Conselho de Sentença não autoriza o veredicto arbitrário, não possuindo também o condão de lastrear absolvição por tese sequer submetida ao contraditório. Nesta senda, sendo flagrante a contradição,

imperativa se mostra a desconstituição da decisão do Tribunal Popular, forte no art. 593, inciso III, alínea "d", do CPP, devendo o acusado ser submetido a novo julgamento, diante de decisão manifestamente contrária à prova dos autos. Prevalência do voto majoritário. EMBARGOS INFRINGENTES DESACOLHIDOS. (Embargos Infringentes e de Nulidade Nº 70040212391, Primeiro Grupo de Câmaras Criminais, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Laís Rogéria Alves Barbosa, Julgado em 06/05/2011)

Ementa: APELAÇÃO-CRIME. JÚRI. HOMICÍDIO TENTADO E

OUTROS DELITOS CONEXOS. NÃO FORMULAÇÃO DO

QUESITO OBRIGATÓRIO PREVISTO NO ART. 483, § 2º, DO CPP: "O JURADO ABSOLVE O ACUSADO?". CONFIGURAÇÃO DE NULIDADE ABSOLUTA E INTRANSPONÍVEL, AINDA QUE OS JURADOS

TENHAM ANTERIORMENTE RECONHECIDO A

AUTORIA DELITIVA, E QUE A NEGATIVA DESTA SEJA A PRINCIPAL TESE DEFENSIVA. ANULAÇÃO DO JÚRI.

NECESSIDADE DE SUBMISSÃO DOS RÉUS A NOVO JULGAMENTO. Apelo provido. Prejudicados os demais apelos. (Apelação Crime Nº 70037964822, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Manuel José Martinez Lucas, Julgado em 06/04/2011)

Sabe-se que na prática, em caso de contradição, a solução adotada

por alguns magistrados é, com base no art. 490 do CPP, parar a votação, explicar

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aos jurados em que consiste a contradição e em seguida submeter novamente à

votação.

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Não obstante, persistindo a contradição, com consequente

absolvição, a solução se dará por meio de recurso, art. 593, inciso III, alínea "d",

anulando-se o julgamento e submetendo-se o acusado a novo julgamento.

Por fim, encaminhamos material sobre o quesito genérico da

absolvição, sobre a inconstitucionalidade do art. 483, III, do CPP, e alguns julgados

sobre a impossibilidade de absolvição no caso de tese única de negativa de autoria,

quando confirmado os dois primeiros quesitos.

Permanecemos à sua disposição.

2 Art. 490. Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver em contradição com outra ou outras já dadas, o presidente, explicando aos jurados em que consiste a contradição, submeterá novamente à votação os quesitos a que se referirem tais respostas.

Referências

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