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A AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO PELO MÉTODO FCD NA MAXIMIZAÇÃO DO VALOR DA EMPRESA Silvano Santiago Malta 1

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A AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO PELO MÉTODO FCD NA MAXIMIZAÇÃO DO VALOR DA EMPRESA

Silvano Santiago Malta1 Resumo: Diante das inúmeras oportunidades de negócios as decisões de investimentos são decisões de natureza complexa em função das expectativas geradas, das variáveis envolvidas podendo tanto impulsionar uma projeção de crescimento bem como comprometer a sobrevivência de uma organização. Todavia isso nos leva a uma questão crucial: como avaliar os resultados potenciais de determinado projeto de investimento? O objetivo da administração de uma empresa é criar valor para os acionistas. Criar valor para os acionistas significa valorizar a empresa. O fluxo de caixa descontado é um método de avaliação que mostra a contribuição do novo projeto de investimento no aumento do valor da empresa. Em qualquer posição o nível de informação pode ser melhorado e as condições de risco atenuadas, porém o risco em qualquer alternativa estará sempre presente.

Palavras-chave: Avaliação de Projetos; Fluxo de Caixa; Decisão de Investimentos; Oportunidades de Negócios

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INTRODUÇÃO

A dinâmica do mercado traz a todas as empresas o desafio de gerar valor para todos os seus acionistas, motivada por estratégias adequadas ao comportamento deste mercado e potencializando as oportunidades de negócios. O conceito de valor

econômico (valuation) como fator de sucesso de qualquer ativo é definido pela sua

capacidade de geração de caixa, o primeiro desafio que se coloca é a previsão dos fluxos de caixa futuros. Nesta tarefa precisamos estabelecer padrões de previsão confiáveis para estes fluxos. O segundo desafio remete a determinação da taxa mínima de atratividade que os investidores exigem para o seu capital aplicado, ou seja, devemos considerar o risco do negócio. Outras questões devem fazer parte do processo de avaliação de uma empresa como o comportamento da economia, a atuação da concorrência e a adaptação da empresa a este ambiente esperado . Conclusivamente, a avaliação requer um exercício de projeções e definições de estratégias de longo prazo para as empresas. A maturidade desta avaliação é indeterminada dependendo diretamente do horizonte de planejamento e das variáveis envolvidas.

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Conforme PAIVA (2001,2), “No campo econômico, “valor” pode ser entendido como a apreciação feita por um indivíduo (num dado tempo e espaço), da importância de um bem, com base em sua utilidade (objetiva e subjetiva).” De acordo com a literatura de finanças corporativas, o processo de avaliação de empresas consiste na busca de um valor econômico, ou seja, um valor que expresse o potencial de geração futura de riqueza da empresa. Ainda, segundo MARTINEZ (1999), não existe um valor “correto” para um negócio. O valor deve ser determinado para um propósito específico e considerar as perspectivas das partes na transação. DAMONDARAN (1997) complementa demonstrando que, quaisquer percepções que o analista trouxer ao processo de avaliação acabarão por se incorporar ao “valor”. Com propriedade FALCINI (1995,15) afirma que, “Uma avaliação econômica, ao contrário do que possa parecer, não é uma fixação concreta de um preço ou valor específico de um bem, mas é uma estimativa de base, uma tentativa de estabelecer, dentro de uma faixa, um valor

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Em seus escritos sobre avaliação de empresas MARTINS (2001,264) complementa, “O valor de uma empresa depende primordialmente dos benefícios líquidos que se poderá extrair no presente e no futuro.”, e adverte sobre as duas maneiras de avaliar uma empresa.“..., há duas formas de se avaliar uma empresa em circunstâncias normais:

 Pelo seu valor de liquidação ordenada, ou seja, pelo que valem seus ativos avaliados a preço de venda, diminuídos dos gastos para se efetuar essa venda (comissão, impostos, transportes etc.) e o valor necessário para saldar seu passivo para com terceiros;

 Pelo seu valor de funcionamento que depende basicamente dos futuros benefícios econômicos que ela é capaz de produzir.

O valor de uma empresa será, desses dois, o maior. Ninguém venderia uma empresa em funcionamento por menos do que obteria se a fechasse; e ninguém cerraria as portas de uma empresa se ela pudesse ser vendida por valor melhor em pleno funcionamento. Logo o valor econômico de uma empresa é dado pelo maior dos montantes alcançados, nessas duas alternativas: em liquidação ou em marcha.”

No mercado acionário percebe-se com grande facilidade a preocupação do investidor, seja ele especulador ou institucional, na determinação a cada instante das perspectivas dos preços das ações. As previsões sobre lucros futuros de cada empresa e as análises da situação econômico-financeira são indispensáveis para que o investidor consciente consiga otimizar o resultado de suas aplicações em ações negociadas nas bolsas de valores. Segundo informações do site http:\\advfn.com, a análise

fundamentalista é um importante instrumento utilizado para a análise de investimento

em ações. O princípio desta análise está baseado na avaliação quantitativa da empresa. O analista fundamentalista busca estudar a situação financeira, econômica e mercadológica de uma empresa e suas expectativas e projeções para o futuro. Pode-se conceituar a análise fundamentalista como o estudo de toda a informação disponível no mercado sobre determinada empresa, com a finalidade de obter o preço justo da companhia. O objetivo principal desta analise é avaliar o comportamento da empresa com vista em determinar o valor intrínseco da ação. Os principais subsídios deste critério de análise são os demonstrativos financeiros da empresa e os diversos dados e informações referentes ao setor econômico de atividade, ao mercado acionário e a

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conjuntura econômica. A análise fundamentalista interpreta dados fundamentais de uma empresa obtidos através dos principais demonstrativos financeiros como: balanço patrimonial, demonstrativo de resultado, fluxo de caixa, demonstração de origens e aplicações de recursos, etc. A justificativa para o uso desse tipo de análise é antecipar o comportamento futuro de uma determinada empresa no mercado.

A missão da administração de uma empresa é criar valor para os acionistas. Criar valor para os acionistas significa valorizar a empresa. O VPL é um método de avaliação que mostra a contribuição do novo projeto de investimento no aumento do valor da empresa. Segundo Martins (2001, p. 275) “O fluxo de caixa é tido como aquele que melhor revela a efetiva capacidade de geração de riqueza de determinado empreendimento", este traz o valor presente de benefícios futuros esperados, a uma taxa de desconto apropriada. A escolha da taxa de desconto está intimamente ligada ao fluxo de caixa escolhido. Para obtenção do valor da empresa através do fluxo de caixa livre adota-se o custo médio ponderado de capital – WACC (weighted average cost of capital). Segundo Fernandez (2005) na escolha do método do fluxo de caixa para os acionistas opta-se por utilizar uma taxa de desconto através do modelo de precificação de ativos – CAPM (capital asset pricing model) pelo custo do capital próprio.

Ainda segundo o mesmo autor, na metodologia do FCD estão incorporados três princípios fundamentais para se estabelecer um critério coerente de decisão de investimento:

a) a avaliação do investimento é feita com base nos Fluxos de Caixa de natureza operacional;

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b) o risco é incorporado na avaliação econômica de investimento, independente das preferências do investidor com relação ao conflito risco-retorno;

c) a decisão identifica, ainda, o valor presente do ativo com base na taxa de desconto apropriada para remunerar os provedores de capital.

O ponto fraco desta metodologia é que está baseada em projeções, portanto, a qualidade dos resultados depende dessas estimativas.

A metodologia clássica da teoria de finanças para determinar o valor econômico de uma empresa, com base no FCD, é formada pelos seguintes fatores fundamentais:

a) Fluxo de Caixa projetado;

b) taxa de desconto ou taxa requerida de retorno; c) período de tempo das projeções;

d) risco.

As técnicas de avaliação de projetos são aplicadas como ferramentas para a tomada de decisões sobre fluxos de caixas projetados. O intuito é que os critérios de decisão antecipem bons resultados no futuro fazendo com que os projetos selecionados no presente sejam consistentes com o objetivo de aumentar o valor da empresa.

Segundo Bruni (1997) “o valor presente líquido (VPL) representa a diferença entre os fluxos de caixa futuros trazidos a valor presente pelo custo de oportunidade do capital e o investimento inicial”. Se positivo deve ser aceito. Lapponi (1996) “ressalta que VPL positivo indica que o capital investido será recuperado; remunerado na taxa de juros que mede o custo de capital do projeto k; gerará um ganho

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extra, na data 0, igual ao VPL”.

Partindo desta premissa existem várias alternativas para que o investidor realize a oportunidade de investir seu capital. Obviamente quando ele decide por uma alternativa, renuncia ao lucro que teria recebido com uma dessas outras alternativas. Desta forma a decisão recai na expectativa de receber um retorno pelo menos igual ao retorno que sacrificou, seu custo de oportunidade, cujo valor é definido pelo custo da melhor alternativa rejeitada, mantendo o mesmo nível de risco do investimento.

METODOLOGIA E PLATAFORMA TEÓRICA

Em síntese pelo método do FCD, devem-se descontar os fluxos de caixa esperados por uma taxa que remunere pelo risco não diversificável desses fluxos. A partir disso, a tomada de decisões baseia-se diretamente no Valor Presente Líquido (VPL): caso seja maior do que zero, a empresa deve investir, pois o projeto adiciona riqueza para a companhia. Segundo STULZ, R. (1999) “apesar do suporte teórico a esse modelo, é evidente que as decisões, na prática, não se baseiam somente na regra “VPL>0”, porém o Fluxo de Caixa Descontado é a técnica mais amplamente utilizada para avaliação de projetos e tem o suporte da teoria moderna de finanças corporativas”.

Deverá ser trazido a valor presente os fluxos de caixa descontados a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do investimento inicial para cada projeto de investimento proposto. Escolher a melhor opção das alternativas possíveis. Desta maneira, o objetivo da corporação é maximizar a riqueza dos acionistas, os tomadores de decisão devem empreender todos os projetos que tenham um VPL > 0, ou no caso se dois projetos forem mutuamente exclusivos, deve escolher-se o com o VPL positivo

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mais elevado.

Fluxo de caixa descontado

“Uma empresa é avaliada por sua riqueza econômica expressa a valor

presente, dimensionada pelos benefícios de caixa esperados no futuro e descontados por uma taxa de atratividade que reflete o custo de oportunidade dos vários provedores de capital”, conforme afirma Assaf Neto (2003, p. 586). Esta definição é conhecida como fluxo de caixa descontado.

O valor da empresa através do fluxo de caixa descontado pode ser obtido pela seguinte fórmula:

VE= FCL (ano 1)+FCL (ano 2)+FCL (ano 3)+...FCL (ano n) (1+ r) (1+ r)2 (1+ r)3 (1+ r)n

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Fonte: financeiros.wordpress.com

O fluxo de caixa descontado pode ser mensurado por duas maneiras básicas, segundo Silva (2007), em que a primeira é para obter o fluxo de caixa dos acionistas e a segunda é através do uso do fluxo de caixa livre. O fluxo de caixa livre é gerado pela empresa após a dedução dos impostos, investimentos permanentes e variações esperadas no capital circulante líquido. E o fluxo de caixa dos acionistas representa o fluxo de caixa líquido, após computados os efeitos de todas as dívidas para complementar o financiamento da empresa (MARTINS, 2001). O autor ainda declara que a diferença entre o fluxo de caixa dos acionistas e fluxo de caixa livre é o valor da dívida, em que o mesmo resultado seria obtido pelo desconto do custo da dívida do fluxo de caixa dos acionistas. No quadro abaixo observa-se que o modelo de fluxo de caixa dos acionistas refere-se ao usado em empresas alavancadas, ou seja, com uma estrutura de capital constituída com capital

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próprio e capital de terceiros. Silva (2007) esclarece que o fluxo de caixa livre supre o valor dos acionistas, mas este também ilustra o valor da companhia.

Fluxo de Caixa Livre Fluxo de Caixa do acionista

Receitas Líquidas de vendas (-) Custos das vendas (-) Despesas operacionais

(=) Lucro antes dos juros e tributos sobre o Lucro (EBIT)

(+) Ajustes das despesas operacionais que não provocam a saída de caixa

(=) Lucro antes dos juros, tributos sobre lucro, depreciação, amortização e exaustão (EBITDA) (-) Imposto de Renda/Contribuição Social (=) Geração de Caixa Operacional

(-) Investimentos Permanentes (ou

desinvestimentos) • Permanentes • Circulantes

(=) Fluxo de Caixa livre

Receitas

(-) Despesas Operacionais

(=) Lucro antes dos juros e tributos sobre o lucro (EBIT)

(-) Depreciação e Amortização

(=) Lucro antes dos juros e tributos (EBIT) (-) Despesas com Juros

(=)Lucro antes dos impostos (-) Impostos

(=) Lucro Líquido

(+) Depreciação e Amortização

(=) Fluxo de Caixa proveniente das operações (-) Dividendos Preferenciais

(-) Variação Capital de Giro (-) Pagamento de Principal

(+) Entradas decorrentes de novas dívidas (=) Fluxo de Caixa dos Acionistas Quadro I - Demonstrativo de Fluxos de Caixas

Fonte: Martins (2001)

A metodologia do fluxo de caixa pode ser classificada em fluxo de caixa operacional, fluxo de caixa dos acionistas e fluxo de caixa de capital. A taxa de desconto pode ser classificada, conforme a metodologia do fluxo de caixa adotado, em custo médio ponderado de capital – WACC, custo do capital próprio e custo médio ponderado de capital com economia de impostos, conforme destaca Silva (2005). Segundo este autor, a relação entre as metodologias de fluxo de caixa e taxa de desconto podem ser apresentadas no quadro abaixo:

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Fluxo de Caixa Taxa de desconto

Fluxo de Caixa Livre Custo médio ponderado de capital

Fluxo de Caixa dos Acionistas Custo do Capital Próprio

Fluxo de Caixa de Capital Custo médio ponderado de capital

Quadro II - Relação entre o Fluxo de Caixa e Taxa de desconto Fonte: Silva (2005)

Taxa de desconto

De acordo com Copeland (2001), o fluxo de caixa é uma maneira de mensurar os benefícios da empresa trazidos a valor presente descontado a uma taxa apropriada, esta por sua vez, está intrinsecamente ligada ao resultado obtido. Segundo o mesmo autor, a taxa de desconto pode ser classificada em custo médio ponderado de capital, aqui exposto pela sigla em inglês, WACC (Weighted Average Cost Of Capital) e pelo modelo de precificação de ativos, aqui exposto pela sigla em inglês, CAPM (Capital Asset Pricing Model). Ainda segundo o mesmo autor, o WACC é utilizado para mensuração do fluxo de caixa livre da empresa e este calculado pela seguinte fórmula:

r = ke * E + kd * D

ke: Custo do capital próprio; kd: Custo do capital de terceiros; E: Valor total do capital próprio; D: Valor total do capital de terceiros; E+D: Valor total da empresa.

Ainda segundo Copeland (2001) “o fator mais importante para se calcular o WACC é que ele deve possuir relação com o fluxo de caixa a ser descontado. Para isso, é importante que as ponderações de taxas sejam feitas com base no endividamento a preços de mercado”.

Segundo Sanvicente (1995) o custo de capital representa o preço que a empresa paga pelos fundos obtidos junto a suas fontes de financiamento. Consiste em um padrão para a tomada de decisões de investimento, à medida que, aplicando recursos

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com retorno superior ao custo de capital, a empresa maximiza os recursos nela investidos. É também representado como a taxa mínima de atratividade de um novo investimento a ser realizado. O conceito de custo médio ponderado de capital é usado, primariamente, para a realização de decisões de longo prazo.

A obtenção do custo de capital de terceiros é resultante da seguinte fórmula:

kd = Rd*(1-t)

De acordo com Copeland (2001), o Rd é o custo da dívida de longo prazo da empresa e t representa a alíquota de impostos, geralmente representada pela somatória das alíquotas de imposto de renda e contribuição social (parâmetros brasileiros). O custo de capital próprio é obtido pela adoção do modelo de precificação de ativo, CAPM, como segue:

Ke = Rf + ß * (Rm-Rf)

Percebe-se nesta fórmula o taxa de retorno de ativos livres de riscos é definida por Rf. O coeficiente beta (ß) é a medida do risco sistemático (não diversificável) do ativo. O retorno de mercado é definido por Rm, sendo a diferença entre o retorno de mercado e a taxa livre de riscos caracterizado como prêmio de mercado. De acordo com Assaf Neto (2003), para o modelo CAPM, a taxa de retorno (desconto) requerida pelo investidor deve incluir uma taxa livre de risco da economia, mais um valor que remunere o risco sistemático apresentado pelo ativo, que é representado pelo coeficiente beta. Utiliza-se esse modelo na metodologia do fluxo de caixa dos acionistas, sendo definida pela seguinte fórmula:

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O coeficiente beta (β) mede a volatilidade de uma ação em relação à média do mercado. O coeficiente Beta é estimado pela regressão linear entre a taxa de retorno do investimento e a taxa de retorno de uma carteira que represente o mercado. Este oeficiente indica a contribuição, em termos de risco, que o título traz à carteira demercado. Para Beta igual a 1: o título tem seus retornos variando junto com os retornos do mercado, ou seja, o risco e o retorno seguem a mesma trajetória que a média das ações do mercado. Para Beta menor que 1: os retornos do título variam menos do que os retornos do mercado, sendo as ações consideradas de baixo risco quando comparadas com o mercado. Para Beta maior que 1: os retornos do título oscilam mais do que os retornos do mercado. Abaixo betas de algumas ações negociadas na bovespa.

Fonte: Infomoney 11/2009

Na visão de Souza e Clemente (1997), “a decisão de investir é de natureza complexa, porque muitos fatores, inclusive de ordem pessoal, entram em cena. Entretanto, é necessário que se desenvolva um modelo teórico para explicar e prever essas decisões”.

“As decisões de capital são simplesmente cruciais e podem tanto consolidar uma trajetória de expansão, quando oportunas e no tempo certo, quanto comprometer a própria sobrevivência da empresa” (SOUZA, A.; CLEMENTE, A, 1997, pag.97).

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Por isso, é conveniente que tais decisões se baseiem, tanto quanto possível, em previsão e cálculo de todas suas implicações relevantes. A primeira idéia que surge é a de que a decisão de investir depende do retorno esperado: quanto maiores forem os ganhos futuros que podem ser obtidos de certo investimento, tanto mais atraente esse investimento parecerá para qualquer investidor. Neste aspecto já nos deparamos com uma questão muito importante: como avaliar os ganhos futuros de certa alternativa de investimento?

O Horizonte de Planejamento

Pode-se concluir, então, que a decisão quanto ao horizonte de planejamento é influenciada tanto por fatores ligados à natureza dos projetos de investimento, quanto por fatores relacionados a características das empresas.

Os métodos de avaliação das oportunidades de investimento, como é lógico, baseiam-se na comparação da magnitude do investimento, ou seja, do dispêndio de capital, com os ganhos líquidos esperados durante certo período de tempo, denominado horizonte de planejamento (SOUZA, A.; CLEMENTE, A, 1997, pag.98).

A mesma empresa pode admitir horizonte de planejamento diferente do usual para certo projeto, assim como projetos idênticos podem ser analisados sob horizontes de planejamentos diferentes, por empresas distintas. De modo geral, o horizonte de planejamento será tanto mais curto quanto menor a vida útil dos ativos fixos envolvidos e quanto menor for a capacidade financeira da empresa.

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Limitações do Modelo

“As seguintes limitações estão presentes no modelo adotado, uma vez que é praticamente impossível transpor para o papel todas as considerações e variáveis encontradas na vida real. Assim sendo, não só se pode ter certeza de que a melhor alternativa foi identificada e consequentemente escolhida, como também se poderá garantir que os custos e benefícios estimados irão prevalecer no futuro. O modelo adotado pressupõe, a priori, que as taxas de juros e taxas de retorno existentes no mercado são iguais, o que não é verdade. O modelo pressupõe ainda que as taxas de juros (retorno) não variam durante a vida (horizonte de planejamento) das alternativas. Em todas as alternativas analisadas pressupõe-se que o fluxo de caixa real final é viável dentro das condições econômicas e financeiras da empresa sob análise. Finalmente a complexidade do modelo a ser montado deve ser compatível com a confiabilidade dos dados assumidos” (HUMMEL, Paulo Roberto Vampré, 1995, pag. 68).

Fases da Avaliação de Projetos

A partir das observações dos autores, compreende-se que as fases do processo de decisão orientado para a avaliação de projetos de investimentos podem ser definidas conforme segue:

1. Identificação de oportunidade – Definimos os resultados esperados e identificadas

as limitações e possíveis condições especiais, se inicia o projeto de investimento.

2. Busca de Alternativas - Para escolher um projeto devemos ter mais de uma

alternativa que atenda às premissas estabelecidas, pois uma decisão somente poderá ser realizada entre alternativas. Como ponto de partida, uma alternativa importante é a situação presente da empresa sem o novo investimento, isto é, deve ser conhecido o fluxo de caixa atual da empresa. Os novos projetos devem incluir somente os valores futuros relevantes da empresa que impactarão mudanças no fluxo de caixa da empresa.

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3. Análise dos projetos selecionados – Devemos selecionar o critério a ser aplicado no

julgamento dos projetos. Realizar todas as estimativas relevantes das receitas e custos dos projetos. Estabelecer de forma criteriosa os julgamentos individuais para cada projeto selecionando quais participarão da fase final.

4. Escolha do melhor projeto – Analisando os projetos entre si, escolheremos o melhor

projeto de acordo com o critério adotado.

5. Implantação e acompanhamento do melhor projeto – Deve-se preparar o plano de

implementação incluindo o acompanhamento para medição e comparação dos resultados reais com os resultados previstos.

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Conclusões

É natural que o investidor veja muitas vezes o horizonte à sua frente de forma bastante nebuloso, em razão da complexidade das operações e das variáveis de mercado envolvidas que impactam diretamente em qualquer das alternativas escolhidas. Estabelecer um modelo ótimo de avaliação do valor de mercado de uma empresa sem levar em conta o grau de subjetividade envolvido é praticamente impossível, principalmente pelo fato de que os resultados são projetados e estão sujeitos as turbulências deste mercado, ou seja, o investidor não está imune a fatores não controláveis. Por melhor quantificados que sejam, estes parâmetros previstos constituem-se em aproximações bastante razoáveis da realidade, incorporando certa margem de arbitrada pelo analista. No entanto, sem uma idéia mais coerente do valor da empresa, incorpora-se na avaliação o risco de preponderar outros fatores de ordem emocional, ideológica ou, até mesmo, de interesses especulativos.

“A avaliação de uma empresa não se processa mediante os fundamentos de uma ciência exata, onde se permite a comprovação absoluta e irrefutável dos resultados apurados. Os fatores considerados na avaliação procuram retratar a realidade do ambiente econômico da empresa, calcados entretanto em certas premissas e hipóteses comportamentais. Todo modelo de avaliação desenvolve expectativas para a projeção de cenárioseconômicos e resultados esperados, do período de previsão, da definição da taxa de atratividade econômica que deverá remunerar os proprietários de capital, e do valor residual do empreendimento”. (ASSAF Neto, Alexandre. São Paulo: Instituto Assaf, 2008).

Independente do grau de subjetividade envolvido no processo de avaliação do valor da empresa mediante o FCD, não há o que se contestar de que o valor de uma empresa depende de seu desempenho esperado no futuro, do que ela é capaz de produzir de valor, e não do custo de seus ativos. Os ativos são dimensionados pelos seus custos,

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com o único objetivo de serem confrontados com as receitas de vendas e conhecer o lucro, não revelando preocupação alguma em mensurar seu valor econômico de venda.

É observado, com certa frequência, o uso de balanços patrimoniais para se definir o valor da empresa ou, mais especificamente, para comparar analiticamente certos valores definidos para negociações de mercado. Em verdade, a informação contábil, tal como é convencionalmente apurada, não tem por objetivo refletir o valor econômico de mercado de um ativo. Reconhecidamente, a Contabilidade costuma expressar seus valores com base no princípio do custo, fundamentalmente voltado para a apuração do lucro, e não para referenciar os valores de negociação de mercado de seus ativos. Em verdade, empresas com alto valor patrimonial de suas ações costumam evidenciar, comparativamente com as de menor valor, maior potencial (reserva) contábil para executar decisões futuras relativas à distribuição de dividendos aos seus acionistas, e não maior valor econômico. São duas posições bastante distintas. É importante que se ressalte que o valor de um ativo é função de sua capacidade futura de gerar riqueza, como considerada no método do FCD, e não de seus resultados acumulados em exercícios passados e registrados, de acordo com princípios e normas gerais da Contabilidade. (ASSAF Neto, Alexandre. São Paulo: Instituto Assaf, 2008).

Na avaliação econômica de empresas, o método do fluxo de caixa

descontado é o que apresenta o maior rigor técnico e conceitual. Este método está

voltado para a apuração da riqueza absoluta do investimento – valor presente de um fluxo de benefícios econômicos de caixa esperados no futuro – estando perfeitamente consistente com o objetivo da empresa enunciado de maximização de seu valor de mercado. Segundo Assaf (2008), a avaliação de uma empresa para toda a teoria de finanças volta-se essencialmente ao seu valor intrínseco, o qual é função dos benefícios

econômicos de caixa esperados, do risco associado a estes resultados previstos, e da taxa de retorno requerida pelos investidores. Ainda segundo o mesmo autor, são esses

parâmetros decisórios previstos no método do FCD, e definidos a partir de expectativas dos investidores com relação ao desempenho econômico esperado e de seu grau de aversão ao risco, que determinam o valor de mercado de uma empresa.

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REFERÊNCIAS

ASSAF Neto, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. São Paulo: Editora Atlas, 2003.

ASSAF Neto, Alexandre. A Superioridade do Método de Fluxo de Caixa

Descontado no Processo de Avaliação das Empresas. São Paulo: Instituto Assaf,

2008.

BRUNI, Adriano Leal; SOUZA, Almir Ferreira; LUPORINI, Carlos Eduardo. “A

determinação do Valor da Empresa com base no FCD : Um estudo de caso”. Anais

do II SemeAd FEA/USP. São Paulo. 1997.

COPELAND, Tom; KOLLER, Tim; MURRIN, Jack. Avaliação de Empresas

Valuation - Calculando e gerenciando o valor das empresas. (Tradução: Allan

Vidigal Hastings) 3 ed. São Paulo: Makron Books, 2002.

DAMODARAN, Aswath. Damodaran on valuation New York, John Wiley, 1994.

Avaliação de investimentos. São Paulo: Qualitymark Editora, 1997.

FALCINI, Primo. Avaliação econômica de empresas: técnica e prática. São Paulo: Editora Atlas, 1995.

FERNANDEZ, P. Creación de valor para los accionistas. Barcelona: Gestion, 2000. HUMMEL, Paulo Roberto Vampré. Análise e Decisão sobre Investimentos e

Financiamentos: engenharia econômica: teoria e prática. 4.ed. São Paulo, SP: Atlas,

1995.

LAPPONI, Juan Carlos. “Avaliação de Projetos de Investimento : Modelos em

Excel”. São Paulo: Lapponi. 1996.

MARTINEZ, Antônio Lopo. Buscando o valor intrínseco de uma empresa: revisão

das metodologias para avaliação dos negócios. Anais do 23º Encontro da ANPAD.

Foz do Iguaçu, 1999.

MARTINS, Eliseu (org). Avaliação de Empresas: Da mensuração contábil à econômica. São Paulo: Editora Atlas, 2001.

PAIVA, Wagner Peixoto de. Métodos de avaliação de pequenas e médias empresas. Anais do V SemeAD. São Paulo, 2001.

SANVICENTE, A.Z. Administração Financeira. São Paulo: Editora Atlas, 1995. SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Decisões Financeiras e Análise de Investimentos:

fundamentos, técnicas e aplicações. São Paulo, SP: Atlas, 1997.

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