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O TRABALHO

VOLUNTÁRIO NA

CASA ESPÍRITA

Alkíndar de Oliveira

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O Trabalho Voluntário na Casa Espírita | Alkíndar de Oliveira 3

“Fora da caridade não há salvação.” ALLAN KARDEC

Necessidade da caridade segundo São Paulo

“Ainda que eu fale as línguas dos homens e até mesmo a língua dos anjos, se não tiver caridade, sou apenas como um metal que soa e um sino que tine; e ainda que tivesse o dom

de profecia, e penetrasse em todos os mistérios, e tivesse uma perfeita ciência de todas as coisas; e se tivesse toda a fé possível, capaz de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada serei.

E quando tivesse distribuído meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não

tiver caridade, tudo isso de nada me servirá.

A caridade é paciente, é doce e benigna; a caridade não é invejosa, não é temerária e precipitada; não se enche de orgulho, não é desdenhosa; não procura seus próprios interesses; não se vangloria e não se irrita com nada; não suspeita mal, não se alegra com a injustiça,

e sim com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera e tudo sofre. Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem;

mas, entre elas, a mais excelente é a caridade.” (PAULO, 1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, 13:1 A 7,13)

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O Trabalho Voluntário na Casa Espírita | Alkíndar de Oliveira 4

SUMÁRIO

Introdução ... 5

1a Reflexão ... 6

2a Reflexão ... 7

Parte 1: O trabalho voluntário na Casa Espírita ... 8

Plano de ação para o Centro Espírita ampliar o número de trabalhadores voluntários... 9

Plano de ação para o Centro Espírita evitar a evasão dos trabalhadores voluntários ... 26

Como agir com o trabalhador problema? ... 32

Parte 2: A motivação e o trabalho voluntário ... 36

Motivar é possível? ... 37

Técnica “Tostines” de automotivação contínua ... 42

Oferta imperdível: pague o preço de 4 e leve 12 ... 44

Regra para alcançar o sucesso, segundo Ayrton Senna ... 46

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O Trabalho Voluntário na Casa Espírita | Alkíndar de Oliveira 5

INTRODUÇÃO

Pesquisa feita por Viktor Frankl, psiquiatra fundador da logoterapia, com 7.948 alunos de 48 faculdades da Universidade John Hopkins, visando a mensurar seus objetivos futuros, chegou aos seguintes resultados:

• 16% declararam que seu objetivo principal era ganhar muito dinheiro;

• 78% declararam “encontrar um objetivo e um sentido para a vida”. Essa pesquisa deixa claro o que já é lugar-comum: a maioria das pes-soas almeja ter um sentido para a vida.

Também defendendo essa tese, mas utilizando-se de outras e mais fortes palavras, Martin Luther King disse: “Se um homem não descobrir algo para morrer, ele não está preparado para viver”.

O Espiritismo propicia dupla vantagem a quem procura um sentido para a vida.

Primeira: é uma doutrina esclarecedora, dá respostas às indagações mais instigantes da humanidade: De onde eu vim? Qual o sentido da morte? Por que existe a dor? Entre outras. A segunda vantagem é o trabalho volun-tário, que pode ser desenvolvido num Centro Espírita.

Pela dupla vantagem oferecida, com o tempo o trabalhador espírita des-cobre que dedicar parte da sua vida a essa causa – a de servir ao próximo por meio do trabalho voluntário – é mais do que obrigação, é realização pessoal. Jesus, nosso modelo, passou-nos todo o seu ensinamento servindo cons-tantemente ao próximo. Cabe-nos o uso da sensatez para seguir seus pas-sos, procurando, de maneira prioritária e com todas as nossas forças, com todo o nosso empenho, com toda a nossa dedicação, com todo o nosso carinho, SERVIR AO PRÓXIMO.

Neste livro procuro mostrar caminhos para que o trabalho voluntário no Centro Espírita torne-se mais eficaz.

Para melhor leitura e compreensão, dividi-o em duas partes:

1 – O trabalho voluntário na Casa Espírita

2 – A motivação e o trabalho voluntário

Que nesta leitura Jesus o ilumine ainda mais.

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O Trabalho Voluntário na Casa Espírita | Alkíndar de Oliveira 6

1

a

REFLEXÃO

SOBRE A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO VOLUNTÁRIO

A DIFERENÇA

POESIA DE EURÍCLIDES FORMIGA1 Estudando a diferença,

À Luz da Divina Lei, Entre orar e trabalhar, A um amigo perguntei: – Peço a você que me diga,

De uma forma resumida, A diferença entre a prece E o trabalho em nossa vida.

“– Entre orar e trabalhar, A diferença que há?!... Ora, Formiga, meu velho,

É somente a letra a...” Ante o meu espanto imenso, De vez que o assunto era sério,

Meu amigo se explicou, Desvendando este mistério: “– Se todo o trabalho é prece,

Atente ao que eu vou falar, Que, em verdade, sobre a Terra,

Orar é também arar... Pois a oração sem suor,

Não passa, às vezes, de um grito, Que, ecoando pelo vale, Não se escuta no Infinito.” 1 – Do livro Para sempre, psicografado por Carlos A. Bacceli, Editora IDE.

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O Trabalho Voluntário na Casa Espírita | Alkíndar de Oliveira 7

2

a

REFLEXÃO

SOBRE A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO VOLUNTÁRIO

CRISTO E NÓS

(EMMANUEL)

“E disse-lhe o Senhor em visão: – Ananias!

E Ele respondeu: – Eis-me aqui, Senhor!” (ATOS, 9:10)

“Os homens esperam por Jesus e Jesus espera igualmente pelos homens. Ninguém acredite que o mundo se redima sem almas redimidas. O Mestre, para estender a sublimidade do seu programa salvador, pede braços humanos que o realizam e intensifiquem. Começou o apostolado, bus-cando o concurso de Pedro e André, formando, em seguida, uma assembléia de doze companheiros para atacar o serviços da regeneração planetária.

E, desde o primeiro dia da Boa Nova, convida, insiste e apela, junto das almas, para que se convertam em instrumentos de sua Divina Vontade, dan-do-nos a perceber que a redenção procede do Alto, mas não se concretizará entre as criaturas sem a colaboração ativa dos corações de boa-vontade.

Ainda mesmo quando surge, pessoalmente, buscando alguém para a sua lavoura de luz, qual aconteceu na conversão de Paulo, o Mestre não dispensa a cooperação dos servidores encarnados. Depois de visitar o doutor de Tarso, diretamente, procura Ananias, enviando-o a socorrer o novo discípulo.

Por que razão Jesus se preocupou em acompanhar o recém-convertido, assistindo-o em pessoa? É que, se a Humanidade não pode iluminar-se e progredir sem o Cristo, o Cristo não dispensa os homens na obra do soergui-mento e da sublimação do mundo.

‘Ide e pregai.’

‘Eis que vos mando.’

‘Resplandeça a vossa luz diante dos homens.’

‘A Seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros.’

Semelhantes afirmativas do Senhor provam a importância por Ele atri-buída à contribuição humana.

Amemos e trabalhemos, purificando e servindo sempre.

Onde estiver um seguidor do Evangelho aí se encontra um mensageiro do Amigo Celestial para a obra incessante do bem.

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O Trabalho Voluntário na Casa Espírita | Alkíndar de Oliveira 8

PARTE 1

O TRABALHO

VOLUNTÁRIO NA

CASA ESPÍRITA

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O Trabalho Voluntário na Casa Espírita | Alkíndar de Oliveira 9

PLANO DE AÇÃO PARA O

CENTRO ESPÍRITA AMPLIAR O

NÚMERO DE TRABALHADORES

VOLUNTÁRIOS

É muito comum os dirigentes dos Centros Espíritas reclamarem do pequeno número de verdadeiros trabalhadores, aqueles que arregaçam as mangas e labutam arduamente – e prazerosamente – em favor do próximo. Costumam os dirigentes dizer, com razão, que “são sempre os mesmos que trabalham, e em número sempre menor do que nossa necessidade”.

Acredito que em todo empreendimento seja preciso haver projetos, haver planos. Creio que seja possível a execução de um trabalho sistemático e organizado para aumentar, no Centro Espírita, o número de trabalhadores voluntários. Minha sugestão é que o dirigente deve procurar adotar os oito procedimentos a seguir, o que implicará aumento do número de voluntários.

Primeiro procedimento

Vá depressa (em relação à sua mudança comportamental).

Na sua condição de dirigente, procure adaptar-se rapidamente a esse mundo de mudanças. Se sua atuação como dirigente está boa, não se contente, ela precisa ser excelente, não basta ser boa.

Segundo procedimento

Vá devagar (em relação à expectativa de mudança comportamental dos outros).

Quem nos dá esse conselho é um especialista.

Oded Grajew, com a vasta experiência que os seus cargos lhe conferem (presidente do Instituto Ethos e ex-presidente da Fundação Abrinq Pelos Direitos da Criança), alerta-nos: “O melhor conselho, em todos os casos (de voluntariado), é esse: comece devagar. É a maneira mais prudente de se construir uma relação de confiança com o trabalho voluntário”.

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O Trabalho Voluntário na Casa Espírita | Alkíndar de Oliveira 10

Esperar que a mudança do seu pessoal possa ocorrer de uma hora para outra é a receita certa para frustrar-se. A pessoa só muda de com-portamento quando tiver vontade, e a vontade, assim como o pensamento, é totalmente livre. Cada pessoa é a única dona de sua vontade. O que a instituição poderá fazer, para atenuar consideravelmente o mal dessa rea-lidade, é adotar técnicas para estimular o surgimento de um ambiente de trabalho apropriado para o aflorar da motivação (assunto do capítulo “Mo-tivar é possível?”).

Todo dirigente precisa saber que, em relação à motivação, existem três tipos de pessoas.

Tipos de pessoas em relação à motivação

PRIMEIRO TIPO

O primeiro tipo é aquela pessoa que por si só se automotiva. Ela não precisa de estímulo exterior. Seus pensamentos são naturalmente motiva-dores. Esse tipo de pessoa é extremamente útil ao meio espírita, pois ela caminha por si. É o tipo mais raro.

SEGUNDO TIPO

O segundo tipo é aquela pessoa que necessita do estímulo exterior para se automotivar. Ela precisa sempre receber a influência positiva do ambiente de trabalho, ser elogiada pelos seus acertos e sentir-se valori-zada. Esse tipo de pessoa necessita muito que a instituição espírita adote as técnicas abordadas no capítulo “Motivar é possível?” Este tipo é o grupo mais numeroso.

TERCEIRO TIPO

O terceiro e último tipo é aquela pessoa que anda devagar, quase parando (ou parando mesmo). É aquela em que nenhuma técnica de estí-mulo motivacional funciona, pois ela não quer ouvir nem saber de nada. Pode ser comparada a alguém que tem atrás de si um caminhão – uma jamanta – na “banguela” e, mesmo com toda essa pressão, não sai do lugar. É o tipo de pessoa que precisa ser atropelada para depois se arre-pender e mudar seu comportamento (em outra reencarnação!!!). Esse tipo de pessoa também é bastante raro. Talvez ao ler isso algum dirigente até pense “não é tão raro assim não, muito pelo contrário”. Posso afirmar pela minha experiência na área do treinamento comportamental que esse tipo de pessoa é realmente muito raro. O que ocorre é que existe o falso “anda devagar, quase parando”. São aquelas pessoas que pertencem ao segundo tipo, isto é, que necessitam de estímulo exterior para se automotivarem,

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O Trabalho Voluntário na Casa Espírita | Alkíndar de Oliveira 11

mas nunca tiveram esse estímulo, o que as levou – temporariamente – a transformarem-se em pessoas recalcadas e de mal com o mundo. É pos-sível realizar verdadeiros milagres com elas, basta aplicar (repetindo) as técnicas do capítulo “Motivar é possível?”

Terceiro procedimento

Fragmente seu plano de ação. Ter um projeto audacioso tem de ser a meta de todo líder nesses tempos de mudanças. Não é mais possível, tanto no meio espírita quanto em qualquer outro, caminhar como há dez anos. Precisamos pensar grande para podermos agir de maneira coerente com a grandeza de nossa Doutrina (lembremo-nos sempre que o Espiritismo é a Terceira Revelação, é o cristianismo redivivo).

Uma vez que há um projeto, é necessário, para desenvolvê-lo, um consistente plano de ação, como os encontrados neste e no próximo capítulo. E todo plano de ação, para funcionar a contento, precisa ser fragmentado em partes pequenas. Sobre esse assunto, vide texto a seguir, extraído do livro Pensamento dinâmico, de Robert J. O’Reilly, Editora Cultrix, 1965.

“Alguém certa vez perguntou a um ilustre líder civil como foi que ele conseguiu realizar tanta coisa.

– Tenho um segredo – respondeu o líder. – É simplesmente este: dou muito valor aos pequenos objetivos. A maioria dos projetos nunca vai para a frente porque eles são de proporções demasiadamente grandes. É melhor executar uma pequena parte da tarefa, executá-la bem, do que ter uma grande idéia planejada no papel. Quando tal parte estiver terminada, co-mece a seguinte. Faça aquilo que você pode.

Podemos aplicar a mesma técnica aos nossos fins. Se, por exemplo, você estiver planejando algo importante, não o encare como se fosse um vasto projeto. Divida-o em unidades executáveis.

Frank Billerbeck, diretor de vendas da praça Nova York, adorou esse procedimento ao construir, no campo, uma residência de verão. Uma vez que ele próprio estava realizando a maior parte dos trabalhos – em suas horas vagas de fim de semana –, sabia que levaria vários anos até que a casa viesse a ficar pronta para ser ocupada. E ele esperava que surgisse de repente toda sorte de pequenos problemas. Mas, em vez de desanimar ante a vastidão do projeto e extensão do tempo envolvido, Frank preferiu mostrar-se esperto. Começou a encarar o empreendimento do aspecto de suas partes componentes: limpeza de terreno; desenho das plantas; regu-larização dos pormenores legais; escavação da terra e assentamento dos alicerces; construção do madeiramento etc. Passaram-se os anos, mas nos

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O Trabalho Voluntário na Casa Espírita | Alkíndar de Oliveira 12

fins de semana atuais você encontrará Frank e sua esposa descansando entre as comodidades da casa que construíram com orgulho.

Nenhuma grande realização jamais se dá de um dia para outro. Mesmo a vida propriamente dita não é um fluxo contínuo de tempo, mas, antes, uma série de incidentes e projetos individuais. E é importante planejarmos nossos objetivos do mesmo modo.”

Quarto procedimento

Estabeleça etapas e prazos para suas metas. Sobre este procedimento, lembremo-nos da frase de Og Mandino: “Ter metas, sem estabelecer etapas e prazos, é como não as ter”.

Quinto procedimento

Crie oportunidades de trabalho voluntário, respeitando a vontade do trabalhador. De repente você convence seu voluntário a servir a determi-nado asilo, o qual você conhece muito bem, e notou que ali o trabalho voluntário seria extremamente necessário. Mas ele – o voluntário – gostaria muito mais de estar prestando seus serviços a um orfanato. Ele se sente melhor trabalhando com crianças do que com idosos. Certamente esse voluntário agirá mais por obrigação do que pelo prazer de ajudar. Em outras palavras, ele não vai realizar-se.

Para não correr esse risco, faça uma pesquisa para descobrir os anseios do seu voluntário.

Para que você tenha um parâmetro em relação ao resultado de sua pesquisa, veja a seguir alguns dados da Pesquisa Datafolha, realizada em 19/12/97:

• 92% dos entrevistados disseram ser importante o trabalho solidário de ajudar voluntariamente o próximo;

• 80% nunca participaram de atos voluntários de ajuda ao próximo;

• 61% das pessoas não realizam atos de voluntarismo por falta de tempo.

ATENÇÃO

A seguir, você lerá dois textos. O primeiro deles tem o objetivo de motivar o freqüentador espírita a atuar no trabalho voluntário. O segundo é uma pesquisa com dois objetivos: conhecer melhor os freqüentadores do seu Centro Espírita e conseguir nomes de pessoas interessadas em trabalhar voluntariamente.

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O Trabalho Voluntário na Casa Espírita | Alkíndar de Oliveira 13

Para que esses dois textos surtam melhor efeito em relação aos seus propósitos, sugiro agir da seguinte forma:

1 – Escolha determinado dia para desenvolver palestra cujo tema tenha relação com os assuntos “servir o próximo”, “caridade” e “trabalho voluntário”;

2 – Depois da prece de abertura e antes da palestra, distribua cópias do texto “Abandone o vazio existencial” (veja-o nas páginas seguintes);

3 – Após distribuir, leia-o na íntegra para as pessoas do auditório. Para não ficar cansativo para o público, peça para cinco freqüentadores lerem-no. Se cada um ler uma pequena parte, ficará mais estimulante para o ouvinte. Atenção: escolha pessoas que leiam bem em público, avise-as com dias de antecedência para que possam treinar e valorizar, por meio da voz, os pontos fundamentais;

4 – Após a leitura do referido texto (item 3, acima), inicie a palestra sobre o tema caridade. Importante: deve ser uma palestra breve, pois, além da leitura do texto já mencionado, haverá um próximo passo a ser dado;

5 – Após a palestra, distribua canetas e cópias do texto/pesquisa com o título “Favor responder ao questionário abaixo” (veja nas páginas se-guintes). Explique muito bem que a pessoa só precisará identificar-se caso opte por trabalhar voluntariamente.

O objetivo maior do preenchimento desse texto/pesquisa é conseguir pessoas que queiram trabalhar voluntariamente no Centro Espírita;

6 – Tenha os procedimentos acima pelo menos três vezes por ano. Não esqueça que cabe ao Centro Espírita gerar oportunidades contínuas a quem se dispõe a trabalhar voluntariamente;

7 – Muito importante: Arrume trabalho para todas as pessoas que se manifestarem voluntariamente. Faça isso, mesmo que tenha o grande tra-balho de organizar novos departamentos e novas atividades voluntárias. Faremos um grande mal à pessoa e à causa, se não atendermos, rapida-mente, aos anseios de quem quer trabalhar em favor do próximo. Não devemos deixar para o futuro o trabalho do voluntário que se dispõe a trabalhar hoje.

Em relação aos textos seguintes, atentar ao seguinte: o primeiro texto, “Abandone o vazio existencial”, deve ser distribuído antes da palestra sobre caridade/trabalho voluntário; o segundo texto, “Favor responder ao questio-nário abaixo”, deve ser distribuído depois da referida palestra.

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Prezada(o) irmã(o) espírita,

Abandone o vazio existencial

Este Centro Espírita, por meio do nosso Departamento de Trabalho Voluntário, está propiciando oportunidades para quem procura um sentido para a vida.

A expressão “vazio existencial” foi primeiramente utilizada, há décadas, por Viktor Frankl, psiquiatra fundador da logoterapia (a terapia dos sentidos). Sobrevivente dos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial, Frankl, durante toda a sua vida, foi um entusiasta defensor da necessidade humana de procurar um sentido para a vida. Alertou-nos, em seus escritos, que o vazio existencial é um dos maiores males da humanidade. No seu livro Um sentido para a vida, Editora Santuário, Frankl, mencionando as palavras de Nietzsche, “quem tem por que viver agüenta quase todo como viver”, demonstrou e provou enfaticamente que a vida só tem sentido se a pessoa tiver alguns motivos fortes por que viver.

Em seu livro já citado, Viktor Frankl passa-nos as seguintes pesquisas:

a) American Council ou Education, pesquisa com 171.509 estudantes: 68,1% dos estudantes declararam que o objetivo mais elevado de sua vida era “o desenvolvimento de uma filosofia de vida rica em significado”;

b) Universidade John Hopkins, pesquisa patrocinada pelo Instituto Nacional de Higiene Mental, com 7.948 alunos de 48 faculdades: 16% declararam que seu objetivo principal era ganhar muito dinheiro; 78% declararam “encontrar um objetivo e um sentido para a vida”.

Por tudo isso, fica claro que a maioria das pessoas almeja ter um sentido para a vida.

Também defendendo essa tese, mas utilizando-se de outras e mais fortes palavras, Martin Luther King disse: “Se um homem não descobrir algo para morrer, ele não está preparado para viver”.

Por outro lado, é bastante difundido e conhecido o princípio espírita “fora da caridade não há salvação”.

Contribuindo com as pesquisas e teses acima, este Centro Espírita, por meio do nosso Departamento de Trabalhos Voluntários, está propiciando oportunidades para quem procura um sentido para a vida. Leia todo este texto é para efeito de pesquisa – favor preencher o quadro que segue logo após esses esclarecimentos.

IMPORTANTE

Não estamos fazendo uma convocação, isto é, não o estamos obrigando a servir o próximo. O trabalho, nesse caso, é totalmente voluntário. Estamos sim, por intermédio deste convite, propiciando-lhe uma oportunidade, e cabe a você aceitá-la ou não, sem nenhuma pressão de nossa parte.

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Vantagens do trabalho voluntário

PRIMEIRA VANTAGEM DO TRABALHO VOLUNTÁRIO: PROPICIA-NOS UM SENTIDO PARA A VIDA

A afirmação “só merece a felicidade quem acorda todos os dias disposto a conquistá-la” retrata com fidelidade que a felicidade não cai do céu. A felicidade é uma conquista. E, como qualquer conquista, depende do nosso esforço. Mas, para o nosso próprio bem, esse prazeroso esforço de servir ao próximo é uma das mais benditas ferramentas para ajudar a visualizarmos, com clareza, um sentido para a vida.

SEGUNDA VANTAGEM DO TRABALHO VOLUNTÁRIO: TORNA-NOS MAIS PRODUTIVOS EM NOSSA ATIVIDADE PROFISSIONAL

Peter Drucker, certamente o maior consultor do século, há décadas já dizia que o funcionário que presta serviços voluntários, por ser solidário à dor do próximo, é mais produtivo.

Reportagem da revista Exame de 18 de junho de 1999 traz o seguinte depoimento: “Eu parei de reclamar, me tornei mais otimista e melhorei meu índice de satisfação” – comentário de Leolino Clementino Barbosa Júnior, controlador de manufatura da 3M, após um ano de trabalho voluntário na FEAC (Fundação das Entidades Assistenciais de Campinas).

Conforme o depoimento acima, a pessoa que se aproxima do sofrimento do próximo vê seus problemas pessoais numa outra dimensão, torna-se mais resignada, menos ansiosa. Como conseqüência, reclamará menos, sa-berá entender melhor os outros e aprenderá a ouvir mais, atributos estes que, além de tornarem uma pessoa mais realizada, transformam-na num funcionário mais produtivo.

TERCEIRA VANTAGEM DO TRABALHO VOLUNTÁRIO: PASSAMOS A TER MAIS SAÚDE

É a Universidade de Harvard que nos passa essa informação.

Depois de dez anos de coletas e análises de dados, uma pesquisa realizada pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, com 2.700 pessoas, chegou às seguintes conclusões:

a) ajudar o próximo faz bem ao coração;

b) ajudar o próximo faz bem ao sistema imunológico (análises clínicas evidenciaram que, no sangue do trabalhador voluntário, há um aumento de imunoglobulina-A, um anticorpo que ajuda a defender o organismo contra infecções respiratórias);

c) ajudar o próximo aumenta a expectativa de vida e a vitalidade de maneira geral.

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Favor responder ao questionário abaixo

(Só se identifique ao final desse questionário se optar pelo trabalho voluntário. Se não optar pelo trabalho voluntário, esse

questionário servirá como simples mas importante pesquisa)

ATENÇÃO

Mesmo que em data anterior já tenha preenchido os dados abaixo, pedimos-lhe a gentileza de preencher novamente, assim teremos sempre informações atualizadas.

1)Acha importante o trabalho solidário, isto é, o trabalho de ajudar o próximo? [ ] Sim [ ] Não

2)Já participou como voluntário? [ ] Sim [ ] Não

3) Em caso positivo, como participou?

[ ] Trabalho voluntário [ ] Doação [ ] Trabalho e doação

4)Em caso negativo (em relação ao item 2), por que nunca participou? [ ] Falta de tempo [ ] Excesso de voluntários

[ ] Distância de casa [ ] Restrição de idade

[ ] Não se adaptou ao grupo [ ] Não se adaptou às normas da entidade Outro:_____________________________________________________

5)Área que escolheria (pode, se quiser, preencher mais de uma opção):

[ ] Saúde [ ] Educação [ ] Evangelização

[ ] Mediunidade [ ] Social

6)Prefere trabalhar voluntariamente com público de que faixa de idade? (Pode, se quiser, preencher mais de uma opção.)

[ ] Não tenho preferência [ ] Jovem

[ ] Infantil [ ] Terceira idade

[ ] Meia-idade

7)Atualmente faz algum trabalho voluntário? [ ] Sim [ ] Não

Caso a resposta seja sim:

Onde?_______________________________________________________ Em que dia da semana e horário?_________________________________

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8)Em relação à Doutrina Espírita, você:

[ ] Não é espírita [ ] É simpatizante [ ] É espírita

9)Se você é espírita, escreva o título dos dois principais livros espíritas que você leu (apenas dois).

Obs.: Essa solicitação é apenas para efeito de pesquisa.

1. _________________________________________________________ 2. _________________________________________________________

Caso queira participar do nosso trabalho de voluntariado, solicitamos o preenchimento dos espaços abaixo.

ATENÇÃO

Se por ora não optar pelo trabalho voluntário, não é preciso preencher os dados a seguir. Nesse caso você não precisará identificar-se.

Nome: __________________________________________________ Endereço: ________________________________________________ ______________________________ Bairro: ____________________ Cidade: ____________________________ CEP: _________________ Telefone: __________________ E-mail: ________________________

Recado?

ATENÇÃO

Caso não tenha telefone, favor especificar o número do telefone de alguma pessoa do seu relacionamento com quem possamos deixar recados:

Nome de quem receberá recados: ______________________________ ___________________________ Telefone: _____________________

Obs: Se não tiver telefone pessoal nem telefone para recados, procure pessoalmente nosso Departamento

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O Trabalho Voluntário na Casa Espírita | Alkíndar de Oliveira 18

Sexto procedimento

Prepare seu voluntário. Faça palestras com o objetivo de reforçar a importância do trabalho voluntário.

Dê aulas – com professores especialistas – sobre como ser voluntário.

IMPORTANTE

Em São Paulo existem instituições, como a AACD e o Hospital do Câncer, que procuram “formar” voluntários. Elas organizam aulas, palestras e ativi-dades práticas, tendo como alunos os iniciantes no voluntariado. Conheça os trabalhos de formação de voluntariados dessas instituições e adapte-os ao seu Centro Espírita.

Sétimo procedimento

Divulgue ainda mais a oferta do trabalho de voluntariado.

a) Em palestras com número expressivo de participantes, distribua a pesquisa constante do quinto procedimento anterior. Deixe espaço na folha para a pessoa pôr seus dados pessoais, visando à possibilidade futura de ser convidada a prestar serviços voluntários (lembre-se de distribuir canetas).

b) Procure em algumas palestras enfocar esse tema (trabalho volun-tário), solicitando que o palestrante enfatize que trabalho voluntário não é obrigação (ninguém gosta de fazer algo por simples obrigação). Reforce que não é obrigação, mas realização pessoal.

c) Evite “vender” a idéia de que “o Centro Espírita está precisando de voluntários”. Diga, sim, que “o Centro Espírita, por meio do seu trabalho de voluntariado, está propiciando oportunidades para quem procura um sentido para a vida”.

Oitavo procedimento

Descubra grupos de pessoas que possam ajudar a ampliar o número de voluntários.

Existem quatro grupos de pessoas que propiciam, aos Centros Espíritas, excelentes meios de atender à crescente demanda da necessidade do tra-balho voluntário. Dos quatro grupos, dois deles tenderão a ser voluntários no futuro e, dos dois restantes, voluntários já no presente.

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O Trabalho Voluntário na Casa Espírita | Alkíndar de Oliveira 19

GRUPO 1

Os novos visitantes dos Centros Espíritas (prováveis voluntários do futuro). Atenda muito bem os novos visitantes do Centro Espírita.

Agindo assim, além de ajudar o novo freqüentador a se encontrar, o Centro Espírita aumentará o número de futuros candidatos ao voluntariado. É comum o novo freqüentador não receber atenção alguma no Centro Espírita e, em virtude da ausência da boa receptividade ou, em outras palavras, da ausência do necessário calor humano, ele tende a não mais voltar. Para corrigir esse erro, procure:

a) deixar sempre na porta de entrada pessoas mais antigas, que já conhecem o público, para bem recepcionar as pessoas que vêm pela primeira vez;

b) não entregar, na entrada, textos de divulgação do Espiritismo que soem como prepotentes a quem não é espírita e comparece pela primeira vez, isto é, evite – nos textos que são entregues na entrada do Centro – frases como: “O Espiritismo é a única Doutrina que fornece respostas às perguntas mais instigantes da humanidade” etc.

c) ao recepciona o novo visitante, entregue cópia do texto a seguir (não se esqueça de escrever no formulário os nomes das pessoas que poderão conversar com o visitante).

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É uma grande satisfação tê-lo(a) aqui conosco

Se você está vindo a este local pela primeira vez, passamo-lhe quatro informações iniciais.

a) Seja bem-vindo(a). Estamos muito contentes com sua presença. Que Jesus o abençoe.

b) Saiba que qualquer que seja sua religião, a respeitamos. Acreditamos que existem muitas faces da verdade e que todas as religiões são de Deus.

c) Em nenhum momento iremos pedir ou insistir para você mudar de religião. Não pediremos para você tornar-se espírita. O Espiritismo muito respeita e muito valoriza o livre-arbítrio. Cada pessoa deve ser totalmente livre para tomar decisões. Se um dia você se tornar espírita, será, tenha certeza, pela sua exclusiva vontade.

d) O Espiritismo não tem a ver com velas ou oferendas em esquinas. No culto espírita, ao contrário do que muita gente imagina, não há bebidas, talismãs, danças ritualísticas, vestes especiais, defumadores etc. O Espiri-tismo é confundido com determinadas religiões afro-brasileiras que não são – em verdade – Espiritismo.

O culto espírita é realizado no próprio coração. É o culto de sentimento puro, do amor ao semelhante, do trabalho constante em favor do próximo. Repetindo, se esta é a primeira vez que você comparece neste lugar, dê-nos o prazer de uma conversa particular e individual; procure, se assim quiser, uma das seguintes pessoas:

__________________ ou _________________ ou ________________ ou __________________ ou _________________ ou ________________.

Por meio de um rápido diálogo com uma das pessoas acima, será marcada uma entrevista, em dia posterior e dentro de seu tempo dispo-nível. Na entrevista você poderá expor seus problemas, seus anseios e receberá as informações básicas necessárias para melhor conhecer a Doutrina Espírita.

Se a denominação “espírita” perturbou-o, acalme-se. Isso acontece com a maioria dos que ainda não conhecem o Espiritismo.

As denominações “espírita”, “espiritista” ou “espiritismo” assumiram conotações que não correspondem à real essência da Doutrina.

Outras pessoas, como você, também não acreditavam ou tinham uma opinião deturpada do Espiritismo.

William Crookes, o extraordinário pai da física contemporânea, o homem que descobriu o tálio, a matéria radiante, a quem se deve os pródomos da física nuclear da atualidade, chegou a dizer textualmente:

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“Eu era um materialista absoluto e, depois de investigar em profundi-dade científica os fenômenos mediúnicos, eu afirmo que eles já não são possíveis, eles são reais!”

Também nos recordamos de César Lombroso, depois de examinar a mediunidade de Eusápia Paladino:

“Quando me lembro que eu e meus colegas zombávamos daqueles que acreditavam no Espiritismo, coro de vergonha, porque hoje eu também sou um espírita! A evidência dos fatos dobrou a minha descrença.”

E ainda Cronwell Varley, que lançou sobre o mundo as linhas da tele-grafia e da telefonia internacional, os cabos transoceânicos, teve a coragem de dizer:

“Somente negam os fenômenos espíritas aqueles que não se deram o trabalho de os estudar. Eu não conheço um só exemplo de alguém que os haja estudado que não se tenha rendido à sua evidência.”

O número de sábios e de cientistas que optaram pela realidade do fenô-meno mediúnico, depois de examinar a Doutrina Espírita, é muito expressivo. Nesse momento, é a ciência do psiquismo – especialmente a psiquiatria, por meio de seus maiores representantes, como os doutores Morris e Netkerton, de San Diego, na Califórnia –, que, fazendo a terapia das vidas pregressas, demonstra que o indivíduo viveu ontem e que várias patologias psiquiátricas do momento somente são explicáveis pela reencarnação.

Mas o que é o Espiritismo?

Espiritismo é uma Doutrina revelada pelos Espíritos Superiores, por meio de médiuns, e organizada (codificada) por um educador francês conhecido por Allan Kardec, em 1857. Surgiu, pois, na França, há mais de um século.

Dizemos que o Espiritismo é ciência porque estuda, à luz da razão e dentro de critérios científicos, os fenômenos mediúnicos, isto é, os fenô-menos provocados pelos espíritos e que não passam de fatos naturais. Não existe o sobrenatural no Espiritismo: todos os fenômenos, mesmo os mais estranhos, têm explicação científica. São, portanto, de ordem natural.

O Espiritismo é uma filosofia porque, com base nos fenômenos espíritas, dá uma interpretação da vida, respondendo a questões como “de onde você veio”, “o que faz no mundo” e “para onde vai após a morte”. Toda doutrina que dá uma interpretação da vida, uma concepção própria do mundo, é uma filosofia.

Dizemos também que o Espiritismo é religião, porque ele tem por fim a transformação moral do homem, retornando aos ensinamentos de Jesus Cristo, para que sejam aplicados à vida diária de cada pessoa. Revive o cristianismo na sua verdadeira expressão de amor e caridade.

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GRUPO 2

Terceira Idade (prováveis voluntários do presente). Crie em seu Centro Espírita o “Departamento dos Trabalhadores Voluntários da Terceira Idade”. A correta denominação desse grupo, como o exemplo citado, facilitará a determinação de um foco. E todos nós sabemos que, quando se tem um foco bem determinado, fica mais fácil estabelecer os procedimentos para alcançá-lo.

É comum, no meio espírita, o trabalho voluntário estar mais bem disseminado entre as pessoas que nem estão no grupo de jovens nem no grupo da terceira idade. São aquelas pessoas da faixa intermediária que, talvez assim possamos dizer, fazem parte do grupo da meia-idade. Não atuando de forma sistemática e estimulante para ter trabalhadores vo-luntários dos grupos de jovens e da terceira idade. Os Centros Espíritas erram drasticamente em seus planos de ação, pois estão deixando de lado os grupos que mais crescem em nosso país. Incentivar só o pessoal da meia-idade a trabalhar voluntariamente significa optar justamente pelo grupo com menor número de integrantes.

Do mesmo modo, não podemos refutar a importância de todos os grupos de pessoas, sejam eles compostos por jovens, pessoal da meia-idade, sejam por pessoal da terceira idade.

Existem espíritas da terceira idade que estão com muita vontade de, no crepúsculo da vida, serem úteis ao próximo. É verdade que também existem, nesse grupo, aqueles que ainda não despertaram para essa ne-cessidade. No entanto, o surgimento de um ambiente estimulante no Centro Espírita os fará vislumbrar um novo mundo: o mundo da caridade, o mundo da ação em favor do próximo. Contrastando com essa realidade, muitos Centros Espíritas não criam o ambiente necessário para que essas pessoas sejam estimuladas a atuar caritativamente. Esses Centros, ao agir como muitas vezes age a sociedade, isto é, enxergando as pessoas da terceira idade como pessoas que precisam de ajuda, em vez de considerá-las indi-víduos que podem auxiliar, deixam de ter em seu meio pessoas experientes e cuja vivência passada lhes tornou mais pacientes, mais resignadas, mais amorosas e, o que também é muito importante, com mais tempo livre, pois muitas já se aposentaram.

Um questionamento que cabe a todo dirigente de Centro Espírita fazer: como podemos deixar de utilizar em nosso trabalho voluntário pessoas pacientes, resignadas, amorosas e com mais tempo livre?

Esse é um erro que precisamos deixar de cometer. Portanto, crie e estimule o crescimento do seu “Departamento dos Trabalhadores Voluntá-rios da Terceira Idade”.

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GRUPO 3

Os jovens (prováveis voluntários do presente). Crie no Departamento da Juventude do seu Centro Espírita o setor Voluntariado Jovem.

“Esses jovens são um problema.”

“Não adianta fazer algo para o jovem, são muito entusiasmados no início, mas depois desistem com facilidade.”

“Decidi que é melhor não ter um Departamento da Juventude.”

Desculpem-me a franqueza, mas fazer um dos comentários acima é assinar um atestado de incompetência no relacionamento com os jovens.

Em pesquisas que fiz para escrever este livro, descobri que os Centros Espíritas (não todos) maltratam muito a auto-estima dos jovens. Daí a razão do insucesso para lidar com os jovens.

Na fase de auto-afirmação por que todos os jovens passam, o lógico seria considerá-los relevantes e importantes à Doutrina, como realmente são. No entanto, geralmente passam a eles serviços ou atividades que menosprezam sua grande capacidade, o que provoca neles um desinte-resse natural.

O Centro Espírita que hoje falha em relação aos jovens está escrevendo o seu atestado de óbito, pois uma realidade que ninguém contesta, um fato que ninguém duvida, é que os líderes espíritas do futuro serão os jovens de hoje. Por que deixar de cuidar dessa semente?

É próprio do meio espírita não aceitar a irreverência e a inconstância dos jovens. Interessante é que qualquer organização que tenha os olhos voltado para o futuro quer ter em seu meio pessoas um tanto irreverentes e inconstantes, pois são justamente essas pessoas que têm maior facilidade para fazer a criatividade aflorar. E todos sabemos que, hoje, a criatividade faz muita falta ao Centro Espírita.

Temos medos da audácia dos jovens. Em O Livro dos Espíritos, per-gunta 932, está implícito que precisamos ser audaciosos.

É óbvio que em tudo é preciso ter parâmetros. É óbvio que as regras são úteis para estabelecer os necessários padrões de comportamento. Mas existem alguns parâmetros e algumas regras que são inúteis e que preju-dicam o desenvolvimento do movimento espírita. E é justamente aí que devem entrar os jovens.

Quer os jovens estimulados ao trabalho voluntário em seu Centro Es-pírita? Então acabe com aqueles cursos professorais, crie um grupo de debates, utilize-se de técnicas adequadas para melhorar sua auto-estima. Assim você vai perceber que verdadeiros milagres vão ocorrer. O jovem gosta de debates, gosta de discussão e precisa ser valorizado. Aproveite tudo o que pode surgir de positivo nos debates e nas discussões. Evite, você, dirigente de Centro Espírita, comportar-se como dono da verdade.

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Não queira dar passos pelos jovens. Deixe, por meio dos próprios acertos e erros, os jovens encontrarem seu caminho.

Dê autonomia (mesmo que relativa) aos jovens. Essa autonomia vai gerar conflitos? Ainda bem. Pois são dos conflitos que surgem novas idéias. Se tudo estiver calmo em seu Centro Espírita, se todos sempre concordarem com você, cuidado, alguma coisa está errada. Os conflitos, se bem adminis-trados (atenção, conflitos no campo das idéias, e não no campo pessoal), são instrumentos de enorme valor para o desenvolvimento do movimento espírita. Lembre-se de Jesus, que disse: “Bem-aventurados os aflitos”. E os conflitos trazem-nos a bem-vinda aflição, que nos vai forçar a fazer a nós mesmos as tão necessárias perguntas: “Onde estou errando?” e “Como posso fazer ainda melhor?”

A pessoa que não tem aflição, a pessoa que caminha num mar de rosas, não cresce, pois não sente necessidade de trilhar novos caminhos.

Em síntese, o problema não está nos jovens; estes, sim, fazem parte da solução.

O problema está no sistema, ou no estilo de liderança, adotado pelo Centro Espírita.

GRUPO 4

As crianças (prováveis voluntárias do futuro). Crie em seu Centro Espí-rita um verdadeiro e estimulante ambiente educacional para as crianças.

Não precisamos de educadores autoritários, isto é, aqueles que con-fundem a necessária disciplina com opressão. Precisamos, sim, de educa-dores que tenham autoridade (muito diferente de ser autoritário).

Freqüentemente ouço dos professores com índole autoritária a adver-tência: “Disciplina, disciplina e disciplina, eis os três caminhos que nos passaram Emmanuel e Chico Xavier”. Quando ouço tal afirmação, não a contesto, pois todos nós sabemos que sem disciplina não iremos a lugar algum, mas complemento dizendo: “A lição que recebemos foi ‘disciplina, disciplina e disciplina’ e não ‘opressão, opressão e opressão’, que são coisas bem diferentes”.

Que as crianças precisam aprender a ter limites sociais todos nós sabemos, mas não se pode chamar de pedagogia educacional o ato de ensiná-las excluindo o fator liberdade.

Não precisamos de educadores que impõem respeito. Precisamos, sim, daqueles que conquistam respeito.

Alguém pode dizer: “É fácil falar, mas as crianças de hoje estão muito indisciplinadas. E a disciplina é fundamental em qualquer sistema educacional”.

Concordo com essas três informações. De fato: é fácil falar.

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De fato: as crianças de hoje estão muito indisciplinadas.

De fato: a disciplina é fundamental em qualquer sistema educacional. No entanto, todas essas verdades não podem sobrepor em nossa mente o fato de que as crianças não devem ser tratadas como adultas e que não podem sentir-se oprimidas.

Todas as crianças precisam ser alegres e merecem ser felizes. Se no sistema educacional do Centro Espírita não estamos atingindo esses obje-tivos, então, óbvio, estamos falhando.

Sabemos que é na infância que se forjam as personalidades. Por isso não podemos brincar de educadores. No trato com as crianças é preciso ter sempre pessoal especializado e isso não significa que uma pessoa espe-cializada tem que ser formada. Existem pessoas sem formação na área pedagógica que trabalham até melhor do que outras que têm – teorica-mente – a formação adequada. Essas pessoas especializadas, mas sem formação, certamente conseguiram sua formação em vidas passadas e já nascem, se assim posso dizer, sabendo como educar crianças. Mas não basta ser pessoa especializada, é preciso gostar de conviver e relacionar-se com as crianças.

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PLANO DE AÇÃO PARA O

CENTRO ESPÍRITA EVITAR A

EVASÃO DOS TRABALHADORES

VOLUNTÁRIOS

Sabemos que muitos trabalhadores voluntários começam suas ativi-dades com muito empenho, dedicam-se com carinho e, depois, desaparecem. Quais são os fatores que causam a desistência do trabalho de um voluntário?

Três são os principais fatores e, tomando providências em relação a eles, certamente esse mal vai diminuir consideravelmente.

Vamos aos três fatores e às providências a serem tomadas pelo diri-gente do Centro Espírita.

1 – O primeiro fator causador da evasão

dos trabalhadores espíritas tem a ver com

o Centro Espírita

Quando o papa da Qualidade Total, W. Edwards Deming, disse que “a maioria dos problemas das organizações não tem a ver com o pessoal, e sim com o sistema”, ele comprovou algo que precisa tornar-se lugar-comum em boa parte das instituições espíritas: chegou a hora de os dirigentes espíritas pararem de dizer “o problema está no pessoal” e passar a afirmar “a solução está no pessoal”.

É necessário mudar o sistema, é preciso mudar o modelo, o que, em outras palavras, significa aplicar três passos.

1º PASSO: PARA MUDAR O MODELO DA LIDERANÇA ESPÍRITA

DESENVOLVA ESTILO DE LIDERANÇA EFICIENTE E EFICAZ Mas qual a diferença entre a liderança eficiente e a liderança eficaz?

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Resposta: o líder eficiente é aquele cumpridor de seus deveres de chefe: faz reuniões, chega no horário determinado, distribui funções, aloca re-cursos, mas não necessariamente consegue bons resultados.

O líder eficiente e eficaz é aquele que faz tudo o que está descrito acima, mas tem como característica marcante conseguir resultados.

Como transformar o líder eficiente em um líder também eficaz? Adotando principalmente os quatro procedimentos do líder eficaz. Em intenso trabalho de leitura, estudo e pesquisa em mais de 40 dos melhores livros de liderança e administração, conjugados com serviços de consultoria por mim prestados, consegui achar um caminho coerente e lógico para o líder, seja ele executivo de uma empresa seja um líder espírita (obviamente respeitando as diferenças de foco).

Minha intenção era formular procedimentos que fossem o consenso, ou a síntese, das diversas técnicas de liderança.

Mas existem esses procedimentos?

Existem e são comprovadamente eficazes.

Têm a vantagem de serem procedimentos de liderança intemporais, isto é, foram eficazes no passado, são eficazes no presente e serão eficazes no futuro. E funcionam.

São quatro os procedimentos do líder eficaz.

1 – Desenvolva ambiente de credibilidade, confiança e eficaz comunicação interna

É imperativo que os fatores credibilidade, confiança e visão comparti-lhada façam parte dos propósitos do líder eficaz.

Para que, uma vez conquistada a visão compartilhada, ela não morra, é necessário que todo o pessoal tenha acesso a informações, pois, como bem disse Jach Welch (referindo-se às empresas, mas também com vali-dade para os Centros Espíritas): “As empresas não são complicadas. As complicações surgem quando as pessoas não têm acesso às informações de que necessitam”, que em nosso meio poderíamos dizer assim: “Os Centros Espíritas não são complicados. As complicações surgem quando os freqüentadores e trabalhadores não têm acesso às informações de que necessitam”.

Mas não basta manter o pessoal informado. É preciso valorizar seu pessoal. Leia e reflita sobre a mensagem de Robert Vanourek:

“O verdadeiro líder se preocupa com as pessoas.

O líder coloca o bem-estar dos seguidores no mesmo nível que o seu. Assim, a liderança esclarecida requer um senso de inclusão e de prestação de serviço, não de egoísmo.

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Porque ele sabe do potencial que existe em cada um de nós. Ele res-peita esses poderes e sentimentos não liberados... O líder quer dar força a essas pessoas, libertar esse potencial oculto. As pessoas sentem isso de maneira intuitiva. Elas não são tolas nem burras. Não podem ser enganadas por muito tempo.

Elas sabem de coração que o verdadeiro líder merece confiança. Por isso se comprometem. Voluntariamente. Com toda a mente, corpo e coração.

Grandes vitórias são alcançadas no coração das pessoas.”

2 – Mostre e divulgue a direção a ser seguida pelo Centro Espírita Cabe ao dirigente mostrar sempre e sempre a direção a ser seguida. Os freqüentadores e trabalhadores precisam saber quais são os objetivos do Centro Espírita daqui a um mês, daqui a seis meses, daqui a um ano, daqui a dois anos etc.

Quando Jesus disse a máxima “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, soube de forma transcendental mostrar a direção a ser seguida.

Da mesma forma, Kardec, insistindo na tese !fora da caridade não há salvação”, mostrou os passos a serem dados pelos que querem trilhar o caminho da evolução espiritual.

Mas Jesus e Kardec não só mostraram a direção a ser seguida, pois apontar o caminho é só uma das etapas. Ambos souberam divulgar – e bem divulgar – o caminho a ser seguido.

É comum a diretoria de um Centro Espírita saber dos objetivos futuros da instituição, mas também é comum só a diretoria ter essa informação e, ao mesmo tempo, veja a incongruência, exigir que os liderados atinjam os objetivos.

Procure no seu Centro Espírita apontar caminhos em relação às neces-sidades econômica, social, física e espiritual.

3 – Dê poder e autonomia ao seu pessoal Disse Parkinson:

“O homem a quem é negada a oportunidade de tomar decisões de im-portância começa a considerar importantes as decisões que ele pode tomar.

Torna-se exigente com os arquivos,

preocupa-se em os lápis estarem bem apontados,

fica ansioso em verificar se as janelas estão abertas ou fechadas, inclina-se a usar lápis de duas ou três cores diferentes.”

Dar poder e autonomia ao seu pessoal põe em evidência a necessidade de delegar poderes e responsabilidades. A pessoa com poder é mais ousada,

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é mais dinâmica. E isso é científico: o exercício do poder altera a bioquí-mica do cérebro, estimulando a produção do neurotransmissor serotonina, o hormônio que regula o humor, a impetuosidade, a auto-estima, a memória e a agressividade do indivíduo.

4 – Quebre paradigmas

Desafie o estabelecido, procurando evitar as utilizações dos mesmos métodos de liderança que deram certo há dez anos. Hoje existem doutrinas religiosas que não têm o escopo do Espiritismo, mas caminham a passos largos em direção ao aumento do número de fiéis. Por quê? Porque apren-deram a desafiar o estabelecido. É verdade que boa parte delas não serve como modelo de liderança, se levarmos em consideração a ética de nossa Doutrina. Nem mesmo estou dizendo que devemos quebrar paradigmas da forma que essas doutrinas quebraram. Não. Agir como algumas delas agiram seria um retrocesso ao Espiritismo. O que afirmo é que é preciso inovar (inovar não significa enterrar Kardec). É preciso sair da rotina. Bem disse Warren Bennis, professor da Universidade do Sul da Califórnia: “O trabalho rotineiro afasta o trabalho não rotineiro e asfixia até a morte todo planejamento criativo e todas as mudanças fundamentais”.

É fácil quebrar paradigmas? Não. Quebrar paradigmas é tarefa somente para o líder eficaz. Mas o quê, ou como, é o líder eficaz?

O líder eficaz é ousado.

O líder eficaz coloca a contínua aprendizagem como meta prioritária em sua vida.

Concluindo, se aplicar os quatro procedimentos citados (desenvolva ambiente de credibilidade, confiança e eficaz comunicação interna; mostre e divulgue a direção a ser seguida pelo Centro Espírita; dê poder e auto-nomia ao seu pessoal; quebre paradigmas), o líder conseguirá implantar excelente ambiente de trabalho, condição necessária e suficiente para o Centro Espírita atingir seus objetivos maiores.

2º PASSO: PARA MUDAR O MODELO DA LIDERANÇA ESPÍRITA

TENHA COMO FOCO O FATO DE O CENTRO ESPÍRITA SER UMA “ESCOLA COM O OBJETIVO DE EDUCAR O ESPÍRITO IMORTAL” Muitos freqüentadores de Centros Espíritas confundem-no com uma Casa de Recuperação onde o doente vai com um mal do corpo ou do espí-rito, cura-se e depois volta para sua residência, esquecendo-se completa-mente da importância do Centro Espírita em sua vida. Também acontece

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de o convalescente não ter acesso à profundidade da Doutrina Espírita, o que ocorre na maioria das vezes.

Não pense que o Centro Espírita não deixa de ser uma Casa de Recu-peração. Ele o é, sim. Mas como um meio, não como um fim. A pessoa que enxerga o Centro Espírita principalmente como uma Casa de Recuperação tem uma visão desfocada do Espiritismo.

Uma Casa de Recuperação atende um doente por tempo determinado, até que ele esteja curado.

O Centro Espírita não é uma Casa de Recuperação, apesar de poder e dever agir como tal (mas repito, como um meio, não como um fim). O Centro Espírita é, sim, uma escola que tem o objetivo de educar – para sempre, e não por tempo determinado – o espírito imortal.

Por que, hoje, muitos indivíduos procuram o Centro Espírita para se curar de um mal qualquer e uma vez curados não voltam mais?

Porque o espírita está, de forma errônea, vendendo a imagem do seu Centro Espírita como sendo uma Casa de Recuperação.

3º PASSO: PARA MUDAR O MODELO DA LIDERANÇA ESPÍRITA

PASSE A DIFUNDIR A IDÉIA DE QUE TRABALHAR VOLUNTARIAMENTE NAS OBRAS ESPÍRITAS NÃO É OBRIGAÇÃO, É REALIZAÇÃO

Também é comum os Centros Espíritas – mesmo que inconsciente-mente – venderem a idéia de que o trabalho voluntário no meio espírita é, por tudo o que recebemos do alto, uma OBRIGAÇÃO. Apesar de realmente nos caber a obrigação de trabalhar em prol do próximo, essa obrigação seria muito mais prazerosa se a entendêssemos como uma REALIZAÇÃO PESSOAL.

Portanto, cabe ao dirigente do Centro Espírita difundir a idéia de que o trabalho voluntário no meio espírita é muito mais REALIZAÇÃO PESSOAL do que obrigação.

As pessoas não se sentem bem por fazerem algo obrigadas.

O que traz bem-estar a elas é fazer algo que traga realização pessoal. Os discípulos de Jesus seguiram-no não por obrigação, mas por reali-zação. Com Jesus, encontraram a si mesmos, entenderam o significado da vida, enfim, realizaram-se.

Quando o Centro Espírita conseguir vender a idéia de que o trabalho voluntário não é obrigação (assim podemos até dizer), mas realização, haverá muitos trabalhadores na casa espírita, pois o que toda pessoa mais quer em sua vida é alcançar sua realização pessoal.

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2 – O segundo fator causador da evasão

dos trabalhadores espíritas tem a ver com

o espírita propriamente dito

Vimos que o primeiro fator causador da desistência do trabalho vo-luntário é o modelo administrativo do próprio Centro Espírita. Vamos ao próximo fator.

O segundo fator que impede a manutenção do voluntário em deter-minada atividade é o fato de o trabalhador esperar do Centro Espírita – inconscientemente até – metodologia adequada para estimulá-lo a servir como voluntário. Erra ao agir assim. A responsabilidade individual tem de estar presente em todo ser que queira evoluir. Não podemos esperar dos Centros Espíritas ou dos outros responsabilidade (de estudo, de ação) que são nossas. É óbvio que o Centro Espírita pode e deve contribuir para estimular o freqüentador a trabalhar como voluntário. Mas não age com sensatez o freqüentador que fica aguardando o Centro Espírita mudar seus métodos para só depois procurar mudar a si mesmo. Não há desculpa para o freqüentador que não encontra motivos pessoais para ser um traba-lhador voluntário, pois a literatura espírita propicia todo o conhecimento que o Centro Espírita, eventualmente, não esteja conseguindo transmitir.

3 – O terceiro fator causador da evasão

dos trabalhadores espíritas tem a ver com

a natureza humana

O terceiro e último fator que impede a manutenção do voluntário em sua atividade tem a ver com a natureza humana: gostamos de viver em nossa zona de conforto. Em outras palavras, somos acomodados.

O trabalho voluntário implica alterar rotinas, estabelecer novas metas, administrar melhor o nosso tempo. Isto é, o trabalho voluntário implica, em termos, ainda mais trabalho.

Como solucionar esse terceiro fator? Há, de fato, solução: basta apro-veitarmos a mensagem inserida no primeiro fator apresentado, conscienti-zando-nos de que o trabalho voluntário é realização pessoal. Assim, trabalharemos com prazer, sairemos com satisfação da nossa zona de con-forto, deixaremos de ser acomodados. Como conseqüência, seremos mais produtivos e úteis para a comunidade e para com nós mesmos. Em síntese, faremos os outros mais felizes e seremos naturalmente mais felizes.

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COMO AGIR COM O

TRABALHADOR PROBLEMA?

Como agir com o trabalhador problema, aquele que tem comporta-mentos negativos, utiliza a maledicência, é avarento, crítico, destrutivo e tem falhas morais?

Jesus nos aceita como somos. Por que nós, espíritas, não aceitamos nossos companheiros como são? Por que não os aceitamos com suas qua-lidades e seus defeitos?

Aceitar os defeitos do próximo significa concordar com seus erros? Não. Ao mesmo tempo que devemos aceitar nossos irmãos como eles são (com suas qualidades e seus defeitos), devemos compreender que essa nossa atitude não significa que concordemos com seus erros.

Se aceitarmos os erros do irmão, então temos de cruzar nossos braços em relação à tentativa de o mudar para melhor?

Não. Cruzar os braços significa omitir, e não podemos ser omissos. No entanto, nossa ajuda deve ir até o limite correspondente ao respeito que devemos ter com o livre-arbítrio do companheiro. Imposições de nossa parte, além de não darem bons resultados, causarão conflitos desnecessários. Se nossa ajuda deve ir até o limite correspondente ao livre-arbítrio do companheiro, o que fazer quando nossas tentativas forem infrutíferas?

Se com bom senso e respeito tentamos modificá-lo e não conseguimos sucesso, cabe-nos aceitá-lo e amá-lo. Vale a pena repetir: Jesus nos aceita – e nos ama – como somos, com nossas qualidades e defeitos.

Mas se seus erros e suas atitudes estão interferindo negativamente no sucesso de determinado trabalho espírita, devemos continuar o aceitando em nosso meio?

Jesus não escolheu seu público pelas suas qualidades, falava também com prostitutas e com homens de má conduta. E assim devemos agir com quem está à nossa volta, distribuindo amor e tendo profundo respeito às diferenças individuais – por mais que elas ainda nos machuquem, pois que somos imperfeitos. No entanto, quando os erros de um trabalhador espírita (que não se propõe a mudar seu comportamento) interferir no andamento

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de determinado trabalho, cabe ao dirigente deslocá-lo daquele ambiente e passar-lhe outras responsabilidades. Esse procedimento deve, no entanto, ser feito com amor, bom senso e sabedoria.

Uma vez que somos imperfeitos, como devemos proceder com nossos pensamentos quando tentamos da melhor maneira possível modificar o comportamento de alguém e não conseguimos bons resultados? Como de-vemos mentalmente “trabalhar” para que nossa auto-estima não diminua? Como devemos agir para que não caiamos no desânimo?

O desenvolvimento pleno do ser espiritual, hoje na condição de ser humano, é trabalho de milênios. Por que então queremos que em alguns meses ou em alguns anos as pessoas mudem? Isso pode até ocorrer, mas desde que a pessoa queira mudar. O que determina o desenvolvimento de alguém é a sua vontade de mudar, não a nossa.

Joanna de Angelis nos ensina que devemos olhar as coisas do ponto de vista espiritual. Esse é um dos ensinamentos mais simples e mais profundos de sua lavra. Quando analisamos algo do ponto de vista espiritual, enxer-gamos ângulos que nossa curta visão física não vê. É importante termos a consciência de que todo trabalho sério tem resultado positivo. Pode ser que não vejamos os bons resultados nessa vida, no entanto, se ampliarmos nossa visão, teremos a percepção de que a colheita poderá tardar, mas as sementes foram lançadas. E essa é nossa principal missão, lançar sementes. Pode ser que elas demorem a germinar, provavelmente demorem alguns decênios ou séculos, mas por que esmorecer se o desenvolvimento pleno do ser espiritual é trabalho de milênios? Analisemos nossos problemas e situações do ponto de vista espiritual, pois assim agindo seremos pessoas com melhor auto-estima, condição essencial para o nosso desenvolvimento em todas as áreas, inclusive na área do otimismo.

Qual o melhor modo de mudar o comportamento de um irmão espírita? Pelo exemplo.

E qual o pior modo?

Pela insistência sistemática, sem considerar e respeitar o livre-arbítrio e as diferenças individuais. Existe quase cem por cento de probabilidade de que em vidas passadas agíamos tal qual aquela pessoa que hoje criticamos. Não nos esqueçamos de que cada pessoa evolui a seu tempo e de acordo com sua vontade. Há um ditado antigo dos habitantes do deserto que diz:

“Você pode levar quantos camelos quiser para todos os oásis que en-contrar, entretanto, o camelo só beberá água quando estiver com sede.”

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Sou um trabalhador espírita produtivo?

Teste de autoconhecimento

Circule com caneta sua auto-avaliação para cada um dos itens abaixo (quanto maior a numeração, mais você é uma pessoa produtiva no meio espírita).

1)Ocupo meu tempo no meio espírita tanto quanto deveria?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2)Em cada atividade espírita dou o melhor de mim?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

3)Evito, nas atividades espíritas, a competição com os colegas, lembrando que devo sempre competir comigo mesmo?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

4)Procuro, como espírita, fazer o trabalho completo? (Por exemplo, se exerço atividades práticas no trabalho mediúnico, também participo dos estudos?)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

5)Trabalho no meio espírita mais por realização do que por obrigação?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

6)Tenho a exata compreensão de que o Centro Espírita é muito mais do que um local de recuperação, é uma escola para o espírito imortal?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

7)Sou, no trabalho espírita, mais de irradiar alegria do que ser uma pessoa irritadiça e de mal com o mundo?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

8)Tenho a exata compreensão de que, se minha vida pessoal é importante, por outro lado, meu trabalho em favor do próximo é fundamental?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

9)Sou de estudar com constância a literatura espírita?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

10)Sou persistente no trabalho espírita?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Some e compare o resultado com a avaliação abaixo. Em termos de produtividade no meio espírita, eu... 80 a 100: Estou otimamente bem

70 a 79: Estou muito bem

50 a 69: Estou regularmente bem

30 a 49: Preciso modificar-me urgentemente

1 a 29: Preciso dar uma guinada de 180 graus em minha vida

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Sei ouvir?

Teste de autoconhecimento

NC = Nunca AV = Algumas vezes MV = Maioria das vezes MD = Mais ou menos 50 por cento das vezes SP = Sempre Quando uma pessoa está falando comigo, eu:

1)Presto atenção (isto é, não a interrompo; evito passar informações várias, talvez desinteressantes para ela).

[ ] NC(0) [ ] AV(2) [ ] MD(5) [ ] MV(8) [ ] SP(10)

2)Demonstro que somos pessoas do mesmo nível intelectual (isto é, não dou “ares” de que sei tudo, de que estou por dentro de todos os acontecimentos). [ ] NC(0) [ ] AV(2) [ ] MD(5) [ ] MV(8) [ ] SP(10)

3)Tenho boa comunicação “não-verbal” (isto é, não transmito informações corpo-rais negativas: um olhar para cima; um sorriso irônico; um mexer de lábios...). [ ] NC(0) [ ] AV(2) [ ] MD(5) [ ] MV(8) [ ] SP(10)

4)Olho nos olhos da pessoa.

[ ] NC(0) [ ] AV(2) [ ] MD(5) [ ] MV(8) [ ] SP(10)

5)Esboço um leve e encorajador sorriso (quando o assunto permite). [ ] NC(0) [ ] AV(2) [ ] MD(5) [ ] MV(8) [ ] SP(10)

6)Procuro ser gentil, deixando-a à vontade.

[ ] NC(0) [ ] AV(2) [ ] MD(5) [ ] MV(8) [ ] SP(10)

7)No momento próprio, falo com naturalidade, sem a falsa postura de intocável ou de pessoa sem problema.

[ ] NC(0) [ ] AV(2) [ ] MD(5) [ ] MV(8) [ ] SP(10)

8)Se ela me passa uma idéia interessante, procuro ressaltar da idéia algo de positivo.

[ ] NC(0) [ ] AV(2) [ ] MD(5) [ ] MV(8) [ ] SP(10)

9)Se tiver de criticá-la em relação ao assunto exposto, utilizo a docilidade e o bom senso.

[ ] NC(0) [ ] AV(2) [ ] MD(5) [ ] MV(8) [ ] SP(10)

10)Procuro ter em mente que a arte de ouvir é também a ciência de ajudar. [ ] NC(0) [ ] AV(2) [ ] MD(5) [ ] MV(8) [ ] SP(10) Avalie-se como segue:

Adicione as pontuações que estão dentro dos parênteses que você assinalou. Faça a adição. Veja o resultado:

90 a 100 pontos: excelente, sabe de fato ouvir. 70 a 89 pontos: muito bom, mas pode melhorar. 50 a 69 pontos: regular, precisa melhorar.

40 a 49 pontos: ruim, você não está sabendo ouvir.

0 a 39 pontos: sem comentários, esforce-se ao máximo para mudar o mais rápido possível.

Teste elaborado por Alkíndar de Oliveira, adaptado de texto de Joanna de Angelis. Permitida sua reprodução para fins não-comerciais.

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PARTE 2

A MOTIVAÇÃO

E O TRABALHO

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MOTIVAR É POSSÍVEL?

Existem Centros Espíritas que têm em seus trabalhadores pessoas não insatisfeitas, fato que poderia levar a deduzirmos que estão satisfeitas ou motivadas.

Mas isso não é verdade. Não estar insatisfeita não necessariamente significa estar satisfeita ou motivada.

Frederick Herzberg, professor emérito da Universidade de Harvard, em artigo que se tornou épico nas páginas do Harvard Business Review Book, comprovou o que relatamos acima, isto é, a ausência da insatisfação não significa necessariamente a presença da satisfação e da motivação. Herzberg entrevistou 1.685 funcionários para chegar à conclusão citada.

Mas como motivar alguém?

Há uma principal maneira de uma pessoa motivar-se. Essa maneira é fazer a pessoa sentir prazer no que faz, sentir-se realizada pelo que executa. Portanto, fazer que o trabalhador espírita sinta prazer no que faz é o elemento motivacional mais importante num Centro Espírita, se não o único. Está aí a razão de alguns Centros Espíritas destacarem-se em relação a outros. Eles põem como meta diária fazer o trabalhador sentir prazer no que executa. Nenhuma pesquisa, nenhum estudo derrubou essa tese. Por-tanto, se na teoria motivacional “evitar a insatisfação” é o pilar de barro (apesar de necessário), a “busca do prazer” é o pilar de ferro.

Antes de enfatizar o fundamental, antes de comentar a necessidade da “busca do prazer no trabalho” para alcançar a motivação, temos de insistir na importância de evitar a insatisfação do trabalhador (isso não quer dizer que procedendo assim venhamos a ter trabalhadores motivados. Mas, se adotarmos determinadas técnicas para não o deixar insatisfeito, teremos dado um grande e significativo passo).

São necessários os seguintes procedimentos para evitarmos a insatis-fação no trabalho:

a) Fazer que o trabalhador espírita tenha as informações necessárias para realizar o seu trabalho.

b) Estabelecer canais de comunicação de fácil entendimento.

c) Procurar saber das necessidades pessoais do trabalhador.

d) Ter uma política de mudança de responsabilidade que seja clara, abrangente e bem-definida.

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Lembrando: não necessariamente. Mas pelo menos teremos pessoas não-insatisfeitas.

Mas como alcançar a motivação? É o que veremos a seguir.

Como deve proceder o Centro Espírita

para que o trabalhador sinta prazer no

seu trabalho e esteja naturalmente

interessado no que faz?

Sabemos que todo o trabalho voluntário é naturalmente motivador. Ajudar o próximo proporciona grande satisfação interior, torna-nos mais pacientes e nos dá um sentido à vida.

Portanto, todo Centro Espírita já tem essa enorme vantagem moti-vacional: levar o trabalhador a sentir prazer por executar um trabalho voluntário.

Mas, se o Centro conseguir implantar as seis técnicas abaixo, dará passos seguros para que a motivação natural do voluntariado se mantenha ou aumente.

PRIMEIRA – E FUNDAMENTAL – TÉCNICA

Implantar visão compartilhada. Isso significa que o trabalhador deve ter plena consciência e concordância com os objetivos a serem buscados pelo Centro Espírita. A “visão do Centro Espírita” não pode ser fruto apenas dos pensamentos, sonhos, análises e intuições do pessoal da diretoria. O trabalhador, qualquer que seja seu cargo ou função, deve sentir-se como parte necessária e importante para que o Centro Espírita possa atingir seus fins.

O Centro Espírita deve solicitar idéias aos trabalhadores. Deve en-volvê-los nas decisões a serem tomadas.

SEGUNDA TÉCNICA

O trabalhador deve ser visto como o personagem principal de seu trabalho.

Se o trabalhador sentir que simplesmente cumpre regras, que não tem possibilidade de mobilizar ou de sugerir mudanças, ele não sentirá prazer no que faz.

O trabalhador deve sentir que tem poder e autonomia (mesmo que relativa) em relação à sua função.

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IMPORTANTE ADENDO ÀS PRIMEIRA E SEGUNDA TÉCNICAS:

O Poder do “Poder”

“Quando as pessoas têm maior poder de decisão,

mais autoridade e mais informação,

elas tendem mais a utilizar suas energias para produzir resultados extraordinários.”

KOUZES E POSNER

(DO LIVRO O DESAFIO DA LIDERANÇA, EDITORA CAMPUS)

Essa afirmação de Kouzes e Posner põe em evidência a necessidade de delegar poderes e responsabilidades. A pessoa com poder é mais ousada, é mais dinâmica. E isso é científico: o exercício do poder altera a bioquímica do cérebro, estimulando a produção do neurotransmissor serotonina, o hormônio que regula o humor, a impetuosidade, a auto-estima, a memória e a agressi-vidade do indivíduo.

TERCEIRA TÉCNICA

Pontuar os esforços e o sucesso. Se o trabalhador, ao executar um trabalho, sabe que este se assemelha a um saudável jogo, a um esporte, em que no final a pontuação será o seu trunfo, ele sentirá prazer por ter alcançado aquela pontuação.

QUARTA TÉCNICA

Propiciar condição para que o trabalhador execute trabalhos com difi-culdades um pouco acima de suas atuais habilidades.

Isso significa delegar ao trabalhador determinada atividade à qual ele terá que se esforçar – e crescer – para conseguir executá-la. Ao sentir que o dirigente do Centro ou o responsável pelo departamento confia nele, atribuindo-lhe um serviço que vai além do que sabe fazer, o trabalhador sente-se satisfeito pela confiança nele depositada. Deve-se, para evitar frustração, tomar o cuidado para que não seja tão grande a diferença entre a habilidade do trabalhador e a dificuldade do serviço.

QUINTA – E ESPECIALÍSSIMA – TÉCNICA

Estabelecer o bom humor no Centro Espírita. Os líderes devem evitar a carranca, a cara fechada e sorrirem mais. Devem criar condições para que o bom humor faça parte da cultura do Centro Espírita. Uma grande vantagem

Referências

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