GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
COMO CONQUISTA DO
STATUS ADULTO
Marcos Antonio Peluso Erechim - RS
INTRODUÇÃO
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA:
*PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA *GESTAÇÃO DE ALTO RISCO *MATERNIDADE INDESEJADA
INTRODUÇÃO
A gravidez na adolescência tem sido identificada como um dos grandes problemas de saúde pública tanto no Brasil, como em muitos países, principalmente porque vem aumentando neste final de século
(SANTOS,1999; SES,2002; ONU,2002; MS, 2002; SKLOVSKY,1996; MEDRADO, 1999).
INTRODUÇÃO
A gestação na adolescência é classificada dentro das situações especiais de “alto risco na gravidez” juntamente com:
* baixo nível sócio econômico, *gravidez indesejada,
*tabagismo, *alcoolismo,
*adição de drogas,
ou seja; situação em que a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido tem maiores chances de adoecer ou
INTRODUÇÃO
NO CONTATO:
* DEMONSTRAM ESTAR FELIZES
* CUMPRINDO SEU PAPEL SOCIAL; MÃE E DONA DE CASA * SUGERINDO SER UM PASSO IMPORTANTE NA
HIERARQUIA SOCIAL LOCAL
* REPETINDO UMA HISTÓRIA FAMILAR
INTRODUÇÃO
“... há adolescentes que ficam grávidas por falta de informação.
Mas em muitos casos a gravidez é uma forma de estas jovens se afirmarem socialmente e de constituir seu próprio núcleo familiar.
Em comunidades de baixo rendimento verifica-se uma grande falta de perspectiva para elas”
INTRODUÇÃO
Dados obtidos pelo Programa de Assistência Integral à Gestante Adolescente (PAIGA, 2002) desenvolvido no Hospital Presidente Vargas, em Porto Alegre:
45% das mães das adolescentes grávidas
tiveram filhos na adolescência
.
INTRODUÇÃO
O fato significativo, em nossa observação, é de que até engravidarem não lhes é apresentada uma condição social que propicie a passagem de menina para a mulher senão a gestação.
Agora são senhoras trazendo o troféu de conquista do respeito, “a gestação”, que lhes dá um tratamento especial, que lhes coloca na condição de serem respeitadas e acolhidas como mulheres, passam imediatamente a ocupar um posto na
OBJETIVO
GERAL
Verificar se a gravidez na adolescência ocorre como alternativa para o ingresso na vida adulta.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
-Compreender a opinião das adolescentes a respeito de sua gestação;
- Investigar o número e faixa etária das adolescentes grávidas;
- Listar o número de primigestas e multíparas adolescentes;
- Relacionar o grau de escolaridade e o percentual de evasão escolar das grávidas;
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
- Identificar o tipo de união do casal, o número de gestantes solteiras, e o local de moradia, se próprio ou com familiares;
- Registrar o uso e/ou conhecimento de método anticoncepcional;
- Apontar a profissão e/ou trabalho de ambos; - Conhecer a idade da primeira gravidez da mãe da
gestante e de seu companheiro.
49 MILHÕES – 31%
(IBGE, 2000)
ONU: 10 a 20 anos incompletos.
ECA: 12 aos 18 anos.
A adolescência não corresponde exclusivamente a uma classificação cronológica, mas compreende além da cronologia,
*o desenvolvimento biológico, *cognitivo,
*psicológico(construção de identidade e desenvolvimento interpessoal)
*e a mudança de status social com a possibilidade de participação na vida adulta (MEDRADO, 1999)
No Brasil, as taxas de gravidez na adolescência variam muito de serviço para serviço, mas estima-se que:
20-25% do total de mulheres grávidas
são adolescentes (SANTOS, 1999).
Ano Brasil R S
1990 189 173 11 748
2001 259 329 13 342
Mães Adolescentes no Brasil e RS
1992 - 17,0%
1994 - 17,9%
1996 - 19,2%
1998 - 20,1%
2000 - 20,3%
2002 - 20,2%
Casos de gravidez em menores de 19 anos - RS
Fonte: Coordenadoria de Informações em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde – SES
Ano RS Região Sul Brasil
1950 5,22 5,70 6,21 1960 5,11 5,89 6,28 1970 4,29 5,42 5,76 1980 3,11 3,63 4,35 1991 2,32 2,45 2,73 1995 2,20 2,28 2,49 2000 2,11 2,14 2,30
Número de filhos por mulher desde a década de 50 Brasil
Anos de estudo
no. de filhos
Menos de quatro
3,1
De quatro a sete
2,6
Oito ou mais
1,6
Relação escolaridade x número de filhos no Brasil (15-49 anos)
Fonte: Zero Hora: 18/01/2003
METODOLOGIA
TIPO DE PESQUISA
METODOLOGIA
CAMPO DE ESTUDO
Unidade Básica de Saúde Progresso localizado no Bairro Progresso, de janeiro a setembro de 2003.
Erechim, Rio Grande do Sul,
*Área de atuação da Equipe 006 do Programa de Saúde da Família.
METODOLOGIA
SUJEITOS DO ESTUDO
* 23 GESTANTES (10 a 20 anos incompletos)
METODOLOGIA
COLETA DE DADOS
Questionário sócio-demográfico (23) Entrevista semi-estruturada (14)
QUESTÕES ÉTICAS
*adesão confirmada através do termo de consentimento
livre e esclarecido. (CNS, 196/96)
METODOLOGIA
ANÁLISE DOS DADOS
* Sócio-demográficos.
Ordenação, classificação e análise
* Entrevistas semi-estruturadas
ANÁLISE DOS DADOS
CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS
* Apartação social
* 3 equipes do PSF, 9.334 cadastrados
* 28% das gestantes entre 14 e 20 anos incompletos (Na totalidade atuam no lar)
* Uso de anticoncepcional 10 (71%) pílula 4 condon
(Todas uso irregular)
ANÁLISE DOS DADOS
CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS
* 16 uniões consensuais (69,5%) * 1 no religioso
* 1 no civil e 5 solteiras (21,7%)
* Residência: 18 de 23, com familiares (72%) * 20 primigestas (87%)
* 3 na segunda gestação (Todas realizam pré-natal)
ANÁLISE DOS DADOS
CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS
* 18 com 1ºgrau incompleto, 5 o 2ºgrau incompleto
(Todas de escola pública) * 4 (7,4%) estudam
* 12 (52.2%) pararam antes de engravidar * 7 (30,4%) pararam após engravidar
(Evasão escolar 83%, a gestação contribuiu com 30% dos casos)
* 95.5% dos companheiros – informalidade
* Idade entre 16 e 30 anos.
ANÁLISE DOS DADOS
CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS
1ªgravidez - mãe da adolescente 1ªgravidez - mãe do companheiro
0 2 4 6 8 10 12 14 16 14 à 20 anos mais de 20 anos desconhecido 0 2 4 6 8 10 12 14 14 à 20 anos mais de 20 anos desconhecido
ANÁLISE DOS DADOS
CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS
O problema de saúde pública no que diz respeito a gestação na adolescência, é planetário, mas pode e deve também ser focalizado no microcosmos das famílias e das comunidades.
Pesquisa Unesco Fundação Osvaldo Cruz: 1,2 mil jovens cariocas entre 15 e 20 anos:
jovens assustados, acuados, sem visualizar perspectivas favoráveis. O cenário inclui dificuldade para entrar no mercado de trabalho, violência policial e problema no relacionamento na família (COSTA, 1999, p. 88).
ANÁLISE DOS DADOS
ENTREVISTAS SEMI-ESTRUTURADAS COM AS ADOLESCENTES
1. Sentimento expresso de satisfação
...eu estou feliz com este filho (18 a).
A felicidade é grande, medo só para ganhar (17 a).
...eu estou feliz de ter um filho, ...eu fico feliz de saber que vou cuidar dele, dar de mamar, dar banho (16 a).
ANÁLISE DOS DADOS
ENTREVISTAS SEMI-ESTRUTURADAS COM AS ADOLESCENTES
2. A real vontade de engravidar
...moro junto há dois anos, eu planejei esta gravidez (18 a). Eu estou satisfeita pois queria engravidar, já moramos
juntos há quatro anos, tava na hora de ter um filho (17 a). ...desejava ser mãe (16 a).
ANÁLISE DOS DADOS
ENTREVISTAS SEMI-ESTRUTURADAS COM AS ADOLESCENTES
3. Gravidez na adolescência e a relação com o status adulto
...o pai do meu companheiro diz que: ...ele vai ficar mais homem agora e aprender fazer as coisas mais certas, ser mais responsável (18 a).
Agora muda tudo a responsabilidade aparece e eu gostei de me sentir responsável (17 a).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Evidenciou-se através das estruturas de relevância afirmativas que corroboraram ser a gestação nessas jovens um fato que denota satisfação pessoal, demarcando de forma inequívoca ser este um evento
significativo em suas vidas.
Pois suas falas mostraram como a gestação lhes propicia a conquista do status adulto cujo significado social representa uma passagem de menina a mulher, o que lhes é gratificante e reconhecido pela sua rede de
relacionamentos como uma oportunidade para amadurecer, definitivamente um fato pessoal marcadamente positivo.
Ou seja, a sugestão das adolescentes de que é necessário engravidar para obter o espaço de adulto, de que a possibilidade de ascensão na
hierarquia social local é facilitado pela gestação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo De Negri, deve-se evitar o conflito entre a cultura local e a científica, pois trata-se de buscar um trabalho integrado e cooperativo entre estas duas dimensões, nas quais,
“os aspectos culturais e afetivos formam um complexo em que o técnico com formação científica tem dificuldade em penetrar sobretudo em função da falta de identidade cultural com a comunidade” (1996, p. 73).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tão ou mais importante do que apresentar o que se faz e/ou propor o que fazer, é revelar como pensam as adolescentes.
Afinal, nem sempre conseguimos transformar em ações aquilo que p ensamos. E pior, às vezes nem conseguimos dizer o que pensamos. Seria um equivoco achar que vamos encontrar as soluções que atendam a todas as demandas inerentes à questão desta monografia.
Acreditamos que um aspecto positivo seja a inquietação que venha a despertar nas pessoas, instigando-as.
Minayo (1998), ao confrontar as questões analíticas com a realidade social, salienta: o produto final é sempre provisório e condicionado pelo momento histórico, pelo desenvolvimento científico, por sua pertinência a uma classe social e pela capacidade de objetivação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Como seres humanos competentes, não podemos nos furtar a tarefa de julgar o modo
como as coisas são e o que precisa ser feito.
Como criaturas reflexivas, temos a capacidade de observar a vida de outras pessoas. Nosso senso de responsabilidade não precisa relacionar-se apenas às aflições que nosso próprio comportamento eventualmente tenha causado (embora isso possa ser importantíssimo),
mas também pode relaciona-se ao que vemos ao nosso redor e que temos condições de ajudar a remediar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que a gestação não se apresente como uma das poucas oportunidades de conquista do status adulto. O adolescente precisa encontrar em sua realidade fatos que se constituam em ritos substitutos à gestação.
Faz-se necessário diferençar o adolescente e a gestação. O jovem precisa sentir-se compreendido e apreciado.
CONSIDERAÇ!ÕES FINAIS
Ao cuidado, compromisso ético de qualquer sociedade, devemos associar:
* Bom nível educacional; * Rede sociais;
* Linguagem de exclusão;