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Uma abordagem da contabilidade de entidades sem fins lucrativos não governamentais : um estudo de caso do grupo de apoio à prevenção da AIDS - GAPA

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(1)

UNIVERSIDADE

FEDERAL

DE

SANTA CATARINA

CENTRO

SÓCIO

ECONOMICO

DEPARTAMENTO DE

CIÊNCIAS

CONTÁBEIS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE

CURSO

r

'

O

UI\/IA

ABORDAGEM DA

CONTABILIDADE

DE

ENTIDADES

SEM

FINS

~

LUCRATIVOS

NAO

GOVERNAMENTAIS:

UM

ESTUDO DE CASO

DO

GRUPO

DE

APOIO

À

PREVENÇÃO

DA

AIDS

-

GAPA

[EDA

FRAS

SON

FLORIANÓPOLIS

(2)

UNIVERSIDADE

FEDERAL

DE

SANTA CATARINA

CENTRO

SÓCIO

ECONOMICO

V

DEPARTAMENTO DE

CIENCIAS

CONTÁBEIS

U1\/IA

ABORDAGEM DA

CONTABILIDADE

DE

ENTIDADES

SEM

FINS

LUCRATIVOS

NÃO

GOVERNAMENTAIS:

UM

ESTUDO DE CASO

DO

GRUPO DE

APOIO

A

PREVENÇÃO

DA

AIDS

_

GAPA

~

Trabalhoide

Conclusãode

Curso submetido ao

Depaltamento

de

Ciências

Contábeis,

do

Centro Sócio

Econômico,

da Universidade

Federal

de Santa

Catarina,

como

requisito parcial

para obtenção

do

grau de

bacharel

em

Ciências Contábeis.

ACADÊMICA;

IEDA

PRAS

SON

ORIENTADoRAz

PROF”.

DRI.

ILSE

MARIA BEUREN

FLORIANÓPOLIS

(3)

3

UIVIA

ABORDAGEM DA

CONTABILIDADE

DE

ENTIDADES

SEM

FINS

LUCRATIVOS

NÃO

GOVERNAIVIENTAIS:

UM

ESTUDO

DE CASO

DO

\ - ~

GRUPO DE

APOIO

A

PREVENÇAO

DA

AIDS

GAPA

AUTORA:

IEDA

FRASSON

Esta

monografia

foi

apresentada

como

Trabalho

de Conclusao de

Curso

de

Ciências

Contábeis da Universidade

Federal

de Santa

Catarina,

obtendo

a nota

média

de

. .... 1

.. . .,

atribuída

pela

banca

constituída

pelos professores abaixo

nominada.

Florianópolis,

de

de

1998.

PROF”.

MARIA D

NIZE

ENRIQUE

CASAGRANDE

Coorden

dora

de

Monografia

do

CCN

Professores

que

compuseram

a

banca:

ÊU@¿‹,‹1z1/Vl

_ à

Presidente: Prof”. Dr.” Ilse

Maria Beuren

Membro:

Prof°. 'Msc.

Dauro

Rodrigues

Redaelli

(4)

@‹zzâéMzzêøz¢¿@/éazmwza»/mà, Cšzmzzzzwzëímøz,

WW

Wzmmém.,/@Wz@W,@,é,úz›»»zz໫§â0,@ø

úzaáwãúeaézwàéz.

V

ãapzzóóaflzzfiz/zz/«z»¢‹à4@«»zw4z,zz¢zzzázzàza§â@z0¢zz¢zzz@

(5)

5

AGRADECHVIENTOS

Aos meus

pais,

Graciano

e

Eunice,

que

apesar

de estarem

distantes

durante a

realização

deste

trabalho,

estiveram

presentes,

em

pensamento,

a

cada

instante.

Às

minhas

irmãs

Iara e

Ione

e

ao

meu

cunhado

Edson,

pelo

apoio

e incentivo.

Aos meus

sobrinhos Vinicius

e

Emanuelle,

que

com

extrema

alegria e

vivacidade

conseguiram

dispersar

minha

atenção para

qualquer

coisa

que

não

fosse este trabalho.

À

professora

Ilse

Maria

Beuren,

em

quem

sempre

me

espelhei

durante a vida

acadêmica, por

sua

dedicação

e

orgulho à

Contabilidade.

'

Aos

professores José Francisco

Salm,

Maria

Ester

Menegasso

e

Vladimir Arthur

Fey,

que souberam compreender

os

momentos

em

que

precisei

me

ausentar,

fisica

e

psicologicamente,

para a

realização deste trabalho.

A

todos

os

meus

colegas

de

turma,

em

especial

às

amigas

Ivanice

Kretzer

Santos

e

Rosângela

Avi,

por todos

os

momentos

felizes

e

dificeis

que

juntos partilhamos e

vencemos.

À

Patrícia

Vendramini,

pela preciosa

amizade,

carinho

e apoio,

tão

fiindamentais

durante a

elaboração deste

trabalho.

Aos

amigos

Luiz Ricardo Koerich

e

André

Luiz Kopelke,

pela

tolerância

e

compreensão.

Aos

colaboradores

Alexandre

Garcez,

Vera

Lucia Leal

e

Mery

Bainha,

pela

atençao

a

mim

dedicada,

permitindo

que

este

trabalho

pudesse

ser

concluído.

(6)

SUMÁRIO

CAPÍTULO

1

1.11NTRODUÇÃO

... ..

os

1.1.1

Considerações

iniciais ...

..08

1.1.2

Problema

... ..

10

1.1.3

Objetivos

... ..

ll

1.2.

METODOLOGIA

... ..

12

1.2.1

Metodologia

da

pesquisa

... ..

12

1.2.2

Metodologia

aplicada

... ..

13

1.2.3

Limitações

da

pesquisa

... ..

13

CAPÍTULO

2

I 2.1

REVISAO

BIBLIOGRAFICA

... .. 14'

2.1.1

Caracterização

dasentidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais

... ..

14

2.1.2 'Classificação

das entidades

sem

fins

lucrativos

não

.governamentais

... ..

18

2.1.3

Princípios

e~normas

contábeis

brasileiras

aplicáveis às

entidades

sem

fins

lucrativos

não-governamentais

... ... ...19

2.1.3.1

O

Princípio

da

Entidade

... ..

20

2.1.3.2

O

Princípio

da Continuidade

... ..

20

2.1.3.3

O

Princípio

da Oportunidade

... ..

21

2.1.3.4

O

Princípio

do

Registro pelo

Valor

Original ... _.

21

2.1.3.5

O

Princípio

da

Atualização

Monetária

... ..

22

2.1.3.6

O

Princípio

da

Competência

... ..

23

2.1.3.7

O

Princípio

da Prudência

... ..; ... ..

23

2.1.4

Contabilidade

por

Fundos

...

..24

2.1.5

Formas

de

escrituração

cabíveis às

entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais

... ..

28

2.1.6

Demonstrações Contábeis

cabíveis às

entidades

sem

fins

lucrativos

não governamentais

... ..30

2.1.7

Aspectos

fiscais

das entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais

... ..

35

CAPÍTULO

3

3.1

APRESENTAÇÃO

DO

GRUPO

DE

APOIO

À

PREVENÇÃO

DA

AIDS

-

GAPA

..

37

3.2

CARACTERIZAÇÃO

DA

ENTIDADE

... ..

39

3.3

CLASSIFICAÇÃO

DA

ENTIDADE

... ..

41

3.4

FORMA

DE ESCRITURAÇÃO

ADOTADA

NO

GAPA

... ._

41

3.5

PROCEDIMENTOS

CONTÁBEIS

ADOTADOS

NO

GAPA

... _.

42

3.6

TEORIA CONTÁBIL

X

PRÁTICA DESSAS ENTIDADES

... _.

44

CONCLUSÃO

E

RECOMENDAÇÕES

... ..

so

BIBLIOGRAFIA

... ..

53

(7)

7

RESUMO

As

entidades

sem

fins

lucrativos

não

govemamentais

são

formadas

pela

sociedade

civil e

surgem

para

suprir as deficiências

do

Estado

ou

para

desempenhar

atividades

não

abrangidas

por

ele.

Estas

.entidades

representam

o

terceiro setor,

o

primeiro é

o

publico e

o

segundo

é

o

privado.

Elas

crescem

em

todo

o

mundo,

chamando

a atenção

de

estudiosos,

que passam

a dedicar horas

de

pesquisa

para

analisar

suas

características e particularidades.

Não

obstante,

no

Brasil, a

contabilidade

não

conseguiu

acompanhar

o

ritmo deste crescimento, e

as

pesquisas e

publicações acerca

da

contabilidade

de

entidades

sem

fins

lucrativos

não

govemamentais

ainda são

raras.

Diante da

precariedade

de

estudos

e

normatizações,

essas

entidades

passaram

a adotar

procedimentos

contábeis

distintos,

prejudicando

e até

mesmo

tomando

inviáveis

a

uniformidade

e

a comparabilidade

das

demonstrações

contábeis geradas.

Por

tal

motivo,

este

trabalho pretende

demonstrar

uma

forma

alternativa

de

elaboração e apresentação das

demonstrações

contábeis,

que

melhor

atenda

às

necessidades

dos

usuários

intemos

eu

externos,

denominada

Contabilidade

por

Fundos. Este

sistema

de

contabilidade

não convencional preconiza

a

segregação

contábil

dos

recursos recebidos

de

contribuições,

doações

e

subvenções,

que

por imposição dos

doadores deverão

ser utilizados

em

atividades

ou

projetos específicos,

daqueles recursos

que

poderão

ser

aplicados livremente pela

entidade.

Assim,

os recursos são

segregados

em

três tipos

de

fundos:

o

irrestrito,

o

temporariamente

restrito e

o permanentemente

restrito.

Cada

um

desses

fundos

é

considerado

uma

entidade

contábil,

com

contas próprias

e

demonstrações

contábeis

próprias.

A

partir

do embasamento

teórico,

são

averiguados os

procedimentos

contábeis

adotados

na

entidade

em

estudo,

o

Grupo

de

Apoio

à

Prevenção

da

AIDS

-

GAPA.

De

posse

das

informações

obtidas

na

literatura contábil,

que

versa sobre

as

entidades

sem

fins

lucrativos

não

govemamentais,

e

dos procedimentos

contábeis

adotados

no

GAPA,

procede-se

à

confrontação

entre

o

que

é

preconizadozna

teoria contábil

com

a

prática contábil

adotada

pela

entidade.

Mediante

à confrontação

entre

a

teoria contábil e

a

prática

adotada, contatou-se

que o

GAPA

elabora

e

divulga

as

demonstrações

contábeis

nos

mesmos

moldes

das entidades

com

fins

lucrativos.

Constatou-se,

também,

que

a

Contabilidade

por

Fundos

é viável

e

de

suma

importância á

entidade, já

que a maior

(8)

CAPÍTULO

1

Este

capítulo será

estruturado

de

forma

a apresentar

uma

visão

geral

das

partes

que

irão

compor

o

presente

trabalho.

Para

isso, ele será

subdividido

em

duas

seções.

Na

primeira

far-se-á

a introdução

do

presente estudo

e,

na

segunda,

será

exposta

a

metodologia da

pesquisa.

1.1

INT

RODUÇAO

Nesta

seção, inicialmente,

serão

apresentadas

as

considerações

iniciais,

onde

justifica-se

a presente

pesquisa.

Posteriormente, definir-se-á

o problema

e

os objetivos

do

presente

trabalho.

Por

fim,

será

apresentada a

organização

do

estudo.

1.1.1

Considerações

iniciais

Todo

indivíduo só

tem

condições de

viver

dignamente

se as

suas necessidades

básicas

-

saúde, alimentação, segurança,

educação,

transporte, lazer, religião -

forem

satisfeitas

e

quando

que

as

pessoas que o

cercam

também

dispõem

das

mesmas

condições.

É

neste contexto

que emerge

o

papel

do

Estado,

como

maior

responsável

e

garantidor

dos

direitos

à

vida, liberdade,

igualdade,

segurança

e

prosperidade.

O

que

ocorre

é

que

muitas

pessoas

acabam

desistindo

de

exigir isto

das

instituições públicas,

pois

vêem

que

os funcionários

destas

deixaram de

se esforçar e estão

apenas

fazendo

aquilo

que

faziam

na semana

passada,

no

ano passado

ou há

cinco anos,

quer

isso

funcione

ou

não.

Diante

da

ineficiência

do

Estado

em

suprir essas

necessidades,

da

dificuldade

e ate'

mesmo

da

impossibilidade

de

satisfazer as

suas necessidades isoladamente, os indivíduos

unem

suas forças para

formar

uma

sociedade

capaz

de

resolver

seus

problemas

e viver

em

(9)

`9

Como

resultado desta união, a sociedade

cria

microorganizações,

com

o

intuito

de

preencher

as

lacunas

que o

poder

público deixa

no que

se refere

ao atendimento das

necessidades básicas

dos

indivíduos.

Essas microorganizações,

criadas

pela

sociedade

civil,

são

denominadas

de

entidades

sem

fins lucrativos

não

governamentais.

De

acordo

com

SCHERER-WARREN1,

“a sociedade

civil está

referenciada

a

um

“terceiro setor”,

que

se distingue e se

relaciona

com

dois

outros:

o

Estado

(sistema

burocrático-administrativo e

governamental)

e

o

mercado

(sistema

produtivo-lucrativo). Portanto,

o

terceiro setor

é

não

governamental

e

sem

fins

lucrativos.

Por

outro

lado,

tem

fins públicos,

mas

é

organizado

a

partir

de

agentes privados,

da

chamada

sociedade

civil.”

OFFE2

diz

que

as

entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais

“atuam

como

válvula

de escape

das deficiências

do

Estado

e

do

mercado”. Ainda, segundo

o

autor,

“ao

lado

do

Estado

e

do

mercado,

entidades comunitárias

como

as

ONGs

e as igrejas

vão

formar

uma

nova

ordem

social.”

De

acordo

com

NASCIMENTO3:

“entende-se

por

ONG

todo o

tipo

de

organizações

sem

fins

lucrativos,

desde

entidades

de

defesa

de

causas

específicas,

fundações

que

investem

na

área

social e instituições diversas.

E

o

chamado

terceiro setor (o

primeiro

é

o

público

e

depois

o

privado),

que

tenta

dar respostas

e

soluções

para

os

problemas que o

govemo

não

consegue

resolver.

Essas

organizações

crescem

em

todo

mundo, geram

milhares

de

empregos

e

movimentam

bilhões

de

dólares.” _

O

autor

também

diz

que, “atualmente,

existem

no

Brasil

169

mil

ONGs

e 11

mil

fundações

-

a

maioria

criada

nos

últimos

16

anos.”

As

entidades

sem

fins lucrativos

não govemamentais

existem

para

provocar

mudanças, para

fazer

uma

diferença

na vida dos

indivíduos e

da

sociedade.

Elas

existem

por causa

da

sua missão,

que

é

sempre de longo

prazo.

Estas entidades

necessitam de

esforços a

curto

prazo,

mas

começam com

um

objetivo a

longo

prazo.

No

Brasil, as

pesquisas, norinatizações e

pronunciamentos

oficiais sobre

a

contabilidade das entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais

são

escassas.

Consequentemente, muitas

entidades

elaboram

e

publicam

suas

demonstrações

contábeis

nos

mesmos

moldes

das entidades

com

fins

lucrativos.

ISCHERER-WARREN,

Ilse. Organizações voluntárias

de

Florianópolis: cadastro e perfil

do

associativismo civil. Florianópolis : Insular, 1996. p. 14. Z

2

OFFE,

Clauss.

O

novo

poder. Veja. São Paulo, ano lfl, n. 31, p. 11-13, abr.1998. p. 11.

3

NASCIMENTO,

(10)

Ao

analisar

a

posição

da

FIPECAFI

E

ARTHUR ANDERSEN

em

relação à

contabilidade

entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais,

OLAK4

infere

que

segundo

os

autores,

“dois

enfoques

distintos

de

contabilização:

o

primeiro,

utilizando as

mesmas

regras

aplicáveis às

empresas, obviamente

com

as devidas

adaptações

e,

o

segundo,

utilizando

a contabilização

por

verbas/fundos.”

Como

quase

não há normas

e práticas

específicas de

contabilização

e

divulgação

das demonstrações

contábeis

para

as

entidades

sem

fins lucrativos

não

governamentais, os

contadores

ficam

sem

saber qual

critério contábil é

o

mais

apropriado

a

essas entidades.

No

âmbito acadêmico,

pouca

atenção

é

dada

às

necessidades

específicas

ou

às

características distintas

das entidades

sem

fins

lucrativos

não

govemamentais.

No

entanto,

NASCIMENTO5

enfatiza

que

“um

novo

mercado' de

trabalho

começa

a

se abrir

e

universidades

brasileiras já

cogitam a

criação

de

cursos

de Administração de

Empresas

voltados

para

a área

filantrópica.” '

Diante

do

exposto, justifica-se

uma

pesquisa para averiguar

se as

nonnas

e

práticas

adotadas por

essas

entidades

condizem

com

a

teoria contábil.

1.1.2

Problema

As

entidades

sem

fins lucrativos

não governamentais surgiram

com

o

intuito

de

suprir as

deficiências

do

Estado

ou

para desenvolver

atividades

não

abrangidas

por

ele.

Os

fins

de

uma

entidade

sem

fins lucrativos

não

governamental

têm

as

mesmas

caracteristicas

do

serviço

público, pois

ambos

atuam no

sentido

de

atender

as

necessidades

dos

individuos. Entretanto, as

entidades

sem

fins

lucrativos

não

govemamentais

são, se

comparadas

à

estrutura

do

Estado, microorganizações.

r

Estas entidades

surgiram

como

modelos

alternativos

de

organizações, voltados à

solução

de

questões

sociais e políticas,

no

espaço

em

que

o

capital

privado era

omisso

e

o

Estado

ineficaz.

4OLAK,

Paulo Arnaldo. Contabilidade de entidades

sem

fins

lucrativos não governamentais. Dissertação

de

Mestrado. “FEA/USP. São Paulo, 1996. p.`105.

(11)

ll

Segundo FISCI-IER

e FISCI-IER6,

“além

de crescerem

em

seu

tamanho,

complexidade

e

abrangência,

as

ONGS

têm

se

diferenciado pela

eficácia de

sua atuação,

substituindo

o

Estado

e

a

iniciativa

privada,

na

solução

criativa

e

econômica de

problemas

sociais

que

pareciam

insolúveis,

ou

simplesmente,

se

acumulariam

até se

constituírem

em

catástrofes, se

não

fosse

sua presença.”

As

entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais, formadas

pelas

sociedades

beneficentes,

associações

de

classe, clubes,

entidades

religiosas, entre outras,

não

estão

sujeitas às

regras exigidas pela

legislação societária (Lei

das Sociedades

Anônimas) ou

fiscal

(não

estão

sujeitas à~ tributação).

Q,

Consequentemente,

estas

entidades

não

têm

legislação

que

as

obrigue a

uma

contabilização desta

ou

daquela

forma,

ou

seja,

não

estão

submetidas, via

de

regra, às

normas

governamentais.

Num

país

tão

acostumado

a procurar qual

a

norma

legal

que

rege

a

forma

de

contabilização, é

normal,

então,

surgirem

muitas

dúvidas.

Desse modo, o problema

deste

estudo

consiste

na

seguinte

pergunta de

pesquisa:

Os

procedimentos

contábeis

adotados

pelo

Grupo

de

Apoio

à

Prevenção da

AIDS -

GAPA

condizem

com

o

que

é

preconizado

na

teoria contábil?

1.1.3

Objetivos

'

O

objetivo

geral deste

trabalho

consiste

em

cotejar

os

procedimentos

contábeis

adotados

no

GAPA

com

os

preconizados

na

teoria contábil.

Os

objetivos

específicos

desta

pesquisa

consistem

em:

0 caracterizar as

entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais;

0 tipificar as

entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais;

0 analisar

os

princípios

e

normas

contábeis

brasileiras aplicáveis

a

estas entidades, 0 discutir as

formas de

escrituração e

evidenciação

cabíveis

nessas

entidades; 0 verificar

os procedimentos

contábeis

adotados

nessa

entidade; e

0 cotejar

o

que

é

preconizado na

teoria contábil

com

a

prática

dessa

entidade.

FISCHER,

Rosa Maria

e

FISCHER,

André

Luiz.

O

dilema das

ONG”S.

ANPAD

- XVIII

Encontro

Anual

da

Associação Nacional dos

Programas

de

Pós-Graduação

em

Administração. Curitiba, v. 10, p. 17-

25, set. 1994. p. 19.

(12)

1.2.

METODOLOGIA

Para

que

o

presente estudo

possa

ser

melhor

entendido,

esta

seção

será

subdividida

em

três partes.

Na

primeira, será

explicado

o

que

caracteriza

uma

monografia

e

o

motivo

que

deu

origem

a

este estudo.

Na

segunda,

será

evidenciada

a

metodologia de pesquisa

a

ser aplicada.

Na

última serão

contempladas

as

limitações

do

presente

trabalho.

1.2.1

Metodologia

da

pesquisa

Para

RUIDIO7,

“pesquisa,

no

sentido

mais amplo,

é

um

conjunto

de

atividades

orientadas

para

a

busca

de

um

determinado conhecimento.

A

fim

de merecer o

qualificativo

de

científica,

a pesquisa

deve

ser feita

de

modo

sistematizado, utilizando-se

para

isto

método

próprio

e técnicas específicas e

procurando

um

conhecimento

que

se

refira

à

realidade empírica.”

_

INÁCIO

FILHO8

diz

que

“podemos

caracterizar

a

monografia

como

uma

síntese

de

leituras,

observações,

reflexões

e críticas,

desenvolvidas de

forma

metódica

e sistemática

por

um

pesquisador

que

relata

a

um

ou

mais

destinatários

um

determinado

escrito

que

seja

o

resultado

de

suas

investigações, as quais,

por

sua

vez

têm

origem

em

suas inquietações

acadêmicas.”

O

autor afirma ainda que,

“uma

pesquisa

pode

ser bibliográfica,

de

campo

ou

de

laboratório

(experimental).”

No

caso desta

monografia,

trata-se

de

uma

pesquisa

de

campo,

mas

é inegável

o

fato

de que

uma

ampla

bibliografia

seja indispensável,

pois é

onde

se

busca fundamentação

teórica,

que

será

posteriormente

confrontada

com

a

prática.

A

escolha

do tema

para essa

monografia

surgiu

como

um

desafio

que

representa

um

assunto tão

interessante e,

por

outro

lado,

tão

pouco

explorado

por

estudiosos

e

legisladores.

7RUl)IO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 17. ed. Petrópolis : Vozes, 1992. p. 9.

SINACIO FILHO,

Geraldo.

A

monografia

nos cursos de graduação. 2. ed. Uberlândia :

EDUFU,

1994.

(13)

13

1.2.2_Metodologia aplicada

Para

o

alcance

do

objetivo

principal

deste

trabalho,

que

é

o de

cotejar as

normas

e

práticas

contábeis

adotadas

no

GAPA

com

as

'preconizadas

na

teoria contábil, várias

etapas

deverão

ser

cumpridas.

.

Neste

sentido,

o

presente trabalho

consiste

num

estudo

de

caso de

uma

entidade

sem

fins

lucrativos

não governamental, mais especificamente o

GAPA.

Inicialmente

será

coletado

material

bibliográfico pertinente

ao

assunto.

Buscar-se-á,

nesta

etapa, levantar

a

literatura

que

versa sobre

as

entidades

sem

.fins

lucrativos

não

govemamentais,

bem

como

a

legislação contábil pertinente.

De

posse

desse

material, far-

se-á

uma

leitura

minuciosa

do

mesmo,

a

fim

de

consubstanciar a

fundamentação

desta

monografia.

Em

seguida, serão

averiguados os procedimentos

contábeis

adotados

pelo

GAPA.

Para

isso,

serão necessárias

entrevistas

junto aos gestores e funcionários

da

instituição

e

a

FARACON,

escritório contábil

responsável pela contabilidade

do

GAPA

(vide

Anexos).

Por

fim, será

confrontado o

referencial teórico

com

a

prática contábil

adotada

pela

entidade

em

estudo.

1.2.3

Limitações

da

pesquisa

Esta

pesquisa

limita-se

a

um

estudo

de

caso,

ou

seja,

a

análise

ocorre

somente

em

uma

entidade

sem

fins

lucrativos

não

governamental.

Por

isso,

destaca-se

o

fato

de

que

os

resultados desta pesquisa

somente

poderão

ser

a

ela aplicados.

Deve-se

ressaltar,

também, que

o

presente trabalho possui

uma

limitação

no

que

se

refere às

obras

pertinentes

ao

assunto,

pois a contabilidade

de

entidades

sem

fins lucrativos

não govemamentais

ainda é

um

tema pouco

explorado

no

Brasil.

(14)

CAPÍTULQ

2

Neste

capítulo' será

apresentada

arevisao

bibliográfica.

Esta

etapa

do

trabalho

será

elaborada

com

o

intuito

deffundamentar

os

objetivos específicos

da

presente

pesquisa.

2.1

REv1sÃo

B1BL1oGRÁF1cA

A

revisão bibliográfica

será

subdividida

em

sete partes.

Na

primeira serão

caracterizadas as

entidades

sem

fins lucrativos

não

govemamentais.

Na

segunda,

será

apresentada a

classificação

das entidades

em

estudo.

A

terceira parte

contemplará os

princípios

e

normas

contábeis

brasileiras aplicáveis às

entidades

sem

fins

lucrativos

não

govemamentais.

Na

seqüência

será

abordada

a contabilidade

por

fundos.

Em

seguida,

serão evidenciadas

as

formas de

escrituração cabíveis

a

essas entidades.

Na

sexta

seção

far-

se-á

uma

incursão

teórica

nas demonstrações

contábeis

aplicáveis

nessas

entidades.

Por

último, serão apresentados aspectos

fiscais

das entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais.

2.1.1

Caracterização das entidades

sem

fins

lucrativos

não governamentais

Para o Canadian

Institute

of Chartered Accountants

apud

OLAK9,

“entidades

sem

fins

lucrativos

sao organizaçoes

em

que nao

normalmente

interesse

na

transferência

de

propriedade

e

da

qual

os

membros

ou

colaboradores

não

recebem

nenhum

retomo

financeiro por serem

associados

ou

colaboradores,

e

são

constituídos,

por exemplo, para

fins

educacionais, profissionais,

religiosos,

saúde

ou

filantrópicos.”

Neste

sentido,

DRUCKERIO

explicita

que

as

entidades

sem

fins

lucrativos:

“fazem

algo

muito

diferente

das

empresas

ou do govemo.

As

empresas

fornecem

bens

ou

serviços.

O

governo

controla.

A

tarefa

de

uma

empresa

tennina

quando

o

cliente

compra o

produto,

paga

por

ele e

fica

satisfeito.

O

governo

cumpre

sua

função

quando

suas

políticas

são eficazes.

A

instituição

“sem

fins

lucrativos”

não

fomece

bens

ou

serviços,

nem

controla.

Seu

9 .

Op. Cit.. p. 26. _

DRUCKER,

Peter Ferdinand.

Administração de

organizações

sem

fins

lucrativos: princípios e práticas.

(15)

I

15

'

“fproduto”

não

é

um

par

de

sapatos,

nem

um

regulamento

eficaz.

Seu

produto

é

um

ser

humano

mudado.

As

instituições

sem

fins

lucrativos

são

agentes

de

mudança

humana. Seu

“produto”

é

um

paciente curado,

uma

criança

que

aprende,

um

jovem

que

se

transforma

em

um

adulto

com

respeito próprio; isto é,

toda

uma

vida

transformada.”

De

acordo

com

OLAK11,

“são

as

sociedades

e

fundações de

caráter

beneficente,

filantrópico,

caritativo, religioso, cultural, instrutivo, científico, artístico, literário,

recreativo, esportivo, sindicatos, cooperativas,

dentre

outras,

objetivando

sempre

a

consecução de

fins

comuns

e

sem

qualquer preocupação

com

o

açgápcimo da

riqueza

patrimonial

individual,

mas

(e

principalmente)

com

a

transformação dos

indivíduos.”

O

capital

acumulado

por

estas

entidades

não pode

se

converter

no

patrimônio

dos

seus executivos.

Por

isso,

quando

uma

entidade

sem

fins lucrativos

não

governamental

deixa

de

existir,

seus

bens

devem

ser transferidos

para

outra entidade

do

mesmo

gênero.

As

entidades

sem

fins

lucrativos,

conforme

PETRI12:

G

“não são aquelas

que não

têm

rentabilidade.

Elas

podem

gerar

recursos

através de: atividades

de

compra

e

venda; de

industrialização

e

venda

dos

produtos,

elaborados;

e

de

prestação

de

serviços,

obtendo preço

ou

retribuição

superior aos recursos sacrificados para sua obtenção,

sem

por

isso

perderem

a

característica

de

sem

fins

lucrativos.

O

que

lhes

essa

característica é

o

fato

de não

remunerarem

seus

proprietários (acionistas,

sócios

ou

associados) pelos recursos

por

eles

investidos

em

caráter

permanente

(capital social,

fimdo

social

ou

patrimônio),

com

base

nos

recursos próprios

por

elas

gerados (ganhos

ou

lucros), e

a

eles

não

reverterem

o patrimônio

(incluindo os

resultados)

dessa

mesma

maneira,

no

caso de descontinuidadef

`.~l

Nessas

entidades

há,

basicamente,

três

formas de obtenção de

recursos

próprios: as

~ ~ ~

doaçoes,

as

contribuiçoes e

as

subvenções.

Ocorre

que

determinados doadores

impoem

que

os recursos

sejam

utilizados

em

atividades

ou

projetos

específicos.

OLAK13

diz

que

“as

contribuições,

doações

e

subvenções

constituem-se,

normalmente,

nas

principais fontes

de

recursos financeiros,

econômicos

e

materiais

das

Entidades

Sem

Fins Lucrativos

Não

Governamentais.”

~ ~

gp Contribuiçoes são

os

recursos pecuniários recebidos

de

associados e

nao

associados, destinados

à

manutenção da

entidade

ou

à

execução de

uma

obra,

um

projeto

ll -

Op. Cit.. p. 2.

12

PETRI,

Nelson.

A

Lei 432/64 e os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos. Dissertação

de

Mestrado.

FEA/USP.

São Paulo, 1980. p. 12.

A

13 op.

(16)

ou

atividade

específicos.

As

contribuições

podem

ser

entendidas

como

um

compromisso

entre

o

contribuinte

e

a

entidade,

pois são

realizadas

periodicamente

(mensal,

trimestral,

anualmente

etc).

Doações

são recursos recebidos

de

indivíduos,

empresas,

ou

de

outras

entidades

sem

fins

lucrativos

não govemamentais,

em

forma

de

dinheiro,

outros bens,

direitos

ou

serviços.

Fica

evidenciado

que

as

doações

referem-se

a

bens,

direitos

ou

serviços,

ao

contrário

das

contribuições,

que

são

somente

em

forma

pecuniária.

Subvenções

são

os recursos pecuniários

oriundos

de órgãos

govemamentais

(União,

Estados

e Municípios),

destinados,

normalmente, a manter

as atividades essenciais

da

entidade

ou

para financiar

projetos

especiais.

De

acordo

com

DRUCKER14,

“uma

empresa

ganha

seu dinheiro

por

si

mesma.

O

dinheiro

da

instituição

sem

fins

lucrativos

não

é dela; ela

o

administra

para

os doadores.”

Neste

contexto,

OLAK15

enfatiza

que

“na

Contabilidade

por

Fundos

os recursos

ficam segregados por

categoria

de Fundo.

Cada Fundo

é

considerado

uma

entidade

contábil,

com

contas

próprias, ativos, passivos,

patrimônio

líquido, receitas e

despesas

próprios, possibilitando

aos gestores

maior

controle

sobre os

ativos

e passivos

que

têm

sob

sua responsabilidade.”

i

Provavelmente,

o que

mais

diferencia as

entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais

das

empresas

e

do

govemo

é

a

fonte

do

seu

dinheiro.

Uma

empresa

levanta dinheiro

vendendo

aos seus

clientes;

o

govemo

cobra

impostos.

As

entidades

sem

fins lucrativos

não governamentais levantam

dinheiro

com

os

doadores,

ou

seja,

com

pessoas

que

desejam

participar

da

causa,

mas

não

são beneficiários.

Isto

não

quer

dizer

que o

levantamento de

dinheiro

deva

representar a

missão

das

entidades

sem

fins

lucrativos

não

govemamentais.

Pois,

desta

forma,

estas

entidades

estariam

deixando de cumprir

com

seu verdadeiro

papel.

Em

uma

entidade

sem

fins

lucrativos

não govemamental, o

dinheiro

deve simplesmente

viabilizar,

ou

seja,

tomar

possível,

o

cumprimento

de

sua missão.

Diante

deste

fato,

o termo levantamento de fundos

vem

sendo

substituído

pelo

tenno desenvolvimento de

fundos.

Levantar fundos

significa pedir dinheiro

porque

a

necessidade

é

muito

grande.

Desenvolver fundos

é criar

um

público

que

apoia

a

entidade

porque

ela

merece,

ou

seja,

pelo seu

desempenho.

op. Cir.. p. 42.

15 op.

(17)

17

Normalmente,

as

empresas

definem

desempenho

como

sendo

o

lucro

financeiro.

Nas

entidades

sem

fins

lucrativos

não govemamentais não

existe lucro

financeiro, por

isso elas

têm

muita

dificuldade para

responder

quais

são os seus

resultados.

Se

uma

empresa

desperdiça seus recursos

sem

resultados,

em

geral, ela

perde

seu próprio

dinheiro.

Entretanto,

em uma

entidade

sem

fins

lucrativos

não

governamental,

trata-se

de

dinheiro

alheio

-

dos

doadores.

Assim,

estas

entidades são responsáveis perante

os doadores

pelo

investimento

do

dinheiro.

i

Em

uma

entidade

sem

fins

lucrativos

não

govemamental, onde

as

pessoas

querem

trabalhar

por

uma

causa,

sempre

existe

o

desafio

de

fazer

com

que

elas se

empenhem

ao

máximo.

Desta' forma,

elas

ficam

realizadas

e

satisfeitas

enquanto

seres

humanos

e,

por

outro

lado, tal

conduz

ao

bom

desempenho

da

entidade. ç

Assim,

uma

das

grandes

forças das entidades

sem

fins

lucrativos

não

govemamentais

é

que

as

pessoas

não

trabalham

nelas

para

viver,

mas

por

uma

causa. Isto

também

cria

uma

enorme

responsabilidade

para

a

entidade:

a

de manter a

chama

viva

e

não

permitir

que

o

trabalho

se

transforme

em

apenas

um

emprego.

z

Cada

entidade

sem

fins

lucrativos

não governamental

atende a

um

interesse

específico

da

comunidade. Para

isso,

cada

uma

precisa

manter

relações

com

o

govemo,

com

as

entidades

existentes

na

comunidade

e

com

as

pessoas

da comunidade

em

geral.

É

por

isso

que

os voluntários são tão importantes. Eles

vivem na comunidade

e

cumprem

com

a missao da

entidade.

Desse modo,

pode-se resumir

as

características

das entidades

sem

fins

lucrativos

não govemamentais,

como

segue: '

'

0

o

propósito

institucional é

provocar

mudanças

sociais; ;¡.

0

o

patrimônio pertence à sociedade

como

um

todo,

e

de

modo

algum

é

revertido

para

os seus

membros;

0 as principais fontes

de

recursos são

as contribuições,

doações

e

subvenções;

e 0

o

lucro

não

é

a

razão

de

ser,

o

fim

das

entidades,

mas

um

meio

para

garantir

a

(18)

2.1.2

Classificação

das entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais

As

entidades

sem

fins lucrativos

não

govemanfentais

são

classificadas,

à

luz

do

Código

Civil Brasileirolõ,

em

três tipos:

sociedades

civis

de

fins não

econômicos,

associações

de

utilidade

pública e fundações.

V

.

De

acordo

com NUNES17,

sociedade

civil

de

fins não econômicos

é

aquela

que

“não

tem

capital

empregado

para

a

produção de

lucros,

de

vez que

a sua destinação

não

é

de

ordem

material.

As

sociedades desta categoria

se

denominam

associações,

ou

corporações de

fins

religiosos, pios,

morais,

beneficentes, recreativos, literários,

ou

científicos.” .

Em

se

tratando

das associações,

SILVA18

explica

que

ela

“tem,

em

regra,

o

mesmo

sentido

da

palavra sociedade,

mas

tecnicamente,

é esta

reservada

precipuamente para

determinar

a organização

que

tem

fins lucrativos,

enquanto

as

associações

manifestam

a

organização de

instituições,

que

não tenham

finalidades

econômicas

ou

lucrativas.”

Neste

sentido,

'CUSTÓDIOI9

diz

que

“associação

de

utilidade

pública é

a

entidade

particular

que,

além

de

possuir

os

requisitos peculiares às

associações

em

geral,

tem

como

característica essencial

o

desempenho do

fim

exclusivo

de

servir

desinteressadamente

à coletividade,

ou

seja,

do

fim

público.”

A

No

que

conceme

às

fiindações,

FERREIRA”

explicita

que

ela

“não

tem

membros,

ou

seja,

nem

sócios,

nem

associados,

eis

que

a

membridade

é

requisito

necessário

e

próprio

das

corporações

(sociedades

e

associações).”

O

autor

complementa,

salientando

que

“a

fundação

conta,

tão somente,

com

órgãos de

administração, integrados

por

gestores,

pelos

administradores

do

patrimônio fiindacional.”

Além

da

classificação

adotada

pelo

Código

Civil Brasileiro, as

entidades

sem

fins lucrativos

não

governamentais

podem

ser classificadas,

conforme

OLAK21, como

segue:

“(1)

de acordo

com

as atividades

que

desempenham,

(II)

quanto

à

origem dos

recursos financeiros e

materiais; e (III)

quanto

à extensão

dos

beneficios

sociais; etc.”»

16

BRASIL.

Lei n. 3.071, de de janeiro de 1916.

código

ciúi. an. 16. `

NUNES,

Pedro. Dicionario

ae

reonoiogia poiifioa. 12. ed.

Riooe

Janeiro z Freitas Bastos, 1990. p. 787.

18

SILVA,

De

Plácido e. Vocabulário jurídico. 5.

ed

Rio de Janeiro : Forense, 1978. p. 171.

19

CUSTÓDIO,

Helita Barreira. Associações de utilidade pública. Tese

de Doutoramento.

Faculdade de

Direito

da

Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, 1972. p. 67.

FERREIRA,

Sérgio de Andréa.

As

fimdações

privadas e públicas

no

direito brasileiro vigente. Revista de

Ciência Política. Rio de Janeiro, v. 31, n. 3, p. 51-78, jul. / set. 1988. p.52.

21

(19)

19

2.1.3

Princípios e

normas

contábeis

brasileiras

aplicáveis

às

entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais

No

Brasil,

ainda são embrionárias

as

normas

e

procedimentos

contábeis

que

tratam

das entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais.

.

De

acordo

com

ANDRADE

apud

OLAK22,

estas

entidades

“freqüentemente

não

estão

submetidas a

normas

governamentais,

tão

comuns

na

área

da

contabilidade,

e

os

contadores

que

com

elas se

envolvem

acabam

por

não

saber

quais

os

critérios

mais

adequados para

a

confecção

do

registro contábil

das

operações

destas entidades.” A

Neste

sentido,

MARTINS”

salienta que:

“exatamente por

não

estarem

essas instituições sujeitas às

regras

fiscais,

têm

elas

condições de

fazer

sua contabilidade

se

aproximar mais

da forma que

melhor

atenda

às

necessidades

gerenciais

em

tennos de

informação.

Isto

não

significa

que

devam

se

esquecer

da

existência

dos

Princípios

Fundamentais

de

Contabilidade

para

procederem

à

escrituração

da forma que

quiserem.

Devem,

isso sim, fazer

prevalecer

na

sua plenitude todas

as

boas

normas

contábeis para

que possam

as

demonstrações de

fato ser representativas

da

realidade.”

Para

que

se

compreenda melhor

os

princípios

e

normas

contábeis

brasileiras

aplicáveis às

entidades

sem

fins lucrativos

não govemamentais,

serão

analisados,

individualmente, os aspectos acerca

dos

Princípios

Fundamentais

de

Contabilidade.

Os

Princípios

Fundamentais

de

COntabilidade24

“representam a

essência

das

doutrinas

e teorias relativas

à Ciência

da

Contabilidade,

consoante o entendimento

predominante nos

universos científico

e

profissional

de nosso

País.

Concernem,

pois,

à

Contabilidade

no

seu

sentido

mais

amplo

de

ciência

social,

cujo objeto

é

o

Patrimônio das

Entidades.”

De

acordo

com

O

artigo 3°

da Resolução

750 do

Conselho

Federal

de

Contabilidade

de

29

de

dezembro

de

1993, “são

Princípios

Fundamentais

de

Contabilidade:

I

-

O da

ENTIDADE,

H

_

0

da

cONT1NUrDADE;

111

_

O

da

OPORTUNIDADE,

Iv _

O

do

REGISTRO PELO

VALOR

ORIGINAL;

V

-

O

da

ATUALIZAÇÃO

MONETÁRIA,

22

Id.

um

p. 105. 23

MARTINS,

Eliseu. Contabilidade de entidades de

fins

não lucrativos. Boletim

IOB

-

Temática Contábil e

Balanços.

São

Paulo, Bol. 17/90, 1990. p.l37.

24 Conselho

Federal de Contabilidade. Princípios

Fundamentais

de Contabilidade. Resolução

CFC

n. 750,

(20)

v1 _

0 da

COMPQTÊNCIA;

vn

-

‹›

da

PRUDENCIA.”

A

seguir

serão

analisados,

individualmente, os Princípios

Fundamentais

de

Contabilidade

preconizados

pelo

Conselho

Federal

de

Contabilidade.

Com

isso,

pretende-

se

demonstrar

a

aplicabilidade

dos

mesmos

nas entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais.

2.1.3.1

O

Princípio

da

Entidade

O

Conselho

Federal

de

Contabilidade,

ao

tratar

dos

Principios

Fundamentais

de

Contabilidade”, detennina que “o

Princípio

da

ENTIDADE

reconhece o Patrimônio

como

objeto

da

Contabilidade

e

afirma

a

autonomia

patrimonial.

A

necessidade

da

diferenciação

de

um

Patrimônio

particular

no

universo

dos

patrimônios

existentes,

independentemente de

pertencer

a

uma

pessoa,

um

conjunto de

pessoas,

uma

sociedade

ou

instituição

de qualquer

natureza

ou

finalidade,

com

ou

sem

fins

lucrativos.” (grifo

nosso)

Do

ponto de

vista

da

Teoria

da

Contabilidade,

as

entidades

sem

fins

lucrativos

não

govemamentais

são consideradas entidades

contábeis.

De

acordo

com MARION26,

“qualquer

individuo,

empresa, grupo de empresas

ou

entidades,

que

efetue

movimentações

quantificáveis

monetariamente, desde

que

haja necessidade

de

manter

Contabilidade,

será tratado

como uma

Entidade

Contábil.”

2.1.3.2

O

Princípio

da Continuidade

De

acordo

com

o

Princípio

da Continuidade”, “a

continuidade

ou não da

ENTIDADE,

bem como

sua vida

definida

ou

provável,

devem

ser

consideradas

quando da

classificação e

avaliação das

mutações

patrimoniais, quantitativas e qualitativas.”

25

rd. rbia. zm. 4.

26

MARION,

José Carlos. Contabilidade empresarial. 6.

ed

São Paulo : Atlas, 1997. p. 38.

27 Conselho Federal de Contabilidade. Princípios

Fundamentais

de Contabilidade. Resolução

CFC

n. 750,

(21)

21

Este

princípio parte

do

pressuposto

de que

a entidade

é

algo

em

andamento,

onde

os

ativos

são

utilizados

na

manutenção

de

suas

atividades,

não sendo

destinados

à.

venda.

Por

isso,

devem

ser

avaliados pelos valores

de

entrada.

Desta

forma, verifica-se

que

o

Princípio

da

Continuidade

é

igualmente

aplicável às

entidades

com

e

sem

fins lucrativos. ‹

2.1.3.3

O

Princípio

da

Oportunidade

_“O

Princípio

da Oportunidade

refere-se,

simultaneamente,

à tempestividade

e

à

integridade

do

registro

do

patrimônio

e

das suas

mutações, determinando que

este seja feito

de imediato

e

com

a extensão

correta,

independentemente

das

causas

que

as

originaram.”

28

Este

princípio

deve

ser

respeitado

emqualquer

tipo

de

entidade,

pois permite

que

sejam geradas informações

úteis

ao processo

decisório

da

gestão.

2.1.3.4

O

Princípio

do

Registro pelo

Valor

Original

O

Princípio

do

Registro pelo

Valor Original” determina que

“os

componentes do

patrimônio

devem

ser registrados

pelos valores

originais

das transações

com

o

mundo

exterior,

expressos a valor presente

na

moeda

do

País,

que

serão

mantidos

na

avaliação das

variações patrimoniais

posteriores, inclusive

quando configurarem

agregações

ou

decomposições no

interior

da

ENTIDADE.”

A

aplicação

do

Princípio

do

Registro pelo

Valor

Original nas entidades

sem

fins lucrativos

não

governamentais

não

é

tão simples, pois

estas

entidades

sobrevivem de

doações,

que

nem

sempre

são avaliadas pelo doador.

Deste

modo,

é

muito

comum

os

ativos

recebidos

a

título

de doações não serem

registrados,

devido

à

falta

de informação

objetiva

para

os seus

valores.

ANDRADE

apud

OLAK3°

defende

que

“as

doações de

materiais e

de

bens

significativos

devem

ser

avaliados

por

um

valor

adequado

e

objetivo (laudo

de

avaliação

2*

ia. ibia. zm. ó.

291a. ibió.. an. 7. 3° op. Cir.. p. 111.

(22)

no

caso

de bens usados

ou

preço de

venda no

caso de bens

novos), considerando-se as

mesmas

condições impostas para

a contabilização das

doações de

serviços.”

Percebe-se

que

a

aplicabilidade

do

Princípio

do

Registro pelo

Valor

Original

nas

entidades

sem

fins

lucrativos

não

governamentais

é

mais

complexa do que

nas entidades

com

fins

lucrativos.

O

que

ocorre

é

que

estas,

geralmente,

adquirem

bens de

outras

empresas

ou

fabricam

seus próprios produtos,

tendo conhecimento

do

valor

pago ou do

custo

de

fabricação.

Por

outro

lado, as

entidades

sem

fins lucrativos

não

governamentais

sobrevivem de

doações

e,

na

maioria das vezes, os

bens

doados

foram

utilizados

durante

certo

tempo,

não

tendo

o doador

noção do

valor

daquele

bem

quando da

entrega

à

entidade.

2.1.3.5

O

Princípio

da

Atualização

Monetária

Este

princípio

determina

que

“os

efeitos

da

alteração

do

poder

aquisitivo

da

moeda

nacional

devem

ser

reconhecidos nos

registros

contábeis

através

do

ajustamento

da

expressão formal

dos

valores

dos

componentes

patrimoniais.”

31

l

De

acordo

com

a

Resolução”,

“os

Princípios

da

ATUALIZAÇÃO

MONETÁRIA

e

do

REGISTRO PELO

VALOR

ORIGINAL

são

compatíveis

entre si e

complementares,

dado

que o

primeiro

apenas

atualiza

e

mantém

atualizado

o

valor

de

entrada.”

Com

o advento da

Lei 9249/9533,

foi

vedada

a

utilização

de

qualquer sistema

de

correção

monetária

das

demonstrações

contábeis. Entretanto,

entende-se que, para

que

as

demonstrações

contábeis

expressem

fidedignamente o

patrimônio

das

entidades,

os

impactos causados

pela

inflação

não

podem

ser

ignorados.

Isto

vale para qualquer

tipo

de

entidade.

31

Conselho Federal de Contabilidade. Princípios`Fundamentais de Contabilidade. Resolução

CFC

n. 750,

de 29 de

dezembro

de 1993. art. 8.

'

”1‹1. lbió. an. 7. inciso Iv. '

33

BRASIL.

Lei n. 9.249, de 26.12.95. Altera a Legislação

do Imposto

de

Renda

das Pessoas Jurídicas.

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