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Entidades abertas de previdência privada: uma análise crítica

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CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

...

DEPARTAMENTO DE DIREITO PRIVADO E SOCIAL

COORDENADORIA DE MONOGRAFIAS

ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA:

UMA ANÁLISE CRÍTICA

MONOGRAFIA FINAL ELABORADA EM CUMPRIMENTO AO DISPOSTO NO ARTIGO 9° DAPORTARIAN.o 1.886/94

ACADÊMICA: MARISTELA NEIS

ORIENTADORA: PRO? MSC MAGNÓLIA RIBEIRO DE AZEVEDO

FLORIANÓPOLIS JUNHO DE 1997

(2)

ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA:

UMA ANÁLISE CRÍTICA

Monografia julgada adequada para obtenção de título de bacharel em direito da Universidade

Federal de Santa Catarina, e aprovado em sua forma final pela banca examinadora:

Professora Orientadora:

Magnólia Ribeiro de Azevedo

Comissão examinadora:

~

~. ~J?---~

ExaminadOr:---"/ _ .

~

---~~---~----Examinador: ______________________ __ Examinador:

---FLORIANÓPOLIS, 1997 ü

(3)

Sr. Alcides Scottá Analista T écnico-fiscal

Coordenador Operacional da SUSEP-RS

Dr. Paulo José da Rocha

Prof. Direito Previdenciário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UFRGS. Juiz do Tribunal Regional do Trabalho - 4a. região.

Dra.~InêsFaurin

Prof.a. Direito Previdenciário da Pontificia Universidade Católica em Porto Alegre - PUCRS Advogada

Or. Raul Portanova

Procurador do Instituto Nacional de Seguridade Social Advogado

Agradecimento Especial

Magnólia Ribeiro de Azevedo proe· da UFSC

Que aceitou o desafio de orientar uma monografia de assunto tão atual mas também tão complexo. Pela confiança que teve em minha capacidade de executar esta tarefa basicamente empírica, uma vez que ainda não há obra doutrinária especifica no tema estudado.

(4)

Sumário.

1. INTRODUÇÃO ... 1

2. A PREVID~NCIA OFICIAL ... 4

2.1. CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO ... 4

2.2. O FUNCIONAMENTO DA PREVID~NCIA SOCIAL NO BRASIL. ... 8

2.2.1. Segmentação da previd{mcia oficial ... 8

2.2.2. RegulamentaçlJo . ... 9

2.3. PROBLEMAS DO INSS ... 10

2.3.1. Variáveis - principais causadoras da crise . ... 11

3. REFORMAS NA SEGURIDADE MUNDIAL ... 15

4. PREVIDÊNCIA PRIVADA ... 17

4.1. HISTÓRICO E EVOLUÇÃO ... 17

4.1.1. Regulamentação . ... 17

4.2. CARACTERlsTICAS FUNDAMENTAIS DAS EAPP E EFPP ... 19

5. ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ... 20

5.1. HiSTÓRiCO ... 20

5.2. FUNDOS EXISTENTES ... 23

6. ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ... 24

6.1. CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO ... 24

6.2. FUNDAMENTO ... 26

6.3. REGULAMENTO GERAL DAS EAPP ... 26

6.4. LASTRO DE GARANTIA DO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇOES ... 32

7. ANÁLISE CRíTICA DAS ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA PRiVADA ... 35

7.1. A QUESTÃO SOCIOLÓGICA ... 35 7.2. A QUESTÃO JURIDICA ... 37 7.2.1. A posiçlJo teórica . ... 37 7.2.2. A posição fática ... 42 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 45 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFiCAS ... 48 ANEXOS •••.••.••...•••••.•...•••.•...•..•..••...•....•...••••.•...•.••••••••..••.•.••....•.••..•••••••••••••••..•..•.•.•.... 50 iv

(5)

..

1.

INTRODUÇÃO

o

presente trabalho trata do tema da Previdência Privada no Brasil, mais especificamente no que tange às Entidades Abertas. Busca uma análise critica da situação real dos planos oferecidos: quem é o verdadeiro público alvo, custo de adesão em face da capacidade de pagamento do associado, as garantias para quem se associa e, principalmente, como fica o direito de assistência previdenciária aos que não podem arcar com o preço da previdência particular.

Tem por objeto os Fundos de Pensão Privados Abertos, distintos dos Fundos de Pensão Privados Fechados, que são vinculados a categorias profissionais, e sua influência na realidade brasileira. Em um país tão estratificado socialmente como o Brasil, na prática estes fundos deverão aumentar as diferenças entre ricos e pobres como conseqüência principal, antes de resolverem os problemas da aposentadoria pública.

O objetivo principal é atender à exigência do currículo 921 do Curso de Graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina. O objetivo geral é analisar a influência destes fundos na realidade do Brasil, a longo prazo. Os objetivos específicos são conceituar e distinguir as Entidades de Previdência Privada existentes, apurar a evolução da legislação pertinente e avaliar as garantias para os associados.

O trabalho se desenvolve através de 8 capítulos que retratam a evolução do sistema previdenciário oficial, seu histórico e sua regulamentação. Passando para o sistema privado, suas modalidades e concluindo pela análise social e jurídica das Entidades Abertas de Previdência Privada .

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2

Hoje no Brasil, menos de 5% da população está protegida através de planos de previdência complementar. Esta é uma dura realidade, principalmente se considerarmos que, independentemente do salário que receber durante a vida ativa, qualquer indivíduo, apesar de todo mês ter descontado uma parte de seus rendimentos para o pagamento obrigatório do INSS - Instituto Nacional do Seguro Social , vai receber no máximo 10 salários-base. Vale lembrar que o INSS s6 cobre 100% dos ganhos da ativa para quem recebe até um salário mínimo por mês. A situação agrava-se mais ainda no caso de morte ou invalidez, já que o INSS calcula a renda mensal, com base no salário-de-benefício, o que é muito vezes inferior ao necessário à subsistência familiar.

Para complementar essa diferença salarial, foram colocados no mercado planos de contas de aposentadoria complementar, tanto abertas como fechadas. A Previdência Privada surgiu da necessidade de instituir dispositivos que assegurassem ao cidadão e a sua família, condições adequadas de sobrevivência na aposentadoria e em situações adversas como a morte ou a invalidez. Quem deseja manter um padrão adequado de vida na aposentadoria não pode depender apenas do valor do benefício da previdência oficial, que certamente será muito inferior ao salário da vida ativa.

Depois das desastrosas atuações dos montepios, cujas entidades sucumbiram por falta de administração capacitada e falta de fiscalização por parte do governo e após a sua regulamentação pela SUSEP ( Superintendência de Seguros Privados), surgiram as Entidades de Previdência Privada sob duas formas: as Abertas e as Fechadas. As EFPP ( Entidades Fechadas de Previdência privada) são instituídas por uma empresa ou conjunto delas, com programas voltados exclusivamente para seus empregados e dirigentes; já as EAPP ( Entidades Abertas

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de Previdência Privada ), atendem quaisquer pessoas físicas, através de planos individuais e coletivos.

A elaboração desse estudo inicia-se pela Previdência Oficial, descrevendo desde a sua criação, evolução, funcionamento, problemas atuais, até perspectivas futuras do atual modelo previdenciário adotado no Brasil. Mostra-se o regime financeiro que o Brasil utiliza, analisando suas vantagens e desvantagens. Também fez-se o estudo sobre as Entidades Fechadas e Abertas, mostrando todo seu histórico, funcionamento, e sobre as abertas, suas formas de benefícios, regulamentos em geral; funcionamento e fases do caminho percorrido para a sua implementação no Brasil. Após esse estudo será evidenciado se os atuais planos de aposentadoria existentes são viáveis ou não, pois essas entidades seriam os maiores interessados em desmantelar a Previdência Oficial, para poderem ampliar suas fontes de recursos de financiamentos.

O ano de 1996 foi um marco para as mudanças legislativas em nosso país. Temas das mais diversas áreas, desde a reforma previdenciária até alíquotas de importação, passando por reeleições presidenciais e estabilidade os funcionários públicos, entre outros. Este momento é crucial para a implantação da previdência complementar, pois a reforma da Previdência Social redefinirá os rumos da aposentadoria no Brasil.

(8)

4

2.

A PREVIDÊNCIA OFICIAL

Em praticamente todas as sociedades contemporâneas existe alguma forma de "Seguridade Social". Os sistemas de proteção social são hoje indissociáveis das relações do trabalho e integrantes dos próprios direitos da cidadania.

2.1. CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO

No Brasil, toda a extensa legislação previdenciária tem início com a Lei Eloy Chaves ( Decreto Lei nO. 4682, de 24 de janeiro de 1923 ), que determinou a criação de Caixas de Aposentadorias e Pensões nas empresas ferroviárias existentes na época, administradas sem qualquer participação do Estado, sendo ampliada para empregados de empresas portuárias, serviços de força e luz, telefone, enfim, serviços públicos em geral e os de mineração.

A Previdência Social começou a merecer maior atenção do Estado, participando então de sua administração somente a partir de 1930, quando fora estendida a todos os trabalhadores urbanos e boa parte dos autõnomos, devido aos trabalhadores que passaram a ter um maior peso no cenário político e econõmico do país.

Com a evolução foram então criadas as instituições IAPM ( Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos) em 1933, em 1934 foram as IAPC e IAPB ( dos comerciários e bancários respectivamente ) e em 1938 a IAPI ( dos industriários) e IAPETC ( Empregados em Transportes e Cargas ), proporcionando a seus participantes assistência médica e indenização por acidentes de trabalho.

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Havendo, entretanto, grandes disparidades entre os planos de benefícios oferecidos, resultante da capacidade financeira de cada instituição, com base no salário de contribuição dos salários dos empregados.1

A partir de 1940, criava-se através do Estado, vários serviços que se destinavam a complementar os benefícios proporcionados pela Previdência Social brasileira, dentre os quais destacavam-se o Serviço de Alimentação da Previdência Social ( 1940 ), a legião Brasileira de Assistência ( 1942 ), os Serviços Sociais da Indústria e do Comércio e Fundação da Casa Popular ( 1946 ).2

Em 26 de agosto de 1960 foi promulgada a "lei Orgânica da Previdência Social", uniformizando as contribuições e os planos de benefícios dos diversos estatutos, sendo que a unificação institucional foi somente efetivada através da criação do INPS3 ( Instituto Nacional de Previdência Social ) em

21.11.1966, que reuniu todos os institutos de aposentadorias até então existentes ( IAPM, IAPC, IAPI, IAPTEC, IAPFESP ).4

Buscando estender a Previdência Social aos trabalhadores rurais, foram criados em 1963, o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural e em 1969 o Plano Básico. Entretanto, nenhuma dessas iniciativas atingiram seus objetivos de maneira satisfatória, e a inclusão efetiva dos trabalhadores rurais só iria acontecer em maio de 1971, com a extinção do Plano Básico e a criação do Programa da Assistência ao Trabalhador Rural ( Pró-Rural ).5

A partir de 1972, o INPS estendeu seus benefícios aos empregados domésticos, em 1973 aos autônomos, em caráter compulsório e em 1974 aos

1 J.R.FEIJÓ COIMBRA.Direito Previdenciário Brasileiro. p.38. 2Ibid., p.39.

3 Ibid., Ibidem.

4 Mozart Victor RUSSOMANO. Curso de Previdência Social., p. 38.

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6

maiores de 70 anos e aos inválidos não segurados. Nesse ano foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Social ( MPAS ) e em 1977 foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social ( SINPAS ), composto pelos seguintes 6rgãos6 :

INPS: Instituto Nacional da Previdência Social

INAMPS: Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

lAPAS: Instituto de Administração Financeira a Previdência e Assistência Social

LBA: Fundação Legião Brasileira de Assistência

DATAPREV: Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social

FUNABEM: Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor CEME: Central de Medicamentos

Destinado a integrar as atividades da previdência social, assistência médica e gestão administrativa e patrimonial, executadas por cada uma das atividades vinculadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social, o SINPAS veio a dar uma nova assistência social ao país, sem prejuízo das condições atuais dos serviços e benefícios.

Uma nova roupagem a seguridade social no Brasil foi adquirida em 1988, com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 201, que caracterizou a seguridade social como "um conjunto integrado de

ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o

6 J.R.FEIJÓ COIMBRA. Op.Cit., p.41. Mozart Victor RUSSOMANO. Op.Cit., p.43.

(11)

direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social". Estabeleceu como

princípios básicos a universalização, a equivalência de benefícios urbanos e rurais, a seletividade na concessão, a irredutibilidade do valor das prestações.

Já em março de 1991, o MPAS foi extinto pelo então governo de Fernando Collor, e suas atribuições divididas. As áreas assistencial e de saúde passaram respectivamente para os ministérios da Ação Social e da Saúde, e a previdência foi incorporada sob a forma de Secretaria Nacional no então criado Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Outras alterações institucionais compreenderam a extinção do INPS e do lAPAS, a criação do INSS ( Instituto Nacional do Seguro Social ).

Através do governo de Itamar Franco foi desmembrado o Ministério do Trabalho e da Previdência Social, ficando a área assistencial a cargo do Ministério do Bem Estar Social, enquanto a saúde continuou a cargo do Ministério da Saúde. O INAMPS foi extinto e suas atribuições passaram para a então criada Fundação Nacional de Saúde, também subordinada ao Ministério da Saúde, pela lei nO. 8.689/93.

Já no governo de Fernando Henrique Cardoso está sendo discutido um processo de reforma total da previdência, sob a alegação de que sem uma reforma previdenciária é inevitável o colapso da União, dos Estados e dos Municípios. A explicação, segundo artigo publicado na Revista Momento, a respeito do desmonte ,inclusive, dos fundos de pensão fechados, tem o objetivo único de

"beneficiar os fundos abertos, geridos pelas instituições financeiras privadas, que,

(12)

8

Henrique Cardoso, Reinhold Stephanes

e

grande parte dos parlamentares

govemistas"(o grifo é meu).7

2.2. O FUNCIONAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL.

Para o perfeito funcionamento de qualquer tipo de previdência oficial, há a necessidade de estar dividida em segmentos para seu melhor controle. E essa segmentação está dividida de acordo com suas finalidades distintas, sendo segmentada em programa de seguro social, assistência médica e social.

2.2.1. SEGMENTAÇÃO DA PREVID~NCIA OFICIAL.

No Brasil, a seguridade social adotada se divide em três segmentos básicos, a saber:

a) Programa de Seguro Social ( INSS ) - que inclui todos os benefícios relativos às aposentadorias, abonos, auxílios e todos os benefícios em dinheiro pagos aos segurados urbanos e rurais e a seus dependentes, inclusive relativos a acidentes de trabalho. Subordinado ao Ministério da Previdência Social;

b) Assistência Médica ( SUS ) - dá assistência gratuita a todos os segurados em casos de emergência. Subordinado ao Ministério da Saúde;

c) Assistência Social - presta auxílio a menores e carentes. Subordinado ao Ministério do Bem Estar Social.

O sistema previdenciário brasileiro no que diz respeito a sua atribuição principal, a aposentadoria, e conforme a Constituição de 1988, em seu artigo 202, garante a aposentadoria a todos os brasileiros, sendo esta calculada com base na média dos últimos trinta e seis salários de contribuição, corrigidos mês a mês,

(13)

sendo comprovada a regularidade dos reajustes dos salários de contribuições de modo a preservar seus valores reais. A Constituição também garante a todos os brasileiros que não contribuíram para a Previdência Social durante sua vida ativa, o valor de um salário mínimo, sendo regulamentada em ítens específicos.

2.2.2. REGULAMENTAÇÃO.

A Previdência Social no Brasil está atualmente regulamentada pelos novos Decretos nO. 2.172, de 05 de março de 1997 ( aprova e regulamenta os benefícios da Previdência Social) e nO. 2.173, de 05 de março de 1997 ( aprova o regulamento da organização e do custeio da seguridade social ).

Prevê o Decreto nO. 2.172:

Da Aposentadoria por Idade.

Art. 49. A aposentadoria por idade, uma vez cumprida a carência

exigida, será devida

ao

segurado que completar 65 anos de idade, se

homem, ou 60, se mulher, reduzidos esses limites para 60 e 55 anos de idade para os trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres ...

Da Aposentadoria por Tempo de Serviço.

Art. 54. A aposentadoria por tempo de serviço, uma vez cumprida

a

carência exigida, será devida

ao

segurado que completar trinta anos de

serviço, se do sexo masculino, ou 25 anos, se do sexo feminino.

Parágrafo único. Quando se tratar de professor ou professora,

a

aposentadoria por tempo de serviço será devida aos trinta ou 25 anos, respectivamente, de efetivo exercício de magistério.

(14)

10

Art. 57. Considera-se tempo de serviço, contada data a data, desde o

início até

a

data do requerimento ou do desligamento de atividade

abrangida pela Previdência Social, descontados os períodos

legalmente estabelecidos como de suspensão de contrato de trabalho,

de interrupção de exercício

e

de desligamento da atividade.

Da Aposentadoria Especial.

Art. 62. A aposentadoria especial, uma vez cumprida

a

carência

exigida, será devida ao segurado que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou 25 anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que

prejudiquem

a

saúde ou

a

integridade física.

Art. 63. Considera-se tempo de trabalho, para efeito desta subseção,

os períodos correspondentes ao exercício da atividade permanente e

habitual ( não ocasional nem intermitente), durante a jornada integral,

em cada vínculo trabalhista, sujeito a condições especiais que

prejudiquem

a

saúde ou

a

integridade física, inclusive férias, licença

médica

e

auxílio-doença decorrente do exercício dessas atividades.

Art. 68. O tempo de atividade comum não será convertido para fins de aposentadoria especial.

2.3. PROBLEMAS DO INSS

Ao longo dos anos e devido a má administração dos recursos, as fraudes, os vários casos de corrupção, a incompetência e a falta de aptidão do Estado para gerir os bens públicos, vem causando danos irreparáveis ao sistema,

(15)

empurrando uma parcela mínima da sociedade, que tem condições de arcar com os custos, para o sistema previdenciário privado, e deixando os demais desassistidos.

No início, o sistema previdenciário era administrativamente mantido pela União e as contribuições pagas financiavam exclusivamente os benefícios dos próprios contribuintes. A lei nO. 8.212/91, feita durante o governo Collor, cujo relator foi Antônio Britto, inverte a situação de 1960. Em seu art. 17 diz: para o pagamento dos encargos previdenciários da União - EPU, poderão contribuir os recursos da seguridade social na proporção de 55% em 1992. Ou seja, não só a União não mantém mais as despesas administrativas da Previdência Social, como ainda lhe dá responsabilidades fora de sua competência, como o pagamento dos servidores inativos.

2.3.1. VARIÁVEIS - PRINCIPAIS CAUSADORAS DA CRISE. Entre essas variáveis pode-se citar:

a) Aumento da expectativa de vida.

As estatísticas apontam que o brasileiro nunca viveu tanto como agora. Segundo o IBGE, a expectativa de vida aumentou significativamente nos últimos anos. Entre 1940 e 1980 houve um aumento na expectativa de vida dos brasileiros, em 1940 era de 43 anos e em 1980 passou para 58,9 anos, já em 1991, a média era de 62,5 anos para os homens e 69,3 para as mulheres. Por essa razão, no ano de 2000, a população com mais de 60 anos deverá alcançar 12,5 milhões de pessoas, contra apenas 4,7 milhões existentes em 19708 . Dentre os fatores que contribufram ara a elevação destacam-se como primordial, o êxodo rural e seus desdobramentos;

8 Rene Cesar BERTELLI. Previdência Privada Como SOlução Alternativa Para Aposentadoria Complementar . . Monografia - FURB. p. 19

(16)

12

o desenvolvimento de metrópoles e consequentemente maior e melhor saneamento básico; o avanço da medicina com programas preventivos, etc.

Estudos realizados pelo professor Fernando de Holanda Barbosa, da FGV ( Fundação Getúlio Vargas) do Rio de Janeiro, apontam que quanto mais uma pessoa vive, maiores as sua chances de chegar à velhice em boa forma9 . Tal fato levou, no entanto, a Previdência Social a arcar com o pagamento de benefícios por um período maior do que o inicialmente previsto.

b) Redução do índice de crescimento econômico.

No período chamado de "milagre econômico brasileiro" verificado entre 1968 e 1973, o Brasil alcançou altos níveis de crescimento econômico, onde o PIB brasileiro cresceu a uma média de 10 a 12% ao ano. A partir de 1980, época conhecida como "década perdida", houve uma drástica redução do crescimento do PIB brasileiro. Em 1992 o crescimento do PIB brasileiro foi de -1%, enquanto em outros países de América do Sul, houve crescimento do PIB10 .

Com a crise estabelecida verifica-se uma diminuição da oferta de emprego. Em 1996, 4,9% da população economicamente ativa estava desempregada 11 , o que significa menos pessoas contribuindo para a previdência

social, reduzindo dessa forma os recursos arrecadados.

c) Informalização do mercado (evasão fiscal ).

Para fazer frente a gastos crescentes, os governantes tendem a aumentar as alíquotas de contribuição. Os elevados níveis alcançados por elas (

9 Rene Cesar BERTELLI. Op.Cit., p.20 10 Ibid., Ibidem.

(17)

hoje, em torno de 35% sobre a folha) acabam produzindo um contingente enorme de trabalhadores sem vínculo empregatício, genericamente denominado de setor informal, pois a falta de registro empregatício permite o descontrole na fiscalização tributária. O sistema tem sido incapaz de absorver esses trabalhadores no mercado de trabalho, pois seu custo é excessivamente alto. E dessa economia subterrânea, da qual nem governo, nem empresários dão conta, por absoluta impossibilidade de controle.

As conseqüências são óbvias: menos impostos para o Estado, menos recursos para a Previdência e nivelando por baixo o PIB.

d) Relação contribuintes x beneficiários.

O regime de repartição simples, à primeira vista, parece formidável, sobretudo quando o número de contribuintes é promissor. No entanto, o que se verifica no Brasil é que a redução do índice de crescimento econômico e do trabalho assalariado, bem como a informalização do mercado, contribuíram para uma drástica diminuição da relação contribuintes x beneficiários.

O avanço desta diminuição pode ser assim visto, em 1950 a relação era de 8 contribuintes para cada beneficiário; em 1970 esta relação era de 4,2 para 1 e no ano de 2010 a previsão é de que essa relação seja de 1,2 a 1,3 contribuintes para cada beneficiário 12 .

A partir do momento em que não mais dispõe de novos contribuintes, o regime de repartição simples entra em crise, acarretando então uma série de problemas para os usuários e para o governo, tais como : falta de recursos para pagamento dos benefícios, déficit no caixa da Previdência Social, etc.

(18)

14

e) Aposentadoria por tempo de serviço.

Quando a aposentadoria está relacionada com o tempo de serviço, este tipo de aposentadoria afeta a previdência social na medida em que reduz o tempo de contribuição, aumentando por sua vez o período de recebimento de benefícios. Além disso é ineficiente do ponto de vista da utilização de recursos humanos, pois o trabalhador se aposenta precocemente, levando-o a buscar uma nova ocupação no mercado de trabalho, sem contribuir ( setor informal ).

f) Corrupção e ingerência do sistema previdenciário.

O governo federal argumenta a ausência de auto-sustentação da Previdência Social por falta de recursos.

Mas, se a previdência oficial do Brasil não possui dinheiro suficiente para sua manutenção, como fraudadores conseguiram desviar uma verdadeira fortuna, durante anos, sem serem descobertos?

O fato é que, dada a dimensão de nosso país, a Previdência Social tornou-se um verdadeiro elefante branco a ser administrado. A burocracia fecha os caminhos de uma administração informada, coerente com a realidade social e, sobretudo, competente na função de fiscalizar e realocar os recursos recebidos, dos contribuintes e do próprio governo federal.

(19)

3.

REFORMAS NA SEGURIDADE MUNDIAL.

o

Brasil não é o único país da América Latina que se defronta com os problemas de uma previdência quebrada. Outros países, como o México, Argentina, Colômbia e Peru, enfrentaram o mesmo problema e partiram para a realização de reformas que pudessem salvar o sistema previdenciário por eles adotado.

Na Argentina, em 1993 o modelo de previdência foi totalmente remodelado .. Hoje 60% dos trabalhadores já estão vinculados a algum plano de Previdência Privada. Lá, qualquer pessoa pode optar por um sistema público ou privado. O patrimônio dos fundos de pensão em 1995 era em torno de US$ 4,5 bilhões. Para arcar com os custos da transição decorrente da queda das contribuições dos trabalhadores para o sistema público, o governo manteve os impostos patronais para a Previdência 13.

No México, o governo aprovou uma reforma no fim de 1994, dentro dos moldes chilenos, incentivando a entrada de instituições privadas na seguridade social. No Peru e na Colômbia, as reformas foram semelhantes. Para o trabalhador, é mais barato adquirir um plano privado, do que entrar para o sistema previdenciário público. Estima-se que o patrimônio dos fundos de pensão dos mexicanos cheguem a U$ 4 bilhões no primeiro ano de cotização 14.

A reforma mais radical no entanto foi a chilena feita em 1981, de caráter pouco liberal ela se constituiu compulsoriamente. Hoje, 96% dos segurados já estão no sistema complementar. Todas as contribuições são administradas por

13 Rene Cesar BERTELLI, . Op.Cit.,. p. 25

(20)

16

administradores de fundos de pensão, fiscalizadas pelo Estado, sendo bem transparentes e confiáveis. Atualmente, 42% do PIS chileno, cerca de US$ 22,3 bilhões, são garantidos pelo sistema de previdência privado 15.

Mesmo restrito ainda a alguns países, o sistema previdenciário privado, vem crescendo, denotando grande interesse por parte dos governos, por atenderem a diversas necessidades entre privadas e governamentais.

(21)

4.

PREVIDÊNCIA PRIVADA

4.1. HISTÓRICO E EVOLUÇÃO.

A Constituição Brasileira do Império, de 1824, ao situar a proteção social como um dos direitos do cidadão, lançou a idéia do sistema no Brasil. Mas foi somente a partir de 1883, com a Lei de Seguros Sociais da Alemanha, de Seguros Sociais em caráter geral e obrigatório e instituída por "Bismarck", que surgiram as primeiras legislações a respeito em todo o mundo.

Porém os Estados cresceram e com eles a necessidade cada vez maior de assistência ao cidadão. Hoje é condição peculiar a toda legislação de Previdência Social, tanto no Brasil como nos demais países, a circunstância de serem limitados, senão irrisórios seus benefícios, insuficientes para prover as necessidades de sobrevivência condigna do trabalhador e sua família, principalmente após o período de sua vida laborativa. Isto leva o segurado a procurar novas formas de assistência previdenciária, de origem privada, para garantir uma aposentaria capaz de manter sua subsistência.

4.1.1. REGULAMENTAÇÃO.

No Brasil, as primeiras associações surgiram inicialmente sob a forma de pecúlio, instituídas sem nenhuma legislação específica. Somente com a Lei nO. 6.435, de 15 de julho de 1977, foram estabelecidas regras básicas para a operacionalização do segmento "Previdência Privada" no Brasil. Em seu artigo 10 a

(22)

18

"As Entidades de Previdência Privada, para os efeitos da presente Lei,

são as que têm por objeto instituir planos privados de concessão de

pecúlios ou de rendas, de benefícios complementares ou

assemelhados aos da Previdência Social, mediante contribuição de seus participantes, dos respectivos empregadores ou de ambos, ( .. .)

considerando participante

o

associado, segurado ou beneficiário

incluído nos planos.

As Entidades de Previdência Privada foram divididas pela lei em dois tipos: a EAPP ( Entidades Abertas de Previdências Privada) e a EFPP ( Entidades Fechadas de Previdência Privada ). Esses dois sistemas têm o objetivo de constituir planos privados de concessão de pecúlio ou de rendas, de beneficios complementares ou assemelhados àqueles da Previdência Social oficial, de modo a assegurar o mesmo nível de vida.

A Lei conceitua as duas categorias, conforme o artigo 4°:

"Para efeitos da presente Lei, as entidades de previdência privada são classificadas: 1- De acordo com a relação entre a entidade e os

participantes dos planos de benefícios, em:

a -

Fechadas, quando

acessíveis exclusivamente aos empregados de uma s6 empresa ou de um grupo de empresas, as quais, para os efeitos desta Lei, serão

denominadas patrocinadoras; b- Abertas, as demais. /I - De acordo

com seus objetivos, em: a -entidades sem fins lucrativos; b - entidades

com fins lucrativos. Parágrafo 1 - As entidades fechadas não poderão ter fins lucrativos ... "

(23)

4.2. CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DAS EAPP E EFPP.

Para melhor salientar as principais entidades de Previdência Privada existentes no mercado, denominadas de EAPP - Entidades Abertas de Previdência Privada e EFPP - Entidades Fechadas de Previdência Privada, determina-se algumas características fundamentais de cada grupo.

As características fundamentais e determinantes que diferenciam esses dois tipos de entidades, as EAPP e EFPP serão tratadas nos capitulos a seguir.

(24)

20

5.

ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA.

Com o intuito de complementar a renda na aposentadoria, são criadas Entidades Fechadas de Previdência Privada.

5.1. HISTÓRICO

As Entidades Fechadas de Previdência Privada ( EFPP ), também chamadas de "fundos de pensão", são consideradas complementares ao sistema oficial de previdência e assistência social. Suas atividades estão enquadradas na área de competência do Ministério da Previdência Social.

Para a criação de uma entidade de Previdência Fechada, exige-se a figura de uma patrocinadora - órgão empregador que além de responsabilizar-se por parcela de contribuição devida ao plano, tem como função, a supervisão das atividades da entidade, subordinando-se à fiscalização do poder público, no sentido de proporcionar garantia aos compromissos assumidos aos participantes dos planos de benefícios.

As EFPPs são hoje instrumentos da política de recursos humanos das empresas dos países de primeiro mundo. Entre as vantagens auferidas por essas organizações com a implementação dos planos de previdência podemos relacionar:

Vantagens.

a) diminuição da rotatividade de mão de obra qualificada; b) redução com gastos de treinamento;

(25)

c) maior atratividade e competitividade no recrutamento e seleção de pessoal;

d) maior comprometimento dos funcionários em relação aos objetivos da empresa, propiciando ganhos de qualidade e produtividade.

Já com relação as empresas, estas podem aplicar parte dos recursos dos fundos de pensão no seu próprio negócio, por meio de investimento na sua qualidade e modernização. Os que vivem do trabalho passam a contar com a garantia da manutenção do padrão de vida na inatividade.

O país, por sua vez, passa a dispor de poupança interna de longo prazo, imprescindível, inclusive para as nações de primeiro mundo, para a retomada do desenvolvimento econômico-social.

Os fundos de pensão são fundações ou sociedades civis sem fins lucrativos. Seu objetivo é instituir planos de benefícios complementares ou assemelhados aos da previdência oficial, mediante contribuição dos participantes e dos respectivos empregados ou somente estes.

Desde sua regulamentação em 1977, de acordo com a Lei nO. 6.435, de 15 de julho de 1977, parcialmente alterada e complementada pela Lei nO. 6.462, de 9 de novembro de 1978, e regulamentada pelo Decreto nO. 81.240, de 23 de janeiro de 1978, o sistema de Entidades Fechadas de Previdência Privada tem permitido a milhares de brasileiros aposentar-se e manter o mesmo padrão de vida que possuíam no período de atividade laborativa.

Antes acessíveis somente aos empregados de grandes empresas, na sua maioria organizações multi nacionais ou públicas, os fundos de pensão passaram a estar ao alcance também dos demais trabalhadores. Qualquer empresa

(26)

22

ou grupo de empresas, públicas ou privadas, que possua mais de cem empregados pode instituir planos de previdência complementar para seus funcionários.

A legislação vigente permite a participação de empresas distintas na criação de planos de previdência complementar, desde que sejam conservadas as características individuais de cada plano de benefício e custeio. Isto é possível pela adesão a um plano multi patrocinado ou múltiplo.

Entre algumas vantagens, ao aderir a um fundo multipatrocinado, as empresas obtém os seguintes benefícios:

a) ganhos de economia de escala e produtividade;

b) taxa de carregamento inferior à de montagem de estrutura especializada ( quadro de pessoal técnico, espaço físico, atuários, sistemas de informática ), para a administração do plano que é realizada de maneira global e solidária.

(27)

5.2. FUNDOS EXISTENTES.

No Brasil hoje os fundos de pensão, que movimentam um patrimônio que soma R$ 56 bilhões 16, dos quais a maior parte está em mãos de fundos das

estatais, conforme quadro a seguir:

Entidade Emeresa

Previ Banco do Brasil S.A.

Funcef Caixa Econômica Federal

Petros Petrobrás

Sistel Telebrás

Centrus Banco Central

Fundação Cesp Cesp/CPFUEletropaulo

Valia Cia. Vale do Rio Doce

Refer Rede Ferroviária Federal

Fapes BNDES

Real Grandeza Furnas Centrais Elétricas

Fonte: Secretaria da Previdência Complementar I Ministério da Previdência e Assistência Social.

(28)

24

6.

ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA

As Entidades Abertas de Previdência Privada foram instituídas para a complementação da renda na aposentadoria direcionadas para quaisquer pessoas físicas.

6.1. CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO

No início das Entidades de Previdência Privada no Brasil, se evidenciam três etapas distintas, que demarcam todo o caminho percorrido para a implementação desse tipo de previdência complementar.

A primeira foi chamada fase da frustração. A partir de sua regulamentação em 1977 até 1987, pois veio a público o fato de que até então os planos colocados no mercado antes da Lei nO.6.435, pelas entidades existentes foram bloqueadas por não satisfazerem condições mínimas de técnicas atuárias ou financeiras, isto é, não haveria reservas a oferecer aos participantes no final do período de pagamento das contribuições. Nenhum participante receberia quaisquer valores em benefícios. Os mais conhecidos denominavam-se Montepios.

A operacionalização dos novos planos agora aprovados pela SUSEP -Superintendência de Seguros Privados, trouxe uma falsa euforia para as Entidades de Previdência Privada, pois imaginavam que o advento da lei por si só demoveria o estigma causado pelas desastrosas operações dos montepios anteriores.

Tendo a nova operacionalização, as entidades suspenderam então imediatamente a comercialização dos planos, tendo em vista vários fatores, dentre alguns citamos: a falta de adesão; o processo de recessão que decaía na década

(29)

de 80; a falta de fiscalização por parte do órgão responsável pelo controle do mercado previdenciário. Esses fatores acentuaram a necessidade de repensar o mercado, buscando credibilidade ao mesmo, o que marca o início da segunda fase.

A segunda etapa distinta, da credibilidade, inicia-se em 1987 e termina em 1992, onde se evidencia a busca de uma nova credibilidade ao sistema. Essa busca iniciou-se por parte do próprio órgão fiscalizador, que adequou novo tratamento aos planos grupais, dando-lhes mais operacionalidade; e no tocante aos planos individuais, evidenciou-se a falta de simplicidade e transparência das informações ao público, procurando também adequá-los nessas carências.

Essa fase encerrou-se ratificando novas posturas por parte das empresas ( demandadoras dos planos grupais ) e das pessoas físicas ( tomadoras de planos individuais ), o que levou as Entidades Abertas de Previdência Privadas, pelo menos aquelas que continuavam exercitando as atividades em questão, à

certeza de que seus produtos deveriam explicitar novos atributos mercadológicos, principalmente quanto à transparência negociaI. As novas posturas buscavam o desenvolvimento do mercado que se denota na terceira fase.

A terceira fase de mercado inicia-se em 1992, e permanece até a atualidade, evidencia-se pelo desenvolvimento do mercado consumidor, que demonstra ser até então um grande potencial inexplorado.

O mercado hoje, exige soluções, no mínimo consensuais, nas quais prevalecem múltiplos esquemas de parcerias. E são essas as condições necessárias e alternativas para se mobilizar, pelo menos nesse segmento, a poupança institucional.

(30)

26

6.2. FUNDAMENTO

A previdência aberta é uma forma de "poupança" através da qual as pessoas contribuem isoladamente ou em conjunto com as empresas onde trabalham, para a formação de fundos, individualizados ou não, que permitirão o pagamento dos benefícios contratados, a partir de uma determinada idade, que vai, dependendo da entidade escolhida, desde a entrada de 14 a 69 anos e saída desde 50 a 70 anos, ou na ocorrência de determinados eventos que possam acontecer durante o pagamento das contribuições.

Os benefícios contratados por uma Entidade de Previdência Privada com seus participantes e dependentes constitui-se no objeto final de sua atividade. Para pagamento desses benefícios, as entidades devem constituir reservas, tendo como origem as contribuições. Os ativos constituídos com a aplicação dessas contribuições têm como contrapartida no passivo, as chamadas reservas técnicas, calculadas e recalculadas periodicamente.

Uma das condições observadas para se manter o equilíbrio desse cálculo está no regime financeiro adotado. Existem três tipos básicos: Repartição Simples; Repartição de Capitais de Cobertura; e Regime de Capitalização.

6.3. REGULAMENTO GERAL DAS EAPP

Todo plano de previdência complementar é regulamentado de acordo com cada entidade e esta tem por finalidade esclarecer conceitos e definir direitos e obrigações contratuais entre a entidade e o participante. Dentre os ítens que merecem atenção especial, destacam-se: adesão e admissão do participante; pagamento das contribuições; carência e suspensão de coberturas, cancelamento e alterações contratuais; e disposições gerais.

(31)

a) Adesão e Admissão - Observa-se as condições em que casos são admitidos aos interessados em adquirir um plano, destacando as idades de ingresso e saída para recebimento de benefícios. A admissão do proponente dependerá de aprovação pela entidade de acordo com as informações prestadas na proposta de adesão.

b) Pagamento das Contribuições - Observa-se o valor da taxa de carregamento destinada a ressarcir a entidade das despesas administrativas; o indexador sobre o qual é corrigido e atualizado o valor das contribuições e dos benefícios e da atualização monetária das reservas; formas e dias de pagamento; regulamentação das contribuições esporádicas, das antecipações; condições dos benefícios de risco; normas para pagamento dos pecúlios e resgates, ou início dos pagamentos dos benefícios de renda; alterações e indexadores.

c) Carência e suspensão de coberturas, cancelamento e alterações - Esclarece sob que condições o proponente tem seu plano cancelado, período de carência para resgate e recebimento de algum tipo de beneficio e normas sobre futuras alterações contratuais que possam vir.

d) Disposições Gerais - Destaca-se todos os demais ítens não abrangidos especificamente.

No quadro a seguir estão as principais características dos planos de Previdência Privada Aberta.

(32)

Previdência Oficial x Previdência Privada

Em Maio de 1997

(De acordo com a legislação vigente e a oferta de mercado)

Quadro elaborado pela acadêmica.

Previdência Oficial Previdência Privada Contribuição Mínima 8% do salário mínimo R$ 30,00 Contribuição Máxima 25% de 10 salários de Não Tem

referência

Interstício Mínimo Para 35 anos - Homem 01 Ano - ambos Benefício Regular 30 anos - Mulher

Integral

Interstício Máximo Não Tem 56 Anos

(33)

Planos Individuais de Previdência Privada Aberta

Oferecidos em Maio de 1997* **

* Comparativamente à Previdência Oficial e ao Sistema Financeiro no Brasil. ** Dados dos Planos Individuais coletados junto ao informativo interno do

Banco do Brasil.

PONTOS INFORMATIVOS

Plano I Benefícios Oferecidos Idade Idade

Caracteristica de de

Entrada Aposentadc BRASILPREV Aposentadoria por idade I Aposentadoria conjugada a 14 a 65 50 a 70

invalidez I Pensão ao cônjuge/companheiro(a) e filhos

menores I pecúlio

BRADESCO Aposentadoria por idade I Aposentadoria por invalidez 18 a 60 50 a 70 reversível ao cônjuge I Pensão ao cônjuge I Pensão aos

dependentes menores I pecúlio (gratuito por um ano)

PREVER Aposentadoria por idade I Aposentadoria por invalidez I 14 a 69 50 a 70 Pensão ao cônjuge I Pensão por prazo certo de 20 anos

ITAUPREV Aposentadoria por idade I Aposentadoria conjugada a 14 a 65 50 a 70 invalidez I pensão ao cônjuge I pecúlio

ICATU Aposentadoria por idade I Aposentadoria conjugada a 14 a 64 55 a 65 invalidez I pecúlio-devolução

REALPREV Aposentadoria por idade I Aposentadoria conjugada a invalide 14 a 65 Não tem

I pensão pl qualquer beneficiário I pecúlio

VERACRUZ Aposentadoria por idade I Aposentadoria por invalidez I 21 a 65 50 a65 Pensão ao cônjuge/companheiro(a) I Pecúlio

(34)

30

PONTOS POSITIVOS

Plano I Pecúlio Correção Rentabilidade

Caracteristica Mensalidade Mínima

BRASILPREV Até 30 vezes o valor da renda TR Mensal TR + 6% a.a. vitalícia

BRADESCO Até 30 vezes o valor da renda TR Mensal ou IGP-M TR +6% a.a.

vitalícia Anual

PREVER Não existe TR Mensal TR+6%a.a.

ITAUPREV Até 100 vezes o valor da renda TR Mensal TR+6%a.a. vitalícia

ICATU Valor da Reserva TR Mensal TR +6% a.a.

REALPREV Até 35 vezes o valor da renda TR ou T JLP Mensal TR + 6% a.a. vitalícia

VERACRUZ Equivalente à contribuição máxima TR Mensal TR + 6% a.a. de R$ 200,00

(35)

PONTOS NEGATIVOS

Plano I Carência para os Despesas Administrativas Contribuição Mínima

Caracteristica Beneficios de ( taxa de carregamento)

Risco

BRASILPREV Causa Natural - 9% R$ 50,00

1 ano

BRADESCO Causa Natural - 12% ( apos. I pecúlio) I Equivalente a R$

2 anos 15% ( inval. I pensão) 300,00 ( mínimo ) de

renda

PREVER Causa Natural - 10% R$ 50,00

1 ano

ITAUPREV Causa Natural - 3% + 3% a.a. ( sI a reserva) R$ 100,00 1 ano

ICATU Causa Natural - 12% R$ 30,00

2 anos

REALPREV Não há 5% ( primo Ano ) I 3% sobre a R$ 60,00 reserva ( demais)

(36)

32

6.4. LASTRO DE GARANTIA DO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÓES.

o

Manual da Previdência Privada Aberta, instituido pela Circular Susep nO. 50, de 27 de junho de 1979, impõe a constituição de reservas técnicas para garantia das operações de pecúlio e/ou renda, da seguinte forma:

Reservas não comprometidas:

I - Reserva matemática de beneficios a conceder;

11 -Reserva de oscilação de riscos ( constituida anualmente ); 111 -Reserva de riscos não expirados (constituida trimestralmente). Reservas comprometidas:

I - Reserva matemática de beneficios concedidos; 11 - Reserva matemática de obrigações em curso; 111 - reserva de beneficios a liquidar;

IV - Reserva de rendas vencidas e não pagas.

A aplicação destas reservas é estipulada pelo Conselho Monetário Nacional, com o objetivo de preservar a segurança, liquidez e rentabilidade dos recursos. A última regulamentação foi publicada em 07/06/96 no Diário Oficial da União, da Resolução BACEN nO. 2.286, de 05/06/96, esquematizada no quadro a seguir:

(37)

REGULAMENTAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS RECURSOS GARANTIDORES DE RESERVAS TÉCNICAS, DE ACORDO COM A RESOLUÇÃO BACEN N. 2286,

05/06/96. PUBLICADA D.O.U. EM 07/06/96*.

Descrição Art. 2° Reserva não Art. 3°

-com ~rometida Reserva com .rometida

los Títulos de emissão do Tesouro 100% ( 50% com prazo igualou 100% ( 80% com prazo licos Nacional elou BACEN. inferior a 12 meses) igualou inferior a 12

Títulos de emis são dos Tesouros Estadu ais ou Debêntures Munici ais. Depósitos a Prazo, i de emissão pública, tos etc. da ça e ouro Isas de Contas de poupan físico das bo mercadorias e de fut de fundos de investim uros. Cotas ento

Certificados de priva tização.

I

I

meses

80% ( até 40% do montante dos recursos garantidores de reservas técnicas)

80% ( Eletrobrás e Títulos da Dívida Agrária - TOA até 10% do montante de recursos garantidores de reservas técnicas)

80% ( até 15% do montante dos recursos garantidores de reservas técnicas e até 10% por modalidade)

80% ( até 10% do montante dos recursos garantidores de reservas técnicas ) VETA DO 60% 60% ( até 15% do mont garan

ante dos recursos tidores de reservas as, até 10% por idade e até 10% técnic modal mrgrt invest VETA em fundos de imento no exterior. DO

(38)

34

REGULAMENTAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS RECURSOS GARANTIDORES DE RESERVAS TÉCNICAS, DE ACORDO COM A RESOLUÇÃO BACEN N. 2286,

05/06/96. PUBLICADA D.O.U. EM 07/06/96*. ( continuação)

Descrição Art. 20 Reserva não Art. 30

-comprometida Reserva com

Ações de emissão de cias. 50% 150% -_--__

Abertas** ~

Bônus de subscrição e 50% ( até 10% do montante dos VETADO certificados de depósito de recursos garantidores de

i

os ações emitidas por cias., com reservas técnicas ) sede nos países membros do

a

'áve

Mercosul.

Cotas de fundos mútuos de 50% investimento, regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM.

50%

Ações de emissão de cias. 50% ( até 10% do montante dos VETADO fechadas, adquiridas no âmbito recursos garantidores de

do Programa Nacional de reservas técnicas) Desestatização

(PND .

veis Imóveis urbanos 30% ( até 10% do montante dos VETA DO recursos garantidores de

reservas técnicas )

nciais aos 10% VET

prés Empréstimos assiste ADO

s associados

* Quadro Explicativo elaborado pela acadêmica.

** Quanto às ações de emissão de companhias abertas:

- mínimo 75% em cias. abertas controladas por capitais privados nacionais. - limite por empresa: 15% do capital volante.

20% do capital total, se instituição financeira; ou 10%, se outras companhias 10% da Carteira de Ações Vinculadas mais cotas de Fundos Mútuos de Ações.

(39)

7.

ANÁLISE

CRíTICA

DAS

ENTIDADES

ABERTAS

DE

PREVIDÊNCIA PRIVADA.

7.1. A QUESTAO SOCIOLÓGICA.

A idéia de seguridade social, na sua concepção mais ampla, está hoje presente em todos os povos, em todos os regimes, em todos os governos, inscrita na 'Declaração dos Direitos do Homem' consagrada nas Constituições e nos Códigos, representa, ela, uma patrimônio ético comum a todos os homens, buscando preservar o futuro do indivíduo e da sua família 17 .

O primeiro registro de previdência deu-se em 1543, quando Braz Cubas fundou a Santa Casa de Misericórdia de Santos e, na mesma oportunidade, criou um fundo de pensão para seus empregados.

O termo "montepio" identificava instituições que amparavam viúvas e órfãos no caso de morte do marido ou pai. Começou a ser usado no século XVI, restrito a determinadas classes ou categorias profissionais. A partir deste século apareceram os montepios abertos, com o movimento geral por iniciativa dos interessados.

Em 1944, o professor Antônio Romeu de Armas, da Universidade de Barcelona, publicou um trabalho situando as origens da Previdência Social na América na antiga constituição do Império dos Incas, onde existia reserva de terras a serem cultivadas com o trabalho comum, a fim de amparar inválidos, anciões e órfãos, que não podiam suprir a sua subsistência.

(40)

36

Portanto, a Previdência Social básica destina-se a assistir àqueles que precisam do suporte do Estado. Seu objetivo e mérito está em amparar a coletividade de trabalhadores, dentro das possibilidades financeiras e pelos parâmetros mínimos para preservar uma vida digna.

A própria evolução do homem como parte da sociedade e o progresso econômico têm como conseqüência a elevação na remuneração do trabalho, aumentando o ápice da pirâmide salarial. Diante disso, surge a necessidade de complementação acima do garantido pela previdência básica, através das entidades de previdência privada, que complementam o sistema público.

- Porém, a realidade brasileira é diferente da que encontramos nos países do primeiro mundo, os mais tradicionais adeptos à utilização das Entidades de Previdência Privada. Nesses países, o salário médio do trabalhador é proporcionalmente muito superior ao salário médio do brasileiro, o que lhes permite contribuir mensalmente para um fundo de pensão sem comprometer os demais gastos para sua subsistência. Da mesma forma, também são favorecidos os trabalhadores dos países ricos porque a maioria das empresas possui o seu próprio fundo de pensão e as que não o possuem, aderem a um fundo já existente. Com a adesão também do empregador este contribui para a previdência complementar na mesma proporção ou até maior que o próprio trabalhador, viabilizando a política econômica de complementação de aposentadoria.

No Brasil, poucas são as empresas privadas que possuem ou aderem a um fundo de pensão. As grandes adeptas são as empresas estatais ou de economia mista.

(41)

Os planos acabam sendo comercializados a nível individual e consequentemente tornando-se mais caros, pois a contribuição é feita exclusivamente pelo associado.

( J Porém, o salário médio brasileiro não permite este tipo de investimento

sem o comprometimento da subsistência do trabalhador. Como conseqüência, o público alvo dos Entidades Abertas de Previdência Privada acaba ficando restrito aos profissionais liberais e autônomos ( advogados, médicos, dentistas, empresários, etc. ), já que os funcionários públicos e das empresas de economia mista que não possuem uma boa aposentadoria estatal, possuem seus próprios fundos de pensão.

E o que acontece com a grande parcela da população, que não é profissional liberal em funcionário de empresa que possua fundo de pensão ? O Estado, quando permitiu tacitamente que o sistema previdenciário estatal fosse sucateado, esqueceu-se da maioria dos trabalhadores do país, que depende exclusivamente deste sistema. Uma negligência que pode ter um custo social muito alto. ~~Como se já não bastassem as diferenças econômicas em um meio tão heterogêneo, as aposentadorias abertas "a todos" acabarão por beneficiar somente os mais abastados, aqueles que podem pagar a tranqüilidade do amanhã, porque já a possuem desde hoje.

7.2. A QUESTÃO JURíDICA.

7.2.1. A POSiÇÃO TEÓRICA.

A chamada previdência complementar é, por excelência, a Previdência Privada Fechada. As entidades que compõem este sistema, caracterizam-se por

(42)

38

serem sociedades civis, sem fins lucrativos, sujeitas à legislação da previdência e assistência social, complementando a aposentadoria paga pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. São subordinadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social.

A legislação é clara na classificação da Previdência Privada. Tanto que prevê, inclusive, que um pecúlio por morte, de pequeno valor, administrado sob forma de rateio pelos interessados, não pode ser considerada como tal.

As Entidades Abertas de Previdência Privada, que doravante chamarei de EAPP, não possuem um compromisso vinculado de "complementação". São sociedades anônimas, com o direito de terem fins lucrativos, sujeitas à legislação de seguros privados e subordinadas à superintendência de seguros privados - SUSEP, que é um órgão do Ministério da Fazenda.

As EAPP existem há muito tempo, anteriormente denominadas de montepios. Funcionaram até 1978 absolutamente sem qualquer controle porque não havia normas regulamentadoras para sua administração.

Até 1966, o Departamento Nacional de Seguros Privados possuía competência para fiscalização somente na área de seguros propriamente ditos. Nesse ano, transformou-se em Superintendência de Seguros Privados - SUSEP e, posteriormente, com a criação da legislação da Previdência Privada, aumentou sua competência também para este campo.

A Lei nO. 6.435/77 criou garantias para os associados, buscando evitar o não cumprimento das obrigações por parte da entidade em caso de "quebra". Porém, os montepios anteriormente constituídos não possuíam este lastro, não tinham como adequar-se à nova legislação e acabaram liquidados, causando

(43)

prejuízo aos associados. Nem mesmo a adaptação prevista na própria lei nO. 6.435/77 conseguiu mantê-los em funcionamento.

As garantias podem ser dadas em títulos, ações, imóveis e outros, desde que passíveis de vinculação. Chama-se de vinculação a gravação de ônus nos órgãos competentes a cada registro específico, tais como cartórios, bolsas de valores, agentes financeiros.

É vedada às EAPP denominação de expressões ou siglas relacionadas com atividades profissionais específicas, uma vez que não se tratam de fundos exclusivos para determinadas categorias.

Q A comercialização desses planos começou a intensificar-se nos

últimos anos em decorrência de dois fatores: a decadência do sistema previdenciário oficial e o interesse financeiro dessas entidades responsáveis pela administração de tamanho volume de recursos. Embora, a rigor, a adesão deva ser feita através de corretores profissionais, com o devido registro na SUSEP, as agências bancárias do Banco do Brasil, Bradesco, Bamerindus, Unibanco, Itaú, Real e Icatu comercializam planos de Previdência Privada, sem que seus funcionários sejam corretores credenciados.

Para garantir o bom andamento dos planos, são previstos regimes especiais de administração a critério da SUSEP: direção-fiscal, intervenção e liquidação extra-judicial.

A direção-fiscal consiste na nomeação de um diretor fiscal, por prazo determinado, com atribuições e vantagens fixadas pelo Conselho Nacional de Seguros Privados. Os administradores da entidade ficam sujeitos a instauração de processo-crime se ocorrer insuficiência de cobertura, inadequada aplicação das reservas técnicas, fundos especiais ou provisões, ou anormalidades graves.

(44)

40

A intervenção tem por objetivo a recuperação da entidade, visando o resguardo dos direitos dos participantes. A decretação da intervenção pode se dar "ex-officio" ou através de solicitação dos próprios administradores da entidade, nos seguintes casos:

a) atraso no pagamento de obrigação líquida e certa;

b) prática de atos que possam conduzir a entidade à insolvência;

c) estar a entidade sendo administrada de modo a causar prejuízo aos participantes;

d) estar a entidade em difícil situação econômico-financeira;

e) aplicação de recursos em desacordo com as normas e determinações do Conselho Monetário Nacional.

Implica a intervenção em:

a) suspensão da exigibilidade das obrigações vencidas;

b) suspensão da fluência do prazo das obrigações vincendas, anteriormente contraídas.

Não acarreta, entretanto, a interrupção de concessão e pagamento dos benefícios, podendo o interventor somente reduzi-los, se for o caso.

As EAPP sujeitam-se exclusivamente ao regime de liquidação extra-judicial, não podendo solicitar concordata ou falência. A expressão "em liquidação extrajudicial" deve ser utilizada logo após a denominação de entidade em todos os documentos. Consta no decreto nO.81.402, de 23 de fevereiro de 1978:

"Art. 80. A decretação da liquidação extrajudicial produzirá, de imediato,

(45)

I - Suspensão das ações

e

execuções iniciadas sobre direitos

e

interesses relativos

ao

acervo da entidade liquidanda, não podendo ser

intentadas quaisquer outras, enquanto durar

a

liquidação.

11 - Vencimento antecipado das obrigações da massa liquidanda.

111 - Não cumprimento de cláusulas que estabeleçam penas contra

a

entidade, noas contratos vencidos em decorrência da decretação da

liquidação extrajudicial.

IV - Não fluência de juros, mesmo que estipulados, contra

a

massa

liquidanda, enquanto não integramente pago

o

passivo.

V - Interrupção da prescrição, em relação às obrigações da entidade

em liquidação.

VI - Suspensão de multas, juros e correção monetária, em relação a qualquer dívida da entidade.

VII - Não reajustamento de quaisquer benefícios.

VIII - Inexigibilidade de penas pecuniárias por infração de leis administrativas.

IX - Interrupção do pagamento, à massa liquidanda, das contribuições

dos participantes, relativas aos planos de benefícios.

(

...

)

Art. 82. O liquidante organizará

o

quadro geral dos credores, realizará

o

ativo e liquidará o passivo.

§ 1° - Os participantes dos planos de benefícios terão privilégio especial sobre os bens garantidores das reservas técnicas e, caso não sejam suficientes esses bens para cobertura dos direitos respectivos,

(46)

42

§ ~ - Os participantes que estiverem recebendo benefícios, ou que

tiverem adquirido esse direito antes de decretada

a

liquidação

extrajudicial, terão preferência sobre os demais participantes.

(.

.

.)

Art. 91. Realizado o ativo, o liquidante dará início ao pagamento dos

credores, observados os respectivos privilégios e classificação, ou de

acordo com a cota apurada em rateio, se for o caso.

(.

..

)

§ ~ - Os credores serão atendidos pela rigorosa ordem de

classificação. "

o

A infração dos dispositivos da Lei n. 6.435n7 sujeita às EAPP sua administração a:

a) advertência; b) multa pecuniária;

c) suspensão de exercício do cargo;

d) inabilitação, temporária ou permanente, para o exercício de cargo de direção de entidades de previdência privada, de sociedades seguradoras e de instituições financeiras.

7.2.2. A POSiÇÃO FÁTICA.

Apesar de todas as lacunas que a norma positiva procurou preencher, na prática as EAPP estão suscetíveis a três falhas básicas para seu funcionamento:

a) Controle: a SUSEP possui um departamento de controle econômico. A ele cabe analisar as informações a nível nacional, repassadas

(47)

diretamente à sede da SUSEP no Rio de Janeiro ( RJ ). Calcula os riscos e averigua a possibilidade de fraude nos demonstrativos encaminhados pelas EAPP. As informações são prestadas mês a mês, para cálculo dos compromissos e consequentemente da necessidade de lastro. O problema está no repasse dos dados por parte da própria entidade. Este sistema aumenta sensivelmente a possibilidade de fraude. Por menor que seja a margem de erro do departamento de controle econômico pode a EAPP manipular seus dados livremente dentro das faixas de risco que são variáveis.

b) Fiscalização: pode a SUSEP executar auditoria na EAPP a qualquer momento, a seu critério. Neste caso, a falha encontra-se na deficiência da quantidade de fiscais ativos no serviço. Em todo o Estado do Rio Grande do Sul, são lotados apenas dois fiscais em caráter permanente, sendo que um exerce a função burocrática de Coordenador Operacional. O número ideal seria de, no mínimo, seis fiscais. Como paliativo, a SUSEP - sede do Rio de Janeiro, está sempre cedendo fiscais de seu quadro para atuar nos Estados, onerando a União com diárias e passagens.

c) Liquidação: como já foi dito, as EAPP não estão sujeitas à

concordata ou falência, mas tão somente à liquidação extrajudicial. O decreto n.

81.402n8, em seu art. 82, § 1°., dá aos participantes dos planos de benefícios

privilégio especial sobre os bens garantidores de reservas técnicas. Porém, na ordem de classificação dos credores, o privilégio especial significa apenas preferência em relação aos credores quirografários. Continua a ordem do quadro de credores: dívidas trabalhistas, dívidas com o poder público, beneficiários do ônus de direitos reais como hipoteca e, por último, os credores quirografários. Conjugada com a falha de controle e fiscalização deficiente, corre-se o risco de os recursos

(48)

44

garantidores de reservas técnicas, na prática, servirem de lastro apenas para pagamento dos créditos preferenciais.

(49)

8.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

o

Estado atualmente, na mesma pessoa, arrecada, paga e gerencia, é juiz, delegado e executor do orçamento público. Precisa de dinheiro, mas não usa necessariamente critérios éticos para obtê-lo.

A reforma da Previdência não pode ferir princípios básicos:

* as despesas administrativas e os Encargos Previdenciários da União - EPU não poderiam ser custeados pelos contribuintes;

* a lei teria estabilidade para que, daqui a trinta anos, quando o contribuinte fosse se aposentar, continuassem as mesmas regras. Em 36 anos, já se foram sete reformas (1960,1966,1973,1981,1988,1991 e 1996);

* haveria mais responsabilidade na administração. Os administradores da Previdência Social devem ser técnicos, pois atualmente a instituição serve de "trampolim político";

* deveria haver mais controle de comprovação das contribuições efetuadas. Se efetivamente o tempo de serviço for trocado por tempo de contribuição, em uma economia instável como a nossa, o que aconteceria se, depois de 35 anos, a tal empresa já faliu, ou não recolheu a contribuição de sua responsabilidade, como o empregado poderá comprovar o tempo em que ele contribuiu ou seu trabalho penoso ? Ou o empregado teria que guardar os contracheques de seus 35 anos de serviço?

* Previdência Social, como instituição estatal, não se sujeita a "quebra". Porém, o Estado, que deveria justamente zelar pela assistência ao

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