UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA CATAR1NA
CENTRO
DE
CIÊNCIAS
DA
SAÚDE
CURSO
DE
GRADUAÇÃO
EM
ENFERMAGEM
DEPARTAMENTO
DE
ENFERMAGEM
ASSISTÊNCIA
AO
INDIVÍDUO
OsTOM1zADO
PRATICANDO
E
D_;v1D1NDO
A EDUCAÇÃO
EM
SAUDE
PARA
O
AUTO-CUIDADO
A_ J
ESTAR
OSTOMIZADO
-
O
OUTRO
LADO
DO
ESPELHO
CCSM
TCC
UFSC
ENF
0436 E 1 \ N-ChfimTCC
UFSCENF
0436Autor: Rosso, Sabrina
Título: Assistência ao individuo ostomiz
- 972492708
AC. 241850
Exl UFSC BSCCSM CCSM
ASSISTÊNCIA
Ao
IN1)IVÍI)Uo
osToMIzADo
PRATICANDO
E DIVIDINDO
A EDUCAQÃO
EM
SAÚDE
PARA
0
AUTO-CUIDADO
EST OS
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OMIZADO
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O
OUTRO
LADO
D_O
ESPELHO
-._-z,>~.=›-;“- _,._,_,_M,_")›fi›* '<`ífi¿,~ fiiííf .›-gt;
~_
Trabalho de Conclusao de
Curso da
VIII”
Unidade
Curriculardo Curso
deGraduação
em
Enfermagem
Orientadora:
Margareth
Linhares MartinsSupervisoras: Paula Stela Leite
Valéria Cyrillo Pereira
FLORIANÓPOLIS,
Acosro
DE
1998_)_H ¢` bm
É
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J
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__ (H __ lv. ` __ _` A _r` A ____ _ ¡_____Z
À
Deus,que
me
fezcom
um
caminho
à seguir e estecaminho
seguiu poraqui, cruzou vidas e continua seguindo.
Por
muitas vezes senti-me fraca,sem
estímulos e de repente aparecia
uma
luz quetomara-me
forte e persistente. Esta luzera
VOCÊ,
que
me
deu
oDom
da vida e a possibilidade de serquem
sou.OBRIGADA!!!
À
meus
pai.s, Adair e Beatriz, quenum
momento
de amor,fizeram-me
etonaram
possível aminha
existência. Por muitas vezes reclamei, espemeei, choreipor achar
que
a atençãonão
me
era dada,mas
hoje perceboque
nas suaspersonalidades quietas,
sempre
existiu e existiráum
grandepedaço
de seu amor,carinho e orgulho para
Quero que
saibamque
o
que hoje sou, faço e conquistonão
só é vitória minha,mas
o produto de toda a educação,amor
e dedicação, àque
vocês
me
dispensaram.MUITO
OBRIGADA!
AMO
MUITO
VOCÊS!
À
meu
irmão, Fabrizio, que serviu muitas e muitas vezes demolde
e cobaiapara
meus
estudos,não somente
agorana
VIII” fase,mas
durante todos os quatroanos e
meio
em
que estivena
universidade.Mano,
não
seicomo
você aturoumeu
mau
humor,
dores de cabeça e chatices,mas
muito obrigadodo
fiindodo
meu
coração.
Pode
Ter certezaque
vocêmora
dentro dele.Te
amo!
~
Ao
meu
amor, Emídio,que
mesmo
não
sedando
muitobem com meu
ambiente de trabalho, o hospital;
que
mesmo
não podendo
nem
ouvir falar desangue, doenças e tantas outras coisas
que
eusempre
insistiem
comentarcom
tantavezes que
troquei pelos livros, principalmente realizando este relatório,
mas
podes
Ter certezaque
em
nenhum momento
tireivocê
demeus
pensamentos.TE
AMO!
À
minha
orientadora, Margareth, que primeiro de tudo tornou-se amiga,companheira
eum
pouco
mãe.Se
consegui realizar o relatório sozinha, enfrenteitodas as dificuldades e venci, você teve
uma
grande e importante participação nisto.Obrigada por acreditar
em
mim,
no
meu
potencialcomo
profissional e pessoa.Você
mora no
meu
coração!Às
minhas
supervisora, Paula e Valéria,que
mesmo
não
me
conhecendo,receberam-me
de braços e peito aberto,sempre
dispostas à ensinar, à trocar, à ouvir,à falar e
como
sou eu, Sabrina, à chorar.Vocês
são muito especiais.Ainda
bem
que
existem pessoas
como
vocêsno
mundo!
Aos
clientesque entenderam
omeu
trabalho, respeitaram, ouviram, falaram ecolaboraram.
Sem
vocêsnada
disso teria acontecido.Podem
Ter certezaque
seeu
marquei
suas vidas, daminha
vocêsfazem
parte!Muito
obrigada!Aos
fxmcionáriosda
UIC
II, Denise, Cida, Cleide, Nazareth, Augusta,Marivone, Márcia, ao pessoal da limpeza, da copa... Obrigada!
Vocês
são ótimos!E
aos
amigos do
PAO,
Fabíola e Gabriela; daACO,
Roberto, Anita, asmeninas
daparte burocrática. Continuem, pois o trabalho de vocês é especial. Obrigada!
Aos meus
colegas,que tomaram-se
a outrametade do
meu
grupo deuma
pessoa, ouvindo as reclamações,
dando
opiniões,me
empurrando
para frente e paracima.
Conseguimos!
Às
duas arnigasque
são irmãs; Santa e Shyka. Obrigada porme
ouvir tantasvezes,
mesmo
não
estandocom
vontadeou
paciência.Não
seicomo
seriaminha
vida
sem
as duas.Amo
vocês!Ao
sr. PauloViana
por estimular-me,dar-me
material, ler o projeto,emprestar o
computador
e Ter paciência deme
agüentar fora de hora. Espero podercorresponder às suas expectativas. Lembrarei
sempre do
senhor. Obrigada!\R/
garantir
um
total conhecimento dos beneficios daoperação e os fatos essenciais a respeito de viver
com
uma
ostomia.Ter
um
ostomabem
feito,em
local apropriado,proporcionando atendimento integral e
conveniente para
o
confortodo
paciente.Receber apoio médico experiente e profissional,
cuidados de
enfermagem
especializadano
períodopre'-operatório, tanto
no
hospitalcomo
em
suaspróprias comunidades.
Ter acesso a informações completas e imparciais
sobre
o
ƒomecimento
e produtos adequadosdisponíveis
em
seu país.Ter a oportunidade de escolha entre os diversos
equipamentos disponíveis para ostomia
sem
preconceitos
ou
constrangimento.Ter acesso
a
dados acerca de sua AssociaçãoNacional de Ostomizados e dos serviços e apoio
que
podem
ser oferecidos.Receber apoio e informação para beneficio da
família, dos cuidados pessoais e dos amigos a
ƒim
de aumentar
o
entendimento sobre as condições eadaptações necessárias para alcançar
um
padrão
de vida satisfatório para viver
com
a ostomiaRESUMO
Trata do relatório da prática assistencial desenvolvido pela acadêmica de
enfermagem, na Unidade de Intemação Cirúrgica
H
do Hospital Universitário e naPoliclínica de Referência Regional, mais precisamente no Programa de Assistência ao
Ostomizado.
O
objetivo principal é o de assistir ao cliente ostomizado, inserindo no seucotidiano as ações de auto-cuidado através da educação
em
saúde.Tem
como
marcoconceitual a Teoria de
Enfermagem
de Dorothea E.Orem
e estudos sobre educação dePaulo Freire. Utiliza
como
linha de pensamento os conceitos de Dorothea E.Orem
ondeoindivíduo deve ser co-responsabilizado pelo seu tratamento e
como
o serhumano
épassível de refletir, escolher e decidir sobre o que é de importante
em
sua vida, será participativo no seu processo saúde-doença. Apresenta as experiências vivenciadas pelaacadêmica durante os períodos de março, abril, maio e junho de 1998, na assistência
prestada aos indivíduos ostomizados à nível hospitalar, acompanhamento do cliente nos
períodos pré, trans e pós-operatório, encaminhamento destes clientes para o nível
ambulatorial e
acompanhamento
nas reuniões dos grupos de vivência. Observa aimportância dos serviços de enfermagem, relatando as vivências da acadêmica e analisando
a realização dos objetivos propostos. Conclui que é necessário utilizar-se de teoria e prática
para a realização da assistência de enfermagem e para subsidiar esta assistência é
necessário
um
referencial teórico; é preciso acrescentar aos serviços de enfermagem oolhar holístico, procurando visualizar o cliente no seu todo, na sua fomia fisica, emocional
e social, além de introduzir a família na sua reabilitação.
1_
2... 3.. 4..5-
6-
7_
3-
Pg
INTRODUZINDO
O TEMA
... .. 08REVISANDO
A
LITERATURA
... .. 13DESENVOLVENDO
O
MARCO
REFERENCIAL
... .. 243.1
4
Pressupostosda
Teoria deEnfermagem
de Dorothea E.Orem
... .. 253.2
-
Teoria de Dorothea E.Orem
... .. 273.2.1
-
Teoria do Auto Cuidado ... .. 273.2.2
~
Teoria do Déficit do Auto-Cuidado ... .. 283.2.3
-
Teoria dos Sistemas deEnfermagem
... .. 283.2.4
-
Sistemas deEnfermagem
... .. 293. 3
-
Conceitos de Acordocom
a
Teoria de Dorothea E.Orem
... .. 293. 4
~
Processo deEnfermagem
... .. 353.4.1
-
Diagnóstico e Prescrição ... .. 353.4.2
-
Projeção e Planejamento do Sistema de Assistência de Enfermagem... 363.4.3
-
Provisão e Controle da Assistência deEnfermagem
... .. 37DESENVOLVENDO
A METODOLOGIA
... .. 394.1
-
Questões Éticasdo
Relatório ... .. 414.2
-
Objetivo Geral ... ... .. 414. 3
~
Objetivos Específicos - Estratégias deAção
... .. 42AVALIANDO E
REELETINDO
SOBRE
os
OBJETIVOS
PROPOSTOS...
soAPRESENTANDO
As
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
... .. 77APONTANDO
As
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... .. 79ANEXOS
... _. ss1
INTRODUZINDO
O
TEMA
Este
relatório diz respeito as ações inerentes àenfermagem, mais
precisamente à enfenneiros(as).Mas
como
a ação daenfermagem
éalgo grandioso e que está freqüentemente
em
metamorfose, aplicou-se esta “arte,serviço e tecnologia”,
segimdo
Dorothea E.Orem
apud
George, 1993, aum
determinado grupo de indivíduos. '
A
enfennagem
vê (ou deveria verl) os indivíduosnão
sócomo
serescompostos
poruma
estrutura física e fisiológica. Estes indivíduos aque
vamos
a nossa arte, são
compostos
de histórias de vida, experiências boas e mins, deum
lado emocional e afetivo muito forte e deuma
vida sócio-cultural.O
primeiro encontroque
tivecom
indivíduos ostomizados,ou
seja, aquelesindivíduos
que
poralgum motivo
(patológico, traumasou
medidas
paliativas)tiveram seu trânsito intestinal desviado, necessitando o uso de equipamentos
específicos para coletar os desejos
do
seu aparelho digestivo, sedeu
no
ano
de1996, durante o primeiro semestre, equivalente a
Vla Unidade
Curriculardo
Curso
deGraduação
em
Enfermagem, onde
os acadêmicospassam
pelo estágioem
Clínica Cirúrgica.
Neste estágio tive a oportunidade de trabalhar
com
indivíduos ostomizados,percebendo a necessidade de cuidados que estes pacientes apresentam desde a
confnmação do
diagnóstico,quando
parao
indivíduo éum
choque
a constatação deque
ele possuiuma
doença
gravecomo
o câncer, por exemplo,que
ainda causapavor nas pessoas, aliada ao fato
que
em
razão desta patologia, necessitará0
desvioequipamentos específicos.
Em
conversas informais,pude
perceber a necessidadede haver profissionais preparados para trabalhar nesta área e a importância de
manifestar ajuda e
boa
vontade 'a estes clientes. Para assisti-lo, deve-se ter acapacidade de
compreender
os períodos de adaptação que este indivíduo passa edurante estes períodos, fazer
com
que
seja possívelo
aprendizado deforma
horizontal, entre cliente e enfermeiro(a).
É
preciso assegurar ao cliente ostomizadoque
ele teráuma
vidacomplemente normal
e para isso, ensiná-lo a cuidar de simesmo
éo
primeiro passo (Gill, s/d).No
período pré-operatório, vi a necessidadeque
o indivíduo apresentaem
terinformações acerca
do que
é ecomo
é feitauma
ostomia. Este preparo éimportante, pois o cliente sofre perda corporal tanto
no
aspecto fisioo quanto nassuas funções.
Todas
estas transformaçõesque
necessitam deuma
readaptação,tanto
no
que diz respeito à elemesmo
quanto aos outros, trazem consigoemoções
muito fortes,
como
anegação
dos eventos quevem
ocorrendo, passando pelatransferência
do problema
a outros, atéo
momento
da
aceitação danova
condiçãoexistencial.
Após
esta estadia a nível hospitalar, o indivíduo deve voltar ao seu cotidiano,seu trabalho/escola e ao convívio
com
outras pessoas. Nestemomento,
a cargaemocional acaba direcionando-se a este convívio e causando conflitos
no
próprioindivíduo. Para esta volta ao
"mundo
real", o indivíduo deve e precisa exercitarseu auto-cuidado, transformando-se
novamente
em
um
ser independente e “capazde levar
uma
vidacompletamente
normal, respeitando suas limitações”,conforme
Norma
N.
Gill (sld) Michael P. Kelly (1985),que
vivenciaramcomo
indivíduos ostomizados e
descrevem
em
seus estudos.Observando
estas limitações e barreiras aserem
transpostas, é relevantelembrar a importância
do
apoio a indivíduos ostomizados.A
familia, os amigos,pessoas próximas e a
enfermagem
ocupam
um
importante papelna
adaptação destesindivíduos ao seu
novo
modo
de vida.A
participação extra-hospitalarem
grupos eassociações de auto-ajuda e a certeza de ter
um
serviço competente e de fácil acessode
poder
contaralém
do
apoio emocionaldado
pela familia,com
o apoio técnico eespecializado oferecido
por
enfermeiros(as) e outros profissionaisna
áreada
saúde.Levando
todos estes aspectosem
conta,quando
se observaum
indivíduoostomizado e percebendo
quão
importante é o trabalho do(a) enfermeiro(a),ficou
mais
fácil despertarmeu
interesse para a assistência a estes clientes.Meu
interesse por este tipo de cliente,começou
com
o
contato direto que tivecom
elesna IVa Unidade
Curriculardo Curso
deGraduação
em
Enfermagem
eacentuou-se
quando do
contatocom uma
pessoa que trabalha diretamentecom
indivíduos ostomizados e profissionais da saúde, representando
uma
empresa
deequipamentos.
Para desenvolver este trabalho, procurei
uma
teoriaque
auxiliasseno
alcancede
meus
objetivos e que abordasse conceitosque
subsidiassem-me para o direcionamentodo
cuidado. Resolvi, então, pela Teoria do Auto-cuidado deDorothea
E.Orem,
compartilhandocom
ela a visão deque
o indivíduo necessita deaprendizagem
para desenvolver o auto-cuidado.Como
Orem
não
desenvolveum
conceito sobre educação, procurei conciliar sua teoria
com
os estudos pedagógicosde Paulo Freire, já que
o
auto-cuidado deve ser aprendido eum
demeus
objetivosera auxiliar e apoiar este aprendizado. Para Freire a aprendizagem deve ser feita de
forma
participativa,onde
educador eeducando
trocam conhecimentos.No
casodo
cliente alvo deste estudo, 0 cliente ostomizado, deve aprender e praticar o auto-
cuidado, sendo assim co-responsabilizado pela sua melhora.
O
indivíduoostomizado precisa adaptar-se
novamente
ao seu cotidiano e para isso, aprender a lidarcom
a sua ostomia ecom
todos os conceitosque
a sociedadeimpõe
aosindivíduos, que dela
fazem
parte.O
meio-ambienteonde
nos encontramos,acadêmica
e cliente, foiprimeiramente a nível hospitalar,
mais
precisamenteno
Hospital Universitário(HU),
na
Clínica Cirúrgica ll, estendendo-se ao Centro Cirúrgico.A
nivel arnbulatorial,na
Policlínica de Referência Regional,no Programa
de Assistência aoOstomizado
(PAO)
eno
Grupo
de Vivência.Já que o meio-ambiente sofre e realiza influência
na
vida e neste caso,no
processo saúde-doença
do
indivíduo, é importanteacompanha-lo
duranteo
processohospitalar e
na
sua reintegração à sociedade .Usando
todos estes passos,pude
alcançar o objetivo geralque
éo
de assistiro
indivíduo ostomizado, durante seu processo hospitalar e ambulatorial, visandoinserir
em
seu cotidiano a execuçãodo
auto-cuidadocom
a participação do(a)enferrneiro(a)
na
educaçãoem
saúde.Tendo
o indivíduo ostomizado e a educaçãoem
saúde para o alcancedo
auto-cuidado
como
meta
principal, posso citarcomo
objetivos especificos:Objetivo 1
-
Reconhecer
omeio
ambienteaonde
está inserido o indivíduoostomjzado;
Objetivo
2
-
Revisar as bibliografias existentes sobre o assunto, relacionando-as
com
a realidadedo
meio
ambienteem
que se realizará o estudo;Objetivo
3 -
Aprofimdar
estudos sobre a teoria deenfennagem
utilizadano
relatório;
Objetivo
4
-
Promover
a troca de conhecimentos entre cliente/estudante, anível hospitalar e ambulatorial, através do processo de educação
em
saúde;Objetivo
5 -
Aplicar,na
íntegra, o processo deenfermagem, no
períodospré, trans e pós-operatório, incluindo nesta fase o período ambulatorial;
Objetivo
6
-
Apresentar estudos de casos de três clientes à orientadora/supervisora e interessados;
Objetivo
7
~
Desenvolver habilidades técnicascom
clientesem
outrassituações de saúde-doença;
Objetivo
8 ~
Participar das reuniõesna
Policlínica, dosGrupos
de Vivência.Este relatório diz respeito ao trabalho de conclusão
da
VIIIUnidade
Curricular do
Curso
deGraduação
em
Enfermagem,
daUFSC
(Universidademais a construção
do
relatório, tudo isso dentro da disciplinaEnfermagem
Assistencial Aplicada.
Se
poderá ternoção do
que ocorreu durante os estágios,como
foiminha
interação
com
clientes e equipe de saúde deambos
oscampos
de estágio(U
IC
II ePAO),
como
conduzi os objetivos a que haviame
proposto. Apresentouma
discussão de
como
pude
chegar ao alcance destes objetivos, deforma
sucinta,sempre
relacionando teoria e prática e procurando abstrair-me deforma
a exercitarum
pensamento
reflexivo visando a formação profissional.Além
dos objetivospropostos, faço alusão à atividades
não programadas
e queforam
desenvolvidas,tendo relação direta ao indivíduo alvo deste trabalho.
Consta,
também,
de considerações finais, avaliandomeu
desempenho
durante
o
período de trabalho e, de bibliografias utilizadas paraque
se tivesseum
É
evido aum
novo
estilo de vida causado por rupturascom
o meio
social e
com
as relacóes interpessoais,o
indivíduo portador deuma
condição crônica de saúde, e aqui entra o indivíduo
em
destaque deste relatório, oindividuo ostomizado, apresenta suas relações sociais modificadas, muitas vezes,
pelo estigma e visão
que
a sociedadetem
em
relação a ele. Estanova
visão poderárepercutir
em
sua vida e relacionamentocom
amigos, familiares,no
trabalho eno
convívio associativo (Martins, et al, 1995).
Esta
nova
visãoque
a sociedadetem
e queo
próprio indivíduotem
de simesmo,
vem
devido ao fato da pessoa ostomizada ter que lidarcom
um
novo
aspecto nas eliminações corporais.
Os
excrementos são eliminadosdo
corpoatravés de
um
orificio situadona
parede abdominal,chamado
ostoma
ou
ostomia.A
palavra ostomia deriva-sedo
grego"stomoum",
significando aberturaou
boca. Cirurgias ostômicas são realizadas
há
longo tempo, podendo-se constatá-lasdesde
350
a.C., registradosna
Bíbliaonde
dizia (Juízes 3-21/25) "... eAod
estendendo sua
mão
tirouuma
adaga e lha cravouno
ventre (de Eglon, reide
Moab)
com
tanta força que os copos entraramcom
a folha pela ferida e logo osexcrementos
do
ventre surgiram pela ferida"(Crema
e Silva et al, 1997. p. 15).As
cirurgias para realizarum
"ânus artificial", segimdo Zampieri e Jatobá(1997),
podem
seruma
das operaçõesmais
antigas e suaorigem
se perdenos
cirurgias ostomicas
em
soldadoscom
ferimentos intestinais.Em
1710
começam
aaparecer registros
médicos
sobre colostomias,onde
Littréexaminando
um
recém-nascido
morto
com
imperfuração anal, observou que “o reto estava divididoem
duas porções,
ambas
fechadas, separadas porum
tecidocom
cerca deuma
polegadade espessura e
que o segmento
proximal apresentava-se cheio demecônio
e a distalvazio". Surge, então, a possibilidade de realização de cecostomia, posta
em
práticapor Pillore
em
1776.Daí
por diante,novas
técnicasna
realização de ostomiasforam
testadas eaprimoradas. Este tipo de técnica cirúrgica é realizada por
uma
variedade demotivos, entre eles, desviar o trânsito intestinal devido a obstrução, para proteger
suturas/anastomoses
ou
desviar o trânsito de segmentos distais comprometidos,em
pacientes incontinentes, falta de condições para realizar anastomose, criar "neo-
âuus"
em
amputações
ecomo
técnica cirúrgica de abaixamento(Crema
e Silva et al,1997). Para Ortiz et al (1994),
além
destes motivos, existem certas patologiasque
com
freqüêncialevam
auma
técnica cirúrgica de ostomia,que
são os cânceres decólon e reto (que são as patologias
mais
freqüentes), doenças deCröhm, doença
diveiticular, perfurações infecciosas, traumatismos pélvicos, retocolite ulcerativa
inespecífica, polipose adenomatosa, entre outras.
De
acordocom
Martins Júnior eRocha
(1997) as ostomiaspodem
serrealizadas
em
quaisquer partesdo
intestino delgadoou do
intestino grosso, levandoo
nome
do
localem
que
é realizada.As
maiscomuns
são as colostomias, que sedefinem
com
a exteriolizaçãodo
cólon atravésda
parede abdominal, criandouma
nova
saída para as fezes (efluente).As
colostomiaspodem
ser definitivas, ocorridasmais
freqüentemente entre a63
e 7a décadas de vida,onde
comumente
o efluente épastoso
ou
sólido,ou
podem
ser temporárias, realizadas para resolver fases agudasde patologias, proteger anastomoses,,
medidas
paliativas, entre outros.O
efluente élíquido
no
pós-operatório, tornando-se sólidocom
o tempo.Os
demais
locaisonde
se realizam os
ostomas
sãoo
íleo (ileostomia), quepodem
ser definitivasou
temporárias
como
as colostomias, e o ceco (cecostomia)que pode
fechar-seespontaneamente após a retirada da sonda; tal qual as cecostomias, as jejunostomias
depende
dos aspectos patológicos anteriormente citados eda
anatomia, a qualfaremos
uma
breve revisão.Segundo
Martins Júnior, et al (1997),o
aparelho digestivo inicia-sena
boca
etem
seu términona
região anal.O
intestino está divididoem
duas partes, intestinodelgado e intestino grosso.
O
intestino delgado situa-se entre oestômago
e ointestino grosso, dividindo-se
em
três partes: duodeno, jejuno e íleo.O
duodeno
tem
comprimento
médio
de26
cm
(vinte e seis centímetro) e contorna a cabeçado
pâncreasem
forma
de"U" ou
"V“.É
a primeira áreado
intestino delgadoque
recebeo
conteúdo ácido-gástrico conferindo a esta região, grande capacidade deabsorção.
O
jejuno eo
íleo apresentam várias diferenças de anatomia e fisiologia,mas
algumas
caracteristicasconferem
a eles aspectos deum
único órgão.As
alçasjejunais e íleais,
tem
calibreaproximado
de 2cm
eum
comprimento
médio
de 7m.
A
principal funçãodo
intestino delgado é o de continuaro
processo digestivo atéque
os alimentostenham
condições deserem
absorvidos. Para facilitar o processoda
digestão, o intestino iniciamovimentos
de propulsão que facilitam a misturado
quimo
com
os sucos intestinais.O
intestino grossotem
um
comprimento
quepode
variar de 120 a 150 cm, dividido
em
três porções distintas: abdominal, pélvica epcrineal.
No
abdomem
divide-se,ou
seja,tem
comprimento
de 8 a 10 centimetros;cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente e sigmóide.
Na
porçãopélvica localiza-se o reto
com
extensão de 13 a 15 centímetros. por final, existe ocanal anal
com
cerca de 3 centímetros de extensãoque
é de grande importânciano
mecanismo
de continência.O
conteúdo que chegado
ileo para o intestinogrosso é absorvido e este funciona
como
reservatório de material fecal.O
cecorecebe de
800
a 1.000ml
de liquido diariamente, sendo que deste total,150
ml
sãoeliminados nas fezes.
A
eliminação destas fezes só será realizada após os produtosda
alimentação percorrerem todo o trânsito intestinal.Mas
em
algumas
situaçõespatológicas
ou
por deficiências congênitas,há que
se realizar cirurgia para o desviodeste trânsito, cirurgia a qual
chamamos
de ostomias.Existe
um
outro lado nas cirurgias ostomaisque não
sepode
ver, tocarou
medir. Este lado, quase
sempre
é tratadocomo
senão
fosse de responsabilidade dossentimento: é
o
lado emocional. "Acirurgiaque conduz
a confecção deum
ostoma,produz
mudanças
na
imagem
corporal da pessoaque
irá influenciá-laem
váriosaspectos de sua vida futura"
(Crema
e Silva et al, 1997, p. 195).O
individuocombina
a sua patologiacom
a cirurgia, oque
ocasionauma
avalanche deemoções
as quais este
mesmo
individuonão
estava acostumado.No
casodo
cliente portadorde câncer, que ainda é
uma
patologia que apresentaum
grande tabu econforme
estudos realizados
por
Alterescu (1987),onde
constatouque
a razãomais
comum
para
a
realização de ostomias são os carcinomas.O
conhecimento de ser portador de câncer causaum
grande impacto,mas
a depressão é identificada peloestabelecimento
da
colostomia" (Wirsclringapud
Crema
e Silva et al,1997
p. 195).Na
verdade, o indivíduo ostomizado sofre muitocom
amudança
do
seu corpo.As
mudanças
ocorrem
devidoa
mutilação corporal,a
perda de controle sobrea
continência intestinal, a possível disfunção sexual, alteração
da
imagem
corporal eauto-estima.
Em
bibliografias sobre ostomias,não
se encontrauma
visãodo
corpo edo
que
vem
a ser saúde-doença,somente
como
algopuramente
social,mas como
um
assunto
que
engloba grande carga emocional e afetiva (Santos, 1996).Na
sociedadeatual, incluindo nesta sociedade os serviços e profissionais de saúde, 0 corpo é visto
como
algoque
deve apresentar beleza, saúde enão
apresentar imperfeições,"anorrnalidades". Santos (1996), acredita que a
imagem
corporaltem
algunsaspectos principais,
como
ver, sentir e percebero
próprio corpo."A
imagem
corporal é a
figura
mentalou
a percepçãoque alguém
fazou
tem
de seu corpo "(Schilder .apud Santos, 1996);
ou
paraGauiron apud
Santos, 1996, "éuma
experiência individual, subjetiva, que é dinâmica e sujeita a influências
do
crescimento e desenvolvimento,
do
ambiente eda
sociedade". ParaNovaes
(1975)"o corpo é
uma
experiência psicológica, focalizada nos sentimentos e atitudesdo
indivíduo
com
o próprio corpo influenciando e sendo influenciado pela auto-percepção e relações
com
omundo
externo".Segundo
Santos (1996), o indivíduocomeça
a perceber o seu corpoquando
ainda é
um
recém- nascido. Neste periodo, o indivíduo percebe seu corpocomo
a perceber partes
do
seu corpo,como
as mãos, pés, cabeça...Com
o passardo
tempo, percebe volume, espaço e extensãoque
seu corpo ocupa. Durante suaparticipação social
começa
a adquirir trejeitos, gestos, postura de outras pessoasou
seja,
começa
a incorporar "partes" dos corpos dos indivíduoscom
quem
eleconvive.
Na
fase adultada
vida deum
indivíduo, elecomeça
a organizar suaimagem
corporal através de sentimentos e denovas
experiênciascomo
traumas,seqüelas, doenças. Isso quer dizer
que
aimagem
corporalnão
é estática e estásujeita a mudanças. -
A
imagem
corporal varia de acordocom
as classes sociais.Conforme
Santos(1996), nas classes baixas,
o
corpo é vistocomo
"máquina"ou
seja, o indivíduodeve ser forte para poder trabalhar, produzir.
Conforme
eleva-se a classe social, avisão de corpo saudável
muda. Começa-se
a dar valor a beleza e a força fisica, aocorpo "malhado".
Mas
há
algum tempo vêm-se
percebendo a disseminaçãoda
beleza corporal entre as classes mais baixas.
A
mídia apregoaque
o corpo bonitoé o corpo "malhado", saudável, forte.
Os
corpos diferentes,com
alguma
anormalidade
tomam-se
intoleráveis e inúteis.O
indivíduoque
apresentaalgum
desvio desta
imagem
ideal projetada pela sociedade, é conhecidocomo
individuodesviante,
que
paraRocha
apud
Santos 1996, é "aquele quenão
está fora de suacultura,
mas
fazuma
leitura divergente, estando sóou
compondo
uma
minoria".Então
o tal "indivíduo desviante"que não
corresponde aos padrões sociais acabaadquirindo sentimentos de inadequação e discriminação, criando o estigma. Vê-se
que
o portador do estigma, seja por crença, condição tribal (raça, cor, nação...) ,desvio de caráter, acaba sendo responsabilizado pelo seu "defeito" , pela sua
"anormalidade",
O
estigma toma-se tão forte,que
o indivíduo passanão mais
a serconhecido pela sua identidade, seu
nome,
mas
passa a ser conhecido pelo seu"defeito".
Os
indivíduos ostomizadospassam
a ser conhecidosnão
por sero
Sr/Sra..Fulano
de Tal,mas
por
ohomem/mulher
ostomizados, tanto para a sociedadeem
geral
como
para os profissionais da saúde.Quando
este algo, este "diferente" passa a ser percebido pelo outro,o
indivíduo passa a sentir e ter sua privacidade invadida, apresentando assim,
e aceitar o estigma. (Santos, 1996). Para o indivíduo ostomizado, esta constatação
do
"diferente"também
se faz através da bolsa de ostomia e pela sua incontinênciaintestinal.
Segundo
Santosapud Sada
(1997, p. 15) "a bolsa que levao
indivíduo'normal' a tornar-se ostomizado, passa a ser
uma
extensãocom
omundo,
aosubstituir provisoriamente
ou
definitivamente o seu aparelho esfmcteriano".Durante o processo entre 0 diagnóstico e a cirurgia para a realização
do
ostoma, o indivíduo passa por seis períodos de ajustamento, de adaptação,O
primeiro
momento
éo da
negação(Não
eul).O
segundo
é a cólera (Porque eu'?)Logo
após, o terceiromomento
é o de revisar as relações (Talvez eu...), 0 quarto,afirmação de
mudanças,
resolução (Sim, eu).O
indivíduo então, passa paraum
quinto
momento
que é de incorporação dasmudanças
no
seu estilo de vida(O
novo
eu) e o último e sexto
momento,
éo da
aceitação e adaptação, de viveruma
vidasatisfatória (Shipes, 1987). Este viver satisfatoriamente,
ou
seja, a qualidade devida,
tem
sido galgado pela nossa sociedade oriental,segrmdo
Hashimoto, et al(1996), desde o fun
da
IIGrande
Guerra.Mas
os indivíduos ostomizadosdesenvolvem
alterações as quaisinfluenciam
na
qualidade de vida. Para a satisfaçãode viver destes indivíduos, é necessário que eles se
tomem
novamente
independentes através
do
auto-cuidado eda
relação de ensino-aprendizagemtrocados entre cliente e enfern1eiro(a). Para isto é necessário
que
aenfermagem
observe o indivíduo
como
um
todo, deforma
holística.No
início da realização de cirurgias ostomais,pouco
se fazia parao
controledestas ostomias e
além
disso, aenfermagem não
linha contatocom
indivíduosostomizados.
A
parteda
enfermagem
que a
tinha,não
conseguia visualizá-lo deurna
fomra mais
holística.Começaram
a levar então, alguns clientesrecém
cirurgiados aos hospitais para que orientassem aqueles que se
submeteriam
àcirurgia (Shipes, 1987). Percebeu~se
quão
importante seria prestar ensino a estaspessoas que cuidaram diretamente dos indivíduos ostomizados. Para Gill (s/d), que
além
de ser a primeira estomaterapeutatambém
possuiuma
ostomia, é importanteassegurar através da prática e ensino
do
auto-cuidado, que os indivíduosostomizados terão
uma
vida normal. Enfatizando o queNorma
Gillexpõem,
outrodificuldades
em
lidarcom
o desconhecido e a importância de aprender a cuidar de simesmo.
Entra então o processo de ensinoem
saúde.Segundo
Martins (1995)o
ensino foi implantado desde a civilização greco-romana, tendo influência
no
atual sistema de ensino.A
educação utilizada desde aquelaépoca
enos
atuais sistemas de ensino, é a educação tradicional,ou
seja,onde
o professor é o detentor de todas as sabedorias e o aluno, o educando, é o depósito
de todos este saber.
Alguns
autores secontrapõem
a este tipo de educação, sendoum
deles Freire. Freire (1980)apud
Martins (1995)propõe que
“oeducando
tenhaliberdade de pensamento, liberdade de ação, liberdade de decisão, e ele, 0
educando, participe de todo o seu processo de aprendizado”. Para Freire ( 1980) e
(1980 b) e Saviani (1991)
apud
Martins (1995) a educaçãotem
como
ponto departida a prática social,
que
parte deuma
realidade concreta.Na
educaçãoem
enfermagem, Saupe
apud
Martins (1995) diz que, paraque
o enfermeiro se desenvolva
no
seu intelecto é precisoque
ele sejaum
ser pensante,critico, perceptivo, criativo, investigativo, que
busque
e compartilhe soluções.Que
tenha conhecimentos cientificos através
da
realidade dos sistemas de saúde eda
realidade
onde
esta saúde está inserida. ParaNascimento
eRezende apud
Martins( 1995) p. 13, a educação
em
enfermagem
é o "carninho para a práxis através deuma
proposta de educação participativa.
Como
compromisso
solidário, elepressupõem
a troca e o intercâmbio de experiências,
não
anulando o saber técniconem
subestinrando o saber popular".
As
ações da educaçãoem
enfermagem
começam
no
dia a dia,no
cotidianodo
indivíduo, permitindoreflexão
da realidade vivenciadano
momento,
do
sujeitocom
0 profissional, procurando ver e analisar a realidade deforma
diferente.A
educação
em
saúdepode
ser individualou
em
grupo, sendoque
os indivíduosno
grupo participam de
um
objetivocomum.
Na
educação dirigida aos indivíduosostomizados, os grupos são muito importantes, pois os indivíduos
podem
trocarexperiências, expor suas idéias e procurar ultrapassar seus lirnites (Martins, 1995).
"Enfermeiras informadas, assertivas,
que
avaliam a complexidade de adaptação àterapêutica,
aumentam
o
potencial de reabilitação de todos os seus pacientes" (Shipes, 1987).Quando
um
individuo sofreum
acidente, seu restabelecimentodepende
imensamente
decomo
ele entenderá estamudança
ocorridaem
sua vida ecomo
estamudança
irá afetar seumodo
de vida."Os
pacientes ostomizados precisamespecialmente ser assegurados que
podem
'levaruma
vida normal. Ensina-los acuidar de si
mesmo
éo
primeiro passo" (Gill s/d). Este cuidar de sipode
seraprendido e
pode
ser auxiliado.O
auto-cuidado faz partedo
processo de tomar-seindependente, afinal, o ser
humano
é capaz e deve exercer o ato de decidir, aprendere ensinar. Para Gill (s/d) "o
medo
denão
obteruma
resposta,pode
ser omaior
obstáculo para a reabilitação, que visa ensinar ao paciente a viver tão intensamente
I! quanto lhe permite sua
nova
condição .Após
o
período hospitalar,onde
o indivíduo passa pelo preparo pré-cirúrgico, a cirurgia
em
si e reabilitação, tentando engajar-seno
seunovo
estilo devida, ele terá que retomar a sua vida anterior, terá
que
retornar ao conviviocom
asociedade. Para esse retorno lento
do
indivíduo ostomizado à sociedade, ele contacom
apoio principalmente, dos familiares,amigos
e pessoas mais próximas.Com
isso, foi observado
“no
individuo a utilização de grandenúmero
de estrategias deenfrentamento,
que pode
ser atribuido ao suporte social, seja ele proveniente defamiliares, de profissionais de saúde
ou
de grupos de auto-ajuda” (Vieira, 1991. p.30).
Durante o periodo de readaptação à sociedade, pode-se notar
comportamentos
interessantes e impoitantesnos
indivíduos ostomizados, que são,segundo
Vieira (1991), apoio dos familiares eamigos no
que diz respeito àreadaptação à sociedade, "nojo"
da
ostomia, ajuda deum
familiar para usar osequipamentos, impotência sexual e disfunções grastrointestinais.
I-Iirsh
apud
Shipes (1987) relataque
existem quatro áreas atingidasno
indivíduo ostomizado. Primeiro o fato da ostomia afetar, atingir 0 seu "eu" fisico,
psicológico e
o
"eu" social, à curto,médio
e a longo prazo.A
segunda
área é arelacionamentos. Terceiro, é a farnília:
compreensão
familiar, cultural ecomunitária que
levam
aum
impacto profundo sobre o indivíduo c por quarta eúltima área, é o trabalho/escola,
onde o
contato pessoa a pessoa é feito, sendoque
estas pessoas
não
estão à pardo que
éum
ostomia.Devido
ao receio de detecçãodo
odorou
ruídos, o indivíduo acaba por se afastardo
contato de outros indivíduos.O
indivíduo ostomizado,como
qualquer indivíduocom uma
patologiacrônica, apresenta a necessidade da presença familiar, pois este indivíduo adaptar-
se-á melhor,
quando
membros
da família são incluídosno
ensino eno
cuidado.O
estudo de
Kobza
apud
Shipes (1987) diz que as famílias relatam a falta deinformação e apoio. Para isso são necessários serviços estruturados e eficientes e de
fácil acesso
no
período pós-hospitalar.É
preciso salientar a importância deorganizações de auto-ajuda, reuniões
em
grupo e atendimento ambulatorial. Estesserviços
dão
aos indivíduos ostomizados a oportunidade de encontrar pessoascom
os
mesmos
problemas, asmesmas
dificuldades, que utilizam suas experiências devida para ajudar outras pessoas a lidar
com
oostoma
e vencer os obstáculosda
doença.
No
estado de Santa Catarinapodemos
destacar o trabalhoda
AssociaçãoCatarinense dos
Ostomizados (ACO),
fundadaem
1984.Antes
da existênciada
ACO,
os indivíduos ostomizadoseram
orientados porum
programa
geral deassistência
no
extintoINPS
(Instituto Nacional de Previdência Social).O
programa
era
chamado
Programa
de Assistência Domiciliar(PAD)
onde
o indivíduo que eraatendido
não
poderia deslocar-se de sua residência para irem
busca de orientações.Começaram
a restringir o atendimento domiciliar devido a falta de verba,por
deslocar funcionários e despender tempo, a indivíduos
acamados
e impossibilitadosde procurar os serviços de apoio, o que
não
é o casodo
indivíduo ostomizado.Sentiu-se então, a necessidade de haver
uma
estruturade
apoio ao indivíduoostomizado e criou-se então a
ACO
eum
Grupo
de Apoio
aoOstomizado
(GAO),
formado
por profissionaisda
saúde engajadoscom
a questãodo
"estar ostomizado".Como
o
equipamento utilizado pelos indivíduos é de alto custo, os associadoscompravarn
plástico e adesivo para confeccionar seus equipamentosque
eram
divulgar e atender
um
maior
número
de pessoasna
mesma
situação,ou
seja,que
apresentavam
uma
ostomia. 'A
luta teveum
periodo de quatro anos,aproximadamente, até
que
se conseguiu a organizaçãodo Programa
de Assistênciaao
Ostomizado
(PAO)
fundada
no
ano
de 1988.Desde
então,vem-se
fazendo esforços para se terum
serviço de qualidade eque
possa abranger cada vez mais,um
maiornúmero
de indivíduos.São
prestadosapoio técnico e psicológico por profissionais da saúde e pelos próprios indivíduos
ostomizados,
com
suas trocas de experiências. Durante estetempo
de existênciado
PAO,
foram
feitas expansõesno
cuidado ao indivíduo ostomizado,com
a criaçãodos núcleos regionais,
que
hoje sãoem
número
de dezoito.Cada
núcleo possuiuma
área de abrangência para os atendimentos e distribuição de equipamentos.
Também
de grande importânciaforam
os Seminários realizados para a integraçãoe troca
de
experiências e idéias entre as Regionais.No
ano de 1994, aACO
visitou de 75 a80%
das Regionais para aconstatação da realidade
em
outras cidades.Em
1995, realizou-seo
10 Semináriode Intercomimicação de Pacientes
Ostomizados
com
participação de doisrepresentantes de cada Regional.
O
110 Seminário foi realizadoem
quatro grandesregiões: Joaçaba,
Rio
do
Sul, Joinville e Araranguá. O1II° Seminário foi realizadoem
novembro
de 1997, Florianópolis,com
um
eventomais
divulgado,onde
poderiam
participar os indivíduosque
fizessem
suas inscrições, sendo que assim sepoderia contemplar
um
maior
número
de pessoas atingidas.Em
estudos realizadosna
cidade de Florianópolisem
1996
por profissionaisda saúde
que atuam
com
os indivíduos ostomizados, pôde-se efetuarum
levantamento
da
situação destes pacientesno
Estado de Santa Catarina.No
estado,existem
aproximadamente 700
pacientes, sendoque
deste total,48,7%
sãodo
sexomasculino e
51,3%
do
sexo feminino. Destes pacientes apenas44,99%
participamem
grupo de crônicos e os outros55,01%
não
participam. Pode-se perceberque
aparticipação
em
grupos é pequena,mesmo
sabendoque
o apoio de pessoascom
aPor isso é importante salientar o quanto é válido para o processo de educação
em
saúde dentro do hospital fazendocom
que
o paciente participe de sua recuperação e tome-se independente paraum
retomo
tranqüilo à sociedade.No
âmbito extra-hospitalar, a nível anrbulatorial o indivíduo
que
teveuma
boa
troca de informações e experiências dentrodo
hospital, poderá engajar-seem
grupos deauto-ajuda, contribuindo para solucionar eventuais dúvidas de indivíduos
na
mesma
situação.
Para Izzo
apud
Santos, 1996, "... o corpoque
somos,depende
decomplexas
ligações entre o eu e o
mundo
socialO
contato corporal (visual, tátil, palavra)funciona
como
que para confirmar a presençado
serhumano
e da aceitação deste,3
-
DESENVOLVENDO
O
MARCO
CONCEITUAL
I
Êma
que
a prática deenfermagem
seja realizada deforma
organizada eesteja guiada por
uma
metodologia científica, faz-se necessário aescolha de
uma
teoria, desenvolvendo assim,uma
enfermagem
eficaz, procurandoobservar e auxiliar nas necessidades
do
paciente, sejam elas físicas, emocionaisou
psico-sociais.
i
No
que diz respeito àmarco
conceitual, destacam-se Stevens (1979) eNeuman
(1982)apud
Kamers
eRamos
(1997, p. 20)onde dizem que
marco
conceitual é "o conjunto de definições e conceitos inter-relacionados
com
o objetivode apresentar maneiras globais de perceber
um
fenômeno
e de guiar a prática demodo
abrangente".Souza
(1984)apud
Martins (1995, p. 37) enfatiza que, "para construirmarcos
conceituais,
o
enfermeiropode
utilizar dedutivamente conhecimentos gerais e deoutras ciências
ou
partir indutivamente da prática profissionalno
sentido deconstruir explicações sobre o
homem,
saúde e a natureza da enfermagem".Então, neste trabalho, os conceitos e defmições estão baseados
na
Teoria deEnfermagem
de Dorothea E.Orem,
a Teoriado
Auto-cuidado e nos estudos sobreeducação, desenvolvidos por Paulo Freire.
Dorothea E.
Orem
iniciou seus estudosna
área deenfermagem na
Escola deEnfermagem
do
Providence Hospital,em
Washington,EUA,
e os concluiuno
inícioem
1959.Na
terceira ediçãoda
sua teoria,Orem
apresentou a teoria geral deenfermagem, formada
por três constiutosque
são: Teoriado
Auto-cuidado, Teoriadas Deficiências
do
Auto-cuidado e a Teoria dos Sistemas deEnfermagem
(George,1993).
George
(1993)apud Quadros
(1997, p. 28) dizque
a teoria deenfermagem
de
Orem
baseadanos
três constmtos ébem
definida."O
construtodo
auto-cuidadodivide-se nos três requisitos de auto-cuidados: Auto-cuidado Universal, Auto-
cuidado de
Desenvolvimento
e Auto-cuidado que se desviada
saúde.O
construtoda deficiência
do
auto-cuidado é a essênciada
teoria geral deenfermagem
deOrem,
porque ele identifica
quando há
necessidadeda
assistência deenfermagem.
O
construto dos sistemas de
enfermagem
divide-senos
sistemas deenfermagem
totalmente compensatório, parcialmente compensatório e de apoio/educação".
3.1 -
PREssUi_>osTos
DA
TEo1uA
DE
EN1‹¬ERMAGEM
DE
DoRoTn:EA
E. 01rE1\r'\APU1,›'DU1›As
ET
AL
(1994).-‹
>
“Os
sereshumanos
requerem
continuidade de informações para simesmo
e seu ambiente a
fim
depermanecerem
vivos.)>
Ação
humana,
ou
poder de agir deliberadamente é exercitadona forma
decuidados consigo
mesmo
ecom
os outros nas necessidades identificadas.>
Os
enfermeiros são caracterizados por seus conhecimentos deenfermagem
e sua capacidade de usar este conhecimento e habilidade especializadas para exercer
a
enfermagem
para outrosnuma
variedade de situações.>
Auto-cuidado requer auto-administração.>
O
auto-cuidadocomo
uma
forma
de auto-regulação é necessario para avida
em
si, para a saúde, para o desenvolvimentohumano
e parao
bem
estar geral.>
O
auto-cuidado e os cuidados aosmembros
da
família são aprendidosno
>
Alguns
requisitos para o auto-cuidado sãocomuns
à todos os - sereshumanos;
outros são específicos dos estados de saúde dos indivíduos.>
Todo
serhumano
tem o
potencial para desenvolver suas habilidadesintelectuais e práticas e a motivação essencial para
o
auto-cuidado e os cuidados demembros
dependentes.)>
Os
pacientestem
requisitos de auto-cuidado projetados e existentes.>
Enfenneiros e pacientesagem
jimtos para atribuir os papéis de cadaum
na
produção de cuidados e
na
regulação das capacidades de cuidados dos pacientes.>
Os
sistemas deenfennagem
são constituídos pelas ações das enfermeiras edos pacientes
que
regulam a capacidade de auto-cuidadodo
paciente ao encontro desuas necessidades.
>
A
enfermagem
éuma-forma complexa
de ação deliberada, executadas pelaenfermeira durante
algum
tempo
por causa de outros”.Tendo
como
base os pressupostos deOrem,
acredito que:>
O
serhumano
é capaz de tornar-se participativono
que diz respeito ao seuprocesso saúde-doença
promovendo
o seubem
estar;>
O
individuo ostomizado deve ser responsabilizado, juntamentecom
osprofissionais
da
saúde, pela evoluçãodo
seu quadro patológico;>
O
auto-cuidado deve ser exercitado pelos individuo ostomizados, paraque
o seu retorno à sociedade seja
mais
fácil, devido a apresentação deum
certo grau de independência;>
O(a) enfermeiro(a) deverá apresentar certo conhecimento sobreo
"estarostomizado" para entender os períodos de adaptação pelos quais este cliente passa;
>
O
serhumano
é passível demudanças
e adaptações àsnovas
situaçõesexistenciais e ao seu meio-ambiente;
>
A
educaçãoem
saúde é fundamental para a troca de informações entreenfermeiro(a) e cliente levando
em
conta os aspectos técnicos-científicossem
desprezar
o
conhecimento popular;F»
É
de vital importância o apoio de familiares,amigos
e equipe de saúdepara a evolução
do
quadro clínicodo
paciente.3.2 -
TEORIA
DE
DOROTHEA
E.OREM
3.2.1 -
TEORIA
D0
AUTO-CUIDADO
'É
a teoriaque
engloba o auto-cuidado, a atividade de auto-cuidado e aexigência terapêutica de auto-cuidado
como também
os requisitos para 0 auto-cuidado.
O
autocuidado são as atividades exercidas pelo individuo e para elemesmo,
promovendo
saúde ebem
estar.Para o indivíduo engajar-se ao auto-cuidado são necessárias as atividades de
auto-cuidado, influenciadas pela idade, experiências, desenvolvimentos, entre
outras.
Orem
apresenta três requisitos, exigências para o auto-cuidado que são:>
Requisitos universaispara
0 autmcuidado:Peitinentes a todos os seres
humanos
e associados amanutenção
vital efuncionamento bio-psíco-emocional (ar, água, alimento, eliminação e excreção,
atividade e descanso, solidão e interação social e fimcionamento e
bem
estarhumano).
>> Requisitos desenvolvimentais
para
0
auto-cuidado:São
as modificações e adaptaçõesque
sofremos durante nosso desenvolvimento e ciclo vital.>
Requisitospor
desvio de saúde.'Aqueles
exigidosquando do
aparecimento de patologias, diagnósticomédico.
Nesta
teoria,Orem
explica oque
ela quer dizercom
auto-cuidado e oque
implica
em
realiza-lo.3.2.2 -
'moura
no
1›Én‹:1TDE
AUTO-CUIDADO
É
a essência vitalda
Teoria de Dorothea E.Orem,
jáque
delineia as açõesda
enfermagem.
A
enfermagem
faz-se presenteno
momento
que
o indivíduonão
écapaz de exercer seu auto-cuidado ou,
quando
o individuo precisa incorporarmedidas novas
ao seu cuidado, necessitando assim, de habilidades especializadaspara
que
as suastomem-se
aptastambém.
Orem
descreve, nesta teoria, cincométodos
de ajudaque
são o fazer, guiar,apoiar, propiciar ambiente e ensinar.
3.2.3 -
TEORIA
DOS
SISTEMAS
DE
ENFERMAGEM
Existem
três sistemas deenfermagem
para satisfazer os requisitos de auto-cuidado
dos
pacientes, identificados porOrem.
>
Sistema totalmente compensatório:Quando
o indivíduo é incapaz de mover-se para a realizaçãodo
seu auto-cuidado, seja por patologia
ou
prescrição médica. Neste caso aenfermagem
desempenha
o cuidado total ao paciente.>
Sistema parcialmente compensatórío:Quando
o indivíduo e o(a) enfermeiro(a)desempenham
o cuidado.Quando
o
indivíduopode
exercer seu auto-cuidado e precisa de auxílioem
cuidados específicos.O
papel daenfermagem
é detomar
o paciente responsávelpelo seu cuidado.
3.2.4 -
slsrslvms
DE ENFERNIAGEM
(George, 1993,p. 95)
Sistema Totalmente Compensatório
Consegue o auto-cuidado terapêutico
do paciente Ação
Ação de __________ Compensa a incapacidade do paciente limitada do
Enfermagem. para atividades de auto cuidado paciente
Apoia e protege o paciente
Sistema Parcialmente
C
ompensatórioEfetiva algumas medidas de auto-
cuidado pelo Paciente
Compensa as limitações de auto-
cuidado do paciente
Ação da Atende o paciente conforme o exigido
Enfermagem Realiza algumas medidas de auto-
cuidado
Regula atividades de auto-cuidado Ação do
Aceita atendimento e auxilio da Paciente
O enfermagem
Sistema de
A
poio-EducaçãoRealiza o auto-cuidado
Ação da “
â___`___
Regula o exevcicio e o desenvolvimento de Ação doEnfermagem atividades de auto-cuidado Paciente
3.3 -
CONCEITOS
DE
ACORDO
COM
A
TEORIA
DE
DOROTHEA
E.OREM
Usando
os conceitos queOrem
aplicaem
sua Teoria deEnfermagem,
poderemos
adapta-lo aos pacientes aque
este trabalho está direcionado. ParaOrem:
Sem
fløwaâø
'"Seres
humanos
diferem de outras coisas vivas por sua capacidade de refletiracerca de si
mesmos
e de seu ambiente, de simbolizar aquilo quevivenciam
e deusar criações simbólicas (idéias, palavras)
no pensamento na comunicação
eno
direcionamento de esforços para realizar e fazer coisas que trazem benefício a si
mesmos
eou
a outros" (George 1993, p. 96).Ainda
de acordocom
Orem,
encontra-seem
George
(1993)que
o
funcionamento
humano
incluialém
dos aspectos fisicos, aspectos psico-sociais,interpessoais e sociais.
Orem
dizque
o serhumano
tem
a capacidade para aprendere desenvolver-se,
que
a capacidade para o auto-cuidadonão
é algo inato e sim algoque se aprende.
O
serhumano
é“uma
unidade funcionando biologicamente, simbolicamentee socialmente.
O
funcionamentohumano
está ligado ao seu ambiente e, junto, serhumano
e ambienteformam
um
todo integradoou
sistema".Orem
(1971)apud
Kamers
eRamos
( 1997, p. 21).Neste estudo o ser desenvolvido, o ser
humano
visado é o indivíduoostomizado
que
tem
suaauto-imagem
distorcida, alterada eque
para suareintegração
na
sociedadetem
necessidade de desenvolver seu auto-cuidado.¶{e¿a
ã
É
¡Conforme
Santos (1991)apud
Kamers
eRamos
(1997, p. 22) "meioambiente e ser
humano
são identificadoscomo
uma
unidade caracterizada portrocas
humanas,
ambientais e pelo impactoque
uma
exerce sobre a outra. Qualqueralteração
ou
influênciaem
qualquerum
doscomponentes do
sistema (serhumano/meio
ambiente)pode
afetar o funcionamento dos indivíduosno
desempenho
das ações de auto-cuidado".Para a realização