• Nenhum resultado encontrado

CULTURA, EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENSINO SUPERIOR: UM ESTUDO PROPOSITIVO DO PROGRAMA MAIS CULTURA NAS UNIVERSIDADES PARA OS ESTADOS DA BAHIA E SERGIPE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CULTURA, EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENSINO SUPERIOR: UM ESTUDO PROPOSITIVO DO PROGRAMA MAIS CULTURA NAS UNIVERSIDADES PARA OS ESTADOS DA BAHIA E SERGIPE"

Copied!
88
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

MINISTÉRIO DA CULTURA

FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO

CURSO DE FORMAÇÃO DE GESTORES CULTURAIS DOS ESTADOS DO NORDESTE

CAMILA CESTARI CERRETI

CULTURA, EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA

O ENSINO SUPERIOR:

UM ESTUDO PROPOSITIVO DO PROGRAMA MAIS CULTURA

NAS UNIVERSIDADES PARA OS ESTADOS DA BAHIA E SERGIPE

Olinda

2014

(2)

CAMILA CESTARI CERRETI

CULTURA, EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA

O ENSINO SUPERIOR:

UM ESTUDO PROPOSITIVO DO PROGRAMA MAIS CULTURA

NAS UNIVERSIDADES PARA OS ESTADOS DA BAHIA E SERGIPE

Monografia apresentada ao Curso de Formação de Gestores Culturais dos Estados do Nordeste, promovido pelo Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, da Universidade Federal da Bahia, em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco e o Ministério da Cultura, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Gestão Cultural.

Orientador: Prof. Dr. José Márcio Pinto de Moura Barros

Olinda

2014

(3)

CAMILA CESTARI CERRETI

CULTURA, EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA

O ENSINO SUPERIOR:

UM ESTUDO PROPOSITIVO DO PROGRAMA MAIS CULTURA

NAS UNIVERSIDADES PARA OS ESTADOS DA BAHIA E SERGIPE

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Gestão Cultural pela Universidade Federal da Bahia.

Aprovada em 26 de novembro de 2014.

Banca examinadora

Prof. Dr. José Márcio Pinto de Moura Barros

Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

Prof. Dr. Marcelo Nunes Dourado Rocha

(4)

Dedico esta monografia aos cidadãos que se interessam pelo desenvolvimento do nosso país, por meio da inclusão, acessibilidade e participação social. Aos que têm disposição para, no exercício do seu presente, estarem construindo melhores condições ao contexto futuro e à garantia dos direitos culturais.

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço principalmente à minha Família, pelo cuidado do nosso laço, entrelaçados pelos fios do amor e da confiança, estando eles sempre me incentivando a crescer como pessoa em busca do que acredito e, mesmo à distância, estarem presentes no meu cotidiano, sendo meus alicerces diários: base emocional, moral e ética. Ao verdadeiro amigo, Wilson Franco, presente nos momentos mais importantes deste processo, me auxiliando a enxergar a mim mesma com amabilidade, clareando meus próprios limites e me encontrando com a força necessária para transpô-los. Também aos poucos e bons amigos que pontualmente contribuíram para meu bem estar, nas horas certas, com a delicadeza da palavra e, na maior parte deste tempo, respeitando meus silêncios.

À minha chefia direta, Lula Oliveira, sendo também um amigo me encorajando, compreendendo ausências e acreditando no meu potencial, não encontro palavras para agradecer esta oportunidade de crescimento profissional, que não somente ele me proporcionou, mas também, à sensibilidade dos gestores do Ministério da Cultura em considerarem a participação de servidores comissionados neste curso, acreditando também no nosso sentimento de responsabilidade pela Cultura do nosso país, sendo eles, a Coordenadora Telma Olivieri e os Secretários Bernardo Mata Machado e Américo Córdula. De coração, agradeço aos amigos e colegas de profissão, alguns me apoiando com contribuições diretas para realização deste trabalho e outros que cuidadosamente executaram minhas demandas durante as minhas ausências: Janaina Rocha, Cristina Llanos, Carlos Henrique Chenaud, Fernanda Laís de Matos, Valana Cunha, Karina Gama, Karin De Russi, Cristina Alves e à Diretora Juana Nunes.

Minha profunda gratidão e admiração ao meu Orientador, José Márcio Barros, que soube provocar em mim o bom gosto por estar provando esta experiência acadêmica e vivenciando comigo este processo, estando eu ciente do seu rigor, fui encorajada e lapidada para realizar o meu melhor, estabelecendo uma relação de confiança e profissionalismo que representam para mim a sua dedicação responsiva e respeitável no exercício do seu oficio. Aos coordenadores do curso: Isaura Botelho, a quem reconheço, na sua presença indispensável e afetuosa ao longo de todos os módulos, uma prova de amor à Cultura, demonstrada através da sua competência e seu cuidado atento a cada um de nós e, Paulo Miguez, que também nos inspirou confiança e incentivou à crítica consciente sobre o cenário qual atuamos, com o necessário entusiasmo e respeito em exercê-la. Aos assistentes Jeison Barreto e Antônio Ruibaldo, pela dedicação e presteza em nos subsidiar cuidadosamente durante tudo o curso e, aos colegas que me acompanharam nesta jornada, proporcionando e despertando afeto sincero, deixando saudade de revê-los periodicamente.

(6)

“Rara a felicidade de uma época em

que se pode pensar o que se quer

e dizer o que se pensa"

(7)

CERRETI, Camila Cestari. Cultura, Educação e Políticas Públicas para o Ensino Superior: Um estudo propositivo do Programa Mais Cultura nas Universidades para os Estados da Bahia e Sergipe. 120 p. il. 2014. Monografia (Curso de Formação de Gestores Culturais dos Estados do Nordeste) – Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014.

RESUMO

Este trabalho se propõe estudar modalidades de articulação entre as Pró-reitorias de extensão das Universidades Federais da Bahia e Sergipe para debater as políticas culturais e potencializar a construção de Planos de Cultura para estas Universidades. Baseado nas ações realizadas e perspectivas políticas do Ministério da Cultura em articulação com o Ministério da Educação, foi recentemente instituído o Programa Mais Cultura nas Universidades, que visa ampliar o papel das Universidades e Institutos Federais na difusão, preservação da cultura brasileira, construção crítica e implementação de nossas políticas culturais. Com a perspectiva de implantação do Programa surge a demanda de proposição de tais Planos de Cultura, sendo um desafio para todos os entes envolvidos neste processo a gestão desta política interministerial, partindo da complexidade do estabelecimento de estratégias e contextos de conexão e legitimação entre a sociedade civil e o ambiente acadêmico.

Palavras-chave: Políticas Públicas Culturais. Ensino Superior. Ministério da Cultura. Ministério da Educação. Programa Mais Cultura nas Universidades. Planos de Cultura para as Universidades. Diálogos Culturais.

(8)

CERRETI, Camila Cestari. Culture, Education and Public Policy in Higher Education: A propositional study for “Mais Cultura nas Universidades” program in the states of Bahia and Sergipe. 120 p. 2014. Monograph (Course for Cultural Managers) - Humanities, Arts and Sciences Institute Professor Milton Santos, Federal University of Bahia, Salvador, Brazil, 2014.

ABSTRACT

This project aims to study ways for linking the Pro-rectors extension of Federal Universities of Bahia and Sergipe to discuss cultural policies and enhance the building of Cultural plans for these Universities. Based on the accomplished actions and political perspectives of the Ministry of Culture in conjunction with the Ministry of Education, The “Mais Cultura nas Universidades” program was recently instituted, which aims to expand the role of universities and Federal Institutes in the dissemination, preservation of Brazilian culture, critical construction and implementation of our cultural policies. Considering the prospect of implementing the program, a demand for proposals arises, being a challenge for all entities involved in the process of management of this inter-ministry policy, starting from the complexity of establishment of strategies and contexts of connection and legitimation between the civil society and academic environment.

Keywords: Cultural Public Policy. Higher Education. Ministry of Culture. Ministry of Education.

(9)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Andifes Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CECULT Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Conif Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica

BA Estado da Bahia

DC Diálogos Culturais

DDI/MinC Diretoria de Direitos Intelectuais do Ministério da Cultura

DOU Diário Oficial da União

EAD Ensino à Distância

FCRB Fundação Casa de Ruy Barbosa

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FORPROEXT Fórum Nacional de Pró-reitores de Extensão das Universidades Públicas

FUNARTE Fundação Nacional das Artes

GT Grupo de Trabalho

IES Instituições de Ensino Superior

IFES Instituições Federais de Ensino Superior

IHAC/UFBA Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos da Universidade Federal da Bahia

IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MEC Ministério da Educação

MinC Ministério da Cultura

(10)

PDDE Programa Dinheiro Direto na Escola

PMCU Programa Mais Cultura nas Universidades

PNC Plano Nacional de Cultura

PNE Plano Nacional de Educação

PROEXT/UFRB Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Pronatec Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego

RR-BA|SE/MinC Representação Regional do Ministério da Cultura nos Estados da Bahia e Sergipe

SE Estado de Sergipe

SAI/MinC Secretaria de Articulação Institucional do Ministério da Cultura

SEC/MinC Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura

SECADI/MEC Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação

SECULT-BA Secretaria de Cultura do Estado da Bahia

SECULT-SE Secretaria de Cultura do Estado de Sergipe

SCDC/MinC Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura

SESu/MEC Secretarias de Educação Superior do Ministério da Educação

SETEC/MEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação

SNC Sistema Nacional de Cultura

SPC/MinC Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura

SPHAN Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

UFBA Universidade Federal da Bahia

UFRB Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

UFS Universidade Federal de Sergipe

(11)

LISTA DE TABELAS

1 Transformações das Políticas Culturais no Brasil Contemporâneo 22

2 Crescimento do Número de Cursos de Graduação (1991 – 2011) 35

3 Crescimento do Número de Cursos de Graduação Presenciais e à Distância (1991

– 2011) 35

4 Cursos de Graduação por Grande Área do Conhecimento (1991 – 2011) 36

5 Tabela para Julgamento dos Planos de Cultura do Edital 1/2014 - Mais Cultura Nas Universidades

(12)

LISTA DE GRÁFICOS

1 Organograma do Ministério da Cultura 21

2 Transformações das Políticas Culturais no Brasil Contemporâneo 22

3 Matriz Institucional do Programa Mais Cultura nas Universidades 43

(13)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 15

1 A PERSPECTIVA HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE

CULTURA E EDUCAÇÃO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 18

1.1 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS CULTURAIS 18

1.2 O ACORDO MINC E MEC: PROPOSTAS E REALIZAÇÕES 23

1.2.1 As Propostas de Articulação Entre as Políticas Públicas do MinC e do

MEC nos Últimos Anos 26

1.3 A PROPOSTA DE DIÁLOGO DAS POLÍTICAS CULTURAIS DENTRO

DA EDUCAÇÃO DE NÍVEL SUPERIOR 27

2

O PROGRAMA MAIS CULTURA NAS UNIVERSIDADES: OS

AMBIENTES DE CONSTRUÇÃO E OS DESDOBRAMENTOS DE SUA EFETIVAÇÃO

29

2.1 OS AMBIENTES DE CONSTRUÇÃO E LEGITIMAÇÃO DO PROGRAMA

MAIS CULTURA NAS UNIVERSIDADES 29

2.2 O PROGRAMA MAIS CULTURA NAS UNIVERSIDADES 37

2.3 A DEMANDA DO PLANO DE CULTURA PARA AS UNIVERSIDADES 44

3 POSSIBILIDADES DE AÇÕES E POLÍTICAS CULTURAIS PARA O

ENSINO SUPERIOR NOS ESTADOS DA BAHIA E SERGIPE 49

3.1 A PERSPECTIVA DO MINISTÉRIO DA CULTURA 49

3.2 A PERSPECTIVA DAS SECRETARIAS DE CULTURA ESTADUAIS 53

3.3 A PERSPECTIVA DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS 56

3.3.1 A Ótica da Universidade Federal da Bahia 57

3.3.2 A Ótica da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia 60

3.4

DIÁLOGOS CULTURAIS: UMA RESSIGNIFICAÇÃO DE AGENDA POSITIVA PROPOSTA PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA MAIS CULTURA NAS UNIVERSIDADES

63

CONSIDERAÇÕES FINAIS 68

REFERÊNCIAS 72

APÊNDICES 74

(14)
(15)

INTRODUÇÃO

Este trabalho se propõe apresentar contribuições para a efetivação do Programa Mais Cultura nas Universidades nos Estados da Bahia e Sergipe. Com enfoques específicos nas iniciativas que dialogam políticas de Educação e Cultura no ensino superior e nos contextos de construção e desenvolvimento destas políticas, visando os desdobramentos efetivos de sua implementação e propondo uma ação convergente aos interesses do Programa, que potencialize sua implementação nos referidos Estados.

Adotou-se neste estudo a perspectiva descritiva analítica do PMCU e dos contextos que abordaremos acerca de sua efetivação. Fundamentado pela metodologia de pesquisa qualitativa, com base em dados secundários obtidos por meio de pesquisa bibliográfica e documental, o levantamento de informações foi realizado em livros, em artigos científicos, em anais e documentos produzidos como produto de seminários e encontros, em sites específicos da área em estudo, na legislação brasileira, constituinte dos direitos culturais e nas diretrizes internacionais, convencionadas pela UNESCO. Tais fontes de informação estão especificadas no tópico Referências Bibliográficas e nos

Anexos desta monografia. Também foram realizadas entrevistas com gestores das

instituições de interesse deste estudo, o Ministério da Cultura, as Secretarias de Cultura dos Estados da Bahia e Sergipe e as Universidades Federais dos mesmos estados, através de Roteiro de Entrevista, anexados no Apêndice deste trabalho1.

O primeiro tópico deste trabalho, A Perspectiva Histórica das Políticas Públicas

de Cultura e Educação no Brasil Contemporâneo, tem como objetivo contextualizar o

recorte mais amplo sobre o qual a investigação se debruça. São apresentados os contextos que servem como horizonte histórico/político das políticas públicas para educação e cultura. O tópico está subdividido em três itens: No primeiro, A Institucionalização das

Políticas Culturais, refletimos sobre tais políticas, levando em consideração os aspectos

de representação federativa na contemporaneidade e das características e enfoques acerca dos conceitos institucionais sobre o papel da Cultura. Em seguida, no segundo item, O

Acordo MinC e MEC: Propostas e Realizações, revisitamos a construção histórica,

1 O retorno dos Roteiros de Entrevista da Secretaria de Cultura de Sergipe e da Universidade Federal de

(16)

brevemente, sobre as políticas de cultura em diálogo com a educação através do enfoque explicitado, o Acordo de Cooperação Técnica Interministerial entre o MinC e o MEC, trazendo um panorama breve das ações desdobradas a partir deste no subitem, As

Propostas de Articulação entre as Políticas Públicas do MinC e do MEC nos Últimos Anos. Por fim, no terceiro item, A Proposta de Diálogo das Políticas Culturais dentro da Educação de Nível Superior, discutimos em um recorte mais específico, o contexto

prático da política cultural para o setor apresentando brevemente o objeto central deste estudo, o Programa Mais Cultura nas Universidades.

O segundo tópico deste trabalho, O Programa Mais Cultura nas Universidades:

os Ambientes de Construção e os Desdobramentos de sua Efetivação, tem como

propósito definir os ambientes que conceituaram o PMCU destacando as demandas implícitas e os desdobramentos da sua aplicação, este tópico está dividido em três itens. No primeiro, Os Ambientes de Construção e Legitimação do Programa Mais Cultura Nas

Universidades, realizamos uma breve incursão pelas instâncias que demandaram e

construíram as bases teóricas do Programa. Dando sequência, o segundo item define-se por si mesmo, O Programa Mais Cultura Nas Universidades, apresentando e tecendo algumas análises sobre o mesmo. No terceiro item, A Demanda do Plano de Cultura para

as Universidades, refletimos sobre esta demanda tendo em vista a relevância desta para a

perspectiva de construção sólida das políticas culturais dentro da academia.

Em seu terceiro tópico, este trabalho explicita um recorte do PMCU e das políticas públicas culturais no ensino superior, fundamentando com as entrevistas supracitadas. Tal tópico, Possibilidades de Ações e Políticas Culturais para o Ensino

Superior nos Estados da Bahia e Sergipe, se divide em quatro itens. Os três primeiros

itens apresentam o cenário das políticas públicas de cultura e como estas estão articuladas com o ensino superior, na perspectiva das três esferas macro que tais políticas estão envolvidas, considerando o recorte de regionalidade deste estudo: a perspectiva do MinC, a perspectiva das Secretarias de Cultura dos Estados da Bahia e Sergipe e a perspectiva das Universidades Federais destes mesmos estados. No quarto item, fundamentamos através das prerrogativas expostas a ressignificação de uma ação já desenvolvida pela Representação Regional do Ministério da Cultura nos Estados da Bahia e Sergipe, o Diálogos Culturais, como proposta de agenda positiva que estimule e reforce o PMCU

(17)

dentro destes Estados, como ação de articulação e amadurecimento da demanda de execução dos Planos de Cultura nas Universidades Federais presentes neste recorte regional.

Por fim, nas Considerações Finais deste estudo, pretende-se à partir das reflexões realizadas acerca do PMCU e da intenção propositiva deste trabalho com o DC, destacar, para além, um conjunto de proposições mais específicas, pois a gestão de um programa como o PMCU implica demandas de caráter pontual que podem ser antecipadas para o pensamento e aprimoramento do próprio programa. Sem a pretensão de gerar um diagnóstico hipotético, mas sim no intuito de elucidar pontos que sinalizam fragilidades, para fortalecer um aproveitamento possivelmente mais sustentável, apontando horizontes de aprofundamento para este estudo.

(18)

1 A PERSPECTIVA HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE CULTURA E EDUCAÇÃO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO.

Para contextualizar o que se pretende inferir sobre o cenário atual das políticas públicas de cultura na educação de ensino superior das Universidades Federais da Bahia (BA) e Sergipe (SE), é necessário que compreendamos o panorama histórico/político de como se estruturou na administração pública brasileira a pasta responsável pela gerência das políticas culturais no Brasil e, de como está sendo efetivada por meio da articulação interministerial com o Ministério da Educação (MEC) através dos programas elaborados pelo Ministério da Cultura (MinC), no sentido de viabilizar o fortalecimento deste diálogo, propiciando o desenvolvimento e expansão do setor.

Em um panorama breve, a história das políticas públicas de cultura é marcada pela construção do conceito de cultura pelo cenário político brasileiro e do contexto da trajetória do seu exercício, inicialmente dentro do Ministério da Educação e Saúde, posteriormente com a criação do MinC e atualmente com a recente aproximação destas políticas em diálogo com a educação.

1.1 A institucionalização das Políticas Culturais.

Podemos considerar que o processo de institucionalização das políticas culturais começou de forma elitista, em que pouca parcela dos atores culturais era considerada dentro do cenário da diversidade cultural do nosso país, pois neste período o país vivenciava a Ditadura Militar e o Estado construiu sua gerência cultural através de um regimento autoritário, com o objetivo estratégico de utilizar a Cultura como instrumento tático de legitimação do poder controlador de sua ideologia. Segundo Albino Rubim, o período se distingue pela rigidez com que os governantes militares buscaram controlar os meios de comunicação audiovisual para a reprodução da ideologia oficial (RUBIM, 2007, p.20).

Foi no governo de Getúlio Vargas, com a gestão de Gustavo Capanema como Ministro da Educação, período militar de 1964, que o exercício institucional das políticas culturais, enquanto uma secretaria subordinada ao MEC iniciou. Mesmo de maneira

(19)

embrionária, houve a criação de legislações para o cinema, a radiodifusão, as artes, as profissões culturais e a constituição de inúmeros organismos culturais, alguns com importante presença nas políticas culturais brasileiras atuais, como a Fundação Nacional das Artes (FUNARTE) e o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), hoje Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que funcionam como instituições vinculadas ao MinC, de poder autárquico. A tradição autoritária não viabilizou a discussão e negociação das políticas públicas de cultura com os setores interessados da sociedade civil.

No ano de 1985, marco histórico da política cultural brasileira, ocorre o movimento de redemocratização do cenário político com a criação do MinC como uma pasta a serviço da instituição das políticas públicas culturais, embora um Ministério ainda frágil, que recebia muito poucos recursos. Segundo Lia Calabre, o “estabelecimento do novo ministério veio acompanhado de uma série de problemas, tais como: perda da autonomia, superposição de poderes, ausência de linha de atuação política, disputa de cargos, clientelismo, entre outros” (CALABRE, 2005, p.15). O reflexo deste processo inicial na atuação do MinC ao longo dos anos subsequentes torna perceptível o quanto a gestão das políticas públicas foi necessariamente reformulada para se atingir uma perspectiva de gestão mais democrática, participativa e cada vez menos elitista.

Em 1986, foi promulgada a Lei 7.505, a Lei Sarney, um mecanismo de incentivo à produção cultural por meio de renúncia fiscal para empresas privadas, que patrocinam os projetos culturais. Com o surgimento deste mecanismo de fomento o Estado outorgava para a iniciativa privada, indiretamente, o poder de decisão sobre o direcionamento dos recursos de fomento para investimento no setor cultural.

O Governo do presidente Fernando Collor (1990-1992), foi marcado pela alteração da estrutura federal no campo da cultura, além da extinção da Lei Sarney. De acordo com Nascimento (2008), “essa ação fez parte de um conjunto de medidas que reduziu, de forma radical, os órgãos culturais no Brasil e foram tomadas pelo presidente nos primeiros dias de seu governo”. Outro marco importante nesse governo é a criação de uma nova lei de incentivo, a Lei Rouanet.

Em 1991, a Lei 8.313, conhecida como Lei Rouanet, foi criada, instituindo também o Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC). Destaca-se que a Lei

(20)

Roaunet foi a principal política de cultura do governo de Fernando Henrique Cardoso. Demonstrando que o caráter elitista ainda prevalecia, já que a decisão da iniciativa privada tendenciava o curso dos investimentos que ficavam concentrados em determinados setores e regiões, protagonizados pelos eixos Sul e Sudeste. Embora hoje se tenha reconhecimento desta deficiência e esforços do MinC em atender a demanda da sociedade civil para corrigir este quadro, esta é uma lógica vigente ainda na atualidade.

A partir do ano de 2002, com o governo Lula, as políticas culturais passam a ser consideradas com uma concepção de maior responsabilidade do papel desenvolvimentista e social da Cultura. De acordo com Albino Rubim:

A abertura conceitual e de atuação significa não só o abandono de uma visão elitista e discriminadora de cultura, mas representa um contraponto ao autoritarismo e a busca da democratização das políticas culturais. A intensa opção por construir políticas públicas em debate com a sociedade emerge como outra marca da gestão Gil. Assim, proliferam os seminários; as câmaras setoriais; as conferências, inclusive culminando na Conferência Nacional de Cultura. O desafio de construir políticas de cultura em um ambiente democrático não é enfrentado de qualquer modo, mas por meio do acionamento da sociedade civil e dos agentes culturais na conformação de políticas públicas e democráticas de cultura. (RUBIM, 2008, p. 196)

Atualmente a estrutura organizacional do MinC assume um perfil desta gestão mais democrática, segmentando em suas secretarias e Representações Regionais um diálogo que intercambie os interesses específicos de suas ações e programas, de governo e de Estado. Embora ainda seja necessário um planejamento estratégico verdadeiramente participativo que contemple a interação mais orgânica para as ações desenvolvidas pelo Ministério e englobe todo o sistema MinC na elaboração dos Programas, não somente como setores operacionais da execução dos processos. Podemos visualizar as instâncias competentes do sistema MinC no Gráfico 1.

(21)

GRÁFICO 1

ORGANOGRAMA MINC

Fonte: MinC

Nas gestões de Gilberto Gil e Juca Ferreira no MinC, a diversidade cultural é contemplada através de uma maior participação da sociedade nas decisões das políticas de governo. Foi criado o Pro Cultura, que visa reformular a Lei Rouanet, investimento nos setores criativos, iniciando um debate sobre a dimensão econômica da Cultura, através da economia criativa, também é instituída a política para os Pontos de Cultura com o Programa Cultura Viva, sendo sancionada no legislativo em 2014, a Lei Cultura Viva, na então gestão de Marta Suplicy no MinC, o processo de institucionalização do Sistema Nacional de Cultura e a criação do Plano Nacional de Cultura.

Fica evidenciado no Gráfico 2, o desenvolvimento das políticas culturais ao longo dos anos, através do esquema de transformação das mesmas sobre a perspectiva do papel da Cultura na sociedade.

(22)

GRÁFICO 2

TRANSFORMAÇÃO DAS POLÍTICAS CULTURAIS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

Fonte: Elaboração própria

Podemos visualizar também a evolução das políticas culturais ao longo dos anos, baseado nas características destas e no enfoque dado à compreensão da gestão das mesmas sobre a Cultura.

TABELA 1

TRANSFORMAÇÃO DAS POLÍTICAS CULTURAIS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

Fonte: Elaboração própria

Sendo assim, podemos entender que as políticas culturais foram diretamente influenciadas pela administração pública através dos governos supracitados e do perfil político de seus gestores. Em suma, o diálogo entre educação e cultura não se exerceu numa esfera de legitimação e sim numa estrutura preocupada em atender os interesses políticos vigentes de suas épocas, como afirmou Isaura Botelho (2014), “o MinC e o MEC nunca estiveram juntos, não se busca então uma reaproximação, pois eles verdadeiramente não eram próximos e sim, recentemente, é que eles estão começando uma aproximação sincera”. Apenas em 2011, com o acordo de cooperação federativa entre o MinC e o MEC, é que este diálogo vem se estabelecendo através de políticas públicas efetivas.

(23)

1.2 O Acordo MinC e MEC: Propostas e realizações.

Na história das políticas públicas de cultura e nas esferas federativas de sua execução, são recentes as iniciativas de transversalidade entre educação e cultura e, não menos importante, o incentivo à participação social nestas políticas. Durante longos anos, como vimos anteriormente, uma visão restrita do conceito de cultura fez com que as políticas fossem elaboradas nos gabinetes dos órgãos oficiais de cultura, tendo como principal foco os artistas e o público consumidor da indústria cultural. Nestes casos, privilegiou-se o potencial das atividades culturais para o desenvolvimento de interesses de protagonismos ideológicos, durante a ditadura militar e, posteriormente, interesses elitistas, que protagonizavam a dimensão da cultura como um mercado de eventos, substancialmente. Estas compreensões deixam de lado que todo sujeito, no seu modo de vida, é também produtor da cultura e deve ser incentivado a exercer a sua criatividade.

É função do Estado democratizar as áreas de produção, distribuição e consumo dos bens culturais e não ser um produtor de cultura. O papel de fomentar através de políticas públicas para o setor cultural deve ser o de garantir plenas condições de desenvolvimento da área. Cultura é fator de desenvolvimento (CALABRE, 2005). Sendo assim, a cultura hoje é um direito de todos cidadãos e, de acordo com o Art. 215 da Constituição Federal “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes de cultura nacional e, apoiará e incentivará a valorização e difusão das manifestações culturais.” Segundo esse mesmo artigo:

A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do país e à integração das ações do poder público que conduzem à: I- defesa e valorização do Patrimônio Cultural Brasileiro; II- produção, promoção e difusão de bens culturais; III- formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em sua múltiplas dimensões; IV- democratização do acesso aos bens de cultura; V- valorização da identidade étnica e regional.

O Ministério da Cultura tem se empenhado em um programa político que contribua com o desenvolvimento nacional, a partir do desenvolvimento cultural. Para tanto, uma de suas principais iniciativas, é buscar promover a integração entre educação e cultura com vistas a fazer da escola o grande espaço para a circulação da cultura

(24)

brasileira, para o acesso aos bens culturais e para o respeito à diversidade e pluralidade da cultura nacional.

Visando estas diretrizes que norteiam as bases para nossa política nacional de cultura, o MinC buscou um diálogo com o MEC, visando o aproveitamento e aprimoramento das ações e programas que propiciem o amadurecimento do diálogo entre cultura e educação. Foi firmada, então, parceria por meio de Acordo de Cooperação Técnica no. 001/2011 (Anexo 1), entre os Ministérios da Cultura e da Educação que assumiram o desenvolvimento de ações conjuntas para a implementação de uma política de cultura para a educação básica, com vistas a fazer da escola o grande espaço para a circulação da cultura brasileira, acesso aos bens culturais e respeito à sua diversidade.

Através da Secretaria de Políticas Culturais do MinC (SPC/MinC), foi criada, no primeiro semestre de 2012, a Diretoria de Educação e Comunicação para a Cultura e assumiu o desenvolvimento de políticas transversais de cultura e educação, atento em promover a integração entre o Plano Nacional de Cultura (PNC) e o Plano Nacional de Educação (PNE). Empenhado na formulação e implementação de uma política que promova a interface entre educação e cultura, de maneira a abranger a formação para a cidadania, o ensino da arte nas escolas de educação básica, o compromisso das Universidades com a promoção da cultura e da diversidade e o ensino profissionalizante no que tange à economia da cultura.

Os Ministérios da Educação e da Cultura, com essa motivação, têm articulado a integração de suas ações direcionadas para a melhoria da qualidade do ensino público e da difusão e circulação dos bens simbólicos da nossa cultura. O Programa Mais Cultura nas Escolas é um dos resultados deste processo de aliança entre os dois ministérios para estruturação de uma Política Nacional de Cultura para a Educação, celebrada pelo Acordo de Cooperação Técnica no. 001/2011. O Programa foi recentemente criado em 2011, no âmbito da SPC/MinC, e ainda está em fase de implantação, porém a definição da missão e das ações a serem implantadas, estão em fase de execução.

Desenvolver uma política nacional de integração entre educação e cultura que promova o reconhecimento das artes como campo do conhecimento e dos saberes culturais como elemento estratégico para qualificação do processo cultural e educativo é o grande desafio que este acordo interministerial vem transpondo. Buscando compreender

(25)

este processo ao longo da história, podemos observar o contexto experienciado pela FUNARTE na década de 80, com o chamado Projeto Universidade, que trabalhava basicamente com a área de extensão cultural das Universidades, com o objetivo de auxiliá-las a se tornar polos capilarizadores de cultura para a comunidade, promovendo atividades artísticas não eventuais e estimulando a participação efetiva do corpo discente, de forma a constituir um calendário anual e permanente. Botelho objetiva a reflexão sobre esta agenda quando afirma:

As prioridades dadas pelo MEC ao ensino de 1o grau e às populações carentes de acesso aos bens da cultura fizeram com que este aspecto se tornasse também uma preocupação da Funarte, no sentido de demonstrar que, a seu modo, ela trabalhava com esse universo. Buscando articular educação e cultura, e considerando a segunda como substância mesma do processo educativo, a Funarte criticava o fato de essa última ter sido sempre relegada a uma condição secundária nos programas e currículos de educação formal, na medida em que se privilegiam valores culturais alheios ao contexto específico em que se dá a formação do indivíduo. (2011, p. 99)

Esta preocupação de certa forma é o que vivenciamos atualmente, pois formar educadores, gestores e agentes de desenvolvimento cultural neste contexto, em que estes reivindicam além dos cursos, também os conteúdos e metodologias, implica dotar aos participantes desse processo formador a pertença a ação educativa em que tornam-se corresponsáveis a todo processo da formação.

A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC (SECADI/MEC), criada em julho de 2004, é a mais nova secretaria do Ministério, marcando uma nova fase no enfrentamento das injustiças existentes nos sistemas de educação do País, reunindo, pela primeira vez na história do MEC, temas como alfabetização e educação de jovens e adultos, educação do campo, educação ambiental, educação escolar indígena e diversidade étnico-racial, temas que antes eram distribuídos em outras secretarias. A Secretaria tem por objetivo contribuir para a redução das desigualdades educacionais por meio da participação de todos os cidadãos, em especial jovens e adultos, em políticas públicas que assegurem a ampliação do acesso à educação continuada. Além disso, a Secretaria responde pela orientação de projetos

(26)

políticos-pedagógicos voltados para os segmentos da população vítima de discriminação e de violência.

Relativo ao que foi exposto, José Marcio Barros, em sua palestra durante o Seminário Cultura e Universidade, elucida sinteticamente a questão central que permeia todo este processo de reaproximação interministerial:

Questão importante refere-se ao fato de que, esse chamamento da Cultura ao campo da Educação, é um chamamento complexo, urgente, necessário, mas que no meu entendimento, não pode repetir as práticas desse divórcio, desse desquite que há 28 anos a separação do MinC e do MEC representou para esse país. Se o objetivo era elevar a Cultura ao lugar que ela merece, isso foi realizado, mas ao custo caríssimo, de um distanciamento estrutural com as questões da educação e da escola. (BARROS, 2013)

Mesmo que ainda não se tenha uma pasta específica da Cultura na estrutura institucional do MEC, esta Secretaria reúne temas que mais dialogam com as questões referentes às políticas culturais, valorizando a diversidade da população brasileira e trabalhando para garantir a formulação de políticas públicas e sociais como instrumento de cidadania. Em articulação com os sistemas de ensino o objetivo da SECADI/MEC é contribuir para o desenvolvimento inclusivo dos sistemas de ensino, voltado à valorização das diferenças e da diversidade, à promoção da educação inclusiva, dos direitos humanos e da sustentabilidade socioambiental, visando à efetivação de políticas públicas transversais e intersetoriais. Sendo assim, é notório que o caráter democrático e respeitoso às diversas realidades sociais das políticas públicas de um governo é o que garante a linearidade de um diálogo transversal, neste caso, entre educação e cultura.

1.2.1 As propostas de articulação entre as políticas públicas do MinC e do MEC nos últimos anos.

Após o acordo firmado em 2011, sob responsabilidade da SPC/MinC foram iniciadas as seguintes ações e programas no âmbito do MinC, priorizando a educação:

(27)

- Mais Cultura nas Escolas: Sua finalidade é fomentar ações que promovam o encontro entre o projeto pedagógico de escolas públicas, as experiências culturais e artísticas em curso na comunidade local, potencializando a participação destas no processo de aprendizado escolar e ampliando os agentes sociais responsáveis pela melhoria da educação pública.

- Agentes de Leitura Mais Educação: Esta ação desenvolve atividades de formação em leitura (oficinas, saraus literários, contação de histórias, etc.) para estudantes e suas famílias.

- Cine Educação: Esta ação promove a formação de professores e a disponibilização de 100 títulos da filmografia brasileira, para 1.000 escolas participantes dos programas Mais Educação e Escola Aberta do MEC.

- Pesquisa, mapeamento e georreferenciamento: Esta ação está voltada para o estudo, mapeamento e georreferenciamento de escolas e espaços culturais, com foco na promoção da interface entre cultura e educação.

- Programa Nacional Biblioteca da Escola – PNBE/ARTES: Este programa prevê um edital especifico para aquisição de acervos de livros de arte e mídias diversas (discografia, filmografia, entre outros) para professores e estudantes de todas as escolas públicas.

- Formação continuada para professores de artes: O intuito desta ação é o desenvolvimento dos profissionais de ensino em artes, em consonância com as políticas de incentivo à formação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Secretaria de Educação Básica.

1.3 A proposta de diálogo das políticas culturais dentro da educação de nível superior.

Com a experiência desenvolvida ao longo destes anos, o diálogo das políticas públicas de cultura e educação objetivou ampliar as oportunidades profissionais, considerando a qualificação do setor e do ensino, com vistas no corpo discente da educação básica e superior, assim, no final de 2013, o MinC assinou uma nova portaria interministerial em parceria com o MEC, que instituiu o Programa Mais Cultura nas Universidades.

(28)

O Programa visa ampliar o papel das Universidades Federais e Institutos Federais na difusão, preservação e construção da cultura brasileira e na implementação de políticas culturais. A execução do programa se dará num período de um a dois anos, com investimentos iniciais na primeira etapa no valor de R$20 milhões. A primeira fase é constituída por uma comissão técnica que recebe as propostas das Universidades para a elaboração dos editais. Em entrevista, a Diretora de Educação, Comunicação e Cultura da SPC/MinC, Juana Nunes esclarece: “O programa vai possibilitar a melhoria e o resgate dos equipamentos culturais das Universidades. O Mais Cultura nas Universidades vai proporcionar ações como a revitalização do espaço acadêmico e a ampliação de atividades culturais na produção universitária”.

Com o objetivo de contribuir para a promoção e reconhecimento de territórios educativos, valorizando o diálogo entre saberes da academia e o saber popular, juntamente com a integração de espaços universitários e espaços culturais diversos, equipamentos públicos, centros culturais, bibliotecas públicas, pontos de cultura, praças, parques, museus e cinemas. As atividades decorrentes da iniciativa deverão desenvolver processos artísticos e culturais contínuos, podendo ser realizadas dentro do espaço universitário, de acordo com a disponibilidade, ou fora dele, sob orientação pedagógica.

É buscando entender o acompanhamento deste Programa e o seu aproveitamento no cenário político em que ele está sendo inserido, considerando a efetividade de metas da gestão pública para programas, conforme elucidado por Catia Lubambo (2014), que visa: a equidade, ou seja, oportunidades iguais para o público alvo do programa, no caso do PMCU, as Universidades e Institutos Federais, os agentes produtores de cultura e os universitários; a eficiência, que é alcançar o melhor resultado possível com os recursos disponíveis e; a sustentabilidade, que em uma instancia se refere aos resultados visando os recursos sustentáveis e em outra instancia se refere a sustentabilidade do próprio programa na esfera de sua aplicação e na capacidade de que ele seja reaplicado em outros contextos.

Sendo assim, aprofundaremos a análise do Programa Mais Cultura nas Universidades podendo entender o contexto de sua aplicação, mas para fazermos essa leitura, antes, é necessário compreender a construção histórica e a elaboração teórica desta ação.

(29)

2 O PROGRAMA MAIS CULTURA NAS UNIVERSIDADES: OS AMBIENTES DE CONSTRUÇÃO E OS DESDOBRAMENTOS DE SUA EFETIVAÇÃO.

No tópico anterior, ao delimitarmos o horizonte histórico/político desta investigação, vimos que o diálogo das políticas de educação e cultura exerce, na sociedade contemporânea, um papel de relevância estratégica, evidenciando a importância da aplicação dos princípios da democracia participativa na elaboração de tais políticas, objetivando o desenvolvimento humano. Este segundo tópico tem como propósito traçar um panorama do contexto de articulação política que precede o Programa Mais Cultura nas Universidades (PMCU) no âmbito nacional, esta contextualização histórica faz-se necessária para que possamos compreender as vicissitudes da relação entre a política cultural e a participação social. Também será apresentado e analisado o PMCU e a demanda do Plano de Cultura para as Universidades (PCU).

2.1 Os ambientes de construção e legitimação do Programa Mais Cultura nas Universidades.

O debate acerca das Políticas Culturais nas instituições de nível superior veio galgando representatividade na contemporaneidade. É um processo crescente na produção acadêmica o compromisso em analisar as políticas culturais, repensando seu papel – da academia – com a responsabilidade competente de produção e circulação da cultura, buscando valorizar a produção cultural universitária e popular, podendo ver a Cultura e sua importância simbólica na pesquisa, no ensino e extensão. A investida colaborativa para legitimar essas mudanças se personificou no Seminário Cultura e Universidade2, que visou uma parceria entre as Universidades Públicas e o Ministério da Cultura com vistas à construção de políticas de cultura para o ensino superior do país. Sendo a Universidade importante vetor de desenvolvimento social este seminário

2 Este Seminário teve título e I Seminário Cultura e Universidade, mas em 2003, na gestão de Gilberto Gil,

o MinC já havia realizado, em Salvador-BA, um Seminário nesta temática, porém este não teve a mesma projeção, pois a participação do MEC, na época sob a gestão do Ministro Cristovam Buarque, foi inexistente. Em respeito a denominação do Ministério da Cultura será mantido no corpo do texto a enumeração do referido seminário como “I Seminário Cultura e Universidade”.

(30)

contribuiu para o início formal de um processo de legitimação das políticas na área da cultura.

Intitulado por I Seminário Cultura e Universidade – Bases para uma política nacional de cultura para as Instituições de Ensino Superior, foi realizado pela Universidade Federal da Bahia em parceria com o MinC, o MEC e o Fórum de Pró-reitores de Extensão das Universidades Públicas (FORPROEXT), com duração de 3 dias acontecendo entre 22 a 24 de abril de 2013, em Salvador-BA. Estiveram presentes mais de trezentas pessoas de todo o país da área acadêmica, com destaques específicos às classes representativas de pró-reitores de extensão, representantes dos estudantes e das rádios, TVs e editoras universitárias, diretores de institutos e centros de artes, gestores de órgãos públicos, relacionados com pesquisa, educação e cultura, como MinC, MEC, MCTI, CAPES, CNPq, FINEP, assim como também representantes da sociedade civil e dos movimentos que possuem inserção em temas que envolvem o desenvolvimento de políticas públicas de educação e cultura.

O Seminário objetivou sensibilizar, mobilizar e articular Instituições Públicas de Ensino Superior para dialogar sobre ações que provessem o desenvolvimento da cultura. Foram promovidas diversas formas de troca levando em consideração a riqueza dessa variedade de instâncias da sociedade, reunidas para refletir sobre o desenvolvimento da cultura através de programas que contemplassem os cursos de formação, pesquisa e extensão em arte e cultura. Além da mesa de abertura, foram criadas cinco mesas temáticas com a participação de segmentos do governo e das Universidades tendo em vista os seguintes temas:

- Mesa de abertura: Construindo diretrizes para uma política pública de cultura

para as Universidades.

- Mesa 1: Diversidade na Universidade – Parcerias.

- Mesa 2: A Formação de Gestores Culturais e o Sistema Nacional de Cultura. - Mesa 3: Uma política para acervos digitais e a interface com a educação.

- Mesa 4: O desafio da expansão do ensino, da pesquisa e da extensão em arte e

cultura.

(31)

As mesas pretendiam provocar e articular os temas que alimentaram o debate nos grupos de trabalho. Nos sete grupos de trabalho (GTs) foram abordados assuntos como o desenvolvimento da arte e da cultura, diversidade cultural, meios de comunicação e cultura, formação de profissionais para o setor criativo, gestão cultural, direitos autorais, recursos educacionais abertos, equipamentos culturais e circulação da produção de arte e cultura. Estas foram as principais pautas desse amplo diálogo, reforçando a ideia da Universidade como um polo de produção, difusão e circulação cultural.

O GT1 discutiu sobre o Desafio da Expansão do Ensino, da Pesquisa e da

Extensão em Arte e Cultura, foi coordenado pela Juana Nunes e M. Lucia F. Pardi (SPC

/MinC) e Carla Benassi da Universidade Fedaral do Rio de Janeiro3. A discussão objetivou refletir formas concretas para subsidiar a formulação de novas políticas, a partir do conhecimento sistematizado das particularidades dos cursos pertencentes ao setor cultural de ensino, visando definir orientações estratégicas para incentivar a criação de novos cursos de graduação e pós-graduação, além de consolidar os já existentes e levantar questões sobre as formas de criação de linhas de pesquisa interdisciplinares. As questões discutidas pautaram propostas para novas modalidades de avaliação e flexibilização das estruturas de ensino, para que atuem em torno de um conceito inclusivo, atento às demandas dos novos agentes da cultura.

O GT2 abordou a questão sobre Gestão Cultural e as Instituições de Ensino

Superior, sob a coordenação da Angela Maria Menezes de Andrade (SAI/MinC), discutiu

princípios, estratégias, metas e ações do Programa Nacional de Formação de Gestores e Conselheiros de Cultura, com base para a formulação de uma política nacional. As discussões foram inspiradas em relatos dos resultados das parcerias celebradas pela SAI/MinC e instituições de ensino, entre 2009 e 2012, para a oferta de cursos de extensão e especialização em política e gestão cultural, como também para a capacitação de consultores para a elaboração de planos estaduais e municipais de cultura. Podemos observer que o MinC vem legitimando tal proposta, contemplando estas questões em suas políticas atuais.

O GT3 debateu Perspectivas para Formação de Profissionais dos Setores

Criativos, coordenado pela Luciana Guilherme, Suzete Nunes e Selma Santiago

3 A indicação institucional dos coordenadores destacados em seus respectivos GTs, é referente à época da

(32)

(SEC/MinC), visou o aprofundamento do debate acerca das fragilidades, potencialidades e oportunidades de formação para profissionais dos setores criativos, com ênfase nas temáticas do empreendedorismo, da gestão e da Inovação, levando em consideração o mercado de trabalho, os novos perfis profissional demandados e o momento econômico do país. Como resultado, o grupo propôs questões para gerar oportunidades que alavanquem o profissional neste setor, com estratégias que favoreçam a criação de um programa de formação capaz de responder às necessidades do campo criativo da cultura.

O GT4 discutiu sobre Diversidade na Universidade, foi coordenado por Antônia Rangel (SCDC/MinC) e Lia Calabre (FCRB), refletiu sobre as experiências de parceria entre as políticas publicas de cultura e as universidades no campo da cidadania e da diversidades cultural, tendo como foco propostas para a promoção dos direitos culturais e da acessibilidade de povos, comunidades tradicionais e de outros segmentos da sociedade com reduzido acesso ao universo acadêmico e às próprias políticas culturais, incluindo pessoas com necessidade especiais de caráter físico e psíquico.

O GT5 abordou Estratégias Transversais de Comunicação e Cultura, sob coordenação de Alcione Silva, Karina Gama e Paulo Lara (SPC/MinC), o grupo buscou provocar uma reflexão mais profunda acerca dos meios de comunicação universitários, de modo a produzir possibilidades do exercício do direito à comunicação e à liberdade de expressão, partindo do pressuposto que a educação e a comunicação são dimensões da cultura e que se alicerçam em processos dialógicos.

O GT6 debateu Equipamentos Culturais e Circulação da Produção Artística e

Cultural, abordando a fruição e a difusão da cultura produzida pelas Universidades à

partir dos pilares representados pelos equipamentos físicos culturais e pela da circulação desta produção artística e cultural, com propostas que objetivaram fomentar ações e consolidar políticas culturais no âmbito das IES. Sob a coordenação de Carla Dozzi, Elaine Ruas, Verena Santiago e Roberto Santos (SPC/MinC).

O GT7 discutiu os Direitos Autorais e Recursos Educacionais Abertos, coordenado por Francimária Bergamo e Oséias Alves (DDI/MinC), foi realizada uma reflexão a partir das limitações e exceções aos direitos autorais na academia, considerando a circulação e acesso ao conhecimento, com proposta que visaram

(33)

incentivar e aprofundar os conceito sobre o impacto dos chamados “Recursos Educacionais Abertos”.

A Coordenação Nacional de Cultura do FORPROEXT foi a maior responsável pela mobilização do Seminário, sendo bem sucedida a intenção de articular a inteligência acadêmica coletiva a fim de formular, de maneira sistêmica, um Programa que contemplasse a diversidade de possibilidades que envolvem o tema da cultura e das artes nos campos da pesquisa, ensino e extensão, conforme é apresentado brevemente neste tópico. Todo este trabalho, posteriormente, resultou no PMCU. Para atingir este objetivo, foram necessários dois anos de diálogo entre diversas instituições do ensino superior para tornar possível horizontes mais amplos que engendrassem o desenvolvimento de uma parceria, que pudesse favorecer efetivamente uma política pública federal e interministerial – entre MinC e MEC. Todavia, os esforços de traçar o delineamento de um Programa deste porte não poderia ser concebido substancialmente pela classe de Pró-Reitores de extensão das Universidades.

Após o I Seminário Cultura e Universidade, foi feita uma reivindicação por parte dos Institutos de Artes que não foram significativamente representativos no evento. Diante deste contexto, a Universidade Federal de Ouro Preto, em parceria com o MinC e o FORPROEX, realizaram o I Encontro Nacional do Ensino Superior das Artes, entre os dias 24 e 26 de março de 2014, em Ouro Preto/MG, para ouvir as contribuições deste setor acerca do Programa e, não obstante, pautar as demandas expressivas do setor. Esta reunião foi um marco, pois pela primeira vez na história do país se reuniram os dirigentes dos cursos universitários de Artes para debater as políticas públicas, uma oportunidade ímpar para o MinC e a academia amadurecerem o diálogo e o entendimento da formação em Artes nas Universidades.

O principal produto deste encontro foi a Carta de Ouro Preto (Anexo 2) que minutou as demandas do setor. Quando entrevistada, a Diretora de Educação, Comunicação e Cultura, da Secretaria de Políticas Culturais do MinC, Juana Nunes, afirma que:

O MinC entende que há uma demanda represada de recursos do MEC para os cursos universitários, privilegiando setores como os de engenharia, medicina, etc. Assim sendo, entende que o principal papel da parceria com o MEC é de sensibilizar o investimento dos recursos nos

(34)

cursos de formação em Artes, e também, os cursos na área de comunicação e tecnologia da informação com cultura digital. (2014) A demanda fortemente debatida nestes dois eventos foi o fato de, apesar do MinC dialogar numa perspectiva pública das instituições de ensino e, o SNC e PNC promoverem a integração entre todas as esferas federativas, a iniciativa do PMCU se restringe às IFES apenas, não considerando ainda o beneficio direto com as Instituições de Ensino Superior Estaduais e Municipais. Fato que analisaremos mais adiante neste trabalho.

Conforme destaque, à seguir, da carta supracitada, os dirigentes dos cursos de formação de artes presentes no encontro, legitimaram no evento este espaço de construção, chamando atenção para a “necessidade de implementação de condições adequadas para o pleno exercício da nossa sensibilidade, do nosso potencial criativo traduzido também, em nossa prática docente que, por sua vez, precisa alçar voo e romper com as estruturas de valores que imobilizam, emudecem, apagam e minam nossas ações” (2014). Então puderam diagnosticar as suas necessidades se afirmando enquanto segmento dentro da Universidade. Esta postura fica evidente quando afirmam, na mesma carta:

Já somos capazes de estabelecer uma discussão madura sobre Arte no Brasil. Os diferentes grupos, discutindo suas especificidades, chegaram a um apontamento comum que nos impele à criação de um espaço contínuo de diálogo, avaliação e proposição de ações. Então, sem imaginar a dimensão que teria, o I Encontro Nacional do Ensino Superior das Artes, ancorado na proposição da efetivação de diálogo motivado pela publicação da Portaria Interministerial, nº 18, de 18 de dezembro de 2013, acabou por descortinar questões que demandavam ações que há muito permaneciam conditas nas celas individuais dos nossos cotidianos. (2014)

É substancial que esta parcela do ensino superior esteja articulada e seja incentivada, através das iniciativas do governo, a ocupar seu espaço de representatividade e voz ativa. Com o crescente cenário de demandas para o ensino superior, é necessário que cada parcela possa estar bem representada para garantir que seus interesses sejam contemplados. Este entendimento fica exposto pelos dirigentes na carta, quando

(35)

afirmam, demarcando seu espaço para debater as políticas destinadas ao setor “de maneira a garantir políticas educacionais para o ensino das artes, propondo e acompanhando ações de maneira que, se sucumbirmos, permaneceremos como corpo, demarcando um espaço que não permite a destruição da força aqui engendrada”. Sendo assim, é necessário considerar a consolidação das demandas do setor, considerando o também crescente cenário de expansão do ensino superior no Brasil.

Muitos cursos na educação superior foram criados nos últimos anos, segundo dados mais recentes do Censo da Educação Superior, realizado em 2011. Com o acréscimo de 913 novos cursos, a educação superior brasileira passou a ter um total de 30.420 cursos de graduação, presenciais e à distância, a Tabela 2 registra o crescimento dos cursos em vinte e um anos. Os primeiros cursos de graduação à distância (EAD) surgem em 2000, passando à partir de então por um processo lento de consolidação. Somente a partir de 2006 essa modalidade passa a ter uma presença significativa e um crescimento acelerado. A Tabela 3 mostra o crescimento geral dos cursos de graduação nas duas modalidades específicas.

TABELA 2

CRESCIMENTO DO NÚMERO DE CURSOS DE GRADUAÇÃO (1991-2011)

TABELA 3

CRESCIMENTO DO NÚMERO DE CURSOS PRESENCIAIS E A DISTÂNCIA (1991-2011)

(36)

Consequentemente, advindo deste cenário, tivemos um aumento dos cursos de Humanidades e Artes, conforme podemos verificar na Tabela 4, item 2.

Entende-se por grande área do conhecimento das Artes as demandas de formação para teatro, dança, artes plásticas e música, após o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), instituído pelo Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007, também foram criados bacharelados interdisciplinares nas Artes e cursos de design, cinema, decoração, moda e educação artística.

Fica evidente, à partir deste quadro, que o desenvolvimento de Políticas Públicas para as Universidades é uma demanda histórica e, com o desenvolvimento crescente do setor universitário, se torna urgente a efetivação e maturação das mesmas. Antes do acordo interministerial de 2011, a inserção do MinC no ensino superior não tinha uma perspectiva contínua, eram políticas de perfis pontuais, com apoio à projetos e pesquisas acadêmicas e descentralização de recursos para Seminários. O Programa Mais Cultura nas Universidades vêm inaugurar um marco formal das políticas públicas da área cultural dentro do ensino superior, traçando perspectivas políticas de longo prazo,

(37)

compreendendo a necessidade de realizar ações que contemplem o fomento e a articulação da cultura nas Universidades.

2.2 O Programa Mais Cultura nas Universidades.

A partir das articulações que formularam as bases e diretrizes do PMCU, apresentadas anteriormente, elas ficaram representadas por um GT, a Comissão Interministerial - Cultura e Educação, responsável pela construção da Portaria MEC/MinC nº 18, publicada em dezembro de 2013, que instituiu o Programa e o Fórum Nacional de Formação e Inovação em Arte e Cultura (Anexo 3), reunindo os interesses de dar continuidade a esse diálogo e, contribuindo para a implantação de uma política de cultura nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), o PMCU é criado com a finalidade de possibilitar o desenvolvimento e o fortalecimento do campo da arte e da cultura no país, nas suas dimensões simbólica, cidadã e econômica, com ênfase na inclusão social e no respeito e reconhecimento da diversidade cultural, gerando condições para fortalecer seus agentes e meios de atuação e inovação nas diversas esferas e escalas do desenvolvimento territorial do país.

Entre os objetivos do PMCU está a ampliação do uso das instituições de ensino público como um espaço de produção e circulação da cultura brasileira, de acesso aos bens culturais e de respeito à diversidade e pluralidade da cultura brasileira, estimulando assim, a articulação entre a educação superior, a educação técnica, profissional e tecnológica, com a educação básica. Estes objetivos contemplam a intenção de estimular a efervescência cultural nas Universidades, a circulação das pesquisas em cultura, o fomento à extensão universitária, assim, melhorando os equipamentos culturais, estimulando eventos, mostras e festivais nas Universidades e aprofundando o conhecimento das produções acadêmicas do setor cultural.

Fundamentado pelos Arts. 205, 206, 207, 208, 214, 215, 216 e 216-A da Constituição Federal, que estabelece que “o Estado garantirá à todos o direito à educação e o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”, tambémconsiderando o Plano Nacional de Educação, o Plano Nacional de Cultura e o Sistema Federal de

(38)

Cultura, pautado na necessidade de integração entre educação e cultura para desenvolvimento e fortalecimento do campo artístico e cultural no Brasil, é instituído o PMCU através da portaria supracitada.

Constituído pelo GT da Comissão Interministerial - Cultura e Educação, o Comitê Técnico, nomeado através da portaria interministerial nº 06, de 29 de maio de 2014 (Anexo 4), recebeu as propostas das Universidades para a elaboração do edital e, por meio destas, serão selecionados projetos que estimulem o aproveitamento dos equipamentos culturais das IFES, tais como museus, cinemas e teatros, entre outros critérios de interesse do Programa. Tal comissão foi anunciada no caput do Art. 7º, da portaria interministerial nº 18, de 18 de dezembro de 2013, que cria o “Comitê Técnico, pelos Ministérios da Educação e da Cultura, especificamente para os fins do Programa, e basear-se-á em metas, critérios de priorização e pré-requisitos fixados através de edital, previstos neste instrumento.” Vale destacar os desdobramentos deste artigo explicitando seus parágrafos, para melhor compreensão estrutural do programa:

§ 1º - O Comitê Técnico será composto por seis membros, sendo 2 (dois) indicados pelo MEC, 2 (dois) indicados pelo Ministério da Cultura - MinC, 1 (um) indicado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior - Andifes e 1 (um) indicado pelo Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica - Conif, nomeados por portaria conjunta do MEC e do MinC.

§ 2º As instituições selecionadas, e suas parceiras, passam a integrar o Fórum Nacional de Formação e Inovação em Arte e Cultura.

§ 3º - O Comitê Técnico fará a seleção dos Planos de Cultura conforme estabelecido nos arts. 5º e 6º desta Portaria. (2013)

Para que esta política seja constantemente avaliada e necessariamente amadurecida, é necessário que haja além do Comitê Técnico, instância que represente, articule e delibere os interesse dos entes ligados ao PMCU, então, sob coordenação e promoção do Comitê Técnico, será implantado o Fórum Nacional de Formação e Inovação em Arte e Cultura, explícito no caput do Art. 2º, da portaria interministerial nº 18, de 18 de dezembro de 2013, “Fica instituído o Fórum Nacional de Formação e

(39)

Inovação em Arte e Cultura, com o objetivo de articular e congregar as instituições relacionadas nos §§ 1º e 2º do art. 1º desta Portaria”.

Tais instituições relativas ao parágrafo 1º, são as Universidades Federais e as Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e, relativas ao parágrafo 2º, as outras instituições de caráter cultural, artístico ou educacional para as finalidades deste Programa, bem como Universidades Estaduais e Municipais que também podem ser indiretamente beneficiadas pelo Programa através de projetos parceiros com as IFES, questão que analisaremos mais à frente deste tópico.

O programa também objetiva fortalecer e descentralizar a oferta presencial e à distância de cursos e programas de qualificação profissional, cursos técnicos de nível médio e cursos de graduação e pós-graduação, pesquisa e extensão nas áreas das linguagens artísticas, dos setores criativos e da formação de gestores e empreendedores culturais. Visando ampliar as oportunidades educacionais dos cidadãos em arte e cultura, por meio do incremento da formação e da qualificação profissional e, inclusive, por meio do Pronatec. É importante que o PMCU efetivamente estimule estas áreas, sendo este um desafio a ser transposto nas IFES. Estes objetivos e outros específicos podem ser conferidos no Art. 3º, da portaria interministerial nº 18, anexa, além das onze diretrizes que regulam o PMCU.

Um projeto que incorpore mais de uma Universidade tem mais impacto e maior abrangência. Aloísio Mercadante, quando Ministro da Educação, em discurso do lançamento da portaria, declarou que não é interesse do MEC investir em projetos de pequeno porte, pois a intenção não é pulverizar os recursos, e sim investir em projetos estruturantes, para realmente ajudar a melhoria dos processos culturais dentro do ensino superior.

O então Ministro de Estado da Educação, Aloizio Mercadante, também salientou na cerimônia de lançamento do PMCU que este dialogará com os cursos desenvolvidos nas instituições de ensino. “Vamos projetar o que as Universidades trazem em seu entorno para dialogar com as atividades culturais desenvolvidas dentro dos cursos” (2013). Podemos compreender que esta preocupação transcende às estruturas das IFES,

Referências

Documentos relacionados

After reviewing the historical background of bilateral relations, I argue that the foreign policy trajectories of both countries currently converge in the lusosphere: Lisbon seeks

Da mesma forma, permanece devida a comissão estipulada ao leiloeiro na hipótese de qualquer acordo e/ou remição que acarrete a suspensão dos leilões agendados

nas universidades federais brasileiras: um estudo sobre as políticas de permanência nas instituiçõ es de ensino superior públicas” constatou que, apesar de em âmbito

09:15 - 10:00 Aula híbrida sobre: Para os alunos presenciais: atividade prática – E-Class Não é necessário enviar atividade Dodgeball e Rouba-bandeira. Para os alunos

O objetivo deste experimento foi avaliar o efeito de doses de extrato hidroalcoólico de mudas de tomate cultivar Perinha, Lycopersicon esculentum M., sobre

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

Desta forma, este propõe-se a elaboração de um roteiro turístico dentro do local, para que seja possível ao ouvinte obter informações sobre os equipamentos e

Os gêneros Crithidia, Leishmania, Endotrypanum e a maioria das espécies classificadas como Leptomonas formam um grupo apical na irradiação do clado que contém os tripanossomatídeos