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Matemática e Educação Financeira: uma experiência com o ensino médio

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Academic year: 2021

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(1)Revista de Educação Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010. Flavio Roberto Faciolla Theodoro Faculdade Anhanguera de Taubaté flaviotheodoro@bol.com.br. MATEMÁTICA E EDUCAÇÃO FINANCEIRA: UMA EXPERIÊNCIA COM O ENSINO MÉDIO. RESUMO O presente trabalho visa apresentar aos professores algumas sugestões e ferramentas para se trabalhar a questão da educação financeira na escola por meio de conteúdos da matemática, especificamente, da matemática financeira. Trata-se desde o incentivo a uma cultura poupadora por meio de do consumo consciente, até as formas de multiplicação de poupança, como aplicações no mercado financeiro, por exemplo. O estudo traz idéias para se trabalhar a educação financeira em sala de aula e fora dela, com os pais de alunos, professores e membros da comunidade em geral. As propostas apresentadas são resultados de estudos sobre a abordagem da educação financeira no Brasil e em outros países, sendo que algumas destas experiências foram realizadas em um projeto com alunos de uma escola particular de Ensino Médio, no interior de São Paulo. Os resultados foram verificados por de depoimentos de alunos, pais e professores, que se demonstraram bastante motivados com o tema. O trabalho mostra como a educação financeira é abordada no Brasil e em outros países e como algumas iniciativas privadas e governamentais estão colaborando na divulgação deste tema nos diversos universos de ensino no Brasil. Por fim segue uma proposta de conteúdos teóricos e práticos para possível aplicação durante as aulas. Palavras-Chave: educação financeira; matemática; ensino; dinheiro.. ABSTRACT. Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 rc.ipade@aesapar.com Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE. This paper presents some suggestions for teachers and tools to address the issue of financial education at school through the content of mathematics, and more specifically, financial mathematics. This is encouraging from a money saving culture through conscious consumption by multiplying the forms of savings as the stock market, for example. The study includes suggestions for working on financial education in the classroom and beyond, with parents, teachers or other members of the whole community. The proposals are the result of studies on the approach to financial education in Brazil and other countries, and some of these experiments were carried out in a financial education project, held with high school students. The results verified by the statements of program participants, including students, parents and teachers. The paper also shows how financial education is treated in other countries and how were some private initiatives and government are collaborating in the dissemination of this topic in different universes of education in Brazil. Finally follows a proposal of theoretical and practical content for possible implementation during the lessons. Keywords: financial education; mathematics; education; money.. Informe Técnico Recebido em: 15/12/2009 Avaliado em: 30/9/2011 Publicação: 15 de outubro de 2011. 171.

(2) 172. Matemática e Educação Financeira: uma experiência com o ensino médio. 1.. PANORAMA GERAL Harvey (1990) afirma que a produção de consumo pode ser atingida, em primeiro lugar, pela ampliação do consumo existente; em segundo lugar, pela criação de novas necessidades mediante a extensão das necessidades já existentes; em terceiro lugar, pela criação de novas necessidades. É fato a relevância do consumo para a economia do país, contudo, o consumismo e a falta de planejamento financeiro se tornaram parte de um contexto cultural. Com o advento da globalização e a estabilidade nominal da economia, criou-se a possibilidade de pessoas de quaisquer classes sociais terem acesso a bens de consumo e obtenção de créditos com mais facilidade que outrora o teriam. Esta facilidade pode proporcionar, às pessoas despreparadas, experiências desagradáveis no âmbito das finanças pessoais, ocasionando, por consequência, stress, brigas conjugais e até doenças ligadas a fatores emocionais. Para Cerbasi (2004), trinta por cento das brigas entre casais tem como essência a falta de controle financeiro. Segundo a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FECOMERCIO, 2009) o endividamento das famílias em São Paulo, em maio de 2009, era de cinquenta e dois por cento, ou seja, mais da metade das famílias paulistanas estavam com seu orçamento comprometido. Kiyosaki (2000) enfatiza a importância de começar cedo a ensinar educação financeira às crianças, contudo, a maioria dos pais não tem condições de assumir este compromisso devido ao novo panorama das famílias brasileiras, pois estão trabalhando cada vez mais e delegando algumas funções à escola. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB (Brasil, 1996), a educação é dever da família e do Estado, tendo como finalidades o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Portanto, resta aos professores, construtores de personalidade, ajudar interromper este ciclo vicioso, educando-se financeiramente e orientando os jovens a serem mais racionais e menos emotivos no campo das finanças, pois, é com a orientação adequada que se terá a implantação de uma nova cultura financeira na sociedade. No Brasil, alguns projetos para a inserção da Educação Financeira nos currículos escolares estão em andamento, por exemplo, o Projeto de Lei Federal 306/07 e o Projeto de Lei Estadual 834/2007 (São Paulo). Tais projetos, além de não serem priorizados nas pautas, encontram falhas estruturais, por exemplo, que somente economistas lecionem a disciplina de Educação Financeira.. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 171-179.

(3) Flavio Roberto Faciolla Theodoro. 173. Em países como os Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia e países da América Latina, da Europa Central e Oriental, segundo Holzmann e Miralles (apud SAITO, 2005), o processo de Educação Financeira está mais desenvolvido, sendo que no primeiro, a Educação Financeira é obrigatória no Ensino Fundamental em vinte e nove escolas desde 1985. Nos países do Reino Unido, a Educação Financeira não é obrigatória no currículo escolar. De uma forma geral, cada país desenvolve o seu currículo, sendo que, na Inglaterra, há iniciativas no sentido de difundir os conceitos de Educação Financeira por meio de disciplinas como a Matemática, a Educação Moral e Cívica e outras atividades curriculares. De acordo com o Financial Services Authority, a Educação Financeira foi introduzida de forma facultativa no sistema de ensino da Inglaterra, a partir de setembro de 2001 (SAITO, 2005). Sob a ótica do tema transversal “trabalho e consumo”, previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática, PCN (BRASIL, 1998), é possível trabalhar conceitos necessários para formar nos jovens uma consciência poupadora e investidora, contrapondo-se aos hábitos consumistas cada vez mais acentuados na sociedade atual. O analfabetismo financeiro, ou seja, a falta de educação financeira é refletida em pesquisas que comprovam que setenta e cinco por cento dos brasileiros das classes C, D e E não se preocupam com o valor dos juros a ser pagos numa compra. Outro agravante é que o consumidor brasileiro paga os juros mais altos do mundo. Com a estabilidade aparente da economia, a facilidade de se obter crédito e devido à influência da mídia (cada vez mais voltada para o consumo), perde-se a percepção de controle dos gastos e fica-se cada vez mais vulneráveis ao endividamento e dificilmente consegue-se sair dele.. 2.. APLICAÇÃO EM SALA DE AULA Ao analisar os PCN, constata-se a preocupação com a formação do cidadão e a contextualização dos conteúdos, além da importância da matemática em resolver problemas do cotidiano. Nesse contexto, os PCN trazem em seus temas transversais uma gama de possibilidades de trabalhar com informações cotidianas e extremamente importantes para a formação do indivíduo, dentre elas destaca-se a educação para o consumo. Trabalhar a matemática e o consumo é contextualizar um aprendizado dentro de uma realidade vivenciada pelo educando, levando-o a entender como funciona a economia de sua casa, a conta de telefone, água, energia elétrica, entre outros, trazendo significados e atribuindo valores a tais conhecimentos. Ainda segundo os PCN, a matemática está presente na vida das pessoas, mesmo em experiências simples, como Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 171-179.

(4) 174. Matemática e Educação Financeira: uma experiência com o ensino médio. comparar e contar, até cálculos relativos a salários, pagamentos e consumo. A questão dos cálculos de quanto se economiza e quanto se ganha ao investir estas economias são totalmente ligadas à matemática. Não se trata em deixar os conteúdos da matemática de lado, mas contextualizá-los. Libâneo (1991) chama a atenção para a excessiva importância que é dada à matéria que está nos livros, sem a preocupação de torná-la mais significativa e mais viva para os alunos. “Muitos professores querem, a todo custo, terminar o livro até o final do ano letivo como se a aprendizagem dependesse de vencer o conteúdo do livro” (LIBÂNEO, 1991). Os PCN dos terceiro e quarto ciclos (BRASIL, 1998) definem a questão do consumo como sendo a criação permanente de novas necessidades transformando bens supérfluos em vitais. O consumo é apresentado como forma e objetivo de vida, sendo fundamental que nossos alunos aprendam a posicionar-se criticamente diante dessas questões e compreendam que grande parte do que se consome é produto do trabalho, embora nem sempre seja clara esta relação no momento da compra. É preciso mostrar que o objeto de consumo, seja um tênis ou uma roupa de marca, um produto alimentício ou aparelho eletrônico, é fruto de um tempo de trabalho, realizado em determinadas condições. Quando se consegue comparar o custo da produção de cada um desses produtos com o preço de mercado é possível compreender que as regras do consumo são regidas por uma política de maximização do lucro e precarização do valor do trabalho (BRASIL, 1998).. Aspectos ligados aos direitos do consumidor também necessitam da matemática para serem mais bem compreendidos, por exemplo, analisar a razão entre menor preço e maior quantidade. “Nesse caso, situações de oferta como: compre 3 e pague 2, nem sempre são vantajosas, pois geralmente são feitas para produtos que não estão com muita saída. Habituar-se a analisar essas situações é fundamental para que os alunos possam reconhecer e criar formas de proteção contra a propaganda enganosa e contra os estratagemas de marketing que são submetidas os potenciais consumidores” (BRASIL, 1998, p.35). Ciente da dimensão dos problemas que a falta de educação financeira acarreta, o professor deve se empenhar em usar o máximo de sua criatividade para transmitir conceitos suficientes para que seus alunos atinjam o objetivo proposto, sendo multiplicadores. Uma sugestão é que os professores separem um tempo mínimo de algumas aulas para tratar a importância do assunto, fazendo um “link” com alguma reportagem ou trazendo uma situação problema. A intensificação do assunto poderia ser feita por meio de dos conceitos que antecedem os conteúdos de funções, ou mais especificamente, na matemática financeira, trabalhando situação que envolva o uso dos bancos, simulações de investimentos e simulações de financiamentos.. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 171-179.

(5) Flavio Roberto Faciolla Theodoro. 175. A parte histórica da matemática financeira e também os jogos como Banco Imobiliário, por exemplo, tornam o assunto bastante interessante e divertido para os alunos. Também o uso de planilhas eletrônicas é de bastante valia, pois é uma importante ferramenta, além de ser agradável aos alunos. Segundo Cury (2004), a aprendizagem se torna significativa se envolvida da emoção e o aluno o centro de um debate. Para tanto, cresce em importância se trabalhar com exemplos do cotidiano dos alunos para que os mesmos se identifiquem com o assunto e interajam com o professor. O professor Dr. João Luiz, da Universidade Mackenzie, expressa: Acredito que a matemática deveria ser utilizada como uma disciplina mais diretamente relacionada ao mundo no qual vivemos. Sua associação com os conceitos da educação financeira, adequados para crianças de diferentes faixas etárias, poderia facilitar muito esse trabalho. Para tanto poderiam ser feitos projetos através dos quais se simulassem ou se dramatizassem situações do cotidiano e ainda, em que se fizessem visitas a estabelecimentos comerciais com o intuito de educar as crianças para o consumo consciente e o equilíbrio das finanças1.. Em algumas situações percebemos como a matemática financeira é uma ferramenta útil na análise de algumas alternativas de investimentos ou financiamentos de bens de consumo. Ela consiste em empregar procedimentos matemáticos para simplificar a operação financeira. Logo, para aplica-la em sala de aula de maneira efetiva, primeiramente deve-se convencer o aluno da importância da matemática financeira, de acordo com a realidade deles. Isso poderá ser dado pela seguinte ilustração: Imagine que se queira comprar uma bicicleta de R$ 250,00, um vídeogame de R$1.000,00 e um celular de R$ 250,00 e com uma mesada de R$ 100,00 ao mês. No entanto, gasta-se R$ 30,00 com outras despesas (lanche na escola, por exemplo), sobrando R$ 70,00 da mesada. Ao escolher comprar o celular primeiro, como só se pode pagar R$ 70,00 por mês e o juro do mercado é estimado em 3,5% ao mês, pagar-se-ia R$ 350,00 pelo celular em 5 vezes. Idem para a bicicleta totalizando 10 meses e R$ 700,00 (se o preço permanecer estável). Dez meses depois depois comprar-se-ia o vídeo game em 30 parcelas de R$ 68,34 (considerando os juros em 3,5% a.m). Resultado: pagar-se-ia 40 parcelas (3 anos e 4 meses) - o celular já estaria sem crédito, a bicicleta estaria com o pneu gasto e o video game estaria desinteresse, pois não haveria dinheiro para adquirir novos jogos. Como solucionar o problema exposto? R: Usando a matemática financeira! Ao investir R$ 70,00 por mês em uma renda fixa de 1,2% ao mês (títulos do governo federal, por exemplo), em vinte meses, ou seja, metade do tempo em que foi pago os produtos ter-se-ia R$ 1.570,00 e poderia comprar tudo à vista, sobrando ainda R$ 70,00 para outras despesas e o valor da mesada integral daí em diante. Para explicar aos alunos como chega-se a esses resultados. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 171-179.

(6) 176. Matemática e Educação Financeira: uma experiência com o ensino médio. o professor usaria as formulas dos juros simples e compostos e suas variações, sempre dentro de contextos. Halfeld (2000) aponta que o maior desafio para se construir uma poupança está na dor que imediatamente é sentida quando se renuncia ao consumo imediato, na esperança de ser recompensada em um futuro ainda mais distante. Para jovens, principalmente, esse é um desafio muitas vezes insuportável. Alguns exercícios adaptados de Crespo (1995), Tosi (1993) e Gimenes (2006), poderão mostrar por meio de números que vale a pena renunciar um consumo em curto prazo e se investir em prol de algo maior. A estes exercícos, deverá ser inseridas situações práticas a serem discutidas em sala de aula. Partindo de um possível endividamento, passando pela capitalização e culminando com o investimento, utilizando-se dos juros para fazer o dinheiro crescer, seguem abaixo algumas orientações, fruto de estudos das sugestões de grandes especialistas em finanças pessoais e experimentadas durante aulas com alunos do Ensino Médio. As orientações podem ser abordadas por “temas abertos”, onde o professor poderá usá-los para introduzir ou aprofundar a educação financeira com seus alunos, assim como trabalhar outros assuntos, como valores éticos, por exemplo. 1) Consciência – o primeiro passo para se resolver um problema financeiro é assumi-lo. Muitos têm dificuldade de admitir sua falência, prorrogando seu sofrimento e prejudicando quem está a sua volta, outros, sequer se dão conta da dimensão do déficit em seu orçamento, enganando a si mesmo. Segundo o Hospital das Clinicas de São Paulo, a aneomania é uma patologia relacionada aos compradores compulsivos e atinge cerca de três por cento da população brasileira. Portanto, em outras palavras, é preciso descobrir a complexidade do problema para então tentar solucioná-lo. 2) Organização – ao se conscientizar do problema, torna-se fundamental a organização para solucioná-lo. Listar todos os débitos e definir qual a prioridade para quitação dos mesmos é importantíssimo. É interessante começar pagando as contas que incida maiores juros e organizar as compras no cartão de crédito e cheque especial, tendo em vista suas altas taxas. Em se tratando de contas atrasadas, vale uma conversa franca com credores e tentando negociar novas taxas de juro e prazo. Eliminar o máximo de despesas e se desfazer de algum bem material temporariamente, além de eliminar uma eventual prestação mensal, automaticamente será eliminada a despesa causada por esse bem.. 1. Disponível em: <http://www.planetaeducacao.com.br>. Acesso em: ago. 2009.. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 171-179.

(7) Flavio Roberto Faciolla Theodoro. 177. 3) Orçamento – o orçamento doméstico é o item mais importante para o controle financeiro. E através dele que se consegue monitorar as despesas e prever eventuais situações de dificuldade. Kiyosaki (2000) chama a atenção para a importância de um orçamento. Para o autor, um orçamento deve ser composto de receitas, que é a composição de todos os rendimentos obtidos. As despesas também devem ser pormenorizadas no orçamento, de preferência utilizando uma planilha eletrônica relacionando o percentual da receita total que esta sendo gasto com cada despesa. 4) Pesquisa – Uma boa pesquisa para se informar sobre os preços praticados no mercado é de suma importância para uma boa compra e para não se deixar levar por estratégias de vendas do tipo: “ de R$ 100,00 por R$ 80,00 ( sendo que o valor de mercado é R$ 70,00); ou do tipo: só hoje! ( sendo que muitas vezes a mercadoria está saindo de linha e na semana seguinte estará mais barato). Uma lista de compras onde se tem o preço dos principais produtos da cesta básica em lojas diferentes poderá orientar sobre as diferenças de preços e proporcionar economia. 5) Controle – O controle e a disciplina são fundamentais para a busca de qualquer objetivo, inclusive no campo financeiro. Uma sugestão para manter o controle dos gastos é anotá-los em uma agenda e, no final de cada mês, somá-los e lançá-los na planilha de orçamento. O resultado dessa atitude será surpreendente. “É muito comum, ao final do mês, os gastos serem maiores do que o previsto, e isso acontece porque, simplesmente, nos esquecemos de certas despesas na hora de preencher a planilha: os gastos invisíveis” (ALVES, 2007). 6) Meta – As metas devem ser quantificadas e específicas, ou seja, não basta dizer que quer comprar uma casa, deve-se calcular quanto tempo e qual o valor a se guardar por mês para se comprar a casa. 7) Investimento – Dentre os investimentos possíveis destacam-se os imóveis, negócio próprio, fundos de renda fixa e renda variável, poupança, títulos do governo, mercado de ações, etc. Outro investimento possível e mais importante é a educação. A educação é o investimento mais seguro que se pode fazer, portanto, partindo-se do princípio de que já se está investindo nesse setor, pode-se buscar outras formas para diversificação. Destacam-se os investimentos no mercado de ações e os fundos da dívida pública do governo, o Tesouro Direto, por exemplo. Contudo, por diversas razões o mercado de capitais é visto pelo Brasileiro como algo inalcançável ou “coisa de milionário”, ou ainda, como um “jogo”. Mas essa mentalidade começou a mudar graças à propaganda nos meios de comunicação e devido a projetos de popularização desenvolvidos pela BOVESPA. Ao contrário daquilo que pensa a maioria, para se investir. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 171-179.

(8) 178. Matemática e Educação Financeira: uma experiência com o ensino médio. em ações, não é necessário muito dinheiro (existem ações que custam abaixo de R$ 10,00), logo, é necessário muita informação. Uma boa forma de começar a familiarizar-se com o assunto é fazer simulações. O folhainvest∗ é uma iniciativa da Folha de São Paulo, juntamente com a Bovespa, no qual, no ato do cadastramento, é dada ao investidor uma determinada quantidade de capital virtual (em dinheiro e em ações); a partir daí, pode-se começar a negociar no mercado de ações com todos os elementos de uma negociação real.. 3.. RESULTADOS E CONCLUSÕES Grande parte das idéias e sugestões apresentadas foi experimentada em um projeto numa escola particular com alunos do Ensino Médio. Foi observado por meio de relatos que, após as informações divulgadas, alguns pais e professores adquiriram o hábito de pesquisar e pechinchar, conseguindo diferenças de preços de até sessenta por cento no mesmo produto. Ao planejar os gastos, eles passaram a usufruir horas de lazer sem culpa, pois estava previsto no orçamento. Isso, segundo eles, ocasionou uma revolução na qualidade de vida. Foi também foi relatada uma diminuição nos conflitos conjugais relacionados a dinheiro. O trabalho, realizado em 2008, contou com aulas em sala e fora dela sobre finanças pessoais e investimentos e culminou com a participação dos alunos no Desafio Bovespa, uma competição sobre mercado de ações, organizada pela Bolsa de Valores de São Paulo, BOVESPA, onde mais de quinhentas escolas disputam um premio de R$25.000,00 em ações para ser investido em clube de investimento entre os alunos. Na ocasião conseguiu-se a sexta colocação na competição, onde se classificavam cinco escolas. No mesmo ano este projeto foi apresentado em um Simpósio Internacional de Ensino e Pesquisa da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o SIPEMAT. As sugestões mostradas até aqui não encerram este assunto, entretanto, poderá servir de suporte um aprimoramento do planejamento financeiro doméstico e iniciar uma nova cultura relacionada a consumo. Não se trata aqui de fórmula para enriquecimento, ao contrário, trata-se de muito trabalho e um constante duelo entre presente e futuro (comprar ou esperar), onde cada indivíduo saberá o que é melhor para si. O tema discutido até aqui é mais um entre outros temas relevantes como: meio ambiente, esporte, cultura; ligados à promoção da cidadania, contudo, não são priorizados, restando à sociedade tornar-se parte do problema e agir.. 2 O Folhainvest é uma plataforma (http://folhainvest.folha.com.br).. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 171-179. onde. o. investidor. compra. e. vende. ações. com. dinheiro. virtual.

(9) Flavio Roberto Faciolla Theodoro. 179. A criança é “terreno fértil” para novas realizações, basta motivá-las e ensiná-las o caminho e elas formarão novas mentalidades em todos os seguimentos da sociedade. O professor torna-se a “semente” para essas realizações. Que este trabalho sirva de “fertilizante” e que se tenham boas “safras”.. REFERÊNCIAS ALVES, Patrícia. Artigos sobre finanças pessoais. Disponível em: <http://www.infomoney.com.br/finançaspesoais/>. Acesso em: ago. 2007. BOVESPA. Programa Educacional Bovespa. BOVESPA, 2006a. Disponível em: <http://www.bovespa.com.br> Acesso em: maio 2006. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998. ______. Ministério da Educação. LDB, Lei das Diretrizes Bases da Educação.1996. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf >. Acesso em: abr. 2010. ______. ENEF - Estratégia nacional de educação financeira. Disponível em: <http://www.vidae dinheiro.gov.br/Enef/Default.aspx>. Acesso em: nov. 2007. CRESPO, Antonio A. Matemática comercial e financeira. 10.ed. São Paulo: Saraiva, 1995. CERBASI, Gustavo. Casais inteligentes enriquecem juntos. São Paulo: Gente, 2004. CURY, Augusto. Pais brilhantes professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. D’AQUINO, Cassia. O que é educação financeira. Disponível em: <http://www. educacaofinanceira.com.br>. Acesso em: abr. 2007. GIMENES, Cristiano Marchi. Matemética financeira com HP12c e Excel. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. HALFELD, Mauro. Investimentos: como administrar melhor o seu dinheiro. São Paulo: Fundamento Educacional, 2001. HARVEY, D. Los límites del capitalismo y la teoría marxista. México: Fondo de Cultura Económica, 1990, 468p. KIYOSAKI, Robert T. Pai rico, pai pobre: o que os ricos ensinam a seus filhos sobre dinheiro. 60.ed. Rio de Janeiro: Campos, 2000. SAITO, André Taue. A educação financeira no Brasil sob a ótica da organização de cooperação e desenvolvimento econômico (OCDE). Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/Semead/9semead/resultado_semead/trabalhosPDF/45.pdf>. Acesso em: abr. 2010. TOSI, A. Matemática financeira utilizando Excel 2000: aplicável às versões 5.0, 7.0 e 97. São Paulo: Atlas S.A., 2000. Flavio Roberto Faciolla Theodoro Formado em Matemática pela UNESP e Pós Graduado e Educação Matemática, com vários cursos sobre Investimentos na FGV, Bovespa e Andima, leciona Matemática Aplicada, Matemática Financeira, Administração Financeira e Análise de Investimentos para os cursos de Ciências Contábeis e Administração na Faculdade Anhanguera de Taubaté - unidade 1.. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 171-179.

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