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O contributo das atividade lúdicas para a aprendizagem de L1 e L2

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Academic year: 2021

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FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Elisabete Maria Macedo Lopes

O contributo das atividades lúdicas na aprendizagem de

L1 e L2

Relatório/ Mestrado de Estágio Pedagógico apresentado em Ensino do Português para o 3º Ciclo do Ensino Básico e Secundário e Espanhol para o 3º Ciclo do Ensino Básico e

Secundário

Professor Orientador: Professor Doutor Manuel Ramos

2013

Classificação: Ciclo de estudos:

Dissertação/relatório/Projeto/IPP:

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FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Elisabete Maria Macedo Lopes

O contributo das atividades lúdicas na aprendizagem de

L1 e L2

Relatório/ Mestrado de Estágio Pedagógico apresentado em Ensino do Português para o 3º Ciclo do Ensino Básico e Secundário e Espanhol para o 3º Ciclo do Ensino Básico e

Secundário

Professor Orientador: Professor Doutor Manuel Ramos

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Resumo

O presente trabalho tem por objetivo a reflexão sobre a utilização de atividades lúdicas na aprendizagem de L1 e L2. Como os professores se deparam, no dia a dia, com alunos cada vez mais desmotivados e desinteressados, ficam dificultados tanto o papel do professor, como o do próprio aluno, e a desejável sintonia no processo de ensino-aprendizagem, que a todos beneficiaria, fica seriamente comprometida. Segue-se, implacável, o insucesso escolar.

É aí que surge, como recurso alternativo e/ou estratégico, o lúdico, cuja principal finalidade é cativar/ motivar os alunos para a aprendizagem e levá-los, à custa do prazer e da satisfação que das atividades lúdicas é possível extrair, à compreensão. De outra forma os conteúdos inerentes ao estudo da língua materna e estrangeira não seriam fáceis de reter. A consciência desta realidade fez com que achasse ser necessário o desenvolvimento desta temática, que se me apresenta desafiadora e atrativa.

A nível estrutural, o presente trabalho apresenta, depois da introdução do tema, o enquadramento teórico, no Capítulo I, cuja finalidade é fundamentar a aplicação prática apresentada no Capítulo III, em que apresentarei propostas didáticas desenvolvidas e trabalhadas em ambiente de sala de aula, durante o estágio pedagógico, entre outras. No meio fica o Capítulo II, reservado a uma breve caracterização da escola, do núcleo de estágio e das turmas com as quais trabalhei e abordei este tema. A partir da análise dos dados apresentados ao longo destes capítulos foi possível aferir algumas conclusões no âmbito deste projeto de investigação. A elas reservei o Capítulo IV.

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Abstract

The aim of the current work is a reflection on the use of recreational activities in the process of learning a First Language and a Second Language. Every day teachers have to face students increasingly unmotivated and uninterested, which makes difficult not only the role of the teacher but also the one of the student and, because of this, the desirable harmony in the teaching-learning process, that would benefit all, becomes seriously endangered. Following this there is the, implacable, academic failure.

Bearing in mind the reasons above, the recreational activities appear as an alternative and/or a strategic resource, which aims to captivate / motivate students for the learning process and lead them, due to the pleasure and satisfaction that is possible to achieve through recreational activities, to the comprehension. If it wasn’t the case, it wouldn´t be easy to retain the contents inherent to the study of a mother tongue and a foreign language. The awareness of this reality has made me feel necessary to research about this theme, which I consider to be challenging and attractive.

Structurally, this work presents, after the introduction of the theme, the theoretical framework, in Chapter I, in order to substantiate the practical application presented in Chapter III, in which it will be presented the didactic proposals, among others, developed and worked in a classroom environment, during the teaching traineeship. In the middle there is Chapter II, reserved for a brief description of the school, the core of the traineeship and the classes with which I have worked and dealt with. From the analysis of the data presented in these chapters was possible to assess some conclusions in the context of this research project. To them I have reserved chapter IV.

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Agradecimentos

Foi uma longa e árdua caminhada e, por isso, quero agradecer ao meu Orientador, o Professor Doutor Manuel Ramos, pela sua ajuda, apoio, compreensão e disponibilidade.

Agradeço aos meus Orientadores de estágio, a Professora Ana Rosa Silva e o Professor Joaquim Lopes, por toda a dedicação, apoio e amizade.

Agradeço à minha amiga e colega de estágio Maria Manuel por todos os momentos que partilhámos e por mutuamente nos termos apoiado e conseguido manter estáveis quando tudo parecia ruir. Fomos umas valentes!

Aos meus amigos, o meu muito obrigada pelo vosso apoio e carinho.

Para o fim, deixo-vos a vós, razão da minha existência e da minha essência, minha adorada família! Aos meus pais, o meu muito obrigada por tudo, aos meus irmãos por me apoiarem sempre e, finalmente, agradeço ao meu marido por todo o apoio, compreensão e, principalmente, por não me deixar desistir. Obrigada a todos vós!

Nesta caminhada, que se mostrou mais longa do que havia inicialmente suposto, vivi a experiência mais maravilhosa da minha vida: fui mãe! Dedico, pois, esta dissertação à minha filha Mariana, o bem mais precioso que na vida tenho e que me faz ver o mundo com outros olhos!

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Lista de abreviaturas utilizadas

L1 – Língua materna (Língua Portuguesa) L2 – Língua segunda (Língua Espanhola) LE – Língua estrangeira

ELE – Espanhol Língua Estrangeira UD – Unidade Didática

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Índice Geral

Introdução ……….10

Capítulo I – O lúdico ………13

1. O lúdico 1.1. O lúdico e o seu significado/ importância ao longo dos tempos……...14

1.2. O lúdico e a pedagogia ……….18

1.3. O lúdico no processo ensino-aprendizagem ……….21

1.4. A componente lúdica e o papel do professor ………....24

1.5. Os alunos e a dimensão lúdica ………...28

1.6. O lúdico na aprendizagem de L1 e L2 ………..31

1.7. A motivação, momento privilegiado para a apresentação de conteúdos lúdicos. Dois tipos de motivação……….35

Capítulo II – O contexto em que se desenvolveu o tema ………..…….39

1. A Escola Secundária Dr. Manuel Laranjeira ………...40

2. O núcleo de estágio ………...41

3. Caracterização das turmas ………...41

Capítulo III – O contributo das atividades lúdicas na aprendizagem de L1 e L2: aplicação prática ………..44

1. Objetivo da aplicação prática ………....45

2. Propostas de atividades lúdicas realizadas durante o estágio pedagógico a Língua Portuguesa (L1) e a Língua Espanhola (L2) ...47

2.1. A motivação, momento privilegiado para a apresentação de conteúdos lúdicos ...47

2.2. Outros momentos da aula, outros exemplos de atividades: ...54

2.2.1. Língua Portuguesa – L1 ...54

2.2.2. Língua Espanhola – L2 ...63

3. Outras propostas didáticas para Língua Portuguesa (L1) e para Língua Espanhola (L2) ...76

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Capítulo IV – Conclusão ………...85

Referências bibliográficas ………89

Índice de Autor ...93

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10 As atividades lúdicas podem ser a luz que faltava para iluminar as mentes dos alunos.

Marli P. dos Santos (2010: 9)

Introdução

O ensino é, para nós, professores, um mundo cheio de desafios, dificuldades, barreiras e incertezas que têm que ser ultrapassadas e vencidas. É nosso dever estar bem informados e alertar para as mais variadas e inesperadas situações que vão surgindo no nosso percurso enquanto formadores e cabe-nos essencialmente fazer com que os nossos alunos se sintam parte de toda a comunidade educativa, onde eles são o centro do nosso trabalho, estudo e pesquisa. Torna-se, assim, necessário que os discentes entendam a escola como potenciadora de saberes, aquisição de valores para a vida e, por isso, é preciso senti-la de forma plena para que aprendam, evoluam com mais satisfação, mais realização e, desta forma, sejam alunos mais interessados e motivados pelo seu próprio processo de ensino-aprendizagem e dele tenham mais consciência.

A minha escolha pela temática do contributo das atividades lúdicas na aprendizagem de L1 e L2 residiu principalmente por sentir que é cada vez mais necessário e urgente termos, na sala de aula, alunos mais motivados e mais interessados pelas matérias lecionadas e, dessa forma, alcançarem resultados mais positivos. Acredito que o lúdico seja uma mais valia no processo da aprendizagem dos alunos e, se na realidade, o podermos tornar num recurso auxiliar de motivação e de despertar neles o gosto pelo desafio, pela aprendizagem e pela criatividade, então é importante colocá-lo em prática. Devemos, no entanto, estar cientes de que não é uma tarefa tão simples como aparentemente possa parecer, pois é necessário ter em atenção uma série de fatores na hora de pensar, delinear e planificar uma atividade lúdica para trabalhar com os alunos na sala de aula.

Quero frisar que o meu interesse por este tema, que para muitos pode ser interpretado como um tema menor ou até indispensável na sala de aula é o de reforçar que há mais uma ferramenta, mais um recurso valioso que todos conhecemos, valorizamos e que nos acompanha a vida inteira, o lúdico. A componente lúdica está presente no nosso quotidiano em diversas situações e em todas as fases da nossa vida, embora seja muito mais visível e imediato na fase infantil. À medida que crescemos a

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dimensão lúdica, a necessidade de brincar, de sermos espontâneos ainda assim continua, mas de uma forma diferente como é expectável, pois faz parte do crescimento e amadurecimento. Contudo, todos gostamos e temos momentos de lazer, de deleite, de descompressão relacionados na sua maioria com momentos lúdicos, por exemplo: jogos de cartas com os amigos, jogos de tabuleiro, palavras cruzadas, sopa de letras, jogos de mímica, jogos de memória, quebra-cabeças, etc. De referir ainda, que a prática deste tipo de jogos/ atividades pode ajudar como terapia psicológica e pode, inclusive, ajudar em algumas doenças porque de forma descontraída trabalham a memorização e a agilidade de raciocínio.

Este relatório procura essencialmente despertar nos docentes um interesse crescente pela utilização das atividades lúdicas como um recurso capaz de provocar mudanças na motivação e interesse dos nossos alunos e, por conseguinte, numa maior e melhor realização no processo ensino-aprendizagem.

Darei início a este estudo pela parte teórica, analisando a questão do lúdico, primeiramente num plano abstrato e teorético, que parte do geral para o particular, fundamentando deste modo o seu contributo para uma aprendizagem mais eficaz e efetiva e pondo em relevo o seu valor. Em relação à parte prática, apresentarei algumas propostas didáticas elaboradas por mim e colocadas em prática durante o estágio pedagógico em L1 (Língua Portuguesa) e L2 (Língua Espanhola). Além delas, irei apresentar mais algumas propostas de atividades lúdicas para ambas as disciplinas, pois as aulas que administrei durante o meu estágio ao longo de várias UD (Unidades Didáticas) foram, apesar de tudo, limitadas, quer em termos de número, quer em termos de temáticas. Nesta parte prática, pretendo referir todo o processo, contextualizando a apresentação e desenvolvimento de cada atividade lúdica, assim como avaliá-la e referir os pontos que podem ser melhorados ou mesmo alterados. De facto, só colocando em prática as várias atividades apropriadas às turmas e aos alunos, é que conseguimos receber o seu “feedback” e perceber se a atividade resultou ou não e qual a razão ou razões para tal.

Para mim, este tema é importante porque visa fundamentalmente tornar as aulas mais aprazíveis e simplificar as matérias que, muitas vezes se apresentam abstratas e difíceis para um espírito jovem; mas o mais importante é esperar que os alunos estejam mais despertos para a aprendizagem, mais interessados, mais motivados e que consigam obter melhores resultados; e mais do que reconhecerem que a escola é importante para a

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sua formação, é sentirem-se bem com o aprender, o descobrir uma relação diferente com a escola, não a vendo como um castigo ou obrigação, mas sobretudo como um lugar onde desenvolvem as suas competências, afiam as suas habilidades, assim como a criatividade, a socialização, o lugar onde se formam cidadãos melhores.

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Capítulo I – O lúdico

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14 1. O lúdico

Em todos os tempos, para todos os povos, os brinquedos evocam as mais sublimes lembranças. São objectos mágicos, que vão passando de geração a geração, com um incrível poder de encantar crianças e adultos. (Velasco, 1996)

1.1.O lúdico e o seu significado/ importância ao longo dos tempos

lúdico

(latim ludus, -i, jogo, divertimento, distracção, escola primária + -ico)

adj.

1. Relativo a jogo ou divertimento. = RECREATIVO 2. Que serve para divertir ou dar prazer.

priberam.pt

Lúdico tem a sua origem na palavra latina “ludus” e, como a definição do dicionário comprova, relaciona-se com jogo, divertimento, distração e prazer1. Se atendermos, nestas quatro palavras, facilmente nos apercebemos que todas elas têm um carácter positivo e apelativo e, por isso mesmo, o lúdico acaba por ser quase sinónimo de algo que nos atrai, que nos motiva e que desperta em nós (crianças, adolescentes e adultos) reações positivas e de descompressão do dia a dia, da vida agitada e atribulada a que todos estamos sujeitos.

O ato de brincar e jogar faz parte da condição humana e é-nos inerente: “As atividades lúdicas representadas pelos jogos, brinquedos e dinâmicas são manifestações presentes no cotidiano das pessoas e, portanto, na sociedade desde o início da humanidade.” (Marli P. dos Santos, 2010: 11). Desde a Antiguidade que o jogo ou o lúdico fazem parte do quotidiano, estão presentes das mais variadas formas e são vários os autores que tratam e relevam a importância que os jogos têm na nossa formação enquanto cidadãos e o desenvolvimento que proporcionam, as sensações que transmitem de descontração, de lazer, de brincar e ao mesmo tempo a sua relação com a aprendizagem. O lúdico, como é óbvio, está mais presente na infância mas é importante em todas as idades. A criança precisa de sentir-se atraída pelos jogos ou brincadeiras que lhe propomos para o seu desenvolvimento psicomotor, a linguagem, a socialização, a autoconfiança, o pensamento, o afeto (…)

1 Significa ainda escola primária, o que revela a ligação e proximidade entre este nível de ensino inicial e

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Si hacemos un breve recorrido histórico comprobamos que son muchos los autores que mencionan el juego como parte importante del desarrollo del niño. Entre los filósofos que abordan este tema está Platón, uno de los primeros que reconoce el valor práctico del juego. Asimismo Aristóteles en varias de sus obras alude al tema del juego como parte del proceso de formación.2

Como já havia referido, são vários os autores que estudaram e que se debruçaram sobre o lúdico, sobre os jogos. Como podemos verificar, Platão e Aristóteles, dois dos filósofos mais conceituados da Antiguidade Clássica, também abordaram esta temática e reconheceram o valor prático dos jogos e a sua importância no processo de formação. Segundo o autor Ferrari (2003: 7):

Platão foi o principal deles e forma, com Aristóteles, as bases do pensamento ocidental. A educação, segundo a concepção platônica, deveria testar as aptidões do aluno (...) formulou modelos para o ensino por que considerava ignorante a sociedade grega de seu tempo. Por seu lado, Aristóteles, que foi discípulo de Platão, planejou um sistema de ensino bem mais próximo do que se praticava realmente na Grécia de então, equilibrado entre as atividades físicas e intelectuais e acessível a grande número de pessoas.

Ludus est necessarius ad conversationem humanae vitae.3

São Tomás de Aquino4, principal pensador da época medieval, com esta frase acaba por valorizar o brincar como sendo essencial à vida humana. Defende que o ser humano tem necessidade de repousar, descansar e que o faz através do brincar. É preciso notar que, na época medieval, a cultura estava essencialmente centrada na religião. O filósofo defende ainda a importância do brincar no ensino: este não deveria ser enfadonho, nem aborrecido pois dessa forma comprometeria seriamente a aprendizagem.

2 FUENTES, N. Charo, El componente lúdico en las clases de ELE.

marcoELE. revista de didáctica ELE / ISSN 1885-2211 / núm. 7, 2008,

pp.3-4:http://marcoele.com/el-componente-ludico-en-las-clases-de-ele/

3

Tomás de Aquino, Suma teológica II-II, 168, 3, ad 3.

LAUAND, Jean, Deus Ludens - O Lúdico no Pensamento de Tomás de Aquino e na Pedagogia

Medieval, 2000: WWW.hottopos.com/notand7/jeanludus.htm

4 Tomás de Aquino (Roccasecca, 1225 - Fossanova, 7 de março 1274) foi um

padre dominicano, filósofo, teólogo, distinto expoente da escolástica, proclamado santo e Doutor da Igreja cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Católica. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A1s_de_Aquino

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Avançando na História e voltando-nos para a era contemporânea, do século XX, encontramos uma obra intitulada Homo Ludens do autor Johan Huizinga, um historiador holandês, que atribuiu ao jogo um papel tão fundamental como a reflexão e o trabalho. A sua obra dedica-se ao estudo do jogo como fenómeno cultural. Para o autor jogo era:

[…] uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da “vida quotidiana.” (2004: 33)

Dois autores incontornáveis no que toca ao desenvolvimento e aprendizagem da criança são os psicólogos Jean Piaget5 e Lev Vigotsky6. Ambos reconhecidos pelo contributo que as suas teorias trouxeram para uma compreensão mais ampla e abrangente sobre a construção do conhecimento na criança, e também, a importância que ambos reconhecem na utilização do lúdico para o seu desenvolvimento e para a sua aprendizagem.

De acordo com Piaget (1978), “o desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ela precisa de brincar para crescer, precisa do jogo como forma de equilibração com o mundo”. O autor reforça uma questão particularmente importante, de que “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afectivo e moral” (1967: 32), Piaget defende, portanto, que o jogo ajuda à construção do conhecimento, logo tem que ser encarado como um elemento fundamental na aprendizagem e no ensino.

5

Sir Jean William Fritz Piaget (Neuchâtel, 9 de agosto de 1896 - Genebra, 16 de setembro de 1980) foi

um epistemólogo suíço, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Defendeu uma abordagem interdisciplinar para a investigação epistemológica e fundou a Epistemologia Genética, teoria do conhecimento com base no estudo da génese psicológica do pensamento humano. Adaptado: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Piaget

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Lev Semenovitch Vygotsky (Orsha, 17 de Novembro de */*1896, — Moscou, 11 de Junho de 1934) foi

um psicólogo bielo-russo. Pensador importante em sua área foi pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida. Veio a ser descoberto pelos meios académicos ocidentais muitos anos após a sua morte, que ocorreu em 1934, por tuberculose, aos 37 anos. Adaptado: http://pt.wikipedia.org/wiki/Vigotsky

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Segundo o autor Lev Vigotsky (1989):

O lúdico influencia enormemente o desenvolvimento da criança. É através do lúdico que a criança aprende a agir, a sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.7

Vários foram os autores8 das mais diversas áreas, além dos referenciados anteriormente, que dedicaram pesquisas e estudos sobre a questão do lúdico, dos jogos como meio de desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem. Ao longo dos tempos o lúdico foi encarado de diferentes formas, primeiramente com jogos coletivos e mais direcionados para os adultos. Posteriormente direcionou-se mais para a criança e para os seus benefícios quando aliado à educação. Reconheceram a utilidade do lúdico, na questão do prazer e do agradável, e de que a brincar também se aprende, se cresce, se adquirem competências, autonomia, mais criatividade (…)

Como há um considerável número de teorias sobre a importância do lúdico e da sua dificuldade numa só definição, cito a autora Marli P. dos Santos:

(…) Todo o ser humano sabe o que é brincar, como se brinca, por que se brinca, mas a grande dificuldade surge no momento em que se pretende formular um conceito claro sobre o lúdico. Nesse momento, as palavras são insuficientes, pois há necessidade de abandonar a emoção e mergulhar nas trilhas da razão. Será que, para ter credibilidade, o lúdico tem que ser racionalizado? Por que cada pessoa não pode conceituar o lúdico pelo que sente e não pelo que as palavras possam dizer? Assim, o lúdico teria um conceito sentido pela emoção e não pela razão, mais vivido e menos teorizado. Talvez seja por isso que não há consenso quando se define o brincar. (2010: 11)

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MONTEIRO, J. L. Jogo, interactividade e tecnologia: uma análise pedagógica. Cadernos da pedagogia

ano I vol. 01 janeiro/julho de 2007, p.130.

http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/viewFile/11/11

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Podemos referir nomes de outros autores que se dedicaram a estudos e teorias que ligam lúdico/jogo

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18 1.2. O lúdico e a pedagogia

Tanto as atividades lúdicas quanto a educação são indispensáveis à vida humana quando situadas como ingredientes que ofereçam melhoria para a qualidade de vida das pessoas.

Santa Marli P. dos Santos (2010: 9)

A escola deve ser um local de formação para a vida e não ser encarada, por uma parte dos alunos, como uma obrigação, um castigo que lhes é imposto sem qualquer recompensa. Se detivermos a nossa atenção nesta questão que muitos dos nossos alunos sentem dessa forma a escola, verificaremos que o nosso papel como professores torna-se mais dificultado, dado que os alunos não torna-se torna-sentem motivados, nem interessados em aprender, em ter aquela “curiosidade” sã de quererem saber sempre mais, de indagarem constantemente. Daí que, para despertar tal curiosidade, sobretudo nos alunos mais novos, seja necessário ligar o ensino ao lúdico, mas sem infantilizar.

O sistema educativo, como qualquer outro sistema, tem que se atualizar constantemente, tem que estar a par de iniciativas que auxiliem e tentem diminuir o insucesso e o abandono escolar, o desinteresse dos alunos, a desconcentração, a indisciplina na sala de aula, entre outros fatores. É muito importante recorrer a estratégias, entre as quais as estratégias que recorrem no lúdico, para elevar o interesse dos estudantes, a participação na sala de aula e, em consequência, os resultados escolares.

Justamente a autora Marli P. dos Santos aponta a utilização das atividades lúdicas como uma estratégia viável no futuro da educação, uma vez que estas tendem a ser mais abertas, criativas e dinâmicas. Salienta a importância das práticas pedagógicas estarem em constante atualização e, por isso, deve-se procurar sempre alternativas que auxiliem no sucesso escolar:

As práticas pedagógicas atuais têm por tarefa construir competências, buscar novos conhecimentos, procurar métodos ativos, tornar as disciplinas menos rígidas, respeitar os alunos, utilizar didáticas mais flexíveis, buscar avaliações mais formativas, usar novas tecnologias e tratar os alunos através de técnicas reflexivas. Essas práticas tendem, no futuro, a mudar a educação e um dos caminhos viáveis pode ser a utilização das atividades lúdicas, pois estas têm a possibilidade de ajudar na busca de mudanças, uma vez que tendem a ser mais abertas, criativas e dinâmicas.(2010: 21)

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Através dos jogos lúdicos as crianças brincam e aprendem, juntam-se aqui dois ingredientes essenciais à vida humana: o prazer e o conhecimento. Se, na realidade, os pudermos juntar e continuar a desenvolver atividades com componente lúdica e que estas nos acompanhem pelo nosso percurso como indivíduos e profissionais, então gratamente reconhecemos que o lúdico, quando aliado à pedagogia, torna-se num elemento importante e enriquecedor. Como um recurso auxiliar, contribui para que a aprendizagem dos nossos alunos possa ser mais produtiva e eficaz, pois tudo gira em torno dessa questão: da aprendizagem ser mais efetiva e que os nossos discentes sintam prazer em aprender e ainda que isso sobressaia nos resultados alcançados.

O lúdico torna-se assim numa mais valia, numa ferramenta que, bem trabalhada, bem elaborada, pode obter resultados muito positivos e, por isso, é necessário que lhe seja dedicado mais tempo, mais estudo, que seja implementado de uma forma mais marcante e percetível nas escolas e no ensino.

Uma outra autora, Tezani (2004) defende a importância do jogo na educação escolar, aponta os benefícios da sua utilização e realça o facto de este ser muito relevante na educação escolar:

O jogo não é simplesmente um “passatempo” para distrair os alunos, ao contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar de extraordinária importância na educação escolar. Estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso da palavra. Estimula a observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em que se vive. Através do jogo o indivíduo pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa.

Outro autor ainda, Prieto Figueroa, reconhece também a importância dos jogos didáticos para a educação, uma vez que estes contribuem para o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. Reconhece ainda o jogo como sendo um elemento essencial à vida humana e que afeta de forma diferente cada fase. Destaca o jogo livre para a criança e o jogo sistematizado para o adolescente:

El juego, como elemento esencial en la vida del ser humano, afecta de manera diferente cada período de la vida: juego libre para el niño y juego sistematizado para el adolescente. Todo esto lleva a considerar el gran valor que tiene el juego para la educación, por eso han sido inventados los llamados juegos didácticos o educativos, los cuales están elaborados de

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tal modo que provocan el ejercicio de funciones mentales en general o de manera particular. (1984: 85)

Se, na realidade, o lúdico pode e deve ser um aliado com o ensino, a verdade é que se verifica por parte das escolas e de muitos educadores alguma relutância em explorar este recurso estimulador, potenciador e capaz de desenvolver competências e inteligências como nos refere Marli P. dos Santos:

A escola, de modo geral, tem-se preocupado pouco com o valor prático da ludicidade. Os educadores exigem que os alunos prestem atenção, contem histórias, demonstrem memória, tenham pensamento lógico, criatividade e imaginação, mas quando oferecem atividades lúdicas, estas estão dissociadas do contexto do aluno e, também, de qualquer tipo de aprendizagem. Eles não têm o hábito de desenvolver habilidades e nem de usar os jogos como estratégias de intervenção psicopedagógica. Portanto, não aproveitam o lúdico para afiar as habilidades e de desenvolver competências e inteligências. (2010: 13)

É fundamental que se perceba a importância das atividades lúdicas aplicadas num contexto bem definido, com regras claras e precisas tanto para os professores, que levam a atividade para a sala de aula, como para os alunos, que a vão realizar. Muitos educadores ainda confundem e apresentam este tipo de atividades fora do contexto lecionado na aula, apresentam-nas como simples passatempo, recreio e, desta maneira, obviamente não desenvolvem nem aproveitam as competências e habilidades para a aprendizagem. Esta problemática centra-se mais nas escolas de modelo mais tradicional, onde o aluno é mero espetador e ouvinte, tem um papel passivo e onde o professor ocupa o papel central e monopolizador. Todavia, tem-se notado um esforço para que a escola seja aberta a mudanças, visto ser necessário que o sistema educacional evolua, atualize e se coloque a par de iniciativas que se mostrem produtivas e eficazes no processo ensino-aprendizagem.

“Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.” (Carlos Drummond de Andrade)

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21 1.3. O lúdico no processo ensino-aprendizagem

aprendizagem s. f.

1. Acto ou efeito de aprender. 2. Tempo durante o qual se aprende. = APRENDIZADO 3. Experiência que tem quem aprendeu. =APRENDIZADO Adaptado de priberam.pt

“ O processo de ensino aprendizagem deve ser algo prazeroso que nos dê vontade de continuar.”

Maria Clara Fraga Lopes “ É importante a vontade de aprimorar o conhecimento: tudo é motivo para aprendizagem e crescimento. Nunca perca a curiosidade e a vontade de progredir, independente de sua idade.”

Perfect Liberty “Por aprendizagem significativa, entendo, aquilo que provoca profunda modificação no indivíduo. Ela é penetrante, e não se limita a um aumento de conhecimento, mas abrange todas as parcelas de sua existência.”

Carl Rogers “ A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender ainda mais.”

Aristóteles

A aprendizagem representa na vida de qualquer ser humano o desenvolvimento do conhecimento e processa-se de diferentes formas nas diferentes fases da vida: bebé, criança, adolescente, adulto e idoso. Em todas elas, a aprendizagem deve possuir características que a tornem digna de interesse, que se deseje saber e aprender mais, que se tenha curiosidade em indagar, prazer e alegria no descobrir/ conhecer novos conteúdos. Logo, “aprender” deveria relacionar-se com interesse, prazer, alegria e, desta forma, o processo ensino-aprendizagem seria certamente mais cativante, motivador e com bons resultados.

No entanto, as escolas têm-se deparado com sérios problemas (já referido no ponto anterior) e estes têm sido abordados no sentido de encontrar respostas capazes

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de provocar mudanças, de alcançar estratégias que consigam inverter esta situação tão complicada no sistema educativo. Um recurso que tem vindo a despertar cada vez mais a atenção das escolas e, claro, dos professores é a utilização do lúdico na aprendizagem, pois quando se aprende de forma agradável, de forma mais descomprimida, por norma conseguem-se melhores resultados. Na realidade, é necessário recorrer a ferramentas que possam ser uma mais valia no que concerne à aprendizagem dos nossos alunos, ao seu interesse e motivação por aquilo que estão a aprender.

Macedo, Petty & Passos (2005: 10) “O que significa aprendizagem? Propomos (…) que consideremos as diferentes partes que compõem essa palavra: a+ aprendiz+ agem. O sufixo –agem que substantiva o verbo a+ prender. Prender é o mesmo que atar, fixar, pregar em. Seu correspondente etimológico – apreender – significa abarcar com profundidade, compreender, captar. O prefixo a- (ad-), indica aproximação, movimento em direção a (…)”. Segundo os autores, a aprendizagem deve ser realizada de forma, a que tenhamos a capacidade de fixar/ ligar e compreender os conteúdos adquiridos, pois a aquisição de conhecimentos que fazemos durante a nossa vida faz parte de um processo evolutivo e gradual.

Quando falamos em ensino-aprendizagem falamos obviamente de um processo, pois o que se pretende é que se progrida, se evolua e que, através de diversos métodos aplicados no sistema educativo, este obtenha certos resultados, neste caso, pretende-se obviamente o sucesso dos nossos alunos, a obtenção de bons resultados. Surge-nos então um caminho viável, o lúdico, que necessita de mais estudos, de mais atualizações principalmente pelos professores, para que a sua implementação seja cada vez mais visível e significativa, nas salas de aula e fundamentalmente nos nossos alunos.

A propósito do lúdico como ciência, a autora Marli P. dos Santos defende:

A ludicidade, como ciência, fundamenta-se em quatro eixos: o sociológico, o psicológico, o pedagógico e o epistemológico. Sociológico, porque a atividade de cunho lúdico engloba demanda social e cultural. Psicológico, porque se relaciona com o processo de desenvolvimento e aprendizagem do ser humano em qualquer idade em que se encontre.

Pedagógico, porque se serve tanto da fundamentação teórica existente como das

experiências educativas provenientes da prática docente. Epistemológico, porque tem fontes de conhecimentos científicos que sustentam o jogo como fator de desenvolvimento. (2010: 18)

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A anterior citação comprova a importância do lúdico e os quatro eixos nos quais assenta, daí a autora definir “ludicidade” como uma ciência, mas logo de seguida fala das resistências que os agentes da educação têm contra o lúdico e que é de difícil implementação na escola, devido a variados fatores:

Não é fácil transformar uma realidade e isso não acontece de uma hora para a outra, pois as práticas docentes são diversas, as concepções dependem de cada educador, pois os educadores, mesmo leccionando a mesma disciplina e trabalhando na mesma escola, diferem em suas concepções. Por outro lado, sabe-se que uma mudança só ocorre ao longo de um período e, para que aconteça, é necessário que existam pessoas inovadoras, criativas e capazes de incentivar a busca por novos caminhos que possam levar à transformação. (2010: 21)

As mudanças não são fáceis de ocorrer, exigem uma série de circuntâncias e, no que concerne ao sistema educativo, implicam obviamente diversas práticas docentes, várias disciplinas, programas curriculares que têm que ser cumpridos, muita burocracia e claro está, é preciso também que haja educadores que sejam criativos, que estejam recetivos não só à mudança como serem eles próprios agentes dessa mudança. Desta forma, poderão, quem sabe, levar outros colegas a serem mais inovadores e buscarem estratégias para melhorarem a aprendizagem dos alunos. Tudo converge para que o processo ensino-aprendizagem seja mais eficaz, produtivo, agradável e de interesse para a mente, tanto de quem aprende como de quem ensina.

As vantagens do lúdico ficam mais uma vez assinaladas neste texto de Juliana Tavares. As vantagens do seu uso ultrapassam em muito o campo da escola:

[…] o lúdico pode contribuir de forma significativa para o desenvolvimento do ser humano, seja ele de qualquer idade, auxiliando não só na aprendizagem, mas também no desenvolvimento social, pessoal e cultural, facilitando no processo de socialização, comunicação, expressão e construção do pensamento. Vale ressaltar, porém, que o lúdico não é a única alternativa para a melhoria no intercambio ensino aprendizagem, mas é uma ponte que auxilia na melhoria dos resultados por parte dos educadores interessados em promover mudanças.9

9

MAURÍCIO, Juliana Tavares. Aprender brincando: O lúdico na aprendizagem, p.18.

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24 1.4. A componente lúdica e o papel do professor

Professor |ô| (latim professor, -oris) s. m.

1. Aquele que ensina uma arte, uma actividade, uma ciência, uma língua, etc.

2. Pessoa que ensina em escola, universidade ou noutro estabelecimento de ensino. = DOCENTE

[…]

5. Entendido, perito.

adj.

6. Que ensina.

Adaptado de priberam.pt

O professor é um dos elos mais importantes dentro do chamado sistema educativo. Como a própria definição diz: o professor é aquele que ensina, portanto, que instrui.

O papel do professor foi-se modificando ao longo dos tempos. Nos dias de hoje, o educador é visto cada vez mais como um orientador e mediador, abandonando assim o papel central e autoritário que lhe estava confinado na designada “escola tradicional”. Também o papel passivo dos alunos pertence cada vez mais ao passado. Hoje os alunos têm um papel mais central e ativo e estão mais conscientes do seu próprio processo de ensino-aprendizagem.

Alunos estimulados e motivados é o desejo e ambição de todos os docentes, pois não há nada mais significativo do que ensinar alunos que queiram efetivamente aprender e que gostem de estar na escola, e não a sintam como uma “prisão”. É nesse sentido que a escola necessita de procurar soluções, respostas capazes de manter os alunos motivados, incentivados para o ensino-aprendizagem. E, os professores têm um papel bastante ativo neste sentido, pois são eles que lidam diretamente com os alunos e que mais facilmente se apercebem do desânimo, da indisciplina, do desinteresse, da falta de motivação, das dificuldades cognitivas, etc.

Como defendem as autoras Santos e Balancho, é necessária uma mudança da educação e, para isso é preciso mudar mentalidades; e acrescentam ainda que cabe ao professor o papel mais preponderante, pois ele deverá ser o mais lúcido e conhecedor da realidade escolar:

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[…] Essa “atitude” pressupõe a capacidade de mudar a educação por dentro, provocando a alteração das mentalidades de todos os protagonistas do processo educativo. A iniciativa cabe, necessariamente, ao professor, porque ele deverá ser, de entre todos, o mais lúcido dos protagonistas: … pela vocação de sujeito atento, que opera e que transforma; … pelo posicionamento estratégico que ocupa; … pela sua cosmovisão, favorável, por inerência de funções, à activação dos mecanismos que conduzem à comunicação aberta; … pela capacidade de definição de uma “atitude pedagógica” assente no diálogo criativo.10

De facto, os educadores/ professores procuram alternativas e estratégias capazes de tornar o seu trabalho mais eficiente e mais produtivo, porque entenderam que as atividades lúdicas são uma grande valia na tentativa de alcançar uma aprendizagem mais significativa quer como alunos quer como pessoas. Marli P. Dos Santos (2010: 7) fala precisamente desse afã dos professores em captar a atenção dos seus alunos e

tornarem o seu ensino mais atraente, aguçar também à adoção de práticas lúdicas:

Os profissionais de educação, na sua grande maioria, têm a intenção de fazer um trabalho pedagógico mais eficiente; por isso, nesse meio, a discussão sobre a melhoria do ensino tem-se voltado para a busca de alternativas que tornem o ensino mais atraente e que proporcionem uma aprendizagem significativa pela via do prazer, do afeto, do amor e do despertar de emoções, pois a falta de concentração dos alunos, o desinteresse pelas aulas, a indisciplina, a ansiedade, a falta de capacidade de memorização, de lógica e de apropriação dos conteúdos tem sido a tónica das discussões escolares. Os educadores já perceberam também que a atividade lúdica é uma das mais educativas atividades humanas e não serve somente para aprender conteúdos escolares, mas também para afiar habilidades e educar as pessoas a serem mais humanas.

E noutro passo:

O educador do novo milênio deve promover novos e estimulantes desafios, contextualizar conteúdos, outrora ministrados sem valor prático, pois, enquanto o aluno não perceber a utilidade do que aprende na escola para a sua vida, sentirá os conteúdos sem significado e a escola desnecessária.11

10 SANTOS, Ana Maria Ribeiro dos, BALANCHO, Maria José S, A criatividade no ensino do português,

1992, p.8.

11

SANTOS, Santa Marli P. Dos, O brincar na escola – Metodologia Lúdico-vivencial, coletânea de jogos, brinquedos e dinâmicas, 2010, p. 23.

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Obviamente o professor ao traçar, delinear e planificar uma atividade de componente lúdica precisa estar ciente do que pretende. Necessita definir objetivos claros e precisos, e aspeto muito importante, tem de atender sempre aos grupos de alunos aos quais vai aplicar a atividade, pois este é um dos principais fatores que contribuem ora para uma maior implementação das atividades lúdicas no processo ensino-aprendizagem, ora para a inibição de as colocar em prática, no caso de em turmas mais difíceis, com alunos mais perturbadores. Por isso, as regras, na hora de elaborar uma atividade lúdica, serem de extrema importância.

Receios de falhar vão existir sempre. Há que ter em conta que no ensino todos os materiais a que recorremos, que elaboramos e que adaptamos são pensados para o desenvolvimento e aprendizagem dos nossos alunos, para o seu sucesso. Há sempre uma espécie de incerteza quando levamos à sala de aula um material diferente dos habituais, mas é importante fazê-lo pois o nosso trabalho, enquanto professores, é, acima de tudo, conseguir que os nossos alunos se sintam interessados.

Para Celso Antunes (2001), naturalmente que um professor empenhado e preocupado com o sucesso dos seus alunos terá mais hipóteses de despertar a sua atenção e acabará por ver os seus esforços recompensados:

Um professor que adora o que faz, que se empolga com o que ensina, que se mostra sedutor em relação aos saberes de sua disciplina, que apresenta seu tema sempre em situações de desafios, estimulantes, intrigantes, sempre possui\ chances maiores de obter reciprocidade do que quem a desenvolve com inevitável tédio da vida, da profissão, das relações humanas, da turma [...]

E noutro passo, a propósito da adaptação do professor aos novos tempos:

O professor do século XXI precisa se adequar às transformações tecnológicas, adquirindo novas competências e habilidades para que possa não só ensinar como também “aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e aprender a ser.” Antunes (2001)

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Marli P. dos Santos tem uma posição muito semelhante face ao papel do professor e ao lúdico:

(…) o educador lúdico deve ser um profissional sério, que estuda, que pensa, que pesquisa, que experimenta, dando um caráter de cientificidade a seu trabalho e, ao mesmo tempo, uma pessoa que vivencia, que chora, que ri, que canta e que brinca, dando um carácter de humanização ao trabalho escolar. Esse conceito possibilita vislumbrar um educador holístico que une razão e emoção. Se ele agir assim em sala de aula possivelmente os alunos terão uma formação diferenciada. (2010: 23-24)

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28 1.5. Os alunos e a dimensão lúdica

“Há um mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem. Só não consegue descobri-lo quem está encerrado dentro do seu próprio mundo”. (Augusto Cury)

Nos pontos tratados anteriormente, já foi referida informação sobre a vantagem da utilização de atividades lúdicas nas salas de aula, tendo estas como principal função a motivação, o interesse e, claro, a melhoria dos resultados escolares dos nossos alunos. Estes são o cerne de toda a nossa preocupação e razão suficiente para, procurar iniciativas válidas que contribuam para um melhor desempenho dos seus processos de ensino-aprendizagem.

O aluno tem que perceber as mudanças e as implementações das estratégias que os professores levam à sala de aula e quais os seus propósitos, pois, se assim não ocorrer, então o erro será do docente, e este não poderá sentir-se admirado por determinada tarefa/ atividade não ter funcionado. No caso de lhes apresentar um jogo didático, por exemplo, sem especificar o que realmente pretende com a atividade, o mais passível de acontecer é que os alunos encarem isso como momento de pausa, de recreio, de descontração e, tornem esse momento num grande tormento para o professor, que não soube definir os limites e as regras para esse momento da aula.

Os alunos, assim como qualquer pessoa, gostam de se sentir estimulados e desafiados, gostam de atividades que quebrem as rotineiras. É necessário inovação e, por isso, defende-se o uso do lúdico como um recurso potenciador e apelativo para despertar nos nossos alunos o seu poder de imaginação, a sua criatividade, a sua capacidade de trabalhar em grupo, de respeitar colegas e professores, de resgatar o interesse; pelo prazer de aprender.

Para Rubem Alves o lúdico tem a capacidade potenciadora de abrir novos caminhos:

O lúdico privilegia a criatividade e a imaginação, por sua própria ligação com os fundamentos do prazer. Não comporta regras preestabelecidas, nem velhos caminhos já trilhados, abre novos caminhos, vislumbrando outros possíveis.12

12

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Não confundamos a educação lúdica com a mera distração ou brincadeira vulgar. Para Almeida (1994: 10), a educação lúdica está distante da conceção ingénua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial. A educação lúdica é uma ação inerente na criança, adolescente, jovem, adulto e aparece sempre como uma forma tradicional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo.

Trabalhar com atividades lúdicas permite aos alunos:

Desenvolver a criatividade, imaginação e a sociabilidade; Reforçar os conteúdos lecionados;

Reforçar o respeito pelas regras, colegas e professores; Aceitar diferentes opiniões;

Adquirir novas competências e habilidades;

Reforçar os laços com os seus companheiros, coesão grupal;

Saber lidar com os resultados (principalmente quando se perde ou erra); Tornarem-se mais seguros e confiantes;

Serem mais espontâneos (o lúdico é inerente à condição humana) e uma maior e melhor integração quer na turma, quer na escola;

(…)

O aluno é co-responsável na apresentação de atividades lúdicas. Cabe-lhe também o sucesso ou fracasso de uma atividade, pois depende muito de como reage à atividade proposta, e sabe-se que há situações em que os discentes não dão sequer espaço para que o professor leve para a aula atividades ou jogos lúdicos devido, principalmente, a fatores de indisciplina. Os alunos, pelo contrário, podem e devem até fazer sugestões de atividades de componente lúdica aos seus professores e, se estas resultarem eficazes, então mais motivos haverá para que este recurso seja aproveitado e trabalhado na sala de aula; e que, desta forma, o ensino pareça mais atraente e apelativo aos nossos alunos e, por conseguinte, a escola seja vista como um sítio mais agradável e cheio de oportunidades.

Escola obrigatória que não é lúdica não segura os alunos, pois eles não sabem nem têm recursos cognitivos para, em sua perspectiva, pensar na escola como algo que lhes será bom

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em um futuro remoto, aplicada a profissões que eles nem sabem o que significam. As crianças vivem seu momento. Daí seu interesse despertado por certas atividades, como jogos e brincadeiras. Nessas atividades, o que vale é o prazer, o desafio do momento. (MACEDO, PETTY & PASSOS, 2005: 17)

Termino com uma citação de Saint-Exupéry sobre cativar, pois relaciono-a com o uso do lúdico nas escolas. É um recurso potenciador e pode-se optar por trabalhá-lo ou não, mas caso o façamos e resulte tudo bem, então, passa a ser algo necessário para tornar as aulas mais atrativas, ter os alunos mais interessados e motivados pela aprendizagem, pelo saber.

Eu não preciso de ti. Tu não precisas de mim. Mas, se tu me cativares, e se eu te cativar...Ambos precisaremos um do outro. A gente só conhece bem as coisas que cativou. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas! (Antoine de Saint-Exupéry)

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31 1.6. O lúdico na aprendizagem de Português (L1) e Espanhol (L2)

A aprendizagem de línguas, tal como a aprendizagem de qualquer outra disciplina, deve ser realizada com motivação, interesse, empenho… Contudo, sabemos que a realidade escolar está longe de conseguir ser um espaço que reúna consenso quanto à visão dos alunos sobre estar na escola e sobre aprender, como já foi anteriormente referido.

Particularizando a questão do lúdico com a aprendizagem efetiva de línguas, neste caso em estudo L1 – Língua Portuguesa e L2 – Língua Espanhola, que é o tema central deste trabalho, não seria muito pertinente não me referir à aprendizagem da Língua Inglesa, dado que é um bom exemplo, como língua universal que é. Os alunos começam a aprendê-la logo na pré-primária, ainda bastante pequenos, e quando ainda têm tanto que aprender e descobrir da sua própria língua.

As actividades propostas na língua estrangeira não pretendem ultrapassar ou escamotear a maturidade e o domínio socio-cultural da criança. Muito pelo contrário, pretendem mostrar novos horizontes através da realização das tarefas pedagógicas propostas por este ensino. Seria, pois, não só pernicioso como também impraticável tentar, por exemplo, ensinar a crianças de quatro anos de idade as horas em inglês uma vez que este é um conceito que elas ainda não dominam, na generalidade dos casos, na sua língua mãe.13

Não será por acaso a inserção destas “atividades” como parte do seu processo de desenvolvimento, através precisamente da componente lúdica pois está presente logo nos primeiros meses de vida da criança. No 1º ciclo além das disciplinas “obrigatórias”, as curriculares, os alunos têm as atividades de enriquecimento curricular, vulgo AECS, que têm então essa pretensão de motivar os alunos através de atividades que lhes sejam apelativas e despertem no aluno um maior interesse pelo saber, atividades que o desafiem, que o tornem mais autónomo, mais sociável, onde demonstre também mais as suas emoções e afetos. Desta forma, as crianças ao brincarem, ao jogarem estão a aprender, estão a adquirir conteúdos. E, assim deveria continuar pelo ensino em diante, pois se está comprovado que as atividades lúdicas são enriquecedoras, atrativas e motivadoras “talvez”, não faça muito sentido erradicá-las, tornando as aulas

13

NOBRE, C. R. O jogo no ensino precoce da língua inglesa, p. 166. <http://www.esecs.ipleiria.pt/files/f1424.1.pdf>

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enfadonhas, daí eu acreditar que o lúdico pode alterar a relação entre aluno – escola- aprendizagem.

Na aprendizagem das línguas precisamos igualmente de sentir os alunos empenhados e interessados, para que o nosso papel enquanto professores seja o mais bem sucedido. Para tal dependemos dos bons resultados dos nossos alunos.

Será que a aprendizagem de Português (L1) é mais eficaz que Espanhol (L2)? Tratando-se da nossa língua, aquela que nos acompanha desde tenra idade e que aprendemos espontaneamente, seria expectável que gostássemos de saber mais, de ler e escrever bem, de compreender bem um texto, de conseguir argumentar, de saber utilizar as estruturas gramaticais corretamente e, tudo isto, com muita motivação, dado que é a nossa língua. Todavia, o que se verifica é que existem muitas dificuldades na aprendizagem de Português (L1), levando o MEC14 a reforçar esta disciplina em carga horária e fora da sala de aula para tentar suprir ou diminuir as dificuldades apresentadas pelos alunos.

Em relação ao contributo do lúdico na aprendizagem de Português (L1), quase não há literatura disponível que reflita seriamente esta temática, principalmente a partir do 2º ciclo, ou seja, com alunos mais crescidos, depreendendo-se desta forma que, para a aprendizagem da língua materna não será muito relevante a componente lúdica, apesar de todos os benefícios e potencialidades apontadas e fundamentadas nos pontos anteriores. Situação diferente verifica-se na aprendizagem de Espanhol (L2), onde a importância dada à motivação, ao cativar os alunos pela aprendizagem de um novo idioma tornam o lúdico num recurso indispensável para trabalhar os conteúdos em sala de aula. Os professores de E/LE reconhecem o contributo das atividades lúdicas como um elemento enriquecedor e potenciador de conseguir bons resultados, capaz de tornar a aprendizagem mais efetiva, que é o verdadeiro cerne de toda esta temática.

Veja-se o testemunho de Fuentes:

Y por si faltan razones para su implementación en clase quizás convenga recordar que el Plan Curricular publicado por el Instituto Cervantes aconseja, entre los procedimientos y recursos para la práctica en el aula de español E/LE, la utilización de los juegos para

14

(33)

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favorecer la creación de un ambiente relajado y motivador y obtener así el mayor provecho de las actividades.15

En el momento en que la educación más tradicional da un paso más allá, pasando de la formalidad en sus explicaciones y del protagonismo del professor como único representante del acto educativo, a la idea de introducir actividades dinámicas en las que el discente pasa a formar parte directa del proceso de enseñanza, descubrimos que el componente lúdico cobra un papel fundamental en la programación. Los profesores nos adentramos en este mundo descubriendo gratamente que “se aprende jugando en clase” y no sólo eso, sino que todo lo que genera el juego a su alrededor facilita enormemente el proceso de aprendizaje, las relaciones en el aula potenciando la integración y la cohesión grupal. (2008: 2)

Fuentes (2008: 7) afirma ainda:

Ya en el Marco común europeo de referencia para las lenguas: aprendizaje, enseñanza, evaluación (MCER), se hace referencia al papel que desempeña el componente lúdico en el aprendizaje y desarrollo de la lengua. 16

A questão continua e precisa de ser abordada, estudada e fundamentada no que concerne à aprendizagem de Português (L1), pois se o lúdico é reconhecido como uma ferramenta bastante útil e importante em ELE (aqui cabe ressaltar a importância referida em Espanhol - L2) então é necessário alargar horizontes e mudar mentalidades, embora creia que já se caminhe nesse sentido e seja muito importante para combater o insucesso registado em L1, em particular.

As dificuldades no que respeita a Português (L1) e a desmotivação por parte dos alunos não prejudica somente os resultados desta disciplina, acabando por interferir com todas as outras, pois, se um aluno não possui os conhecimentos suficientes da sua própria língua, vai deparar-se com sérios problemas também nos outros saberes. Aliás,

15 VV.AA. (1994) Plan Curricular del Instituto Cervantes. La enseñanza del español como lengua extranjera. Instituto Cervantes.

http://www.cuadernointercultural.com/aprender-idiomas-con-actividades-ludicas-y-juegos/

16

Dentro del MCER( en el capítulo 4: El Uso de la lengua y el usuario o alumno, en el punto 4.3.:Tareas

y propósitos comunicativos hay un apartado que hace referencia a los usos lúdicos de la lengua, recogiendo algunos ejemplos de juegos que se pueden llevar al aula de ELE. Centro Virtual Cervantes, Marco común europeo de referencia para las lenguas: aprendizaje, enseñanza, evaluación, Instituto Cervantes, 2002-2008. Disponível em: http://cvc.cervantes.es/obref/marco/

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são vários os professores que relatam que os alunos não conseguem aprender a(s) disciplina(s) porque não conseguem interpretar as questões colocadas pelos professores, assim como não conseguem fundamentar, argumentar, exprimir-se quer a nível oral quer de escrita.

Português (L1) permite a comunicação entre todos, a interação, a tomada de decisões e, para isso, é necessário que os alunos compreendam a sua importância ao longo das suas vidas, independentemente da profissão que venham a desempenhar, e mais, pretende-se a formação de cidadãos criativos, críticos e aptos para tomar decisões.

É imprescindível que a escola, que os docentes, os pais, os alunos consigam encontrar estratégias, iniciativas, mudanças capazes de contornar esta situação e fazer dos nossos alunos melhores comunicadores, melhores escritores, melhores cidadãos, melhores pessoas.

Friedmann (1996: 54) argumenta:

A escola é um elemento de transformação da sociedade, sua função é contribuir, junto com outras instâncias da vida social, para que essas transformações se efectivem. Nesse sentido, o trabalho da escola deve considerar as crianças como seres sociais e trabalhar com eles no sentido de que sua integração seja construtiva.

Um dos caminhos apontados tem sido a componente lúdica, o uso de atividades lúdicas, dinamizadoras e, por isso, a autora Marli P. dos Santos refere:

A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afectividade, a nutrição da alma, proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas, experiências corporais, que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora. (1997: 14)

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35 1.7. A motivação, momento privilegiado para a apresentação de conteúdos lúdicos. Dois tipos de motivação.

A questão da motivação é fundamental no processo de ensino-aprendizagem, principalmente quando prevemos que os estudantes vão ter dificuldade em entender algum tipo de matéria, quer por ter a sua complexidade, quer por o momento em que ocorre a aula ser inconveniente. Mas o que é a motivação em contexto escolar?

El término motivación se deriva del verbo latino “movere”, que significa `moverse´, `poner en movimiento´ o `estar listo para la acción´. Cuando un alumno quiere aprender algo, lo logra com mayor facilidade que cuando no quiere o permanece indiferente. En el aprendizaje, la motivación depende inicialmente de las necesidades y los impulsos del individuo, puesto que estos elementos originan la voluntad de aprender en general y concentran la voluntad.17

Portanto, a questão da motivação é fundamental no processo de ensino-aprendizagem como afirma a autora Caballero de Rodas, por implicar uma série de variáveis importantíssimas para alcançar com sucesso os conteúdos curriculares. Vale a pena citar esta autora, pondo em destaque a sua importância antes da exposição de uma matéria algo mais difícil:

La motivación es una característica absolutamente indispensable para la adquisición significativa de los contenidos curriculares, porque modifica variables como la atención, la concentración, la persistência y la tolerancia a la frustración, todas ellas presentes y determinantes del proceso de aprendizaje. (Caballero de Rodas et al, 2001: 102)18

O nosso papel, enquanto professores, centra-se precisamente na preocupação de estarmos rodeados de alunos motivados, alunos interessados, alunos atentos e mais participativos no processo de aprendizagem. Contudo, há um número significativo de alunos desmotivados, desinteressados e que encaram a aprendizagem de conteúdos como um trabalho forçado, custoso e desinteressante. Esta é, na verdade, uma realidade cada vez mais frequente, muito devida à massificação do ensino e à desagregação da instituição família.

17

PEÑA, Xóchitl de la, La motivación en el aula. http://www.psicopedagogia.com/motivacion-aula

18 SANTOS, Mª João, Actividades dinâmicas e a motivação nas aulas de língua estrangeira, 2010,

pág. 16. http://repositorioaberto.up.pt/bitstream/10216/55853/2/TESEMESMARIAJOAOSANTOS000 127197.pdf

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Detetado / encontrado o problema, há que tentar procurar a solução ou soluções. Neste caso em particular, devem-se procurar iniciativas e/ ou estratégias válidas capazes de alterar comportamentos e de conseguir alcançar os objetivos pretendidos, pois os alunos são o centro do nosso trabalho, e um professor também se sentirá muito mais motivado se trabalhar com alunos interessados em aprender, em adquirir novos conhecimentos, enfim, alunos motivados.

A motivação é um fator que atinge todas as pessoas, desde as mais jovens às mais “crescidas”, e todos acabam por ser fortemente influenciados no dia a dia por este fator, especialmente os mais jovens. Se nos sentirmos motivados para determinado aspeto ou assunto, mais nos vamos empenhar, envolver, dedicar; pois, na realidade, estamos a realizar algo que nos apraz, que nos agrada e estimula. O oposto também acontece, a desmotivação, mas é necessário então um esforço maior para combater esse estado que muito afeta e que é incapacitante, dado que não nos sentimos estimulados e isso pode repercutir-se de uma forma menos positiva.

Há a destacar dois tipos de motivação: a motivação intrínseca e a motivação extrínseca. Segundo os autores Lieury e Finouillet (1997: 51)19

, “A motivação intrínseca significa que o indivíduo vai realizar uma actividade unicamente por causa do prazer que ela lhe proporciona”, enquanto a motivação extrínseca é definida pelos mesmos autores como aquela que “(...) faz referência a todas as situações em que o indivíduo realiza uma actividade para dela retirar qualquer coisa de agradável, tal como o dinheiro, ou para evitar qualquer coisa de desagradável”.

Aplicando estes conceitos ao âmbito escolar, entende-se que um aluno que esteja intrinsecamente motivado realiza as atividades propostas por gosto e satisfação, enquanto que o aluno motivado extrinsecamente necessita de fatores externos, como por exemplo: dinheiro, uma bicicleta nova, um jogo para a consola, etc, ou seja, precisa de um estímulo extra para que se sinta motivado para realizar determinada tarefa/ atividade com sucesso e, desta forma, lograr da recompensa.

A motivação é um dos fatores mais importantes para estimular os alunos para a aprendizagem de conteúdos. Logo, é crucial levar à sala de aula atividades que consigam despertar o interesse dos alunos e, deste modo, mantê-los com um espírito dinâmico para o que vão aprender. O primeiro momento da aula, o início, é

19 SANTOS, Mª João, Actividades dinâmicas e a motivação nas aulas de língua estrangeira, 2010,

pág. 17. http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/55853/2/TESEMESMARIAJOAOSANTOS000 127197.pdf

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precisamente o ideal para introduzir a motivação através de atividades de cariz lúdico, ou seja, atividades que cativem, que sejam mais dinâmicas, mais agradáveis, mais estimulantes para, precisamente, conseguir a atenção, o desejo e a ânsia para a matéria que vão aprender.

Maria João Santos reconhece a sua utilidade e valor performativo:

(...) a actividade deveria ajudar os alunos a descobrir o tema da aula, a colocar em prática o seu conhecimento prévio sobre o mesmo e, principalmente, deveria ajudar a aumentar os níveis de motivação e os níveis de participação oral após a atividade. Acrescento ainda que através da implementação das actividades dinâmicas queria mudar a perspectiva negativa que os alunos possuem da sala de aula, algo obrigatório e até aborrecido, para uma perspectiva positiva(...)20 (2010: 19)

Hoje, fala-se cada vez mais da importância da motivação dos nossos alunos, e esta está intrinsecamente relacionada com a componente lúdica. O primeiro momento da aula deve, então, dar primazia a atividades de cariz lúdico, pois pretenderá cativar os alunos para um novo conteúdo, através de atividades que sejam motivadoras, que despertem a curiosidade dos alunos em querer saber mais, que sejam atrativas, capazes de fazer com que estes se sintam e mantenham interessados pela matéria que vai ser introduzida. Este primeiro momento da aula é crucial para o que se seguirá durante essa e as próximas aulas.

As atividades podem ser as mais variadas. Há que ter particular atenção ao tempo aqui atribuído, cinco a dez minutos. Há muitas formas de as apresentar: podemos mostrar uma imagem ou várias, um vídeo, um powerpoint, elaborar uma “chuva” de ideias, uma canção, uma fotografia, etc. A intencionalidade é que com este tipo de atividades os alunos se sintam mais entusiamados e interessados pelo que vão aprender e, que consigam, através destas inferir o tema da aula, da UD a que vão dar início. Portanto, não é uma perda de tempo ou um momento menos nobre da aula, mas um momento preparatório que vai ter repercussões nas restantes atividades.

Segundo a autora Carmen Santos, a motivação é uma questão muito importante e, apesar de todos os obstáculos que possam surgir, merece todo o esforço e entrega e não o oposto, a desistência: “Motivar al alumno es una verdadera carrera de fondo, en la

20 SANTOS, Mª João, Actividades dinâmicas e a motivação nas aulas de língua estrangeira, 2010.

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que hay que resistir hasta el final, en la que los obstáculos, la soledad, el desánimo no son excusas para abandonar”.21

21 SANTOS, Carmen Díez, Didáctica – La motivación en clase de ELE, pág. 8.

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Capítulo II – Contexto em que este tema se

desenvolveu

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