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Relatório de Estágio realizado na Farmácia Ferreira de Sousa

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Academic year: 2021

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Ferreira de Sousa

Janeiro de 2018 a Julho de 2018

Andreia Carolina Reis Gonzalvez

Orientador: Dra. Paula Sílvia Martins Raposo

Tutor FFUP: Prof

a

. Doutora Maria da Glória Correia da Silva Queiróz

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Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 17 de setembro de 2018

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“Desistir … Eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.” Cora Coralina

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Agradecimentos

No culminar de mais uma etapa desta longa caminhada não poderia deixar de expressar os meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que contribuíram para a sua concretização.

Em primeiro lugar, quero agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, a todos os professores e colegas por me terem acompanhado ao longo deste memorável percurso. À prof.ª Doutora Glória Queiróz, minha tutora, agradeço a disponibilidade e sentido crítico demonstrado perante o meu relatório.

De seguida, não podia deixar de dar os meus sinceros agradecimentos a toda a equipa da farmácia Ferreira de Sousa por toda a disponibilidade e apoio continuamente demonstrados e pela amizade e confiança em mim depositada. Foi um privilégio puder fazer parte desta equipa, que desde o princípio me recebeu de braços abertos.

No entanto, não posso deixar de agradecer em particular a cada um dos seus membros. Primeiramente à Dr.ª Lucinda Garcia Fernandes, Diretora Técnica da farmácia Ferreira de Sousa, pela disponibilidade em me receber e pela boa disposição sempre presente. Ao Dr. José Pedro Garcia Fernandes pelos conhecimentos e experiência profissional transmitidos, assim como, todos os conselhos dados. À Dra. Susana Araújo, Dra. Rita Sintra, Dra. Diana Sousa e Dra. Sílvia Raposo por me terem acolhido da melhor forma possível, fazendo-me sentir parte da equipa, por me terem acompanhado ao longo destes seis meses, por me terem transmitido os seus conhecimentos, pela paciência demonstrada perante as minhas questões e pela constante ajuda na correção dos erros cometidos, que mais tarde sei que irei agradecer.

À auxiliar Irene Madeira por todo o apoio e ajuda prestados perante as minhas dificuldades, pela boa disposição e constante preocupação. Ao técnico Alfredo Moura, pela boa disposição, pelos conhecimentos transmitidos e também pela preocupação.

Quero também expressar um enorme obrigado à minha família, em especial aos meus pais, por me terem apoiado incondicionalmente ao longo desta jornada, por terem sempre acreditado em mim e terem feito de mim a pessoa que sou hoje.

À Ryuka e à Carolina, obrigada pelos conselhos, pela paciência e incentivo transmitidos, sem o vosso apoio este percurso não teria sido igual. Não podia deixar de agradecer às minhas colegas da faculdade, à Soraia, à Juliana, à Ruth, à Miriam e à Jéssica, com as quais partilhei momentos inesquecíveis ao longo destes últimos cinco anos e dos quais nunca esquecerei. A todos elas, em especial à Márcia, por todos os momentos vividos, desde a primeira aula laboratorial do 1º ano, pela paciência e também por todas as histórias inesquecíveis que permanecerão para sempre na minha memória.

Por último, mas não menos importante, quero agradecer ao meu namorado Tiago, por estar presente tanto nos bons como nos maus momentos, por me incentivar a seguir os meus sonhos e por todo o amor, carinho e atenção demonstrados constantemente.

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Resumo

O estágio em farmácia comunitária encontra-se inserido no plano de estudos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Neste âmbito, tive a oportunidade de realizar o meu estágio profissionalizante em farmácia comunitária na Farmácia Ferreira de Sousa.

Do ponto de vista pessoal, esta etapa final deste ciclo de estudos revelou ser a mais desafiante pois foi o meu primeiro contacto direto com a realidade profissional. No entanto, a sua realização permitiu-me consolidar e aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso, adquirir novos conhecimentos e realizar iniciativas relevantes e ajustadas às necessidades quer da farmácia quer dos utentes. Em suma, contribui enormemente para o meu crescimento em termos profissionais e pessoais.

O presente relatório reflete o meu percurso durante o período de estágio, estando dividido em duas partes. Numa primeira parte descrevo de forma sucinta alguns aspetos inerentes ao funcionamento da farmácia, assim como, as principais atividades que tive oportunidade de desenvolver ao longo destes seis meses de estágio na farmácia Ferreira de Sousa.

Numa segunda parte são descritos os temas desenvolvidos ao longo do estágio que incluem a Incontinência Urinária, as Doenças Cardiovasculares e a Intervenção Farmacêuticas nas Ostomias. Cada uma destas temáticas é abordada com base na pertinência dos temas escolhidos, nos métodos propostos para a sua realização e nos objetivos subjacentes, na informação teórica sobre o mesmo e numa avaliação final dos resultados obtidos e as respetivas conclusões retiradas.

O desenvolvimento de cada uma destas temáticas constituiu uma mais valia para mim a título pessoal e profissional, mas também para a própria farmácia.

Para além destes temas, tive a oportunidade de participar numa atividade promovida pela farmácia Ferreira de Sousa, que envolveu a Associação Rumo à vida.

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Lista de Abreviaturas

AIM Autorização de Introdução no Mercado

AMI Assistência Médica Internacional

AVC Acidente Vascular Cerebral

c-HDL Colesterol das Lipoproteínas de Alta Densidade

c-LDL Colesterol das Lipoproteínas de Baixa Densidade

CNP Código Nacional do Produto

CT Colesterol Total

DCI Denominação Comum Internacional

DCV Doenças cardiovasculares

FFS Farmácia Ferreira de Sousa

HDL Lipoproteínas de Alta Densidade

HTA Hipertensão arterial

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

IU Incontinência Urinária

LDL Lipoproteínas de Baixa Densidade

MNSRM Medicamento não sujeito a receita médica

MSRM Medicamento Sujeito a Receita Médica

PAD Pressão Arterial Diastólica

PAS Pressão Arterial Sistólica

PIC Preço Impresso na Cartonagem

PSI Pressão Sistólica Isolada

PVP Preço de Venda ao Público

SAPA Serviço de Atribuição de Produtos de Apoio

TG Triglicerídeos

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Índice

Lista de Abreviaturas ... III Índice de Figuras ... VII Índice de Tabelas ... VII Índice de Anexos ... VII Introdução ... IX

Parte I. Descrição das atividades desenvolvidas no estágio ... 1

1. FARMÁCIA FERREIRA DE SOUSA ... 1

1.1. Localização e contexto social ... 1

1.2. Horário de funcionamento ... 1

1.3. Recursos Humanos ... 1

1.4. Caracterização do espaço físico ... 2

1.4.1. Espaço exterior ... 2

1.4.2. Espaço interior ... 2

1.5. Sistema Informático ... 3

1.6. Métodos de comunicação externa ... 4

2. GESTÃO DA FARMÁCIA ... 4

2.1. Gestão de stocks ... 4

2.2. Realização de encomendas ... 4

2.3. Reservas ... 5

2.4. Receção e armazenamento de encomendas ... 5

2.6. Controlo de prazos de validade ... 7

2.7. Devoluções ... 7

3. ACONSELHAMENTO E DISPENSA DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS DE SAUDE 8 3.1. Medicamentos sujeitos a prescrição médica obrigatória ... 8

3.1.1. Prescrição médica ... 8

3.1.2. Regimes de Comparticipação ... 9

3.1.3. Conferência de receituário e faturação ... 10

3.1.4. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ... 10

3.3. Medicamentos não sujeitos a prescrição médica obrigatória e automedicação ... 11

3.4. Medicamentos e produtos farmacêuticos homeopáticos ... 11

3.5. Produtos fitoterapêuticos e suplementos alimentares ... 12

3.6. Produtos de cosmética e higiene corporal ... 12

3.7. Produtos e medicamentos de uso veterinário ... 12

3.8. Dispositivos médicos ... 12

4. CUIDADOS DE SAÚDE PRESTADOS NA FARMÁCIA ... 13

4.1. Determinação de Parâmetros Bioquímicos e Fisiológicos ... 13

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4.3. Valormed e recolha de radiografias ... 13

4.4. Outros serviços ... 14

5. FARMACOVIGILÂNCIA ... 14

Parte II. Apresentação dos temas desenvolvidos durante o estágio ... 15

TEMA I: INCONTINÊNCIA URINÁRIA ... 15

1. Enquadramento ... 15

2. Objetivos e métodos ... 15

3. Fundamento teórico ... 16

3.1. Definição e etiologia ... 16

3.2. Fatores de risco ... 16

3.3. Tipos de incontinência urinária ... 17

3.4. Diagnóstico ... 18

3.5. Tratamento ... 19

4. Resultados e conclusões ... 20

TEMA II: DOENÇAS CARDIOVASCULARES ... 20

1. Enquadramento ... 20

2. Objetivos e métodos ... 21

3. Fundamento teórico ... 21

3.1. Definição ... 21

3.2. Fatores de risco e medidas preventivas ... 21

3.2.1. Hipertensão arterial ... 22

3.2.2. Dislipidemias ... 23

3.2.3. Diabetes mellitus tipo 1 e 2 ... 24

3.2.4. Alimentação desequilibrada ... 24 3.2.5. Inatividade física ... 25 3.2.6. Obesidade ... 26 3.2.7. Tabagismo ... 26 3.2.8. Stress psicossocial ... 27 4. Resultados e conclusões ... 27

TEMA III: INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA NAS OSTOMIAS ... 28

1. Enquadramento ... 28 2. Objetivos e métodos ... 29 3. Fundamento teórico ... 29 3.1. Definição e classificação ... 29 3.1.1. Colostomia ... 30 3.1.2. Ileostomia ... 30 3.1.3. Urostomia ... 31 3.3. Intervenção farmacêutica ... 34

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3.3.2. Substituição do dispositivo de ostomia ... 35

3.3.3. Alimentação no ostomizado ... 35

3.3.4. Medicação no ostomizado ... 37

4. Resultados e conclusões ... 39

OUTROS TEMAS DESENVOLVIDOS ... 39

1. Dia Mundial da Criatividade Artística ... 40

2. Cronograma com datas comemorativas ... 40

Referências bibliográficas ... 41

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Índice de Figuras

Figura 1. 1 - Colostomia ascendente; 2 – Colostomia trasnversa; 3 – Colostomia

descendente; 4- Colostomia sigmóide. ... 30

Figura 2. Ileostomia2. ... 30

Figura 3. 1 – Urostomia ureteroenterocutânea; 2 – Ureterostomia; 3 – Vesicostomia; 4 – Nefrostomia. ... 31

Índice de Tabelas

Tabela 1. Cronograma das principais atividades desenvolvidas. ... IX Tabela 2. Categorias e classificações dos níveis de PA medidos no consultório. ... 22

Tabela 3. Prós e contras dos dispositivos de ostomia de uma ou de duas peças. ... 32

Tabela 4. Efeito de cada classe de medicamentos no funcionamento dos diferentes tipos de ostomia. ... 38

Índice de Anexos

Anexo I. Fachada exterior da Farmácia Ferreira de Sousa. ... 45

Anexo II. Zona de atendimento ao público. ... 45

Anexo III. Disposição dos MNSRM nos lineares. ... 46

Anexo IV. Gabinete para atendimento personalizado. ... 46

Anexo V. Tensoval Duo Control® e Reflotron Plus®. ... 47

Anexo VI. Sifarma 2000®. ... 47

Anexo VII. Módulo de atendimento do novo Sifarma. ... 47

Anexo VIII. Frente do desdobrável realizado no âmbito do Dia Mundial da Incontinência Urinária. ... 48

Anexo IX. Verso do desdobrável realizado no âmbito do Dia Mundial da Incontinência Urinária. ... 49

Anexo X. Cartaz de divulgação da campanha dos produtos para a incontinência da Hartmann®. ... 50

Anexo XI. Desdobráveis da Incontinência Urinária distribuídos no balcão da FFS. ... 50

Anexo XII. Frente do folheto informativo relativo ao tema das Doenças Cardiovasculares. ... 51

Anexo XIII. Verso do folheto informativo relativo ao tema das Doenças Cardiovasculares52 Anexo XIV. Cartaz de divulgação do rastreio cardiovascular. ... 53

Anexo XV. Publicação realizada no Facebook da Farmácia no âmbito do Rastreio Cardiovascular. ... 54

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Anexo XVII. Apresentação realizada no âmbito do tema Intervenção Farmacêutica nas

ostomias. ... 55

Anexo XVIII. Capa do “guia de bolso” elaborado no âmbito do tema Intervenção

Farmacêutica nas ostomias ... 57

Anexo XIX. “Guia de bolso” aberto elaborado no âmbito do tema Intervenção

Farmacêutica nas ostomias ... 57

Anexo XX. Publicação realizada no Facebook da Farmácia no âmbito do Dia Mundial da

Criatividade Artística... 58

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Introdução

O meu estágio curricular realizou-se na farmácia Ferreira de Sousa (FFS) entre 15 de Janeiro e 14 de Julho de 2018 sob a orientação da Dr.ª Sílvia Raposo. Desde o primeiro dia ficou definido que o meu horário seria de segunda a sexta-feira das 9h às 18h, com pausa de uma hora para o almoço. Desta forma, durante este período cumpri um horário de 8 horas diárias, perfazendo um total de 40 horas semanais.

Neste relatório, numa primeira fase encontra-se uma breve descrição do funcionamento da farmácia Ferreira de Sousa, das atividades por mim realizadas e dos conhecimentos adquiridos durante o estágio. Numa segunda fase estão descritos os temas por mim desenvolvidos, pensados e adequados à população da FFS. O cronograma das atividades desenvolvidas durante o período de estágio encontra-se representado na Tabela 1.

Tabela 1. Cronograma das principais atividades desenvolvidas.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Receção e armazenamento de encomendas

Controlo de prazos de validade Devoluções

Determinação de Parâmetros Bioquímicos Acompanhamento de atendimento ao público

Atendimento ao público

Realização de encomendas instantâneas Realização de reservas

Conferência de receituário e faturação Formações

Tema I Tema II Tema III

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Parte I. Descrição das atividades desenvolvidas no estágio

1. FARMÁCIA FERREIRA DE SOUSA

1.1. Localização e contexto social

A farmácia Ferreira de Sousa, fundada em 1983, encontrava-se inicialmente situada na Rua Nova do Seixo, nº 79, na freguesia da Senhora da Hora, pertencente ao concelho de Matosinhos. Contudo, com o objetivo de ampliar o espaço e prestar um melhor serviço aos utentes, no ano 2008, mudou as suas instalações para o nº 41 na mesma rua.

A localização junto ao cruzamento de monte dos burgos, na partilha das cidades do Porto e Matosinhos, proporciona uma boa acessibilidade e uma grande área de abrangência, permitindo a chegada de muitos utentes, com prescrições médicas, provenientes do Hospital São João, Hospital CUF Porto, Hospital da Prelada, Hospital Pedro Hispano, entre outros.

Com cerca de 35 anos de história, são muitos os utentes fidelizados que fizeram questão de acompanhar o crescimento da FFS. Por este motivo, a quantidade de utentes habituais é superior à quantidade de utentes que se deslocam pela primeira vez, o que permite um acompanhamento mais específico.

1.2. Horário de funcionamento

A FFS encontra-se aberta ao público de segunda a sexta-feira entre as 9h e as 21h e sábado das 9h30 às 13h. Nos dias em que a FFS é destacada como farmácia de turno de serviço permanente, estipulados pela Administração Regional de Saúde, encontra-se aberta 24 horas, ininterruptamente, desde a hora de abertura até à hora de encerramento do dia seguinte [1].

1.3. Recursos Humanos

A equipa da FFS conta com um conjunto de 8 profissionais, dos quais seis são farmacêuticos, a Dra. Lucinda Garcia Fernandes (Diretora Técnica), o Dr. José Pedro Garcia Fernandes (Farmacêutico/Gestão), a Dra. Rita Sintra (Farmacêutica Substituta), a Dra. Sílvia Raposo (Farmacêutica Substituta), a Dra. Susana Araújo (Farmacêutica Substituta) e a Dra. Diana Sousa (Farmacêutica), um técnico de farmácia, o Sr. Alfredo Moura, e uma auxiliar de farmácia, a Dª. Irene Madeira. A farmácia conta também com o apoio de uma nutricionista, Dra. Bruna Domingues, uma vez por semana.

Cada elemento da equipa é responsável por uma determinada função, de modo a beneficiar das valências de cada um dos intervenientes assegurando um funcionamento eficaz da farmácia, rentabilidade do serviço e organização do pessoal.

O profissionalismo, espírito de equipa, interajuda, comunicação, bom relacionamento e boa disposição são algumas das qualidades que definem a equipa da FFS e às quais é dada grande importância pela mesma, permitindo prestar um serviço de qualidade e personalizado a cada utente.

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1.4. Caracterização do espaço físico

1.4.1. Espaço exterior

A FFS encontra-se instalada ao nível da rua dispondo de uma rampa que garante a acessibilidade de todos os utentes, incluindo crianças, idosos e portadores de deficiência (Anexo I).

Esta encontra-se devidamente identificada com a tradicional “cruz verde” e um letreiro com a designação “Farmácia Ferreira de Sousa”, o que aumenta a sua visibilidade e permite a sua fácil identificação. A “cruz verde” encontra-se iluminada durante o período de abertura da farmácia, incluindo quando esta está de turno.

Ainda no exterior, a FFS possui uma montra envidraçada onde se encontra afixado, de forma visível, o nome da diretora técnica, o horário de funcionamento, os serviços prestados e a escala de turnos de serviço das farmácias do município de Matosinhos. Nesta montra é também exposto algum material publicitário para a divulgação de campanhas e novos produtos, que varia sazonalmente.

A FFS dispõe de um lugar de estacionamento privativo em frente à farmácia, o que permite uma melhor facilidade e rapidez de acesso dos utentes à mesma.

1.4.2. Espaço interior

O espaço interior da FFS alberga a área de atendimento ao público, dois armazéns, um gabinete para atendimento personalizado, um escritório e as instalações sanitárias.

A porta de acesso para a área de atendimento ao público da FFS está seguida de uma antecâmara, que permite resguardar os utentes do contacto direto com o exterior, enquanto se encontram na zona de espera.

Nesta área a FFS dispõe de quatro balcões de atendimento individualizados que garantem uma maior privacidade no contacto farmacêutico/utente. Atrás destes, além da identificação da farmácia e da sua proprietária/diretora técnica, situam-se três lineares com medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) e suplementos alimentares (Anexo II) que vão sendo substituídos de acordo com a sua sazonalidade e rentabilidade. Por baixo destes, existe um conjunto de gavetas, denominado cockpit, onde se arrumam os medicamentos com maior rotatividade organizados pelo nome do fármaco, de forma a serem facilmente alcançados pelo farmacêutico, agilizando o processo de atendimento.

A zona de circulação dos utentes (Anexo III) está rodeada de lineares com produtos de cosmética e dermocosmética, puericultura, buco-dentários, nutrição clínica, cuidados capilares e outros produtos adequados à época do ano. Estes encontram-se devidamente identificados por regletes elaboradas pela farmácia que permitem que o utente se sinta à vontade para fazer a sua escolha, dispondo sempre do aconselhamento do farmacêutico. Nesta zona ainda é possível encontrar um dispensador de senhas, um tensiómetro, uma balança eletrónica e uma zona reservada às crianças.

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A FFS dispõe de um gabinete para os casos em que é solicitado um atendimento mais pessoal e privado, garantindo um ambiente confidencial entre o farmacêutico e o utente. Neste são realizadas as medições dos parâmetros físicos e bioquímicos, administração de vacinas, consultas de acompanhamento nutricional e aplicação de sensores FreeStyle Libre. Um dos armazéns corresponde à zona reservada para a receção de encomendas onde se procede à receção de todos os produtos que chegam à farmácia oriundos dos vários fornecedores. Para auxiliar esta tarefa, existe um computador, uma impressora de etiquetas, um leitor ótico, uma impressora e um balcão que se destina a colocar os produtos que aguardam marcação e arrumação.

Após a receção, segue-se o armazenamento dos medicamentos e produtos farmacêuticos. Neste sentido, a FFS dispõe de vários locais de armazenamento, são eles: um conjunto de armários com gavetas deslizantes nas quais os medicamentos se encontram organizados por ordem alfabética respeitando sempre a ordem crescente de dosagem; um frigorífico na qual são armazenadas as insulinas, alguns colírios, vacinas e injetáveis; e armários com prateleiras nas quais constam os suplementos alimentares, produtos de higiene íntima, medicamentos de uso veterinário, primeiros socorros, laxantes, stock de alguns produtos, entre outros.

Todas estas zonas de armazenamento estão devidamente identificadas com etiquetas para facilitar o reconhecimento visual e evitar erros de armazenamento.

Por fim, o escritório é o local onde são tratados todos os assuntos relativos à gestão e contabilidade da farmácia e guardada toda a informação e documentação necessária. Para além disso, é também o local onde são realizadas as reuniões com os delegados comerciais.

1.5. Sistema Informático

O software de gestão e atendimento ao público utilizado na FFS é o Sifarma 2000®

(Anexo VI). Este constitui uma ferramenta indispensável no dia a dia da farmácia pois permite auxiliar nos processos de gestão dos recursos da farmácia como por exemplo a gestão de stocks, encomendas e devoluções, controlo de prazos de validade, atualização de preços e criação de reservas.

Ao longo de todo o estágio tive a oportunidade de aprender e utilizar muitas das funcionalidades deste software, no entanto, foi durante o período de atendimento ao público que este revelou ser uma ferramenta de grande apoio por permitir aceder a informação científica sobre os produtos (indicações, reações adversas, contraindicações, posologia e interações) e verificar o stock de medicamentos e produtos farmacêuticos. Isto permitiu-me realizar um atendimento com mais confiança e segurança, para além de que consegui transmitir uma melhor informação ao utente aquando do aconselhamento.

Ainda durante o período de estágio tive a oportunidade de assistir a uma formação sobre o funcionamento do novo módulo de atendimento do Sifarma (Anexo VII). Este apresenta algumas vantagens em relação ao Sifarma 2000®: é mais moderno e intuitivo; centra-se na

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identificação do utente, sendo o primeiro passo do atendimento; permite, no final do atendimento, emitir faturas separadas quer seja em situações de produtos com iva 23% e 6% quer seja de vendas para utentes distintos; e permite retroceder em qualquer etapa do atendimento.

1.6. Métodos de comunicação externa

A FFS possui uma página de Facebook e Instagram importantes na divulgação de eventos, campanhas, promoções e outras informações com interesse para os utentes, de forma a disponibilizar um conjunto de serviços e produtos apelativos para os mesmos.

2. GESTÃO DA FARMÁCIA

2.1. Gestão de stocks

Tendo em vista a grande variedade de produtos existentes no mercado e os diversos fins a que se destinam, a farmácia deve ter um sistema de gestão de stocks bem controlado, que permita o bom funcionamento da farmácia, que responda aos pedidos dos utentes e, talvez a razão mais importante, que permita contornar as dificuldades financeiras que algumas farmácias estão a atravessar.

Para que isto seja possível, é preciso traçar o perfil do estabelecimento, tendo em conta vários fatores como o tipo de utentes que frequentam a farmácia (quanto à idade, hábitos, preferências, poder de compra), a localização desta, hábitos de prescrição dos médicos, o capital disponível e rotatividade dos produtos, oscilações sazonais (antigripais, solares), publicidade dos media, condições de pagamento e promoções.

Nestes meses de estágio aprendi a ter em consideração todos estes aspetos e também algumas estratégias de marketing.

2.2. Realização de encomendas

A FFS dispõe essencialmente de dois distribuidores grossistas de medicamentos, a

Alliance Healthcare® e a Empifarma®, requerendo os seus serviços consoante o tipo de

produto que necessita encomendar e a condição comercial. Diariamente são realizadas três encomendas diárias com o objetivo de colmatar as principais faltas de stock da farmácia. As encomendas são geradas automaticamente pelo Sifarma 2000® com base nos stocks

mínimo e máximo, previamente definidos para cada produto, tendo o responsável pela execução da encomenda de analisar a movimentação de cada produto e decidir se é necessário encomendar ou não. Na FFS o responsável pela realização das encomendas é o Dr. José Pedro.

Durante o dia também podem ser realizadas encomendas instantâneas, através do Sifarma 2000® ou por telefone, quando o produto que o utente precisa não se encontra em

stock na farmácia ou não veio na encomenda diária. As encomendas instantâneas

encontram-se inseridas no protoloco “B2B” (business-to-business), que de uma forma sucinta consiste num processo de comércio eletrónico realizado entre duas empresas.

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Podem ainda ser realizadas encomendas diretamente aos laboratórios, por intermédio de delegados comerciais. Estas normalmente permitem obter melhores condições comerciais trazendo vantagens quando se trata de produtos com maior rotatividade.

2.3. Reservas

Durante o período de atendimento ao público, deparei-me com algumas situações na qual a farmácia não possuía em stock o produto solicitado pelo utente ou prescrito na receita médica. Perante esta situação, questionava o utente se desejava proceder à encomenda e reserva do mesmo. Estes procedimentos podiam ser realizados através do Sifarma 2000®

ou através da linha de apoio da Alliance Healthcare® ou da Empifarma®.

Antes de proceder à encomenda do produto, o sistema permite verificar se este se encontra disponível nos principais distribuidores da FFS, para isso é necessário, na “Ficha do Produto” recorrer à função “Encomenda Instantânea”, selecionar o armazém para o qual queremos realizar a encomenda e assim verificar a disponibilidade do produto no respetivo armazém.

Aquando da chegada dos produtos, procede-se à sua separação juntamente com o respetivo talão da reserva e arrumam-se na gaveta reservada para esse fim de acordo com o dia semana em que foram encomendados.

2.4. Receção e armazenamento de encomendas

No período em que estive a estagiar na FFS, principalmente nas primeiras semanas, tive a oportunidade de contactar com todos os procedimentos inerentes à receção e armazenamento de encomendas.

As encomendas chegam à farmácia devidamente acondicionadas em contentores. Os produtos farmacêuticos que necessitam de condições específicas de armazenamento, nomeadamente refrigeração, são transportados em contentores equipados com termoacumuladores, que garantem a sua conservação durante o transporte. Assim que chegam à farmácia, estes produtos devem ser imediatamente retirados e colocados no frigorífico no local reservado para este fim, sendo posteriormente arrumados.

Todas as encomendas vêm acompanhadas da respetiva fatura (original e duplicado). Após verificar se esta pertencia à FFS dava início à receção da encomenda no sistema informático. Neste âmbito, deparei-me com dois tipos de encomendas: as que já se encontravam criadas e as que não se encontravam criadas no sistema.

Caso a primeira situação se verificasse, na opção “Receção de Encomendas” selecionava o(s) número(s) externo(s) indicados na fatura, correspondente(s) aos produtos a rececionar, e premia o atalho “F2” (rececionar). A partir deste momento, preenchia os campos relativos ao número de identificação, valor total e data da fatura e lia todos os produtos individualmente, no leitor ótico, através do Código Nacional do Produto (CNP), verificando para cada um a quantidade recebida, o prazo de validade e o preço de venda ao público (PVP).

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Quanto ao prazo de validade, este só deve ser alterado caso o prazo do produto rececionado seja inferior ao(s) produto(s) em stock, ou então, caso não exista nenhum produto em stock.

Em relação ao PVP, se o que constava no Sifarma 2000® fosse diferente ao preço

impresso na cartonagem (PIC) do produto que estava a rececionar, podia proceder de duas formas: quando haviam produtos em stock, não alterava o preço no sistema informático e colocava uma informação na embalagem do produto, com a indicação “preço”, para que no momento da dispensa os colegas estejam alerta para esta situação, ou então, caso não houvesse produtos em stock, alterava o PVP, pressionando o atalho “shift + P”.

Quando se tratava de encomendas que não se encontravam criadas no sistema informático, situações que podem acontecer caso estas sejam realizadas por telefone ou então quando provêm de outros fornecedores (ex: Caudalie®, Avène®), criava a encomenda

manualmente através do separador “Gestão de Encomendas” e rececionava-a como acima descrito.

Este processo de receção de encomendas apenas era dado como concluído quando o preço líquido da fatura fosse igual ao preço líquido do Sifarma 2000® e o número de

embalagens do software fosse igual ao da fatura.

Após a receção da encomenda, os produtos devem ser devidamente armazenados nos locais apropriados. A manutenção das condições de conservação dos medicamentos e produtos farmacêuticos é uma obrigatoriedade, pelo que existe na FFS um sistema de registo diário da temperatura e humidade com recurso a 3 termohigrómetros localizados nos 2 armazéns e no frigorífico. Durante o estágio tive a oportunidade de auxiliar no registo destes dados.

Nas gavetas deslizantes encontram-se tanto medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) como MNSRM, organizados por ordem alfabética respeitando sempre a ordem crescente de dosagem, como referido anteriormente. A sua disposição é feita em função do seu prazo de validade, seguindo o princípio First Expire First Out, na qual os produtos com prazo de validade mais curto devem ser os primeiros a ser dispensados. Esta metodologia evita a devolução ou inutilização dos medicamentos e produtos de saúde.

Os medicamentos que necessitam de refrigeração são acondicionados no frigorífico que se deverá manter a uma temperatura entre os 2 e 8 °C. Os restantes produtos, que não necessitam de refrigeração, podem ser mantidos a uma temperatura inferior a 25°C (±1°C) e uma humidade inferior a 60%.

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, por pertencerem a uma classe de medicamentos controlada, são armazenados numa gaveta reservada para o efeito.

Como dito anteriormente, os produtos de cosmética e dermocosmética, puericultura, buco-dentários, nutrição clínica, cuidados capilares, entre outros encontram-se distribuídos, na sua maioria, nos lineares na zona de atendimento ao público.

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A realização de todos estes procedimentos revelou-se de extrema importância numa fase posterior de atendimento ao público, uma vez que permitiu a minha familiarização com a disposição física dos diferentes produtos farmacêuticos, com os diferentes nomes comerciais e princípios ativos, como também dos produtos mais vendidos na FFS.

2.6. Controlo de prazos de validade

O controlo dos prazos de validade é realizado diariamente aquando da receção da encomenda. No entanto, para além desse controlo diário é realizado um controlo mensal através da emissão de uma listagem onde constam os produtos cujo prazo de validade expira nos próximos 3 meses.

Cada produto deve ser analisado individualmente podendo proceder de diferentes formas dependendo da situação: caso o prazo de validade da listagem seja igual ao do produto, este é retirado do local; no caso deste ser diferente, o prazo deve ser retificado na folha da listagem para posteriormente ser atualizado no Sifarma 2000®; e caso haja produtos com

prazos de validade diferentes, apenas são retirados aqueles que apresentam o prazo a caducar.

Posteriormente, os produtos retirados devem ser devolvidos ao fornecedor através de uma nota de devolução, cujo motivo será “fora de prazo”.

No final os prazos de validade devem ser todos atualizados no sistema informático. Na FFS este controlo fica a cargo da Dra. Rita Sintra. Durante o estágio, tive a oportunidade de a auxiliar na realização desta tarefa que se revela de grande importância uma vez que é nosso dever garantir a dispensa de produtos que mantenham a qualidade e segurança para os utentes.

2.7. Devoluções

A devolução de medicamentos e produtos de saúde pode dever-se a vários motivos: proximidade de expiração de prazo de validade, desistência por parte do utente, ordem de recolha do produto do mercado por parte da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED), embalagem danificada, produto não encomendado, entre outros.

Ao longo do estágio contactei com cada uma destas situações procedendo à emissão de uma nota de devolução recorrendo à função “Gestão de devoluções” no separador “Encomendas”, onde registava o fornecedor para o qual se pretende devolver o produto, o CNP e a quantidade do(s) produto(s) a devolver, o motivo da devolução, o número da fatura de compra, bem como a data e hora de recolha. A nota de devolução é impressa em triplicado, o original e o duplicado devem ser carimbadas e assinadas pelo operador responsável pela devolução e enviadas para o fornecedor e o triplicado fica arquivado na farmácia.

No estágio muitas das devoluções foram aceites pelo fornecedor sendo emitida uma nota de crédito relativa ao(s) produto(s) que foram devolvidos ou então foi enviado um novo

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produto, dependendo da situação em causa. No entanto, outras devoluções não foram aceites pelo fornecedor sendo os produtos devolvidos novamente à farmácia e sendo esse montante incluído nas “quebras” da contabilidade anual.

3. ACONSELHAMENTO E DISPENSA DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS DE

SAUDE

Após me familiarizar com todos os procedimentos anteriormente descritos e realizá-los durante um determinado período de tempo, deram-me a oportunidade de começar a acompanhar os atendimentos ao público junto de cada um dos colaboradores da FFS. Dessa forma, aprendi como lidar com as diferentes situações com as quais nos podemos deparar durante o atendimento ao público. Aprendi a fazer atendimentos sem comparticipação, atendimentos com comparticipação, vendas suspensas, pagamento de serviços (como glicemia, colesterol total, triglicerídeos), regularização de vendas suspensas, realização de encomendas instantâneas, reservas de produtos e atividades inerentes ao cartão das Farmácias Portuguesas como rebate de pontos.

Após este período de aprendizagem e acompanhamento, comecei a realizar os atendimentos de forma autónoma. A interação diária com os utentes e as diferentes situações permitiu-me contactar com as diversas classes de medicamentos e produtos de saúde disponíveis na FFS, à exceção dos medicamentos manipulados que não são atualmente preparados nesta.

3.1. Medicamentos sujeitos a prescrição médica obrigatória

3.1.1. Prescrição médica

A prescrição de medicamentos deve ser efetuada pela Denominação Comum Internacional (DCI), seguida da forma farmacêutica, dosagem, apresentação ou dimensão da embalagem e posologia. Atualmente, até à total desmaterialização da prescrição médica, coexistem dois tipos de receitas: as manuais e as eletrónicas, as quais incluem as materializadas e desmaterializadas.

O primeiro passo antes de prosseguir com o atendimento consiste na validação da receita verificando se esta cumpre com todos os requisitos legais que permitam a sua aceitação e dispensa dos medicamentos nela contidos. Nesse sentido, as receitas eletrónicas materializadas e manuais devem conter a seguinte informação: número da receita, local de prescrição, identificação do médico prescritor, identificação do utente, entidade financeira responsável, identificação do medicamento, posologia e duração do tratamento, comparticipação especiais e data da prescrição. Para além destas, as receitas eletrónicas materializadas ainda devem apresentar as seguintes especificidades: tipo de receita, via da receita, validade da prescrição (30 dias seguidos contados a partir da data de emissão podendo ser renovável com uma validade de 6 meses) e assinatura do médico prescritor.

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As receitas eletrónicas desmaterializadas para além da informação enumerada anteriormente no âmbito das receitas eletrónicas materializadas e manuais, devem apresentar o tipo de linha de prescrição, a validade da prescrição e número de embalagens, hora da prescrição e assinatura digital do médico prescritor.

A prescrição de medicamentos tem de ser realizada por via eletrónica, no entanto, em situações excecionais legalmente previstas, ainda é permitida a prescrição manual, pelo que no momento da validação deve-se prestar atenção se o médico prescritor assinalou com uma cruz o motivo de exceção: falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio e volume de prescrição até 40 receitas/mês.

No caso deste tipo de receitas manuais é imperativo verificar o prazo de validade, sendo este de 30 dias, a identificação e assinatura do prescritor e a existência de rasuras, caligrafias diferentes e escrita com canetas diferentes ou a lápis.

Quando iniciei o atendimento ao público, a validação das prescrições manuais foi um grande desafio, pelo facto de obedecerem a uma série de especificações às quais tinha de prestar atenção e validar antes de dar continuidade ao atendimento. Assim, quando me apresentavam uma receita manual, pedia sempre ajuda a um dos colegas da FFS de modo a certificar-me de todo o processo que estava prestes a realizar.

Ao longo do estágio, tive a oportunidade de contactar com todos os tipos de prescrições médicas atualmente em vigor, no entanto, contactei muitas mais vezes com as receitas eletrónicas e sem dúvida que vieram simplificar o processo de dispensa, uma vez que diminuem significativamente a probabilidade de erros e permitem um atendimento mais rápido, mais seguro e eficaz.

3.1.2. Regimes de Comparticipação

Os beneficiários de um sistema de comparticipação podem estar abrangidos por um regime geral ou por um regime especial, o qual se aplica a situações específicas que abrangem determinadas patologias ou grupos de doentes.

A comparticipação do regime geral, aplicada consoante a classificação farmacoterapêutica do medicamento, garante o pagamento de uma percentagem do PVP dos medicamentos, pelo Estado, conforme os seguintes escalões: Escalão A (90%), Escalão B (69%), Escalão C (37%) e Escalão D (15%).

O regime especial de comparticipação é aplicado aos pensionistas, a doentes com determinadas patologias ou grupos especiais de utentes e cidadãos estrangeiros com estatuto de refugiados ou com direito de asilo em Portugal. No caso dos pensionistas, tem de constar na receita a sigla “R”, “RO” ou “RT” e há um acréscimo de 5% no escalão A e de 15% nos restantes escalões. Existe ainda a comparticipação de medicamentos manipulados, de produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus, produtos dietéticos com carácter terapêutico, câmaras expansoras e dispositivos médicos de apoio a doentes ostomizados e/ou com incontinência/retenção urinária.

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Para além do SNS, existem subsistemas de saúde que atuam como complementos a esta entidade como o Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários (SAMS), Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Quadros e Técnicos Bancários (SAMS Quadros), S.A/Energias de Portugal (SAVIDA/EDP), abem: dignitude, entre outros.

3.1.3. Conferência de receituário e faturação

Na FFS esta tarefa fica a cargo do Sr. Alfredo Moura que mensalmente verifica se as receitas manuais cumprem com todos os requisitos legais e se os dados impressos no verso coincidem com os da receita, de modo a que a farmácia receba o retorno da comparticipação dos MSRM. De seguida, organiza e ordena as receitas em lotes de 30 receitas no máximo e imprime o verbete de identificação de cada lote. Toda esta documentação correspondente ao Serviço Nacional de Saúde é enviada para o Centro de Conferência de Faturas que é responsável por verificar todo o receituário e reembolsar o montante da comparticipação. Relativamente, aos restantes organismos de comparticipação, as suas receitas são enviadas para a Associação Nacional de Farmácias.

Durante o estágio tive a oportunidade de executar algumas vezes a verificação do receituário, sempre com a supervisão de um dos colegas, a quem recorria caso tivesse alguma dúvida.

No dia 30 de junho deram-me a oportunidade de assistir ao fecho do mês na qual se procede à impressão dos verbetes de identificação dos lotes, que já foram corrigidos e contêm no máximo 30 receitas, à relação de resumo de lote e à fatura final mensal para os diferentes organismos de comparticipação.

3.1.4. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Esta classe de medicamentos contém substâncias ativas classificadas como estupefacientes ou psicotrópicos, sendo sujeitos a um controlo especial devido à possibilidade de causarem dependência física e psíquica. No caso de prescrições manuais ou eletrónicas materializadas, estes medicamentes devem ser prescritos isoladamente em receita do tipo RE e no caso de prescrições eletrónicas desmaterializadas, a linha de prescrição deve ser do tipo LE.

A dispensa destes medicamentos pode ser efetuada ao próprio doente ou ao seu representante sendo sempre obrigatória a apresentação de um documento de identificação. Durante a fase de atendimento contactei com algumas prescrições destes medicamentos, tendo de registar no sistema informático a identificação do doente (nome, morada e código postal) e do adquirente (nome, morada, código postal, data de nascimento, número de identificação e data de validade do cartão de cidadão, da carta de condução ou do bilhete de identidade). No final do atendimento é impresso um “Documento de Psicotrópicos” em duplicado que contém a toda a informação relativa aos medicamentos dispensados ao

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doente ou ao respetivo adquirente. Estes talões devem ser arquivados na farmácia durante 3 anos.

3.3. Medicamentos não sujeitos a prescrição médica obrigatória e

automedicação

Os MNSRM apresentam diversas vantagens para a sociedade, principalmente o fornecimento de uma opção de tratamento mais rápida, no entanto, apesar de serem classificados como seguros, necessitam igualmente de acompanhamento para evitar o seu uso indevido por parte dos utentes. Nesse sentido, o farmacêutico desempenha um papel preponderante devendo orientar a utilização destes medicamentos e avaliar a pertinência do seu uso tendo em conta a duração e intensidade dos sintomas apresentados. Para além disso, este deve instruir o utente quanto ao modo de administração, frequência da toma, duração do tratamento e possíveis medidas não farmacológicas que permitam complementar o tratamento farmacológico. Em suma, o farmacêutico deve promover o uso seguro e racional dos medicamentos.

Durante o período de estágio deparei-me com várias situações em que a minha principal preocupação foi recolher informação junto do utente, quanto à presença de sintomas, intensidade e duração dos mesmos, medicação realizada e patologias associadas, essencial para avaliar o problema de saúde inerente e decidir qual o melhor tratamento e aconselhamento para a situação em particular. Ao dispensar um MNSRM, assegurei-me que o utente conhecia a posologia, os efeitos secundários e as possíveis interações do medicamento proposto. Para além disso, informei ao utente que, caso o problema persistisse, tinha que ser avaliado pelo médico.

Este aspeto do atendimento ao público revelou ser o meu maior desafio ao longo destes seis meses de estágio. No entanto, foi gratificante puder consolidar os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo dos cinco anos de formação e adquirir novos conhecimentos inerentes à prática da profissão. Durante o estágio, constatei que os MNSRM mais requisitados na FFS são os antigripais, expetorantes, laxantes, obstipantes, suplementos multivitamínicos e hidratantes oculares.

3.4. Medicamentos e produtos farmacêuticos homeopáticos

A FFS não dispõe de uma grande variedade desta classe de medicamentos uma vez que a sua procura, pelos utentes, é reduzida. Contudo, tive a oportunidade de, durante o estágio, assistir a uma formação da gama de medicamentos homeopáticos comercializados pelo laboratório Boiron®.

Ao longo do período de atendimento ao público, aconselhei alguns destes produtos em determinadas situações como crianças, grávidas ou mulheres ainda no período de amamentação, uma vez que constituem um grupo de risco para o qual se deve ter um cuidado redobrado aquando do aconselhamento.

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3.5. Produtos fitoterapêuticos e suplementos alimentares

Na FFS encontram-se disponíveis diversos produtos fitoterapêuticos sendo os mais solicitados os laxantes, calmantes e adjuvantes do sono. Estes são considerados pela maioria dos utentes como produtos naturais, transmitindo uma falsa ideia de inocuidade, sendo da responsabilidade do farmacêutico alertar para possíveis interações medicamentosas, efeitos secundários ou contraindicações.

Relativamente aos suplementes alimentares há uma elevada procura por multivitamínicos, suplementos para a fadiga física e mental, para fortificar o cabelo e as unhas, para melhorar a concentração e a memória, para reforçar o sistema imunitário, entre outros. Durante o período de estágio tive oportunidade de aconselhar por diversas vezes esta classe de medicamentos, alertando que estes não funcionam como substitutos de um regime alimentar variado e de um estilo de vida saudável.

3.6. Produtos de cosmética e higiene corporal

A FFS trabalha essencialmente com três linhas completas de cosmética e dermofarmácia, a Avène®, a Caudalie® e a Youth Lab®, com gamas adaptadas a diferentes tipos e problemas

de pele. Para além destas, há ainda disponível uma linha completa da marca Bioderma® e

Eucerin®.

No meu estágio tive a oportunidade de aconselhar diversos produtos cosméticos, entre os quais produtos de cuidados do rosto, champôs e produtos destinados a situações mais específicas como psoríase, dermatite seborreica e pele atópica.

Durante o estágio assisti a um curso promovido pela Pierre Fabre® na qual abordaram

todas as gamas comercializadas pela Avène®. A participação neste curso foi uma mais valia

para a minha formação nesta área uma vez que me permitiu conhecer os diversos produtos comercializados por esta marca.

3.7. Produtos e medicamentos de uso veterinário

A FFS dispõe de um conjunto variado de produtos e medicamentos de uso veterinário sendo os mais dispensados os desparasitantes internos e externos. Pelo facto desta se encontrar situada na proximidade de algumas clínicas veterinárias permite a chegada de prescrições com medicamentos de uso humano, contendo frequentemente antibióticos, anti hipertensores e protetores gástricos.

Esta foi uma área com a qual tive alguma dificuldade em contactar por ter sido pouco abordada durante o meu percurso académico, no entanto, o contacto direto com alguns casos clínicos, acoplado a um estudo dos produtos existentes no mercado revelou-se vantajoso no sentido em que me permitiu adquirir competências nesta área e dar um aconselhamento com maior segurança e eficácia.

3.8. Dispositivos médicos

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para a incontinência, termómetros, preservativos, testes de gravidez, entre outros. Durante a fase de atendimento tive a oportunidade de contactar com a maioria destes dispositivos médicos e tentava sempre aconselhar o dispositivo médico mais indicado para o caso em particular assim como, quando necessário, dava alguns conselhos de utilização ou explicava o seu funcionamento.

4. CUIDADOS DE SAÚDE PRESTADOS NA FARMÁCIA

4.1. Determinação de Parâmetros Bioquímicos e Fisiológicos

Na FFS a prestação deste tipo de serviços é muito frequente por isso tive a oportunidade de, diariamente, realizar determinações de parâmetros bioquímicos e fisiológicos como o colesterol total, triglicerídeos, pressão arterial, glicemia, índice de massa corporal, peso e altura.

No início do estágio explicaram-me o funcionamento do reflotron plus®, equipamento

utilizado para realizar as medições dos triglicerídeos, colesterol total e glicemia, e o tensoval duo control®, para medir a pressão arterial e as pulsações (Anexo V).

Antes de efetuar a medição realizava algumas questões aos utentes de forma a perceber que tipo de medicação tomam, como se têm sentido ultimamente, se têm algum cuidado com a alimentação, no fundo aspetos que poderiam influenciar a interpretação do resultado. No final interpretava o valor obtido junto do utente e dava algumas recomendações no caso deste se encontrar fora dos valores normais assim como também os felicitava, dizendo para continuarem a fazer um bom trabalho. Para além disso, fornecia a cada utente um cartão de registo de valores onde colocava a data, a hora e os valores obtidos em cada medição realizada com o objetivo do utente ter sempre um registo dos seus parâmetros para depois mostrar ao médico.

4.2. Consultas de acompanhamento nutricional

A FFS apresenta uma parceria com a marca EasySlim®. Neste âmbito, recebe

semanalmente uma nutricionista, a Dra. Bruna Domingues, que elabora planos alimentares direcionados para cada utente, auxiliando-os a atingir o seu peso ideal de forma saudável, rápida e eficaz. Esta dieta Easy Slim® inclui a toma de suplementos alimentares e alimentos

da própria marca que se encontram disponíveis na farmácia e são aconselhados pela nutricionista.

4.3. Valormed e recolha de radiografias

A Valormed é uma sociedade sem fins lucrativos que tem como principal objetivo gerir os resíduos de embalagens de medicamentos de uso humano e veterinário, contendo ou não medicamentos, e medicamentos fora de uso. Neste âmbito, a FFS tem disponível, à entrada da farmácia, um contentor da Valormed que permite aos seus utentes a entrega destes medicamentos [2].

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A recolha de radiografias com mais de 5 anos ou sem finalidades clínicas de diagnóstico é também realizada na FFS. Estas são enviadas para a Assistência Médica Internacional (AMI) de forma a evitar a sua deposição em aterros, minimizando a contaminação do ambiente, e obter prata, que é reintroduzida no mercado de matérias-primas [3].

4.4. Outros serviços

Para além dos serviços anteriormente descritos, a FFS dispõe aos seus utentes a possibilidade de administração de vacinas não abrangidas pelo plano nacional de vacinação e a aplicação de sensores FreeStyle Libre. Ao longo do estágio tive a oportunidade de acompanhar o farmacêutico quer na administração de vacinas, que nunca efetuei por não possuir o curso de injetáveis, quer na aplicação dos sensores.

5. FARMACOVIGILÂNCIA

Durante o período de estágio assisti à recolha de vários lotes de medicamentos contendo valsartan por ter sido identificada uma impureza nesta substância ativa produzida pelo fabricante Zhejiang Huahai Pharmaceuticals. A ordem de suspensão imediata da comercialização dos lotes de medicamentos foi publicada pelo Infarmed em conjunto com a Agência Europeia do Medicamento e as autoridades congéneres dos demais Estados Membros por intermédio da Circular Informativa N.º 096/CD/550.20.001, de 04/07/2018 [4]. Na FFS tivemos de proceder à devolução do único lote que tínhamos disponível na farmácia tendo em conta o anexo da Circular.

No dia em que a Circular foi publicada, a notícia foi transmitida através de vários meios de comunicação o que permitiu que muitos utentes, que fazem esta medicação de forma crónica, pedissem explicações e trouxessem os medicamentos com o objetivo de confirmarem, junto do farmacêutico, se se encontravam incluídos nos lotes que iriam ser retirados do mercado.

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Parte II. Apresentação dos temas desenvolvidos durante o

estágio

TEMA I: INCONTINÊNCIA URINÁRIA

1. Enquadramento

Estima-se que a incontinência urinária (IU) afete mais de 60 milhões de pessoas em todo o mundo e prevê-se que, com o crescente aumento da esperança média de vida da população, este número tenha tendência a aumentar [5, 6].

Segundo dados do Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto calcula-se que 1 em cada 5 portugueses acima dos 40 anos sofre desta patologia e que no total existam 600 mil incontinentes urinários distribuídos pelas diferentes faixas etárias em Portugal [5, 7].

Devido a esta prevalência conclui-se que a IU representa um importante problema de saúde pública, com um profundo impacto negativo em aspetos físicos, sociais, psicológicos, sexuais, ocupacionais e emocionais na vida tanto dos doentes como dos seus cuidadores, conjugues, familiares e sistemas de cuidados de saúde [8].

Um desequilibro de qualquer um dos aspetos acima mencionados pode interferir, de uma forma geral, na qualidade de vida dos indivíduos, uma vez que pode conduzir ao isolamento social, perda de autoestima, depressão, inibição da sexualidade e dos contactos íntimos, redução da produtividade e vergonha de que os demais possam sentir o odor da urina [5, 9]. Muitas vezes o embaraço em expor o problema, o medo da cirurgia, a falta de informação que eventualmente leva ao pensamento errado de que se trata de uma condição intratável e inevitável do processo natural de envelhecimento, leva a que a maioria das pessoas não procure ajuda, acabando por não beneficiar dos cuidados de saúde adequados, que poderiam atenuar ou até mesmo resolver este problema [8, 9].

Por todos estes motivos a IU é ainda encarada como um tema tabu na nossa sociedade e os farmacêuticos, como profissionais de saúde, podem desempenhar um papel fundamental na transmissão de informação e aconselhamento ao doente, assim como, no seu seguimento [10].

2. Objetivos e métodos

Tendo em conta os aspetos referidos anteriormente, o tema da IU fez parte de uma das minhas escolhas de intervenção durante o período de estágio. Esta ideia surgiu no âmbito do dia mundial da IU que se assinala a 14 de março.

Neste contexto, desenvolvi um desdobrável (Anexos VIII e IX) com o intuito de sensibilizar os utentes para o impacto que este problema pode ter na sua qualidade de vida e informá-los sobre os tipos de IU existentes, sintomas, possibilidades de tratamento e estratégias de prevenção. Para além do caracter informativo, este tinha também como objetivo divulgar uma campanha promocional, a decorrer durante esse período na farmácia, a qual englobava

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duas gamas de produtos para a incontinência da Hartmann®, que tinham começado a estar

disponíveis na FFS recentemente.

Para a divulgação desta campanha via Facebook elaborei um cartaz promocional (Anexo X) com informação sobre o desconto atribuído aos produtos abrangidos pela campanha.

3. Fundamento teórico

3.1. Definição e etiologia

A IU é uma situação patológica caracterizada por perdas involuntárias de urina resultantes da incapacidade em controlar o armazenamento e esvaziamento da bexiga [11]. As perdas de urina involuntárias podem classificar-se como sendo reversíveis ou permanentes. As reversíveis têm geralmente um início repentino e melhoram assim que a causa subjacente é tratada ou interrompida. Estas encontram-se associadas à ingestão de álcool e cafeina, infeções urinárias, toma de fármacos de determinados grupos terapêuticos (anti-hipertensores, anti-histamínicos, anticolinérgicos, anti-inflamatórios, opióides e relaxantes musculares), vaginite atrófica, desordens psicológicas, mobilidade reduzida, obstipação e diabetes descontrolada [12].

No entanto, a maioria dos casos de perdas IU devem-se a problemas persistentes, de início gradual, mas com agravamento progressivo [6]. Estas incluem: a gravidez e/ou parto, enfraquecimento dos músculos da bexiga, menopausa, cirurgias pélvicas e histerectomia, prostatectomia, cancro e pedras na bexiga, cistite intersticial e lesões neurológicas causadas por diversas doenças como a diabetes, Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou Parkinson [5].

3.2. Fatores de risco

A IU pode afetar qualquer individuo, em qualquer faixa etária, contudo, existem determinados fatores de risco que predispõem para o seu desenvolvimento. Estes podem dividir-se em intrínsecos ou predisponentes, de que são exemplo a predisposição familiar, a raça e anomalias anatómicas e neurológicas; em promotores, como é o caso da idade, obesidade, tabagismo, obstipação, atividades ocupacionais, infeções do trato urinário, menopausa e medicação; e em obstétricos e ginecológicos, dos quais fazem parte a gravidez, o parto, a paridade, os efeitos laterais da cirurgia pélvica e radioterapia e o prolapso genital [5, 13]. Em contrapartida, a obstipação, a dieta, a depressão e a cirurgia pélvica constituem fatores de risco de menor impacto [6].

Apesar de existir então um elevado número de fatores, há uns que adquirem maior relevância e devem, por isso, ser destacados. São eles a gravidez e o parto, que podem resultar no enfraquecimento da musculatura do esfíncter uretral e do pavimento pélvico, podendo causar desenervação do mesmo; a idade, uma vez que a prevalência da IU aumenta com a idade para ambos os sexos; e o género, sendo que as mulheres são duas a cinco vezes mais afetadas que os homens [5, 13].

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É importante salientar que, embora se verifique um aumento da incidência com a idade, esta patologia não deve ser vista como parte do processo normal de envelhecimento [6]. Estudos demonstram que as mulheres obesas são quatro vezes mais propensas a desenvolver incontinência de stress, no entanto, a obesidade constitui um importante fator de risco modificável uma vez que a perda de peso está associada a uma diminuição significativa deste risco [13, 14].

Em relação ao tabaco as opiniões são dispares, existem alguns estudos que afirmam que os fumadores têm maior probabilidade de desenvolver incontinência. Contudo, existem outros que não estabelecem esta relação e por essa razão não consideram o tabagismo como um fator de risco [13, 14].

A raça é outro fator que pode estar associado a um maior risco de desenvolver IU; diversos estudos procuraram estabelecer uma relação entre estas duas variáveis e permitiram concluir que os caucasianos são mais propensos a desenvolver incontinência de stress, quando em comparação com os afro-americanos [13].

Ao contrário do que se possa pensar, não existem evidências de que por si só a menopausa constitua um fator de risco para o desenvolvimento de IU [13, 14].

3.3. Tipos de incontinência urinária

a) Incontinência de esforço ou stress: cursa com perdas involuntárias de pequenos volumes de urina, aquando da realização de atividades de esforço como espirrar, tossir, rir ou realizar exercício físico. Tal é devido a um aumento da pressão intra-abdominal na ausência de contração do músculo detrusor [8, 12]. Este tipo de incontinência é mais comum em mulheres entre os 25 e 49 anos, e a sua prevalência tem tendência a diminuir com o avanço da idade [13].

A incontinência de stress é mais frequente durante a gravidez e embora em muitos dos casos seja transitória, sabe-se que estas mulheres são mais propensas a desenvolver incontinência no futuro [13]. Nos homens este problema pode surgir após a realização de uma prostatectomia radical para o tratamento do carcinoma da próstata, que consiste na remoção cirúrgica da próstata [15].

b) Incontinência de urgência ou por imperiosidade: carateriza-se por perdas involuntárias de urina acompanhadas ou imediatamente precedidas por um forte e súbito desejo miccional. A síndrome da bexiga hiperativa é uma das formas de apresentação deste tipo de incontinência, caracterizada pelos mesmos sintomas associados ou não a incontinência e geralmente acompanhada de polaquiúria e noctúria [6].

A incontinência de urgência está geralmente relacionada com o envelhecimento, uma vez que é nesta fase que se verificam diversas alterações fisiológicas a nível da bexiga. Contudo, pode surgir em idades mais jovens, devido a doenças neurológicas ou sem causas identificáveis [5].

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c) Incontinência mista: perdas involuntárias de urina associadas a urgência e esforço simultaneamente [6].

Existem outros tipos de incontinência urinária menos comuns como a IU por extravasamento, IU noturna e IU funcional [5].

3.4. Diagnóstico

O primeiro passo para o diagnóstico da IU consiste na análise da história clínica do paciente a partir da qual é possível caracterizar os episódios de perdas de urina, detetar possíveis causas reversíveis (ex: toma de determinada classe de medicamentos) e conhecer a história ginecológica/obstétrica bem como antecedentes cirúrgicos do paciente. Além disso deve também ser avaliado o estado atual do paciente e as suas comorbilidades, tais como doenças neurológicas e condições músculo-esqueléticas, doença pulmonar obstrutiva (a tosse crónica pode resultar em incontinência de stress) e doença cardiovascular (terapêutica com diuréticos pode constituir uma das causas para esta disfunção) [12].

A obtenção de informação por parte dos pacientes pode provar-se difícil pelo facto de muitas vezes os próprios serem pouco claros quanto à descrição dos seus episódios de incontinência. Nesses casos, é-lhes pedido que elaborem um diário miccional na qual devem registar a frequência, hora e volume das micções dos episódios de incontinência e os eventuais fatores desencadeantes, durante pelo menos 24h, com o objetivo de fornecer ao médico informações que permitam identificar qual é o tipo e a gravidade do quadro de IU [12].

Posteriormente poderá ser necessário realizar um exame físico, que abrange uma série de exames e testes, no qual é possível detetar anomalias anatómicas ou causas transitórias. Nos homens é importante fazer um exame à próstata pois o seu aumento pode contribuir para a obstrução da uretra. Nas mulheres é necessário realizar um exame ginecológico para avaliar uma situação de vaginite atrófica ou outro sinal de irritação induzida pela incontinência [12].

Para além do exame físico, pode ser necessário realizar exames complementares à urina, para despistar situações de hematúria, proteinúria e glicosúria, e ao sangue como a medição do nível de creatinina sérica, que se encontra elevada caso haja retenção urinária. Estes testes permitem a exclusão de algumas doenças que podem ser responsáveis por desencadear IU como o caso das infeções urinárias [12].

Caso se suspeite de incontinência de stress é realizado o teste de esforço da tosse, que consiste em pedir ao paciente que tussa várias vezes seguidas, de forma forçada, a fim de perceber se ocorreram perdas de urina ou não. Este é considerado um exame com boa sensibilidade e especificidade para este tipo de incontinência [12].

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3.5. Tratamento

A escolha do tratamento vai depender do tipo, da gravidade, das causas e do impacto da IU na qualidade de vida do paciente. As opções terapêuticas podem dividir-se em tratamento conservador, farmacológico e cirúrgico [6].

O tratamento de primeira linha para a IU de urgência e a bexiga hiperativa é essencialmente farmacológico com recurso a fármacos anti-muscarínicos, como a oxibutinona, cloreto de tróspio e propiverina, cujo mecanismo de ação consiste no bloqueio da atividade da acetilcolina nos recetores muscarínicos, diminuindo as contrações involuntárias do músculo detrusor [14, 16].

A IU de esforço também pode ser tratada com recurso a fármacos α – adrenérgicos, como a efedrina, imipramina e pseudoefedrina, que aumentam a pressão de encerramento da uretra [14]. No entanto, muitos pacientes optam pelo tratamento cirúrgico na IU de esforço por causa das complicações associadas ao tratamento farmacológico e um alívio sintomático inadequado que causam. Para este tipo de tratamento existem mais de 200 técnicas, a escolha vai depender do tipo de IU de esforço, da capacidade da bexiga, da gravidade das perdas de urina, da presença de condições como o prolapso vaginal e anomalias abdominais ou pélvicas [17].

O tratamento conservador é uma opção terapêutica que não implica intervenção farmacológica ou cirúrgica e que compreende várias medidas. A medida mais importante para o tratamento da IU esforço é a fisioterapia dos músculos pélvicos através da realização de exercícios de Kegel, que consistem na contração e relaxamento voluntário dos músculos pélvicos durante 5 a 10 segundos cerca de 10 a 15 vezes por dia, durante pelo menos 6 meses. Estes exercícios também podem ser usados no tratamento da IU urgência e mista [6, 17]. De igual forma podem ser associados à utilização de cones vaginais que por um mecanismo de feedback resultam na contração dos músculos pélvicos. Também se pode recorrer à electroestimulação que consiste na estimulação direta dos músculos pélvicos por correntes elétricas [6, 17].

Todas estas medidas permitem a reabilitação e fortalecimento da musculatura do pavimento pélvico sendo aconselhadas para o tratamento tanto da IU esforço, da IU urgência como da IU mista [6].

Outra das intervenções compreendidas neste tipo de tratamento consistem na adoção de mudanças no estilo de vida como controlar o excesso de peso, evitar a ingestão de alimentos, citrinos, picantes, chocolates, café e chá, praticar exercício físico regularmente, cessar o consumo de tabaco e controlar a ingestão de líquidos [18].

Para além das medidas acima apresentadas, encontra-se ainda disponível no mercado, uma vasta gama de dispositivos médicos concebidos especificamente para a IU. O doente pode optar entre pensos, cuecas ou fraldas com diferentes tamanhos e capacidades de absorção consoante as suas necessidades [5].

Referências

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