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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Castro e no Hospital Geral de Santo António (Centro Hospitalar do Porto, EPE)

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Farmácia Castro

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Castro

maio de 2018 a agosto de 2018

Dina Isabel Sousa Carvalho das Neves

Orientador: Dr.(a) Maria Angelina Alves Castro Neves

Tutor FFUP: Prof. Doutor(a) Maria Beatriz Vasques Neves Quinaz

Garcia Guerra Junqueiro

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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 1 de outubro de 2018

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AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, professores, funcionários e colegas por me terem proporcionado todas as condições necessárias para concluir o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Um particular agradecimento à Professora Paula Andrade por todas as oportunidades que me tem proporcionado no laboratório de Farmacognosia do Departamento de Química.

À Comissão de Estágios expresso o meu sincero agradecimento, nomeadamente, à minha tutora Professora Doutora Beatriz Quinaz, agradeço o seu cuidado na correção deste relatório e a disponibilidade permanente.

À minha orientadora Dra. Maria Angelina, agradeço a oportunidade de realizar o estágio na Farmácia Castro, os ensinamentos, o estímulo e a disponibilidade permanente. Agradeço ainda a sua alegria e capacidade de motivar os estagiários.

A toda a equipa da Farmácia Castro, a quem exprimo as minhas saudades, agradeço todo o auxílio e atenção prestados, a partilha de experiências profissionais, o empenho e paciência que tiveram para comigo.

Ao meu colega estagiário Luís Reis, obrigada pelo espírito de interajuda.

Às minhas colegas farmacêuticas, Sara Gomes, Joana Andrade, Sara Pereira, Helena Sousa, Cláudia Meneses, Juliana Azevedo e Rita Silva por serem as “substâncias ativas”. Um especial obrigado à Andreia Fernandes por todo apoio que me concedeu ao longo desta caminhada.

A todos os meus amigos, em especial aos mais pequeninos, Bruna, Íris, Leonor, Sara, Cristiana, Rui e João, por fazerem parte da minha vida; e a toda a minha família, em especial, aos meus primos e às minhas avós Dina e Conceição pelo apoio e compreensão incondicionais.

Ao Carlos por ser a calma no meio da tempestade.

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RESUMO

O presente relatório foi realizado no âmbito na unidade curricular Estágio do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Trata-se do resultado final de quatro meses de estágio na Farmácia Castro em Gondomar, que se divide fundamentalmente em duas partes: a descrição da farmácia e das atividades realizadas durante o estágio; e a descrição dos projetos desenvolvidos durante o estágio.

A primeira parte relata a minha envolvência nos procedimentos básicos que ocorrem na Farmácia Castro, no que diz respeito à gestão da farmácia, dispensa de produtos e serviços prestados à população. Também se encontra descrito a minha opinião sobre o balanço final do estágio. Destaca-se que a Farmácia Castro é farmácia-piloto na implementação da nova versão nacional do Sifarma®, pelo que são também descritas as vantagens do programa em relação à versão atual.

Na segunda parte, encontram-se descritos os projetos que desenvolvi na farmácia, nomeadamente, “Sete caminhos para saúde mental” e “Rigidez arterial, o aumento”. De um modo geral, em ambos os projetos, os objetivos visaram o aumento da literacia em saúde e foram cumpridos com sucesso. O projeto “Sete caminhos para saúde mental” dividiu-se em duas vertentes principais: a Farmácia Castro, onde se realizou uma campanha de sensibilização para promoção da literacia em saúde mental e um inquérito de avaliação do consumo responsável de benzodiazepinas e Z-hipnóticos; e a comunidade onde a Farmácia Castro se insere, onde se realizou uma intervenção em lares de idosos. O projeto “Rigidez arterial, o aumento” englobou a elaboração de um folheto informativo para sensibilizar os utentes da Farmácia Castro para a temática.

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ÍNDICE

Parte I – Descrição da farmácia e das atividades realizadas durante o estágio... 1

A. DESCRIÇÃO DA FARMÁCIA CASTRO ... 2

1. Localização geográfica ... 2

2. Horário de funcionamento ... 2

3. Recursos humanos ... 2

4. Perfil de utentes ... 3

5. Espaço físico e equipamentos ... 3

6. Fontes de informação ... 5

7. Sistema informático ... 5

8. Cartão de cliente Farmaco® ... 7

9. Comunicação interna e externa ... 7

B. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO ... 8

1. Gestão da Farmácia ... 8

1.1. Realização de encomendas ... 8

1.2. Receção e verificação de encomendas ... 9

1.3. Armazenamento de produtos ...10

1.4. Gestão de devoluções ...10

1.5. Controlo de prazos de validade ...11

1.6. Contagem física de stocks ...11

2. Dispensa de produtos ...12

2.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ...12

2.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica...16

2.3. Outros produtos de saúde ...17

3. Serviços prestados ...19

4. Formação profissional ...20

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Parte II – Descrição dos projetos desenvolvidos durante o estágio ...21

PROJETO 1: SETE CAMINHOS PARA SAÚDE MENTAL ...21

1. Introdução ...21

2. Motivação e Objetivos ...24

3. Métodos ...24

3.1. Cartaz e marcadores de livro para sensibilização da saúde mental ...24

3.2. Atividades de estímulo mental em lares de idosos próximos da FC ...25

3.3. Inquérito de avaliação do uso de BZD e Z-H na FC ...25

4. Resultados e Discussão ...26

4.1. Campanha de sensibilização na FC ...26

4.2. Intervenção nos lares de idosos ...26

4.3. Utilização de BZD e de Z-H pelos utentes da FC ...27

5. Conclusões ...36

PROJETO 2: RIGIDEZ ARTERIAL, O AUMENTO ...37

1. Introdução. ...37

1.1. Conceitos e epidemiologia ...37

1.2. Fisiopatologia e sintomas ...37

1.3. Fatores de risco, diagnóstico e tratamento ...38

2. Motivação e Objetivos ...39

3. Métodos – Panfleto informativo sobre RA ...40

4. Resultados e Conclusões ...40

REFERÊNCIAS ...41

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LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

ANF Associação Nacional de Farmácias

BZD Benzodiazepinas

CNP Código Nacional Português

FC Farmácia Castro

FEFO Fist Expired, First Out FIFO First In, First Out

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde IVA Imposto de Valor Acrescentado

MICF Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

MM Medicamentos Manipulados

MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MNSRM-EF Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácia

MSRM Medicamentos Sujeitos a Receita Médica OMS Organização Mundial de Saúde

OTC Produtos de venda livre Over The Counter PCHC Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal PIC Preço Inscrito na Cartonagem

PV Prazo de Validade

PVF Preço de Venda à Farmácia PVP Preço de Venda ao Público RA Rigidez arterial

RCM Resumo das Características dos Medicamentos SNS Serviço Nacional de Saúde

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ÍNDICE DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1 – Dados de identificação da Farmácia Castro. ... 1 Tabela 2 – Cronograma das principais atividades realizadas durante o estágio. ... 1 Tabela 3 – Número total de utentes consumidores de BZD e Z-H, discriminado por género, relativo a cada tópico inquirido e por cada resposta possível. ...29

Figura 1 – Balanço das principais vantagens entre Sifarma® Módulo de atendimento e Sifarma® 2000. ... 6

Figura 2 – Principais características das diferentes encomendas consoante o tipo de pedido. ... 8 Figura 3 – Percentagens de PVP comparticipadas relativas a cada escalão de regime geral ou especial. ...15 Figura 4 – Serviços farmacêuticos prestados na FC. ...19 Figura 5 – Distribuição por faixa etária dos utentes consumidores de BZD e Z-H inquiridos do sexo feminino (linha preta sólida) e do sexo masculino (linha cinzenta tracejada). ...27

Figura 6 – (A) Prevalência (em percentagem) de perturbações mentais (depressão, ansiedade, pânico), insónia e dor nos utentes consumidores de BZD e Z-H inquiridos; (B) Histograma do número de utentes por BZD ou Z-H dispensado. ...28

Figura 7 – Número de utentes (em percentagem) que usam BZD e Z-H, de forma responsável ou de forma irresponsável, por cada tópico inquirido relativo ao uso do medicamento. ...30 Figura 8 – Proporção do número de utentes que usam BZD e Z-H, de forma responsável (A) e de forma irresponsável (B) relativamente a cada tópico inquirido, em função das possíveis respostas sobre interrupção da terapêutica (com ou sem interrupção), horário de tratamento (toma no horário indicado ou quando necessário), quantidade ingerida (toma a quantidade prescrita ou quantidade diferente) e indicação terapêutica (com ou sem indicação médica). ...31 Figura 9 – Número de utentes com dependência às BZD e Z-H (linha preta sólida) ou que estão a fazer redução da dose terapêutica (linha cinzenta tracejada) em função do tempo de consumo. ...33 Figura 10 – Número de utentes (em percentagem) com e sem dependência às BZD e Z-H em função das possíveis respostas sobre os tópicos perceção de risco e eficácia terapêutica. ...34

Figura 11 – Representação do processo ventricular em artéria com RA normal (A) em artéria com RA aumentada (B) (adaptada de [71]). ...38

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Parte I – Descrição da farmácia e das atividades realizadas durante o estágio

O meu estágio curricular em farmácia comunitária ocorreu na Farmácia Castro (FC) de 1 de maio a 31 de agosto de 2018. A Tabela 1 mostra os principais dados identificativos da FC. Durante o meu estágio na FC, realizei várias atividades como mostra o cronograma disposto na Tabela 2. Todas as atividades visaram o objectivo-base do estágio curricular: adquirir e consolidar os conhecimentos teóricos obtidos no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF) e desenvolver novas aptidões por contacto direto com outros profissionais de saúde e utentes. [1] Considerando as atividades descritas, nota-se que aprendi duas versões do mesmo sistema informático. De facto, a FC está a ser pioneira na implementação da futura versão nacional do Sifarma®. Considero que ter aprendido as duas versões foi uma das experiências mais desafiantes e autónomas que fiz na FC.

Tabela 1 – Dados de identificação da Farmácia Castro.

Tabela 2 – Cronograma das principais atividades realizadas durante o estágio. Dados de identificação Farmácia Castro

Proprietária Dra. Maria Angelina Alves Castro Neves Direção Técnica Dra. Maria Angelina Alves Castro Neves Morada Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, nº 657

4420-237 Gondomar Contacto telefónico 22 483 73 21

E-mail farmaciacastro@gmail.com

Atividade realizada maio junho julho agosto Conhecimento dos produtos disponíveis

Aprendizagem do Sifarma®2000

Aprendizagem do Sifarma® – Módulo de atendimento Receção e verificação de encomendas

Gestão de devoluções Armazenamento de produtos

Atendimento ao balcão com acompanhamento Atendimento ao balcão sem acompanhamento Avaliação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos Projeto 1 – Sete caminhos para saúde mental Projeto 2 – Rigidez arterial, o aumento

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A. DESCRIÇÃO DA FARMÁCIA CASTRO

1. Localização geográfica

A FC, inaugurada em fevereiro de 1987, celebra este ano 31 anos de existência, sendo uma das farmácias mais antigas do concelho de Gondomar. A FC situa-se na Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, na rotunda dos Sete caminhos, pertencente à união de freguesias de Gondomar S. Cosme, Valbom e Jovim (Anexo I). A rotunda dos Sete Caminhos é uma das rotundas mais movimentadas do concelho de Gondomar e é muito próxima das Unidades de saúde familiar Sete Caminhos, Monte Castro e Renascer e do Colégio Paulo VI. Para além disso, a posição privilegiada da FC também se relaciona com o facto de ser vizinha de uma clínica dentária e por de ser contigua, recentemente, com um laboratório de análises clínicas. A FC localiza-se no rés-do-chão de um prédio de uma urbanização com bastantes lugares de estacionamento e na proximidade de paragens de autocarro. Como se encontra ao nível da rua, não há qualquer impedimento a acesso de crianças, idosos ou cidadãos portadores de deficiência.

2. Horário de funcionamento

A FC apresenta um horário de funcionamento interrupto nos dias úteis das 9h às 22h e ao sábado das 9h às 21h. Ocasionalmente, em rotação com as outras farmácias do município, funciona durante 24h como farmácia de serviço. Durante o meu estágio, tive horário rotativo semanalmente: das 9h às 14h nos dias úteis e das 13h às 20h ao sábado ou das 13h às 20h nos dias úteis e das 9h às 14h ao sábado. A partir de julho, devido à presença do meu colega estagiário do MICF Luís Reis, passei a ter o horário rotativo à semana: das 9h às 14h nos dias úteis e das 14h às 20h ao sábado ou das 14h às 20h nos dias úteis e das 9h às 14h ao sábado.

3. Recursos humanos

A equipa da FC é constituída por 11 profissionais de saúde qualificados: diretora técnica e proprietária, Dra. Maria Angelina Neves; 5 farmacêuticos (Dra. Cármen Sousa, Dra. Ana Marques, Dra. Marta Pereira, Dr. Fábio e Dr. José Oliveira); 3 técnicos de farmácia (Fernando Ramos, Iolanda Paiva, Maria José Soares); 1 enfermeira (Dr. Luísa Leal). A FC conta também com um contabilista na gestão financeira e uma auxiliar de limpeza. A equipa da FC é jovem e dinâmica, sendo bastante valorizada pelos utentes, que se sentem confiantes no aconselhamento prestado e satisfeitos com a simpatia demonstrada.

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4. Perfil de utentes

Devido à sua localização geográfica, a FC apresenta um fluxo constante de clientes (≃ 200 clientes por dia), que provém maioritariamente, das unidades de saúde familiar. São clientes habituais ou ocasionais de faixas etárias variadas e de classes económicas diferentes. De facto, não se verifica uma diferença significativa na proporção de utentes idosos e de utentes jovens na FC. Contudo, a maioria dos utentes idosos encontra-se fidelizado há anos e são utentes polimedicados, com pouca literacia em saúde e que procuram as alternativas mais baratas. Importa referir que a FC é também a farmácia de referência dos lares de idosos mais próximos.

5. Espaço físico e equipamentos

O espaço físico (interior e exterior) e equipamentos da FC estão de acordo com a legislação em vigor e com as Boas Práticas Farmacêuticas para a farmácia comunitária. [1, 2] O espaço exterior da FC é envidraçado e destaca-se pela presença de um letreiro horizontal com a designação “Farmácia Castro”, um letreiro vertical com a designação “Farmácia” e uma 1 “cruz verde” que está sempre iluminada à noite (Anexo I). Neste espaço, elaboram-se montras profissionais e existe um painel de grandes dimensões que faz promoção constante de produtos e/ou serviços de interesse para a farmácia. Para além disso, no espaço exterior encontram-se as informações sobre direção técnica, horário de funcionamento e escalas de turno das farmácias de serviço. Por outro lado, o espaço interior da FC é tipicamente caracterizado em duas grandes áreas: área de atendimento e armazém (Anexo II). Trata-se de um espaço climatizado (condições de temperatura e humidades controladas periodicamente) e bem iluminado, já que o contacto com o exterior é feito através de painéis de vidro. Também neste espaço, é possível encontrar algum marketing farmacêutico, que vai sendo adequado à época do ano, tipo de utentes e campanhas promocionais existentes.

i) Área de atendimento, inclui: ⎯ 8 balcões de atendimento

Cada balcão está separado fisicamente e equipado com um computador, um terminal multibanco, uma impressora, leitor ótico e caixa registadora. O balcão onde atendi a maioria das vezes contém uma mesa anexa para medição automática da pressão arterial.

⎯ Gôndolas e lineares com produtos de venda livre – Over the Counter (OTC) Os OTCs, medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), estão dispostos de acordo com marca comercial e com a finalidade de utilização e incluem produtos de dermofarmácia e cosmética, ortopedia, higiene oral, higiene íntima, puericultura, óculos, protetores solares, produtos dietéticos, suplementos alimentares, uso veterinário, entre

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outros. Atendendo que o estágio englobou o Verão, tive contacto com várias campanhas promocionais de protetores solares e repelentes de insetos.

⎯ Sistema de senhas e zona de conforto

A FC dispõe de um sistema de senhas no atendimento constituído por uma máquina própria em que cada utente tira senha; e por um ecrã que faz a chamada do utente dependendo do número da senha. Para proporcionar o máximo de conforto aos seus utentes enquanto aguardam a sua vez no atendimento, a FC tem uma zona de conforto com vários sofás e com material infantil. Acho que o sistema de senhas é imprescindível na FC, dado o afluxo constante de clientes e o ajuntamento que por vezes ocorre. Perto da zona de conforto, a FC possui também uma balança para medição autónoma do peso corporal.

⎯ 2 gabinetes para atendimento personalizado

Um gabinete possui todo o material necessário para administração de injetáveis, determinação manual da pressão arterial e avaliação de parâmetros bioquímicos, enquanto que o outro gabinete é destinado à realização de consultas de nutrição prestadas por um nutricionista com periocidade mensal. Durante o meu estágio, neste último gabinete ocorreram dois eventos: rastreio “Coração sem Risco” para avaliação da rigidez e tensão arterial e evento “Bebé 4D” que oferecia 5 minutos de ecografia em 4D a grávidas.

ii) Armazém, inclui:

⎯ Gavetas deslizantes e frigorífico

Nestas gavetas, os produtos estão ordenados alfabeticamente e por forma farmacêutica e/ou tamanho para atendimento mais rápido e eficiente. Tratam-se maioritariamente de medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM). Contudo, não existe divisão entre medicamentos genéricos ou comerciais, e os medicamentos psicotrópicos também não se encontram separados dos restantes medicamentos. O frigorifico é destinado ao armazenamento de produtos que requerem conservação entre 2º e 8ºC.

⎯ Móveis de prateleiras para os produtos excedentes

Nestes móveis são arrumados os produtos excedentes das gavetas e dos lineares da área de atendimento. Os produtos em excesso são ordenados por ordem alfabética e por forma farmacêutica e/ou tamanho da mesma forma que nas gavetas deslizantes.

⎯ Zona de receção e de verificação de encomendas

A receção de encomendas ocorre através de uma porta de acesso ao exterior. Os contentores dos vários fornecedores que trabalham com a FC são colocados num local específico. A zona de verificação de encomendas é constituída por computadores, impressora, impressora de etiquetas, fax, leitores óticos e material de escrita. Assim, nesta área, procede-se ao arquivo de todos os documentos referentes a faturas de encomenda,

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notas de devolução e crédito, para posterior envio à contabilidade. Neste local, encontra-se também o contentor do Valormed®.

Para além da área de atendimento e do armazém, o espaço interior da FC contém: ⎯ Laboratório equipado para preparação de medicamentos manipulados (MM); ⎯ Gabinete de direção técnica, onde se faz a gestão interna e financeira da FC e

ocorrem as reuniões com os delegados de informação médica;

⎯ Armazém de produtos fora do prazo de validade (PV), que se destinam a ser devolvidos aos respetivos fornecedores, de materiais utilizados na elaboração das montras e de toda a documentação que necessita de ser guardada;

⎯ Espaço para descanso e arrumação de bens pessoais dos funcionários; ⎯ Copa para realizar refeições em caso de necessidade;

⎯ Instalações sanitárias. 6. Fontes de informação

De acordo com a legislação prevista, as farmácias têm que ter, obrigatoriamente, a Farmacopeia Portuguesa em vigor. [3] Também Prontuário Terapêutico, Formulário Galénico Português, Resumo das Características dos Medicamentos (RCM), Medscape, Epocrates, Centro de Informação do Medicamento da Ordem dos Farmacêuticos e Centro de Informação sobre Medicamentos da Associação Nacional das Farmácias (ANF) constituem outras fontes comuns para esclarecimento de dúvidas na FC. Durante o meu estágio, utilizei bastante o RCM via online para dúvidas próprias ou para esclarecimento dos utentes. Relato o seguinte exemplo vivido: uma utente com prescrição de metilfenidato tem indicação médica para comprar metilfenidato sem lactose devido a intolerância, contudo, a utente não sabe a marca do metilfenidato sem lactose; assim foi necessário recorrer a todos os RCM de todos os metilfenidatos existentes para dispensar o indicado à utente.

7. Sistema informático

Atualmente, a FC utiliza duas versões do sistema informático Sifarma® da Glintt®: o Sifarma® 2000 e o Sifarma® Módulo de atendimento. O Sifarma® Módulo de atendimento constitui a atualização mais recente do Sifarma® 2000 e está a ser testado pela Glintt® apenas num grupo restrito de farmácias a nível nacional. A FC iniciou a implementação do Sifarma® Módulo de atendimento em abril de 2018, contudo como o programa está ainda em construção, há necessidade de recorrer, concomitantemente, à versão Sifarma® 2000. De facto, o Sifarma® Módulo de atendimento, ao contrário do Sifarma® 2000, apresenta apenas ferramentas referentes a atendimento e não a

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processos de gestão e de estatística (e.g. gestão de stocks, encomendas, devoluções e receituário). Desta forma, é apenas possível comparar as duas versões em relação à metodologia de atendimento. Nota-se que ambas as versões do Sifarma® garantem um excelente serviço de atendimento, proporcionando funções semelhantes relativas a: identificação do cliente/utente, processo de componentes com ou sem comparticipação e de receitas manuais ou eletrónicas, verificação do produto dispensado, formas de pagamento, débito e/ou crédito, e informações técnico-científicas (Anexo III). A Figura 1 mostra o balanço das principais vantagens entre Sifarma® Módulo de atendimento e Sifarma® 2000 face ao processo de atendimento. Para além da evidente mudança de interfase, o Sifarma® Módulo de atendimento permite associar o cliente ao utente ou a vários utentes e proceder à emissão de faturas/recibos individualizadas por utente numa venda com vários utentes e/ou por tipo de produto dispensado (com ou sem receita). De um modo geral, permite um atendimento mais rápido, nomeadamente, aquando pedido de encomendas instantâneas (num mesmo ecrã apresenta-se a disponibilidade do produto em falta em todos os fornecedores). Esta versão também propõe uma vasta gama de posologias para um mesmo produto, de modo a ser mais fácil de selecionar a posologia especifica a cada utente; e pede justificação perante cancelamento do atendimento, concedendo dados úteis para estatísticas de erros. Adicionalmente, o Sifarma® Módulo de atendimento também se pode associar diretamente ao cartão Sauda+ das Farmácias Portuguesas (não é aplicável à FC).

Figura 1 Balanço das principais vantagens entre Sifarma® Módulo de atendimento e Sifarma® 2000.

Sifarma® 2000 Sifarma® Módulo de

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A única vantagem do Sifarma® 2000 face à nova versão aquando o atendimento é permitir o processamento de descontos e de promoções, que ainda não é possível no Sifarma® Módulo de atendimento. Noto que a implementação do Sifarma® Módulo de atendimento é um desafio para a FC, pois exige visitas de avaliação periódicas, leitura de tutoriais e atenção permanente às atualizações do programa. A FC está a cumprir com os objetivos preconizados pelo projeto piloto: 90% dos atendimentos na FC são efetuados no Sifarma® Módulo de atendimento.

A nível pessoal, nunca tinha contactado com o Sifarma®, pelo que aprender as duas versões foi trabalhoso. Considero que o Sifarma® Módulo de atendimento é mais intuitivo, com ferramentas mais simples e, na globalidade, oferece um atendimento menos moroso.

8. Cartão de cliente Farmaco®

Com o objetivo de fidelizar os clientes, a FC dispõe de um cartão virtual de descontos pelo software Farmaco®. Em cada venda, o cartão de cliente acumula, em dinheiro, 2% do valor total pago. Posteriormente, o cliente poderá utilizar o dinheiro acumulado na aquisição de qualquer medicamento, produto e/ou serviço na FC desde que o valor existente em cartão seja igual ou superior ao da aquisição pretendida. Como se trata de um cartão virtual, a sua requisição consiste apenas no preenchimento de uma ficha virtual com os dados pessoais do cliente (e.g. nome, número de contribuinte, morada, data de nascimento, contacto telefónico). Durante o meu estágio, procedi a vários registos de novos clientes, à acumulação de saldo nos cartões e/ou à realização de vendas com o saldo do cartão. De acordo com o novo Regulamento Geral de Proteção de Dados que entrou em vigor a 25 de maio de 2018 [4], a FC foi obrigada a fazer um registo documentado de todas as atividades de tratamento de dados pessoais. Desta forma, durante o atendimento, a cada cliente da FC titular de cartão pedi consentimento sobre o tratamento de dados, através do preenchimento de um contrato que aferia todas as atividades realizadas pela FC relativas ao cartão.

9. Comunicação interna e externa

A comunicação interna da FC realiza-se principalmente por dois modos: via e-mail e/ou mensagens enviadas através do Sifarma 2000® pelos funcionários da FC. Por outro lado, a comunicação externa ocorre via e-mail ou mensagens telefónicas, recorrendo aos dados registados no Cartão de cliente Farmaco®. Maioritariamente, os clientes recebem informação sobre os serviços prestados e/ou campanhas promocionais. Noto que a FC não possui qualquer tipo de redes sociais (e.g. Facebook, Instagram). Também a decoração das montras visa a comunicação externa e é efetuada de forma muito cuidada na FC.

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B. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO

1. Gestão da Farmácia

1.1. Realização de encomendas

De um modo geral, a FC realiza encomendas de produtos aos seguintes fornecedores: OCP Portugal®, Cooprofar® e Empifarma®, sendo a Alliance Healthcare® o fornecedor secundário. A OCP Portugal® é o fornecedor maioritário, ao qual a FC solicita três encomendas por dia. Contudo, produtos de cosmética e higiene corporal são normalmente encomendados à Cooprofar® devido a condições comerciais mais vantajosas. De facto, a escolha dos fornecedores é efetuada consoante a disponibilidade e condições comerciais dos produtos. As encomendas podem classificar-se consoante o tipo de pedido conforme representado pela Figura 2. Durante o meu estágio, pude assistir à elaboração de todos os tipos de encomendas e realizei maioritariamente encomendas instantâneas pelo Sifarma® aquando do atendimento e encomendas manuais na receção de encomendas.

Figura 2 – Principais características das diferentes encomendas consoante o tipo de pedido. Diária Instantânea Via Verde Direta a laboratório ou a delegados Manual

Gerada automaticamente pelo Sifarma®

De acordo com stocks máximo e mínimo

Grande volume de produtos

Verificada por funcionário para ver se cumpre as necessidades atuais

Gerada quando produto requerido pelo utente não está disponível na FC

Por contacto telefónico ou Sifarma®

Permite selecionar o fornecedor com produto mais barato e informar o utente do preço e hora de chegada prevista

Chegada à FC em menos de 24h após pedido

Aquisição urgente de medicamentos que estão sem stock ou em rutura (ex: Lovenox®, Jardiance®, Trajenta®, Spiriva®)

Exige notificação prévia ao INFARMED

Chegada à FC no prazo de 48h após pedido

Exige receita médica do produto pedido

Grande volume de produtos

Para produtos de alta rotação

Realização periódica mensal

Exige quantidade mínima a ser encomendada

Oferece condições comerciais vantajosas

Gerada pontualmente quando produto está rateado ou se a encomenda diária já tiver sido efetuada

Por contacto telefónico ou Sifarma®

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1.2. Receção e verificação de encomendas

A receção e verificação de encomendas é fundamental em farmácia comunitária, pois admite que os produtos encomendados passem a constituir stock. Qualquer tipo de encomenda é rececionada na FC em contentores apropriados e com respetiva fatura ou guia de remessa (Anexo IV). De referir que os produtos de frio (2ºC a 8ºC) são retirados imediatamente dos contentores e são colocados no frigorífico, separados dos restantes produtos que já deram entrada no stock e agregados ao papel identificativo do contentor que os transportou. No caso de medicamentos sujeitos a controlo especial pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED) (e.g. medicamentos estupefacientes e psicotrópicos e/ou benzodiazepinas) [5, 6], é enviado, juntamente com a fatura, uma guia de requisição específica por cada medicamento, em duplicado, aprovada pela entidade competente e assinada pelo fornecedor (Anexo V). Estas guias são carimbadas e assinadas pela diretora técnica e, posteriormente, uma é arquivada na FC e outra é devolvida ao fornecedor. Cada fatura contém: indicação do fornecedor, destinatário, número da fatura, data de encomenda, produtos encomendados e respetivo Código Nacional Português (CNP), quantidades encomendadas e enviadas, valor total da fatura, Preço de Venda à Farmácia (PVF), Imposto de Valor Acrescentado (IVA) e Preço de Venda ao Público (PVP) de cada produto encomendado.

A receção de encomenda é efetuada no Sifarma® 2000 através da identificação do número da fatura por leitura ótica do código de barras ou manualmente e introdução do valor total da encomenda. Posteriormente, por leitura ótica do código de barras ou por introdução do CNP, cada produto da encomenda vai sendo introduzido no sistema informático. Durante ou após a introdução dos produtos, faz-se verificação:

Verificação do PVP após introdução de PVF

Se produto tiver Preço Inscrito na Cartonagem (PIC), PVP deve corresponder ao indicado no Sifarma®; se produto for OTC, PVP é estabelecido pela FC, procedendo-se ao ajuste da margem de lucro.

Verificação do PV

Se produto rececionado possui PV inferior aos dos produtos existentes ou se tem stock informático a zero, Sifarma® alerta para mudança para PV atual.

Verificação de quantidade

Se o número de embalagens rececionadas coincide com número de embalagens faturadas por produto e na totalidade.

Verificação de integridade

Se as embalagens dos produtos estão integras, apresentando as condições necessárias para venda.

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Verificação da existência de bonificações e do valor total

Se existem medicamentos com bónus e se o valor total obtido pelo Sifarma® no final da receção corresponde ao valor total faturado.

Após processo de verificação, finaliza-se a receção de encomenda no Sifarma®: os produtos entram automaticamente no stock da FC, assina-se e arquiva-se a fatura. Na FC, é comum aquando receção de encomenda, separar os produtos encomendados que já foram pagos por clientes (reservas). Em caso de inconformidades na fatura (e.g. produtos faturados não enviados ou produtos enviados não faturados), efetua-se a reclamação ao distribuidor que emite uma nota de crédito para a regularização do processo.

Rececionar e verificar encomendas foi a primeira atividade que fiz na FC. Considero que é um processo fundamental para contacto primário com os produtos disponíveis na FC e com o Sifarma® 2000 e contribui muito para a capacidade de reconhecimento dos produtos aquando o atendimento. Durante o estágio, deparei-me várias vezes com inconformidades nas faturas, pelo que senti necessidade de criar um suporte para registo das reclamações (Anexo VI). Tratou-se de um pequeno projeto, muito útil e valorizado pelos funcionários da FC, na medida em que oferece um histórico de erros.

1.3. Armazenamento de produtos

Na FC, o armazenamento de produtos é efetuado através do método Fist Expired, First Out (FEFO): organização dos produtos por PV, mantendo os que têm menor PV no local mais acessível para que sejam dispensados em primeiro lugar. Contudo, para produtos que não têm PV, a FC segue o método First In, First Out (FIFO) no qual os produtos mais antigos são os primeiros a serem vendidos. [7] Importa referir que os produtos são também armazenados sob condições de conservação adequadas, na sua maioria, acondicionados à temperatura ambiente 25±1ºC e humidade relativa 60%, e os produtos de frigorifico entre 2ºC a 8ºC. [8] Na FC, todos os funcionários garantem a reposição do stock nas gavetas deslizantes e nos lineares e gondolas da área de atendimento. A nível pessoal, o processo de armazenamento foi crucial para conhecer a localização dos produtos na FC, garantindo uma maior rapidez aquando da dispensa ao utente e um menor período de tempo associado à sua procura.

1.4. Gestão de devoluções

De um modo geral, a devolução ocorre quando os produtos: i) têm PV expirado ou a expirar; ii) são encomendados/faturados por engano; iii) não apresentam integridade aquando receção; iv) são faturados com preço diferente do PIC; v) exigem recolha

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obrigatória. Trata-se de um processo que é limitado por prazos específicos ordenados pelo fornecedor, cujo cumprimento é essencial para que o produto não fique na FC sem utilidade. Numa primeira fase, as devoluções são efetuadas por registo no Sifarma®, emitindo-se uma nota de devolução que contém: designação do produto devolvido, justificação da devolução, o preço de custo, IVA e o número da fatura de origem. Numa segunda fase, a nota de devolução é impressa em triplicado e devidamente rubricada e carimbada pela FC. O triplicado é arquivado na FC, enquanto que o original e o duplicado são anexados ao produto a ser devolvido ao fornecedor. Se a devolução é aceite, o fornecedor emite uma nota de crédito ou substitui o produto; se a devolução não é aceite, o produto é devolvido à FC. Caso o produto não apresente condições para venda, a FC terá de proceder à sua quebra e eliminação via Valormed®. Durante o estágio, realizei várias devoluções, nomeadamente, de produtos que foram faturados por engano e/ou que não apresentavam integridade aquando receção. Também ajudei no processo de recolha obrigatória de lotes de medicamentos contendo Valsartan na sequência da deteção de uma impureza pelo INFARMED. [9]

1.5. Controlo de prazos de validade

O controlo de PV é realizado essencialmente em dois momentos: i) durante a receção de encomendas pela introdução do PV atual; ii) mensalmente por emissão de uma lista gerada pelo Sifarma® que contém os produtos cujo PV irá expirar no mês seguinte. Como referido em 1.4., os produtos com PV expirado ou a expirar são devolvidos ao fornecedor. Também existe a possibilidade de vender produtos com PV a expirar através de promoções evitando a sua desvalorização total ou parcial. Com efeito, deve-se proceder às correções necessárias no Sifarma® para que o stock físico corresponda ao stock informático. Durante o meu estágio, assegurei o controlo de PV aquando a receção de encomendas e assisti ao controlo por lista. Notei que o PV é um fator preponderante para vários clientes da FC, que se preocupam em verificar se produtos dispensados tem ou não PV expirado e/ou a duração do mesmo.

1.6. Contagem física de stocks

A gestão de stocks depende da qualidade dos processos previamente referidos: realização e receção de encomendas e/ou armazenamento de produtos. Também o ato de dispensa dos produtos garante uma gestão adequada, uma vez que a gestão de stocks corresponde ao equilíbrio entre o número de produtos em stock e o número de produtos dispensados. Frequentemente, este equilíbrio é avaliado pelo equilíbrio entre o stock físico e stock informático indicado pelo Sifarma® 2000. De facto, o Sifarma® apresenta um papel fundamental na gestão de stocks, na medida em que indica o stock existente de cada

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produto e/ou o seu stock mínimo e máximo; e alerta para falta de stocks. Desta forma, uma correta gestão de stocks evita que o utente seja lesado pela falta de produto e que a FC seja afetada pelo excesso de produtos sem saída.

2. Dispensa de produtos

A dispensa de medicamentos e/ou de outros produtos de saúde é o maior propósito da farmácia comunitária. De facto, aquando da dispensa, o farmacêutico apresenta um papel fundamental na promoção do uso responsável dos produtos e na avaliação correta da prescrição e indicação terapêutica. Consequentemente, o aconselhamento farmacêutico é preditor de uma boa adesão à terapêutica, diminuindo a taxa de problemas associados com medicamentos.

2.1. Medicamentos sujeitos a receita médica 2.1.1. Prescrição médica

A prescrição médica é essencial para dispensa de MSRM, sendo o principal meio de comunicação entre farmacêutico, médico e utente. Atualmente, a prescrição médica ocorre essencialmente por receita manual (ou materializada) ou por receita eletrónica (desmaterializada). A receita manual encontra-se em desuso e trata-se de uma receita materializada em papel e a que apenas pode ser prescrita em situações específicas: a) falência do sistema informático; b) inadaptação do prescritor; c) prescrição ao domicílio; d) até um máximo de 40 receitas por mês. [10] Desta forma, a receita eletrónica garante a maior parte das prescrições médicas. O suporte eletrónico da prescrição médica visa sobretudo aumentar a segurança no processo de prescrição e no ato de dispensa, contudo ainda não se encontra totalmente desmaterializado. De facto, verifica-se a coexistência de duas formas de prescrição eletrónica: i) receita eletrónica desmaterializada ou receita sem papel; ii) receita eletrónica materializada (prescrição impressa em papel). Em média, considero que na FC, 90% dos utentes tem prescrição médica por receita eletrónica (80% desmaterializada e 10% materializada) e 10% por receita manual.

A prescrição médica inclui obrigatoriamente a denominação comum internacional da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a quantidade e a posologia. Apenas quando se trata de um medicamento de marca sem similar ou medicamento genérico similar ou quando existe alguma justificação técnica, nomeadamente a) margem ou índice terapêutico estreito; b) reação adversa prévia e c) continuidade de tratamento superior a 28 dias, a prescrição por nome comercial do medicamento ou do titular pode acontecer. Nesta última exceção, o utente pode optar por um medicamento equivalente ao prescrito, desde que seja de preço inferior. Em receita materializada ou manual, apenas se pode prescrever até quatro medicamentos distintos. Nestes casos, também é apenas possível

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prescrever um máximo de quatro embalagens por receita e duas embalagens por cada medicamento. Em receita desmaterializada, pode ser prescrito até um máximo de duas embalagens de cada produto, ou seis, se se tratar de um medicamento destinado a tratamento prolongado. [10] Importa referir que em regra, as receitas têm validade de 30 dias a partir da data de prescrição, no entanto receitas eletrónicas materializadas podem ser renováveis, contendo até três vias, com validade de 6 meses. Também as receitas desmaterializadas podem ter validade até seis meses no caso de prescrição de medicamentos destinados a doenças ou tratamentos prolongados. Cada receita vem acompanhada de uma guia de tratamento que chega ao utente através de mensagem de texto, correio eletrónico ou em papel, no caso de ser pedido pelo utente ou se o prescritor considerar apropriado.

No estágio contactei com todo o tipo de receitas durante o atendimento. Na FC, senti que vários utentes se confundem com as guias de tratamento de receitas desmaterializadas. Relato o exemplo mais comum: utente tem a mesma guia de tratamento em mensagem telefónica e em papel; a primeira vez que vai à FC usa mensagem telefónica para levantar todas as embalagens da receita; na segunda vez que vai à FC utiliza a guia em papel para levantar todas as embalagens da receita; utente fica confuso, porque pensa que ainda tem as embalagens por levantar, quando na realidade, estas já foram dispensadas na primeira vez que foi à FC.

2.1.2. Ato de dispensa

O ato de dispensa inicia com introdução da receita no Sifarma® através dos códigos de acesso facultados na receita ou guia de tratamento de receitas eletrónicas ou na própria receita no caso de receitas manuais. No ato da dispensa de receitas manuais ou materializadas, é necessário validar a prescrição médica, verificando alguns requisitos específicos, como: numeração e respetivo código de barras da receita; identificação do médico e local de prescrição; dados do utente (nome, número de utente, número de beneficiário da entidade financeira responsável e regime especial de comparticipação, se aplicável), data de prescrição e validade da receita. De facto, em receitas manuais, é necessário proceder à introdução manual, no Sifarma®, dos medicamentos e respetivo regime de comparticipação ou diploma legal que atribua uma comparticipação especial, o que possibilita a ocorrência de mais erros. Para qualquer tipo de receita, o farmacêutico deve sempre interpretar a prescrição médica de acordo com a necessidade e adequação da mesma ao utente. Durante a dispensa, deve existir uma comunicação ativa entre utente e farmacêutico. O farmacêutico deve perguntar ao utente se pretende adquirir a totalidade dos produtos ou se apenas pretende que lhe sejam dispensados em parte. Também é importante saber se se trata de uma medicação habitual ou se foi prescrita pela primeira

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vez, de forma a poder ajudar o utente no esclarecimento de todas as dúvidas que possam existir relativas a: para que serve o medicamento, início do efeito, posologia, a duração do tratamento, os cuidados específicos relativos à toma e armazenamento, possíveis interações com alimentos e/ou medicamentos, reações adversas ou efeitos secundários mais frequentes e o que fazer em caso de omissão de uma dose. No caso de ser medicação habitual deve ser questionado ao utente qual o medicamento que habitualmente leva e, no caso de não ser medicação habitual, se tem preferência por medicamento de marca ou genérico. Nota-se que o utente pode optar por qualquer medicamento com a mesma denominação comum internacional, forma farmacêutica, dosagem e dimensão das embalagens, independentemente do seu preço. A dispensa termina após o farmacêutico ter entregue os medicamentos prescritos ao utente e finalizado o processo de atendimento no Sifarma®. Durante o estágio, aquando da dispensa, percebi que muitos utentes da FC não percebem a necessidade de receita médica para determinados grupos de medicamentos, nomeadamente antibióticos e benzodiazepinas.

2.1.3. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

De acordo com o decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes estão sujeitos a um controlo especial. De facto, são medicamentos que apenas devem ser utilizados em casos específicos devido ao elevado risco de tolerância e dependência. Em receitas manuais ou materializadas, cada medicamento psicotrópico e estupefaciente é prescrito isoladamente por receita; enquanto que em receitas desmaterializadas, pode ser prescrito em conjunto com outro tipo de medicamentos desde que a linha de prescrição seja indicativa do tipo de medicamento. O levantamento deste tipo de medicamentos pode ser efetuado ou não pelo próprio utente, contudo carece sempre de apresentação de um documento de identificação (e.g. cartão de cidadão). É efetuado o registo do nome e morada do adquirente e do nome, morada, número de identificação, data da validade do cartão de cidadão e idade do utente. No final da dispensa do medicamento, é impresso um talão de faturação em duplicado, que é anexado à cópia da receita e assinado pelo adquirente. Posteriormente, todos os documentos são digitalizados e enviados ao INFARMED até ao dia 8 do mês seguinte ao da sua faturação; e arquivados por 3 anos na FC. Durante o período de atendimento, tive oportunidade de proceder à dispensa deste tipo de medicamentos e percebi que vários utentes não percebem a importância do registo suprarreferido.

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2.1.4. Sistemas de comparticipação de medicamentos

O Estado Português comparticipa uma percentagem do PVP de determinados medicamentos a beneficiários do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou de outros subsistemas públicos. As percentagens de comparticipação do PVP são fixadas de acordo com os seguintes escalões representados na Figura 3, previamente definidos pelo Ministério da Saúde em função dos grupos e subgrupos farmacoterapêuticos. [11] Nota-se que existem fundamentalmente dois tipos de regime de comparticipação, regime geral e regime especial, cada um dividido em quatro escalões de comparticipação (A. B, C, D).

Figura 3 – Percentagens de PVP comparticipadas relativas a cada escalão de regime geral ou especial.

O regime geral aplica-se a todos os beneficiários do SNS. O regime especial varia em função dos beneficiários ou das patologias/grupos especiais de utentes. Em função dos beneficiários, o regime especial é dividido nos quatros escalões representados e é aplicado aos pensionistas “cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil transato ou 14 vezes o valor do indexante dos apoios sociais em vigor, quando este ultrapassar aquele montante.” [12] Em função das patologias/grupos especiais de utentes, a comparticipação tem de estar definida por um diploma legal (e.g. para artrite reumatoide, psoríase) que é obrigatoriamente mencionado em receita pelo prescritor. Em ambos os regimes especiais, no escalão A há um acréscimo de 5% na comparticipação e de 15% para os restantes escalões comparativamente ao regime geral. Os beneficiários do SNS podem também beneficiar de outros sistemas subsistemas (e.g. Savida, SAMS, Multicare) que oferecem uma comparticipação extra. Em utentes que possuem subsistemas, aquando o atendimento, é necessário imprimir um comprovativo relativo à comparticipação; e caso a prescrição seja por receita materializada ou manual, é necessário fotocopiar a receita. Durante o atendimento, contactei maioritariamente com os regimes de comparticipação 01 (Regime Geral do SNS) e 48 (Regime Pensionista do SNS) e com os subsistemas Savida e SAMS.

• Regime geral • Regime especial • Regime geral • Regime especial • Regime geral • Regime especial • Regime geral • Regime especial

A B

C

D

90% 95% 69% 84% 37% 52% 15% 30%

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2.1.5. Conferência do receituário e faturação

A conferência do receituário e faturação é essencial para que a FC receba o valor correspondente à comparticipação dos medicamentos. Após atendimento, as receitas manuais e materializadas são organizadas primariamente por série e depois por lote. A organização das receitas por série consiste em separar as receitas consoante organismos de comparticipação. Por cada série, as receitas são numeradas e organizadas em lotes de 30. As receitas são conferidas por processo semelhante ao da validação das prescrições aquando o atendimento. Após conferência, no final de cada mês, a diretora técnica faz a faturação das receitas, emitindo os verbetes de identificação dos lotes e a relação de resumo de lotes e a respetiva fatura mensal. Os verbetes contêm a importância total do lote correspondente ao PVP; importância total do lote paga pelos utentes; importância total do lote a pagar pela entidade responsável; importância total do lote a pagar relativamente à remuneração específica da farmácia; e discriminação individual de cada receita. A relação de resumo de lotes contém informações relativas a cada lote de receitas, nomeadamente: código, tipo e número sequencial do lote; número total dos lotes entregues no mês; importância total do lote correspondente ao PVP; importância total do lote paga pelos utentes; importância total do lote a pagar pelo Estado; e importância total da remuneração especifica da farmácia. [13] Todos os documentos são enviados para cada entidade comparticipante, centro de conferência de faturas do SNS (caso organismo seja SNS) e/ou para ANF (caso sejam outros organismos) até ao dia 10 do mês seguinte. Em caso de inconformidades, ocorre devolução à FC das receitas que não cumprem os requisitos. Durante o estágio, assisti à conferência de receituário pelos funcionários da FC e à faturação do receituário pela diretora técnica.

2.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica

Ao contrário dos MSRM, os MNSRM podem ser vendidos fora das farmácias em locais devidamente autorizados pelo INFARMED. Contudo existem MNSRM de Dispensa Exclusiva em Farmácia (MNSRM-EF) (e.g. Fucidine®, Actifed®), que podem apenas ser dispensados nas farmácias mediante um protocolo de dispensa respetivo. Durante a dispensa de MNSRM, o farmacêutico deve avaliar se o medicamento é efetivamente necessário e/ou adequado à pessoa que se destina, analisando o motivo pelo qual o utente apresenta queixas, duração e intensidade dos sintomas, a presença de comorbilidades e de outra medicação que possa estar a tomar. No ato da dispensa, deve-se transmitir informação sobre a posologia, contraindicações e efeitos secundários dos MNSRM e alertar para consulta médica caso a situação não apresente melhorias num determinado período de tempo. Durante o estágio, tive de indicar MNSRM em bastantes ocasiões. No primeiro mês do estágio (maio), os MNSRM dispensados na FC eram maioritariamente

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dirigidos a alergias e mordeduras de insetos. Posteriormente, nos meses seguintes, com a chegada do Verão, os MNSRM mais vendidos eram relativos a proteção solar, queimaduras e produtos associados a férias e viagens (laxantes, antidiarreicos). Senti dificuldade no aconselhamento de vários produtos, e tive, por várias vezes de pedir ajuda aos colegas da FC aquando o atendimento.

2.3. Outros produtos de saúde

2.3.1. Medicamentos de uso veterinário

Na FC, MSRM veterinários (e.g. antiparasitários internos) encontram-se no armazém, enquanto MNSRM e outros produtos veterinários (e.g. antiparasitários externos, vitaminas, suplementos alimentares, produtos de higiene) estão expostos num linear da sala de atendimento. Atendendo que o meu período de estágio coincidiu com altura do ano em que há maior predomínio de pragas (e.g. carraças), na FC dispensei imensos desparasitantes de uso interno e externo para animais domésticos (cão e gato). Também assisti a situações particulares de pedidos de medicação para infeções bacterianas em cavalos e galinhas. Por outro lado, fui abordada algumas vezes sobre a segurança de administração de medicamentos de uso humano, nomeadamente, benzodiazepinas, em animais, situações em que tive bastante dificuldade em dar resposta. Também tive contacto com receitas médico-veterinárias de medicamentos de uso humano, nomeadamente antibióticos e inibidores da bomba de protões. De facto, na FC existe uma grande procura deste tipo de medicamentos. Como a minha formação em medicação veterinária não era muito coesa, noto que aprendi muito nesta área da farmácia, não só através dos conhecimentos transmitidos pela equipa da FC, como por contacto com os clientes.

2.3.2. Dispositivos médicos

Os dispositivos médicos não apresentam ações farmacológicas, metabólicas ou imunológicas, contudo são utilizados para fins comuns aos dos medicamentos. Na FC, não existe uma gama alargada de dispositivos relacionados com ortopedia, contudo as meias de descanso e de compressão são dos dispositivos médicos mais dispensados. Também pulsos elásticos, lancetas e agulhas associadas à diabetes, testes de gravidez, preservativos, material de penso, tampões de ouvidos constituem dispositivos que foram procurados pelos clientes aquando o meu estágio.

2.3.3. Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

Na FC, há uma vasta procura de Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal (PCHC), pelo que a maioria dos lineares da zona de atendimento apresenta PCHC expostos. Na FC, estão disponíveis algumas linhas completas de dermofarmácia como

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Avene® e Uriage®. De referir que há uma procura quase diária da gama de perfumes IAP Pharma®. A FC também possui uma grande oferta de produtos para higiene e cuidado diário do corpo e zonas íntimas. Destacam-se também produtos destinados à higiene oral, nomeadamente, pastas dentífricas, colutórios, escovas e cuidado de próteses dentárias. Durante o estágio, como o balcão de atendimento em que me encontrava situava-se muito perto dos lineares de produtos de higiene oral e higiene íntima, procedi quase diariamente a aconselhamento de produtos destas áreas.

2.3.4. Produtos de puericultura

A FC apresenta uma vasta gama de produtos de puericultura. De um modo geral, a FC trabalha com duas linhas completas (e.g. Mustela®, Aveeno® Baby), mas tem sempre disponíveis produtos de marcas específicas que possam agradar a diferentes clientes. Destacam-se também os leites adaptados às diferentes idades (e.g. Aptamil®), acessórios de amamentação para a mãe (e.g. discos de amamentação Medela®) e biberões (e.g. Nuk®). Durante o atendimento, dispensei frequentemente fraldas, discos de amamentação e leites adaptados.

2.3.5. Suplementos alimentares

Os suplementos alimentares são definidos como “géneros alimentícios que se destinam a complementar e/ou suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinados nutrientes ou outras substâncias com efeito nutricional ou fisiológico”. [14] Na FC, a procura de suplementos alimentares não é tão alta como PCHC, contudo constitui um volume considerável de vendas. Durante o atendimento, dispensei sobretudo suplementos vitamínicos e/ou para a fadiga física e intelectual na população jovem (e.g. MagnesioOK®, Centrum®, Pharmaton®). De referir também que suplementos alimentares para regulação do sono (e.g,Valdispert NoiteTotal®, Stilnoite®) são bastante procurados pela população adulta da FC. De um modo geral, a FC aposta na gama suplementos Tecnilor®, sendo que MoviArtrose Tecnilor® e VenoTecnilor® foram os suplementos que mais vendi a idosos. Atendendo ao período de estágio, também assisti a clientes que visavam a compra de suplementos alimentares para autobronzeamento.

2.3.6. Medicamentos manipulados

Um MM é “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado ou dispensado sob a responsabilidade do farmacêutico”. [15] Tal como referido em 1.5., a FC possui um laboratório dirigido à preparação de MM. Na FC, o processo de preparação de MM inclui: elaboração de ficha de preparação, registo do movimento das matérias-primas e a criação de rótulo no Sifarma® 2000. Também é necessário calcular o preço do MM de

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acordo com a legislação em vigor e com comparticipação (se aplicável). [16, 17] Caso os MM sejam sujeitos a comparticipação, a sua prescrição ocorre em receita manual onde deve estar inscrito “medicamento manipulado” ou “f.s.a.” (faça segundo a arte). Habitualmente na FC, a procura de MM é reduzida. Contudo, durante o meu estágio tive a oportunidade de realizar os seguintes MM: pomada de vaselina enxofrada a 6% para tratamento da escabiose e solução tópica de Minoxidil a 5% para tratamento da calvície.

3. Serviços prestados

De acordo com a legislação, as farmácias comunitárias podem prestar serviços farmacêuticos que promovam a saúde e o bem-estar dos utentes [18], não estando limitadas apenas à dispensa de produtos. Na Figura 4 estão representados os principais serviços farmacêuticos prestados pela FC, que visam também fidelização dos clientes. Com exceção do Valormed®, todos os serviços da FC são pagos e ocorrem em gabinetes de atendimento personalizado.

Figura 4 – Serviços farmacêuticos prestados na FC.

Na FC, a administração de injetáveis (e.g. Lentocilin®, Diprofos®) e de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação (e.g. Bexero®, Vaqta®) é um serviço apenas prestado pela enfermeira que integra a equipa. Relativamente à determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos, a FC dispõe da avaliação dos parâmetros bioquímicos colesterol total, triglicerídeos e glicemia e do parâmetro fisiológico pressão arterial. Considerando todos os serviços disponíveis, a medição automática da pressão arterial é o serviço mais comum na FC (também é possível a medição manual da pressão arterial, contudo é pouco solicitada). Os parâmetros bioquímicos são medidos a partir de sangue capilar em aparelho Refletron® Plus por espectrofotometria. Para ambos os tipos de parâmetros, os valores obtidos são registados num cartão afim de fazer o acompanhamento do utente. Embora hajam inconformidades em que o farmacêutico pode estimular a aquisição de hábitos saudáveis, existem outras mais graves que exigem o encaminhamento para médico. Durante o estágio, como o balcão de atendimento em que

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estive é anexo à mesa onde se efetua o controlo automático da pressão arterial, executei com bastante frequência esta medição. Quanto a parâmetros bioquímicos, inicialmente tive acompanhamento na execução das medições e depois passei a ter autonomia completa. Estes serviços ajudaram-me muito na comunicação com os utentes e a melhorar o espírito crítico face às situações novas do dia-a-dia. Na FC, também é possível realizar consultas de nutrição. Trata-se de um serviço mensal que tem de ser previamente marcado com o nutricionista responsável. Durante o estágio, apesar de ter tido contacto com marcações de consultas, não tive a oportunidade de assistir a nenhuma. Relativamente ao Valormed®, é um serviço com adesão crescente na FC. A FC disponibiliza contentores da Valormed® aos utentes para entrega responsável das suas embalagens vazias e medicamentos fora de uso. Considero que os utentes na FC estão muito sensibilizados para esta temática, havendo vários utentes que apenas vão à FC com o instituto de descarregar os contentores. De facto, a FC dispõe de uma campanha permanente referente a Valormed®, existindo em cada balcão de atendimento um destes contentores. Durante o estágio, também auxiliei na preparação de entrega dos contentores ao distribuidor.

4. Formação profissional

O farmacêutico deve “melhorar e aperfeiçoar constantemente a sua atividade técnico-científica, por forma que possa desempenhar conscientemente as suas obrigações profissionais perante a sociedade”. [19] Pelo exposto, durante estágio, assisti a várias apresentações na FC promovidas pelos delegados representantes dos laboratórios sobre produtos existentes ou novos produtos, como: Daflon®, Nutriben®, Parodontax®, Uriage® e Avene® (solares) e Postinor®. Para além disso, atendendo à implementação da nova versão do Sifarma® na FC, realizei um curso online sobre o “Sifarma: Módulo de Atendimento” da Escola de Pós-graduação em Saúde e Gestão da ANF e assisti a uma reunião interna de avaliação do programa.

C. BALANÇO FINAL

Faço um balanço final muito positivo do estágio curricular na FC. Considero que o meu estágio curricular foi bastante desafiante, pondo-me à prova todos os dias. Consolidei os conhecimentos teórico-práticos adquiridos no MICF e adquiri competências práticas da atividade profissional. A minha maior dificuldade foi a comunicação e sinto que melhorei muito após contacto com os utentes. Devo todas as competências adquiridas à fantástica equipa da FC, que não se poupou a esforços para que eu adquirisse todos os seus conhecimentos para me tornar uma excelente profissional. Hoje não tenho qualquer dúvida do papel que o farmacêutico vigora na sociedade e considero uma mais-valia a oportunidade de ajudar os utentes todos os dias.

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Parte II – Descrição dos projetos desenvolvidos durante o estágio

PROJETO 1: SETE CAMINHOS PARA SAÚDE MENTAL

1. Introdução

Sem saúde mental não há verdadeira saúde. [20, 21] A saúde mental é componente da definição de saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou de enfermidade”. [22] Trata-se de “um estado de bem-estar no qual o individuo realiza as suas capacidades próprias, pode manejar as dificuldades normais da vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutuosa, é capaz de prestar uma contribuição para a sua comunidade” e que geralmente está associado a ausência de doença e/ou de perturbação mental. [22, 23] Um estado de boa saúde mental é caracterizado por sentimentos de felicidade e de satisfação, contrariando os conceitos de perturbação mental (alteração de comportamento e/ou de pensamento associada a sofrimento psíquico) e de doença mental (perturbação mental diagnosticável). As perturbações mentais podem afetar qualquer pessoa independentemente da sua idade, sexo e/ou classe social, sendo tradicionalmente agrupadas como: i) perturbações mentais comuns (e.g. perturbações depressivas, de ansiedade, de uso de álcool ou outras substancias); ii) perturbações mentais graves (e.g. esquizofrenia, doença bipolar, depressão major); iii) demências (e.g. doença de Alzheimer); iv) perturbações do comportamento alimentar (e.g. bulimia nervosa); v) perturbações do desenvolvimento (e.g. autismo). [24, 25] Contudo, não existe uma oposição absoluta no binómio saúde/patologia mental, dado que a ausência de perturbação mental não define por si só indivíduos mentalmente sãos, bem como a presença de perturbação mental não implica por si só a ausência de episódios de saúde mental. [24] Assim, a saúde mental não apresenta uma definição completa, podendo ser entendida como um espectro instável que contém as experiências em saúde, perturbação ou doença mental que os indivíduos apresentam nos vários momentos da sua vida. [24, 26]

De facto, a saúde mental e as perturbações mentais resultam de interações complexas entre fatores socioeconómicos, biológicos e ambientais que ainda não são totalmente compreendidas. Numerosos estudos reportam que os valores individuais de título cognitivo e social (e.g. capacidade de modular as próprias emoções, de enfatizar com os outros, de lidar com eventos adversos da vida) são fundamentais para boa saúde mental. [23, 27] História familiar, consumo de álcool ou de drogas, violência, pobreza, exclusão social, experiências traumáticas ou de stress, estilos de vida pouco saudáveis, envelhecimento e doenças físicas são os fatores de risco mais aludidos para o desenvolvimento de perturbação mental. [28-30] Adicionalmente, existem fortes estigmas

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(e.g. autoestigma e estigma social) ligados à saúde mental que comprometem a promoção do bem-estar. [24, 31]

A saúde mental é um dos maiores desafios do mundo em geral e de Portugal em particular. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença mental é uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo, afetando mais de 1 bilhão de pessoas. [32-34] Estima-se que 4,4% da população mundial sofra de perturbação depressiva e que 3,6% sofra de transtorno de ansiedade. [35] O número de mortos por doença mental relaciona-se maioritariamente com o suicídio. [21, 36] No contexto europeu, Portugal é o segundo país com maior prevalência de perturbações mentais, sendo apenas superado pela Irlanda do Norte. [24, 37] Dados recentes mostram que o registo de portugueses com perturbações mentais tem vindo a aumentar tendencialmente desde 2011, no que diz respeito às perturbações de ansiedade, às perturbações depressivas e às demências. [37, 38] Atualmente, mais de um quinto dos portugueses sofre de perturbação mental e a taxa de suicídio portuguesa está acima da média mundial. [5] Este aumento da carga global de doença mental acarreta elevados custos em termos de sofrimento humano, incapacidade e prejuízos económicos [24, 30] e parece relacionar-se sobretudo com o envelhecimento da sociedade, com o agravamento dos problemas sociais (e.g. crime económica, terrorismo) e com a falta de políticas, de tratamentos adequados e de literacia em saúde mental. [37, 39, 40, 41]

A existência de uma população cada vez mais idosa concorre para maior incidência global de perturbação mental, em primeiro lugar porque o aumento da idade é preditor de declínio cognitivo, e em segundo lugar, porque os idosos estão mais vulneráveis a isolamento social, doenças crónicas e negligência física. [36, 37] Em Portugal, existe um grave envelhecimento demográfico, tendo o índice de envelhecimento atingido os 153 idosos por cada 100 jovens em 2017. [42, 43] A última revisão do Programa Nacional para Saúde Mental relata que efetivamente os portugueses estão a viver mais anos, mas com mais incapacidades na área da saúde mental. [37] O processo normal e/ou patológico de envelhecimento é encarado como um fardo social, pelo que são frequentes a solidão e a institucionalização nos idosos portugueses. [44]

Também a falta de literacia no domínio da saúde constitui um dos maiores problemas relacionados com a carga de doença mental nas comunidades portuguesas. [45] A literacia em saúde mental trata-se de um conjunto de atributos (capacidade, compreensão, comunicação) em saúde e em doença mental, que oferece aos indivíduos competências para tomar decisões apropriadas sobre as mesmas. [46, 47] Com efeito, o uso incorreto de medicamentos é considerado uma das principais consequências da falta de literacia em saúde. [46] Em Portugal, existe uma sobreutilização de benzodiazepinas (BZD) e de Z-hipnóticos (Z-H), psicofármacos utilizados no tratamento da ansiedade e da

Referências

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