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A importância da Cinotecnia para o Combate em Áreas Urbanizadas no século XXI. Caso de Estudo: Exército Português em comparação com outras Organizações.

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ACADEMIA MILITAR

Mestrado integrado em Ciências Militares, na especialidade de Infantaria

A importância da Cinotecnia para o Combate em Áreas Urbanizadas

no século XXI.

Caso de Estudo: Exército Português em comparação com outras

Organizações.

Autor: Aspirante de Infantaria Cassiano Miguel Valadão Vieira

Orientador: Capitão de Infantaria da Guarda Nacional Republicana Gonçalo João Mendes de Brito

Coorientador: Major de Infantaria Paraquedista João Carlos Lopes Polho

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ACADEMIA MILITAR

Mestrado integrado em Ciências Militares, na especialidade de Infantaria

A importância da Cinotecnia para o Combate em Áreas Urbanizadas

no século XXI.

Caso de Estudo: Exército Português em comparação com outras

Organizações.

Autor: Aspirante de Infantaria Cassiano Miguel Valadão Vieira

Orientador: Capitão de Infantaria da Guarda Nacional Republicana Gonçalo João Mendes de Brito

Coorientador: Major de Infantaria Paraquedista João Carlos Lopes Polho

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A IMPORTÂNCIA DA CINOTECNIA PARA O COMBATE EM ÁREAS URBANIZADAS NO SÉCULO XXI. CASO DE ESTUDO: EXÉRCITO PORTUGUÊS EM COMPARAÇÃO COM OUTRAS ORGANIZAÇÕES

I

EPÍGRAFE

“Success is walking from failure to failure with no loss of enthusiasm.”

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II

DEDICATÓRIA

Aos meus irmãos de armas. Aos momentos que partilhámos durante 5 anos de curso. Que a memória nunca me falhe ao relembrar esses momentos. À minha família e aos meus amigos que ampararam as minhas lágrimas e o meu suor quando a confiança me faltou.

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III

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus camaradas pelos momentos vividos e pela ajuda que fomos compartilhando durante todo este curso. Pelos momentos em que me apoiaram por estar longe da minha família. Agradeço à minha família pela paciência que tiveram durante todos os momentos de dificuldade pelos quais passei considerando quenão podiam estar presentes para me ajudarem. Agradeço aos meus amigos pela sua compreensão em ter de abdicar da minha presença para conseguir terminar e focar-me no curso. Agradeço às famílias de alguns dos meus camaradas de curso que me alojaram em suas casas, como se de um filho seu se tratasse. Agradeço ao meu diretor de curso o Tenente Coronel de Infantaria Jorge Ribeiro, que nos apoiou ao longo destes dois últimos anos, sempre presente durante o tirocínio e no desenvolvimento deste trabalho. A elaboração deste trabalho durante este período pandémico só foi possível devido à sua compreensão e dedicação em ouvir e transmitir as nossas dificuldades. Agradeço ao meu orientador, o Capitão da Guarda Nacional Republicana Gonçalo João Mendes de Brito e ao meu coorientador, ao Major de Infantaria João Carlos Lopes Polho pelas orientações e direções que me guiaram durante a minha pesquisa tornando a realização deste trabalho possível. Agradeço a todos os que, mesmo sem se aperceberem, me fizeram acreditar que posso cumprir com o sonho de me tornar oficial dos quadros permanentes do Exército Português na especialidade de Infantaria.

Um agradecimento especial à minha mãe Rosa, ao meu pai Helder, ao meu irmão Gonçalo e aos meus avós Simas e Irene, que sempre rezaram por mim e me apoiaram nos momentos mais difíceis.

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IV

RESUMO

Os binómios do Exército Português desempenham inúmeras funções para ajudar as forças militares a executarem as suas missões. No século XXI, o Combate em Áreas Urbanizadas, vulgarizou-se nas operações militares realizadas. Com isto, advieram novos desafios para as funções de combate conhecidas, essencialmente nas Informações, Movimento e Manobra e Comando e Controlo. Esses desafios alastraram-se para o planeamento das missões e para as táticas e técnicas usadas neste tipo de combate. Para ajudar no cumprimento da missão, o reforço das secções e pelotões de assalto com binómios, torna-se importante devido às capacidades sensoriais do cão, potencializadas com diferentes especialidades na Cinotecnia do Exército Português. Comparando essas técnicas e táticas, os métodos de trabalho, as funções desempenhadas e diferentes opiniões e doutrinas de outras organizações nacionais, europeias e americanas, levantaram-se as vantagens e as desvantagens do uso do binómio em Combate em Áreas Urbanas, com o intuito de se perceber a importância da Cinotecnia no Exército Português, neste tipo de combate, nos dias de hoje. Isto para se atingir o objetivo último deste trabalho de investigação aplicada, de entender o papel do binómio em Combate em Áreas Urbanizadas.

Para tal foi utilizado o método hipotético-dedutivo, tendo-se retirado como principais vantagens para o uso do binómio neste combate, o facto de aumentar a velocidade da limpeza de compartimentos e minimizar as dificuldades sentidas nas funções de combate. Todavia, a existência de países que por questões culturais não permitam o seu uso, é considerado como a maior desvantagem.

No entanto, caso seja permitido no Teatro de Operação usar o binómio, este torna-se um vetor fundamental na minimização do risco de perdas humanas.

Palavras-Chave: Combate em Áreas Urbanizadas, Binómio, Funções de Combate,

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V

ABSTRACT

The military working dogs of the Portuguese Army play countless functions to help the military forces carry out their missions. In the 21st century, Combat in Urban Areas became popular in military operations. With this, new challenges arose for the known combat functions, essentially in Information, Movement and Maneuver and Command and Control. These challenges spread to mission planning and to the tactics and techniques used in this type of combat. To assist in the fulfillment of the mission, the reinforcement of the sections and assault platoons with military working dogs, becomes important due to the sensory abilities of the dog, enhanced with different specialties in the Portuguese Army's. Comparing these techniques and tactics, the working methods, the functions performed and different opinions and doctrines of other national, European, and American organizations, the advantages and disadvantages of using the military working dogs in Combat in Urban Areas were raised, in order to see the importance of the canine units in the Portuguese Army, in this type of combat, nowadays.

This is to achieve the ultimate goal of this applied research work, to understand the role of the canine teams in Urban Operations.

For this purpose, the hypothetical-deductive method was used, with the main advantages for using the binomial in this combat being removed, the fact of increasing the speed of cleaning compartments and minimizing the difficulties felt in the combat functions. However, the existence of countries that for cultural reasons do not allow its use, is considered as the biggest disadvantage.

However, if the Theater of Operation is allowed to use the binomial, it becomes a fundamental vector in minimizing the risk of human losses.

Key-Words: Urban Operations, Military Working Dogs, Combat Functions, Techniques

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ÍNDICE GERAL

EPÍGRAFE ... i DEDICATÓRIA ... ii AGRADECIMENTOS ... iii RESUMO ... iv ABSTRACT ... v INDICE DE TABELAS ... ix

LISTA DE APÊNDICES ... xii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS ... xiii

INTRODUÇÃO ... 1 0.1Enquadramento ... 1 0.2Justificação do Tema ... 2 0.3Objeto de Estudo ... 2 0.4Objetivos de Investigação ... 3 0.5Hipóteses ... 4 0.6Opções Metodológicas ... 4

0.7Estrutura do Trabalho e Síntese dos Capítulos ... 6

Capítulo I – Enquadramento e Conceitos ... 8

1.1Combate em Áreas Urbanizadas ... 8

1.1.2 O Terreno ... 9

1.1.3 A População ... 11

1.1.4 As Infraestruturas Urbanas ... 11

1.2 Cinotecnia ... 12

Capítulo II – As características do cão e as suas funções no Exército Português e no Norte-Americano ... 15

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2.1As características naturais de um cão ... 15

2.2.As funções dos Cães no Exército Norte-Americano ... 16

2.3.As funções dos Cães no Exército Português ... 17

Capítulo III – Obtenção e Treino dos cães: Técnicas e Táticas em CAU ... 19

3.1. As funções de combate no Combate em Áreas Urbanas ... 19

3.2. A obtenção e o treino dos cães militares ... 21

3.2.1. A obtenção de cães militares ... 21

3.2.2. O treino dos cães militares ... 22

3.3. As Técnicas e as Táticas utilizadas com o Binómio em CAU. O binómio nas equipas de limpeza. ... 27

Capítulo IV – Análise de Resultados ... 30

4.1. Enquadramento ... 30

4.2. Análise das Entrevistas ... 30

4.2.1. Análise de Entrevistas – Guião de Entrevistas ao Grupo A ... 31

4.2.2. Análise de Entrevistas – Guião de Entrevistas ao Grupo B ... 39

4.3. Discussão dos Resultados ... 44

Capítulo V – Conclusões e Desafios ... 53

5.1. Enquadramento ... 53

5.2. Verificação de Hipóteses ... 53

5.3. Resposta às Questões Derivadas ... 55

5.4. Resposta à Pergunta de Partida ... 58

5.5. Confirmação dos Objetivos da Investigação ... 59

5.6. Reflexões Finais ... 60

5.7. Limitações da Investigação ... 61

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6. BIBLIOGRAFIA ... 63

7. APÊNDICES ... xi

APÊNDICE A – CARTA DE APREENTAÇÃO ÀS ENTREVISTAS ... xi

APÊNDICE B – PRESENTATION LETTER TO INTERVIEWS ... xii

Presentation Letter ... xii

APÊNDICE C – GUIÃO DE ENTREVISTA AO GRUPO A ... xiii

APÊNDICE D – GUIÃO DE ENTREVISTA AO GRUPO B ... xiv

APÊNDICE E – RESPOSTAS AO CORPO DE QUESTÕES DO GUIÃO DE ENTREVISTA AO GRUPO A ... xv

APÊNDICE F – RESPOSTAS AO CORPO DE QUESTÕES DO GUIÃO DE ENTREVISTA AO GRUPO B ... xxv

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INDICE DE TABELAS

Tabela 1: Exemplos da Multidimensionalidade do CAU ... 9

Tabela 2: Estudo do Terreno em Áreas Urbanizadas ... 10

Tabela 3: Espetro do conflito e Temas de Campanha ... 13

Tabela 4: Missões dos cães de guerra ... 14

Tabela 5: Especialização do Cão Militar, no Exército Português ... 17

Tabela 6: Teorias de Aprendizagem ... 23

Tabela 7: Tarefas que o binómio desempenha no Exército Francês em CAU ... 28

Tabela 8: As funções dos cães em diferentes organizações ... 44

Tabela 9: As vantagens e as desvantagens de utilizar o binómio em CAU ... 46

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro nº 1: Respostas à questão nº 1 da Entrevista ao grupo A………….…………XV Quadro nº 2: Respostas à questão nº 2 da Entrevista ao grupo A……….XV Quadro nº 3: Respostas à questão nº 3 da Entrevista ao grupo A…...………XVI Quadro nº 4: Respostas à questão nº 4 da Entrevista ao grupo A…….………..XVI Quadro nº 5: Respostas à questão nº 5 da Entrevista ao grupo A………..XVII Quadro nº 6: Respostas à questão nº 6 da Entrevista ao grupo A………..XVII Quadro nº 7: Respostas à questão nº 7 da Entrevista ao grupo A...………..XVIII Quadro nº 8: Respostas à questão nº 8 da Entrevista ao grupo A...………..XVIII Quadro nº 9: Respostas à questão nº 9 da Entrevista ao grupo A..………..XIX Quadro nº 10: Respostas à questão nº 10 da Entrevista ao grupo A..………..XIX Quadro nº 11: Respostas à questão nº 11 da Entrevista ao grupo A..………..XIX Quadro nº 12: Respostas à questão nº 12 da Entrevista ao grupo A..………..XIX Quadro nº 13: Respostas à questão nº 13 da Entrevista ao grupo A……...…………..XX Quadro nº 14: Respostas à questão nº 14 da Entrevista ao grupo A……...…………..XX Quadro nº 15: Respostas à questão nº 15 da Entrevista ao grupo A……...…………..XX Quadro nº 16: Respostas à questão nº 16 da Entrevista ao grupo A……..…………..XXI Quadro nº 17: Respostas à questão nº 17 da Entrevista ao grupo A……..…………..XXI Quadro nº 18: Respostas à questão nº 18 da Entrevista ao grupo A……..…………..XXI Quadro nº 19: Respostas à questão nº 19 da Entrevista ao grupo A…..…………...XXII Quadro nº 20: Respostas à questão nº 20 da Entrevista ao grupo A………...XXII Quadro nº 21: Respostas à questão nº 21 da Entrevista ao grupo A……..………….XXII Quadro nº 22: Respostas à questão nº 22 da Entrevista ao grupo A………..XXIII Quadro nº 23: Respostas à questão nº 1 da Entrevista ao grupo B…...……….XXIV Quadro nº 24: Respostas à questão nº 2 da Entrevista ao grupo B…..………..XXIV Quadro nº 25: Respostas à questão nº 3 da Entrevista ao grupo B…..………..XXIV Quadro nº 26: Respostas à questão nº 4 da Entrevista ao grupo B..………...XXV Quadro nº 27: Respostas à questão nº 5 da Entrevista ao grupo B…..….…………..XXV Quadro nº 28: Respostas à questão nº 6 da Entrevista ao grupo B….………XXV Quadro nº 29: Respostas à questão nº 7 da Entrevista ao grupo B………....XXVI Quadro nº 30: Respostas à questão nº 8 da Entrevista ao grupo B………XXVI

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Quadro nº 31: Respostas à questão nº 9 da Entrevista ao grupo B………XXVI Quadro nº 32: Respostas à questão nº 10 da Entrevista ao grupo B……….XXVII Quadro nº 33: Respostas à questão nº 11 da Entrevista ao grupo B……….XXVII Quadro nº 34: Respostas à questão nº 12 da Entrevista ao grupo B………...XXVIII Quadro nº 35: Respostas à questão nº 13 da Entrevista ao grupo B………...XXVIII Quadro nº 36 Respostas à questão nº 14 da Entrevista ao grupo B………....XXVIII Quadro nº 37: Respostas à questão nº 15 da Entrevista ao grupo B………...XXX

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LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A: Carta de Apresentação às Entrevistas

Apêndice B: Presentation Letter to Interviews

Apêndice C: Guião de Entrevista ao Grupo A

Apêndice D: Guião de Entrevista ao Grupo B

Apêndice E: Respostas ao Corpo de Questões do Guião de Entrevista ao Grupo A

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS

CAU – Combate em Áreas Urbanas

EPW – Enemy Prisioner of War

FND – Força Nacional Destacada

Frontex – European Border and Coast Guard Agency

GNR – Guarda Nacional Republicana

HRP – High Risk Personnel

HRT – High Risk Target

IPB – Intelligence Preparation of Battlespace

MOUT – Military Operations on Urbanized Terrain

MWD – Military Working Dog

NEP – Normas de Execução Permanentes

OP – Objetivo Principal

Op – Objetivo parcelar

PD – Patrol Dogs

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PNDD – Patrol Narcotic Detector Dogs

QC – Questão Central

QD – Questão Derivada

ROE – Rules of Engadgement

SOP – Stantard Operational Procedures

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INTRODUÇÃO

0.1 Enquadramento

As áreas urbanas ao longo de todo o planeta têm vindo a expandir-se de uma forma quase tão exponencial como a população global e em conjunto com essas áreas urbanas, a rede de esgotos, de transportes públicos e infraestruturas têm crescido drasticamente. Da mesma forma, os governos e as componentes mais importantes para o bom funcionamento de uma nação têm – se aglomerado nessas áreas urbanas, não só nos países desenvolvidos, mas também em países em desenvolvimento.

Devido ao seu crescimento exponencial, muitas infraestruturas dessas áreas urbanas não são feitas com material de construção de qualidade, tornando – se instáveis. A rápida ascensão destas cidades faz com que também exista uma falta de organização territorial e consequentemente funcional nestas zonas, que apesar de toda esta confusão e desorganização, reúnem as partes mais importantes de uma sociedade, como a indústria, a economia e a saúde pública. (Headquarters, 2006, p. 1-1)

Desta forma, potenciais inimigos de um país aperceberam-se que podiam tirar proveito da complexidade deste ambiente e realizar operações militares capazes de afetar o seu adversário. Assim, inimigos do Estado com menos capacidades bélicas e tecnológicas que o seu Exército, descobriram que era uma mais-valia desenrolar ofensivas nessas regiões, para tirar a maior vantagem sobre ele. (Headquarters, 2006, p. 1-2)

Para combater as ameaças neste tipo de ambiente complexo, alguns países como os Estados Unidos da América e a França têm implementado o uso de cães no combate nestas áreas urbanas. Para tal, têm lidado com vários desafios, uma vez que o Combate em Áreas Urbanas (CAU), tem várias vertentes, não se resumindo somente à limpeza de compartimentos.

Com isto, a Cinotecnia atual tem-se deparado com novos desafios.

No âmbito desta investigação subordinada à Importância da Cinotecnia para o Combate em Áreas Urbanizadas no século XXI, pretende-se perceber o que ela é e como pode ajudar neste novo módulo de combate, tendo em conta as características do cão e as funções de combate mais importantes no CAU.

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2 0.2 Justificação do Tema

Este tema de investigação está incorporado na Área Científica de Organização, Tática e Logística podendo afigurar-se importante para a Academia Militar, pois faz uma abordagem mais técnica acerca do Combate em Áreas Urbanizadas, estudando não só táticas de diferentes países em CAU, assim como dar a conhecer novas técnicas para um maior sucesso neste módulo de operações militares. Com este tema, pretende – se fugir um pouco a questões doutrinárias e estratégicas dando especial foco às técnicas e táticas do combate pela Infantaria, especialmente em Áreas Urbanas.

A escolha do tema também se deveu ao fascínio pessoal por cães e a um interesse particular na vertente operacional de CAU. Qualquer investigador deve ter paixão pelo seu objeto de estudo, caso contrário perderia facilmente a motivação. Por outro lado, percebe-se que esta área será uma mais-valia num futuro próximo se se começarem a implementar novos procedimentos técnicos e táticos em CAU.

Por último, foi escolhido este tema, devido à falta de investigação no Exército Português acerca da Cinotecnia e das mais-valias que esta pode trazer nas missões desempenhadas pelo nosso Exército, não só pela Cavalaria, mas essencialmente pela Infantaria.

0.3 Objeto de Estudo

Na investigação deste tema pretende-se abordar a cinotecnia com especial foco na sua utilização no Combate em Áreas Urbanizadas. Neste trabalho a pesquisa das características do cão devem ser interpretadas de forma a compreender se são uma mais-valia para este tipo de combate e não para outro tipo de função que o binómio possa desempenhar em áreas distintas. Assim, pretende-se restringir as valências do cão para o CAU e verificar se a utilização deste é benéfica ou não, de forma a perceber se existe um cão com características específicas para este tipo de combate e caso exista de que forma deve ser treinado e utilizado.

O grande objetivo deste trabalho é então tentar compreender a importância da Cinotecnia no CAU e por conseguinte no futuro do Exército Português e se devemos desenvolver mais esta área, tal como homólogos nossos fizeram, como por exemplo a

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Guarda Nacional Republicana, a nível nacional, mas também a nível europeu os Exércitos Francês e Austríaco e mesmo internacional, com o Exército Norte Americano.

O objeto de estudo desta tese é a Cinotecnia na vertente do Combate em Áreas Urbanizadas.

0.4 Objetivos de Investigação

O objetivo principal (OP) desta investigação é compreender o papel da Cinotecnia no Exército Português. Pretende-se perceber se a Cinotecnia está subvalorizada e se devemos investir mais nesta área para futura utilização dos binómios em Forças Nacionais Destacadas (FND) em ambiente urbano. Assim sendo, a questão central do trabalho propõe-se descobrir - Qual é a importância da Cinotecnia para o Combate em Áreas

Urbanizadas no século XXI, no Exército Português? – e para chegar a uma resposta a

esta questão central (QC), foram delimitadas outras questões derivadas (QD) para ajudar na pesquisa dessa resposta. Essas questões derivadas tiveram em conta objetivos parcelares (Op) tais como perceber quais são as características do cão e se alguma é benéfica para o CAU, perceber as técnicas e táticas utilizadas noutros países que utilizam binómios no CAU, compreender os treinos que devem ser efetuados, compreender algumas dificuldades ao implementar o binómio neste tipo de combate e por fim perceber se a utilização do cão será uma mais-valia para colmatar lacunas nas funções de combate em CAU. Assim as respetivas questões derivadas que advieram destes objetivos parcelares foram:

- QD Nº 1: Quais são as funções do binómio no Exército português?

- QD Nº 2: Quais são as características que um cão deve ter para a

rentabilização do seu uso em CAU?

- QD Nº 3: Qual é o tipo de treino que deve ser efetuado para binómios em

CAU?

- QD Nº 4: Quais são as vantagens e as desvantagens de usar binómios em

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- QD Nº 5: Será dispendioso introduzir esta valência no CAU?

0.5 Hipóteses

Para uma formulação de respostas mais concisas e organizadas, neste trabalho foram levantadas algumas hipóteses que devem ser analisadas, pois tal como Quivy e Campenhoudt afirmam, a hipótese permite um seguimento do trabalho, como um fio condutor, que é confrontado com dados de observação, de forma a ser possível refutá-la ou validá-la e chegar assim a uma conclusão precisa (2005, p. 119 e 120).

Desta forma, para esta investigação foram colocadas as seguintes hipóteses sob a forma de pergunta:

- Hipótese Nº1: As funções que o binómio desempenha no Exército Português são só de deteção de explosivos, de guarda de infraestruturas e de cão patrulha?

-Hipótese Nº2: O olfato e a visão dos cães são as únicas formas de rentabilizar um cão para o combate em ambiente urbano?

-Hipótese Nº3: O tipo de treino adequado para cães em CAU é um treino de intervenção tática?

-Hipótese Nº4: As vantagens de utilizar um cão no combate em ambiente urbano são superiores às desvantagens? A maior vantagem é a redução de perda de vidas humanas em CAU? A deteção da equipa de limpeza pelo inimigo por barulho do cão é a maior desvantagem?

-Hipótese Nº5: Introduzir um binómio no CAU não é dispendioso? Adquirir novas tecnologias para ajudar neste tipo de combate é mais dispendioso?

0.6 Opções Metodológicas

O tema de investigação acerca da Importância da Cinotecnia para o Combate em Áreas Urbanizadas. Caso de Estudo no Exército Português em comparação com outras Organizações, encontra-se enquadrado na área científica de Organização, Tática e Logística. Estando este trabalho integrado numa investigação aplicada, para a elaboração de trabalhos de investigação, “tem por objetivo encontrar uma aplicação prática para os

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novos conhecimentos, adquiridos no decurso da realização de trabalhos originais” (Carvalho como citado em Vale Lima et. al, 2019, p. 12).

O objeto de estudo foi delimitado a nível temporal ao século XXI e aos desafios que se têm vivido no combate moderno, por isso é que se cinge ao combate em áreas urbanas, uma realidade cada vez mais atual. A nível organizacional, pensou-se restringir a temática ao Exército Português e perceber como a Cinotecnia neste Exército está a ser desenvolvida e se existe alguma mais-valia em utilizá-la em CAU. Para além de compará-lo a Exércitos como o dos Estados Unidos da América, o Exército Francês e outras organizações nacionais e europeias, como a Guarda Nacional Republicana (GNR) e a European Border and Coast Guard Agency (Frontex), respetivamente.

Para prosseguir com esta investigação, optou-se por uma forma de raciocínio hipotético-dedutivo, no qual através da análise documental se formularam hipóteses a partir das quais se pretende verificar se são verdadeiras ou falsas por meio dos dados adquiridos em conjunto com a informação proveniente dessa análise documental (Vale Lima et. al, 2019, p. 20).

As técnicas de recolha de informação usadas a nível documental são predominantemente documentos de fontes primárias de diferentes organizações nacionais e internacionais, uma vez que se trata de um assunto técnico e tático da utilização de cães neste tipo de combate. Para além disso, foram realizadas entrevistas como instrumento de recolha de dados, por se pretender uma estratégia mais qualitativa, uma vez que esta desempenha um papel importante no suporte do processo de tomada de decisão.

A amostra utilizada nas entrevistas foi: a Equipa de Binómios de Intervenção Tática, da Companhia de Intervenção Cinotecnica, do Grupo de Intervenção Cinotécnico. E ainda a indivíduos de diferentes organizações de diferentes países europeus, como a Finlândia, a Estónia, a Letónia e a Áustria.

Com esta investigação, não se pretende propriamente concluir se se deve ou não utilizar o cão, mas sim compreender e perceber as vantagens e desvantagens do uso do binómio em CAU, para que posteriormente possa apoiar a decisão da sua incorporação ou não no Exército Português.

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6 0.7 Estrutura do Trabalho e Síntese dos Capítulos

O presente trabalho está formulado em 5 capítulos: -Introdução;

-Capítulo I: Enquadramento e Conceitos: Combate em Áreas Urbanas e Cinotecnia; -Capítulo II: Características do cão e as suas Funções no Exército Português e no Exército Norte Americano;

-Capítulo III: Treino dos cães: Técnicas e Táticas em CAU; -Capítulo IV: Análise de Resultados;

- Capítulo V: Considerações finais/Conclusão;

Na Introdução é feita uma apresentação do trabalho elaborado. Nela é referido o porquê da escolha deste tema, são apresentadas as opções metodológicas do trabalho, nas quais se pretende delimitar o objeto de estudo e elencar as técnicas de recolha de dados. É ainda na Introdução que se pretendem elencar as questões/hipóteses às quais se pretende responder ao longo da investigação, para que no final da sua leitura sejam explícitos os pressupostos que levaram à sua elaboração.

No primeiro capítulo, pretendeu-se enquadrar o trabalho nos conceitos de combate em áreas urbanas e na Cinotecnia. Explica-se o conceito de Cinotecnia, o que se faz nesta área e também se dá uma noção do combate do século XXI, ou seja, um combate que ocorre essencialmente em áreas urbanizadas.

No segundo capítulo, faz-se uma abordagem mais pormenorizada às características do cão militar. Pretende-se explicar as suas características e as funções que o Exército Português nomeou para rentabilizá-lo.

No terceiro capítulo e com alguma documentação, não só nacional, mas também internacional, pretende-se perceber que tipos de treino é que se fazem com os cães e quais são as técnicas e táticas utilizadas quando o cão é incorporado em CAU, para além de como é feita a sua aquisição.

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No quarto capítulo, pretende-se analisar os dados recolhidos durante a pesquisa documental e entrevistas realizadas, para depois se conjugar e retirar conclusões pertinentes para responder às questões levantadas previamente.

No quinto capítulo, com as considerações finais e conclusão, pretende-se chegar ao objetivo primário deste trabalho e compreender se a incorporação da Cinotecnia no CAU é uma mais-valia para o Exército Português.

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Capítulo I – Enquadramento e Conceitos

1.1. Combate em Áreas Urbanizadas

As operações em áreas urbanizadas vieram mudar o tipo de combate a que os Exércitos estavam habituados. No passado, as doutrinas militares viam este tipo de combate como operações em terreno urbanizado, designadamente “military operations on urbanized terrain”, (MOUT), nas quais as forças militares se empenhavam em ruas e em zonas densamente edificadas, com uma ameaça convencional. O objetivo era somente derrotar e destruir o inimigo sem quaisquer considerações (Headquarters, 2008, p. 1-1).

Atualmente, este conceito de conduzir operações em ambiente urbano tornou-se mais complexo, havendo ainda mais a necessidade de o estudar ao pormenor na perspectiva das variáveis de missão (M-Missão, I-Inimigo, T-Terreno, M-Meios Disponíveis, T-Tempo e C-Considerações Civis), mas também na perspectiva das Variáveis Operacionais (P-Política, M-Militar, E-Economia, S-Social, Informação, I-Infraestruturas, E-Ambiente Físico e T-Tempo Disponível), uma vez que o combate moderno em áreas urbanas é multidimensional (Exército Português, 2012, p. 1-8).

O conceito atual de UO, tem em consideração a população dessa região e vê-a como uma chave para o sucesso. Desta forma, o conceito de UO difere do antigo MOUT, pois não resume este tipo de operação em apenas ter um inimigo convencional em zonas urbanizadas. Em UO, o objetivo não é focado somente em destruir o inimigo, que se tornou não convencional, mas considera ainda que para além de destruir o inimigo é importante compreender as interações existentes entre os três componentes de uma área urbana: o terreno, quer seja natural ou alterado pelo homem, a população existente e as infraestruturas de apoio, que possam existir para esse combate. Assim, tornou-se importante, não só destruir o inimigo, mas conseguir obter o respeito e o apoio da população local (Headquarters, 2008, p. 1-2).

Após uma pequena introdução à evolução do conceito de áreas urbanizadas e respetivas operações, é necessário compreender as três áreas críticas neste tipo de combate.

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9 1.1.2 O Terreno

O terreno, quer seja natural ou alterado pelo Homem, foi sempre uma constante na análise, não só em operações em áreas urbanas como em operações convencionais, tais como decorreram durante a 1ª e 2ª guerras mundiais. Neste tipo de operação, o terreno ganhou outras dimensões. O terreno em áreas urbanas tem de ser dividido em várias categorias. Numa primeira fase de avaliação, tem de ser visto a nível horizontal e a nível vertical.

A nível horizontal foram incorporados dois novos conceitos: a superfície exterior e a superfície interior. Na superfície exterior a força está a combater entre edifícios, nas ruas ou até mesmo no topo de casas. Na superfície interior, o combate é realizado no interior das infraestruturas, ou até mesmo em esgotos ou redes metropolitanas (Headquarters, 2006, p. 2-3).

A nível vertical, o combate passou a ser visto por vários níveis consoante os andares dos edifícios, caves e até no telhado dos mesmos, para além de existir sempre incorporado o espaço aéreo (Headquarters, 2006, p. 2-3). Na tabela seguinte (tabela 1) resumem-se as principais características do espaço urbano.

Tabela 1: Exemplos da Multidimensionalidade do CAU

Espaço Aéreo

Multidimensional Horizontal Vertical

Interior

Rés-do-chão dos Edifícios, casamatas, armazéns de um só

andar.

Restantes andares dos Edifícios.

Exterior

Ruas, pátios, cemitérios.

Terraços de edifícios, Aterros Sanitários.

Subterrâneos

Fonte: Elaboração Própria

Esta nova forma de ver o terreno, sobrepôs-se às redes hidrográficas e à vegetação. Neste tipo de terreno, para além da RaVINA, o estudo do Relevo e das Redes Hidrográficas, da Vegetação, da Natureza dos Solos e das Alterações do Homem, também

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é pertinente estudar o tipo de construção existente, as redes metropolitanas, os esgotos, o tipo de edifícios, se são edifícios com um único piso, ou se tem mais pisos, para além de caves subterrâneas, de forma a compreender o tipo de modelo urbano existente. Na tabela 2 resumem-se as tipologias do edificado e os modelos urbanos comuns.

Tabela 2: Estudo do Terreno em Áreas Urbanizadas

Estudo do Terreno em Áreas Urbanas

Tipos de Construçã o Centro Histórico/ Velhas Cidades Centro financeiro / negócios Zona Industri al Denso Industri al Ligeiro Residencia l de alta densidade Residenci al de baixa densidade Subterrâneo s Bairro s de lata Tipos de Modelos Urbanos Aglomerado Central Tipo Satélite Modelo tipo Rede Modelo tipo Linear Modelo tipo Segmento Tipos de Edifícios Edifícios Tipo Bloco (a) Edifícios de Tijolo (a1)1 Edifício de cimento armado (a2) Edifício do tipo túnel (a3) Lugares de Reunião Pública (a4) Edifícios Tipo Estrutura (b) Com Revestiment o forte (b1) Edifícios de Revestimento Ligeiro (b2) Parques de Estacionament o Tipos de Habitações das Áreas Residenciai s (c) De natureza urbana (c1) De natureza rural (c2)

Fonte: Elaboração Própria

A avaliação do terreno neste tipo de combate tem de ser constante, visto que com os bombardeamentos aéreos, tiros de carro de combate e até mesmo as secções canhão da

1 As letras a1, b1, c1 e assim sucessivamente pretendem demonstrar os tipos de construção associados à

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Infantaria, provocam escombros que mudam drasticamente a forma das áreas urbanas e ainda podem provocar incêndios, perda de eletricidade, inundações e outro tipo de obstáculos eficazes para imobilizar e encurralar forças militares que operem nessa zona. Há ainda a acrescentar que com esses escombros torna-se mais fácil a implementação de booby traps. Assim, para além da complexidade e da multidimensionalidade destas regiões, a incerteza também é constante (Headquarters, 2006, p. 2-3).

1.1.3 A População

Em CAU, a população civil influencia em vários níveis o desenrolar das operações em áreas urbanizadas. Se não compreendermos os valores e os princípios da sociedade na qual estamos a operar, podemos estar a criar mal-entendidos, que posteriormente podem vir a afetar a nossa modalidade de ação. Mesmo evacuando essas áreas, o número de pessoas escondidas pode chegar aos dez mil, e a interação entre elas e o inimigo, em conjunto com a comunicação com os media, podem vir a afetar a condução das operações (Headquarters, 2006, p. 2-13).

Uma forma de tentar apaziguar este risco é utilizar a estratégia “Winning hearts and minds”. Para interpretar esta forma de agir em operações como esta, podemos dividi-la em dois conceitos (Dixon, 2009, p. 363):

-O conceito de “Hearts”, que implica ganhar o suporte emocional da população, ou seja, ligarmo-nos emocionalmente às pessoas dessa região;

-O conceito de “Minds”, que implica a compreensão dos civis, que as forças militares ao estarem naquela região é do próprio interesse dessa sociedade.

Sem confiança e respeito por parte da sociedade que vive em zonas urbanas dos nossos teatros de operações, a possibilidade de obter sucesso é reduzida. (Ibidem, 2009, p. 364)

1.1.4 As Infraestruturas Urbanas

Este tipo de Infraestruturas são as que ligam o terreno das áreas urbanas com a sociedade que nela vive. É este o sistema que permite suportar a economia e a sociedade da zona urbana. Em UO, controlar, destruir ou proteger este tipo de infraestruturas é vital para moldar as operações urbanas, pois assim isola-se a ameaça de potenciais recursos. Ao estudar estas infraestruturas e tentar localizá-las na zona urbana, conseguem-se

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perceber os possíveis locais nos quais a ameaça se encontra, tais como, hospitais, bombas de gasolina, armazéns, reservatórios de água, redes de transporte, centros de comunicação como rádios e televisão, entre outros, fundamentais para o bom funcionamento das cidades.

“Controlling these critical transportation nodes may prevent the threat from resupplying his forces. The control of key radio, television, and newspaper facilities may isolate him from the urban populace” (Headquarters, 2006, p. 2-18 e 2-19).

Contudo é de extrema importância salientar que destruir este tipo de infraestruturas pode alterar a aceitabilidade das forças militares por parte da sociedade que vive nessa área urbana (Ibidem, 2006, p. 2-19).

Desta forma, entende-se que é de extrema importância para operações futuras em CAU, ter em conta as transformações que houve no combate moderno e na perspetiva de olhar para ele. Quando se pretende planear operações em áreas urbanas, o terreno urbano, a sua sociedade e as infraestruturas vitais para o bom funcionamento das cidades terão de ser uma constante no pensamento dos mais altos cargos militares.

1.2. A Cinotecnia

A Cinotecnia de acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa Novo Acordo Ortográfico (2013, p. 358) é o “estudo da anatomia, comportamento, psicologia, etc., de raças caninas, que tem por objetivo o treino e a criação de cães”.

Para quem retira o melhor rendimento dos cães, estes podem ser fundamentais para uma força militar. Eles com os seus sentidos de visão, olfato e audição quando trabalhados para as suas capacidades de deteção, permitem dar uma vantagem enorme tanto física como psicológica aquando da dissuasão de uma ameaça (Headquarters, 2005, p. 1-1).

Ao olhar para o espetro dos conflitos e para a escala de violência, verifica-se que à medida que a violência vai aumentando, a designação da situação adjacente também muda. Inicialmente e com um grau de violência mínimo, temos a designada Paz Estável. De seguida, com o aumentar da violência, passamos sucessivamente para Paz instável, Guerra Subversiva e Guerra Total. Ao conjugar este espetro com os temas de campanha,

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obtemos os vários tipos de operações militares que uma força militar pode desempenhar (Exército Português, 2012, p. 2-1 e 2-20).

Na tabela 3 esquematizam-se os vários tipos de ações para cada um dos estádios de guerra.

Tabela 3: Espetro do conflito e Temas de Campanha

Paz Estável Paz Instável Guerra Subversiva Guerra Total

Empenhamento em Tempo de Paz

Empenhamento

em Tempo de Paz Intervenção Limitada

Guerra Irregular Intervenção

Limitada

Intervenção

Limitada Apoio à Paz

Conflitos de Grande Envergadura

Apoio à Paz Apoio à Paz Guerra Irregular

Guerra Irregular Conflitos de grande Envergadura

Fonte: Elaboração Própria

Ainda, nos Tipos de Operações do espetro de Operações existentes, podemos salientar quatro grandes tipos: as Operações Ofensivas, as Operações Defensivas, as Operações de Estabilização e as Operações de Apoio Civil (Ibidem, 2012, p.2 -18).

Ao olhar para o espetro de operações, os temas de campanha e os níveis de violência, compreendemos que os cães podem ser utilizados em todo esse espetro, desde os conflitos de grande envergadura, tal como aconteceu durante a 2ª guerra mundial, como em guerras subversivas e de guerrilha, como aconteceu durante a Guerra Colonial em África e ainda em Intervenção Limitada e em Operações de Apoio à Paz, como ocorreu em Timor (Carvalho, 2019).

Com a utilização destes cães, as forças militares ficam com uma alternativa quando as ROE (Rules of Engagement) não permitem o uso de força letal. O que se torna uma mais-valia em Operações de Apoio à Paz (Headquarters, 2005, p. 1.1).

De acordo com o Field Manual 3-19.17, Military Working Dogs de (2005), as funções que um cão militar pode desempenhar são as apresentadas de seguida na tabela 4.

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14 Tabela 4: Missões dos cães de guerra

Operações de Segurança da Área

Operações de Manobra e Suporte

à Mobilidade

Operações de I/R Operações de Ordem Pública Área e Reconhecimento Suporte de Manobra Evacuação Prisioneiros de Guerra Proteção da Força

Rastreio e Vigilância Investigações da Polícia

Militar

Defesa de Base Suporte Aduaneiro

Cerco e Busca

Suporte à Mobilidade

Operações de Reimplantanção

Checkpoints Pacotes Suspeitos

Bloqueios estradais Inspeções de Saúde e

Bem-estar

Força de Resposta Controlo de multidão

Segurança a High Risk Personnel Respostas de Alarme Ameaça de Bombas Demonstrações Públicas de capacidades

Fonte: Elaboração Própria

No próximo capítulo exploram-se as principais características dos cães de guerra e as suas funções no caso de estudo no Exército Português.

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Capítulo II – As características do cão e as suas funções no Exército

Português e no Norte-Americano

2.1. As características naturais de um cão

Para se perceberem as características naturais de um cão é necessário perceber o que é um instinto. De acordo com o PDE 0-20-18 (Exérctio Português, 2015, p.3-2), o instinto de um cão é um “estímulo interior e inato que induz os cães a realizarem atos relacionados com a sua conservação e reprodução”.

O cão tem somente um instinto primário, que é o da sua sobrevivência ou da sobrevivência de quem gosta. Para tal, satisfaz quatro necessidades fundamentais: a segurança, o alimento, o gregarismo2, e a propagação do seu fundo genético. Associado a este instinto primário, o cão desenvolve instintos secundários de acordo com o PDE 0-20-18 (Exército Português, 2020, p. 3-2 e 3-3), como o instinto de Caça, o instinto de Presa, o instinto Sexual, o Territorial e o de Defesa.

Ao instinto de Caça, provém o estímulo de busca e captura de alimento, de rastreamento de áreas e para tal, o cão utiliza os seus três sentidos mais apurados: a visão, o olfato e a audição.

Ao instinto de Presa, provém a necessidade de morder. Neste instinto o cão procura perseguir, capturar e até matar o potencial alimento. Ao instinto Sexual está associada a necessidade de se reproduzir.

Com o instinto Territorial, o cão vai proteger e estabelecer uma defesa territorial para um ou mais indivíduos.

Com o instinto de Defesa, o cão vai ter comportamentos com o objetivo de reagir de forma agressiva contra eventuais ameaças a si ou a quem mais gosta.

Para além disso, o cão com os seus três sentidos mais bem apurados, a visão, o olfato e a audição consegue fazer muitas coisas que nem os soldados mais bem treinados, nem muitos sistemas eletrónicos conseguem fazer. Tal como foi referido numa entrevista da RECORDTV a um sargento da Polícia Aérea, “um cão consegue detetar vibrações no terreno a distâncias que muitas vezes até os sistemas eletrónicos falham. Devemos pegar

2 Gregarismo, de acordo com o Dicionário de Língua Portuguesa (2013, p. 819), significa “tendência de

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nessas capacidades instintivas que o cão já possui e trabalhá-las de certo modo para usá-las em nosso favor” (Correia & Mateus, 2017).

“An MWD can be trained to respond consistently to certain sensory stimuli (sights, sounds, odors, or scents) and alert the handler. Under most circunstances, a properly trained MWD can smell, hear, and visually detect movement better than a person.” (Headquarters, 2005, p. 1-5).

2.2. As funções dos Cães no Exército Norte-Americano

Os Estados Unidos da América têm os seus cães de trabalho divididos em três grandes tipos: os Patrol Dogs (PD), os Patrol Narcotic Detector Dogs (PNDD) e os Patrol Explosive Detector Dogs (PEDD).

Os PD desempenham um papel muito importante na dissuasão de atividade inimiga, uma vez que rastreiam uma larga área se forem utilizados em lanços. Este tipo de cão é utilizado em missões de patrulhas e em operações de imposição de paz, podem ser utilizados para pesquisar e rastrear compartimentos de edifícios para verificar a existência de ameaça. São normalmente utilizados em operações antiterroristas, em operações de forças especiais, como resposta rápida, para capturar indivíduos e para capturar e apoiar operações nas quais exista o risco de encontrar High Risk Targets (HRT). Este tipo de cão deve ser utilizado para fornecer uma dissuasão face à atividade inimiga na zona e mostrar força adicional, com medidas antiterroristas. Devem ser colocados em áreas vulneráveis, onde se espere atividade inimiga ou até mesmo em locais onde haja HRP. Com esta descrição apercebemo-nos que este tipo de cão pode ser utilizado em CAU (Ibidem, 2005, p. 1-6).

Os PNDD para além das missões dos PD, também são treinados para procurar estupefacientes através de um programa de treino de prática e recompensa. Eles podem ser utilizados para missões como inspeções de saúde e bem-estar na comunidade militar, podem inspecionar áreas e veículos e ainda bagagens. Este tipo de cão é utilizado para detetar drogas dentro da comunidade militar (Idem, 2005, p.1-7).

Os PEDD para além das missões dos PD, são cães treinados para detetar explosivos. Este tipo de cão é especialmente utilizado quando há a necessidade de localizar um ou mais explosivos que poderão estar escondidos numa área. As missões

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típicas destes cães são: Ameaças de bombas, suspeita de pacotes desconhecidos e na revista em Checkpoints. Estes cães também têm um papel muito importante em CAU, pois permitem detetar se existe alguma armadilha ou não em obstáculos que possam aparecer, como armários, portas, etc (Idem, 2005, p. 1-7 e 1-8).

“A well-trained PEDD team can conduct a significantly more effective search of an area or facility in a much shorter time than a number of people can.” (Idem, 2005, p. 1-8).

2.3. As funções dos Cães no Exército Português

De acordo com o PDE 0-20-18 (Exército Português, 2015, p. 3-3 e 3-4), os cães no Exército Português podem ser cães de ataque ou cães de deteção.

Os cães de ataque são cães que têm de ter uma grande robustez física, uma forte intensidade de busca, equilíbrio psíquico, bom instinto de defesa, ser bem socializado e ativo e têm de ter um porte, de médio a grande. Bons exemplos deste tipo de cão são: O pastor alemão, o pastor belga, o pastor holandês e o rottweiler.

Os cães de deteção são cães com interesse de busca e deteção acima da média. Normalmente nestes cães o seu instinto de caça está mais apurado. Bons exemplos deste tipo de cão são: o Pastor Alemão, o Pastor Belga, o Retriever do Labrador, o Pastor Holandês e o Cocker Spaniel.

De acordo com estes dois grandes tipos de cães, o Exército Português criou diversas especializações para o cão militar.

Na tabela 5, apresentam-se as principais tarefas dos cães militares em Portugal.

Tabela 5: Especialização do Cão Militar, no Exército Português

Especialização do Cão Militar

Cão de Exploração

A sua utilização ocorre em áreas abertas, fechadas, edificadas e túneis. Acompanha as unidades de combate em qualquer ambiente. Serve para detetar ameaças, como forças hostis e armadilhas. É treinado para operar silenciosamente.

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18 Tabela 6 (continuação): Especialização do Cão Militar, no Exército Português

Especialização do Cão Militar

Cão de Sentinela

Opera sozinho numa área crítica. Serve para alertar possíveis intrusos nesse território.

Cão de Guarda

Opera com o seu tratador. Serve para causar impacto psicológico ou dissuadir a atividade criminosa. Pode ser solto da trela para capturar a ameaça.

Cão de Deteção

Trabalha em conjunto com o seu tratador. É utilizado para detetar um ou mais odores para os quais foi treinado. Serve para detetar estupefacientes ou explosivos. Pode ser usado com ou sem trela, dependendo da situação.

Cão de Busca e Salvamento

Serve para detetar pelo olfacto a presença de forças amigas em ambientes de catástrofe, acidentes ou atos terroristas.

Cão de Demonstração de Capacidades

Após a aposentação do cão de missões, este é utilizado com as suas capacidades para divulgar a capacidade cinotécnica da força armada, com o intuito de cativar voluntários.

Cão de Cinoterapia

É utilizado para trabalhar com pessoas com excessivo medo de cães, como terapia, ou até mesmo para estimular cognitivamente pessoas com deficiências.

Fonte: Elaboração própria

Após este resumo das funções dos cães militares no Exército Português, os cães que podem ser utilizados em CAU são os cães designados por Exploradores e os cães de Deteção, embora os cães Exploradores também tenham a capacidade para detetar minas e armadilhas, uma vez que neste tipo de combate o aparecimento de armadilhas e de novas situações como inundações, incêndios e a incerteza da localização do inimigo, devido à existência de população, tornam necessárias as capacidades olfativas dos cães para patrulhar a área e detetar ameaças.

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Capítulo III – Obtenção e Treino dos cães: Técnicas e Táticas

em CAU

3.1. As funções de combate no Combate em Áreas Urbanas

Antes de se entrar na temática do treino de cães e das técnicas e táticas incorporadas em CAU, é necessário compreender de que forma as funções de combate são influenciadas pelas operações em áreas urbanas.

Uma função de combate, de acordo com o Exército Português (2015, p. 2-24), é “um grupo de tarefas e sistemas (pessoas, organizações, informação e processos) unidos por uma finalidade comum que os comandantes aplicam para cumprir missões operacionais e de treino.”

As Informações fazem parte de uma das cinco funções de combate. Esta função de combate é fundamental para a realização do IPB, pois nela agrupam-se o conjunto de tarefas para compreender o ambiente operacional, o inimigo, o terreno e as circunstâncias de âmbito civil (Ibidem, 2012, p. 2-29).

Em áreas urbanas, devido à densidade dos edifícios e às características físicas das alterações feitas pelo homem, existem muitas oportunidades para o inimigo se esconder, e isso também cria dificuldades à deteção de assinaturas eletrónicas através de aparelhos eletrónicos. O inimigo que se encontra nestas áreas também utiliza métodos alternativos para comunicar entre si. Substituem os rádios pelas tradicionais redes de telefone fixo ou pela Internet local, o que torna mais difícil a sua interceção. Isto leva a uma degradação das capacidades de reconhecimento e de vigilância por parte das nossas forças (Headquarters, 2006, p. 4-1 e 4-2).

O Movimento e Manobra é composto pelas “tarefas e sistemas que movimentam forças para alcançar uma posição de vantagem em relação ao inimigo. Manobra é o emprego de forças através da combinação do fogo e movimento para alcançar uma posição de vantagem em relação ao inimigo” (Exército Português, 2012, p. 2-28).

A canalização e a compartimentação das forças em ruas nas áreas urbanas é um problema que um comandante tem de ter em consideração no CAU, tanto por uma força montada como uma força apeada. Isto vai abrandar a progressão da tropa e dificultar o

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comando e controlo da força, para além de aumentar exponencialmente a probabilidade de se ser emboscado.

“Both the physical terrain and the urban population provide threat cover and concealment (…) In ofensive or defensive operantions, enemy forces can remain undetected in buildings and in position to ambush Army forces.” (Headquarters, 2006, p. 4-6).

Por exemplo, a função de combate de Fogos é composta pelas “tarefas e sistemas que garantem o emprego de fogos indiretos (terrestres, navais e aéreos) de uma forma coletiva e coordenada através do processo de targeting.” (Exército Português, 2012, p. 2-30), ou seja, ocorre uma sincronização de fogos indiretos com as outras funções de combate.

Devido à dificuldade sentida de realizar reconhecimentos em áreas urbanas, torna-se difícil realizar a aquisição do alvo para a utilização de fogos indiretos, torna-sem provocar danos colaterais (Headquarters, 2006, p. 4-8).

A função de Apoio de Serviços “relaciona as tarefas e sistemas que garantem o apoio de serviços assegurando liberdade de ação, extensão do alcance operacional e prolongando a resistência da unidade” (Exército Português, 2012, p. 2-31).

Em áreas urbanas, o comandante tem de ter presente de que forma pode usufruir das infraestruturas da cidade para conseguir fornecer o apoio certo, no devido lugar e na altura adequada. Ter o apoio da população dessa região é também uma chave fundamental para conseguir obter a sustentabilidade da força (Headquarters, 2006, p. 10-2).

Por último, o Comando e o Controlo é a função de combate que “desenvolve e integra todas as atividades que proporcionam ao comandante equilibrar a arte de comando e a ciência do controlo (…) necessidade dos comandantes compreenderem um ambiente caracterizado por dificuldades e complexidades” (Exército Português, 2012, p. 2-25).

Nesta parte, é importante para os oficiais subalternos entenderem os Procedimentos de Comando de forma aos seus comandantes conseguirem dar-lhes iniciativa e assim tornar o processo de decisão mais flexível. No CAU o Comando e Controlo aos mais altos níveis, torna-se difícil uma vez que o volume de informação é enorme e os incidentes que tendem a acontecer são em tempo real. Para além disso, a

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compreensão das ROE (Rules of Engagement) por parte dos subalternos é fundamental, para que as ações tomadas de acordo com os Procedimentos de Comando e as ROE sejam sincronizadas com as intenções dos mais altos cargos militares durante a operação (Headquarters, 2006, p. 4-13).

Depois de mencionada a influência que o CAU tem nas funções de combate, será abordado de seguida o tipo de treino mais adequado para que um cão militar possa desempenhar ações neste combate.

3.2. A obtenção e o treino dos cães militares 3.2.1. A obtenção de cães militares

Antes de se abordar a problemática do treino dos cães, é necessário perceber de que forma são adquiridos os cães militares. Tanto no Exército Português como na Guarda Nacional Republicana, existem três métodos de obtenção de cães. Através da Aquisição, da Criação e por Doação (Exército Português, 2020, p. 2-3).

Quando os cães são obtidos por “Aquisição”, é formada uma comissão de remonta, com um responsável cinotécnico, um veterinário e um elemento com competência financeira para avaliar os cães, tendo por base o preço/qualidade, tendo sempre em conta três fatores: a idade do cão, a sua qualidade genética e a função que vai desempenhar (Ibidem, 2020, p. 2-3).

Se o cão é obtido por “Reprodução”, ou criação de cachorros, é feita uma seleção genética dos machos e fêmeas para tentar retirar da futura ninhada o máximo de bons cachorros possíveis para o serviço (Idem, 2020, p. 2-3).

Quando os cães são obtidos através de uma doação, deve ser efetuada uma avaliação como na comissão de remonta, só que neste caso só com um responsável cinotécnico e um veterinário qualificado (Exército Português, 2015, p. 2-2).

Os cães da Guarda Nacional Republicana homólogos aos cães Exploradores do Exército, são cães que podem vir a intervir em CAU e são designados por cães de Intervenção Tática. Estes cães são obtidos pela GNR normalmente por aquisição, com pelo menos um ano de idade e já com um trabalho de desenvolvimento de instintos. Isto é feito para que não haja o risco de o cão após a compra demonstrar que não tem as características essências para o serviço. Isso porque, se os cães forem adquiridos em cachorros, ou criados em ninhada internamente, nada garante que esses cães vão

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desenvolver as características necessárias para o serviço enquanto cães de Intervenção Tática ou Exploradores. Ao fazer-se a aquisição dos cães com pelo menos um ano, através da compra, há a garantia por parte do criador, em conjunto com uma avaliação dos mesmos cães por parte de uma comissão de remonta da GNR, que esses cães têm o que é necessário para desempenhar as funções a que se destinam.3

No Exército, para que exista sempre efetivo suficiente de cães militares nos seus quadros orgânicos, é feita anualmente uma avaliação das necessidades de forma a que o ciclo operacional dos cães seja funcional. Assim, é da responsabilidade do Centro de Excelência Cinotécnico, fazer o levantamento dessas necessidades, que são maioritariamente colmatadas pelo método de aquisição e só em úlitma instância se recorre à reprodução ou à doação (Exército Português, 2020, p. 2-1).

3.2.2. O treino dos cães militares

De acordo com o PDE 0-20-18 (Exército Português, 2020, p. 5-1) existem dois tipos de treino para os cães militares. O Treino Base e o Treino Específico.

No Treino Base, o cão é socializado de forma a adaptar-se ao seu grupo de trabalho, é treinado a obeder ao seu condutor e a reconhecer os comandos básicos, para além de ser neste tipo de treino que o cão adquire a condição física necessária para desempenhar as futuras tarefas para que for nomeado.

No Treino Específico, o cão adquire as competências técnicas para desempenhar as missões para as quais foi nomeado.

Tendo em conta os tipos de cães que existem no Exército Português, os cães de ataque e os cães de deteção, o tipo de treino efetuado para cada um destes tipos é diferenciado.

Os cães de deteção são treinados entre os 4 e os 12 meses, logo que demonstrem capacidades olfativas e interesse na busca de itens. A este tipo de cão as funções mais associadas são de deteção de explosivos, de estupefacientes e de outros itens para os quais forem treinados.

Os cães de ataque são treinados a partir do 1º e 2º anos de idade. Esse treino inicia-se mal inicia-sejam adquiridos e o método de obtenção normalmente é o de aquisição, pelas

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A IMPORTÂNCIA DA CINOTECNIA PARA O COMBATE EM ÁREAS URBANIZADAS NO SÉCULO XXI. CASO DE ESTUDO: EXÉRCITO PORTUGUÊS EM COMPARAÇÃO COM OUTRAS ORGANIZAÇÕES

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razões referidas anteriormente. A este tipo de cão a função mais associada é a de cão de Exploração (Exército Português, 2015, p. 3-3).

Ambos os tipos de cães podem ser utilizados em CAU. Os instintos mais treinados e associados para o trabalho dos cães em CAU são: o instinto de caça e o instinto de presa. O instinto de caça, se o cão for bem treinado, o condutor pode colocá-lo a rastrear áreas e compartimentos em busca de odor humano ou de alguma substância explosiva.4 Tanto para os cães de deteção como para os cães de ataque especialmente para os cães de Exploração, trabalhar este instinto é importante.

No CAU, o instinto de presa e o instinto de defesa podem ser trabalhados para o cão perseguir, capturar e imobilizar a ameaça se encontrada num compartimento.

Para tal, têm-se em consideração a vontade que o cão tem de seguir o seu dono. O cão tem de compreender que é benéfico para ele estar atento ao seu tratador. Assim, consegue-se obter cooperação e trabalho de equipa com o cão (Exército Português, 2020, p. 2-7).

Existem duas teorias capazes de explicar o método de ensino dos cães que se distinguem na tabela 6, tendo em conta o PDE 0-20-18 do Exército Português (2020).

Tabela 7: Teorias de Aprendizagem

Condicionamento Clássico Condicionamento Operante

Método de aprendizagem: O cão responde a um estímulo, que normalmente para ele, tal estímulo não dispoletava qualquer tipo de resposta.

Método de aprendizagem: O cão aprende por consequências positivas ou negativas face a uma resposta desejada pelo condutor.

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A IMPORTÂNCIA DA CINOTECNIA PARA O COMBATE EM ÁREAS URBANIZADAS NO SÉCULO XXI. CASO DE ESTUDO: EXÉRCITO PORTUGUÊS EM COMPARAÇÃO COM OUTRAS ORGANIZAÇÕES

24 Tabela 8 (continuação): Teorias de Aprendizagem

Condicionamento Clássico Condicionamento Operante

Conceitos básicos:

-Estímulo Neutro: Estímulo que inicialmente não tem qualquer influência no comportamento do cão. -Estímulo Incondicionado: Estímulo que desencadeia um comportamento inconsciente no cão.

-Resposta Incondicionada: Comportamento inconsciente provocado por um estímulo incondicionado.

-Estímulo Condicionado: Estímulo Neutro, que após o treino, passou a provocar um comportamento inconsciente no cão, ou seja, uma resposta Incondicionada.

-Resposta Condicionada: Comportamento

inconsciente no cão provocado por um antigo estímulo neutro.

Conceitos básicos:

Reforço Comportamental: Algo que aumente a frequência, a duração e a intensidade do comportamento desejado num cão. Pode ser reforço por adição, quando se dá algo ao cão que goste, ou por eliminação de alguma coisa que o cão não goste.

Inibidor Comportamental: Algo que reduza a frequência, a duração e a intensidade de um comportamento do cão. Pode ser também por adição, quando se dá algo ao cão que ele não goste, ou por eliminação, quando se retira ao cão algo que ele goste.

Nota: O sistema de reforço e inibidor tem de ter em conta o momento no qual o cão está a viver. Deve ser efetuado durante ou logo após a evidência do comportamento desejado. Dar de comida a um cão de barriga cheia, não será um reforço para um comportamento desejado.

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Tabela 1: Exemplos da Multidimensionalidade do CAU
Tabela 2: Estudo do Terreno em Áreas Urbanizadas
Tabela 3: Espetro do conflito e Temas de Campanha
Tabela 5: Especialização do Cão Militar, no Exército Português
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Referências

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