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Viabilidade Econômica para Estratégias de Conservação e Reúso de Água em Edificação Comercial de Grande Porte

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO TECNOLÓGICO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

HELENO MARIANI GONZALEZ

VIABILIDADE ECONÔMICA FINANCEIRA PARA ESTRATÉGIAS DE

CONSERVAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA EM EDIFICAÇÃO COMERCIAL

DE GRANDE PORTE

VITÓRIA - ES 2018

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VIABILIDADE ECONÔMICA FINANCEIRA PARA ESTRATÉGIAS DE

CONSERVAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA EM EDIFICAÇÃO COMERCIAL

DE GRANDE PORTE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Desenvolvimento Sustentável do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia e Desenvolvimento Sustentável. Orientadora: Prof.Dr. Rosane Hein de Campos.

VITÓRIA 2018

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CONSERVAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA EM EDIFICAÇÃO COMERCIAL DE GRANDE PORTE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Desenvolvimento Sustentável do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia e Desenvolvimento Sustentável.

Aprovada em de dezembro de 2018

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________ Profª. Dra. Rosane Campos

Orientadora – PPGES/UFES

_________________________________ Prof. Dr. Ricardo Franci Gonçalves Coorientador – PPGES/UFES _________________________________ Prof. Dr. ... Examinador Interno _________________________________ Prof. Dr. ... Examinador Externo

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“Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos”

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nas edificações. Este trabalho buscou avaliar a viabilidade econômico financeira da conservação e reúso, a partir de estudo de cenários em edificação de porte e avaliando os investimentos propostos de forma determinística e com inserção da incerteza. As avaliações foram realizadas por meio de orçamentos de investimentos, custos, receitas, fluxos de caixa descontado, indicadores de viabilidade econômico financeira, simulação estocástica, análise de sensibilidade e cálculo dos incrementos entre as opções de investimento estudadas. A avaliação do investimento foi realizada para a edificação Shopping Center Vila Velha e apontou viabilidade econômica financeira em todos os cenários de conservação e reúso de água na edificação. Verificou-se também que os sistemas de conservação e reúso nas edificações operam com estrutura de custos abaixo dos preços pagos pelo serviço de água e esgoto. Entre os cinco cenários de conservação e reúso estudados, a menor TIR foi de 57,01% enquanto o menor VPL foi de R$1.732.414,91. A simulação estocástica com os preços dos serviços de água e esgoto mostrou que a análise determinística do investimento subestima em 8,11% o retorno do investimento. A análise de sensibilidade mostrou que embora represente apenas 20% da oferta de água não potável na edificação, o reúso de águas cinza contribui para estabilizar a oferta em situações de escassez de chuvas. Os cenários com a conjugação das 3 fontes de água não potável utilizadas tiveram melhores indicadores de viabilidade econômico financeira. O cenário que aproveita 90% da demanda de água não potável da edificação possui maior investimento e melhor retorno econômico financeiro com VPL de R$ 7.474.320,11 em conjuntura de custos financeiros estáveis. Os cenários atendendo 70% e 80 da demanda de água não potável possuem melhor viabilidade econômico financeira em conjuntura com custos financeiros altos. Assim, a conservação e reúso de água não potável em edificações representa ganhos econômicos significativos, além de contribuir no alívio dos sistemas públicos de abastecimento e esgoto no cenário escassez hídrica.

Palavras chave: Reúso. Aproveitamento de Água. Shopping. Viabilidade Econômica. Indicadores.

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produce water from alternative sources became an alternative. This article aims to assay the economic viability of the implementation of non-potable alternative sources in large commercial buildings. An investment evaluation was carried out in a deterministic manner and under risk conditions, with economic modeling of the water and sewage tariff. As results, all the scenarios studied were considered economically feasible. The evaluation under risk condition shows an underestimation of 8% of npv and irr when compared with the deterministic evaluation. The scenario more economically advantageous is the option that investment involving the three alternative sources of water with greater storage of water.

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Figura 2: Conservação de água em edificações. ... 25

Figura 3: Esquema de fluxo de caixa simplificado. ... 31

Figura 4:Imprevisibilidade nos fluxos de caixa. ... 37

Figura 5: Representação gráfica do ponto de intersecção de Fischer ... 40

Figura 6:Vista Panorâmica do Shopping Vila Velha. ... 41

Figura 7:Média mensal de chuvas (2003 – 2016). ... 44

Figura 8: Esquema da ETAC proposta para o Shopping Center Vila Velha. ... 47

Figura 9: Composição dos custos médios unitários nos cenários estudados. ... 73

Figura 10:Média dos custos anuias dos 100000 cenários simuados. ... 89

Figura 11:Curva de tendência de preço de água com ajuste polinomial grau 4. ... 90

Figura 12: Sensibilidade dos cenários em relação ao VPL. ... 95

Figura 13: sensibilidade dos cenários em relação a TIR. ... 97

Figura 14:Ponto de inflexão de Fischer entre os cenários 2 e 1. ... 99

Figura 15:Ponto de inflexão de Fischer entre os cenários 3 e 2. ... 100

Figura 16:Ponto de inflexão de Fischer entre os cenários 4 e 2. ... 101

Figura 17:Ponto de inflexão de Fischer entre os cenários 4 e 3. ... 101

Figura 18:Ponto de inflexão de Fischer entre os cenários 5 e 2. ... 102

Figura 19:Ponto de inflexão entre os cenários 5 e 3. ... 103

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Tabela 2: Indicadores para análise de investimento. ... 35

Tabela 3: Fases e procedimentos para a avaliação de investimentos em programa de reuso e conservação de água no Shopping Center Vila Velha. ... 42

Tabela 4: Modelo de entrevistas semi estruturadas aplicadas. ... 43

Tabela 5: Volume e percentuais de representação. ... 44

Tabela 6:Volume da Oferta de Água da Chuva. ... 45

Tabela 7: Volume do aproveitamento da água não potável disponível na edificação. ... 45

Tabela 8: Investimento em Reúso de Água Cinza no Shopping Center Vila Velha.. 48

Tabela 9: Bacias de escoamento da água de chuva do Shopping Center Vila Velha. ... 49

Tabela 10: Preços e reajustes de serviço de água e esgoto na grande vitória – ES. 52 Tabela 11: Evolução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo. ... 53

Tabela 12: Série Histórica da Taxa SELIC. ... 54

Tabela 13: Rentabilidade Média das Aplicações financeiras - 2018. ... 54

Tabela 14: Modelo de Fluxo de Caixa Descontado para Cenário ... 55

Tabela 15: Matriz de Relevância de Eventos sobre o Investimento em Conservação e Reúso de Água na Edificação. ... 59

Tabela 16:Mudança no VPL e TIR frente a mudança em variável analisada. ... 62

Tabela 17:Modelo de Análise Global de Casos em um cenário estudado. ... 62

Tabela 18:Cálculo do fluxo incremental entre dois cenários mutuamente excludentes. ... 63

Tabela 19: Cenários de reuso e conservação de água no SCVV. ... 66

Tabela 20: Itens necessários nos investimentos envolvendo água de chuva. ... 68

Tabela 21: Investimentos em bens de capital nos cenários. ... 68

Tabela 22: Custos diretos para funcionamento dos sistemas. ... 70

Tabela 23: Custos indiretos para funcionamento dos sistemas . ... 71

Tabela 24: Custos totais para funcionamento dos sistemas em cada cenário. ... 72

Tabela 25: Custos unitários de funcionamento dos cenários sem influência do tempo. ... 72

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Tabela 29: Fluxo de Caixa Descontado no cenário 2 – (CH+CO 51%). ... 77

Tabela 30: Fluxo de Caixa Descontado no cenário 3 – (CI+CH+CO 70%). ... 78

Tabela 31: Fluxo de Caixa Descontado no cenário 4 – (CI+CH+CO 80%). ... 78

Tabela 32: Fluxo de Caixa Descontado no cenário 5 – (CI+CH+CO 90%). ... 79

Tabela 33:Resultados de exercício nos cenários. ... 80

Tabela 34:Ganhos econômicos obtidos nos cenários sem aspectos financeiros. ... 80

Tabela 35:Ponto de cobertura total nos custos dos cenários . ... 81

Tabela 36:Indicadores de viabilidade econômica nos cenários estudados. ... 82

Tabela 37:Trabalhos de viabilidade econômica sobre reuso e conservação de água em edificação. ... 82

Tabela 38: Matriz de relevância para eventos sobre o investimento em conservação e reúso de água na edificação. ... 86

Tabela 39:Indicadores da avaliação determinístico e com incerteza nos preços dos serviços coletivos de abastecimento de água e esgoto. ... 88

Tabela 40:Parâmetros da análise de sensibilidade. ... 91

Tabela 41: Sensibilidade global no cenário 1 (CI 20%). ... 92

Tabela 42: Sensibilidade global no cenário 2 (CH+CO 51%). ... 92

Tabela 43:Análise de sensibilidade global no cenário 3 (CH+CO+CI 70%). ... 93

Tabela 44:Análise de sensibilidade global no cenário 4 (CH+CO+CI 80%). ... 94

Tabela 45: Sensibilidade no cenário 5 (CH+CO+CI 90%). ... 94

Tabela 46:Variação dos VPLs nos piores e melhores casos nos cenários. ... 96

Tabela 47:Incremento entre os cenários de conservação e reuso da edificação. ... 99

Tabela 48:Taxas referenciais de juros praticadas em diferentes países. ... 105

Tabela 49:Melhores opções de investimento em conservação e reúso de água não potável na edificação SCVV. ... 106

Tabela 50:Estudo do fluxo de água com 2 fontes conjugadas atendendo 51% da DANP. ... 144

Tabela 51:Estudo do fluxo de água com 3 fontes conjugadas atendendo 70% da DANP. ... 145

Tabela 52:Estudo do fluxo de água com 3 fontes conjugadas atendendo 80% da DANP. ... 146

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CESAN Companhia Espírito Santense de Saneamento DANP Demanda de Água Não Potável

ETAC Estação de tratamento de água cinza INMET Instituto Nacional de Meteorologia kWh /m³ Quilowatt hora por metro cúbico

m² Metro quadrado

m³ Metro cúbico

m³/ano Metro cúbico por ano m³/mês Metro cúbico por mês SCVV Shopping Center Vila Velha

SWOT Matriz de Diagnóstico (“Strengths”, “Weaknesses”, “Opportunities” e “Threats”) ou (“Forças”, “Fraquezas”, “Oportunidades” e “Ameaças”)

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2.1 OBJETIVOGERAL ... 18

2.2 OBJETIVOSESPECÍFICOS ... 18

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 19

3.1 ÁGUAESEUSDESAFIOSNASUSTENTABILIDADE ... 19

3.2 IMPORTÂNCIADACONSERVAÇÃOEREÚSODEÁGUA ... 22

3.3 CONSERVAÇÃOEREÚSODEÁGUAEMEDIFICAÇÕES ... 24

3.4 AVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSEMPROJETOSAMBIENTAIS ... 28

3.5 AVALIAÇÇÃODETERMINÍSTICADEINVESTIMENTO ... 30

3.5.1 Fluxos de Caixa Descontados ... 30

3.5.2 Investimentos em Bens de Capital e Custos de Funcionamento ... 31

3.5.3 Indicadores de Viabilidade Econômica Financeira ... 33

3.6 INCERTEZAEMAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOS ... 36

3.6.1 Identificação das Incertezas em Investimentos ... 37

3.6.2 Avaliação quantitativa da incerteza nos projetos de investimento ... 38

3.6.3 Análise de Sensibilidade ... 39

3.7 PONTODEINTERSECÇÃODEFISCHER ... 39

4 METODOLOGIA ... 41

4.1 INFORMAÇÕESPRELIMINARES ... 41

4.2 PREMISSASDOESTUDO ... 42

4.3 ESTUDODECENÁRIOSDECONSERVAÇÃOEREÚSODEÁGUA ... 44

4.4 AVALIAÇÃODETERMINÍSTICADOINVESTIMENTO ... 46

4.4.1 Investimentos em Bens de Capital ... 47

4.4.2 Custos para Funcionamento dos Sistemas ... 49

4.4.3 Composição das receitas obtidas nos cenários ... 51

4.4.4 Preços e índices de reajuste utilizados na avaliação de investimentos ... 52

4.4.5 Taxa Mínima de Atratividade – TMA... 53

4.4.6 Fluxo de Caixa Descontado – FCD ... 55

4.4.7 Indicadores de Viabilidade Econômica e Financeira ... 55

4.5 AVALIAÇÃODOINVESTIMENTOCOMINSERÇÃODAINCERTEZA ... 58

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4.6 INCREMENTOSENTRECENÁRIOSESTUDADOS ... 63

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 65

5.1 CENÁRIOS DE CONSERVAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA PARA INVESTIMENTO ... 65

5.2 INVESTIMENTOSEMBENSDECAPITAL ... 68

5.3 CUSTOSDEFUNCIONAMENTODOSCENÁRIOSESTUDADOS ... 69

5.4 RECEITAS NOS CENÁRIOS DE CONSERVAÇÃO E REÚSO DA EDIFICAÇÃO ... 74

5.5 FLUXODECAIXADESCONTADONOSCENÁRIOS ... 75

5.6 INDICADORESDEVIABILIDADEECONÔMICA... 79

5.7 INDICADORESDEVIABILIDADEECONÔMICOFINANCEIRA ... 81

5.8 INCERTEZANAAVALIAÇÃODOINVESTIMENTO ... 84

5.8.1 Identificação e hierarquização das incertezas do investimento ... 85

5.8.2 Simulação estocástica dos preços de serviços de água e esgoto ... 87

5.8.3 Tendências nos preços dos serviços de água e esgoto ... 89

5.9 ANÁLISEDESENSIBILIDADE ... 91

5.9.1 Sensibilidade no Cenário 1 (CI 20%) ... 92

5.9.2 Sensibilidade no cenário 2 (CH+CO 51%) ... 92

5.9.3 Sensibilidade no cenário 3 (CH+CO+CI 70%) ... 93

5.9.4 Sensibilidade no cenário 4 (CH+CO+CI 80%) ... 93

5.9.5 Sensibilidade no cenário 5 (CH+CO+CI 90%) ... 94

5.9.6 Análise de sensibilidade entre os cenários de conservação e reúso ... 95

5.10 INCREMENTOS ENTRE OS CENÁRIOS DE CONSERVAÇÃO E REÚSO DEAGUA ... 98 5.11 MELHORES CENÁRIOS DE CONSERVAÇÃO E REÚSO PARA INVESTIMENTONAEDIFICAÇÃO ... 104

6 CONCLUSÕES ... 108

7 RECOMENDAÇÕES ... 110

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ANEXO 3 - ORÇAMENTO PARA SISTEMAS DE ÁGUA DE CHUVA ... 130 ANEXO 4 – ORÇAMENTO PARA OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DA ETAC DO SCVV ... 135 ANEXO 5 – ORÇAMENTO DOS CUSTOS LABORATORIAIS ... 140 ANEXO 6 – ORÇAMENTO PARA RETIRADA E DESTINAÇÃO FINAL DO LODO DA ETAC ... 143 APÊNDICE ... 144

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1 INTRODUÇÃO

A água está presente em todos os ciclos de vida do planeta. Seu conceito é indissociável da vida e do debate sobre as futuras gerações (BARLOW, 2015). Muitas palavras são ditas sobre sua importância, ações são realizadas e informações produzidas para se conhecer mais a sua situação atual e perspectivas. A complexidade e os desafios da geração atual não permitem mais que se fique na superficialidade do discurso, no egoísmo do posicionamento individualista e no conforto de uma ciência compartimentada. Requer amadurecimento e interação entre ciências com resultados efetivos e acessíveis a todos (BIRKIN e POLESIE, 2013).

Assim como outros temas cruciais para a construção da sustentabilidade, a situação atual da água no mundo insere-se num contexto de crise sem precedentes em que sua comprovada escassez deriva de questões ambientais, sociais, demográficas, econômicas e políticas. Sua problemática envolve uma teia de situações demandantes de esforços em diferentes áreas de conhecimento (PAHL-WOSTL et al., 2008).

Em edificações de grande porte, estudos estimam que até 50% da água potável é destinada para fins não potáveis, indicando ineficiência na gestão dos seus recursos hídricos (GUZZO, 2017). Segundo Weber et al., (2010) a busca da eficiência na gestão da água nas edificações passa pelo uso de equipamentos economizadores, ações de educação ambiental para redução de desperdícios e aproveitamento de fontes alternativas de água na edificação.

No mesmo sentido, Gois et al., (2015) afirma que a gestão da água em edificações como shopping centers pode ser otimizada de acordo com a sua fonte e utilização, centrando-se em medidas que criam melhor e mais eficiente uso das fontes potáveis e não potáveis.

Além dos ganhos ambientais, as estratégias de conservação e reúso indicam redução de custos nas edificações com os serviços de água e esgotos (DISTEFANO et al., 2017). Shoppings como o Iguatemi em Fortaleza CE, Caxias Shopping e Rio Sul no Rio de Janeiro RJ e Shopping Vitória em Vitória são alguns

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dos exemplos de edificações que já atuam na conservação e reúso de água. No entanto, os ganhos econômicos ainda são pouco conhecidos e sua mensuração é fator crucial para a tomada de decisão pelo investimento na edificação.

Ainda que diversos estudos apontem na significativa contribuição ambiental a partir da economia de água nas edificações, nota-se que ainda são poucos os estudos aprofundados que indiquem os ganhos econômicos obtidos.

Neste sentido, estudos de viabilidade econômica para investimentos em conservação e reúso de água são desenvolvidos de maioria das vezes de forma linear, realizado muitas vezes sem considerar regimes de capitalização compostos e inserção da incerteza na avaliação de longo prazo do investimento (DENG et al., 2013).

Desta forma, aprofundar o conhecimento dos benefícios econômicos obtidos com a conservação e reúso de água em edificações, além dos ganhos ambientais e sociais, contribui de forma significativa na disseminação dessas estratégias na gestão das águas nas cidades.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Estudar a viabilidade econômica financeira de estratégias de conservação e reúso de água em edificação de grande porte, contemplando o aproveitamento de fontes de água alternativas para usos não potáveis.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1) Elaborar cenários de conservação e reúso de água em edificação comercial de grande porte, a partir do aproveitamento de fontes de água alternativas para uso não potáveis;

2) Avaliar a viabilidade determinística econômico financeira das estratégias de conservação e reúso de água nos diferentes cenários da edificação comercial de grande porte;

3) Avaliar incerteza nos investimentos voltados para a conservação e reúso de água em edificação de grande porte.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 ÁGUA E SEUS DESAFIOS NA SUSTENTABILIDADE

Na perspectiva do desenvolvimento sustentável necessário para a humanidade, as decisões sobre o presente e principalmente para o futuro envolvem quatro (4) poluentes principais: o dióxido de enxofre, os resíduos sólidos, as águas residuárias e o dióxido de carbono (LIN e BENJAMIN, 2017).

Apesar das águas residuárias estarem presentes no conjunto citado acima, seu uso envolve também os outros poluentes, como por exemplo as emissões “ocultas” de gases de efeitos estufa presentes nos serviços de tratamento de águas de esgoto (ZHANG et al., 2017). Inegável sua dimensão na construção da sustentabilidade e seu caráter holístico, sistêmico e vital na humanidade.

A água está presente em discussões inovadoras, como na concepção de modelos de desenvolvimento de produtos sustentáveis (DYLLICK e ROST, 2017), na produção de energia a partir de águas residuárias da agroindústria (GONZALEZ e VIVANCO, 2017) e na produção de fertilizantes (FRANCI, 2018). Impossível não considerar o seu conceito transdisciplinar, onde o nexus água, energia e nutrientes torna-se elementar em todas as suas abordagens, com relações indissociáveis (MO e ZHANG, 2013).

Mesmo não tendo como foco as discussões sobre a construção da sustentabilidade, o fórum econômico mundial de 2017, realizado em Davos na Suiça, produziu parecer em que reconhece a crise da água como a terceira maior ameaça para a população mundial em termos de impacto global (WORLD ECONOMIC FORUM, 2017). Neste sentido, Khan et al., (2017) afirmam que os efeitos da crise hídrica especificamente são iguais ou até maiores que os efeitos do aquecimento global.

O protagonismo da água é tão forte, que muitas vezes o senso comum não percebe sua presença. Por exemplo, ela está incorporada em vários processos, serviços e produtos que são transacionados de forma intensa no comércio internacional. Dessa maneira, há um fluxo de água (virtual ou indireta) que muitas vezes não é percebido pela sociedade (HAN et al., 2017).

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Há discussões também sobre avanços da eficiência energética de produtos e serviços relacionados ao uso sustentável da água. Tais políticas ainda não levam em consideração que a melhoria da eficiência energética pode gerar um aumento adicional do consumo global de energia, além do uso de outros recursos naturais, como a água. Reconhecidamente a adoção de produtos com eficiência energética gera muitas melhorias para a sociedade, mas por outro lado aumenta o uso de outros recursos naturais como a água, que ainda não são medidos (GONZALEZ e VIVANCO, 2017).

Ainda que não seja mensurado de forma satisfatória, os indicadores como a pegada da água no ambiente urbano não podem se limitar somente ao consumo de água direta, mas também ao seu consumo de forma indireta ou virtual (CHINI et al., 2017).

Apesar da vasta literatura que indique que há água suficiente no mundo para suprir todas as demandas atuais e futuras, a maior parte não possui as características necessárias para atender os diferentes usos (UNESCO, 2015). De toda a água no planeta, somente 0,3% é adequada para uso, sendo apenas 10% destes destinados ao uso humano e dessedentação dos animais. Além disso, projeções indicam que em 2030 a demanda global por água pode exceder a sua oferta em até 40% (BURRITT e CHRIST, 2017).

A limitação de água para consumo demanda uma complexa estrutura de captação, conservação, tratamento e distribuição, implicando numa inegável dimensão econômica (BOFF, 2015). Esta, entretanto, pensada para torná-la acessível a todos denota ineficiências que interferem em todo o sistema de abastecimento e esgoto, demandando uma nova forma de gerir seu uso.

A Figura 1 mostra as precipitações totais existentes no planeta e como elas se integram nos regimes hídricos e, deste total, quanto está disponível para consumo. Apesar de muita água no planeta, a disponibilidade para o consumo humano é bastante reduzida.

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Figura 1: Precipitações no mundo e seus efeitos na oferta dos recursos hídricos.

Fonte: CURMI et al., (2013).

Do ponto de vista da racionalidade econômica, as discussões sobre a escassez da água são centradas na gestão da sua oferta nos sistemas públicos e da demanda nas unidades consumidoras.

Nesse sentido, apesar da importância em ampliar a oferta de água principalmente nos grandes centros urbanos, medidas para suprimir a demanda por água potável tornam-se urgente em algumas regiões, embora ainda haja escassez de indicadores que possibilitem diagnósticos mais precisos STIGLITZ E FITOUSSE (2011).

Neste contexto, Distefano e Kelly (2017) afirmam que a redução da demanda global de água contribui diretamente para o equilíbrio dos indicadores ambientais, econômicos e sociais. Todavia, a retirada da água em escala global é menor se comparável à água doce renovável circulante. Portanto, a falta de água não é um problema global, mas sim um fenômeno local dependente da geografia e da variabilidade no tempo (SINGH et al., 2015).

Desta forma, a expressão conhecida “pensar global e agir local” usada pelo Morin (2003) ganha contornos na crise da água e norteia soluções que podem ocorrer de diferentes formas e sempre relacionadas à dinâmica local, limitadas pela geografia, política, antropologia, cultura, economia e sociedade.

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Agir de forma local representa também atuar numa abordagem que não se restrinja apenas aos sistemas públicos tradicionais de gestão de água. A racionalização da gestão da água nas unidades consumidoras seguramente contribui para reduzir o esforço da sociedade em garantir água tratada para a população (BARLOW, 2015).

3.2 IMPORTÂNCIA DA CONSERVAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA

A evolução da sustentabilidade pressupõe práticas que vislumbrem a relação presente-futuro, reconstruindo o presente a partir de supostas exigências do futuro. Formas inovadoras de relações da sociedade com o uso dos recursos naturais podem contribuir na eficiência do uso da água nas cidades, com na racionalização do consumo por meio da gestão da água na edificação significa reduzir impactos ambientais e custos econômicos (ACSERALD, 1999).

Nesse sentido, os avanços na gestão de águas urbanas tem cada vez mais valorizado modelos descentralizados, onde é priorizada a utilização de águas residuárias e o aproveitamento de águas pluviais (FURLONG et al., 2017).

A centralização do abastecimento, que muitas vezes desconsidera a limitação de capacidade de atendimento e a racionalidade do consumo é criticada por Gikas e Tchobanoglous (2007), em que a eficiência dos sistemas de água em locais de escassez depende de modelos adequados a realidade local e a racionalidade das unidades consumidoras.

No entanto, o formato descentralizado de gestão requer diálogo ativo e constante com a população, pois muitas vezes adota estratégias que não fazem parte da história e cultura local, como o contato com as águas não potáveis, porém tratadas. Neste sentido, Mankad e Tapsuwan (2010) afirmam em sua pesquisa que a população ainda não entende o valor social da água e que externalidades sociais e ambientais devem ser contabilizadas quando da adoção das estratégias, principalmente aquelas que envolvem uso de águas residuárias.

Por sua vez, Hulirmann, (2011) ressalta a percepção positiva dos indivíduos com o aproveitamento de águas de fontes alternativas (chuva, esgotos, condensação e

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etc) quando facilitada a comunicação sobre os benefícios ambientais e econômicos. Comunicação neste caso pode significar ter indicadores confiáveis que consolidem a percepção dos ganhos econômicos que podem ser obtidos com a racionalização do consumo.

Ainda assim, existem percepções negativa ligada à utilização de água de reúso . Em Israel por exemplo, a utilização de água de reúso com fins potáveis praticada há quatro décadas, não demonstra ainda abertura por parte da população para contato físico direto com esse tipo de água (FRIEDLER et al 2006).

Num mesmo contexto, pesquisa realizada na China sobre como as pessoas se relacionam com a água e buscam melhorias nos seus serviços mostra o envolvimento mais ativo no meio rural, que se dá de forma coletivista e reativa. Já no meio urbano o envolvimento se dá com participação mais individualista e pró ativa. Isso fornece algumas pistas acerca das estratégias a serem adotadas no meio urbano para o uso sustentável da água (LI e JONG, 2017).

Outra pesquisa junto a usuários potenciais de água de reúso para lavanderia mostra que os principais limitantes para a expansão da utilização de água de reúso é o medo do odor potencial e o alto custo (CHEN et al., 2013).

Segundo Verdugo et al., (2002) as pessoas em geral não são solidárias se, ao utilizarem fontes alternativas como de reúso, percebem que outros não atuam dessa forma. Essa percepção das externalidades, conhecida na literatura científica como tragédia dos comuns, inibe a motivação da população para ações pró ecológicas e é considerada barreira importante no avanço da prática de medidas conservacionistas.

Ainda assim, a adoção de estratégias de conservação e reúso na gestão das águas urbanas é considerada factível e inteligente, uma vez que a água não potável pode ter diferentes destinos, com o mínimo de contato com as pessoas, como afirmam Mourad et al.,2011, cuja pesquisa aponta em 35% o montante de água em edificações para bacias sanitárias.

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3.3 CONSERVAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA EM EDIFICAÇÕES

A conservação e reúso de água em edificações demanda diversos processos que permitem aprimorar o uso sustentável da água. Para garantir qualidade e confiabilidade no uso da água oriunda de fontes alternativas, já existe a definição de várias regras e instruções em vigor, conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Para a conservação e reuso de água em edificações de forma específica, normas específicas ainda estão em processo de construção. A Tabela 1 mostra as principais normas necessárias para a adoção de estratégias de conservação e reúso de água em edificações.

Tabela 1: Normas que interagem com a prática de conservação e reuso de água no Brasil. Norma Interação com práticas de conservação e reuso de água

ABNT NBR 15527 Água de chuva - Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins

não potáveis.

ABNT NBR 15900-1 Água para amassamento do concreto.

ABNT NBR 15575-1 Edificações habitacionais – Desempenho. Parte 1: Requisitos gerais

ABNT NBR 15575-6 Edificações habitacionais – Desempenho. Parte 6: Sistemas hidrossanitários

ABNT NBR 13969 Tanques sépticos – Unidades de tratamento complementar e disposição final

dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação

ABNT NBR 8160 Sistemas prediais de esgoto sanitário – Projeto e execução

ABNT NBR 5626 Instalação predial de água fria

ABNT NBR 10004 Resíduos sólidos – Classificação

ABNT NBR 10844 Instalações prediais de águas pluviais – Procedimento

ABNT NBR 14037 Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações – Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos

ABNT NBR 16280 Reforma em edificações – Sistema de gestão de reformas – Requisitos

ABNT NBR 6493 Emprego de cores para identificação de tubulações

ABNT NBR 12208 Projeto de estações elevatórias de esgoto sanitário – Procedimento

ABNT NBR 9898 Preservação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos

receptores Fonte: Elaborado pelo autor.

Nas diferentes partes do mundo, a normatização da conservação e reúso de água se dá a partir das demandas locais decorrentes principalmente da escassez hídrica. Na União Européia (UE) não há legislação especifica para a prática e processos de normatização de ISO para reúso de águas recuperadas ainda estão em desenvolvimento. Já nos Estados Unidos, há legislação específica para em regiões de muita escassez (ATASANOVA et al., 2017).

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Diversos estudos apontam para a vantagem da conservação e reúso de água em comparação com outras estratégias, como demonstra Gikas e Tchobanoglous (2009) em trabalho realizado nas Ilhas Gregas, onde foi demonstrado que os custos do reúso da água são menores quando comparados as outras opções utilizadas, como dessalinização e importação.

Aproveitar água de fontes alternativas em edificações ainda não é prática comum nas cidades, mas essa prática cresce à medida que escassez hídrica vai ganhando contornos de crise. Além disso, há a incapacidade dos sistemas coletivos de abastecimento em atuar com eficiência e sustentabilidade, o que denota a premência da adoção de estratégias alternativas para promover melhorias a nível da edificação (GAZIULUSOY e RYAN C, 2017).

Medidas acessíveis nas edificações podem possibilitar grande economia de água potável. Estima-se que até 46% do consumo total de água numa edificação pode vir de águas cinza produzidas na própria edificação. Nestas, os locais de grande produção de água cinza geralmente são cozinhas e banheiros que podem ser o destino de até 35% de toda a água não potável produzida (MOURAD et al.,2011).

Figura 2: Conservação de água em edificações.

Fonte: Adaptado de WEBER et al., (2010).

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pluviais e as águas de condensação nos sistemas de refrigeração. Essas estratégias isoladas ou aliadas a práticas do uso racional da água por meio da educação ambiental e instalação de aparelhos economizadores promovem mudança no padrão de consumo da edificação (LEUNG et. al.; 2012). A Figura 2 ilustra a conservação e reúso de água em edificações.

A implementação de estratégias de conservação e reúso de água em edificações demanda a realização do estudo da demanda e oferta de água, que resulta no balanço hídrico reconciliado (BHR) da edificação, com o registro do consumo de água utilizada nas atividades e as ofertas disponíveis de outras fontes alternativas de água (FIESP, 2004).

Estudos de Hurliman (2011) tem mostrado exigência de altos investimentos e a existência de barreiras físicas que constituem-se nas principais limitações para a expansão de medidas de conservação e reúso de água em edificações, pois demanda a instalação de estações de tratamento e cisternas.

Já Vergara et al., (2001) mostram que do ponto de vista de estratégia empresarial, investir em tecnologias voltadas para a racionalização do consumo nas edificações passa a ser uma nova realidade de investimento sustentável e, em edificações corporativas, pode denotar comprometimento das empresas com o meio ambiente e a melhoria na percepção dos stakeholders para a atuação da empresa.

Conforme já mencionado, as edificações podem produzir água provenientes de chuva, esgotos e sistemas de ar condicionado. O aproveitamento dessas fontes pode se dar utilizando ou priorizando uma ou conjugando as três. As estratégias estão ligadas ao perfil da edificação, pois são influenciadas por tamanho, consumo, fluxo de pessoas etc (MANCUSO, e SANTOS, 2003).

A água de chuva é resultante de precipitações atmosféricas coletada em coberturas, telhados, onde não haja circulação de pessoas, veículos ou animais. Seu aproveitamento é realizado em determinado área, que após recolhido em tubulações segue para reservatório, onde a partir de tratamento é destinada ao uso não potável (HAFNER, 2007). Orientações para implantação de sistemas de

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água de chuva estão dispostos na NBR 15.527 (2007)

A eficácia desta estratégia depende do índice pluviométrico da região e da área de captação da água. Quanto maior o índice pluviométrico e a área de captação, maior será a produção de águas de chuva, indicando assim a viabilidade técnica e econômica para adoção desta estratégia em edificações, como shopping centers, cujas áreas de captação geralmente são enormes (SHOPPING CENTERS, 2013). A água de chuva captada principalmente em cobertura de edificações possui qualidade superior as águas cinzas provenientes de esgotos. Isso possibilita tratamento simplificado com custos menores, principalmente quando sua destinação é o uso não potável.

As águas provenientes de esgotos são geralmente classificadas em cinza e negras, embora estudos também apontem para águas do tipo amarela. As águas de reúso cinza são as que permitem um tratamento mais simplificado, sendo oriundas de chuveiros, lavatórios, pias, tanques e máquinas de lava-roupa. Já as águas negras demandam tratamento mais complexo, geralmente não sendo usadas como fonte para reúso (GONÇALVES et al., 2010).

Ainda que o tratamento adequado das águas cinza de reúso envolva sistema simplificado, a alta carga de poluentes geralmente presentes demandam investimentos e custos operacionais maiores quando comparada a água de chuva (FIORI, et al., 2006).

Outro fator que contribui na pratica do reúso de águas cinza é a possibilidade de planejamento simplificado responder a questões de longo prazo, como oferta de água. Em comparação com a água de chuva, que depende de fatores climáticos, a água cinza é produzida de acordo com o consumo de água potável na edificação e portanto não há a ameaça de interrupção de consumo por falta de oferta (NUNES, 2006).

Enquanto em residências a produção de águas cinza abastece com folga a demanda dos vasos sanitários, em edificações de grande porte, como em shopping centers, a demanda de água nas bacias sanitárias é maior, confirmando a possibilidade de implementação dessa estratégia. No entanto, o uso individual

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dessa fonte pode limitar a atendimento da demanda de água não potável (DANP) da edificação. Desta forma, quando usadas conjugadas a outras fontes, pode contribuir de forma decisiva para atingir de forma mais eficiente a demanda de água de não potável (DANP).

A água de condensação é a produção do líquido oriundo da troca térmica úmida decorrente da mudança do estado gasoso para o estado líquido. Geralmente, o sistema utilizado em edificações de grande porte é o Fan Coil, equipamento formado por um conjunto de serpentinas acoplado a um ventilador e um sistema de filtragem onde o ar é condicionado (NASSAR, e MOURA, 2015).

Apesar da produção de água de condensação obedecer à sazonalidade, sendo que em períodos mais quentes a produção é maior e em períodos mais frios a produção é menor, a variação não interfere tanto no planejamento da produção como nas águas de chuva (LICINA, e SEKHAR, 2015).

3.4 AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS EM PROJETOS AMBIENTAIS

A abordagem de avaliação econômica para investimentos no contexto ambiental demanda o uso de ferramentas convencionais, como análise de fluxo de caixa descontado, valor presente líquido e taxa interna de retorno, baseados em parâmetros exógenos como mercados, políticas governamentais e mudanças climáticas. Os projetos atingem o desempenho esperado quando o cenário previsto é realizado. No entanto, nem sempre esses acontecem, sejam por fatores climáticos, políticos ou sociais, conferindo uma dinâmica não linear as variáveis que compõem os sistemas. (CARDIN et al.,2007).

Muitas avaliações econômicas em projetos ambientais, incluindo aí a conservação e reúso de água nas edificações pouco tratam das incertezas, possibilitando que questões sociais, ambientais, tecnológicas e políticas não sejam captadas. No entanto vêm ganhando destaque a realização de diversos estudos de avaliação da viabilidade econômica financeira com a incorporação das incertezas existentes que possibilitem disseminar nos mercados opção estratégica de investimento e garantir aos tomadores de decisão maior confiabilidade no investimento (LIN e

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WESSEH, 2013).

A viabilidade econômica financeira constitui-se em importante etapa para realização de estudos ambientais, permitindo dar robustez a interpretação dos resultados sobre o impacto de processos e melhorar o nível de informação dos tomadores de decisão. Estes são pré requisitos fundamentais para a consecução

da análise de ciclo de vida (ACV) em diferentes linhas de trabalho da engenharia

ambiental (CARREIRAS, 2007).

Estudos como o realizado em projeto de captação de água em telhados verdes e pavimentos porosos realizado por Deng et al., (2013), onde foram incorporados as incertezas e utilizado a flexibilidade gerencial por meio da valoração das opções reais do investimento mostram a utilidade que a avaliação econômica consistente pode dar a projetos ambientais.

Análises de implementação de sistemas mini-geração de energia elétrica utilizando fontes renováveis também podem ser exemplos da incorporação de incertezas e flexibilidade gerencial a projetos ambientais (Rabello, 2014). No entanto, a utilização das técnicas disponíveis devem ser utilizadas de acordo com o grau de incerteza do investimento, que são influenciadas pelas variáveis que podem afetá-lo (SANTOS, 2010).

Neste mesmo sentido, Casarotto e Kopittke (2000) afirmam que a escolha de métodos de avaliações de investimentos deve considerar se o investimento é suficientemente importante para justificar o esforço de se utilizar um método estruturado, se a decisão não é óbvia e é necessário organizar o problema; e se o aspecto econômico financeiro é significativo e influenciará na decisão.

Na busca pela racionalização do uso da água, a viabilidade econômico financeira contribui de forma decisiva para a decisão em gestão voltada para a eficácia do consumo, permitindo utilizar melhor as fontes potáveis e não potáveis para fins mais apropriados a suas características. No entanto, ainda é incipiente o uso do potencial da conservação e reúso de água em edificações.

Ainda que denote possíveis custos evitados na conta da água, ganhos econômicos e as tecnologias sejam acessíveis, não há uma configuração do

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mercado de construções, gestão de edificações e processo regulatório voltados para a disseminação da conservação reúso de água (ABES, 2015).

3.5 AVALIAÇÃO DETERMINÍSTICA DE INVESTIMENTO

Investimentos são alvos de avaliações a todo o momento pelos tomadores de decisão, seja de forma superficial ou aprofundada, que se pautam muitas vezes por análises fundamentadas em indicadores. A dinâmica competitiva do ambiente econômico não permite a tomada de decisões que comprometa os investimentos, principalmente quando envolve o atrelamento de escassos recursos financeiros (COPELAND, 2001).

Instrumentos de avaliação econômica para investimentos desenvolveram-se no último século, com contribuições sistematizadas vindas de estudiosos como Willams (1938), um dos primeiros a falar do dinheiro do tempo. Com o decorrer das décadas e o aumento da complexidade da ambiência econômica, novas metodologias foram incorporadas para disponibilizar aos tomadores de decisão confiabilidade e racionalidade (OLIVEIRA, 2014).

Atualmente, as técnicas para análise do dinheiro no tempo e avaliações de investimentos convergem nos regimes de taxa de juros simples, composta e composta-contínua. No regime de capitalização simples o juro não é incorporado ao capital para futuras capitalizações. No regime de capitalização composta, o juro é incorporado ao capital no final de um período. Já no regime de capitalização contínua o juro é incorporado ao capital instantaneamente a cada menor medida de tempo (BRUNI, 2013).

3.5.1 Fluxos de Caixa Descontados

A maioria das avaliações de investimentos em ativos físicos são realizados no sistema composto, pois muitos parâmetros utilizados são corrigidos ao final de determinados períodos. Neste contexto, ganham destaques a utilização dos fluxos de caixas descontados (FCD) que analisa o movimento do dinheiro no tempo, valor presente liquido (VPL), a taxa interna de retorno (TIR), o tempo de recuperação do capital, também conhecido como Pay Back (CHAVES, 2016).

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Segundo LIN et al., (2013) a análise de alternativas de investimento consiste no estudo do fluxo de caixa com entradas e saídas monetárias de um projeto, permitindo avaliar sua viabilidade econômica. A viabilidade econômica exige o retorno e a remuneração do capital investido. Sua análise ao longo do tempo é demonstrada na Figura 3.

Figura 3: Esquema de fluxo de caixa simplificado.

Fonte: Elaborado pelo autor (2010).

As entradas de dinheiro indicadas pelas setas para cima na Figura 3 são todas as receitas provenientes do negócio. As saídas de dinheiro indicadas pelas setas voltadas para baixo, caracterizado pelo investimento inicial e os custos com o funcionamento do sistema investido. No estudo de viabilidade econômica, são projetadas receitas e despesas para os períodos futuros previstos na análise (PERES, et al., 2010).

A quantidade de períodos, ou seja, o tempo do projeto será definido de acordo com a complexidade dos ativos imobilizados envolvidos e a depreciação no investimento (ASSAF NETO, 2003).

3.5.2 Investimentos em Bens de Capital e Custos de Funcionamento

Os ativos imobilizados consistem nas construções, máquinas, equipamentos dentre outros que possuem pouca liquidez. Quanto maior o valor dos ativos, maior

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será o tempo necessário para a consecução do investimento. Aliado a isso, os investimentos devem ser considerados quanto a sua capacidade ociosa, que reflete em maiores custos de depreciação sem obtenção de economias de escala (CHAVES, 2016).

Segundo Martins (2010) as terminologias envolvendo análise gerencial, financeira e contábil podem muitas vezes confundir e levar a erros grotescos em avaliações econômicas. Embora não se tenha regras para uso das terminologias, para simplificar e facilitar a compreensão, muitas vezes as entradas de recursos num sistema são chamadas de receitas e as saídas de recursos podem ser classificados em diferentes tipos de gastos.

Os gastos de investimentos em bens de capital são chamados simplesmente de investimento ou até custos de implantação. Já os gastos para manter o funcionamento dos sistemas após o início de sua operação são chamados de custos ou despesas operacionais (MARTINS, 2010).

Os custos diretos são aqueles que incidem diretamente na atividade fim do projeto, como matéria prima, manutenção de equipamentos, mão de obra operária, entre outros. Já os custos indiretos são aqueles que não incidem na atividade fim do projeto , mas são necessários para que o projeto atinja todos os objetivos. São exemplos de custos indiretos taxas, impostos, mão de obra administrativa, seguros, depreciação, tecnologia da informação, materiais de gestão, assessoria de gestão entre outras. Importante ressaltar que a classificação depende sempre das características do negócio (MARTINS, 2010). Os custos devem ser organizados de maneira a facilitar sua aplicabilidade na administração do negócio, não existindo lista padronizada para realizar seu levantamento. No entanto, custos que envolvem operações, manutenção, insumos, mão de obra e atividades administrativas são comuns na maioria dos projetos. Além disso, Martins (2010) destaca a importância da depreciação, onde o investimento é parceladamente transformado em custo a medida que é utilizado.

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3.5.3 Indicadores de Viabilidade Econômica Financeira

Uma vez utilizado o fluxo de caixa descontado (FCD), é possível calcular o Valor Presente Líquido (VPL), que consiste no somatório dos saldos do fluxo de caixa descontado subtraindo o investimento inicial. Seu conceito ajuda a informar o investidor se os retornos serão positivos ou negativos tendo como base uma taxa referencial, conhecida como Taxa Mínima de Atratividade (TMA) (BRUNI, 2013). Por sua vez, a TIR informa o percentual de retorno obtido com o investimento, permitindo comparar com a TMA e outras taxas passíveis de comparação ao investimento analisado (CASAROTTO e KOPITTKE, 2000).

O VPL indica valores absolutos de retorno do investimentos e a TIR valores relativos para comparação. Para efeito de análise, a TIR é a taxa que anula o VPL. Bruni (2013), Assaf Neto (1992) e Gittman (1984) são unânimes em afirmar que o VPL informa melhor os retornos do investimentos, embora a TIR auxilie o tomador de decisão quando se busca comparar com outros investimentos.

Segundo Bruni (2013) a taxa mínima de atratividade TMA representa o mínimo que um investimento deve remunerar para que seja considerado viável economicamente e é definida a partir da análise de três fatores de mercado: o custo de oportunidade, o risco do negócio inerente ao investimento e o prêmio de liquidez.

O custo de oportunidade representa a opção deixada de lado a partir de uma escolha, onde há uma opção de investimento renunciada, ou seja, sua mensuração reside na opção (oportunidade) que foi renunciada. Portanto, o custo de oportunidade não implica necessariamente em uma taxa e sim é um contexto econômico de ampla interpretação. Porém, quando trazido ao contexto financeiro o custo de oportunidade representa exatamente a rentabilidade que o investidor obteria na aplicação que não fez, sendo amplamente utilizada a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia para títulos federais SELIC, referencial para a remuneração da maioria das aplicações financeiras no Brasil (REBELLATO, 2004).

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sistema, podendo ser afetadas por fatores climáticos, mercadológicos, sociais, políticos e etc. O peso desses ao investimento depende da influência desses fatores no investimentos (SALLES et al., 2007).

Por sua vez, o prêmio de liquidez é o retorno que se espera com o esforço para realizar investimento. Constitui-se em fator meramente subjetivo e é adotado tendo como referência as outras possibilidades de investimento que o investidor possui (PMI - Project Management Institute, 2004).

O tempo de recuperação do capital ou Pay Back é muito utilizado em estudos de viabilidade de pequenos projetos na área ambiental e consiste no período de tempo necessário para que a soma das receitas futuras, corrigidas temporalmente, se iguale ao valor do investimento inicial. Em outras palavras, é o tempo necessário para que o VPL fique igual a zero. Segundo Assaf Neto (1992), o Pay Back é o indicador mais impreciso para avaliar investimento, pois não permite uma avaliação após o tempo de recuperação do capital investido. Em projetos de investimentos com pay backs baixos, a dimensão da análise fica reduzida.

A Tabela 2 apresenta as funções e características de cada indicador de viabilidade econômica para o tomador de decisão.

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Tabela 2: Indicadores para análise de investimento.

Indicador Funções e Características

Valor Presente Líquido (VPL)

(Bruni 2013)

 Informa o valor dos saldos projetados descontados a uma taxa

mínima de atratividade e subtraindo o investimento realizado

 Permite ao investidor observar se o investimento dará retorno

positivo ou negativo no período projetado.

 Apesar de informar de forma quantitativa qual o retorno projetado,

não considera eventos que ocorram no decorrer do projeto. Taxa Interna de

Retorno (TIR) (Bruni 2013)

 Informa a taxa anual que o investidor tem de retorno do

investimento realizado em regime de capitalização composta.

 De fácil entendimento é muito utilizada para comparação com

aplicações financeiras ou outros investimentos.

 Apesar de informar de forma quantitativa qual o retorno projetado,

não considera eventos que ocorram no decorrer do projeto Prazo de Retorno

do Capital (PAY BACK) (Assaf Neto 1992)

 Informa o prazo de retorno do capital investido

 Muito utilizado para comparação com outras aplicações e

investimentos

 Apesar de informar de forma quantitativa qual o prazo de retorno

do capital investido, não considera eventos que ocorram no decorrer do projeto.

Taxa Mínima de Atratividade TMA

(Bruni 2013)

 Utilizada para descontar os valores futuros projetados no fluxo de

caixa;

 Considerado custo financeiro do investimento

 Composta geralmente por custo de oportunidade, risco e prêmio de

liquidez

 Influenciada pela taxa referencial de juros da economia.

Rentabilidade (Pilão e Hummel

2004)

 Informa a taxa anual que o investidor tem de retorno do

investimento realizado em sistema de capitalização simples.

 Obtida a partir de cálculos simples envolvendo receitas, custos e

investimento, sem necessidade de fluxo de caixa.

 Não considera mudança do valor do dinheiro no tempo,

restringindo bastante sua utilidade para a tomada de decisão do investidor.

Lucratividade (Pilão e Hummel

2004)

 É o percentual de ganho que se tem na atividade com relação as

receitas totais obtidas no período;

 Informa os ganhos líquidos sobre as receitas totais

Margem de lucro (Pilão e Hummel

2004)

 Informa o valor obtido de ganho em uma unidade de produto a

partir do preço praticado Ponto de cobertura

total (Pilão e Hummel

2004)

 Informa a quantidade necessária de produto da empresa suficiente

para quitar os custos totais da atividade Fonte: Elaborado pelo autor.

Para calcular a rentabilidade, lucratividade e margem de lucro é realizada a demonstração do resultado do exercício em cada ano (DRE), que destina-se principalmente a evidenciar como é formado o resultado líquido, diante do confronto das receitas e custos. É importante mencionar ainda que esse demonstrativo oferece uma síntese econômica dos resultados operacionais da empresa (PILÃO e HUMMEL, 2004).

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Com o resultado líquido, é possível mensurar a lucratividade média, a rentabilidade média e a margem de lucro no produto analisado. Embora a terminologia dos indicadores geralmente sejam utilizadas para avaliar sobras perante as vendas de produtos e serviços, as mesmas podem ser analisadas a partir de investimentos que envolvem custos evitados (VALENTE, 2015)

Por sua vez, a complexidade da economia e sua suscetibilidade a eventos políticos, climáticos, demográficos entre outros podem interferir bastante nos resultados esperados dos investimentos. Os cenários futuros assumidos no projeto podem modificar-se ao longo do tempo e as premissas assumidas no momento de sua elaboração podem não ocorrer (OLIVEIRA, 2008).

3.6 INCERTEZA EM AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

O conceito de incerteza reflete as dúvidas sobre o investimento corrente. Quanto maior o tempo considerado para realização do investimento, maior poderá ser sua incerteza, ou seja, quanto maior o número de períodos no fluxo de caixa, mais incerto pode ser o ambiente de tomada de decisão (CHAVES, 2016).

Atualmente, muitos projetos de investimentos envolvendo a engenharia ambiental são estudados com técnicas de avaliação de incerteza e valoração de flexibilidade gerencial que permitem adaptar seus projetos e por vezes até modificar em função dos riscos assumidos. (DENG et al., 2013).

Em projetos de investimento voltados à energia por exemplo, Jang, et al., (2013) utilizam as opções reais para avaliar se a adoção de tecnologias em energia renováveis são viáveis economicamente. Deng et al., (2013) apresentam uma quadro integrado para valorar investimentos em sistema de gestão de águas urbanas sob incerteza. Já Cardin et al.,(2007) propõem novas metodologias para quantificar a incerteza em projetos de engenharia.

A figura 5 ilustra o fluxo de caixa em um ambiente incerto, onde ocorrem variações nos retornos esperados do investimento. Essa imprevisibilidade muitas vezes afeta a confiança dos tomadores de decisão para efetivar o investimento proposto.

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Figura 4:Imprevisibilidade nos fluxos de caixa.

Fonte: OLIVEIRA, (2008).

3.6.1 Identificação das Incertezas em Investimentos

A identificação da incerteza é vista como processo crítico na avaliação do investimento, pois apenas as situações conhecidas e identificáveis podem ser adequadamente equacionados. A identificação da incerteza se dá no ambiente do setor estudado e gera uma lista refinada daqueles que podem ameaçar ou gerar oportunidades em relação ao investimento (CARVALHO E RABECHINI JR.,2005). Metodologias participativas como análise SWOT e entrevistas semi estruturadas são utilizadas para a identificação das incertezas. A análise SWOT é utilizada junto a grupos que detém informações. Já as entrevistas semi estruturadas são utilizadas para identificar informações complementares em diferentes ambientes (GELPHUS, 1997). Independente das ferramentas utilizadas, uma vez identificada as incertezas,a análise pode ser feita quantitativa ou qualitativa (SALLES JR et al, 2006).

Embora a análise qualitativa da incerteza seja menos eficiente na elaboração de projetos de investimentos em comparação aos métodos quantitativos, a análise da relevância contribui para mostrar o grau de relevância de situações de incerteza levantadas, quando comparados (ADENE , PNUD, 2002).

Utilizar ferramentas de análise qualitativas para somente hierarquizar informações relacionadas ao contexto de gestão pode auxiliar na escolha de ferramentas quantitativas na avaliação da incerteza (PMI, 2004).

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questões identificadas a fim de determinar quais são os eventos mais críticos ao investimento. Sua análise se efetiva por meio de uma escala, arbitrada de acordo com o contexto e circunstâncias da situação analisada (ADENE, PNUD, 2002).

3.6.2 Avaliação quantitativa da incerteza nos projetos de investimento As avaliações quantitativas da incerteza foram intensificadas a partir da obra de Black e Sholes (1973), pioneiros em considerar a volatilidade nos investimentos em ativos reais, inúmeros estudos propuseram a mensuração da incerteza a partir de modelos baseados na gestão dos fluxos de caixa com base em estatística. Os modelos são baseados em diversas metodologias, sendo as mais usuais a simulação de Monte Carlo, árvore de decisão e movimento browniano geométrico. Embora a simulação de Monte Carlo seja amplamente utilizada para avaliar incertezas nos investimentos, o movimento browniano geométrico cumpre a mesma função na avaliação estatística envolvendo o estudo do comportamento de variáveis independentes sobre os indicadores de viabilidade econômica, permitindo simular cenários e definir probabilidades (DENG et al., 2013).

O movimento browniano geométrico é utilizado desde seu aspecto puramente físico, nas teorias de Einstein e Langevin, até seus aspectos matemáticos mais profundos, como na teoria de Itô. Ao longo do tempo, desde as primeiras especulações envolvendo fenômenos biológicos até os tempos atuais, o movimento browniano geométrico tem demonstrado ser uma das principais peças do jogo matemático da natureza. Nas finanças, o movimento browniano geométrico é utilizado como referência para modelar comportamentos passados e futuros de variáveis, não permitindo valores negativos nas suas simulações (BESSADA, 2005).

Ao considerar a volatilidade e o crescimento de uma variável, a variável assume movimento browniano geométrico que resultam na geração de inúmeras possibilidades. Estes constituem-se em cenários possíveis para a variável estudada.

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estritamente estocástica, ou seja, os limites presentes na incerteza devem ser bastante visíveis e bem definidos pelas distribuições de probabilidade. Caso contrário, a simulação pode gerar resultados inúteis (LEE e ZHONG, 2014).

3.6.3 Análise de Sensibilidade

Além do Movimento Browniano Geométrico (MBG), que segundo Ross (2013) é eficiente na identificação do comportamento futuro de variáveis porém dependente de série histórica confiáveis para viabilizar seu estudo, Bruni (2013) aponta a análise de sensibilidade como método útil na avaliação de possíveis formatos em que investimentos podem assumir a partir de algumas premissas, não necessitando de série histórica de dados para seu uso.

Neste sentido, Pilão e Hummel (2004) afirmam que a análise de sensibilidade constitui-se em ferramenta facilitadora para observar os possíveis impactos da incerteza na viabilidade econômica financeira de projetos, possibilitando tomar medidas de contingência para diferentes situações futuras, prevendo situações esperadas, bem como a melhor ou a pior situação.

3.7 PONTO DE INTERSECÇÃO DE FISCHER

O ponto de intersecção de Fischer leva em consideração o comportamento normativo do binômio risco-retorno (mais ganhos só assumindo mais risco), e que preconiza a existência de um limite para a variabilidade da TMA em que o investidor seria indiferente entre duas alternativas de investimentos (SOUZA e CLEMENTE, 2004).

Bruni (2013), Perez (2010) e Assaf Neto (1992) afirmam que o ponto de intersecção de Fischer resolve situações de alternativas de investimentos mutuamente excludentes, onde uma opção de investimento exclui a outra, sendo possível calcular os fluxos incrementais de duas opções comparadas e encontrar uma nova TIR, que representa o ponto onde uma opção de investimento deixa de ser viável em função de outra.

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Para Kassai (1996), a análise que estabelece a relação entre a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Valor Presente Líquido (VPL) é que indica o chamado ponto de interseção de Fischer. A Figura 4 mostra a intersecção onde o retorno de dois projetos se encontram.

Figura 5: Representação gráfica do ponto de intersecção de Fischer

Fonte: Adaptado de Kassai (1996)

Observa-se que o Ponto de Fischer melhora a percepção de risco do investimento à medida que estabelece um novo limite para a variabilidade da TMA. Nesse caso hipotético, Kassai (1996, p. 5) comenta que, “com base na TMA, se for maior que o ponto de interseção e Fischer, o Projeto B será aceito, se não, será rejeitado em prol do Projeto A.”

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4 METODOLOGIA

4.1 INFORMAÇÕES PRELIMINARES

Este estudo foi concebido a partir da atuação do núcleo ÁGUA da Universidade Federal do Espírito Santo na edificação do Shopping Center Vila Velha (SCVV), administrado pela empresa BR Malls, cuja parceria tem gerado resultados relevantes em diferentes áreas de conhecimento.

O Shopping Center Vila Velha (SCVV) foi inaugurado em 25 de agosto de 2014 com área de 70.397,98 m² e três pisos de lojas, sendo que apenas dois estão em funcionamento. A Figura 6 ilustra a edificação.

Figura 6:Vista Panorâmica do Shopping Vila Velha.

Fonte: Disponível em < http://http://shoppingvilavelha.com.br/ShoppingDetalhe/>. Acesso em 22 jun. 2017.

O estudo foi dividido em fases interdependentes, nas quais foram utilizados dados de balanço hídrico reconciliado (BHR) da edificação, tecnologias de conservação e reúso disponíveis e metodologias de avaliação econômica financeira de investimentos.

Neste contexto, 3 fases distintas para avaliar os investimentos em conservação e reúso de água na edificação foram adotados, que convergem no alcance dos três objetivos específicos apresentados no capítulo 2.

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A primeira fase consistiu em analisar o balanço hídrico reconciliado (BHR) da edificação para estudo da viabilidade técnica, possibilitando a definição de cenários de conservação e reúso de água. Já a segunda fase permitiu a avaliação econômica determinística dos investimentos necessários nos cenários de conservação e reúso de água. Por fim, na fase três foi inserido o conceito de incerteza na avaliação econômica realizada nos cenários. A Tabela 3 detalha os procedimentos adotados em cada fase.

Tabela 3: Fases e procedimentos para a avaliação de investimentos em programa de reuso e conservação de água no Shopping Center Vila Velha.

Fases Procedimentos

Fase 1: Estudo de Cenários

Estudo do balanço hídrico reconciliado (BHR) da edificação

Análise das vazões e do consumo de acordo com economias de escala

Simulação da capacidade de armazenamento de água de chuva Definição das tecnologias e cenários

Fase 2: Estudo de Viabilidade Econômica

dos Investimentos

Orçamentos dos investimentos e custos de funcionamento Cálculo das receitas obtidas com o investimento

Definição da Taxa Mínima de Atratividade (TMA), dos reajustes e do período para avaliação do investimento

Montagem do Fluxo de Caixa Descontado (FCD)

Montagem da Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) Cálculo dos indicadores de viabilidade econômico financeira

Fase 3: Avaliação do investimento com inserção da incerteza

Identificação e hierarquização da incerteza Estudo de séries históricas da variável analisada

Simulação com variável analisada por meio do movimento browniano geométrico;

Verificação de tendências de comportamento da variável estudada por meio do método de mínimos quadrados;

Análise de sensibilidade unitária e global dos riscos mais prováveis. Comparação entre os cenários estudados por meio do estudo do incrementos ao cenários e ponto de intersecção de Fischer

Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

4.2 PREMISSAS DO ESTUDO

Para a realização do estudo, foi adotada como premissa a segregação do sistema hidrossanitário da edificação. Segundo Boni (2009) o controle do processo da conservação e reúso de água em edificações só se realiza pela separação das canalizações de água potável e água de reúso. Essas tubulações devem ser pintadas com coloração específica conforme NBR 15527 (2007) e com denominação para alertar sobre o uso delas.

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segregado para fontes potáveis e não potáveis. Considerou-se também que a edificação possui área disponível para implementação da ETAC e dos sistemas de armazenamento de água de chuva proposto nos cenários estudados.

Informações sobre os investimentos avaliados foram obtidos por meio da aplicação de entrevistas semi estruturadas junto a atores especialistas no setor estudado. Segundo Gelphus (1997), essas entrevistas contém de 10 a 15 questões chaves e propiciam a criação de ambiente de diálogo sem as limitações criadas por um questionário.

Tabela 4: Modelo de entrevistas semi estruturadas aplicadas.

Objetivos

Aprofundamento da situação atual do segmento estudado

Entendimento do contexto econômico/tecnológico e as circunstâncias que envolvem a conservação e reúso de água em edificações de grande porte; Aprofundamento de informações sobre conservação e reúso de água em edificações de grande porte no que tange investimentos necessários, custos, tecnologias e aspectos regulatórios.

Informações Gerais

Quais aspectos mais importantes na disseminação de estratégias de conservação e reúso de água em grandes edificações?

Quais fatores que já beneficiam atualmente a conservação e reúso de água nas edificações de grande porte?

Que situações prejudicam atualmente a conservação e reúso de água nas edificações de grande porte?

Quais fatores podem contribuir no futuro para a viabilização da conservação e reúso de água nas edificações de grande porte?

Quais fatores podem prejudicar no futuro a viabilização da conservação e reúso de água nas edificações de grande porte?

Informações Específicas

Dados de tecnologias disponíveis

Dados de investimentos em bens de capital e custos de funcionamento Informações e dados da operação de ETAC

Parâmetros utilizados para decisões na regulação do saneamento

Equipamentos utilizados na conservação e reúso de água em grandes edificações

Fonte: Adaptado de Gelphus (1997).

Essa ferramenta foi utilizada com atores estratégicos do setor de saneamento e propiciaram informações diversas e específicas para a consecução deste trabalho, tais como tecnologias apropriadas aos casos estudados, dimensionamento de instalações e equipamentos para orçamentos, tendências do setor, aspectos contextuais e circunstanciais de base econômica que afetam o setor e questões regulatórias.

Referências

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