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A INSERÇÃO DA PSICOLOGIA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM SOBRAL/CE (RELATO DE EXPERIÊNCIA)

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A INSERÇÃO DA PSICOLOGIA NA

ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

EM SOBRAL/CE

(RELATO DE EXPERIÊNCIA)

Psychology Insertion in the Family Health Strategy in Sobral­CE (Experiment Report)

Gabriela Mendes Batista Moreno

Psicóloga. Preceptora de Território e Psicologia da Escola de Formação em Saúde da Família Visconde de Saboiá/Sobral/CE. Mestre em Psicopatologia Infanto‐juvenil.

Maria Teresa Queirós Santos Soares

Psicóloga, Assistente Social. Preceptora de Território e Psicologia. Mestranda em Educação em Saúde.

Rosani Pagani

Psicóloga Sanitarista. Preceptora de Território e Psicologia. Mestranda em Educação em Saúde.

Adriana Melo de Farias

Psicóloga. Residente em Saúde da Família pela Escola de Formação em Saúde da Família Visconde de Sabóia/Sobral/CE.

Andréa Torquato Scorsafava

Psicóloga. Residente em Saúde da Família pela Escola de Formação em Saúde da Família Visconde de Sabóia/Sobral/CE.

Vivian Santos Simão

Psicóloga. Residente em Saúde da Família pela Escola de Formação em Saúde da Família Visconde de Sabóia/Sobral/CE.

Israel Rocha Brandão

Filósofo. Psicólogo. Doutourando em Psicologia Social.

Si n o p s e

E

ste relato de experiência visa, em primeiro momento, descrever sobre o contexto em que se encontrava a saúde no município de Sobral quando foi implantada a ESF e inserida a Psicologia nesta nova proposta. A partir disto foram realiza‐ das discussões sobre como seria esta nova atuação da Psicologia e foi percebida a necessidade de construir seu objeto, o seu Fazer e as competências que precisavam ser desenvolvidas para uma atuação satisfatória destes profissionais nesta estratégia. Também é explicitado que a atuação da psicologia na ESF em Sobral ainda não acontece de modo homogêneo nos territórios nos quais está inserida. Por último, foram descritas as atividades que estão sendo realizadas pelos psicólogos em cada território.

P a l a v r a s ­c h a v e :

Psicologia; estratégia saúde da família; competências.

A b s t r a c t

T

his experiment report seeks, from the very beginning, to describe the context in which health is encountered in the municipal of Sobral when the Family Health Strategy (ESF) was implanted and the psychologist was inserted in this new proposal. As of this, discussion was held on what would be this new performance of the psychologist and the need to construct their aim, their duty and the competencies which needed to be developed for satisfactory performance of these professionals in this strategy was perceived. It is also explained that the performance of the psychologist in ESF in Sobral still does not occur in homogeneous form in the areas in which they are inserted. Finally it describes the activities which are being carried out by the psychologists in each area.

K e y  w o rd s :

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E

ste artigo objetiva relatar o processo de inserção da psicologia na Estratégia Saúde da Família (ESF) em Sobral. Para tanto, faremos um breve resgate histórico sobre a situação de saúde no município, a fim de situarmos o leitor sobre o modo como os fatos e acontecimentos ocorreram e foram contribuindo para a construção do nosso fazer.

A partir do momento em que nos propusemos discutir a inserção do psicólogo na ESF de Sobral, temos que destacar como marco disto a implantação desta Estratégia e a criação da Escola de Formação em Saúde da Família Visconde de Sabóia no município.

A rede de serviços de saúde até 1997, no município de Sobral era relativamente bem desenvolvida no que concerne à estrutura e equipamentos para atendimentos de média e alta complexidade, oferecendo uma assistência voltada para o modelo hospitalocêntrico e individual.

Em 1998, foi implantada a ESF em Sobral. Pensar esta implantação, portanto, não era apenas pensar uma estratégia político‐administrativa, mas um desafio que propunha a inversão de um modelo de saúde já estabelecido, que se estendia além da Atenção Básica. (Andrade; Martins Junior,1999)

Paralelamente a isto acontece a discussão sobre a reorganização da saúde mental no município e a implantação de um novo modelo de saúde mental. Isto foi discutido em acordo com o que se pensava em outros cantos do Brasil e do mundo sobre Movimentos de Desinstitucionalização Psiquiátrica e Luta Antimanicomial. A idéia de extinção dos hospitais psiquiátricos e de exclusão social dos portadores de transtornos mentais formulou a necessidade da criação de novos equipamentos de saúde mental, entre os quais NAPS, CAPS, HD‘s que sem dúvida alguma iriam fortalecer os centros de saúde que já atendiam esta clientela. (Pitta,1996)

Em Sobral esta rede se compôs de CAPS, residência terapêutica, enfermagem psiquiátrica e ESF.

Já no ano de 1999, surgiu o Curso de Especialização com Caráter de Residência em Saúde da Família de Sobral, a partir

da necessidade emergencial de formar os profissionais da área de saúde (num primeiro momento para médicos e enfermeiras) com uma visão interdisciplinar e integradora com a finalidade de desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes para a atuação na Estratégia Saúde da Família, de forma a causar reais impactos nos modos e qualidade de vida das famílias e comunidade. (Barreto, et al., 1999)

No ano de 2001, iniciou‐se a 2ª turma da residência, tendo esta sido ampliada para a participação de outras categorias profissionais (psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, educadores físicos, fisioterapeutas, odontólogos, terapeutas ocupacionais e farmacêuticos).

A inserção do psicólogo

O novo paradigma de saúde nos leva a pensar em saúde considerando aspectos mais abrangentes da vida das pessoas, ou seja, como as pessoas se relacionam com o mundo construindo e transformando as suas realidades e os mecanismos psíquicos que encontram para se construírem, se transformarem e viverem melhor.

O sofrimento psíquico decorre das circunstâncias existenciais vividas pelas pessoas e seus padrões cronificados e repetitivos de respostas, que bloqueiam as oportunidades de reconhecer o que precisa mudar em prol do enriquecimento do seu modo de ser e de viver.

O psicólogo é um profissional que atua no campo da subjetividade, isto é, do mundo vivido das pessoas e na sua relação com o mundo e consigo mesma. Sua função é cuidar da identidade que é gerada como produto deste conjunto de relações intersubjetivas. A identidade é um processo que envolve o fazer (atividade), o sentir (afetividade) e o pensar (consciência). Cuidar da identidade é procurar a inteireza destas três dimensões indissociáveis da natureza humana. Nosso papel não é a cura, mas a busca desta inteireza.

O foco da atuação do psicólogo na ESF é o sofrimento ético, político e cultural das pessoas, suas crises individuais e relacionais, apoiando as pessoas no enfrentamento de suas dificuldades, suscitando a sua autonomia e co‐responsabilidade na construção de um modo de vida saudável. (Brandão, 1999)

Se considerarmos a clínica como nosso primeiro contato com o sujeito e observamos que o modelo de atenção vigente busca o atendimento desse sujeito no seu coletivo, faz‐se impossível pensar apenas nos sintomas orgânicos de forma isolada e desencadeadores de alguma patologia que apenas é curada com a prescrição medicamentosa. É fato que cada um de nós vive bem ou mal em função do que nosso entorno proporciona, portanto a nossa saúde necessita de atenção mais ampla e de conhecimentos (social, cultural, psicológico, cultural, educacional) que vão além de orgânico e pontual e da relação que fazemos entre causa e efeito. Os amores e desamores, os excessos e as faltas, o bom e o ruim, o objetivo

A partir do momento em que nos

propusemos discutir a inserção

do psicólogo na ESF de Sobral,

temos que destacar como marco

disto a implantação desta

Estratégia e a criação da Escola

de Formação em Saúde da

Família Visconde de Sabóia no

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cada vez mais. Aqui nos damos o direito de abrir um parêntese e colocar a importância do trabalho interdisciplinar como meio de conhecimento, compreensão e respeito a atuação do outro.

A vivência junto às equipes do Saúde da Família e à comunidade evidenciou a formação de vínculos com o território como condição básica para o trabalho do psicólogo. Como poderíamos cuidar da inteireza das pessoas sem compartilhar diferentes espaços no cotidiano da comunidade?

A necessidade de sistematizar o Fazer das categorias inseridas na Residência implicou repensar o papel e o objeto da atuação destas na ESF.

Para isto o grupo de psicólogos concluiu que o ideal ou próximo ao ideal para a formação de vínculos com a equipe e comunidade seria responsabilizar cada psicólogo por dois territórios, desenvolvendo trabalho com a comunidade, com a equipe, com as famílias, buscando conhecer as necessidades e potencialidades do território.

Os preceptores de psicologia facilitam este processo de construção desta nova atuação, deste novo saber. O acompanhamento e a avaliação do trabalho ocorre semanalmente. O como fazer é construído conjuntamente com as equipes nas quais os psicólogos estão inseridos.

O trabalho desenvolvido está embasado no que fomos construindo ao longo destes quatro anos a partir das demandas da população e do

município, da formação teórico‐prática, das habilidades pessoais, do espírito exploratório e dos ideais de cada psicólogo.

e o subjetivo com os quais convivemos são sem dúvida grandes responsáveis pelo nosso bem‐estar. De acordo com levantamento das demandas em saúde mental realizado pelo grupo de psicólogos e residentes da Escola de Saúde da Família Visconde de Sabóia junto às equipes do Saúde da Família do município de Sobral, constatou‐se grande demanda na clínica médica com queixas de depressão, somatizações, transtornos ansiogênicos e de humor, crises e conflitos familiares e dependência etílica. Foi registrado também um elevado índice de depressão e transtornos ansiogênicos no segmento feminino, afora o aumento mensal de consumo dos psicofármacos por estas. A pobreza, a ausência de lazer, de opções de trabalho e de geração de renda e a ociosidade contribuem para a baixa auto‐estima e a falta de perspectiva.

As queixas relacionadas à ansiedade e depressão são muito freqüentes nos serviços de saúde. Busca‐se orientação e o alívio das dores e sofrimento psíquicos com a“química”, uma vez que, estando desprovidas de outros recursos de apoio acreditam que na Unidade Básica de Saúde terão a atenção e tratamento “adequados”. A consulta médica e/ou da enfermagem são momentos preciosos, pois garantem à pessoa um espaço, alguém que vai, enfim, “escutá‐lo”.

É no corpo que as dores da exclusão social e da alma se revelam.

Como escutar e compreender o aspecto subjetivo do sintoma físico?

Buscando atender estas necessidades psicossociais foi pensado um projeto para inserir a psicologia na ESF, a partir da experiência e observações do psicólogo do grupo de Preceptoria de Território 1 . Vale esclarecer antes mesmo, da

psicologia ser inserida no Curso de Especialização com caráter de Residência em Saúde da Família, já havia profissional Preceptor desta categoria trabalhando junto às equipes.

E como uma roda viva, na medida que o trabalho do psicólogo foi aos poucos acontecendo e sendo reconhecido o mesmo passou a ser solicitado

1 Profissional vinculado à Escola de Formação

em Saúde Visconde de Sabóia, que atua junto aos residentes e equipes da ESF.

O psicólogo é um

profissional que atua no

campo da subjetividade ...

O foco da atuação

do psicólogo na ESF

é o sofrimento

ético, político e

cultural das

pessoas, suas crises

individuais e

relacionais,

apoiando as

pessoas no

enfrentamento de

suas dificuldades,

suscitando a sua

autonomia e co‐

responsabilidade na

construção de um

modo de vida

saudável.

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A realidade nos territórios e a estrutura do sistema de saúde do município nos fizeram delinear as seguintes prioridades para a psicologia no Saúde da Família:

• O desenvolvimento de uma dinâmica familiar saudável, atuando nas relações intra e extra familiares;

• A facilitação de sistemas democráticos, operativos, eficazes e eficientes nas equipes de saúde da família, nas rodas de gestão e nas organizações que compõem os territórios; • O desenvolvimento da autonomia e da co‐responsabilidade

comunitária, através da formação de grupos autônomos, informais e articulados entre si;

• A mobilização de sujeitos promotores da saúde, preocupados com a qualidade de vida no seu território e na sua municipalidade;

• O cuidado compartilhado com a pessoa inteira, procurando a expansão de todas as suas possibilidades, ainda que cativas de quaisquer transtornos (mentais, físicos, sociais, etc.), desenvolvendo ações que promovam recursos para a resolução adequada das crises naturais do desenvolvimento humano;

• Trabalhar o masculino e o feminino em harmonia e eqüidade; • A formação de uma consciência coletiva voltada para a paz e para o enfrentamento de todas as formas de violência.

Competências do psicólogo na ESF

Para atuar nas prioridades citadas é necessário pensar e buscar desenvolver as competências abaixo. Destacamos que a resolutividade das ações é da co‐responsabilidade de todoas os profissionais de saúde, uma vez que o Ser é integral, o Saber é interdisciplinar e o Fazer é intersetorial.

Abordagem Familiar

1. Descrever o sintoma e intervir dentro da estrutura e funcionamento familiar;

2. Compreender os padrões de comunicação e herança transgeracional das representações familiares (saúde, doença, sexualidade...);

3. Realizar avaliação psicoafetiva;

4. Facilitar grupos familiares voltados para o fortalecimento das relações.

Intervenção Organizacional

1. Compreender o funcionamento do sistema da organização e sua interferência no comportamento dentro das equipes; 2. Detectar as rotinas defensivas individuais e organizacionais

que alteram o funcionamento das equipes;

3. Estimular as equipes na compreensão dos seus padrões de comunicação e na mobilização dos seus recursos e potencialidades para uma reorganização que viabilize a autonomia dos membros e mudanças nos processos de trabalho e formas de comunicação;

4. Realizar intervenções nas relações interpessoais; 5. Trabalhar a equipe enquanto grupo (papéis, liderança...)

considerando os significados e sintomas que nela se estabelecem.

Desenvolvimento Grupal

1. Identificar qual o tipo de grupo que a demanda exige num determinado território (operativo, auto‐ajuda, temático, terapêutico);

2. Identificar ospapéis sociaisexistentes no grupo objetivando o crescimento grupal;

3. Manusear métodos e técnicas de criação, fortalecimento e sustentabilidade de uma matriz grupal;

4. Identificar e ajudar a administrar os conflitos latentes e manifestos, garantindo negociação e consenso no grupo; 5. Facilitar o processo de formação de equipes para a atuação

do processo grupal;

6. Fortalecer as relações interpessoais em seus aspectos afetivos e simbólicos;

Desenvolvimento Ambiental

Fortalecer os vínculos cognitivos, afetivos e práticos dos sujeitos sociais com seus territórios visando a formação de lugares;

Desenvolvimento Comunitário

1. Aplicar o método reflexivo vivencial que permite tanto o agir instrumental, quanto o agir comunicativo;

2. Utilizar os instrumentos da psicologia comunitária adequados ao trabalho proposto (círculo de cultura, círculo de encontro, teatro de rua, teatro do oprimido, biodança, pesquisa‐ação);

3. Decodificar os símbolos da comunidade;

A vivência junto às equipes do Saúde da Família e comunidade

evidenciou a formação de vínculos com o Território como condição

básica para o trabalho do psicólogo.

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4. Favorecer o fortalecimento do valor pessoal dos atores envolvidos;

5. Fortalecer a identidade comunitária, através de um processo de vinculação dos sujeitos consigo mesmo e com as suas respectivas comunidades.

Ciclos de Vida

1. Capacitar a equipe quanto ao entendimento do processo de desenvolvimento psíquico da criança e do adolescente;

2. Trabalhar junto a equipe o enfoque de risco na saúde mental da criança, adolescente, adulto e idoso, drogas, violências (física e sexual), patologias mentais;

3. Trabalhar junto aos demais profissionais, realizando orientações para os pais sobre a importância do vínculo, da afetividade, dos significados psíquicos da amamentação; 4. Diagnosticar e tratar as patologias leves em

crianças, adolescentes, adultos e idosos (depressão, ansiedade, psicose leve e moderada, entre outras).

Portadores de doenças crônico-degenerativas

Sensibilizar os profissionais ou (torná‐los mais sensíveis) para um olhar mais contextualizado e integrado do indivíduo, bem como dos aspectos psíquicos e emocionais do paciente;

Saúde Mental

1. Sensibilizar os profissionais de saúde para questões da SM, para uma melhor aproximação destes com a clientela e, conjuntamente, construir (traçar) planos pedagógicos e terapêuticos voltados para clientela da saúde; 2. Promover a desmistificação da doença,

reduzindo o preconceito por parte dos profissionais e comunidade;

3. Avaliar com a equipe os casos e possibilidades de tratamento pela equipe ou o devido encaminhamento aos serviços especializados;

4. Detectar os níveis de estresse existentes na comunidade e forma de adoecimento psíquico e também o restabelecimento de sua saúde mental;

5. Perceber as “resistências” por parte dos pacientes e familiares para a melhora de seu quadro (ver ganhos secundários com a doença).

Gênero

1. Discutir com os adolescentes as mudanças de papéis e suas conseqüências nas famílias e na comunidade;

Educação

2

1. Desenvolver trabalhos junto à escola e com os familiares.

2. Implementar estratégias junto aos grupos de professores que favoreçam o pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes;

3. Abordar os portadores de necessidades especiais buscando sua integração familiar e social.

Violência

1. Diagnosticar as expressões de violência existentes nos territórios; 2. Discutir com a comunidade as formas de enfrentamento da violência

física e psicológica, resgatando as possibilidades existentes de enfrentamento;

A formação acadêmica não abrange todo o leque das possíveis atuações do psicólogo na ESF. Atualmente priorizamos a capacitação nos campos da psicologia comunitária e socio‐ambiental e estamos em processo de desenvolvimento de competências nas áreas familiar e organizacional.

Sabemos que a vontade política do gestor municipal está sendo fundamental para a ampliação do espaço de atuação do psicólogo e o desenvolvimento dessas competências.

O COMO FAZER DO PSICÓLOGO NA ESF

A diversidade de habilidades do grupo de psicólogos ao mesmo tempo que enriquece as práticas nos mobiliza a buscar uma sistematização no nosso Fazer (processo de trabalho).

Como estamos escrevendo sobre um processo que ainda está em construção destacamos as seguintes ferramentas metodológicas:

Diagnóstico Comunitário:

• Pesquisa/ação

• Avaliação/elaboração de indicadores • Mapas cognitivos e afetivos

• Mapeamento psicossocial do território

• Identificação dos fatores de risco da saúde mental • Visitas Domiciliares

... o Ser é

integral, o Saber

é interdisciplinar

e o Fazer é

intersetorial.

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• Triagem/entrevista psicológicas

• Consultas conjuntas com outras categorias profissionais • Apoio aos professores nos territórios

• Apoio e orientação psicológica

• Levantamento dos potenciais de saúde existentes na comunidade

Aplicação de técnicas grupais:

• Terapêutico • Pedagógico • Comunitário • Auto‐ajuda • Apoio à família • Oficinas de arte • Círculo de cultura

Trabalho Organizacional.

• Análise/intervenção do clima organizacional • Apoio analítico nas rodas das equipes de saúde.

Por entendermos que o conhecimento se constrói a partir da prática e da reflexão‐ação‐teorização reconhecemos a importância da constante avaliação do processo de inserção do psicólogo na ESF. Identificamos como necessidades e prioridades para a sistematização do trabalho efetivo do psicólogo as seguintes necessidades:

• Criar indicadores para o trabalho psicológico no Saúde da Família;

• Desenvolver estudos comparativos, analisando a situação antes e depois da participação do profissional de psicologia; • Avaliar a efetividade da atuação através da visão do cidadão‐

usuário, da equipe e do próprio profissional.

O que estamos fazendo

E importante ressaltar que ainda não foi estabelecido um fazer comum entre os psicólogos nos territórios nos quais estão inseridos. O desenvolvimento das atividades que vamos listar a seguir acontece de formas diferentes por cada um dos profissionais e de acordo com as habilidades, conhecimentos e interesse destes, além da necessidade do território.

Ações interdisciplinares

• Grupo de discussão sobre Saúde Mental com Agentes de Saúde

Este trabalho tem como objetivo construir um espaço de discussão com os agentes comunitários de saúde sobre temas de Saúde Mental, sensibilizar agentes de saúde para as questões de saúde mental, a fim de melhorar a aproximação destes com a clientela e conjuntamente construir planos pedagógicos e

terapêuticos voltados para clientela de saúde mental a partir da identificação da demanda e dos recursos sociais existentes no território.

• Triagem da demanda (clientela da Saúde Mental) para encaminhamento ao CAPS ou casos que o CAPS contra‐ referencia para o ESF.

Uma vez que contamos com o psicólogo na ESF e o mesmo faz parte da rede de saúde mental do município, nada mais lógico que utilizar o conhecimento deste profissional para a realização da triagem da clientela de saúde mental no próprio território e o devido encaminhamento desta clientela para a rede de saúde mental. Tem‐se a finalidade, portanto, de estreitar os canais de comunicação entre a ESF e a atenção secundária da saúde mental para um acompanhamento mais eficaz dos usuários.

• Participação nas Rodas

Contribuir nas discussões a respeito das dificuldades/ problemas encontrados pelos profissionais em suas atividades, participando das decisões apontadas pela equipe para realização do trabalho, bem como estar levantando questionamentos e discussões sobre os casos de saúde mental que são de responsabilidade do território.

• Grupos de Mulheres com Queixas Difusas

Objetivando viabilizar um espaço de apoio e troca de experiência entre mulheres com queixas de ansiedade, baixa auto‐estima e desânimo, e uma melhor compreensão dos sintomas físicos e psicológicos vivenciados, através de mudanças na percepção e da construção de novos significados destes sintomas foram criados estes grupos em territórios distintos.

Dependendo do território aonde aconteça o grupo, as propostas de trabalho podem ser distintas. Podem ser apenas discussões sobre as problemáticas comuns (feminilidade, questões de gênero e saúde da mulher) bem como a produção de artesanato, neste caso o grupo tem conquistado autonomia, de forma que tomou a iniciativa de vender suas produções, compreendendo o trabalho como realização pessoal e meio para melhoria de vida, uma vez que possibilita a complementação da renda familiar.

• Orientações as “lavadeiras” sobre os cuidados com a saúde individual e coletiva

Esta ação é realizada em conjunto com a fisioterapia objetivando a reeducação postural, a prevenção de doenças

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decorrentes do trabalho, a preservação ambiental (água e lixo) e cuidados com a saúde psíquica em geral.

• Acompanhamento de crianças com paralisia cerebral e outras necessidades educativas especiais

Ação desenvolvida também, em parceria com a fisioterapia onde são realizados o cadastramento dessa clientela, a avaliação psicológica, o acompanhamento familiar e o encaminhamento para a rede de ensino regular do município.

• Acompanhamento do grupo de Terceira Idade

O psicólogo atua como investigador das principais demandas psicoafetivas do idoso no seu modo de vida familiar ‐ social‐comunitário e como facilitador dos grupos de convivência. • Inclusão do homem no Planejamento Familiar

Além de sensibilizar esta clientela para questões de saúde masculina e do planejamento familiar, o psicólogo busca, também, torná‐lo parceiro da equipe da ESF no enfrentamento dos agravos à saúde da mulher, da criança e do idoso. • Grupo de Gestantes

Orientações sobre cuidados com a saúde (psíquica) da mulher e da criança trabalhando temas relativos à gravidez, parto e puerpério, no intuito de desmistificar medos e tabus, informar e compartilhar experiências.

• Acompanhamento ao paciente da saúde mental Consulta‐conjunta com outros profissionais da equipe, triagem e facilitação do grupo de apoio à família, através de entrevistas realizadas na própria unidade ou de visitas domiciliares, onde se avalia a demanda específica de cada pessoa, de forma a otimizar a utilização dos serviços da rede (terapia comunitária, massoterapia, grupo de convivência, grupos de apoio). Dessa forma, é possível evitar sobrecarga desnecessária no CAPS.

• Acompanhamento sócio‐terapêutico dos portadores de hanseníase

Objetivando conhecer a realidade do cliente, compreendendo suas percepções e representações acerca da doença, do tratamento, das modificações na imagem corporal e no modo de vida familiar social‐comunitário.

Ações intersetoriais

• Mobilização para a Geração de Renda

A proposta tem como objetivo resgatar a capacidade da comunidade de se autogerir e transformar sua realidade econômica para assim alcançar melhor qualidade de vida.

Acontece em dois distritos distintos, e o grupo está em ambos formado por mulheres artesãs (tecelãs, bordadeiras ou que desenvolvem artigos com palha de carnaúba). Neste trabalho, vê‐se a possibilidade de viabilizar alternativas para a geração de renda e o desenvolvimento local mais sustentável a partir de novas alternativas de trabalho desencadeadas no território, fortalecer a vocação cultural e econômica da comunidade, compreender as vantagens que advirão da organização comunitária e da oferta de seus produtos no mercado, sem intermediários, além de buscar novos caminhos de enfrentamento aos desafios do desemprego.

Estas Ações são realizadas através da parceria/consultoria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Secretaria de Desenvolvimento Rural e Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Sobral.

• Facilitação de grupos com adolescentes e familiares que freqüentam o centro cultural e os encaminhados da UBS’s e das Escolas.

O psicólogo atua como facilitador dos grupos de jovens e de seus familiares, em parceria com a Secretaria de Cultura e Esporte do Município e ONG‘s , objetivando a promoção de hábitos de vida saudáveis, a valorização das potencialidades do jovem e a formação de uma consciência crítica‐social. • Formação de facilitadores para trabalho nas escolas sobre

sexualidade

Capacitação de profissionais para trabalhar nas escolas temas relativos a sexualidade, DST’s e gravidez precoce.

... o conhecimento se constrói a

partir da prática e da reflexão‐

ação‐teorização ...

... resgatar a capacidade da comunidade de se autogerir e transformar

sua realidade econômica para assim alcançar melhor qualidade de vida.

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• Acompanhamento às crianças de risco em parceria com a Pastoral da Criança

A pastoral da criança juntamente com o psicólogo e a equipe do ESF acompanham mensalmente o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças com quadros de desnutrição, Infecções Respiratórias Agudas (IRA‘s) e diarréia, como também, oportunizam encontros pedagógicos e terapêuticos com as famílias.

• Mobilização comunitária no combate ao mosquito da Dengue

Esta ação é desenvolvida juntamente com a Zoonose e outros profissionais da equipe de saúde, buscando uma maior conscientização da comunidade para o enfrentamento deste agravo à saúde. Para isto, o psicólogo vem mobilizando os conselhos locais de saúde, as lideranças comunitárias, associações e população em geral para a formação de uma frente social de combate à proliferação do mosquito da Dengue. • Parceria com o projeto de inclusão no ensino regular de

crianças portadoras de necessidades especiais e/ou com dificuldades de aprendizagem

Com o objetivo de contribuir no processo de inclusão, a equipe de psicologia vem oferecendo suporte para os professores de apoio pedagógico das escolas de seus territórios, através da avaliação e discussão de casos, bem como da orientação de pais e professores nos casos em que se faz necessário.

Construir o Fazer, o Saber e o Sentir do psicólogo na ESF em Sobral tem sido um grande e prazeroso desafio. O nosso fazer não se encerra neste relato, apenas abrimos o espaço para trocar experiências, descobrir, tentar, repensar e tentar novamente...sempre.

O movimento é crescimento, é saúde.

BIBLIOGRAFIA

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Construir o Fazer, o Saber e o

Sentir do psicólogo na ESF em

Sobral tem sido um grande e

prazeroso desafio.

Referências

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