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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO NO CONTEXTO DA AGRICULTURA FAMILIAR NO MUNICÍPIO DE UNISTALDA/RS

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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO NO CONTEXTO DA AGRICULTURA FAMILIAR NO MUNICÍPIO DE UNISTALDA/RS

VIANA, Andrio Sander Rodrigues - E.M.E.F. Marcos José Zanella1 andriosv@hotmail.com

LOPES, Nara de Fátima Martins - E.M.E.F.Marcos José Zanella2 naramartinslopes@gmail.com

RODRIGUES, Ricardo Antonio - IFF. Campus Jaguari3 ricardo.rodrigues@iffarroupilha.edu.br

RESUMO

Este trabalho apresenta a realidade da Educação do Campo no Município de Unistalda/RS, tendo como objetivo reforçar a importância da produção de alimentos provenientes da agricultura familiar no município, bem como propor a reflexão sobre a urgência da implementação de políticas públicas ligadas à Educação do Campo como modo de atender a realidade das famílias que aí vivem e trabalham. A utilização da terra na agricultura familiar no município, impõe a necessidade de uma educação voltada para o campo. A agricultura familiar caracteriza-se pela produção de alimentos em pequenas propriedades, utilizando como forma de trabalho a mão de obra constituída pelos membros da própria família, com exceções em casos de

1 Graduado em Geografia e História. Especialista em Metodologia do Ensino de História e Geografia. Licenciando em Educação do Campo: Ciências Agrárias e Pós-Graduando em Educação do Campo e Agroecologia pelo Instituto Federal Farroupilha – Campus Jaguari. E-mail: andriosv@hotmail.com. 2 Graduada em Letras Português/Espanho e respectivas literaturas. Especialista em Gestão Escolar. Licencianda em Educação do Campo: Ciências Agrárias e Pós-Graduanda em Educação do Campo e Agroecologia pelo Instituto Federal Farroupilha – Campus Jaguari. E-mail: naramartinslopes@gmail.com. 3 Licenciado em Filosofia. Especialista em metodologia do Ensino. Mestre, Doutor e Pós-Doutor em Filosofia. Professor do Instituto Federal Farroupilha – Campus Jaguari. Orientador. E-mail: rianro@gmail.com.

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cooperação entre as famílias de uma comunidade rural. No contexto brasileiro há uma sociedade de fortalecimento da agricultura familiar expressa por políticas públicas federais e estaduais. Aliado aos investimentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e ao programa de Municipalização da Alimentação Escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Espaço Agrário, Agricultura Familiar, Merenda Escolar.

INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo analisar a importância da agricultura familiar, as diversas formas de cultivo e produção no Município de Unistalda/RS, levando em conta a educação do campo como mola propulssora para a permanência e o desenvolvimento dessa prática aliada ao homem do campo. A metodologia utilizada para desenvolver este trabalho, pautou-se em uma pesquisa de campo. Os dados foram coletados através de conversas, buscas de informações com os agricultores familiares do município de Unistalda, visita às famílias de diferentes pontos do município, trabalho efetivo em uma escola do campo que implicou na observação, análise e interpretação da realidade local, e da leituras de textos em aulas e atividades ligadas ao curso de Licenciatura em Educação do Campo: Ciências Agrárias, do Instituto Federal Farroupilha – Campus Jaguari. O curso é oferecido na modalidade da Pedagogia da Alternância e exige diálogo entre o conceitual e a realidade.

Contextualização e Localização do Município de Unistalda/Rs

A pequena comunidade de Unistalda originou-se diretamente ligada a expansão das malhas ferroviárias na região. Quando foi instalado o Batalhão Ferroviário, tendo como comandante o General Horta Barbosa, durante os anos de 1935/36, que foi incumbido de coordenar a instalação da estação que serviria de ponto estratégico para a construção da estrada de ferro entre Santiago e São Borja. O nome do município é uma homenagem do referido general à própria mãe, que na oportunidade resolveu homenagear sua progenitora atribuindo à tal estação o nome de “Unistalda”. No entanto, índios provenientes das missões jesuíticas estariam entre os primeiros habitantes de Unistalda.

Índios catequizados pelos jesuítas espanhóis e portugueses teriam sido os primeiros a povoarem terras onde fica Unistalda. A pequena comunidade hoje conhecida como carneirinho, seria um dos primeiros pontos de passagem dos

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jesuítas. Posteriormente, a região foi sendo ocupada por pessoas de diferentes origens como portugueses, italianos, poloneses, alemães que muito contribuíram para o seu desenvolvimento.

No final do mês de maio do ano de 1938, esse pequeno povoado foi considerado Vila e foi lhe atribuído o nome de Unistalda. Mais tarde, Emiliano e Arcelina Loureiro doaram uma área de terra destinada à construção da futura Vila, para tal, a demarcação das terras para tal finalidade, já havia sido feita um ano antes. Em 29 de agosto de 1940, passou a ser 4º Distrito de Santiago, através do Ato nº 365 da Lei Municipal em vigor. A luz elétrica chegou em 1937 e no ano seguinte foi construída a estrada com asfalto que liga Santiago, Unistalda e São Borja BR 287. Nos anos seguintes vieram à telefonia e o posto de saúde.

Na metade dos anos 90, um grupo de líderes comunitários organizou-se e formou uma comissão de Emancipação para o Distrito. Depois de várias tentativas, em 28 de dezembro de 1995, conforme o Ato 01/95 Lei n.º 10.648, Unistalda foi elevado à categoria de cidade. Oficialmente, o Município foi reconhecido em 1º de janeiro de 1997, o primeiro prefeito foi o professor estadual Paulo Roberto Quadros (1997-2000). Dentre as principais culturas do município estão a Pecuária, Bovinos de Corte, leite, Agricultura, Milho, soja, Apicultura, Fruticultura, Cana-De-Açúcar. O Município de Unistalda está localizado entre a cidade de Santiago e São

Borja e a uma distância de 470 km de Porto Alegre, a altitude da sede é de 361 metros e a área total do município é de 602,389 km², sua principal atividade econômica é a agropecuária e sua população total é de 2.439 habitantes. No meio rural existem aproximadamente 300 propriedades rurais o tamanho varia de 01 hectare a 12 hectares por família. A Agricultura Familiar representa uma agricultura que conquistou seu espaço ela assegura condições do abastecimento de alimentos em quantidade diversificada e qualidade suficiente para garantir a segurança alimentar, possui capacidade de planejar de forma sustentável promovendo grande envolvimento de pessoas e de geração de emprego no campo, que permite contribuir de forma decisiva para a segurança alimentar do País.

A produção da Agricultura Familiar do município de Unistalda consegue abastecer as escolas municipais e estadual, e grande parte dos produtos são vendidos em feiras semanais na cidade para os moradores. Os produtos cultivados em sua maioria são feijão, mandioca, batata doce, milho, abobora, moranga, moranguinho, temperos verdes, repolho, couve-flor, brócolis, almeirão, cenoura, alface, beterraba, ervilha, amendoim.

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O Município de Unistalda está localizado no estado do Rio Grande do Sul ficando entre os municípios de Santiago, São Borja, Itacurubi, Maçambara.

A Agricultura Familiar como Forma de Subsistência Aliada a Promoção Humana

Agricultura familiar destaca-se como uma forma de vida de milhares de homens e mulheres que resistem ao longo do tempo. Portanto todos os integrantes da família buscam cooperar com seus esforços aliado a um trabalho com subsistência digna agregando valor econômico e substancial em seus rendimentos. Segundo Abramovay (1998), agricultura familiar é aquela em que a gestão, a propriedade e a maior parte do trabalho vêm de indivíduos que entre si se unem por laços de sangue ou de casamento.

A situação em que se expressa a agricultura familiar na atualidade, no caso brasileiro, é resultado de um processo histórico iniciado a partir da colonização, sendo influenciada principalmente pelos acontecimentos políticos, econômicos e sociais dos últimos séculos e principalmente das últimas décadas. A respeito disso Lamarche, considerando um quadro mais amplo, disserta que “Evidentemente a exploração familiar tem passado também por profundas transformações nestas últimas décadas, todavia foi bastante afetada pelo caráter ‘conservador’ da modernização agrícola: discriminatório, parcial e incompleto” (LAMARCHE, 1997, p.184)

Os poderes econômico, social e político tem uma forte influência nas questões pertinentes a agricultura, isso muito contribuiu para o exôdo rural e o avanço da monocultura, ficando a agricultura familiar desasistida. Dessa forma a agricultura familiar surge como uma forma de produção alternativa sendo que esta sobrevive ocupando pequenas extensões de terra, e é destinada a produção de alimentos, em grande parte para o consumo familiar. A agricultura se libertou a partir

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das lutas dos movimentos sociais em busca de direitos e valores, de forma coletiva de um povo que não era reconhecido na sociedade, os mesmos buscam em suas práticas o seu reconhecimento e a Soberania Alimentar de forma sustentável.

No município de UNISTALDA-RS, a agricultura familiar sempre foi realidade muito forte, muito embora sem essa convicção conceitual. Essa conceituação implica numa nova forma de relação com o ambiente e com a cultura, implica na responsabilidade com os outros, e não apenas na produção com o sentido econômico. Isso se aplica principalmente aos cuidados com os produtos cultivados, diversas famílias sobreviveram a vida toda com plantio e venda dos mais diversos produtos, e que aos poucos vão inserindo novas teorias e novas práticas aos seus cultivares.

A agricultura familiar tem uma importância muito significativa para o município de Unistalda pois, a maioria das pessoas se detém a essa forma de subsistência, as mesmas conseguem unir ainda mais os laços das famílias, vizinhos e comunidades em geral, pois na grande maioria das propriedades tem a família inteira envolvida na agricultura familiar. Com o passar do tempo houve algumas mudanças como; os Agricultores Familiares tiveram que se reciclar buscar formas inovadas de cultivar certos produtos pelas diversas questões sejam elas de mercado ou climáticas. Com as políticas públicas o Agricultor Familiar teve um maior incentivo coma lei sancionada em junho de 2009. A Lei Nº 11.947 determina que no mínimo 30% da merenda escolar seja adquirida diretamente de agricultores familiares. Os recursos são do FNDE (Fundo de Desenvolvimento da Educação), repassados ao PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que por sua vez abrange todas as escolas publicas.

No município muitos agricultores familiares entregam produtos nas escolas a partir Programa da Merenda Escolar. Como exemplo usarei uma propriedade de 11 hectares onde trabalham um casal de agricultores e quatro filhos, os mesmos sobrevivem dos produtos cultivados e de animais que criam em seu pequeno pedaço de terra. Produtos Cultivados: Feijão, mandioca, batata doce, milho, cana, abobora, moranga, cenoura, beterraba, alface, tomate, moranguinho, repolho, ervilha, amendoim, tomate.

Produção e Valores

Os produtos cultivados a partir da agricultura da familiar são de extrema importância para a promoção dos agricultores, sendo que os mesmos produzem alimentos livres de agrotóxicos, sendo sustentáveis a partir de suas práticas colaborando com o meio ao qual estão inseridos, tendo valor agregado ao seu

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próprio produto e o seu trabalho. Produtos e valores; ovos R$-3,00 a dúzia, galinha R$ 20,00, queijo R$ 12,00 kg, leite R$ 3,00 lt, alfafa R$ 1,50 kg, beterraba R$ 3,00 kg, alface 1,50 o pé, repolho 2,00 kg, cebola R$ 3,00 kg, alho R$ 7,00 kg. Nesta propriedade a terra é arada a boi e arado e a renda mensal da família com a Agricultura Familiar é de R$ 820,00 mensais.

Segundo um agricultor que visitamos, a agricultura familiar junto ao Programa da merenda escolar as famílias têm a renda familiar garantida, e segundo a Lei nº 11.947, as escolas devem adquirir 30% da merenda escolar da agricultura familiar e como o município de Unistada/RS tem três escolas tendo um total de 780 alunos, os produtos vendidos para as escolas rendem um bom recurso financeiro e isso tranquiliza os agricultores, pois em termos de renda, a produção familiar só tem sentido se houver retorno garantido, e essa política pública da merenda, mudou muito o cenário, segundo essa família de agricultores.

Com a agricultura familiar há a possibilidade de produção e acesso a alimentos saudáveis sem agrotóxicos como: beterraba, alface, feijão, milho, rúcula, almeirão, batata doce, mandioca, repolho, enfim, temos inevitavelmente nessa política um duplo ganho, a renda familiar como estímulo à produção de alimentos e mais alimentos saudáveis compondo as refeições das crianças nas escolas e das famílias. Em termos econômicos isso representa um grande salto, já que alimentação saudável é um dos modos privilegiados da prevenção de inúmeras doenças.

A Urgência de uma Educação Voltada para o Campo

Partindo da realidade de nosso município, baseada na agricultura familiar, precisamos refletir sobre a necessidade de um olhar mais cuidadoso sobre a educação de quem vive e trabalha no campo. Se por um lado as políticas públicas como a da merenda escolar estimula a produção de alimentos saudáveis, gera renda para as famílias e acesso aos alimentos de qualidade, precisamos aprimorar e ampliar a gestão da Educação do Campo como modo de assegurar vida plena, cidadania e acesso ao saber àquelas pessoas que aí vivem.

Não entendemos que o acesso à Educação do Campo seja um favor do estado, ou como algo que necessariamente vai acontecer de modo automático, assim como a luta e as conquistas pela Educação do Campo derivam da iniciativa dos movimentos sociais, conforme nos alerta, Escrivão Filho (2012, p. 215)

Segundo o filósofo Enrique Dussel: (2007), os direitos humanos refletem as conquistas históricas da consciência política de um povo. De fato,

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assim como a resistência indígena, quilombola e camponesa no passado, as ocupações de terras indicam que hoje a consciência política dos movimentos sociais de sem-terra, indígenas e quilombolas estão à frente do próprio Estado – na verdade, à frente da consciência política dos agentes que historicamente ocupam o Estado brasileiro. Todos os direitos humanos reconhecidos pelos Estados resultaram da luta, manifestação e pressão populares (ver Comparato, 2003; Lyra Filho, 1995).

Precisamos manter um olhar atento à realidade e as demandas das pessoas que constituem a realidade do campo. E não apenas devemos reconhecer isso, porque o acesso à educação de qualidade a quem vive no campo não é uma realidade ainda, e não pode ser vista como concessão de privilégio, mas acesso ao que é de direito, com toda a legitimidade conforme nos alerta Sérgio Haddad (2012, p. 217).

Conceber a educação como direito humano significa incluí-la entre os direitos necessários à realização da dignidade humana plena. Assim, dizer que algo é um direito humano é dizer que ele deve ser garantido a todos os seres humanos, independentemente de qualquer condição pessoal. Esse é o caso da educação, reconhecida como direito de todos após diversas lutas sociais, posto que por muito tempo foi tratada como privilégio de poucos. Por meio da educação, são acessados os bens culturais, assim como normas, comportamentos e habilidades construídos e consolidados ao longo da história da humanidade. Tal direito está ligado a características muito caras à espécie humana: a vocação de produzir conhecimentos, de pensar sobre sua própria prática, de utilizar os bens naturais para seus fins e de se organizar socialmente.

' Não concebemos o aceso à Educação do Campo como um privilégio, mas como direito humano irrevogável, pois não podemos esmorecer nesse momento histórico, onde as pessoas estão começando ter acesso ao entendimento de seus direitos, e consequentemente facilita a compreensão e prática de seus deveres como cidadãos livres e dignos.

A educação de qualidade entendida não apenas como a efetivação da escola, mas espaços também não formais que permitam o desenvolvimento pleno das pessoas que vivem e trabalham no campo. No entendimento de Haddad, In Caldart, 2012, p. 217:

A educação é um elemento fundamental para a realização dessas características. Não apenas a educação escolar, mas a educação no seu sentido amplo, a educação pensada como uma ação humana geral, o que implica a educação escolar, mas não se basta nela, porque o processo educativo começa com o nascimento e termina apenas no momento da morte. A educação pode ocorrer no âmbito familiar, na comunidade, no trabalho, junto com amigos, nas igrejas etc. Os processos educativos permeiam a vida das pessoas. Os sistemas

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escolares são parte desse processo e, neles, algumas aprendizagens básicas são desenvolvidas.

Não podemos punir as pessoas que vivem no campo, e que no caso supracitado, possuem um papel fundamental na sociedade, a viverem alheias ao processo cultural e científico do mundo, a ficarem isoladas nos meios e acessos às informações suficientes e necessárias para uma vida digna e plena.

O acesso à Educação do Campo é uma urgência para a realidade de nosso município. Não apenas para evitar o êxodo rural, por causa da produção de alimentos, mas porque é direito fundamental das pessoas terem acesso à educação no meio em que vivem. Sem ter que abrir mão de seus valores, referências, convivência comunitária e familiar. Pretendemos aos poucos constituirmos em nosso município núcleos de estudo, cursos de formação em parceria com o Instituto Federal Farroupilha e outras Instituições, momentos de reflexão, eventos e atividades técnico-científicas que possam viabilizar a Educação do Campo como estratégia de promoção do respeito às diferenças, de pluralidade de ideias e concepções de educação, conforme sugere Arroyo (2012, p. 231):

O projeto de campo e de Educação do Campo traz a marca histórica da participação da diversidade de coletivos e de movimentos, diversidade que o enriquece e lhe confere maior radicalidade político-pedagógica. Como explorar essa riqueza político-pedagógica no projeto educativo do campo, nos currículos de formação e de educação básica, na pedagogia dos movimentos? Um dos caminhos é aprofundar a contribuição dos coletivos diversos na conformação dos princípios-matrizes formadores da Educação do Campo destacados nas análises.

O projeto de Educação do Campo tanto em âmbito federal, estadual e municipal, está por ser construído, tendo em vista que não temos uma política pública voltada para esse segmento. A Educação do Campo como já dito é uma conquista dos movimentos sociais que precisa ser assumida como convicção do estado, com formação específica, custeio, concursos, enfim com ações que possam dar garantia plena de acesso à educação de qualidade aos que vivem no campo. De nossa parte pretendemos fomentar reflexões como estas, propor novos

caminhos a partir de novas concepções de aprendizagem e abordagens do ensino. Não queremos apenas uma modalidade de ensino voltada para o campo, queremos constituir centros de referências de pesquisa e ações voltadas à realidade do campo. Para que não apenas estimulemos as pessoas a viverem e trabalharem no campo, e sim que lá possam ter chances de participar mais efetivamente da

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constituição do seu ser cidadão, no sentido amplo e estrito, participando ativamente da construção das decisões que lhe dizem respeito.

Na condição de pesquisadores em Educação do Campo queremos levar adiante um projeto maior, conforme alerta Arroyo, 2012, in Caldart, p. 236.

Esse pode ser um campo de pesquisas, análises e interações entre os diversos movimentos, sobretudo nos cursos de Pedagogia da Terra e de Formação de Professores, assim como nos projetos e encontros de pesquisa sobre Educação do Campo. Outro caminho será introduzir, nos currículos de formação de educadores, dirigentes e militantes, a história da construção dos diferentes em desiguais ou a história da construção racista ou sexista dos padrões de poder, de conhecimento, de dominação e opressão, de trabalho e de apropriação-expropriação da terra e da produção tão determinantes e persistentes em nossa história. A especificidade de nossa formação social e política na história da dominação e da opressão do trabalho e da terra merece destaque nos currículos de formação e de educação básica.

Assumimos aqui o desafio de pensar conceitualmente as nuances e implicações de um projeto maior de Educação do Campo, voltada a nossa realidade. Não queremos apenas a implantação de políticas públicas ligadas à Educação do Campo, sim num primeiro momento, mas gradativamente buscaremos ampliar essa realidade, constituindo grupos de reflexão, estudo e formação permanente para dar conta de todas as demandas atinentes ao processo complexo que é levar educação de qualidade, em todos os sentidos, para quem vive e trabalha no campo.

RESULTADOS

De acordo com o trabalho realizado percebi que houve muitos avanços com relação a agricultura familiar, a partir dos questionamentos pudemos perceber o quanto os agricultores evoluiram em suas práticas. A educação do campo tem forte influência nas culturas locais, valorizando os sujeitos do campo para que os mesmos consigam se promover de forma crítica com sustentabilidade.

CONCLUSÕES

Constata-se que a agricultura familiar é de extrema importância para o resgate e valorização das singularidades identitárias promovendo a permanência do homem no campo, contribuindo para intensificação da economia local e os anseios da comunidade através das diversas atividades campesinas decorrentes das variedades dos produtos cultivados. Para o município de Unistalda/RS a agricultura

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familiar é um meio sustentável que oportuniza bem-estar social e econômico através da geração de renda.

No entanto, queremos inserir nessa convicção, a importância socioeconômica da agricultura familiar, a necessidade de um cuidado com a sustentabilidade sociocultural e socioambiental de nosso município. Nesse sentido, convém pensarmos e aos poucos intensificarmos políticas de acesso, estudo e aprimoramento da Educação do Campo como condição de possibilidade para a melhoria gradativa da vida e da dignidade de quem mora no campo.

REFERÊNCIAS

ARROYO, M. Dicionário da Educação do Campo. / Organizado por Roseli Salete Caldart, Isabel Brasil Pereira, Paulo Alentejano e Gaudêncio Frigotto. – Rio de Janeiro, São Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Educação como Cultura. São Paulo: Editora Brasiliense, 1995.

CALDART, Roseli Salete. Pedagogia do Movimento Sem Terra – 3ª Ed. – São Paulo: Expresso Popular, 2004.

_______. Dicionário da Educação do Campo. / Organizado por Roseli Salete Caldart, Isabel Brasil Pereira, Paulo Alentejano e Gaudêncio Frigotto. – Rio de Janeiro, São Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012.

ESCRIVÃO FILHO, A. Dicionário da Educação do Campo. / Organizado por Roseli Salete Caldart, Isabel Brasil Pereira, Paulo Alentejano e Gaudêncio Frigotto. – Rio de Janeiro, São Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012.

HADDAD, S. Dicionário da Educação do Campo. / Organizado por Roseli Salete Caldart, Isabel Brasil Pereira, Paulo Alentejano e Gaudêncio Frigotto. – Rio de Janeiro, São Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012.

LAMARCHE, Eughes. A agricultura familiar: comparação internacional. Campinas: Unicamp, 1997. 2.ed.

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