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Fatores Reais Do Poder Versus força Jurídico- Normativa Da Constituição : Articulações Entre Os Pensamentos De Konrad Hesse E Ferdinand Lassale

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Academic year: 2021

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“Fatores Reais Do Poder” Versus “força

Jurídico-Normativa Da Constituição”: Articulações Entre Os

Pensamentos De Konrad Hesse E Ferdinand Lassale

Adriano F. Barbosa

Bacharel em Direito, pós-graduando em Direito Constitucional Aplicado, pela Universidade Gama Filho.

Confrontar e articular o pensamento de Ferdinand Lassale com o de Konrad Hesse é um exercício intelectual que pressupõe, em um primeiro momento, isentar-se das paixões ideológicas que insistem em permear o espírito do zoon

politikum, uma vez que referidas paixões são como "pontos cegos" que desvirtuam

os fatos existentes em uma determinada realidade jurídico-social.

Dito isto, resta extrair os pontos fundamentais dos pensadores acerca do assunto e logo em seguida, identificar suas contradições e seus pontos em comum na tentativa de articular suas concordâncias na realidade constitucional pós-moderna. Ferdinand Lassale ao explicar o que é uma CONSTITUIÇÃO, no sentido literal da palavra, inicia-se com a seguinte indagação: "Que é uma constituição? Onde

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Distanciando-se do conceito lógico-formal do direito, o autor busca fundamentar sua tese afirmando que, as existências de uma CONSTITUIÇÃO pressupõem aspectos que são inerentes apenas a este tipo de lei, quais sejam:

· 1 - Que seja uma lei básica, mais do que as outras comuns, que seja

"fundamental";

· 2 - Que constitua o verdadeiro fundamento das outras leis, devendo informar e engendrar as outras leis comuns originárias da mesma, atuando e irradiando através da lei comum;

· 3 - Que exista porque necessariamente deva existir, que tenha força de eficácia para que seu conteúdo seja assim e não de outro modo.

Superada esta fase, Lassale, constrói seu pensamento constatando que os aspectos de uma CONSTITUIÇÃO FORMAL, necessariamente devem se adequar aos FATORES REAIS DO PODER, que podem ser conceituados como as correlações de forças existentes no Estado, representados pelo Monarca que controla o exército,pela aristocracia detentora das grandes propriedades de terras e com forte ligação com o monarca, a grande burguesia detentora do capital, a pequena burguesia que não permitiria em hipótese alguma, ter sua liberdade individual cerceada e ainda a consciência geral e a cultura.

Para Lassale, estas forças ativas que impulsionam, ou melhor, que vão orientar a formatação do Estado em determinada realidade, estão em constantes confrontos, e nestes, a força ativa vencedora estrutura seus interesses nos moldes de uma Constituição, contendo todos os aspectos acima mencionados.

Estes interesses, uma vez consolidados, estruturam a ordem econômica, política e social, sob o prisma de LEI FUNDAMENTAL, ou LEX-MAIOR ou ainda CONSTUIÇÃO.

Entretanto, Lassale afirma que se houverem mudanças complexas que alterem

OS FATORES REAIS DO PODER, ou seja, se houver confrontos entre as forças

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CONSTITUIÇÃO JURIDICA não prevalece para assegurar a ordem vigente, uma vez que os escritos insculpidos sob á égide da Lei Fundamental vigente só existem para legitimar os interesses das forças controladoras do Estado.

Verifica-se desta forma que, estas forças ativas são partes da constituição e como conseqüência, são estruturas edificantes da organização do Estado. A CONSTITUIÇÃO JURÍDICA deve adequar-se à CONSTITUIÇÃO REAL, sob pena daquela, ser peremptoriamente revogada.

Nesta linha, uma CONSTITUIÇÃO ESCRITA para ser considerada boa e

duradoura, quando corresponder à CONSSTITUIÇÃO REAL e tiver seus fundamentos nos fatores reais do poder que regem um país.

Lassale acredita ainda que o problema CONSTITUCIONAL é um problema especificamente de PODER, conforme se depreende de seu comentário:

· "Os problemas constitucionais não são problemas de direito, mas do poder;

a verdadeira Constituição de um país somente tem por base os fatores reais e efetivos do poder que naquele país regem, e as Constituições escritas não têm valor nem são duráveis a não ser que exprimam fielmente os fatores do poder que imperam na realidade social: eis os critérios fundamentais que devemos sempre lembrar."

Konrad Hesse contrapondo a Lassale, naquilo que ele denomina de negação do direito constitucional, compreende que, na verdade, não há como negar a força normativa da Constituição e em contrapartida, também é impossível compreender esta, sem levar em consideração os fatores reais do poder.

· "Afigura-se justificada a negação do Direito Constitucional, e a conseqüente negação do próprio valor da Teoria Geral do Estado enquanto ciência, se a constituição jurídica expressa, efetivamente, uma momentânea constelação de poder. Ao contrário, essa doutrina afigura-se desprovida de fundamento

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se se puder admitir que a Constituição contém, ainda que de forma limitada, uma força própria, motivadora e ordenadora da vida do Estado. A questão que se apresenta diz respeito à força normativa da Constituição."

Hesse compreende que a CONSTITUIÇÃO por si só, nada pode realizar, contudo, não dissocia a Constituição da realidade político social, na verdade o que ele compreende, é que, os fatores reais do poder não direcionam a CONSTITUIÇÃO JURÍDICA, obtendo sobre ela uma relação de hierarquia.

Desta forma, constata-se que a essência do pensamento de Hesse, acerca deste confronto com Lassale, está relacionada com o "condicionamento recíproco

existente entre a Constituição jurídica e a realidade político-social."

Hesse ainda define os aspectos que fazem da Constituição obter a força normativo-jurídica:

· (i) a compreensão da necessidade e do valor de uma ordem normativa inquebrantável, que proteja o Estado contra o arbítrio;

· (ii) a compreensão de que esta ordem constituída é mais do que uma ordem legitimada pelos fatos e, por fim,

· (iii) na consciência de que essa ordem não será eficaz sem a presença da vontade humana.

Além destes aspectos, Hesse acredita que a Constituição deve estar eivada do define como importante do o "estado espiritual" do seu tempo, concordando aqui com Lassale, quando este diz que, para a Folha de Papel estar em consonância com a CONSTITUIÇÃO REAL, deverá situar os fatores reais do poder a contexto histórico destes mesmos fatores.

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· "Nenhum poder do mundo, nem mesmo a Constituição, pode alterar as condicionantes naturais. Tudo depende, portanto, e que se conforme a Constituição a esses limites. Se os pressupostos da força normativa encontrarem correspondência na Constituição, se as forças em condições de violá-la ou de alterá-la mostrarem-se dispostas a render-lhe homenagem, se, também em tempos difíceis, a Constituição lograr preservar a sua força normativa, então ela configura verdadeira força viva capaz de proteger a vida do Estado contra as desmedidas investidas do arbítrio. Não é, portanto, em tempos tranqüilos e felizes que a Constituição normativa vê-se submetida à sua prova de força. Em verdade, esta prova dá-se nas situações de emergência, nos tempos de necessidade. "

Disponível em:

http://www.artigonal.com/direito-artigos/fatores-reais-do-poder-versus-forca- juridico-normativa-da-constituicao-articulacoes-entre-os-pensamentos-de-konrad-hesse-e-ferdinand-lassale-860245.html

Referências

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