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Excelentíssimo (a) Senhor (a) Desembargador (a) Presidente Deoclécia Amorelli Dias, Ilustre Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região

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Excelentíssimo (a) Senhor (a) Desembargador (a) Presidente Deoclécia Amorelli Dias, Ilustre Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região

Processo número: 0001573-50.2012.5.03.0000 DC

Suscitante: Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG e outras (1)

Suscitado: Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energetica de Minas Gerais - SINDIELETRO/MG e outros (1)

SENGE (Sindicato dos Engenheiros no Estado de Minas Gerais), vem mui respeitosamente apresentar a Vossa Excelência MEMORIAIS, nos autos do Dissídio Coletivo de Natureza Econômica, ajuizado pela COMPANHIA ENÉRGETICA DE MINAS GERAIS – CEMIG, CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S.A. e CEMIG DISTRIBUIÇÃO S.A. pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

I - DOS FATOS

O Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais serve-se deste Memorial para detalhar alguns pontos da pauta enviada

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pelos sindicatos à Cemig, buscando melhor esclarecer e subsidiar a análise do caso por este Tribunal.

Cumpre-nos ressaltar que as entidades sindicais, conforme já explicitado na audiência de conciliação realizada em 16 de novembro do corrente ano tem sérias divergências com a empresa no que diz respeito ao entendimento dos verdadeiros impactos a serem causados pela Medida Provisória 579.

Não por outro motivo, foi solicitado pelo SENGE, naquele momento – solicitação essa desconsiderada de plano - que a empresa, em vez de simplesmente utilizar uma retórica alarmista sem fundamentação contábil, mostre com fatos, dados e números os eventuais impactos da referida medida. Cremos tratar-se de uma iniciativa que em muito pode facilitar a compreensão, bem como a avaliação real da extensão dos efeitos da Medida Provisória ora em análise e debate no Congresso Nacional.

Da mesma forma, cremos que cabe um esclarecimento oficial da empresa Suscitante a respeito do pagamento, por parte do Estado de Minas Gerais a esta, de uma dívida no montante aproximado de R$ 3,6 bilhões de reais (Balanço 3º Trim/2012 Cemig), valor este que – certamente - suplanta em muito o eventual (conforme declarado) problema financeiro que a empresa possa vir a ter no caso de uma também eventual aprovação da Medida Provisória em condições não satisfatórias para a mesma.

Por conseguinte, deixou-nos estupefatos e causou-nos extremo mal estar a declaração dada pela suscitante quando, em audiência de conciliação deste Dissídio, referiu-se à impossibilidade de incluir no acordo coletivo, ora em renegociação, a estabilidade no emprego para todos empregados, alegando “que esta medida tem custos para a empresa”.

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Ora, isso demonstra, nas entrelinhas, que a Suscitante pretende - sim - demitir empregados em 2013, uma vez que, se o gasto com pessoal é constante (considerado o reajuste a ser renegociado), a manutenção dos empregos não pode ser tomada como custo adicional, a não ser que a empresa vislumbre como “custo” a eventual perda de um “lucro” a ser obtido com a redução da folha de pagamento através de demissões.

Em verdade, se essa redução na folha não se materializar, o “ganho” deixa de existir, e somente com esse raciocínio enviesado podemos traduzir e lamentar profundamente o posicionamento da suscitante manifestado na audiência de conciliação.

Excelência, a estabilidade no emprego para os cerca de 8 (oito) mil empregados passa, em nosso modesto ponto de vista, a ser ponto fundamental na estratégia de recuperação da Suscitante a partir dos efeitos da Medida Provisória, sejam eles quais forem.

Não se concebe que a Cemig, ora Suscitante, caso tenha que reinventar, remodelar, ajustar e implementar novos processos internos para se adequar à uma nova realidade, abra mão de pessoal qualificado, treinado, simplesmente para reduzir custos. Assim, indaga-se: Qual será, no caso de demissões, a força de trabalho que permanecerá e construirá a “nova Cemig” pós Medida Provisória?

Certamente, não serão novos quadros próprios – e muito menos terceirizados – contratados a valores inferiores que aqueles pagos aos empregados ativos, uma vez que é notório para todos que a especificidade da atividade da Cemig requer que novos empregados passem por um tempo de maturação de, no mínimo, três ou quatro anos, em média, antes que possam passar a efetivamente produzir os frutos de seu trabalho.

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Infelizmente, Excelência, não existe “curso para trabalhar na Cemig”. Isso só se aprende lá dentro, no dia a dia; portanto, uma eventual redução na força de trabalho da empresa, ora Suscitante (conforme sugere a fala do representante da Cemig) terá impacto direto e imediato na eficiência da mesma, quer seja operacional quer seja financeira.

Por outro lado, também falta lógica e humanidade a um raciocínio que, conforme já dito, busca preservar os níveis de repasse de dividendos da Suscitante, jogando nos ombros dos empregados os eventuais ônus de uma perda de faturamento.

Parece-nos que a estratégia da empresa Suscitante é “se diminuir o lucro total, vamos reduzir a despesa com empregados e manter a receita de nossos acionistas”. Em verdade, isso pode ser facilmente constatado pelas palavras do Diretor Financeiro da Suscitada em entrevista ao jornal Valor Econômico, quando o mesmo diz que “vai à guerra pelos acionistas”.

É inconcebível, Excelência, que a empresa, no ano em que apresentará o maior lucro de sua história (tendo sido já registrados cerca de R$ 2,17 bilhões até o terceiro trimestre) resolva, de certa forma, “punir” aqueles que são efetivamente responsáveis por esse lucro; Isso por que, se de um lado temos a estratégia empresarial e as diretrizes do Conselho de Administração a definir os rumos que a empresa deve buscar para sempre ter mais e mais lucro, não se pode esquecer que são os empregados que efetivamente colocam essas engrenagens em funcionamento.

Assim, indaga-se: Por que então não reconhecer o valor dos empregados?

Outra questão importante a ser debatida é o aumento real, hipótese também importante para as entidades sindicais.

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Apenas a título de informação, mesmo em 2009, ano de crise global que afetou diversos setores econômicos do Brasil, 78% dos acordos coletivos no Brasil (Nota Técnica Dieese nº 83/2009) registraram reajustes salariais com aumento real.

Conforme já mencionado, há divergências entre a Cemig e as entidades sindicais sobre o verdadeiro impacto da Medida Provisória que poderia ser tratada, apenas a título de ilustração e sujeita a correções, como uma situação análoga à da crise daquele ano.

A própria Suscitante vem praticando aumento real nos últimos 4 (quatro) anos, e que registram uma média de 1,13%/ano, totalizando 4,6% desde 2008. O aumento real, como é de conhecimento de V. Excelência, é um mecanismo de defesa da remuneração e, mais, é um mecanismo de valorização da força do trabalho, na medida em que teoricamente reajusta o valor nominal dos salários.

Entretanto, temos alguns pontos específicos dos engenheiros para os quais solicitamos a atenção de V. Exa.

II – INCLUSÃO DOS NÍVEIS MASTER I E MASTER II NO ORDENAMENTO NATURAL DA CARREIRA DOS ENGENHEIROS E DEMAIS NÍVEIS SUPERIORES

Sobre o tema em apreço, cabe-nos ressaltar que outro ponto da pauta de reivindicações do qual o SENGE discorda das demais entidades diz respeito ao percentual da folha de pagamento a ser utilizado para promoções, hoje fixado em 1,2%.

O SENGE, enquanto entidade autônoma interessada na defesa dos interesses dos engenheiros, e também dos demais empregados da empresa Suscitante, como um todo, entende, com a devida vênia, que esse valor deve ser aumentado para 4%, e não reduzido e muito menos extinto.

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É necessário fazer essa observação para que V.Excelência possa entender as reivindicações do Sindicato de Engenheiros de Minas Gerais.

Isto posto, gostaríamos de explicar em termos básicos as reivindicações dos engenheiros, conforme segue, abaixo.

No momento, os profissionais de nível superior estão enquadrados, dentro do PNU (Plano de Nível Universitário), em níveis que vão de Júnior a Sênior II, passando por Profissional, Proficiente e Senior I.

Faz-se mister ressaltar que os níveis Master I e Master II não fazem parte da ascensão natural da carreira, uma vez que foram criados em passado recente apenas para acomodar profissionais que deixaram de ter nível gerencial, mas que possuíam remuneração já acima do nível máximo da carreira de PNU. Após essa acomodação, não houveram mais nomeações para Master I e Master II.

O fato é que existe um grande número de profissionais de nível superior dentro da empresa que já alcançaram (e aí sim, utilizando parcelas do percentual atual de 1,2% da folha de pagamento) o nível Senior II. Esses profissionais chegaram ao final da carreira só restando como ascensão a eventual promoção para um cargo gerencial, fato que, obviamente, não acontece com todos até pelo número de cargos desse nível disponíveis.

Note, Excelência, que não estamos nos referindo apenas aos profissionais antigos com nível superior, vez que há engenheiros com dez ou menos anos de Cemig que já alcançaram o nível Senior II.

O fato é que, caso esse nível seja criado, o horizonte profissional de muitos profissionais de nível superior se reabre, passando estes a pretenderem novas promoções, utilizando-se o percentual de 4%, conforme solicitado pelo Senge, ou de 1,2%, conforme regras atuais,

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juntamente com todos os demais empregados da empresa, de todos os níveis e categorias, dentro de regras já pré-estabelecidas, do conhecimento de todos e já em aplicação há alguns anos.

Torna-se evidente, V.Exa. que essa reivindicação dos engenheiros não gera custos adicionais.

O percentual da folha a ser distribuído existe; o que não existe é a possibilidade de centenas de engenheiros se habilitarem a ele.

II – INCLUSÃO DO SALÁRIO MÍNIMO PROFISSIONAL NO ACORDO COLETIVO DE TRABALHO

Como é do conhecimento de V.Excelência., a Lei 4.950-A prevê que os engenheiros devem perceber, no mínimo, o valor de 8,5 Salários Mínimos / mês por uma jornada de 8 horas.

A dificuldade que se vislumbra no caso, entretanto, é que esse cumprimento é feito, pela Suscitante, através de “Extra Acordo”, não estando o Salário Mínimo Profissional incluído no escopo do ACT.

Essa renovação através de Extra Acordo vem se tornando, além de um complicador, um fator de desequilíbrio em nossas negociações salariais a cada ano.

À medida em que a Cemig dificulta (embora ao fim e ao cabo sempre conceda) a renovação desse Extra Acordo, muitas vezes outras reivindicações de engenheiros são “esquecidas” ou relevadas a segundo plano em função da renovação do referido instrumento.

Acreditamos que a inserção do Salário Mínimo Profissional do Engenheiro no ACT possa trazer mais transparência e legitimidade ao processo negocial, fazendo com que a empresa efetivamente negocie outras cláusulas importantes para a categoria.

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Mais uma vez, Exa., faz-se importante destacar que essa cláusula não gera custos adicionais, uma vez que se trata de benefício já implantado.

III – IMPLANTAÇÃO DA COORDENAÇÃO TÉCNICA

É fato notório que a empresa Suscitante promoveu, nos últimos anos, um “enxugamento” em seus quadros gerenciais, isto é, se antes a carreira gerencial na empresa começava com o cargo de Chefe de Divisão, e em seguida Chefe de Departamento e Superintendente, a realidade é que hoje não mais existe o Chefe de Divisão, tendo sido a nomenclatura “Chefe de Departamento” substituída por “Gerente” e mantido inalterado o status “Superintendente”.

A propósito, só para esclarecimento, alguns antigos Chefes de Divisão que não lograram ser promovidos a Gerentes são justamente aquelas pessoas que hoje estão alocadas nos cargos Master I e Master II.

Em decorrência desse fato, existem hoje dezenas de Gerências espalhadas por todo estado, sendo que esses Gerentes não possuem um imediato oficial. Entretanto, e considerando que a maioria dessas Gerências têm dezenas (ou até mais de uma centena) de empregados; equipes multi-funcionais; núcleos descentralizados e tarefas extremamente complexas sob o ponto de vista técnico e administrativo, todos os Gerentes possuem um imediato – normalmente um engenheiro, mas também outros profissionais de nível superior – não oficial. Essa pessoa é o que se pode chamar de “braço direito” do Gerente, tanto pela capacidade técnica quanto pela dificuldade de apenas uma pessoa gerenciar uma estrutura como a citada.

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Informalmente (até pelo fato de não ter sido implantada a metodologia) chamamos essa pessoa de Coordenador Técnico ou Líder Funcional.

Pois bem, o fato é que essa pessoa, em que pese o acúmulo de responsabilidades, não tem nenhum tipo de gratificação ou remuneração adicional por isso. Desnecessário dizer que, embora tenha que ser ressaltado o profissionalismo dos empregados da Cemig, ora suscitante, tal situação é motivo de muita insatisfação e revolta, notadamente por parte de engenheiros.

A empresa Suscitante reconhece essa situação, tanto é que assinou conhecido “Extra Acordo” em 2011, com a chancela do Diretor de Gestão Empresarial (anexo), propondo um Grupo de Trabalho para discutir e resolver a questão até abril de 2012.

Participamos de diversas reuniões a respeito; demos sugestões (que aparentemente foram bem recebidas pela empresa); interagimos com a Superintendência de Recursos Humanos, e em julho, entendemos ter chegado a uma formatação interessante, flexível e justa para resolver a questão.

Embora não nos tenha sido mostrado o desenho final dessa construção coletiva, a Superintendência de Recursos Humanos avançou à etapa seguinte, que seria o de estimar o impacto financeiro da medida. É importante deixar claro que este impacto financeiro pode ser maior ou menor de acordo com os parâmetros a serem utilizados, motivo pelo qual citei a flexibilidade da proposta.

Grande foi a nossa surpresa, no final de agosto de 2012, quando recebemos dessa Superintendência a informação de que a metodologia não seria implantada, em função dos custos decorrentes da mesma. Simplesmente isso. Nada mais foi dito, e o assunto mais uma

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vez foi relegado a segundo plano, em que pese se tratar de reivindicação antiga.

Necessário se faz, portanto, a apresentação desses estudos, pela Suscitante, e, mais, que também implemente a metodologia, por julgarmos a mesma justa, devida e necessária.

IV – CONCLUSÃO

Ex positis, o Sindicato dos Engenheiros do Estado de Minas apresenta a V.Exa estes memoriais, certos de que restam esclarecidas todas as reivindicações norteadoras do presente Dissídio, devendo ser atendidas por este Tribunal, destacando a fragilidade e inconsistência da argumentação da suscitante.

P. deferimento.

Belo Horizonte, 20 de novembro de 2012

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Sindicato dos Engenheiros do Estado de Minas Gerais

Referências

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