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RETRATO DOS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA DO RIO GRANDE DO SUL

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RETRATO DOS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA DO RIO GRANDE DO SUL

Vinicius Piccin Dalbianco1 Fernanda de Queiroz Miranda2 Antônio Marcos Vignolo3 Alisson Vicente Zarnott4 Pedro Selvino Neumann5

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo apresentar um retrato dos assentamentos de reforma agrária do Rio Grande do Sul com base nos dados do Sistema Integrado de Gestão Rural da ATES (SIGRA). O SIGRA é um sistema informatizado do Programa de ATES do RS onde anualmente são registradas e atualizadas todas as informações das famílias assentadas. Com base nas informações do ano de 2013, destaca-se que nos assentamentos do RS moravam 30.878 pessoas, sendo que 59% estavam entre a faixa etária de 15 a 54 anos e 26% possuíam menos de 15 anos demostrando se tratar de um território com relativa população jovem. 65% dos lotes estão localizados a mais de 20 km da sede dos municípios, o que pode estar dificultando as estratégias de integração social e produtiva das famílias. Destaca-se também que 40% dos lotes não tem tratamento de esgoto sanitário. No caso da produção agrícola, 76% das famílias tem produção para o autoconsumo. O leite é o principal sistema produtivo, envolvendo 65% das famílias, que em 2013 produziram 56 milhões de litros. Mais de 80% das famílias processam alimentos tanto para o autoconsumo quanto para a comercialização. Estas são algumas informações que demostram a possibilidade da geração de um retrato fiel das famílias assentadas no RS, tornando o SIGRA um importante instrumento para a qualificação da intervenção da ATES e para a melhoria das políticas públicas destinadas ao desenvolvimento dos assentamentos.

Palavras-chave: informações, gestão, SIGRA, ATES.

Introdução

O presente trabalho tem por objetivo apresentar o retrato dos assentamentos do Rio Grande do Sul com base nos dados do Sistema Integrado de Gestão Rural da ATES (SIGRA). O SIGRA é um sistema informatizado do Programa de ATES do RS onde anualmente são registradas e atualizadas informações de todas as famílias assentadas.

A estruturação do artigo se deu a partir das mesmas perguntas que configuram a organização dos relatórios no SIGRA. Cada uma delas se tornou uma seção onde foram apresentadas as principais informações sobre a situação dos assentamentos. Deste modo, o

1

UFSM – Eng. Agrônomo. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural. Assessor Técnico Pedagógico do Programa de ATES/RS. vinidalbianco@yahoo.com.br

2

UFSM – Engª. Agrônoma. Assessora Técnica Pedagógica do Programa de ATES/RS.

fernandaqmiranda@yahoo.com.br

3

UFSM – Biólogo. Assessor Técnico Pedagógico do Programa de ATES/RS. amvig74@yahoo.com.br 4

UFSM – Eng. Agrônomo. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural. Assssor Técnico

Pedagógico do Programa de ATES/RS. alissonae@yahoo.com.br 5

UFSM – Professor do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural. Colaborador do Projeto de Assessoria Técnica Pedagógica do Programa de ATES/RS. neumannsp@yahoo.com.br

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2 artigo está dividido em cinco seções, para além desta introdução e das conclusões finais. A primeira seção apresenta as informações de como são as famílias assentadas, com destaque para os dados sobre a composição familiar, escolaridade e ocupação. A segunda seção trata dos dados sobre a condição de vida das famílias, com destaque para informações sobre as moradias, o saneamento, a eletrificação rural, os tipos e tratamentos de doenças na família e o acesso ao programa bolsa família. A terceira seção trata das informações sobre a condição dos lotes, com ênfase sobre o tamanho dos mesmos, sua área útil e o acesso à água. A quarta seção vai abordar informações sobre o que é produzido e comercializado nos assentamentos. A última seção aborda os dados sobre como é realizada a produção com destaque para as informações de manejo, tratos culturais, disponibilidade de máquinas, equipamentos e instalações.

Espera-se com este trabalho apresentar um retrato geral das famílias e dos assentamentos do RS e despertar a atenção para a investigação das particularidades que configuram a realidade das famílias em cada região e cada assentamento para que, a partir do SIGRA e de retratos locais e regionais sejam elaborados os planejamentos das equipes técnicas de ATES e das demais organizações envolvidas com os assentamentos e o Programa de ATES no RS.

O que é o Programa de ATES?

Em 2004, através do INCRA e do MDA, o Governo Federal lançou o Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (ATES) exclusivo para o atendimento dos assentamentos da reforma agrária. A formulação da ATES buscou superar os problemas do LUMIAR6 e inovar na gestão e descentralização da extensão rural pública para os

assentamentos, a luz da criação da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER).

A partir da logica da terceirização da execução dos serviços a iniciativa trouxe consigo sinais claros de disposição governamental para a construção de um serviço de extensão rural pública com os objetivos centrais focados na redução da pobreza rural e a inclusão dos agricultores assentados aos circuitos econômicos7.

A nova ATER/ATES direcionou sua orientação para o abandono dos referencias inerentes à Revolução Verde, substituídos pelos preceitos da agroecologia.

6

Segundo o projeto básico do LUMIAR, seu objetivo foi de “viabilizar os assentamentos tornando-os unidades de produção estruturadas, inseridas de forma competitiva no processo de produção voltado para o mercado, integrado à dinâmica do desenvolvimento municipal e regional”. (INCRA, 1997, p. 4).

7

Segundo dados sistematizados pela Fundação Getúlio Vargas, em 2003 51,4% da população rural era considerada pobre (FGV, 2011).

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3 Metodologicamente, propôs a transição da transferência de informação através da difusão do conhecimento para uma postura de investigação-ação participativa entre governo, prestadoras de extensão rural e público beneficiado. Dessa forma, exigiram-se atitudes diferenciadas e ações que dialogassem com as especificidades regionais e locais, a fim de garantir um processo dialógico e participativo8. (DIESEL; NEUMANN; GARCIA, 2007).

Deste modo, a partir do Manual Operacional da ATES9 que foi elaborado em 2006,

editado em 200810 e aprovado pela Norma de Execução n0 78 de 31 de outubro de 2008

(INCRA, 2008), o governo passou a assumir a ATES como um processo educativo continuado e sistêmico, no qual se exigiu um processo mais complexo do que a assistência técnica tradicional, requerendo um maior envolvimento dos técnicos com os assentados e com a dinâmica regional e local. Talvez um dos principais indicativos deste fato tenha sido a substituição do termo “assistência técnica” por “assessoria técnica”, embora o documento guia não explicite claramente as razões de tal mudança11.

Como é o Programa de ATES no RS?

O Programa Nacional de ATES no estado do RS passou a ser executado no ano de 2004, através da modalidade convênio com duas prestadoras de serviços técnicos: a EMATER e a COPTEC12.

8 Apensar desses avanços é encontrado na revisão bibliográfica sobre o tema algumas dificuldades na

implantação da política, principalmente sobre a prática extensionista dos profissionais e das prestadoras, que continuaram operando sobre a lógica difusionista e sobre a dinâmica operativa do Estado onde o modelo de gestão adotado para a ATER/ATES manteve uma estrutura hierárquica centralizada. Nestes casos, as entidades de representação participaram apenas para validar decisões tomadas antecipadamente, tendo pouca voz ou capacidade de intervenção na definição das prioridades, no planejamento e na definição do uso dos recursos. Esta constatação evidencia as falhas no sistema de gestão descentralizada da ATER, em que apenas a execução fica a cargo das entidades locais e as decisões tomadas no nível da coordenação (CAPORAL E RAMOS, 2007).

9

A elaboração deste documento, tanto em 2006, quanto em 2008, contou com a participação de representantes dos movimentos sociais do campo e das prestadoras de ATES, a saber: Adelar Pretto – Coceargs; Aglailson Amaury da Paixão – CONTAG; Alexandre Pereira Rangel – CONCRAB; Álvaro Delatorre – COPTEC; Ciro Corrêa – CONCRAB; Cléia Anice da M. Porto – CONTAG; Francisco Vital Souza Neto – CONTAG; George Thomas Pacheco Barreto – FETRAF; Juraci Pontes de Oliveira – MST; Zildomar Lopes da Silva – MST.

10

Para fins desta trabalho, esta sendo usada apenas a versão do ano de 2008, pois não foram encontradas diferenças substâncias entre as duas versões.

11 Processa-se assim uma mudança conceitual do serviço prestado: de “assistência técnica” para “assessoria

técnica”, denotando uma percepção de que assessoria é um processo muito mais complexo que assistência técnica. A primeira designação valoriza um modelo de Extensão Rural relacionado com levar tecnologias externas ao agricultor, associado à idéia de pacote tecnológico. A segunda ressalta a necessidade da construção de “relações horizontais e menos hierárquicas entre os atores”, uma “visão mais holística do processo de intervenção social”, a construção de “processos duradouros e contínuos de interação”.

12 Anterior ao Programa da ATES no RS houve outras ações de extensão rural nos assentamentos de reforma agrária, podendo ser divididas em duas fases. A primeira delas foi entre os anos de 1986 a 1996, onde a EMATER e o CETAP realizaram serviços de extensão rural principalmente através de convênios com o governo do estado. A segunda fase ocorreu entre os anos de 1997 e 2004. Neste período, foi fundada a Cooperativa de Prestação de Serviços Técnicos (COPTEC, ligada ao MST) que juntamente a EMATER

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4 A partir de 2008, a ATES, no RS, passou a ser executada pela modalidade contrato, regimentada pela Lei n. 8.666/93. A contratação das prestadoras foi realizada mediante concorrência pública, levando em consideração a modalidade técnica e preço, seguindo a composição dos custos de ATES descriminados na Norma de Execução do INCRA de n. 77/2008 e na Nota Técnica de n. 03/DD/2008. Porem, a avaliação deste período da conta de revelar que houve dissonâncias entre o trabalho das prestadoras com a realidade dos assentamentos; a falta de uma orientação comum para a execução dos serviços da ATES e a grande dificuldade em envolver os beneficiários na cogestão da ATES, devido a não implantação de espaços regionais que colaborassem para as tomadas de decisões. Entre outros problemas e críticas destaca-se a recorrente morosidade e o atraso do pagamento pelos serviços prestados, o que prejudicou o trabalho das equipes técnicas. Uma das consequências deste problema foi a grande rotatividade dos técnicos nas equipes13.

Para além desses aspectos, a modalidade convênio também foi criticada pelo Sistema Normativo das políticas públicas. A insuficiente transparência sobre o gasto dos recursos públicos, a carência de um sistema de controle das ações desenvolvidas pelas equipes técnicas e a preocupação jurídica sobre as ações desenvolvidas pelo INCRA foram os argumentos que sustentaram a necessidade de alteração da modalidade usada para operacionalizar a ATES.

No entendimento do INCRA-RS, o instrumento contrato possibilitou a ampliação da eficácia e eficiência do programa, através da seguinte justificativa:

Levando-se em consideração que „a obtenção dos resultados esperados está subordinada ao efetivo comprometimento dos assessores técnicos‟, a licitação do tipo Técnica e Preço é justificável, pois permite que o preço não seja o componente determinante do resultado da licitação. (INCRA, 2008, p.34).

Identificou-se que ao optar pelo contrato como forma jurídica de relação com as prestadoras, o INCRA objetivou a formulação de um instrumento que disciplinasse a execução do serviço de ATES, baseado nas diretrizes da PNATER e deixando claro o papel de cada instituição, bem como permitindo uma avaliação da execução e dos produtos gerados.

A partir desse processo, foram habilitadas três prestadoras de ATES: COPTEC, para 8 NOs, a EMATER-RS, para 9 NOs, e o Centro de Tecnologias Alternativas Populares

atuaram no Projeto LUMIAR. Após o fim do projeto LUMIAR em 2001, os serviços técnicos destas entidades nos assentamentos só foi restabelecido em 2004 com o Programa Nacional de ATES.

13 Ao analisarem os serviços de assistência técnica nos assentamentos no município de Jóia, Piccin et al. (2009) afirmam que entre os anos de 2004 e 2006 houve a substituição de 8 extensionistas da equipe técnica da COPTEC neste local. Ou seja, uma média de 2,66 técnicos por ano.

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5 (CETAP) para um NO, totalizando a contratação de 117 técnicos para atender a 9.894 famílias, distribuídas em 285 assentamentos presentes em 83 municípios do estado.

A execução da ATES no RS ficou sobre a responsabilidade das equipes técnicas nos Núcleos Operacionais (NOs) das prestadoras contratadas, operando segundo as normas nacionais previstas no Manual Operacional de 2008.

A coordenação da ATES foi desempenhada pela Divisão de Desenvolvimento do INCRA-RS, que designou um técnico para coordenar esta tarefa, auxiliado por outros em dedicação parcial. Esses profissionais tiveram a responsabilidade de acompanhar a execução da ATES nos NOs, de acordo com as ações estabelecidas no contrato, e também de avaliar, monitorar e fiscalizar os serviços desenvolvidos pelas equipes técnicas, bem como avaliar os produtos contratados, a exemplo dos PDAs, PRAs, Planos Ambientais, Planos para Compras Institucionais.

Na execução destas orientações pelos contratos de ATES foi determinado pelo INCRA que os serviços deveriam se desenvolver em frentes de trabalho, que podem ser divididas em dois períodos:

- primeiro período: entre os anos de 2009 e 2010: a) serviços de elaboração dos PDAs e PRA;

b) duas visitas técnicas anuais para cada família;

c) ações coletivas de modo a contemplar as atividades na esfera ambiental, produtiva e social;

d) atividades não previsíveis e complementares, destinadas para as ações de organização e planejamento interno das equipes técnicas, bem como para a articulação territorial.

- segundo período: entre os anos de 2011 e 2013:

a) metas estaduais, definidas pelo Conselho Estadual da ATES;

b) metas regionais, definidas pelas equipes técnicas em cada NO e aprovadas pelo Conselho Regional;

d) atividades complementares, da mesma forma como vinha sendo feito no período anterior.

Para ambos os períodos, as equipes executoras tiveram apoio dos articuladores/assessores de ATES, papel que foi desempenhado por uma equipe da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) através de um termo de cooperação com o INCRA. A atuação deste projeto foi concentrado no assessoramento das equipes de ATES em cada NO, no apoio sistemático à coordenação estadual da ATES e na elaboração de documentos de reflexão e orientação sobre a ATES do RS. Nos últimos dois anos as ações

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6 desempenhadas pela equipe deste projeto foram priorizadas para a criação e gerenciamento do Sistema Integrado de Gestão Rural da ATES (SIGRA), na sistematização de experiências agroecológicas e na implantação da Rede de Unidades de Observação Pedagógica (RUOP), que é responsável pelo monitoramento de mais de 100 lotes distribuídos nos 20 NOs. A representação esquemática da atuação desta equipe pode ser observada no quadro 1.

Como estratégia para ampliar a participação social no Programa de ATES, foi organizada uma estrutura gestão e controle social. Para além do Fórum Estadual (no RS denominado de Conselho Estadual) previsto no Manual Operacional da ATES foram criadas instâncias locais (nos assentamentos) e regionais (nos NOs).

Em nível de assentamentos ocorreram duas reuniões anuais de avaliação e planejamento. Compuseram estas reuniões as famílias assentadas e as equipe técnica do NO. Para além da avaliação e planejamento da ATES, estes encontros nos assentamentos tiveram por objetivo qualificar as demandas por políticas públicas, tendo em vista que se tratava de um momento ímpar de organização coletiva das famílias. Os encaminhamentos realizados nestas reuniões foram remetidos para o Conselho Regional de ATES.

Os Conselhos Regionais foram organizados em nível dos Núcleos Operacionais e tiveram como função discutir as ações realizadas pela ATES e planejar as ações futuras. Originalmente (no ano de 2009) estes Conselhos eram compostos por um representante do INCRA, um representante da prestadora do NO e um representante de cada assentamento. A partir do ano de 2011 foi solicitado que cada assentamento com até 100 famílias elegesse um homem e uma mulher como representantes. Para os assentamentos acima de 100 famílias, dois casais. Além desta mudança, também foi previsto o custeio da alimentação e transporte de todos os representantes com o objetivo de facilitar e ampliar a participação.

Já o Conselho Estadual foi um espaço de discussão e encaminhamentos que teve por objetivo buscar o aperfeiçoamento das diretrizes e ações do Programa de ATES. O espaço deste Conselho garantiu a participação de atores envolvidos no Programa com destaque para as Prestadoras de ATES, Universidades, Governo do Estado, EMBRAPA e Movimentos Sociais.

Buscado demostrar didaticamente a organização do Programa de ATES do RS descrito anteriormente, apresenta-se no quadro 1 um esquema estrutural.

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7 Quadro 1- Estrutura operacional e organizativa do programa de ATES do RS.

Fonte: adaptado pelo autor a partir de INCRA SR 11 (2014).

A dinâmica de gestão e controle social em andamento no Programa de ATES no RS tem se configurado como uma importante iniciativa de transformação do ambiente Pluralista Desorganizado em um Sistema Pluralista Descentralizado onde os demais atores envolvidos passam a cumprir funções para além da mera execução de tarefas. Basta saber se esta dinâmica de gestão e controle social de fato contribuiu para a construção, avaliação e qualificação das ações de ATES ou foi meramente dedicada a validação da estrutura pré-determinada pelos contratos.

O que é o Sistema de Gestão Rural da ATES (SIGRA)?

É um sistema informatizado que contém informações sobre quem são, como vivem, o que produzem e como produzem todas as famílias assentadas assistidas pela Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental aos assentamentos de Reforma Agrária no RS. Criado Pelo programa de ATES em 2011, o SIGRA tem se mostrado como uma importante ferramenta para a constituição de retratos fiéis da realidade da reforma agrária, a qualificação da intervenção da ATES, principalmente através da diferenciação das famílias de acordo com as características sócias, produtivas e ambientais e como uma ferramenta para a qualificação das políticas públicas necessárias ao desenvolvimento dos assentamentos.

Um dos principais desafios do SIGRA é superar os problemas de credibilidade e funcionalidade dos instrumentos de coleta de dados já realizados no estado. As duas iniciativas já desenvolvidas pela ATES, perfil de entrada em 2004 e pasta da família em 2009 não foram bem sucedidas. Os dados coletados não foram aproveitados pelas equipes de execução e não foram devolvidos para as famílias assentadas. Por falta de instrumentos para sistematização e de metodológica para analise das informações, as equipes executoras

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8 acabam coletando as informações apenas para cumprir as metas. Até por que, a meta foi específica para a coleta de dados e não incluiu a parte da sistematização e da análise dos dados.

Em 2004 o INCRA inclui nos convênios da ATES a aplicação de um questionário denominado de “perfil de entrada14” que deveria ser aplicado a todas as famílias assentadas.

O instrumento era composto por 89 questões que nunca foram sistematizadas pelo INCRA ou pelas equipes técnicas15. No ano de 2009, quando iniciou a fase dos contratos, foi colocado como meta de ATES a aplicação de um novo instrumento de coleta de dados, denominado “pasta da família: perfil sócio econômico e agroambiental” composta por 113 perguntas (INCRA SR11, 2004). Além de muito extensa, outro problema principal deste instrumento era a subjetividade das perguntas. A maioria delas eram baseadas em respostas de opinião, sem segurança para qualquer análise16. Da mesma forma que o perfil de entrada, os dados coletados na pasta da família nunca foram sistematizados.

Por estes motivos, a construção do SIGRA foi baseada em três eixos principais: 1) na disponibilidade de informações qualificadas para todas as famílias assentadas, de modo a auxiliar no planejamento das atividades desenvolvidas nos lotes e para contribuir nas discussões e reivindicações perante as entidades locais e regionais.

O acesso das famílias as informações sistematizadas no sistema pode ser feito individualmente ou coletivamente através das estruturas locais (cooperativas, ATES, sindicatos, associações, etc.). Além disto, este acesso possibilita que as famílias assentadas auxiliam as equipes técnicas no processo de planejamento das ações de ATES. A determinação das prioridades de trabalho deixa de ser de domínio apenas dos técnicos ou das lideranças locais. A promoção da democracia também faz parte do SIGRA.

2) no desenvolvimento de um instrumento que auxilie as equipes de ATES no processo de organização, planejamento e acompanhamento do trabalho, através da geração de informações qualificadas da dinâmica ambiental, social e produtiva dos assentamentos e das ações de ATES executadas.

O SIGRA permite a categorização das famílias, possibilitando para a ATES a elaboração de um planejamento orientado segundo as condições semelhantes das famílias,

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Questionário fechado contendo 89 questões, que deveria ser respondido por cada família do assentamento. Continha questões gerais sobre a situação dos lotes e famílias e que contratualmente deveria ser aplicado (lote a lote) pelas equipes de Ates, por ocasião do início do trabalho destas equipes junto aos assentamentos. 15

O uso das informações o perfil de entrada foi feito de forma pontual por alguns pesquisadores universitários do RS. Mesmo assim, não foram encontrados registros sobre o uso destas pesquisas para o aperfeiçoamento das políticas de desenvolvimento dos assentamentos.

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Um exemplo de pergunta subjetiva: Como Sr(a) considera o serviço de saúde na região? ( ) 1- Bom; ( ) 2-Regular; ( ) 3- Ruim; ( ) 4- Péssimo.

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9 ao mesmo tempo que possibilita a diferenciação dos grupos, a partir das características sociais, ambientais e produtivas. Esta possibilidade permite que ao Programa de ATES tratar de forma diferente os problemas nos assentamentos através de um processo de categorização que leva em consideração aspectos como a amplitude, a importância, a urgência e a demanda das famílias assentadas.

3) na criação de um sistema ágil, capaz de gerenciar e organizar as principais informações da realidade dos assentamentos da Reforma Agrária do RS, com o propósito de facilitar a proposição de ações e de políticas que contribuam com o desenvolvimento dos assentamentos. É característica das políticas públicas a inclusão de metas para a aplicação de instrumentos de coleta.

O SIGRA permite basicamente três tipos de informações: no link “cadastro”, perfil individual de todas as famílias (gerais ou estratificadas) e informações específicas de cada assentamento; na opção “relatórios”, informações detalhadas por temática de interesse, conforme pode ser observado no endereço eletrônico exposto na figura 1.

Link cadastro Link relatórios

Figura 1- Endereço eletrônico do SIGRA.

Fonte: http://67.228.41.27/sigra2014/menu/menu.php.

A seguir serão apresentados alguns dados principias dos assentamentos do RS extraídos dos relatórios do SIGRA que buscam caracterizar um retrato da realidade das famílias.

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Quem são as famílias assentadas no RS?

Nos assentamentos do Rio Grande do Sul estão assentadas 11.395 famílias, com uma população total que chega a 30.878 pessoas, destas, 54% são do sexo masculino e 46% do sexo feminino. Com relação à composição familiar, 62% das famílias são compostas por até três pessoas e 39% são compostas por até duas pessoas.

Destaca-se que o somatório da população com faixa etária até 24 anos de idade é de 44% do total populacional, ficando evidente o elevado índice de jovens nos territórios de reforma agrária (tabela 1)17. Estes dados mostram que a população jovem residente nos assentamentos é bastante significativa e a necessidade de políticas públicas que garantam a oportunidade deste público permanecer nesses territórios está cada vez mais evidente.

Ainda segundo as informações da tabela 1, a população economicamente ativa (15 aos 54 anos de idade) atinge 58,7%, demonstrando potencialmente a força de trabalho existente.

Tabela 1: População por faixa etária nos assentamentos do RS

Faixa Etária % de pessoas por faixa etária I - 0 a 4 ANOS 5,8 II - 5 a 14 ANOS 20,4 III - 15 a 24 ANOS 17,5 IV - 25 a 39 ANOS 19,2 V - 40 a 54 ANOS 22,0 VI - 55 a 60 ANOS 7,1

VII - ACIMA de 60 ANOS 8,0

Outro índice levantado foi a escolaridade (tabela 2), observa-se que 8,4% da população dos assentamentos concluiu o ensino fundamental e 64% possui ensino fundamental incompleto, destes 74% tem acima de 15 anos de idade, ou seja, boa parte da população assentada não concluiu o ensino fundamental. Outros 13,2% já concluíram ou estão concluindo o ensino médio. Com relação ao analfabetismo, 3,6% da população assentada se denominou analfabeta, 57% dos analfabetos tem acima de 55 anos.

As mulheres avançam mais na escolaridade em relação aos homens, ou seja, um percentual maior de mulheres chega à universidade. Até a categoria “ensino fundamental incompleto” o percentual de homens por categoria é superior ao de mulheres, inclusive o

17

Com relação a população total, dados do IBGE (2010) no estado do RS e no Brasil demostram 43% e 47%, respectivamente.

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11 índice de analfabetismo, 57% do total de analfabetos são homens. Com relação ao ensino médio os dados são equivalentes entre homens e mulheres, já o total de pessoas na categoria ”superior completo”, 68% são mulheres.

Tabela 2: Escolaridade por sexo na população dos assentamentos do RS

Escolaridade % Total % Masc % Fem

NAO ALFABETIZADO 8,6 50,4 47,2

ANALFABETO 3,6 57,1 42,8

ENSINO FUND. COMPLETO 8,4 53,8 46,1

ENSINO FUND. INCOMPLETO 63,8 55,0 44,9

ENSINO MEDIO COMPLETO 5,8 49,5 50,3

ENSINO MEDIO INCOMPLETO 7,4 50,1 49,7

SUPERIOR COMPLETO 0,8 32,1 67,9

SUPERIOR INCOMPLETO 0,8 44,2 55,8

POS-GRADUACAO 0,0 12,5 87,5

Quando questionados sobre a ocupação principal, 43% responderam que é a “agricultura”, destes 70% são homens. Outros 26% disseram que a ocupação principal é “estudante” e 13% que a principal é “agricultor / do lar”, destes 97% são mulheres. Do total de pessoas que disseram que a ocupação principal era agricultor, 21,3% “declararam ter outra ocupação”, as principais categorias citadas com outras ocupações foram: “aposentado”, “terceirização de serviços”, “assalariado agrícola temporário”. A quantidade considerável de pessoas com outras ocupações remete uma responsabilidade para as equipes de ATES, no sentido de pensar estratégias produtivas que possam colabora para a permanência destas pessoas no lote. Presume-se que as atividades fora do lote são portas para o êxodo rural.

O talão de produtor, documento indispensável que registra a circulação da produção e de prestação de serviços na agricultura familiar, ainda não está acessível para 39,4% das famílias. Destes que não possuem talão do produtor 41% são mulheres e 37,7% são homens. Já entre os jovens de 15 a 24 anos, 67% deles não possuem talão do produtor. O talão de produtor é o documento de identificação do agricultor. Se faz necessário incluir no planejamento da ATES ações de formação, capacitação e articulação de modo a reduzir esta déficit.

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Como vivem as famílias assentadas?

O primeiro questionamento para analisar como vivem as famílias assentadas no estado do Rio Grande do Sul, foi a “distância da moradia à sede do município” (Tabela 03), do total de moradias 65% estão distantes mais de 20 km da sede do município onde residem, destes, 30% está a mais de 40 Km distante da sede do município.

Tabela 3- Distância da moradia à sede do município nos assentamentos do RS.

Distância % I - ATE 10 KM 14,10% II - 11 A 20 KM 20,68% III - 21 A 40 KM 44,70% IV - 41 A 80 KM 18,77% IV - ACIMA DE 80 KM 0,91%

A localização das famílias é de fundamental importância para a definição de estratégias de desenvolvimento. Para estas que estão mais distantes das sedes dos municípios, se torna mais difícil o processo de inclusão social e produtivo. Exemplo disto é a operacionalidade do PAA e do PNAE. Tendo em vista que são dois programas que objetivam comercializar alimentos, sendo muitos deles perecíveis (como é o caso dos legumes e verduras), quanto mais próximos do centro de consumo estiverem as famílias, melhor será o processo de organização produtiva e comercial.

As características da construção da moradia foi outro item investigado. Com relação ao tipo de construção, 64% possuem casa de alvenaria, 17% possuem casa de madeira e 8% não possuir casa. Dos que possuem moradia, 89% delas tem mais de quatro cômodos, e 51,8% tem mais de 50 metros quadrados.

Apesar de apenas 8% das famílias não possuírem casa (a maioria desses casos encontram-se nos assentamentos novos que ainda não acessaram o recurso para habitação) 40% das famílias não possuem tratamento do esgoto sanitário, como mostra a tabela 4. Essa situação pode ser explicado pelo fato de que, ao contrário de como é atualmente, os primeiros projetos de moradia para os assentamentos não previam o saneamento básico.

Tabela 4: Tipo de esgoto sanitário nas casas dos assentamentos do RS.

Tipo de destino % das famílias assentadas

Fossa séptica / sumidouro 42,96 Fossa séptica / tratamento ecológico 4,85

Céu aberto 7,80

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13

Poço negro 22,19

Sem resposta 11,30

Em relação ao destino das águas da pia o SIGRA demonstra que menos da metade das moradias (apenas 42%) possuem tratamento, como mostra a tabela 5. Dado que instiga reflexão, diz respeito aos 35,17% das moradias cuja água da pia tem como destino o céu aberto, fato que talvez possa ser explicado por uma diferenciada compreensão das famílias em relação ao que seja esgoto ou saneamento, não percebendo como problema o fato de que a água da pia escorra livremente pelo solo18.

Tabela 5: Destino das águas da pia nas casas dos assentamentos do RS.

Tipo de destino % das famílias assentadas

Caixa de gordura/Fossa séptica/Sumidouro 18,78

Caixa de gordura/Sumidouro 23,02

Céu aberto 35,17

Sumidouro 11,30

Sem resposta 12,20

Os dados sobre o destino do lixo seco encontram-se na tabela 6 e demonstram que a coleta de lixo ainda é destino minoritário dentre as famílias assentadas, sendo que a maioria (45%) queima o lixo seco no lote. Esses dados encontram par na realidade vivida pelos demais moradores de áreas rurais que não possuindo recolhimento de lixo nas proximidades não veem alternativa senão enterrar ou queimar o lixo produzido pela família. A dimensão concreta do problema é uma importante ferramenta para que as famílias assentadas busquem junto ao poder público municipal rotas de recolhimento do lixo nos assentamentos. No entanto, para além da dimensão reivindicatória, o SIGRA aponta também que algumas dessas famílias que queimam ou enterram seu lixo residem em comunidades que possuem coleta de lixo, logo, essa informação é uma importante aliada para o planejamento da ação das equipes de assessoria técnica que localizando esses casos podem elaborar estratégias de trabalho de conscientização com essas famílias visando alterar esse quadro.

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Isso sem considerar um aspecto cultural e mesmo econômico. Muitas famílias recolhem a água da pia, chamada de “lavagem” para tratar porcos. Essa foi e ainda é uma prática muito comum.

(14)

14 Tabela 6: Destino do lixo seco das casas dos assentamentos do RS.

Tipo de destino % das famílias assentadas

Reciclagem 0,09 Ponto de recolhimento 0,89 Coleta 19,63 Armazena no lote 2,16 Céu aberto 3,25 Buraco 17,67 Queimado 45,01 Outro 0,49 Sem resposta 12,20

Quando questionadas sobre a “participação sócio–cultural”, 68,8% responderam positivamente. As categorias com maiores índices foram a igreja (44,7%) e os centros comunitários (26,6%).

Sobre a participação “sócio produtiva” (tabela 7), 59,1% das famílias declararam participar de algum tipo organização relacionada à produção19, agroindustrialização ou comercialização dos produtos. As organizações com maiores índices de participação foram: cooperativa (58,7%), sindicatos (16,9%) e associação (14,1%).

Tabela 7: Participação sócio produtiva das famílias dos assentamentos do RS.

Tipo %

ASSOCIACAO 14,17

COOPERATIVA 58,73

GRUPO DE COMERCIALIZACAO 1,02 GRUPO DE INT. PRODUTIVO 4,21

GRUPO DE JOVENS 0,08

GRUPO DE MULHERES 2,68

OUTRO 0,51

SINDICATO 16,89

Com relação à água para consumo, 52% acessa através de rede pública, rede comunitária e poço artesiano. Outros 48% das famílias acessam água através de vertentes, poços comuns, arroios e cacimbas, cisternas, açudes e através da água da chuva. Parte considerável dos lotes ainda não possuem acesso a água de qualidade ou em quantidade suficientes. Quando questionado se a água é suficiente, 44 % declaram que não, outros 42% declaram que a água que consomem não possui qualidade.

19

(15)

15 Também foram levantados os principais tipos de doenças, tratamentos e acesso e periodicidade dos tratamentos. As principais doenças são a hipertensão (20,1%), problemas de coluna (15%), depressão (6%), problemas cardíacos (5%) e diabetes (5%). O tipo de tratamento mais utilizado é o alopático, 74% das famílias. E os principais acessos são as unidades de saúde (53,7%) e hospitais (15%).

Com relação ao recebimento de algum tipo de auxílio governamental, do total de famílias assentadas, 36% são beneficiárias do Programa Bolsa Família.

Como são os lotes dos assentamentos no RS?

Outro elemento importante sobre a realidade dos lotes apontados pelo SIGRA refere-se ao tamanho dos lotes. A área dos lotes foi classificada em seis categorias e foi diferenciada a área total e a superfície de área útil20 (SAU) do lote, como mostra a Tabela 08. Em relação à área total observa-se que 25,6% dos lotes possuem até 15 hectares e se ampliarmos para lotes com até 25 hectares tem-se 74,1% dos lotes de reforma agrária do RS. Esse dado mostra que a maioria dos lotes de reforma agrária não alcança o módulo fiscal21, especialmente se considerarmos os assentamentos do RS que se encontram na Região da Campanha22 onde a maioria dos módulos varia entre 28 e 35 hectares23, ou seja, o INCRA não respeita suas próprias legislações.

Tabela 8: Lotes por tamanho de área e tamanho de SAU nos assentamentos do RS

Categoria por tamanho de área Área total - % dos lotes SAU - % dos lotes

Menor que 10 ha 6,5 16,0 10 a 15 ha 19,1 27,8 15 a 20 há 23,7 24,8 20 a 25 há 24,8 17,0 25 a 30 ha 14,6 7,7 Acima de 30 ha 10,5 5,3 Sem resposta 1,3 1,3 20

Superfície de área útil refere-se a área da unidade de produção disponível para produção. É obtida descontando da área total as áreas de preservação, moradia, açudes (quando não utilizados para produção) e áreas degradadas.

21

O módulo fiscal representa uma unidade de medida instituída pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para indicação da extensão mínima das propriedades rurais consideradas áreas produtivas economicamente viáveis. Foi estabelecida, principalmente, conforme o tipo de exploração predominante, logo, varia conforme o município (LACLAU; et al, 2012).

22

A Campanha está localizada na porção sul do RS e é compreendida, basicamente, por uma formação ecológica de campos do Bioma Pampa e estruturada sob grandes propriedades. Contrasta ecológica e socialmente com a metade norte assentada no Bioma Mata Atlântica e cuja colonização gerou um emaranhado de agricultores familiares.

23

Módulo fiscal de alguns municípios com famílias assentadas na Campanha: Arroio Grande (40 ha), Candiota (35 ha), Herval (40 ha), Hulha Negra (28 ha), Manoel Viana (35 ha), Pedras Altas (40 ha), Pinheiro Machado (35 ha), Piratini (35 ha), Santana do Livramento (28 ha), São Gabriel (28 ha) (LANDAU; et al, 2012).

(16)

16 Se a análise se concentrar na SAU, ou seja, aquela área que efetivamente pode ser utilizada para a atividade agropecuária tem-se que 43,8% dos lotes possuem até 15 hectares e 85,6% contam com menos de 25 hectares de área útil, caracterizando um limite estrutural que as famílias encontram para estabelecer seus sistemas produtivos.

Outro elemento fundamental em qualquer área rural é a disponibilidade de água (nascentes, arroios, açudes, rios). Nesse quesito mais um dado preocupante: 20,65 % dos lotes não possuem acesso a água, requisito básico do processo de parcelamento dos lotes e elemento fundamental para qualidade de vida das famílias e a estruturação produtiva do lote, pois com um lote seco fica bastante comprometida a possibilidade de escolha da atividade produtiva a ser desenvolvida no lote. No caso do RS, especialmente, é uma realidade preocupante visto que a atividade leiteira é a mais importante do estado (como veremos a seguir) e a água é um pré-requisito para a produção de leite.

A seguir são apresentados dados referentes a produção dos assentamentos.

O que é produzido nos assentamentos do RS?

A responda desta pergunta é baseada em 9 relatórios que buscam caracterizar todas as atividades produtivas presentes nos assentamentos, a saber: bovinocultura de leite; bovinocultura de corte; suinocultura; avicultura; piscicultura; ovinocultura; apicultura; processamento de alimentos e cultivos agrícolas. Para fins deste trabalho, apresentaremos informações dos principais cultivos, da produção de leite, do processamento dos alimentos e do autoconsumo.

Com relação aos principais cultivos agrícolas, nos assentamentos do RS se destacam em há a produção de grãos, as culturas de baraços, as culturas medicinais e condimentares e o pomar, conforme pode ser observado na tabela 9.

Tabela 9- Produção dos principais cultivos agrícolas nos assentamentos do RS.

CATEGORIAS

Número de famílias

Área média por família Produção total anual em kg GRÃOS – Soja 2.998 11,54 46.301.711 GRÃOS - Arroz 688 11,50 29.639.122 GRÃOS - Milho 5.511 4,32 21.106.270 GRÃOS - Trigo 168 9,78 1.967.836 GRÃOS - Feijão 2.063 0,85 577.195 BARAÇOS 2.175 1,7 2.026.723 HORTA 2.908 1,9 1.368.502 POMAR 3.565 0,31 1.232.414 MEDICINAIS E CONDIMENTARES 183 8,59 135.835

(17)

17 Embora que a soja seja o cultivo agrícola com maior produção no ano (46 milhões de kg) é a cultura do milho, seguido das culturas de pomar que se repetem mais (5.511 e 3565 famílias, respectivamente), apesar do pomar ter a menor área média por família, o que resulta avaliar que se trata na sua maioria de produção para autoconsumo, onde prevalece as pequenas áreas com produção de cultivos que se consome na família. Do total de famílias que produzem cultivos agrícolas, 75,6% produzem tanto para a comercialização, quanto para o autoconsumo. Destaca-se aqui duas preocupações com relação ao trabalho da ATES. A primeira se refere a produção de cultivos para a comercialização, que esta concentrada em poucos produtos, como é o caso da soja, do arroz e do milho. A segunda preocupação destaca que aproximadamente 25% das famílias não produzem cultivos para o autoconsumo, significando uma total dependência externa de alimentos.

Com relação a produção de leite, destaca-se que de um total de 11.395 famílias assentadas, 7.285 estão produzindo leite (65% das famílias). A produção anual é de aproximadamente 56 milhões de litros, o que representa 2% da produção de leite do Estado do RS. A média de produção diária por família é de 20,8 litros de leite.

A combinação da produção anual com outras variáveis resultou na criação de três categorias de agricultores assentados, ente elas, destaca-se: o nível tecnológico (resfriamento do leite, local da ordenha e mecanização da ordenha); composição das pastagens: anual (inverno e verão), perene e campo nativo; composição do rebanho; a produção diária por vaca em lactação; uso de silagem na alimentação; tipo de comercialização.

O agrupamento das condições semelhantes destas variáveis tendo a produção anual como variável guia, possibilita gerar uma distribuição dos agricultores em três categorias: categoria 01: aqueles que produzem até 12.000 litros de leite ano; categoria 02: aqueles que produzem de 12.000 a 75.000 litros de leite ano e; categoria 03: aqueles que produzem mais de 75.000 litros de leite ano. As características de cada categoria podem ser observadas nas Tabelas 10 e 11 e no Gráfico 01.

Tabela 10: Composição do rebanho em diferentes categorias de produtores de leite

Categorias (l/ano) N0 de famílias Produção anual total em litros Vacas em lactação Produção média diária por vaca Vacas

secas Novilhas Terneiras

Até 12.000 5.785 17.912.392,50 22.033 1,22 17.031 11.994 10.765 12.000 l a 75.000 1.384 26.597.842,00 10.975 9,4 5.283 5.344 5.604 Mais de 75.000 116 10.774.587,00 1.704 19,5 503 833 839

(18)

18 Na Tabela 11 é possível visualizar o nível tecnológico empenhado pelos agricultores em cada categoria, com base no percentual de agricultores que possuem resfriamento de leite adequado (aquele resfriado em equipamentos a granel ou com tarros de imersão), ordenha mecânica e aqueles que destinam o leite para canais formais de comercialização.

Tabela 11: Nível tecnológico e comercialização dos produtores de leite em cada categoria

Categorias (l/ano) % resfriamento* % sala de ordenha % ordenha mecanizada % comercialização formal Até 12.000 33 21 26 40 12.000 l a 75.000 89 57 84 77 Mais de 75.000 93 76 94 80 Total 48 31 42 50

No Gráfico 01 é demonstrado a composição da alimentação forrageira em hectares em cada categoria de produtores de leite. É possível identificar que na medida em que a produção de leite aumenta, há uma inversão da quantidade de área ocupada com campo nativo e destinada para pastagem perene, resultado do processo de especialização e qualificação da produção. Da mesma forma, este efeito também pode ser observado na quantidade de hectares destinados a confecção de silagem.

Gráfico 1: Composição em hectares das pastagens e do plantio de milho para silagem

Utilizando a ferramenta SWOT a partir das informações apresentadas na tabelas 10 e 11 e no Gráfico 1, Dalbianco, Neumann e Arbage (2014) inferiram os principais pontos fracos, pontos fortes (ambiente interno), oportunidades e ameaças (ambiente externo) em cada categoria de agricultores assentados que produzem leite como mostra a tabela 12.

(19)

19 Tabela 12: Síntese da aplicação da ferramenta SWOT nas categorias de agricultores

assentados produtores de leite

Níveis de análise da ferramenta SWOT

Categorias

Até 12.000 l/ano 12.000 a 75.000 l/ano Mais de 75.000 l/ano

Pontos fracos

- baixa produtividade; - composição do rebanho; - nível de tecnificação; - composição das pastagens.

- sala de ordenha; - vacas secas; - comercialização formal;

- poucos hectares com pastagem perene;

- sala de ordenha e comercialização formal; - hectares de silagem x hectares com pastagem perene.

Pontos fortes

- agricultores em potenciais devido ao tamanho do rebanho; - área expressiva de campo nativo;

- disponibilidade de alimento para o rebanho;

- acesso a ATES;

- acesso a energia elétrica;

- produção por vaca acima da média; - resfriamento do leite e ordenha mecânica; - silagem. - alta produtividade; - proporção adequada do rebanho; - resfriamento adequado e ordenha mecânica; - conversão de campo nativo em pastagem perene. Oportunidades - disponibilidade de acesso a inúmeros canais de comercialização; - disponibilidade de PRONAF A. - possibilidade de acesso a ATES dirigida para esta categoria; - atrativo comercial; - possibilidade de acesso facilitado ao crédito; - possibilidade de acesso a outras formas de ATER; - possibilidade de acesso facilitado ao crédito; Ameaças

- normativas para a produção de leite;

- estimulo aos agricultores mais estruturados; - endividamento (40%); - condições econômicas. - tipo de comercialização e sanidade; - dependências de insumos externos

- não foram encontradas.

Fonte: DALBIANCO, NEUMANN E ARBAGE (2014)

Com relação ao processamento de alimentos, foi encontrado no SIGRA o registro de 9940 famílias que fazem algum tipo de processamento de alimentos (87% das famílias assentadas). Os alimentos processados estão agrupados em 12 categorias que juntos somam uma produção anual de 824.342 kg. Os panificados (pães, cucas, biscoitos, etc.) os produtos derivados de leite representam 80% desta produção. A maior potencialidade dos alimentos processados esta na esta no abastecimento da alimentação escolar e das compras diretas feitas através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que em 2013 envolveu mais de duas mil famílias assentadas no RS.

Além disto, a expressiva produção de alimentos processados (que na sua maioria ainda é para o autoconsumo) demostra uma potencialidade para a geração de projetos de agroindústrias famílias. Embora que a lógica desta política ainda esta centrada em grandes projetos de agroindústrias, a diversidade de famílias envolvidas com o processamento de alimentos e os tipos de produtos processados dão conta de sustentar que a reforma agrária

(20)

20 necessita de agroindústrias de menor porte, que de conta do processamento local e familiar de alimentos.

A produção para o autoconsumo nos assentamentos do RS não é uma questão totalmente resolvida, pois nem todas as famílias desenvolvem este hábito. Contudo, a diversidade de alimentos produzidos e a quantidade que é destinada para o autoconsumo, como mostra a tabela 13, demonstra uma potencialidade na discussão sobre a melhoria da qualidade alimentar.

Tabela 13- Percentual dos alimentos produzidos nos assentamentos que são destinados para o autoconsumo

Produção Vegetal Produção animal

Tipo % da produção destinada ao autconsumo Tipo % da produção destinada ao autconsumo POLICULTIVOS 82 AVES 84 POMAR 70 SUÍNOS 77 BARAÇOS 64 PEIXES 66 HORTA 58 MEL 46 MEDICINAIS e CONDIMENTOS 45 BOVINOS CORTE 44 GRÃOS 45 OVINOS 40 RAÍZES 32 LEITE 5

Para o trabalho das equipes de ATES estes dados podem ser usados para a investigação das condições de saúde, do hábito alimentar e dos modos de cultivos das famílias que produzem para o autoconsumo. Este trabalho possibilitara qualificar a intervenção naquelas famílias que ainda não produzem o seu alimento, que representam aproximadamente 20% das famílias assentadas no RS.

Como é o manejo da produção nos assentamentos do RS?

Para este estudo foram retiradas da amostra as famílias que produzem somente para autoconsumo, pois nestes casos não era obrigatório o preenchimento dos campos referentes a origem da semente, fertilidade e preparo do solo e uso de veneno.

Para a produção de arroz (tabela 14), mais de 90% das famílias declaram que a origem da sua semente é externa ao lote ou comprada, somente 7% tem domínio sobre a produção da sua semente. No manejo da fertilidade do solo um pouco mais da metade das famílias utilizam a adubação química (52%), sendo significativa a adoção de adubação orgânica nos assentamentos (42% das famílias). Quanto ao preparo do solo, a técnica de preparo convencional é adotada por ampla maioria (94%), sendo ainda muito incipiente a

(21)

21 utilização de outras praticas de preparação do solo para esta cultura. Entre os que não utilizam nenhum tipo de agrotóxico na produção de arroz a proporção coincide com os que utilizam adubação orgânica (44%), a mesma situação se repete quanto aos que utilizam agrotóxicos e adubação química (56%.).

Tabela 14: Características da produção de arroz dos assentamentos de reforma agrária do RS.

Origem da semente Comprada Própria Outros

91% 7% 2%

Adubação Química Orgânica Outros

52% 43% 5%

Preparo do solo Convencional Plantio direto Outros

94% 4% 2%

Uso de veneno Sim Não

56% 44%

A produção de milho possui características peculiares nos assentamentos, pois cerca de 80% das famílias declaram que a origem da sua semente é comprada (tabela 15). No manejo da fertilidade do solo grande maioria das famílias pratica a adubação química (70%), sendo que a adoção de adubação orgânica e outros manejos de fertilidade são pouco expressivos (22% das famílias). No preparo do solo, a modelo convencional é adotada por um número significativo de famílias (65%). Por outro lado a proporção de famílias assentadas que não utilizam nenhum tipo de agrotóxico na produção do milho está presente na maioria dos lotes (mais de 70%).

Tabela 15: Características da produção de milho dos assentamentos de reforma agrária do RS.

Origem da semente Comprada Própria Outros

78% 14% 8%

Adubação Química Orgânica Outros

70% 9% 21%

Preparo do solo Convencional Plantio direto Outros

65% 31% 4%

Uso de veneno Sim Não

72% 28%

Já a produção de soja (tabela 16) reflete o modelo de produção adotado pela agricultura patronal no Estado, quase completamente dependente de insumos externos. Cerca de 90% das famílias compram sua semente. No manejo da fertilidade do solo, aproximadamente 95% das famílias praticam a adubação química, sendo insignificante a

(22)

22 prática de outras técnicas de manejo. Quanto ao preparo do solo, a técnica de preparo por plantio direto se destaca com 75% de adoção pelas famílias, seguido do preparo convencional com pouco mais de 20%. O pacote tecnológico agroquímico se manifesta ainda mais na utilização de agrotóxico, estando presente em mais de 90% das unidades de produção.

Tabela 16: Características da produção de soja dos assentamentos de reforma agrária do RS.

Origem da semente Comprada Própria Outros

87% 12% 1%

Adubação Química Orgânica Outros

94% 2% 4%

Preparo do solo Convencional Plantio direto Outros

75% 22% 3%

Uso de veneno Sim Não

92% 8%

Seguindo padrões semelhantes ao plantio da soja o manejo convencional na produção de trigo também se manifesta de forma significativa (tabela 17), pois mais de 90% das famílias depende da compra da semente e somente. Na adubação do solo mais de 80% utilizam adubação química. E no preparo do solo, a técnica de preparo com plantio direto é adotado por mais de 90% das famílias seguido do manejo convencional com um pouco mais de 10%. A utilização de agrotóxico na produção de trigo acontece em mais de 80% das unidades de produção.

Tabela 17: Características da produção de trigo dos assentamentos de reforma agrária do RS.

Origem da semente Comprada Própria Outros

93% 7% 0%

Adubação Química Orgânica Outros

82% 14% 4%

Preparo do solo Convencional Plantio direto Outros

89% 11% 0%

Uso de veneno Sim Não

83% 17%

A produção de feijão (tabela 18) é a que mais se diferencia em relação ao manejo da produção.

(23)

23 Tabela 18- Características da produção de feijão dos assentamentos de reforma agrária do RS.

Origem da semente Comprada Própria Outros

70% 29% 1%

Adubação Química Orgânica Outros

54% 23% 23%

Preparo do solo Convencional Plantio direto Outros

87% 10% 3%

Uso de veneno Sim Não

93% 7%

Para esta cultura 70% das famílias são detentoras de sua própria semente. Para a fertilidade do solo, mesmo que um pouco mais da metade das famílias (54%) utilizem adubação química, uma quantidade significativa adota praticas alternativas de fertilização como orgânica, pousio e rotação (34%). Já no preparo do solo, a técnica de preparo convencional aparece em quase 90% das famílias. Sendo a produção de feijão praticada na sua ampla maioria para o autoconsumo a utilização de agrotóxicos se dá de forma incipiente em comparação com outras culturas, somente 7% das famílias declaram utilizar algum tipo de veneno.

Considerações finais

O SIGRA tem se mostrado como uma importante ferramenta para a demostração detalhada da realidade dos assentamentos. Se antes o problema residia na disponibilidade e na sistematização dos dados, agora o desafio esta na interpretação, análise e reflexão. A quantidade de informações dispostas nos relatórios do SIGRA exigem dos integrantes do programa de ATES uma dedicação particular, objetivando a qualificação do planejamento das ações extensionista, a qualificação das políticas públicas e a problematização das perspectivas futuras dos assentamentos. As informações expostas neste trabalho representam uma parcela das possibilidades dispostas no SIGRA. Foram priorizadas aquelas que possuem relação direta com o planejamento do trabalho das equipes de ATES.

Em relação a composição das famílias foi possível perceber que ainda existe uma expressiva quantidade de jovens nos assentamentos. Entretanto, em que pese o envelhecimento ainda não ser um problema (falando em termos estaduais) o futuro que esses jovens escolherão definirá o futuro dos assentamentos. Existe a real possibilidade destes jovens optarem pela saída da atividade agrícola acompanhando o movimento geral da juventude da agricultura familiar, o que já é percebido analisando-se a diferença entre a permanência de jovens do sexo masculino e feminino e a maior escolarização das jovens do

(24)

24 sexo feminino. Pensando nessa possibilidade é míster o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e as demais organizações envolvidas com a reforma agrária discutirem esse processo.

Ainda sobre esse tema é preocupante o número de unidades familiares compostas por apenas uma pessoa, pois é um limite à produtividade do trabalho na unidade de produção que só pode ser incrementada mediante a adoção de técnicas e tecnologias, o que em muitos casos não tem sido possível. Além disso, considerando que os assentamentos estão (na sua maioria) distantes dos centros urbanos e que não existe envolvimento de muitas das famílias (aproximadamente 40%) em quaisquer organizações sócio-culturais e sócio-produtivas vislumbra-se um preocupante quadro de isolamento social.

Em relação às moradias viu-se que 8% das famílias assentadas não possuem casa, destas a maioria encontra-se em assentamentos novos. No entanto, em relação ao saneamento básico os dados mostram que 40% das famílias ainda não tem saneamento do banheiro e que o problema se agrava em relação às águas da pia. Com relação ao lixo seco, a maioria dos assentamentos convive com a queima do lixo exigindo trabalho de conscientização por parte das equipes técnicas, mas também mobilização comunitária e ação dos poderes públicos municipais visando estabelecer rotas de coleta do lixo seco.

Sobre as características dos lotes o SIGRA permitiu visualizar informações importantes. Como apresentado, 74,1% dos lotes possuem menos de 25 hectares não alcançando o módulo fiscal – unidade considerada mínima para reprodução da unidade de produção - e se for considerada a sua área útil 85,6% tem menos de 25 hectares acarretando limitações às escolhas das famílias assentadas nesses lotes. Além disso, 8% dos lotes não possuem qualquer acesso a água, limitando ainda mais as opções dessas famílias. No próximo momento, é fundamental cruzar essas informações visando identificar quantos desses lotes pequenos são também sem água.

Com relação a diversificação da produção compreende-se que nos assentamentos ainda é considerável a diversidade de cultivos e criações. Contudo, se tratando de inserção comercial, o leque é muito restrito, subordinando o desenvolvimento econômico das famílias à poucas alternativas de comercialização. Um trabalho interessante para as equipes de ATES reside na viabilização da comercialização local de alimentos, tornando fonte de renda aquela produção que a princípio só é destinada para o autoconsumo. Neste cenário, se destaca o processamento de alimentos, que esta presente em mais 85% das famílias.

Sobre o manejo produtivo, as informações do SIGRA demostram que as culturas com maior inserção comercial (com exceção do arroz) são cultivas a partir de um maior uso

(25)

25 dos pacotes tecnológicos. Apesar disto, ainda reside nos assentamentos uma expressiva quantidade de famílias trabalho com a produção orgânica ou racional com relação aos agroquímicos. Este fato pode estimular o trabalho das equipes de ATES, no sentido da sistematização das informações, da divulgação de resultados e na formação e capacitação dos agricultores, a luz das experiências agroecológicas.

As informações do SIGRA dão conta de mostrar as particularidades dos assentamentos em diferentes niveis de análise, começando com a dimensão estadual, podendo chegar ao perfil individual de cada família. O esforço do momento esta vinculado na inclusão do SIGRA como ferramenta prioritária na definição do planejamento da ATES.

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Referências

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