Gestão Socioambiental para a Conservação da Biodiversidade e Direitos
dos Povos Indígenas garantidos na Fronteira Acre /Ucayali
.
Maria Luiza P. Ochoa
Comissão Pró Índio do Acre
“Dinámicas Transfronterizas y modelos de desarrollo
alternativo en la Amazonía”
O Acre na Faixa de Fronteira
O Estado do Acre limita com Bolivia e Peru
dos 22 municípios 17 estão localizados nos limites dos dois países.
Com o Peru o Acre limita com as Regiões de Ucayali, Madre de Dios e Loreto, com a Bolivia com os departamentos de Pando e Beni.
Extensão de 1.565 km está inserida na Faixa de
Fronteira conforme a Lei 6.634/79 que estabelece a
faixa de 150 km de largura ao longo da fronteira terrestre. (Lei regulamentada em 1988 conforme Decreto nº 85.064, ratificada pela Constituição de 1988)
A fronteira do Acre com o Peru
• Apresenta baixa densidade demográfica, • Predomínio de populações indígenas em
ambos os lados,
• Presença significativa de índios isolados • Mobilidade social indígena de povos
transfronteiriços (Huni Kuἷ, Ashaninka, Jaminawa, Manchineri)
• Presença de populações ribeirinhas e populações da Reserva Extrativista Alto Juruá e do Parque Nacional Serra do Divisor .
• Existência de mosaico contínuo de pouco mais de 10 milhões de hectares de Áreas Protegidas, formada por Terras Indígenas, Unidades de Conservação, Reservas Territoriais para povos
indígenas isolados, Parques Nacionais,
Áreas Protegidas
Áreas naturais protegidas
• No Acre
• 36 terras indígenas
• 02 específicos para índios isolados
• 03 TIs a sua população compartilham territórios com os isolados
• 09 terras indígenas estão localizados no limite da fronteira com o Peru ou próximo • 15 povos + isolados – 3 famílias linguísticas :Pano, Aruak, Arawá
• População 17.088
• 14 Unidades de Conservação
– 11 de uso sustentável – 3 de proteção integral
Ameaças
• Concessões florestais sobrepostos a territórios indígenas do lado peruano, a falta de monitoramento e fiscalização ao longo da fronteira, promoveram a retirada ilegal de madeira, caça e pesca predatória em território brasileiro
• Abertura de ramais que chegam até a linha de fronteira com o Brasil.
• Frente de ocupação desordenada na fronteira do Acre com a região de Ucayali.
• A exploração ilegal de madeira ocorrem em áreas onde habitam povos isolados (Reservas Territoriais Mascho-Piro e Murunahua, no Parque Nacional Alto Purus e entorno) gerando correrias e migrações forçadas rumo a terras indígenas no Acre.
• Desmatamento, migração, trafico de drogas e pessoas pela fronteira do Acre com Madre de Dios (Interoceânica ).
Ameaças
• No Acre - Lotes de petróleo e gás na bacia do Acre –Madre de Dios, licitação por parte da ANP em novembro de 2013. O lote AC-T 8 foi arrematado em 295 milhões pela Petrobrás ( 1.630 km).
• Os Processos de prospecção realizada em três etapas pela empresa Georadar foi sem a consulta prévia e informada aos povos indígenas.
• No lado peruano os Lotes petrolíferos também estão sobrepostos a territórios indígenas. Recentemente a PERUPETRO está com processo de licitação do lote 169 sobreposto a: Proposta da Reserva Comunal Yuruá, Comunidade Nativa Sawawo e no entorno do território de índios isolados na Reserva Territorial Murunahua. Este lote limita com a TI Kampa do Rio Amonêa, TI Ashaninka/Kaxinawá do Rio Breu e Reserva Extrativista do Alto Juruá no Brasil. • Processo de licitação dos Lotes 187 e 190 na fronteira de Madre de Dios com
Ameaças
• A construção de estradas para a conexão internacional, através do Peru.
• Estrada Interoceânica liga o Acre a Madre de Dios e Cuzco no Peru,
Trouxe problemas de concentração fundiária, desmatamento, migração desordenada, problemas sociais e de saúde.
Migração irregular para o Brasil e aumento do trafico de drogas.
• Motivou a demanda de uma nova estrada que está projetada sobre territórios reservados para índios isolados, Parques Nacionais no Peru, e no Brasil nos limites das TIs Alto Rio Acre. Mamoadate, Estação Ecológica do Rio Acre e Parque Estadual do Chandles.
• O projeto de uma estrada ou ferrovia que ligará as cidades de Pucallpa a
Cruzeiro do Sul, extensão da BR 364, como ferrovia, a extensão da EF 35 de
Vilhena – RO. Esta estrada ou ferrovia vai atravessar o Parque Nacional Serra do Divisor e passará próximas as Terras Indígenas: Naua, Nukini e Poyanawa.
O processo da integração binacional e os Acordos
bilaterais Brasil Peru
• Inicia-se em 1909 com o tratado de limites, comercio e navegação. Desde então o Acre tem sido palco de diversos acordos entre os governos de Brasil e Peru.
•
• Os programas nacionais de integração regional, por parte dos governos: Programa
de Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira e o Plano Brasil fronteira
no Brasil e a Estratégia de Desarrollo e Integração Fronterizos 2007‐2021 no Peru, vem acelerar o processo da integração dos países.
•
• Em 2009 por meio de um Acordo se cria a Zona de Integração Fronteiriça Brasil
Peru – ZIF. A ZIF considera os âmbitos territoriais definidos pelos dois países, onde
se adotaram políticas e projetos conjuntos com a finalidade de impulsionar a integração regional.
• A ZIF Peru Brasil compreende 867.022,25 km² e está formada por três setores contíguos; Setor norte, setor centro e setor sul. O Acre abrange os setores centro e sul.
O Núcleo Estadual de Desenvolvimento e Integração da Faixa
de Fronteira – NEDIFAC
-O governo do Acre estabeleceu, por Decreto Estadual nº 4.930, de 5 de dezembro de
2012.
- O NEDIFAC é responsável por coordenar, acompanhar e avaliar ações e propor medidas que apontem o desenvolvimento de iniciativas e a implementação de políticas públicas prioritárias para a região fronteiriça.
O Núcleo é composto por seis Câmaras Técnicas: i) Segurança; ii) Meio ambiente e saúde; iii) infraestrutura e integração; iv) educação e tecnologia; v) turismo e vi) Desenvolvimento sustentável
• A Câmara Técnica de Desenvolvimento sustentável é o espaço institucional de
diálogo entre a sociedade civil e governo e de participação para definição das políticas de fronteira. Temas principais Povos Indígenas, conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável.
Gestão Territorial e Ambiental na fronteira
Brasil -Peru
• . Os primeiros Planos de Gestão Territorial e Ambiental para as Terras Indígenas do Brasil, surgiram no Acre em 2004.
• Foram resultado das oficinas de etnomapeamento realizados em 8 Terras Indígenas localizadas na fronteira do Acre com o Peru, através do projeto Conservação Transfronteiriça do Alto Juruá e da Serra do Divisor (Brasil – Peru), executado pela CPI-Acre e pela Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AMAAIAC).
• Estas ações representam para as comunidades indígenas as reflexões para a gestão de seus territórios, ,o uso e manejo dos recursos naturais, monitoramento e vigilância, e a relação com as populações que vivem no entorno.
2009, - os Planos de Gestão foram incorporados como política pública do Estado do Acre.
2012 -Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI). Decreto presidencial 7.747.
Articulação binacional na fronteira
Brasil - Peru
• 2005 com a criação do Grupo de Trabalho Transfronteiriço Iniciou-se o
processo de articulação e troca de informações entre as populações
indígenas do Acre e Ucayali.
• Articulação entre as organizações parceiras do projeto, com outras
instituições da sociedade civil e as instituições governamentais do Brasil e
Peru.
• O tema sobre as dinâmicas de fronteira desencadeou a discussão sobre a
situação dos índios isolados que sofrem as consequências devido a
invasão dos seus territórios por esses empreendimentos econômicos.
• O trabalho de gestão territorial e ambiental realizada pela CPI/AC vem
atualizando os mapas temáticos e os planos de gestão nas TIs onde se
discutem o uso dos territórios compartilhados com os índios isolados e
onde a fronteira como entorno apresentam as maiores ameaças.
O GTT como Espaço político, de intercambio e troca de experiências
• Identificou e registrou os Problemas e conflitos socioambientais na fronteira Acre - Ucayali .
• Assumiu compromissos para a proteção das Terras Indígenas e Unidades de Conservação na Fronteira do Acre e Ucayali
• Organizou intercâmbios entre organizações indígenas e ONGs para a troca de
experiências relacionadas aos problemas que ocorrem na fronteira Brasil-Peru; (15 encontros binacionais, 8 oficinas de informação e sensibilização sobre índios
isolados e 2 seminarios, elaborou documentos relacionados a situação dos povos indigenas da fronteira.
• Presta apoio logístico as ações de vigilância comunitária da fronteira para ações de fiscalização por meio de informações geográficas;
• Promove a capacitação de representantes indígenas para fortalecer os trabalhos de vigilância e controle dos territórios indígenas e povos indígenas isolados;
Apoia a capacitação de lideranças sobre os direitos indígenas, direito a Consulta Previa Livre e Informada e a livre determinação, acordos internacionais e outros temas de interes comum;
• Monitora informações sobre infraestrutura; estrada/ferrovia Pucallpa – Cruzeiro do Sul e de Puerto Esperanza – Iñapari;
• Realizou o etnomapeamento com a participação de comunidades indígenas do Peru.
Resultados
• Comunidades indígenas participando de ações de proteção da fronteira e dos povos indígenas isolados.
• Ações comunitarias de vigilancia e proteção dos territorios indigenas subsidiam ações de fiscalização dos órgãos competentes como IBAMA, Policia Federal e exercito brasileiro.
• O compromisso firmado conforme documento “Convenio Marco de Cooperacion interinstitucional entre Aconadisysh- Peru e Apiwtxa - Brasil” .
• Mudanças e predispocisão das comunidades indígenas do Peru, por estarem buscando alternativas economicas sustentáveis
• Criação do Grupo tecnico de trabalho para o monitoramento georreferenciado de
indios isolados na regiaõ Acre - Madre de Dios e do Grupo Técnico Geográfico do Sudoeste Amazonico
• A criação da Camara Técnica de Desenvolvimento Sustentável, no âmbito do Núcleo Estadual para o desenvolvimento e Integração da Faixa de Fronteira do Estado do Acre – NEDIFAC
O GTT e os espaços de articulação interinstitucional
GTT 2005 GtT Monitoramento Georreferenciado dos P. Isolados na Região Acre-Madre de Dios 2012Camara Técnica de Desenvolvimento Sustentável da Fronteira 2012 GT Geográfico Amazonia ocidental 2012
Elaboração do Relatório preliminar sobre a presença de
povos indígenas isolados.
•
Sistematização de informações geográficas, sobre evidencias
da presença de povos indígenas isolados e outros.
•
Elaborar um documento Linha Base sobre a fronteira Peru
Brasil
Sul
–
Ucayali
-
Madre
de
Dios-
Acre;
• Acordos comunitários sobre o uso do território conforme documento
“Declaração em defesa da gestão territorial e ambiental e do direito de
consulta livre, prévia e informada na Fronteira”..
• Visibilidade aos problemas sociais e ambientais que vem ocorrendo na
região de fronteira,
• Reconhecimento para a titulação da Comunidade Nativa Saweto Alto
Tamaya.
• Elaboração de mapas temáticos transfronteiriços: As ameaças da fronteira
e o Histórico da articulação dos povos indígenas da fronteira e dos
caminhos e varações tradicionais com o histórico de migração de familias
Ashaninka do Peru para a Brasil.
Desafios
• O predominio dos processos da integração via desenvovimento econômico e a integração física dentro ou próximos as Áreas Naturais Protegidas e territórios de índios isolados .
•
• A continuidade e funcionamento dos fóruns como o GTT e a Câmara Técnica : o primeiro por ser o espaço da sociedade civil e povos indígenas e tradicionais, espaço de troca de informações, de reflexão e de construção de propostas, o segundo, local para influenciar as políticas da Faixa de Fronteira e da Zona de Integração Brasil - Peru.