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APREN
Associação Portuguesa de Energias Renováveis
Resposta à Consulta Pública
“Linhas Estratégicas para a Revisão dos Planos Nacionais de
Ação para as Energias Renováveis e Eficiência Energética”
29 de Junho de 2012
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Índice
1. Introdução ... 4 2. Comentários da APREN ao Documento em Consulta Pública ... 7 2.1. Considerações Gerais ... 7 2.2. Análise dos Dados em Consulta Pública ... 12 2.2.1. Análise dos preços das commodities ... 12 2.2.2. Análise da evolução do consumo de electricidade ... 15 2.2.3. Análise da evolução da capacidade do sistema electroprodutor ... 17 2.2.4. Análise da evolução da capacidade PRO ... 18 2.2.5. Análise da evolução da capacidade PRE ... 23 2.2.6. Análise final do cumprimento das metas ... 36 2.3. Breve Análise acerca de Alteração de Medidas ... 37 2.3.1. Medidas retiradas do plano por serem consideradas competência da DGEG .... 37 2.3.2. Medidas eliminadas ou descontinuadas ... 37 2.3.3. Medidas fundidas ... 38 2.3.4. Medidas suspensas ou alteradas até revisão em 2014 ... 39 2.3.5. Medidas mantidas ... 41 3. Considerações Finais ... 43 3.1. Expectativas Práticas da APREN para o Desenrolar do Processo de Revisão do PNAER 46 Anexos ... 47 Post‐scriptum ... 48______________________________________________________________________________________________
Índice de Figuras
Figura 1 ‐ Evolução da dependência energética e sua relação com o regime hidrológico. ... 9 Figura 2 – Cenários de evolução do preço do petróleo. ... 13 Figura 3 – Cenários de evolução do preço do gás natural. ... 14 Figura 4 – Cenários de evolução do preço do carvão. ... 14 Figura 5 – Cenários de evolução do preço das licenças de emissão de CO2. ... 15 Figura 6 – Cenários de evolução do consumo de electricidade. ... 16 Figura 7 – Cenários de evolução da potência instalada em PRO térmica. ... 19 Figura 8 – Cenários de evolução da potência instalada em PRO térmica total. ... 20 Figura 9 – Cenários de evolução da potência instalada em PRO hídrica. ... 22 Figura 10 – Cenários de evolução da potência instalada em PRO Total (térmica + hídrica). ... 22 Figura 11 – Cenários de evolução da potência instalada em cogeração não renovável. ... 27 Figura 12 – Cenários de evolução da potência instalada em cogeração renovável. ... 28 Figura 13 – Cenários de evolução da potência instalada em parques eólicos. ... 29 Figura 14 – Cenários de evolução da potência instalada em PCH. ... 29 Figura 15 – Cenários de evolução da potência instalada em centrais a RSU. ... 30 Figura 16 – Cenários de evolução da potência instalada em centrais a biomassa. ... 31 Figura 17 – Cenários de evolução da potência instalada em centrais a biogás. ... 31 Figura 18 – Cenários de evolução da potência instalada em centrais solares fotovoltaicas. ... 32 Figura 19 – Cenários de evolução da potência instalada em centrais solar termoeléctricas. ... 33 Figura 20 – Cenários de evolução da potência instalada em centrais geotérmicas. ... 33 Figura 21 – Cenários de evolução da potência instalada em centrais de energia de ondas. ... 34 Figura 22 – Cenários de evolução da potência instalada em PRE renovável... 35 Figura 23 – Cenários de evolução da potência instalada em fontes de energia renovável (PRO + PRE). .. 35Índice de Tabelas
Tabela 1 – Calendarização dos novos grandes aproveitamentos hidroeléctricos. ... 21 Tabela 2 – Comparação da potência prevista para o sector da PRE FER para 2020: PNAER vs. documento em consulta pública... 23 Tabela 3‐Estimativa APREN da Evolução da Potência PRE (MW) ... 24 Tabela 4‐ Comparação entre a potência considerada para 2011 e 2020 – APREN, PNAER 2 e PNAER 1 (MW) ... 26______________________________________________________________________________________________
1. Introdução
A Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) é uma associação sem fins lucrativos, constituída em Outubro de 1988, com a missão de coordenar, representar e defender os interesses comuns dos seus Associados. São Associados da APREN empresas detentoras de licenças de estabelecimento de centrais de produção de electricidade renovável em regime especial (PRE FER), assim como quaisquer pessoas, individuais ou colectivas, interessadas no desenvolvimento das energias renováveis em Portugal. No final de 2011, a APREN representava já cerca de 87% da potência instalada de PRE‐FER em Portugal.
Desde a sua constituição, esta Associação tem vindo a desenvolver trabalho em conjunto com organismos oficiais e outras entidades congéneres, a nível nacional e internacional, visando constituir um instrumento de participação na elaboração das políticas energéticas para Portugal, promovendo o aproveitamento e valorização dos recursos renováveis nacionais para produção de electricidade.
A APREN vem, através da resposta à consulta pública ao documento intitulado “Linhas
Estratégicas para a Revisão dos Planos Nacionais de Ação para as Energias Renováveis e Eficiência Energética”, expressar a sua profunda preocupação com o sector da PRE FER em
Portugal, que no último ano tem sido alvo de inúmeros ataques, encontrando‐se actualmente submerso numa profunda incerteza e instabilidade, e sob orientações antagónicas. Encontra‐ se instalado um clima de total estagnação no desenvolvimento deste sector, estando os promotores a enfrentar diversas barreiras, como a paragem dos procedimentos de atribuição de potência, a morosidade dos procedimentos de licenciamento ambiental, a intensa actividade de fiscalização da Administração Fiscal junto dos promotores na tentativa abusiva de obtenção de receitas fiscais adicionais (ex. IVA e IMI), da qual já resultaram várias acções judiciais movidas pelos promotores contra a Administração Fiscal, as dificuldades de acesso ao financiamento junto à banca e a instabilidade regulatória, que adiciona a incerteza face ao futuro do sector.
Note‐se que Portugal possui ainda uma muito elevada dependência externa em combustíveis fósseis – cerca de 77% em 20101; este é um valor que deve ser devidamente enquadrado no facto de que a electricidade representa cerca de ¼ do consumo final de energia, sendo o restante da responsabilidade das áreas do aquecimento e arrefecimento e dos transportes2. Este facto torna premente uma mudança de paradigma ao nível destes últimos domínios, o que poderá passar pela sua electrificação, possibilitando uma maior sustentabilidade de todo o sector energético nacional. Como referência para a necessidade económica de diminuir esta dependência, refere‐se que em 2010, o Saldo Importador de Produtos Energéticos cifrou‐se em 5 561 M€, tendo registado um aumento (+13,8%) face ao valor de 2009 (4 888 M€). No que diz respeito às cotações médias anuais do Brent, têm apresentado uma acentuada e sustentada tendência de crescimento, e já em 2010, as cotações deste produto voltaram a atingir níveis elevados na ordem dos 94 USD/bbl (71 €/bbl), muito próximos dos verificados em 20083.
Assim sendo, e tendo em conta a já muito elevada dívida externa, a continuação da aposta nas energias renováveis para a produção de electricidade limpa é essencial, evitando custos significativos com a importação de combustíveis fósseis e em licenças de emissão de CO2. A
1 Segundo informação avançada no documento em consulta pública. 2 Balanço Energético 2010 (provisório), da Direcção‐Geral de Energia e Geologia. 3 A factura energética portuguesa 2010, da Direcção‐Geral de Energia e Geologia.
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APREN destaca que, em 2011, Portugal poupou um total 825 milhões de euros através da produção de electricidade renovável por produtores independentes – mais 195 milhões de euros do que em 2010. Este valor resulta de uma poupança de 721 milhões de euros na importação de combustíveis fósseis (gás natural, carvão, e fuel nas Regiões Autónomas) e 104 milhões de euros em licenças de emissão de CO2.
Mais ainda, o sector da produção de electricidade de origem renovável tem contribuído de sobremaneira para a economia portuguesa ao nível da criação de emprego, desenvolvimento da indústria, exportação de equipamentos e serviços, desenvolvimento de actividades de I&D e inovação a par com as universidades portuguesas, preservação da floresta e contributo para as economias regionais. Até 2011 foram investidos perto de 9 000 milhões de euros, 70% dos quais de capitais estrangeiros4, e prevê‐se que em 2012 este sector contribua com 3 200 milhões de euros para o PIB Nacional e crie 47 800 empregos5.
É importante lembrar que Portugal definiu os seus objectivos energéticos para 2020 através da submissão do Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis (PNAER) à Comissão Europeia, em meados de 2010. Em particular, o sector da electricidade renovável produzida em regime especial, tem acompanhado a expectativa do País face ao seu desenvolvimento, tendo vindo a demonstrar uma notável capacidade de evolução, o que tem permitido colocar Portugal nos lugares cimeiros de incorporação de fontes de energia renovável (FER) na produção de electricidade dentro da UE‐27. Segundo dados do Eurostat, Portugal apresenta um desempenho melhor nas energias renováveis do que a União Europeia – a percentagem de energia de fontes renováveis representou, em 2010, 24,6% do consumo final bruto de energia, face aos 12,4% da média da EU. Em 2010, Portugal era então o quinto Estado‐Membro com melhor desempenho nesta área. No que diz respeito mais especificamente à electricidade renovável, de acordo com a mesma fonte, Portugal tinha em 2010 49,99 % de electricidade renovável, sendo o terceiro país com maior penetração a nível europeu.
No entanto, é essencial destacar três aspectos:
o 2010 foi um ano húmido, com um índice de hidraulicidade de cerca de 1,30. Este facto possibilitou uma elevada contribuição do sector hídrico na produção de electricidade; o A electricidade é dos três o sector que melhor desempenho tem tido para o
cumprimento do objectivo de obtenção de 31% de energias renováveis no consumo bruto de energia em 2020, e aquele com maior potencial de penetração de energias renováveis, tanto actualmente como no futuro;
o Em 2010 Portugal possuía ainda alguma estabilidade regulatória e elevado apoio político ao seu desenvolvimento, algo que desde o segundo semestre de 2011 tem vindo a deteriorar‐se.
A publicação do Decreto‐lei n.º 25/2012, de 6 de Fevereiro, ao suspender a atribuição de potências de injecção na rede eléctrica de serviço público, por tempo indefinido, colocou um grave travão ao desenvolvimento de todas as formas de produção de electricidade em regime especial, em particular de fontes renováveis. A APREN vê com agrado a indicação de uma data para o final desta disposição no documento em consulta pública, ao verificar que no
4 Dados provenientes de consulta aos associados da APREN. 5 Dados resultantes do “Estudo do Impacto Macroeconómico do Sector das Energias Renováveis em Portugal”, elaborada pela Deloitte para a APREN e disponível em http://apren.pt/gca/?id=242 .
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documento em consulta pública se refere que em 2014 a situação de estagnação do sector será revista.
A este respeito, a APREN deixa ainda uma nota de profunda preocupação face à publicação do Despacho n.º 3316/2012, de 6 de Março, que indica claramente que enquanto se mantiver suspensa a atribuição de potências de injecção na RESP, as autoridades competentes na área dos recursos hídricos devem emitir informações prévias desfavoráveis ou indeferimentos liminares aos pedidos e requerimentos de atribuição de novos títulos de utilização dos recursos hídricos para fins de produção de energia a partir de pequenas centrais hídricas (PCH), assim como promover a extinção dos procedimentos administrativos de iniciativa particular já desencadeados. A APREN compreende e concorda com a necessidade de rever o processo de atribuição coordenada de potência de ligação para PCH e de títulos de utilização de recursos hídricos. No entanto, uma suspensão de todos os processos até 2014, levará a que a próxima PCH a ser desenvolvida em Portugal surja apenas após 2020, uma vez que, em média, uma PCH leva dez anos a ser licenciada. Para além do mais convém ainda clarificar que tais alterações não afectam o processo de licenciamento de projectos em curso.
Afigura‐se da maior importância o repensar de uma completa travagem ao desenvolvimento de centros electroprodutores, em particular os que se baseiam na utilizam de recursos energéticos renováveis, os únicos endógenos, sob pena de prejudicar irremediavelmente os interesses económicos, ambientais e sociais do País assim como os compromissos que neste domínio foram assumidos a nível internacional.
Importa ainda não esquecer o esforço e investimento dos promotores e garantir que estes serão devidamente considerados quando equacionada uma revisão do plano de acção que define os objectivos de política energética até 2020. Caso contrário, elevadas perdas serão registadas num dos sectores que mais desenvolveu e promoveu economicamente Portugal nos últimos anos.
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2.
Comentários da APREN ao Documento em Consulta Pública
Sendo a APREN uma Associação que no seu âmbito defende o sector da produção de electricidade renovável em regime especial, a sua resposta à consulta pública “Linhas
Estratégicas para a Revisão dos Planos Nacionais de Ação para as Energias Renováveis e Eficiência Energética” incidirá sobretudo sobre as linhas estratégicas para a revisão do PNAER,
e dentro destas, dirigir‐se‐á essencialmente ao sector da electricidade. No entanto, face à importância da eficiência energética para o novo paradigma energético a nível não só nacional mas também internacional, importância essa amplamente reconhecida pela APREN, far‐se‐ão comentários relativos às expectativas em relação ao PNAEE sempre que se afigurar necessário.
2.1. Considerações Gerais
Tendo em consideração os objectivos de racionalidade económica no consumo e produção
de electricidade, a APREN salienta a necessidade de realizar uma análise macroeconómica de
cada uma das opções de produção de electricidade, que possibilite a contabilização das principais variáveis macroeconómicas6 associadas a cada uma das opções, considerando todo o seu ciclo de vida (conceito de Levelized Cost of Electricity ‐ LCOE) e um horizonte de longo prazo. Para isso, destaca‐se a importância do envolvimento e da participação de todos os
stakeholders na recolha e análise de tanto dos pressupostos como das conclusões, como por
exemplo no que concerne a evolução dos preços de combustíveis e curva de maturidade das diferentes tecnologias, sendo essencial que os resultados da referida análise sejam tornados públicos e revistos periodicamente.
Salienta‐se ainda que a análise macroeconómica de cada uma das opções de produção de electricidade será da maior importância para a revisão prevista para 2014, possibilitando a tomada de decisões que reúnam o consenso do sector e que contribuam para aumentar a transparência e o seu racional técnico e económico.
Será ainda de elevada importância, numa futura revisão do PNAER, a inclusão de um cenário de contingência, que possibilite fazer face a um agravamento da crise económica e financeira na Europa num futuro próximo, que a ocorrer terá fortes impactos na economia dos seus Estados‐Membros, em especial dos mais vulneráveis. Este cenário privilegiará necessariamente as energias endógenas (renováveis) em detrimento das energias fósseis, cujo preço “dispara” face à instabilidade económico‐política. Existe uma clara correlação entre a cotação do petróleo e a factura energética externa Portuguesa, sendo o nosso grau de independência energética determinado pela produção de electricidade renovável.
Considerando os objectivos de promoção da competitividade e bom funcionamento dos
mercados energéticos, a APREN salienta a necessidade de identificar e quantificar as
distorções de mercado actualmente existentes, que impedem que a PRE FER compita no
6
Emprego, contribuição para o PIB, exportação de equipamentos, produtos e serviços, investimento nacional e estrangeiro, criação de empresas, dinamização da indústria nacional, criação de know‐how, impacto na balança económica, dependência energética, segurança de abastecimento, etc.
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mercado em condições de igualdade com a PRO7. Este exercício possibilitará a obtenção de um novo preço de referência, que inclua todas as formas de remuneração da produção de electricidade. É ainda essencial garantir que a comparação do impacto das várias opções de produção de electricidade na factura dos consumidores, devendo ser realizada através de uma metodologia ajustada8 considerando as referidas distorções e o novo preço de referência.
No que concerne os pressupostos apresentados no documento em consulta pública, a APREN considera essencial frisar que muitos dos dados apresentados, como por exemplo os
pressupostos macroeconómicos, não são devidamente enquadrados nas análises avançadas
pelo documento, tornando de difícil compreensão o objectivo da apresentação de determinados valores, tabelas e gráficos, uma vez que não são retiradas quaisquer conclusões nem é referida a influência no cumprimento dos objectivos traçados. Por esta razão a APREN considera importante que alguns conceitos e dados fornecidos sejam clarificados.
Relativamente à evolução do Produto Interno Bruto (PIB), afigura‐se essencial clarificar qual a sua influencia na evolução do consumo de energia, uma vez que as previsões para o consumo de electricidade foram drasticamente reduzidas. É importante destacar o positivo contributo das renováveis para o PIB, bem como o seu papel na recuperação da economia portuguesa. Este aspecto reveste‐se de elevada importância uma vez que as poupanças registadas devido à não importação de combustíveis fósseis e à não aquisição de licenças de emissão, por via do aumento de penetração das energias renováveis, têm vindo a aumentar a cada ano.
No que diz respeito ao peso da energia na balança comercial, é essencial esclarecer que os dados apresentados estão influenciados pelo aumento do preço dos combustíveis fósseis, como se pode comprovar com os dados igualmente apresentados no documento em consulta pública, que desagregam a evolução do consumo de energia e do preço de barril de brent. Uma análise completa possibilita verificar o contributo positivo das energias renováveis para a balança comercial, que têm vindo a possibilitar que o peso da energia nesta balança não seja superior, funcionando como um seguro contra as flutuações dos mercados.
Em relação à evolução da dependência energética e à sua relação com o regime hidrológico, importa esclarecer que, a partir de 2006, a penetração da energia eólica veio “quebrar” a correlação existente; é o que se verifica quando observada a figura 1, e se analisa por exemplo o ano de 2008 – o índice de produtibilidade hidroeléctrica é menor face a 2006, mas a dependência energética diminuiu. Verifica‐se que, de facto, o aumento da capacidade renovável, principalmente eólica, permitiu diminuir a dependência energética de um valor médio de 85% entre 1995 e 2005, para 76,8% em 2010.
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Produção em Regime Ordinário. 8
Ver como referência o estudo da Roland Berger realizado para a APREN “Avaliação dos custos e benefícios da
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Figura 1 ‐ Evolução da dependência energética e sua relação com o regime hidrológico.
Considerando agora os ambiciosos objectivos relacionados com a eficiência energética, a APREN vem alertar para a difícil concretização das metas enunciadas. Analisando a concretização do PNAEE em vigor, aprovado em 2008, verifica‐se que, apesar do seu elevado potencial, o nível de adopção das medidas previstas não foi tão elevado como o previsto. Tal hipótese é aliás considerada no documento em consulta pública, ao referir as medidas de
backup no caso de atrasos na execução do PNAEE.
Enfatiza‐se que, caso uma sobrevalorização da eficiência energética ocorra, esta colocará em causa não apenas as metas de eficiência energética, mas também as relacionadas com as energias renováveis. É então deixada uma nota referente à preocupação face à elevada probabilidade de atrasos na execução do PNAEE, o que implicará ajustes nas previsões de consumo, e portanto da oferta para o satisfazer.
A APREN relembra ainda que a aposta nas energias renováveis constitui, em si mesma, uma medida de promoção de eficiência, uma vez que tira proveito de recursos endógenos, promovendo um melhor aproveitamento dos recursos financeiros, e ainda um aumento de eficiência da conversão de energia primária em energia final, se considerarmos uma eficiência de aproveitamento dos recursos renováveis de 100%, já que a energia renovável que não é aproveitada não se perde nem degrada.
No que se relaciona com a evolução dos consumos de energia, a APREN chama a atenção para o impacto positivo das energias renováveis. A maior penetração de renováveis tem permitido diminuir o consumo de energia primária e final (a partir de 2005), graças a uma maior eficiência na utilização dos recursos, i.e., uma menor intensidade energética. Esta Associação relembra ainda que a electrificação do consumo é uma tendência europeia que permitirá uma elevada penetração de renováveis no mix eléctrico, a descarbonização do sistema eléctrico e a diminuição da emissão de gases com efeito de estufa (GEE).
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É deixado um alerta para várias inconsistências na previsão da evolução do consumo de electricidade.
Em primeiro lugar, um aumento do consumo da energia primária superior ao da energia final, interpretado como um crescimento do consumo não eléctrico, não é consistente com os dados históricos e com as projecções da International Energy Agency (IEA), nem com os objectivos de eficiência energética.
Em segundo lugar, a revisão do consumo de electricidade em baixa parece irreal se se considerar que este estudo parte de uma base (2011‐2012) de clara procura deprimida, devido ao cenário de crise em que o País se encontra, e que é expectável que, depois de ultrapassada a crise económica, sejam restabelecidos os níveis de consumo iniciais, ou mesmo que se registem ligeiros aumentos da procura devido à retoma económica. A esta análise deve ainda ser acrescentado o elevado risco de não cumprimento dos objectivos de eficiência energética, que poderá levar à necessidade de um melhor desempenho do sector da electricidade. Assim, afigura‐se indispensável alertar que uma incorrecta previsão dos consumos terá um elevado impacto na execução do PNAER, uma vez que é ao nível da procura que define a oferta necessária e portanto, a capacidade instalada de produção renovável e não renovável.
A APREN deseja ainda destacar que, face à necessidade referida de “actuar junto dos
promotores para garantir instalação prevista e licenciada”, se afigura de extrema importância
uma reflexão sobre as razões de uma eventual não realização e uma análise à própria motivação desta medida. Esta Associação aproveita para sublinhar que, neste âmbito, diversos factores foram já identificados e alertados às autoridades competentes, nomeadamente:
o As barreiras administrativas, nomeadamente no que concerne o licenciamento ambiental, são cada vez mais severas;
o O novo enquadramento macroeconómico, designadamente a dificuldade de financiamento, inviabiliza uma rentabilidade mínima para as condições oferecidas à data dos diferentes concursos;
o O risco regulatório tem vindo a agravar‐se, dificultando o acesso a financiamento junto à banca.
Conclui‐se assim que, mais do que actuar junto dos promotores, é essencial que o Governo actue para ultrapassar as referidas barreiras que muito dificultam o desempenho dos promotores.
Tendo em conta as afirmações, constantes do documento em consulta, que “Portugal
apresenta um dos melhores registos históricos no cumprimento do peso das FER“ e que “os desafios associados ao PNAER são hoje facilmente alcançáveis com medidas de menor investimento”, e apesar de serem reconhecidos e apreciados os níveis actualmente atingidos,
a APREN chama a atenção para uma eventual atitude demasiado optimista. Relembra‐se que a Comissão Europeia afirmou explicitamente que todos os PNAER previam um aumento do esforço nos últimos anos do período de análise, pelo que o cumprimento das trajectórias até à data não garante o cumprimento das metas finais. Acresce ainda que os feitos passados não garantem o cumprimento de metas futuras, principalmente quando o contexto político‐ económico associado às energias renováveis se tem vindo a alterar dramaticamente.
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Assim, a APREN considera de elevada importância a revisão proposta para 2014, pois sem novos investimentos em energias renováveis dificilmente as metas de ambos os Planos em análise serão alcançáveis.
A revisão prevista de metas e novos licenciamentos para 2014, é assim vista com agrado pela APREN, na medida em que se compreende que, até 2014, a prioridade deve ser dada à capacidade já atribuída em procedimentos concursais ou outros processos anteriores, que será suficiente para colmatar a procura expectável. Esta Associação reconhece que a revisão de metas e a análise da capacidade do sistema electroprodutor é um exercício salutar e necessário. Considera‐se ainda que este documento estabelece assim o ano de 2014 como o limite temporal para o Decreto‐Lei n.º 25/2012, de 6 de Fevereiro.
Contudo, a APREN também alerta para a necessidade de considerar a possibilidade de um maior crescimento do consumo do que o previsto, e a necessidade do sector eléctrico ter de compensar atrasos nos restantes sectores (A&A9 e transportes), o que implicaria necessidades de potência adicional para satisfazer a procura e para cumprir as metas estabelecidas. É ainda essencial ter em conta a imprevisibilidade de entradas e saídas de serviço das centrais térmicas, cuja decisão está sobretudo dependente do mercado e de condições técnicas e não apenas da vontade política.
É ainda extremamente importante ter em atenção a flexibilidade limitada do sistema electroprodutor, bem como os timings de atribuição e licenciamento de nova capacidade. Preparar com antecedência os procedimentos de atribuição de potência, discutir publicamente os seus critérios e respectivos mecanismos de remuneração é fulcral para o sucesso da atribuição de nova potência renovável.
No âmbito da referida revisão, a APREN alerta ainda para que, aquando da análise à evolução dos custos das tecnologias renováveis, seja tido em conta que opções que hoje possam não ser económica e tecnicamente viáveis poderão sê‐lo em breve, como é o caso do solar fotovoltaico, cuja curva de maturidade tecnológica tem vindo a registar importantes reduções ao nível do custo em curtos períodos temporais. De acordo com a recente comunicação da Comissão Europeia sobre a estratégia de energias renováveis10, é referido que nos cinco anos até 2010, o custo dos sistemas fotovoltaicos diminuiu em 48%. O mesmo alerta é feito em relação ao abandono de políticas de apoio a tecnologias emergentes, como é o caso da energia das ondas e da solar, que pode implicar a perda irreversível destes mercados.
Face às razões enunciadas, a APREN considera que a revisão em 2014 não deverá ter como fim exclusivamente a atribuição de nova capacidade renovável, mas sim avaliar quais as tecnologias e os melhores moldes para realizar os investimentos necessários, com base no estudo macroeconómico alargado referido anteriormente. Caso contrário, não só as metas estabelecidas a nível Europeu serão seriamente postas em causa, como estar‐se‐á a acabar com um sector de actividade que tem vindo a trazer inúmeros benefícios para a economia Portuguesa, dando sinais muito negativos ao investimento estrangeiro, que deixará de ser captado. Portugal perderá irremediavelmente a liderança Europeia e mesmo mundial neste sector, e com ela, as mais‐valias do seu desenvolvimento.
9 Aquecimento e arrefecimento. 10 COM(2012) 271 Final, de 6 de Junho.
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É também importante deixar claro que a APREN considera que a suspensão de novos
licenciamentos até 2014 não inclui a potência de sobreequipamento, apesar de essa
suspensão estar prevista na secção relativa ao estado de execução das medidas do PNAER. Considera‐se que a autorização para instalação de sobreequipamento não configura a emissão de uma “nova” licença de exploração, sendo que o Decreto‐Lei n.º 51/2010 refere expressamente que a potência de injecção atribuída não sofre qualquer alteração. Por esta razão a APREN manifesta‐se em total desacordo com a acção futura recomendada de suspensão da viabilização de potência através de sobreequipamento, mais ainda tendo em conta que estes projectos trazem inúmeras vantagens para o sistema eléctrico e mesmo para o consumidor, tal como explanado mais à frente na secção 2.3.4.
Finalmente, no que diz respeito ao espírito com que se analisa e redige um documento desta
natureza, a APREN relembra que, tanto o PNAER como o PNAEE – com objectivos definidos
para 2020 ‐ são um meio e não um fim; assim, todas as análises devem ser feitas tendo em conta o horizonte de 2030 e 2050, cujo objectivo é a descarbonização de 85% a 90% da economia de acordo com o Roteiro para 2050 da Comissão Europeia11. Este objectivo implica a descarbonização total do sistema electroprodutor, logo é necessário um planeamento energético atempadamente reflectido e preparado, para que seja possível caminhar ao ritmo mais sustentável para este futuro.
2.2. Análise dos Dados em Consulta Pública
Uma vez mais, a APREN destaca que os pressupostos apresentados no documento em consulta pública, não são devidamente enquadrados nas análises e nas conclusões avançadas pelo documento e que não é visível a relevância da consideração dos dados apresentados, nem qual a sua influência na evolução do desenvolvimento de energias renováveis em Portugal.2.2.1. Análise dos preços das commodities
Apesar de não se compreender o alcance dos pressupostos relativos ao impacto da evolução do preço das commodities nas conclusões avançadas pelo documento, considera‐se relevante destacar uma inconsistência encontrada entre os valores do preço do petróleo avançados pelo Ministério das Finanças em Setembro de 2011, no “Documento de Estratégia Orçamental para 2011‐2015” e os considerados no documento em consulta pública.11 COM(2011) 112.
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Figura 2 – Cenários de evolução do preço do petróleo.
Existe de facto uma diferença considerável entre os valores apresentados no documento em consulta pública, cuja fonte apresentada é o Ministério das Finanças e os valores publicados pelo mesmo Ministério aquando do “Documento de Estratégia Orçamental 2011‐2015”, em 2011, sendo aconselhável uma justificação para as diferenças encontradas.
A APREN promoveu análises semelhantes no que concerne as restantes commodities que apresenta de seguida.
Nota explicativa sobre legenda do gráfico
o PNAER 2: valores apresentados no documento “Linhas estratégicas para a revisão dos
Planos Nacionais de Ação para as Energias Renováveis e Eficiência Energética”. o Roland Berger: valores considerados no estudo realizado pela Roland Berger para a APREN “Avaliação dos custos e dos benefícios da energia eléctrica de origem renovável” – fontes: Bloomberg e IEA. o Min. Finanças: valores apresentados no “Documento de Estratégia Orçamental 2011‐2015” (Setembro 2011). o IEA – Current Policies Scenario: valores publicados no “World Energy Outlook 2011”, da IEA para o cenário “Current Policies”. Foram utilizados preços em termos reais.
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Figura 3 – Cenários de evolução do preço do gás natural.
Figura 4 – Cenários de evolução do preço do carvão.
______________________________________________________________________________________________ Figura 5 – Cenários de evolução do preço das licenças de emissão de CO2.
Ainda no que concerne os pressupostos apresentados na tabela do slide 15, a APREN alerta para incoerências nos valores de taxa de crescimento médio anual (tcma) apresentados em determinados indicadores; destaca‐se a tcma referente à evolução da potência instalada FER total – o valor apresentado é de 5,6% e o valor calculado é de 4,3%.
2.2.2. Análise da evolução do consumo de electricidade
Em primeiro lugar, destaca‐se que a análise apresentada no documento em consulta pública é relativa ao consumo final líquido de electricidade, descontado de auto‐consumo, perdas e bombagem. É essencial explicitar este facto, uma vez que o espírito da Directiva 2009/28/CE, está assente sobre os consumos brutos de energia que uma análise incorrecta poderá levar ao não cumprimento da Directiva, por via de uma sob‐estimativa dos consumos.
É de seguida apresentada uma análise a diferentes expectativas relativas à evolução do consumo de electricidade em Portugal, que, como se pode facilmente verificar, seguem tendências semelhantes, de aumento do consumo no pós‐2015. No entanto, destaca‐se que a previsão apresentada no documento em consulta pública é a única que apresenta uma redução significativa do consumo até 2015.
Verifica‐se de facto, que a expectativa para o consumo de electricidade em 2020 é bastante baixa, não só quando comparada com (i) o valor apresentado no PNAER em vigor, (ii) os valores avançados pela REN (utilizados no estudo realizado pela Roland Berger para a APREN),
(iii) com os valores obtidos através da aplicação das taxas de crescimento do consumo
publicadas pela IEA aos valores de consumo verificados em 2010 – dois cenários “Current
policies” e “New Policies”.
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Figura 6 – Cenários de evolução do consumo de electricidade.
Relativamente à comparação dos valores apresentados pode referir‐se o seguinte:
o Uma comparação imediata dos valores das curvas “PNAER 1” e “PNAER 2” não pode ser realizada directamente, uma vez que ao contrário dos valores apresentados no PNAER, em que o consumo considerado era o consumo bruto de electricidade, no caso das linhas estratégicas em análise, o valor apresentado é o valor líquido. Assim, seria necessário possuir os valores associados a auto‐consumo, bombagem e perdas para obter uma curva verdadeiramente equivalente à do PNAER.
o O mesmo acontece com os valores apresentados pela REN, aos quais acresce ainda o facto de a REN só considerar valores para Portugal continental.
o Em relação aos valores obtidos através da aplicação das taxas de crescimento do consumo, publicadas pela IEA no “World Energy Outlook 2011”, estes serão passíveis de comparar directamente com os apresentados pela DGEG no documento em consulta pública, uma vez que partem do mesmo valor de consumo líquido em 2010. No entanto, verifica‐se que as curvas obtidas com a aplicação destas taxas valores possuem um andamento diferente do da curva “PNAER 2”, uma vez que não estimam reduções do consumo no período 2010‐2015. Considera‐se contudo oportuno enaltecer que ao aplicar a taxa de crescimento prevista pela IEA para o cenário “new policies”, ou seja, um cenário onde são já incorporados os compromissos políticos e os planos anunciados pelos países em todo o mundo, que visam combater a insegurança energética, as alterações climáticas e a poluição local, as expectativas de aumento do consumo são significativamente superiores às apontadas no documento em análise. o Destaca‐se ainda que a curva dos valores apresentados pela APREN no projecto REPAP
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que mais se aproxima em termos de trajectória, da curva apresentada pela DGEG na presente consulta pública.
A APREN chama a atenção que a expectativa de uma redução considerável do consumo de electricidade, que por sua vez, determina um menor valor de nova potência a instalar em Portugal é alarmante.
Ainda que se registe um aumento dos níveis de implementação de medidas de eficiência energética, atingir uma procura de electricidade de 53,6 TWh em 2020, mesmo acrescidas dos consumos relativos a auto‐consumo, bombagem e perdas, significaria alcançar poupanças muito elevadas no sector eléctrico no período em causa (2011‐2020), algo que se afigura bastante ambicioso face à experiência já existente. Acresce ainda que esta análise parte de uma base – 2011 e 2012 – de clara depressão da procura de electricidade, por via da crise económico‐financeira que severamente se faz sentir em Portugal; no entanto, é expectável que aquando da retoma económica, sejam restabelecidos os níveis iniciais de consumo e respectivos índices de crescimento.
É ainda preocupante que se esteja a ignorar o facto de existir uma tendência a nível não só Europeu, mas mundial, para a electrificação do consumo, ou seja, fazer uso da electricidade renovável nos sectores A&A e dos transportes, tendência que está patente nas projecções da IEA, mas que não é aparentemente considerada nas linhas estratégicas agora em apresentação.
Assim, mesmo considerando os impactos das medidas de eficiência energética previstas, afigura‐se mais correcto a utilização de previsões superiores de evolução do consumo de electricidade, na linha dos valores propostos pela APREN no projecto REPAP. Ressalta‐se que uma incorrecta previsão do consumo poderá levar ao incumprimento da Directiva Comunitária.
2.2.3. Análise da evolução da capacidade do sistema electroprodutor
Acerca da evolução da capacidade do sistema electroprodutor, e em termos dos pressupostos avançados, a APREN faz em primeiro lugar uma importante chamada de atenção para uma aparente falta de critério nas projecções de evolução da potência a instalar em Portugal até 2020.
Denota‐se que, para o caso da Produção em Regime Ordinário (PRO), foi considerada a potênciaa instalar em função das licenças atribuídas. O planeamento da REN foi tido em conta para o período em causa, considerando‐se as entradas e saídas dos grupos térmicos e a realização dos projectos de grandes aproveitamentos hidroeléctricos, que ainda não foram suspensos pelos promotores (EDP, Iberdrola e Endesa) ou chumbados a nível do licenciamento ambiental.
No entanto, quando são analisados os valores avançados para a Produção em Regime Especial
(PRE), verifica‐se que o mesmo critério não foi seguido.
No caso da cogeração (renovável e não renovável) a potência apresentada foi baseada num estudo sobre o seu potencial disponível em Portugal, pelo que são considerados valores
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ambiciosos para a evolução deste sector, que se afigura estagnado ou mesmo em declínio face ao menor número de actividades industriais que necessitam de produção de calor.
No caso de projectos PRE FER, como é o caso da energia eólica, solar e ainda das PCH, em que existem licenças atribuídas e potencial disponível, parecem ter sido aplicadas considerações subjectivas acerca da potência a considerar, nomeadamente a capacidade dos promotores conseguirem concluir, em tempo útil, o desenvolvimento de projectos com licença atribuída por razões ambientais ou de falta de financiamento.
Por fim, no caso dos resíduos sólidos urbanos (RSU), biogás e geotermia, outras considerações/critérios aparentam ainda ter sido utilizados. Note‐se ainda que não é justificada a motivação para esta diferente aplicação de critérios.
A APREN sublinha a necessidade de estabelecimento de critérios homogéneos, sólidos e transparentes para a consideração da potência a instalar por tecnologia, que devem ser aplicados tanto à PRO como à PRE, a bem da garantia de equidade no sector.
São em seguida apresentadas algumas considerações face aos números e pressupostos utilizados no documento em consulta pública.
2.2.4. Análise da evolução da capacidade PRO
‐ PRO TérmicaA retirada da garantia de potência poderá travar irremediavelmente o desenvolvimento das CCGT12 de Sines e Lavos. Pelo que foi possível apurar por esta Associação, a consideração da entrada ao serviço destas duas centrais em 2017 poderá ser um cenário demasiado optimista. É ainda importante destacar que estas duas centrais representam um acréscimo de cerca de 1 700 MW.
A acrescer a esta problemática, existe ainda o facto do preço das licenças de emissão se encontrar bastante baixo – cerca de 8 €/tonCO2eq. A continuar a estes níveis, poderá implicar
um atraso na saída de serviço da central a carvão de Sines, se tal não for ditado por questões técnicas.
Será pelos argumentos apresentados relevante a consideração de um cenário que tenha em conta estes factores, uma vez que poderá ser alocada uma potência excessiva a centrais térmicas fósseis, que poderá não ser realizável na sua totalidade antes de 2020.
Vale ainda a pena enfatizar o facto de que o cenário de evolução da PRO térmica até 2020 remete para uma dependência de combustíveis fósseis quase exclusiva de gás natural, que é importado na sua totalidade, e de países com uma considerável instabilidade geopolítica (Argélia e Nigéria). Afigura‐se essencial que não seja esquecido tão importante objectivo fundamental de política energética ‐ a segurança do abastecimento energético.
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Nos gráficos abaixo apresentados, destaca‐se como diferenças entre os cenários a hipótese colocada pela APREN das novas CCGTs de Lavos e Sines não entrarem ao serviço em 2017, como previsto no documento em consulta pública. Foi antes considerado um atraso na sua entrada ao serviço – Lavos em 2018 e Sines em 2022, após análise do mercado e consulta às partes envolvidas. Note‐se que a eventual não entrada dos grupos CCGT de Sines e Lavos antes de 2020, promoverá a ausência de cerca de 1 700 MW, que poderiam ser alocados a fontes renováveis, mais descentralizadas e que contribuem para objectivos de descarbonização e incorporação de energias renováveis.
Face ao panorama actual, a APREN considera mais razoável um atraso da entrada ao serviço destas centrais, como proposto, e a eventual assunção de medidas de backup para colmatar este atraso, como por exemplo atribuição de potência renovável.
Podem ainda ser encontradas pequenas diferenças entre os valores considerados para o carvão e para o gás natural, constantes ao longo de todo o período, o que pode evidenciar a consideração por parte da DGEG de grupos de backup das centrais existentes, uma vez que a APREN se baseou em números da REN para realizar esta análise. Merece ainda uma pequena referência as diferenças encontradas no período 2010‐2012 para as centrais a fuel em Portugal; considera‐se que podem ser devidas à calendarização de saída de determinados grupos das centrais de Setúbal e Tunes. Denota‐se então que as principais diferenças verificadas aquando da comparação dos valores propostos no documento em análise e pela APREN se devem essencialmente a esta proposta relativa às novas CCGT. Figura 7 – Cenários de evolução da potência instalada em PRO térmica.
______________________________________________________________________________________________ Nota: em todas as análises apresentadas, os valores “APREN 2012” são, para os anos 2010, 2011 e 2012, os valores reais verificados, e encontrados em fontes públicas de informação. Figura 8 – Cenários de evolução da potência instalada em PRO térmica total. ‐ PRO Hídrica
Uma vez mais se alerta para o facto de a retirada da garantia de potência poder travar o desenvolvimento de empreendimentos já previstos mas cujo desenvolvimento ainda não se iniciou. A esta problemática, acrescem ainda todas as barreiras existentes ao nível do licenciamento ambiental e da contestação social, face ao desenvolvimento de grandes aproveitamentos hidroeléctricos, bem como a retirada de alguns incentivos, que poderão pôr em causa a concretização destes investimentos.
Merece ainda referência a alteração do planeamento de entrada em funcionamento, bem como de potência a instalar, face ao Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH) e ao PNAER ainda em vigor. Apresenta‐se de seguida um mapa com as referidas diferenças assinaladas:
______________________________________________________________________________________________ Tabela 1 – Calendarização dos novos grandes aproveitamentos hidroeléctricos. No que concerne a potência total, não se verificam diferenças substanciais quando se analisam as curvas sugeridas pelas diferentes fontes; essencialmente são verificados pequenos atrasos na entrada ao serviço de determinadas centrais hidroeléctricas.
No entanto destaca‐se que, face à importância da informação em análise para o sector eléctrico nacional, será desejável que um ponto de situação acerca do desenvolvimento dos projectos do PNBEPH, e dos projectos da EDP – novos aproveitamentos e reforços de potência, seja publicamente apresentado. Nota explicativa sobre a tabela o A calendarização do PNAER em vigor encontra‐se a verde – “PNAER 1”. o A calendarização segundo o documento em consulta pública é apresentada como “PNAER 2”.
______________________________________________________________________________________________ Figura 9 – Cenários de evolução da potência instalada em PRO hídrica. Quando analisada a PRO total, ou seja, o conjunto das centrais térmicas e hídricas, verifica‐se uma vez mais que a principal diferença registada é devida à possibilidade da não entrada ao serviço dos grupos CCGT de Sines e Lavos. Figura 10 – Cenários de evolução da potência instalada em PRO Total (térmica + hídrica).
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2.2.5. Análise da evolução da capacidade PRE
Relativamente à PRE, para além da aparente subjectividade na aplicação de critérios, sem fundamentação apresentada, verifica‐se uma preocupante redução da potência a instalar até 2020; uma redução tão significativa que colocará, sem dúvida, em causa os objectivos do País quanto à produção de electricidade a partir de recursos endógenos e os compromissos/metas que, nesse domínio, assumiu perante a UE.
A redução prevista afecta todas as fontes renováveis de produção em regime especial, embora com expressão diferenciada para cada uma delas relativamente às metas estabelecidas no PNAER inicial.
Tabela 2 – Comparação da potência prevista para o sector da PRE FER para 2020: PNAER vs. documento em consulta pública.
Fonte / Potência PNAER 1 [MW] PNAER 2 [MW] Redução
Eólica 6 875 5 300 ‐23% Solar 1 500 550 ‐63% PCH 750 500 ‐33% Biomassa total 13 952 861 ‐10% Geotermia 75 30 ‐60% Ondas 250 6 ‐98% Denota‐se ainda um aparente excesso de optimismo face ao desenvolvimento da cogeração – único subsector que apresenta uma evolução mais positiva face ao PNAER em vigor. Apesar de reconhecer o mérito da cogeração renovável, uma actividade extremamente importante na promoção da eficiência da produção de calor e electricidade, ao que foi possível apurar, não parecem estar reunidas as condições necessárias para que nova actividade industrial, com necessidade de produção de calor, combinado com produção de electricidade (renovável e não renovável), se instale em Portugal. Acresce ainda que, no que concerne a actividade já existente no nosso País, não só não parecem existir condições para o seu crescimento, como a tendência verificada é a de fecho de instalações por via da crise sentida em Portugal e das alterações regulatórias implementadas recentemente.
A APREN vem apresentar a sua análise relativa à tabela apresentada no slide 21, do documento em consulta pública; uma análise baseada em informação recolhida por consulta a fontes de informação públicas, aos seus Associados e a outros promotores de PRE. De referir que esta é uma análise realizada no espírito da presente consulta pública, ou seja, é apenas
uma previsão da potência que é possível instalar tendo, exclusivamente em conta os pressupostos que regem o documento em consulta pública – suspensão de novos licenciamentos e realização apenas de projectos com potência já atribuída. No fundo, este
constitui o ponto de partida para equacionar a revisão do PNAER, e quando esse processo for iniciado, a APREN dará o seu contributo relativamente à potência que considera viável para cada uma das tecnologias, tendo em conta o respectivo potencial técnico e económico, esperando ser consultada nesse processo, enquanto canal privilegiado entre a administração central e os promotores.
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________________________ ______________________________________________________________________ Tabela 3‐Estimativa APREN da Evolução da Potência PRE (MW) Potência (MW) 2011 Verificados 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Potência adicional 2012‐2020 Cog NFER14 1 431 1 431 1 431 1 431 1 431 1 431 1 431 1 431 1 431 1 431 0 Cog FER14 349 349 349 349 349 349 349 349 349 349 0 Eólica 4.379 4.552 4.902 5.306 5.560 5.610 5.644 5.644 5.644 5.644 1 265 ENEOP215 814 142 154 90 0 0 0 0 0 0 386 Ventinveste16 12 0 72 164 152 0 0 0 0 0 388 Fase C16 6 0 20 40 50 50 34 0 0 0 194 Processos em desenvolvimento16 3 545 11 9 0 0 0 0 0 0 0 20 Sobreequipamento16 ‐ 20 92 110 30 0 0 0 0 0 252 Offshore17 2 0 3 0 22 0 0 0 0 0 25 PCH 453 453 453 463 505 535 612 657 704 750 297 Processos em desenvolvimento16 453 0 0 10 10 10 10 10 10 10 70 Concurso 201018 0 0 0 0 32 0 47 0 0 0 79 Novas concessões19 0 0 0 0 0 20 20 35 37 36 148 RSU14 88 88 88 88 88 88 88 88 88 88 0 Biomassa 106 106 106 106 106 184 184 184 184 184 78 Processos em desenvolvimento16 101 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Concurso 200620 5 0 0 0 0 78 0 0 0 0 78
14 Consideração da não existência de processos em desenvolvimento. 15 Consideração da potência atribuída nas três fases do concurso de 2007 – 1200 MW + 400 MW + 200 MW. 16 De acordo com consulta a Associados da APREN e outros promotores desta tecnologia. 17 Projectos NER 300 de acordo com informação da DGEG. 18 Consideração da potência atribuída no concurso de 2010 ‐ adjudicados 79 MW dos 150 MW colocados em concurso. 19 Valor baseado nas previsões de atribuição de 250 MW em potência por concurso – Resolução do Conselho de Ministros n.º 72/2010 e Decreto‐Lei n.º 126/2010. 20 Consideração da potência atribuída no concurso de 2006 ‐ adjudicados 83 MW dos 100 MVA colocados em concurso.
____________________________________________________________________________ __________________ Potência (MW) 2011 Verificados 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Potência adicional 2012‐2020 Biogás 52 54 63 63 63 63 63 63 63 63 11 Processos em desenvolvimento16 52 2 10 0 0 0 0 0 0 0 11 Solar PV 173 215 296 397 489 539 579 619 659 699 526 Microgeração21 69,5 13 10 10 10 10 10 10 10 10 93 Minigeração21 0 30 30 30 30 30 30 30 30 30 270 Concurso 201022 0 0 30 50 50 10 0 0 0 0 140 Concurso CPV 200923 0 0 2 3 0 0 0 0 0 0 5 Processos em desenvolvimento16 103 0 9 8 2 0 0 0 0 0 19 Solar Termoeléctrico 0 0 20 40 50 50 50 50 50 50 50 Concurso CSP 200924 0 0 10 10 10 0 0 0 0 0 30 Processos em desenvolvimento16 0 0 10 10 0 0 0 0 0 0 20 Geotermia14 23 23 23 23 23 23 23 23 23 23 0 Ondas 0 0 1 2 3 5 6 6 6 6 6 Processos em desenvolvimento16 0 0 1 1 1 2 1 0 0 0 6 TOTAL PRE 7.054 7.271 7.731 8.268 8.667 8.877 9.029 9.114 9.201 9.287 2 233 TOTAL PRE FER25 5.623 5.840 6.300 6.837 7.236 7.446 7.598 7.683 7.770 7.856 2 233
21 Consideração do planeamento de quotas anuais de potência a atribuir em micro e minigeração. 22 Potência atribuída no concurso de 2010 – adjudicados 140 MW dos 150 MW colocados em concurso. 23 Consideração da potência atribuída no concurso para projectos de demonstração de 2009 para CPV – 5 MW. 24 Consideração da potência atribuída no concurso para projectos de demonstração de 2009 para CSP – 29,5 MW. 25 A PRE FER exclui cogeração não renovável (Cog NFER).
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Tabela 4‐ Comparação entre a potência considerada para 2011 e 2020 – APREN, PNAER 2 e PNAER 1 (MW)
Fonte Potência Instalada em 2011 Potência prevista para 2020 Potência adicional 2012‐2020
APREN 2012 PNAER 2 PNAER 1 APREN 2012 PNAER 2 PNAER 1 APREN 2012 PNAER 2 PNAER 1
Cog NFER 1 431 1 431 ‐ 1 431 1 532 ‐ 0 101 ‐ Cog FER 349 349 499 349 491 560 0 142 61 Eólica 4 552 4 351 4 928 5 644 5 300 6 875 1 265 949 1.947 PCH 453 455 457 750 500 750 297 45 293 RSU 88 100 ‐ 88 110 ‐ 0 10 ‐ Biomassa 106 117 178 184 200 250 78 83 72 Biogás 52 46 53 63 60 150 11 14 97 Solar PV 173 158 228 699 500 1 000 526 342 772 Solar Termoeléctrico 0 0 30 50 50 500 50 50 470 Geotermia 23 30 30 23 30 75 0 0 45 Ondas 0 0 5 6 6 250 6 6 245 TOTAL PRE 7 054 7 037 ‐ 9 287 8 779 ‐ 2 233 1 742 ‐ TOTAL PRE FER 5 623 5 606 6 408 7 856 7 247 10 410 2 233 1 641 4 002