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O CONTEXTO HISTÓRICO DA RÚSSIA NAS REVOLUÇÕES DE 1905 E 1917

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ANAIS DA XIV JORNADA DO HISTEDBR: Pedagogia Histórico-Crítica, Educação e Revolução: 100 anos da Revolução Russa. UNIOESTE – FOZ DO IGUAÇU-PR. ISSN: 2177-8892

O CONTEXTO HISTÓRICO DA RÚSSIA NAS REVOLUÇÕES DE

1905 E 1917

Beatriz Martins de Oliveira Lizzi (Apresentador) 1 Drª Júlia Malanchen (Orientadora) 2

Eixo Temático: Marxismo, Educação e Revolução.

Resumo:

Esta pesquisa de cunho bibliográfico faz parte do projeto de iniciação científica voluntária que estuda este tema e tem como objetivo explicitar o fator determinante da revolução russa, tanto a de 1905 como a de 1917; bem como mostrar a realidade socioeconômica e política enfrentada pelos russos em um momento crítico da sua história. Por ser uma pesquisa em andamento, há fatos a serem desvendados e que se espera ter mais clareza deste período ao término do estudo; porém, na oportunidade, a preocupação será apresentar os reais motivos dessas revoluções, também os fracassos, os principais acontecimentos, sua repercussão e o seu desfecho. Sempre considerando que o reflexo do atraso econômico da Rússia, estava presente na vida social de quase todos, pois aproximadamente 80% da população eram da zona rural e mais de 70% analfabeto, era o que unia a imensa extensão territorial à pobreza da maioria da população. Diante deste contexto é que se deu o processo da revolução; neste momento, vários partidos políticos foram criados, entre eles pode se destacar: Mencheviques (minoria), que defendiam o marxismo ortodoxo e Bolchevique (maioria), liderado por Lênin, que foi um dos principais responsáveis pelo encaminhamento da revolução de caráter bolchevique e sua proposta era: “todo poder aos sovietes”. Ele propunha a administração da revolução e do poder pela aliança da classe operária e do campesinato e os mesmos receberiam orientação de intelectuais revolucionários. Para esta pesquisa, estão sendo levantados dados em obras como: “Lênin e a Revolução Russa”, de Oziel Gomes (2006); “Revolução Russa: História, Política e Literatura” de José Carlos Mariátegui (2012); “Discutindo a História: A Revolução Russa” de Maurício Trangtenberg (1988), entre outros livros e artigos relacionados. O almejado por meio desse, é que se possam entender quais foram os verdadeiros motivos que desencadearam essas revoluções e as suas respectivas contribuições para a Rússia.

1 Discente do curso de Pedagogia da Unioeste de Foz do Iguaçu, Paraná. Faz parte do programa de iniciação científica voluntária(bializzi_37@hotmail.com).

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Doutora docente do curso de Pedagogia de Foz do Iguaçu, Paraná. Integrante do grupo de pesquisa HISTEDOPR (Julia_malanchen@hotmail.com).

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ANAIS DA XIV JORNADA DO HISTEDBR: Pedagogia Histórico-Crítica, Educação e Revolução: 100 anos da Revolução Russa. UNIOESTE – FOZ DO IGUAÇU-PR. ISSN: 2177-8892

Palavras-chave: Lênin, sovietes, partidos políticos, revolução, Rússia.

Introdução

Este trabalho tem como objetivo expor os principais elementos dos fatos que levaram a ocorrer à revolução russa, tanto a de 1905 como a de 1917, assim como, descrever qual era a realidade enfrentada pelos russos e quais foram os principais caminhos que percorreram ao longo do processo. Na sequência, pretende-se explicitar alguns elementos da revolução como o “domingo sangrento”, bem como mostrar detalhes de como Lênin encaminhou os sovietes na tomada do poder e sua análise desse momento. Além disso, esse texto traz, de forma reduzida, algumas informações sobre a tríplice entente e a tríplice aliança, quais os países participaram e quais eram seus ideais.

Contexto histórico e político da revolução russa

A realidade da Rússia entre 1850-1917 era de uma economia agrícola, atrasada e regime de servidão. Em 1848, o império russo foi tido como o mais absolutista da Europa. Sob ameaça de uma insurreição, em 1856, decidiram apressar o desenvolvimento das forças produtivas, ampliar a rede ferroviária e acelerar o desenvolvimento da indústria. Foram feitas reformas capitalistas nas quais camponeses aliaram-se a posições progressistas e a soma dessas diferentes correntes formaram o chamado movimento “populismo”. Por causa do estado russo ser muito vulnerável devido à corrupção, ao arbítrio e a ineficiência foi que Tragtenberg, escreveu em seu livro: Discutindo a história a

revolução russa, 1988, falando da declaração que o ministro Witte declarou em 1905:

“O mundo deve ficar surpreso de que tenhamos um governo na Rússia com muitas nacionalidades e idiomas, uma nação com maioria analfabeta. É incrível que ela tenha se mantida unida, embora por via autocrática” (TRAGTENBERG, 1988, p. 26). Também em uma escrita de Lênin, em abril de 1903, aos camponeses pobres, intitulado: “Aos pobres do campo”, ele procurou explicar o marxismo e quais eram os mecanismos da luta de classes, pois segundo ele, os camponeses deveriam entender qual era a causa

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da sua miséria e como deveriam agir para sair dela (GOMES, 2006, p. 210). Foi por esses motivos que Lênin sempre procurou manter a população informada, mesmo vivendo, muitas vezes na clandestinidade, preso, escrevia e editava jornais, livros, elaborava vários textos de orientação política, dedicava-se intensamente à elaboração teórica que representavam importantes contribuições, tudo para despertar a consciência da população, para que os mesmos pudessem lutar sabendo onde estavam e onde queriam chegar.

A revolução russa de 1905

Segundo Mariátegui, em seu livro: REVOLUÇÃO RUSSA: história, política e literatura,

2012, a situação da Rússia que antecedia a revolução de 1905 era caótica, pois além do

atraso econômico que refletia na vida social de todo país, aproximadamente 80% da população era da zona rural e mais de 70% analfabeto, ainda se depara com o imperialismo japonês na luta pela Manchúria3, o que acaba por gerar uma guerra: Russo-Japonesa; além da derrota, a principal consequência para a Rússia foi o estopim de revolução em 1905. Tragtenberg escreveu no seu já referido livro: Discutindo a

história a revolução russa, 1988, quem em fins de 1904, havia onze seções operárias

distribuídas em diversos lugares de Moscou que eram fieis frequentadores dessas seções, mas, que não faziam parte de nenhum partido, tinham como líder o padre Gapon que por sua vez era o “mediador” entre o povo e o Czar; porém a política czarista era desestimular o povo a fazer reivindicações. Neste período alguns trabalhadores de uma usina elaboraram um boletim de reivindicações que foram rejeitados pela empresa e seus assinantes demitidos; isso fez com que trabalhadores de outras seções se solidarizassem com os companheiros demitidos, surgindo à idéia de elaborar uma petição ao Czar em nome dos trabalhadores rurais e urbanos da Rússia. Nessa petição estavam os seguintes pedidos: completa liberdade de imprensa falada e escrita, liberdade da associação sindical, direito de greve, expropriação dos grandes latifúndios

3 Foi a guerra russo-japonesa pela disputa do território da Manchúria (leste da Ásia, atualmente nordeste da China), resultando na vitória para o Japão e desencadeando numa série de revoltas do povo russo contra o Czar Nicolau II. (http://www.infoescola.com/historia/guerra-russo-japonesa/).

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em beneficio das comunidades camponesas, convocação de uma assembléia constituinte, instrução gratuita e obrigatória, oito horas de jornada de trabalho. Agora com os trabalhadores organizados e a carta de petição ao Czar com 135 mil assinaturas, relatando e ao mesmo tempo suplicando o estado miserável em que se encontravam e a forma de como eram tratados, também pediam a introdução do sufrágio universal, inclusive, chegaram a declarar que a morte era preferível à continuação daqueles tormentos insuportáveis, estavam decididos sobre o que fazer. Então no dia 9 de janeiro aproximadamente 140 mil pessoas, se dirigiram ao palácio de inverno, em São Petersburg, para entregar esta petição ao Czar; porém, foram recebidas com tiros por tropas do império, matando mais de mil pessoas e cerca de cinco mil manifestantes pacíficos saíram feridos. Este episódio ficou conhecido como: Domingo Sangrento. Tragtenberg 1988, ainda continua seu relato, dizendo que o padre Gapon traiu a confiança dos trabalhadores, fixando o preço da sua delação, que foi o seu enforcamento pelos mesmos, assim a partir do dia 10 de janeiro de 1905, inicia-se uma greve geral em São Petersburg, criando de imediato o primeiro soviete4 de delegados operários para enfrentar o período da greve, depois se criou sovietes em todas as partes do país. O Czar reage suprimindo os sovietes, porém em outubro eclodiu, a revolução de 1905 que durou até 1907, (GOMES, 2006, p. 17), quando o Czar Nicolau II, dissolveu os sovietes.

Durante a revolução, foram conquistados alguns avanços, porém, apenas no papel, porque na prática a repressão do Czar se encarregava de negar. Houve um período de prisões, exílio na Sibéria de representantes de Dumas5, fuzilamento de milhares de camponeses e operários, perseguição total aos revolucionários.

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Os sovietes existiam desde a queda do tesarismo, que quer dizer, em russo, conselho; no caso, da Rússia, os sovietes representavam o proletariado. (MARIÁTEGUI, 2012, p. 59 e 60). Eram organizações de base. Os primeiros sovietes surgiram na greve geral de outubro de 1905, inicialmente em algumas cidades, posteriormente em todas as cidades do país. Eles promulgavam seus regulamentos, decretos e ordens, introduziram as jornadas de trabalho de 8 horas e as liberdades democráticas, se tornando assim o Estado-Maior dos bolcheviques para conduzir as lutas. (GOMES, 2006, p. 21).

5 Duma, câmara dos deputados, também chamada de “Câmara Baixa”. Conforme escreveu Oziel Gomes no livro “Lênin e a revolução Russa” (GOMES, 2006, p. 18).

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Lênin fez uma análise desse momento: só pela luta revolucionária é que as massas podem alcançar os seus objetivos; não basta enfraquecer o poder do Czar é necessário liquidá-lo e a revolução revela como atuam e se comportam as diferentes classes. (GOMES, 2006, p. 20). A repressão por parte do czarismo fez com que o movimento revolucionário passasse por grandes dificuldades e a situação de miséria continuava aumentando. Neste ínterim, teve início a I Guerra Mundial, em 1914, que segundo Lênin apud Gomes, essa guerra reforçaria as contradições do capitalismo, intensificaria a luta de classes em todos os países e agravaria a crise política (GOMES, 2006, p. 20). Segundo uma pesquisa na (http://brasilescola.uol.com.br/historiag/primeira-guerra.htm) nesta guerra, foram feitas duas grandes alianças entre os países, que são: A Tríplice

Entente, (França, Inglaterra e a Rússia) e a Tríplice Aliança, (Alemanha,

Austria-Hungria e Itália). Em apenas um ano de guerra a Rússia contabilizou 150 mil soldados mortos e aproximadamente um milhão de feridos e prisioneiros. No final de 1916, o país estava deteriorado e o governo já não tinha mais controle da situação, era fome, miséria e inflação numa proporção elevadíssima, e agora a guerra já tinha ceifado mais de um milhão de pessoas, 25% da indústria estava destruída entre outros prejuízos e mesmo assim o governo insistia continuar na guerra. Foi por esses e outros motivos que a população deu início a uma nova revolução.

A revolução russa de 1917

E foi neste âmbito, que em fevereiro de 1917, segundo Gomes 2006, estouraram rebeliões populares espontâneas, greves de operários, levantes armados de soldados contra oficiais, protestos de todos os tipos; acelerando a saída da Rússia da guerra em 1917 e a agitação sobre a revolução comunista. Os principais responsáveis pelo encaminhamento da revolução foram: Vladimir Ulianov (Lênin) 6 e Leon Trotsky. Neste contexto, alguns partidos políticos insatisfeitos com o império czarista, (que governava

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Um dos nomes adotados por Vladimir em 1901, e por ter adotado tantos, não se sabe a explicação para a origem deste.

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o país por mais de trezentos anos), começou a ganhar força, porém o que se destacou foi o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR); mas, teve muita divergência entre os próprios membros do partido causando posteriormente uma divisão, que ficou assim conhecido: os mencheviques (minoria), que defendiam o marxismo ortodoxo7 e os bolcheviques (maioria), liderados por Lênin. Para Lênin o partido revolucionário tinha como objetivos e tarefas: a conquista do poder político, a liquidação da propriedade privada dos meios de produção e a criação de uma sociedade socialista, além das reivindicações práticas dos operários e dos camponeses. (GOMES, 2006, p. 42); e ainda para ele Lênin sem a organização partidária “o proletariado não é capaz de

elevar-se até o nível de uma luta consciente de classe; sem esta organização o movimento operário está condenado à impotência...” (GOMES, 2006, p.43).

Mas, em outra ocasião no livro Que fazer? Citado por Gomes, pode se resumir da seguinte forma, as principais teses que Lênin declarou:

-Só um partido guiado por uma teoria de vanguarda pode desempenhar o papel de combatente de vanguarda;

-Sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário;

-Se a união é verdadeiramente necessária, façam acordos para realizar os objetivos práticos do movimento, mas não cheguem ao ponto de fazer comércio dos princípios, nem façam “concessões” teóricas (tese extraída de Marx);

-O elemento espontâneo não é senão a forma embrionária do consciente;

-A história de todos os países atesta que, pelas próprias forças, a classe operária não pode chegar senão a consciência sindical;

-A doutrina socialista nasceu das teorias filosóficas, históricas, econômicas elaboradas pelos representantes instruídos, pelos intelectuais;

-A experiência revolucionária e a habilidade de organização são coisas que se adquirem. È preciso apenas desenvolver em nós mesmos as qualidades necessárias;

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Seguiam a doutrina política inspirada por Marx, de forma rigorosa, seguindo estritamente as normas estabelecidas por sua ideologia.

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-Toda diminuição do papel do “elemento consciente”, do papel da socialdemocracia, significa um reforço da influência da ideologia burguesa sobre os operários;

-O problema se coloca exclusivamente assim: ideologia burguesa ou ideologia socialista. Não há meio termo;

-Toda diminuição da ideologia socialista todo distanciamento dela, implica no fortalecimento da ideologia burguesa;

- O desenvolvimento espontâneo do movimento operário resulta justamente na subordinação à ideologia, pois o movimento operário espontâneo é o sindicalismo. O sindicalismo é justamente a escravidão ideológica dos operários em relação à burguesia;

-A ideologia social democrata não pode obter, e não poderá conservar essa supremacia, senão mediante uma luta incansável contra todas as outras ideologias;

-Quanto maior for o impulso espontâneo das massas, mais amplo será o movimento, e de forma rápida afirmar-se-á a necessidade de uma consciência elevada no trabalho teórico, político e de organização da socialdemocracia;

-Os “economistas” não negam absolutamente a “política”, mas se desviam constantemente da concepção social democrata em direção à concepção sindical da política;

-A socialdemocracia dirige a luta da classe operária, não apenas para obter condições vantajosas na venda da força de trabalho, mas também para obter a abolição da ordem social que obriga os não possuidores a se venderem aos ricos;

-Os socialdemocratas não podem limitar-se à luta econômica, mas também não podem admitir que a organização das denúncias econômicas constitua sua atividade mais definida;

-Devemos empreender ativamente a educação política da classe operária; trabalhar para desenvolver sua consciência política;

-A consciência da classe operária não pode ser uma consciência política verdadeira se os operários não estiverem habituados a reagir contra todo o abuso, toda a manifestação de arbitrariedade, de opressão e de violência, quaisquer que sejam as classes atingidas; a reagir justamente do ponto de vista socialdemocrata e não de qualquer outro ponto de vista;

-A consciência das massas operárias não pode ser uma consciência de classe verdadeira se os operários não aprenderem a aproveitar os fatos e os acontecimentos políticos concretos e de grande atualidade para observar cada uma das outras classes sociais em todas as manifestações de sua vida intelectual, moral e política; se não aprenderem a aplicar praticamente a análise e o critério materialista a

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todas as formas da atividade e da vida de todas as classes, categorias e grupos da população;

-Todo aquele que orienta a atenção, o espírito de observação e a consciência da classe operária exclusiva ou preponderantemente para ela própria não é um socialdemocrata; pois para conhecer a si própria de fato, a classe operária deve ter um conhecimento preciso das relações recíprocas de todas as classes da sociedade contemporânea, conhecimentos não apenas teórico, ou melhor, não só teórico, mas fundamentado na experiência da vida política. (GOMES, 2006, páginas 207 á 209)

Durante os meses que precederam a Revolução Bolchevique, também conhecida por Revolução de Outubro, era Kerenski que presidia o governo de coalizão dos socialistas-revolucionários e dos mencheviques com os cadetes e os liberais. Este governo não tinha liberdade para estabelecer paz, por causa das potências aliadas, que não lhe permitiam, e nem podia repartir as terras com os camponeses, por causa de sua aliança com os cadetes e com os liberais, de seus compromissos com a burguesia, de seus vínculos com os proprietários de terra, que coibiam e o coagiam para não realizar esta audaciosa reforma revolucionária (MARIÁTEGUI, 2012, p. 60). E foi neste âmbito, que os bolcheviques, exigiram a paz imediata e a repartição das terras e disseram ao proletariado: “Nem uma coisa nem outra poderá ser feita por um governo de coalizão com a burguesia; há que substituir este governo por um proletário, operário, do partido dos trabalhadores; este deve ser o governo dos sovietes” (MARIÁTEGUI, 2012, p. 61). O exército russo estava cada vez mais descontente com o governo Kerenski, que fez com que os bolcheviques iniciassem uma intensa agitação. O governo Kerenski por sua vez reprimiu-os severamente, porém, ao invés de derrotá-los serviu para reforçar o que Lênin propôs: “todo poder aos sovietes”.

Ao fim da guerra civil, que começou em 1918 e terminou em 1921, tinha o exército branco, querendo a restauração do antigo regime, apoiados pela França, Inglaterra, Estados Unidos e o Japão que queriam derrubar os bolcheviques e restaurar o capitalismo na Rússia, contra o exército vermelho, que chegou a contar com três milhões de soldados, liderados por Trotski, que queriam preservar o socialismo. O exército vermelho venceu o exército branco em 1921, com nove milhões de mortos na

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guerra e o cerco da Rússia pelos países capitalistas. De acordo com Tragtenberg 1988, a revolução de 1917 pôs fim à supremacia política burguesa, ao eliminar a propriedade privada dos meios de produção e o sistema de propriedade. Segundo Lênin, apud Gomes, para que uma insurreição tenha êxito, ela deve apoiar-se numa classe avançada, na ascensão revolucionária do povo e naquele ponto de viragem na história da revolução em crescimento em que as atividades das fileiras avançadas do povo sejam maiores, e que aumentem as vacilações nas fileiras dos inimigos fracos, hesitantes e indecisos da revolução (GOMES, 2006, p.164 e 165). Em sua última carta de 24 de outubro de 1917, vivendo ainda na clandestinidade na Rússia, Lênin, dá as últimas instruções sobre a tomada do poder, marcando lugares estratégicos e dia certo para a ação. Na manhã do dia 25 de outubro, as pontes sobre o Neva, a estação telefônica central, o telégrafo, a agência telegráfica de Petrogrado, a estação de rádio, as estações ferroviárias, as centrais elétricas, o Banco de Estado e outras importantes instituições tinham sido ocupadas pelos guardas vermelhos, pelos marinheiros e pelos soldados. Nos dias 25 e 26 de outubro, tudo estava sob controle da insurreição. A conquista foi imediatamente comunicada aos sovietes, juntamente com a chegada a presidência com Lênin, que propôs negociações imediatas de paz, numa clara intenção de acabar com a guerra que só favorecia os países ricos, ainda disse: “A revolução de 24 e 25 de outubro inaugurou a era da Revolução Social” (GOMES, 2006, p. 178).

Logo após a conquista do poder pelos sovietes, Lênin incentivou a participação no trabalho em todas as atividades. Criou mecanismos de motivação e incentivos, dizendo que todo trabalho de organização estava ao alcance de todos. E declara: “sem temer o futuro, convoca o povo a declarar guerra aos ricos, intelectuais oportunistas e demais aproveitadores” (GOMES, 2006, p. 184). Lênin, tendo em vista os desvios de oportunistas, apresenta traços característicos destes: o subjetivismo na apreciação dos acontecimentos, ausência de uma avaliação objetiva da situação das condições de luta, a ânsia de saltar por cima de etapas do movimento; porém, os principais erros destes, segundo a visão de Lênin eram:

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A falta de crescimento dos partidos comunistas, que ainda não tinham adquirido experiência com a luta revolucionária e nem tão pouco com as massas revolucionárias, mas que caíam no “esquerdismo” inconsequente. (GOMES, 2006, p. 196).

Em 1921, Lênin preparou um novo pacote de ações, que se chamou: Nova Política Econômica (NEP), que entre outras funções, permitia algumas práticas capitalistas para aquecer a economia do país que estava enfraquecida, pois sua produção industrial estava reduzida a 18% e a agricultura a 30% do que era em 1913; e essa era a causa da fome e miséria da Rússia. A NEP se estendeu até 1928, com resultados imediatos, pois em 1924 a produção industrial atingiu 50% e a produção agrícola equiparou-se aos índices de 1913. É como Lênin defendia: “um passo atrás para dar dois á frente”, e ainda afirma:

O capitalismo está morrendo; mas ao morrer ele ainda pode causar a dezenas e centenas de milhões de pessoas incríveis sofrimentos, mas nenhuma força pode impedir sua queda [...] Mais cedo ou mais tarde, vinte anos mais cedo ou vinte anos mais tarde, ela chegará. É para ela, que esta nova sociedade, que nós ajudamos elaborar as formas de aliança dos operários e camponeses quando trabalhamos na aplicação da nossa política econômica. (GOMES, 2006, p. 197).

Conclusões preliminares

O que pode ser compreendido, por meio desta pesquisa até o presente momento, é que a revolução na Rússia ocorreu em um momento crítico da sua história, onde a fome, a miséria e a “escravidão” eram predominantes naquele país. E o desfecho pode ser notado que mesmo a revolução não tendo êxito, como o esperado, na sua primeira tentativa, que ocorreu em 1905, sendo dissolvida em 1907 pelo Czar Nicolau II, ganhou força e experiência, fazendo com que em 1917 houvesse outra; desta vez com combatentes mais experientes, tendo como líder e dirigente do movimento Lênin e Trotski, entre outros, que encaminharam os sovietes na tomada do poder, encaminhamento este com muitas lutas, escritos e muita resistência, é como citado por Genro:

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...para Marx, para mudar radicalmente a sociedade, pondo fim ao capitalismo, era necessário conhecê-la em seus mecanismos econômicos e políticos e agir com conhecimento de causa. Como disse Lênin: “Os homens têm sido sempre, em política, vítima do engano dos outros e do seu próprio equívoco, e seguirão sendo assim enquanto não aprender a discernir por trás de todas as frases, declarações e promessas morais, religiosas, políticas e sociais, os interesses de uma ou de outra classe”. E para vencer a resistência das classes dominantes só há um meio... “encontrar na própria sociedade que nos rodeia, educar e organizar para a luta, aqueles elementos que possam- e por sua situação social, devam- formar a força capaz de varrer o velho e criar o novo”. (GENRO, 2003, p. 79 e 80).

Então o que se pode ver, e de acordo com (TRANGTENBERG, 1988, p.50) a revolução russa foi o acontecimento mais importante do século XX, é como se fosse a Revolução Francesa para o século XVIII.

REFERÊNCIAS

GENRO, Tarso Fernando/ FILHO, Adelmo Genro. Lenin coração e mente. São Paulo: Expressão Popular, 2003.

GOMES, Oziel. Lenin e a Revolução Russa. São Paulo: Expressão Popular, 2006.

MARIÁTEGUI, José Carlos. Revolução Russa: história, política e literatura. São Paulo: Expressão Popular, 2012.

TRAGTENBERG, Maurício. Discutindo a história a Revolução Russa. São Paulo: Atual, 1988.

http://www.infoescola.com/historia/guerra-russo-japonesa/

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